Você está na página 1de 6

Lição 5 - A Produção Econômica

Noções sobre os relacionamentos do processo produtivo, com os princi-


pais fatores de produção – trabalho e capital – serão o conteúdo desta li-
ção. Nosso objetivo é estimular o aluno na discussão sobre a importância
do homem, como meio produtivo, e também o direcionamento que se dá ao
capital neste processo.

A influência dos índices de produtividade, alvo de muitos estudos em


administração, também é analisada aqui sob o ponto de vista da ciência
econômica como fator preponderante para que viabilize retorno sobre
investimento e retroalimente a economia.

A produção é a principal atividade econômica. Outras atividades, como a


circulação, distribuição e consumo de bens e serviços dependem da exis-
tência de um processo produtivo. O homem não cria matéria. Ele invaria-
velmente modifica o meio, apodera-se dos recursos, transforma-os e, em
escala crescente, cria bens e serviços com vistas à solução dos desejos e ne-
cessidades humanas.

O fenômeno da produção nada mais é do que a criação de um bem ou servi-


ço, pela utilização combinada dos fatores de produção.

Pense nisso
A fábrica de sacolas de Daniel fabrica 40 sacolas, com um trabalhador (este é um
insumo da produção). Se tiver dois trabalhadores, passa a produzir 70 sacolas e, com três
trabalhadores, produz 95 sacolas.
A relação entre a quantidade de trabalhadores (insumos) e a quantidade produzida
(sacolas) é chamada de função da produção.

1. Possibilidades de Produção
O que produzir, como produzir, quanto produzir e a quem entregar o produ-
to, constituem os problemas básicos da Economia, que toda ordem social en-
frenta de uma maneira ou de outra. Como o mercado enfrenta esses quatro
problemas?

O mercado não parece prestar atenção a isso. Quando olhamos para um sis-
tema de mercado, tudo o que vemos é um sistema de trocas em que cada um
tem de se arranjar por si mesmo, onde ninguém é responsável pelo encargo
de conferir se serão produzidos os bens adequados, ou ainda, se serão produ-
zidos da maneira correta e entregues às pessoas certas.

49
Vamos supor que somos donos de uma ilha, onde podemos obter apenas dois
produtos. Podemos usar nossa terra, trabalho e capital para plantar cereais
ou podemos usá-los para criar gado e obter leite. Suponha-se que utilizamos
todos os nossos recursos na produção de cereais e, após seis meses, colhemos
500 sacas do mesmo.

No semestre seguinte, colocamos todos os nossos esforços na criação de gado


leiteiro e temos 250 litros de leite. Teríamos, então, descoberto duas possibili-
dades extremas de produção para a alocação de nosso esforço social.

É mais provável, entretanto, preferirmos uma mistura de cereal e leite, e não


tudo de um e nada do outro. Assim, teríamos de encontrar, através de tentati-
vas, as combinações de cereal e leite que poderíamos ter, ao utilizar alguns de
nossos recursos em cada ocupação.

O centro do problema da produção é a necessidade de escolha que devemos


fazer. Esta escolha é inevitável porque é imposta, naturalmente, pelos recur-
sos existentes, por nossa técnica ou know-how1 conhecido.

As possibilidades são muitas e não são estáticas. À medida que cresce o capi-
tal e a tecnologia, a fronteira pode avançar de modo que o impossível no pas-
sado torna-se atingível no futuro. Além disso, quando as técnicas mudam, ou
quando nossos recursos crescem ou diminuem, essa divisão também muda.

Por exemplo, a invenção de uma nova forragem2 para o gado pode elevar a
produção de leite em nossa ilha, então, poderíamos produzir mais sacas de
cereal e mais litros de leite.

2. Importância e Origem do Capital


Definimos “capital” como sendo o bem que se destina a produzir outros bens.
Por isso, ele é muito importante no processo produtivo.

Compare o rendimento de um agricultor trabalhando com ferramentas agrí-


colas rudimentares e o rendimento de um agricultor que pode dispor de mo-
dernas máquinas e equipamentos agrícolas. Analise a importância do capital.

Como surge o capital? A produção gera receitas (recursos financeiros). Nem


toda receita se destina ao consumo imediato de bens e serviços, sendo parte
dela utilizada para aumentar a produção.

1. Know-how
Conhecimento de normas, métodos e procedimentos em atividades profissionais,
especialmente as que exigem formação técnica ou científica.
Fonte: dicionário Houaiss.
2. Forragem
Toda espécie de plantas ou partes de plantas, verdes ou secas, usadas para alimentar o gado.

50
Não podemos esquecer que todos os elementos materiais que apoiam a pro-
dução também se convergem em capital. Assim, as máquinas industriais, os
equipamentos de informática, os sistemas eletrônicos, que acabam substi-
tuindo a mão de obra humana, também equivalem a capital! Não podemos
considerar capital apenas na modalidade dinheiro. Na economia, possuem
enorme valor todo e qualquer facilitador e utilitário que se destinar a aumen-
tar, modernizar, otimizar ou padronizar a produção.

O ato de não consumir uma parte da renda denomina-se poupança, que, por
sua vez, permite que se faça um investimento, ou seja, destina-se a produzir
novos bens.

3. Importância e História do Trabalho


O trabalho é o fator mais importante de produção. Sem ele não existiriam os
meios de produção e, consequentemente, não haveria geração de riquezas.
Embora seja o mais importante, a maior parte das riquezas por ele produzi-
das não vai para os trabalhadores.

A palavra trabalho deriva da palavra latina tripalium, que designava um tipo


de instrumento de tortura. De fato, o trabalho representou, durante muito
tempo, um sentido de punição e de castigo. Para os hebreus, por exemplo, o
homem havia sido simplesmente condenado ao trabalho.

Com a Revolução Industrial e o surgimento das grandes fábricas, a partir do


século XVIII, a exploração do trabalho humano atingiu limites inacreditáveis:
os operários, inclusive mulheres e crianças, eram obrigados a trabalhar, em
média, 85 horas por semana. Além do excessivo número de horas de trabalho,
as condições eram precárias.

Novas Ideias

Em contrapartida à exploração do trabalho humano, surgiram novas ideias,


principalmente com Karl Marx3, que propunha que os meios de produção –
fábricas, máquinas, matérias-primas – fossem de propriedade de todo o povo.

Os trabalhadores, por sua vez, passaram a se organizar em sindicatos para


defender seus interesses e perceberam que, embora fracos como indivíduos,
poderiam tornar-se fortes quando unidos. A partir dessas novas ideias e gra-
ças aos movimentos trabalhistas, a classe trabalhadora passou a ter maior
importância social e política.

3. Karl Marx (1818-1881)


Filósofo político alemão e teórico de economia.

51
Marx também não concordava com Adam Smith quanto à “mão invisível” que
regulavaria o mercado. Para o alemão, o capitalismo estava fadado a permitir
períodos críticos de crise recorrentes. Karl Marx ainda acreditava que o capi-
talismo sepultaria a si mesmo, algo que nunca se confirmou; todavia, o tempo
mostrou que suas duras críticas à internacionalização do capitalismo tinham
fundamento.

4. Economia e Produtividade
Produtividade é mais um problema administrativo do que econômico. A
maior ou menor produtividade é uma questão de organização do trabalho,
de engenharia industrial (processos, logística etc.).

Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), muitos países passaram a se


preocupar com a produtividade. Por volta de 1950, sete trabalhadores japo-
neses produziam o mesmo que um norte-americano. Em 1977, a produção de
dois japoneses era igual a de um operário norte-americano. Em 1978, o índice
de produtividade do Japão aumentou 8% e o dos Estados Unidos somente 0,3%.

No início do século XXI, aumentos de produtividade tornaram-se prioridade


na maioria dos grandes conglomerados. Justifica-se esta necessidade como
instrumento para que possam enfrentar a forte competitividade instalada
por conta da globalização. Produzir mais e melhor com menor custo, permi-
tindo preços competitivos.

Produtividade é uma unidade de medida ou de valor expresso pela relação


entre os insumos (fatores produtivos) e o produto. Estabelece-se aqui uma
relação técnica entre o uso dos fatores de produção e a quantidade real da
produção, ou seja, o resultado obtido pela utilização dos fatores produtivos.

Analisada a produtividade de uma empresa, observando-se ociosidade na ca-


pacidade produtiva, configura-se ineficiência dos fatores, o que, em outras pa-
lavras, significa perda de economicidade e queda na performance da empresa.

De acordo com a definição, temos:

Produto
Produtividade =
Insumo

A produtividade pode ser analisada sob o aspecto quantitativo e qualitativo.

Analisando de forma bastante simplificada, imaginemos uma empresa in-


dustrial, cuja produção mensal atinja o valor de R$ 90.000,00, empregan-
do insumos, calculados em R$ 45.000,00, terá um índice de produtividade
igual a 2:

R$ 90.000,00
Índice de produtividade = =2
R$ 45.000,00

52
Para uma análise mais precisa da produtividade, podemos calculá-la conside-
rando isoladamente os três grupos de insumos: natureza, capital e trabalho.

As matérias-primas são insumos da natureza. Máquinas, equipamentos e ins-


talações pertencem ao grupo capital. A mão de obra direta e a indireta repre-
sentam o grupo trabalho. A produtividade de cada um desses grupos pode
ser calculada conforme segue:

Valor da produção
Produtividade da natureza =
Valor da matéria-prima

Quant. produzida ou valor da produção


Produtividade do capital =
Nº de Máquinas ou valor
(máquinas, equipamentos etc.)

Quant. produzida
Produtividade do trabalho =
homens-hora

Podemos também calcular a produtividade do trabalhador da seguinte forma:

Quantidade produzida
Produtividade do Trabalhador =
Nº de trabalhadores

Um índice de produtividade maior ou menor não corresponde necessaria-


mente à melhor ou pior produtividade, por isso, além da análise quantitativa,
é preciso fazer a análise qualitativa.

Em épocas de crise, muitas empresas diminuem seus quadros de pessoal su-


pondo que a diminuição da mão de obra possa melhorar os índices de produ-
tividade. Não podemos esquecer que os recursos humanos são os únicos que
reagem, isto é, são os que têm condições de encontrar e viabilizar alternativas
produtivas.

A produtividade empresarial é mais uma questão de organização e métodos.


As organizações mais eficazes e que utilizam os métodos mais eficientes são
aquelas cujos índices de produtividade são constituídos de valores quantita-
tivos e qualitativos.

53
Exercícios Propostos

1. __________ é definida como a porcentagem da população que se encontra


na força de trabalho. Assinale a alternativa que preenche adequadamente
a lacuna:
( ) a) Taxa de participação na força de trabalho
( ) b) População economicamente ativa
( ) c) População economicamente inativa
( ) d) Taxa de desemprego
( ) e) Taxa de produção econômica

2. Qual é o maior questionamento quanto às possibilidades de produção?


( ) a) Valor do produto
( ) b) Custo dos recursos
( ) c) Valor do trabalho
( ) d) O que produzir, como produzir e como distribuir
( ) e) Qualidade do produto

3. O ato de não consumir uma parte da renda denomin-se_______________.


Assinale a alternativa que preenche adequadamente a lacuna:
( ) a) desemprego
( ) b) poupança
( ) c) inatividade
( ) d) insumo
( ) e) precariedade

4. Qual é a equação da Produtividade?


( ) a) Produto em relação aos insumos
( ) b) Trabalho em relação aos insumos
( ) c) Produto em relação ao preço
( ) d) Trabalho em relação ao preço
( ) e) Produto em relação ao custo

4. A
3. B
2. D
1. A

Respostas dos Exercícios Propostos

54

Você também pode gostar