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Microeconomia II: Produção e Competição

Conteudista
Prof. Me. Guilherme Antonio Ziliotto

Revisão Textual
Profª. Esp. Camila Morais Correia

Revisão Técnica
Profª. Ma. Herida Cristina Tavares
Sumário

Objetivos da Unidade.............................................................................................................3

Contextualização................................................................................................................... 4

O Comportamento do Produtor no Ambiente de Negócios........................................ 5

Custos de Produção..........................................................................................................................10

Maximização dos Lucros..................................................................................................................11

Formas de Competição (e como escapar delas): Mercado e Competição...............14

Concorrência Perfeita......................................................................................................................14

Monopólio, Oligopólio e Concorrência Monopolista........................................................... 16

Mercados Imperfeitos e o Mundo Real.............................................................................17

Material Complementar......................................................................................................18

Referências.............................................................................................................................19

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Objetivos da Unidade

• Compreender o comportamento do produtor e nas formas de competição


mais importantes que existem ao nosso redor;

• Conhecer a dinâmica do mercado de fatores de produção;

• Entender como ocorre a eficiência econômica nos mercados competitivos.

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zação é para consulta off-line e possibilidade de impressão. No entanto, re-
comendamos que acesse o conteúdo on-line para melhor aproveitamento.

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VOCÊ SABE RESPONDER?

Para darmos início à unidade, convidamos você a refletir: Qual a relação entre mi-
croeconomia e produção?

Contextualização
Nesta unidade vamos dar seguimento aos nossos estudos microeconômicos, mas
agora dando um foco especial para a Produção e para a Competição.

Vamos investigar, de um lado, como o produtor se comporta no ambiente dos ne-


gócios. Quais são as principais decisões que ele tem com relação a sua produção?
O que faz o produtor optar por produzir mais ou menos? Como o produtor escolhe
o nível de produção mais lucrativo para ele? São questões de vida ou morte para
qualquer negócio, que serão abordadas de forma breve, mas relevante.

De outro lado, vamos abordar de que forma os diversos ofertantes competem em


um Mercado e como isso dá a eles maior ou menor poder de barganha. Quais são os
elementos que fazem um Mercado ser mais ou menos concentrado, e quais são os
elementos que permitem aos ofertantes “fugirem” da competição pura por preços
baixos? Trata-se de uma questão fundamental que, tenho certeza, todos os alunos
de Marketing mal podem esperar para desvendar.

Então, como você já sabe:


• O Aprendendo a conhecer apresenta os conceitos teóricos que traba-
lharemos na unidade;
• O Aprender a viver junto lhe remeterá a discussões sobre um dos as-
suntos abordados;
• O Aprender a fazer apresentará uma atividade de autocorreção, na qual
você poderá pôr em prática os conteúdos da semana; e
• O Aprender a ser que apresenta uma proposta alinhada à Atividade
Interdisciplinar do semestre.

Ah! Nesta unidade, vamos abordar estas questões por vezes com ferramentas ma-
temáticas e, por outras vezes, de uma forma mais conceitual. Seja qual for o caso,
é importante que você faça a leitura sempre pensando nos exemplos reais e na sua
própria experiência de vida para verificar como a teoria ajuda a explicar o mundo
real à sua volta.

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O Comportamento do Produtor
no Ambiente de Negócios
Iniciaremos esta unidade verificando de que forma funciona um dos principais as-
pectos da economia dos negócios: a produção.

Devemos lembrar que, como estamos tratando da produção de bens, em geral, na


economia, referimo-nos tanto à produção de produtos como a de serviços. Vamos
abordar as decisões que levam o produtor a produzir mais ou menos quantidades de
seus bens e de que forma ele calcula a melhor quantidade para produzir e vender.

Esta é parte da chamada “Teoria da Firma”, ou “Teoria do Produtor”, e é uma com-


posição da contribuição de diversos autores e economistas, que hoje compõem
não somente os livros de Economia, mas também de Contabilidade, Administração,
Engenharia, entre outros.

Reflita
O que é produção?
Produção é o ato de produzir bens, sejam eles produtos ou ser-
viços, para vendê-los em determinado mercado. Contudo, tais
bens não são criados a partir do nada. Da mesma forma que
na física, também no caso da produção trata-se mais de uma
transformação do que da criação de algo.

Assim, definimos produção como a transformação de fatores em bens econô-


micos, sejam eles produtos ou serviços. Esses fatores são mais propriamente
denominados de fatores de produção. Há dois tipos de fatores de produção, no-
meadamente, capital e trabalho.

Trabalho

É o esforço humano, seja na sua forma física ou mental, aplicado à produção.


Dessa forma, um lavrador que cultiva a terra, um professor que dá aulas, um
médico que realiza uma cirurgia, etc., todos estão realizando um trabalho. O
trabalho permite a transformação do meio e a criação de bens. Entretanto, o
trabalho por si só não permite a produção. É preciso que, em auxílio do traba-
lho, haja também capital.

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Capital

Nesse sentido, capital são os insumos, matérias-primas, ferramentas, instru-


mentos, terra, equipamentos, máquinas, veículos, entre muitos outros, que
permitem e auxiliam o trabalho na transformação do meio e a produção de
bens. Em muitos casos, o capital é o próprio meio sendo transformado pelo
trabalho, como é o caso das matérias primas.

Vamos imaginar um lenhador que, por ofício, corta árvores de um bosque utilizando
um machado. Neste exemplo simples, o trabalho é o esforço realizado pelo lenhador.
O capital é composto pelo machado, pelas árvores, e também pelo bosque (a terra).
O produto é a lenha. Portanto, a árvore, matéria prima que já estava presente no
bosque, só se torna de fato um produto na medida em que é trabalhado pelo lenha-
dor e transformado em lenha.

A produção, nesse exemplo, é justamente o ato de transformação de árvo-


re em lenha. Retire qualquer dos fatores de produção mencionados, neste
exemplo (a terra, as árvores, o machado e o trabalho do lenhador), e você
verificará que a produção se torna impossível.

Outro fator importante para a produção, que está sutilmente colocado no exemplo
anterior, é que é preciso um determinado conhecimento para que a produção seja
realizada. É preciso, por exemplo, saber manusear o machado, saber quais árvores
cortar e onde cortá-las, saber ainda onde estar (e onde não estar) quando a árvore
cair. Todos esses conhecimentos, a “fórmula” para transformar um determinado con-
junto de fatores em um determinado número de bens, chamaremos de “tecnologia”.
As tecnologias podem ser novas ou antigas, melhores ou piores, mas somente com
esses conhecimentos é que a produção se torna possível.

Outro traço marcante das tecnologias é que elas podem ser modificadas e melho-
radas. Se nos lembrarmos do exemplo da fábrica de alfinetes de Adam Smith, pode-
remos verificar que, entre a produção artesanal de alfinetes e a produção industrial,
não houve mudança nos fatores utilizados, que eram algumas ferramentas simples,
o arame usado como matéria-prima e o trabalho de algumas pessoas. O que permi-
tiu o fantástico aumento da produtividade foi uma mudança no processo produtivo,
na forma de se combinar trabalho e capital, isto é, na tecnologia.

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Tente imaginar, agora, o seu processo produtivo. Qual sua atuação profissional (seja
da profissão que você já tem ou pretende ter) e tente identificar quais são os itens
que compõem o capital, o trabalho e qual é o processo produtivo ou a tecnologia.
Lembre-se que mesmo a prestação de serviços exige uma boa porção de capital
para que exista produção. Mesmo um professor precisa de equipamentos, infraes-
trutura, como a sala de aula, cadeiras, etc., e outras formas de capital para conseguir
produzir. Nesse caso, o produto é a disseminação do conhecimento, considerada
um bem, representada na obtenção de um diploma universitário, por exemplo.

Saiba Mais
A própria acumulação de conhecimento dos profissionais es-
pecializados, neste caso de um professor, é muitas vezes con-
siderada como um capital pelos economistas. Por vezes esta
categoria de capital é denominada de capital humano ou, ainda,
capital intelectual.

Produção é o ato de transformar Fatores de Produção em Bens Econômicos.


Para isso, é essencial a utilização de capital e trabalho, sendo que a produ-
ção é considerada mais eficiente na medida em que utiliza uma quantida-
de menor de fatores para produzir a mesma quantidade de bens. Para que
seja possível esta produção, é necessário ainda que se conheça a tecnolo-
gia ou as técnicas de produção.

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Trabalho
Capital

Tecnologia

Bens
Figura 1 - Fatores, Tecnologia e Produção
Fonte: Acervo do conteudista
#ParaTodosVerem: ilustração em formato de funil, na cor azul claro, sobre fundo azul, em que aparecem três
círculos, cada um título: Capital, Trabalho e Tecnologia; na base do funil “Bens”. Fim da descrição.

Fatores que Determinam a Decisão


de Produzir
A atividade essencial de qualquer empresa, sua razão econômica de existir, é pro-
duzir bens que possam ser vendidos no mercado e que possibilitem a máxima
geração de lucro.

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Existem diversas decisões a serem tomadas pelo empreendedor para que
isso possa ser feito. Uma delas é como produzir.

Conforme mencionamos antes, a maneira mais eficiente de produzir é aquela que


utiliza uma quantidade menor de fatores. Vamos imaginar duas situações. Situação
“A”: um lenhador trabalha durante um dia com seu machado e, fazendo cortes hori-
zontais no tronco das árvores, consegue produzir 200 Kg de lenha. Situação “B”: o
mesmo lenhador trabalha durante um dia com o mesmo machado e, alternando cor-
tes diagonais e horizontais nas árvores, consegue produzir 250 Kg de lenha.

O que mudou entre uma situação e outra? Duas coisas: de um lado, mudou o tipo
de corte (a tecnologia, a maneira de produzir); de outro lado, mudou a quantidade
produzida. Perceba que os fatores de produção não mudaram. Podemos, portanto,
entender que a situação “B” exemplifica uma tecnologia mais eficiente que a situa-
ção “A”. Por isso, fará mais sentido que a produção seja feita conforme exemplificado
em “B”, pois se pode produzir uma quantidade maior de bens com os mesmos custos
de produção (já que a quantidade de insumos é a mesma).

De que forma poderíamos expressar essa forma mais eficiente de se produzir? Como
você já percebeu, os economistas gostam muito de representar processos sociais na
forma de equações matemáticas e gráficos. Não será diferente agora. Vamos então
traduzir a transformação de fatores em bens na forma de uma função matemática, a
qual denominaremos “função de produção”. Trata-se, neste exemplo, de uma função
simples (porque o exemplo é simples).

Situação A: q  200  K  T (Eq.1)


Situação A: q  250  K  T (Eq.2)

Atribuímos “q” para a quantidade de bens finais produzidos, em Kg de lenha; “K” é a


quantidade de capital utilizada, em número de machados utilizados; “T” é a quanti-
dade de trabalho utilizada, em número de dias de trabalho.

Para sabermos a produção, basta substituirmos as quantidades de capital e trabalho


utilizadas. No caso “A” exposto, K=1 e T=1, portanto q = 200. Na situação “B”, K=1 e
T=1, mas q = 250, porque a tecnologia utilizada é mais eficiente.

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Verifique que, utilizando a tecnologia “B”, 2 machados e 2 dias de trabalho, a pro-
dução dobraria, totalizando 500 Kg de lenha, o que faz sentido, pois dobramos os
fatores utilizados. Contudo, experimente apenas duplicar a quantidade de capital
(K=2) mantendo a quantidade de trabalho (T=1). Você deve ser capaz de verificar
que a produção aumentaria, sendo q = 354 Kg de lenha, mas isso é menos que o do-
bro da produção. Afinal, uma pessoa trabalhando com 2 machados não conseguiria
produzir tanto quanto duas pessoas empunhando dois machados. Portanto, além de
tentar melhorar a tecnologia, o produtor poderia tentar escolher qual seria a melhor
combinação possível de insumos. Para isso, além da função de produção, ele levaria
em conta também o preço dos insumos, tentando atingir o máximo de produção
com o menor custo possível.

Não é ambição desta disciplina cobrir a resolução deste problema, mas é


importante que o aluno compreenda que há técnicas matemáticas que nos
permitem atingir uma solução para ele.

Importante
Perceba que a função de produção não responde completa-
mente à questão de como os bens são produzidos, mas dá uma
relação de quantidades produzidas com base nos fatores de
produção utilizados. Para saber exatamente como produzir, se-
ria necessário fazer uma descrição completa do processo pro-
dutivo, seus procedimentos, técnicas, etc., algo que não é pos-
sível somente com uma equação matemática.

Custos de Produção
Todas as pessoas que têm algum contato com o mundo dos negócios já ouviram
falar, em algum momento, dos custos de produção. É um conceito bastante intui-
tivo, dizendo respeito aos custos, despesas e gastos que se tem ao produzir deter-
minados bens. Também é bastante óbvia a noção de que o empresário sempre quer
produzir o máximo (em quantidades de bens) para um dado custo da produção ou,
visto de outra forma, quer produzir com o menor custo possível, dado um nível de
produção. Isso significa, basicamente, que o produtor quer ter a máxima produti-
vidade possível. Conforme vimos no tópico anterior, isso significa produzir com a
tecnologia mais eficiente, e utilizando o menor volume de insumos por quantidade
de bens produzidos.

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Mas não é só isso. Ao tentar atingir o menor custo da produção possível, o produtor,
além das quantidades de bens produzidos e da quantidade de fatores utilizados,
também deve levar em conta o custo dos fatores de produção.

Isso porque o custo de produção é o valor monetário (isto é, em dinheiro) do so-


matório do produto dos insumos (ou fatores) pelo respectivo preço dos insumos.
Tomando o exemplo do corte de lenha, e supondo a situação “B”, notamos que
o produtor utilizou 1 dia de trabalho e 1 machado para produzir 250 Kg de lenha.
Suponha que 1 dia de trabalho custe R$100 e 1 machado custe R$50. Significa que,
esta produção irá custar:

CT = T × 100 + K × 50
CT = 1 × 100 + 1 × 50
CT = 150

Portanto, o Custo Total desta produção de 250 Kg de lenha é de R$150. Mas quanto
custou cada Kg de lenha? Neste caso, queremos averiguar o Custo Médio desta
produção. Para isso, basta dividirmos o Custo Total (CT=R$150) pela quantidade
produzida (q= 250Kg). Com este cálculo simples, obtemos que o Custo Médio é de
R$0,60 por Kg de lenha.

Para obter lucro, o produtor sabe que deveria vender a um preço acima de R$0,60
por Kg de lenha (descontados todos os eventuais impostos).

Maximização dos Lucros


A partir dos cálculos simples da seção anterior, conseguimos saber a partir de qual
valor o produtor passa a ter lucro. Entretanto, um produtor racional não deseja ter
qualquer lucro, mas sim o máximo lucro possível, dada sua tecnologia, os custos
dos fatores de produção que ele utiliza e as condições do mercado. As condições
do mercado, por sua vez, são determinadas, de um lado, pela oferta e os demais
concorrentes no setor e, por outro lado, pela demanda e pelas características e pre-
ferências dos compradores deste bem.

São, de fato, muitos fatores a serem considerados e, em consequência disso, o tra-


tamento algébrico dessa questão pode aumentar muito em complexidade, exigindo
ferramentas matemáticas mais avançadas.

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Uma forma mais simplificada de tentar resolver essa questão seria através
da criação de um gráfico, representando a Receita obtida pela empresa em
função de diversas quantidades hipotéticas de bens vendidos e o Custo de
Produção, representando, de forma análoga, os custos totais de produção
de diversas quantidades hipotéticas de bens produzidos.

O gráfico sugerido tem dois eixos, sendo o eixo vertical a representação dos valores
monetários, em R$, de Receita e Custo. Enquanto o eixo horizontal denota as quan-
tidades produzidas e vendidas.

Este gráfico seria feito com duas funções: uma função de Receita e outra
de Custo Total. A função de receita é bem simples, R = q.p, sendo R a receita
Total, q a quantidade produzida e vendida e p o preço final dos bens.

Trata-se, portanto, de uma função linear em que R cresce à medida que q aumenta.
Consideramos que p é constante durante este exercício (supõe-se, dado o preço de
mercado). Dessa forma, ao representarmos as diversas combinações possíveis de R
e q, obteríamos uma reta, conforme a linha azul traçada no gráfico a seguir.

Valor (R$)
Custo
c
Receita

120

B
100

q* q
27

Figura 2 - Escolhendo a quantidade que maximiza o lucro


Fonte: Acervo do conteudista
#ParaTodosVerem: plano cartesiano, cujo eixo vertical representa “Valor (R$)” de 100 a 120, e o eixo horizontal
“q” 27; o gráfico mostra movimento crescente, não linear, apontando Custo e Receita. Fim da descrição.

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O custo, por sua vez, seria obtido através da substituição dos insumos (fatores) uti-
lizados, na sua combinação mais eficiente, na função de produção e, após isso, seria
realizado o cálculo do Custo Total a partir dos custos de cada insumo utilizado.

Em um exemplo simplificado, e uma situação normal de produção, os custos teriam


a forma da curva vermelha representada no gráfico. Perceba que os custos sobem
rapidamente à medida que cresce q, depois a partir de certo ponto desaceleram-se,
e posteriormente voltam a se acelerar.

O lucro desta produção é representado pela diferença entre as curvas R e CT em


cada ponto de produção. Isto é, dado um q, o lucro é obtido através da diferença
entre R e CT relativos àquela quantidade produtiva. Fica fácil observarmos, dessa
maneira, que há três situações diferentes no gráfico demonstrado. Na situação re-
presentada pela letra “A”, a curva de CT está acima da curva de R, o que significa que,
para aquele intervalo de quantidades, o custo é maior que a receita. Portanto, trata-
-se de uma situação de prejuízos. Já na situação “B”, a curva R passa a ficar acima
da curva CT, ou seja, uma situação de lucros. Enquanto que a situação “C” identifica
novamente uma situação de prejuízos.

Logo, a primeira conclusão é que o produtor deve produzir uma quantidade que está
entre os limites da situação “B”. Mas qual? O lucro máximo obtido seria aquele em
que a distância entre R e CT é a maior possível. Este ponto é identificado pela linha
verde. Este ponto corresponde à quantidade produzida de 27 unidades de produto.
A esta quantidade produzida, o produtor teria uma Receita de R$120 e um Custo
Total de R$100, portanto um lucro de R$20.

Esta abordagem simplificada é, de certa forma, imprecisa, mas nosso obje-


tivo é demonstrar principalmente que a Receita e os Custos Totais do pro-
dutor variam de forma distinta. Isso, na maioria das vezes, irá permitir que,
analisando o mercado e os aspectos relativos à sua produção, o produtor
consiga vislumbrar um ponto ótimo de produção, em que ele irá obter o
maior lucro possível. Nesse caso, estamos tratando do lucro de curto pra-
zo, em que os preços dos produtos, os custos dos fatores, a tecnologia e
os aspectos da concorrência são estáveis. No longo prazo, contudo, estas
variáveis podem também oscilar.

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Formas de Competição
(e como escapar delas): Mercado
e Competição
Neste tópico, examinaremos algumas das formas mais relevantes de competição
no mercado. Vamos investigar de que forma os produtos, ofertantes e deman-
dantes de uma mercadoria podem fazer com que o jogo da concorrência tome
formas diferentes.

Reflita
Vamos começar com a seguinte pergunta: será que o mercado
de automóveis funciona da mesma forma que o mercado de
tomates, por exemplo? De um lado há um setor que tem pou-
cos produtores, com tecnologia altamente especializada, gran-
de necessidade de capital para se produzir e vender, e um alto
grau de diferenciação entre os produtos. De outro lado, há um
mercado em que os produtos são bastante similares, há baixo
custo em se montar uma unidade produtora (sementes, terra e
mão-de-obra simples) e, em consequência, muitos produtores.

É claro que estas situações não são iguais. Os Mercados tomam formas distintas de
acordo com o número de ofertantes e demandantes que atuam nele; o tipo de bem,
sobretudo se os bens são muito parecidos (como soja, petróleo, tomate, minério de
ferro, etc.) ou se são diferenciados (como automóveis, telefones celulares, restau-
rantes etc.); se há barreiras ou dificuldades para se entrar neste mercado ou se é fácil
iniciar a produção, e mesmo deixar de produzir.

Vamos segmentar essas características em diversas situações de Mercado, às quais


chamamos de “formas de competição”, descritas a seguir.

Concorrência Perfeita
Um ambiente de concorrência perfeita é aquele em que há, conforme sugerido, ex-
trema competição. Tal ambiente só pode existir quando há um número muito grande
de demandantes e também de ofertantes no mercado, de forma que nenhum com-
petidor ou comprador, isoladamente, pode influenciar este mercado, seja tentando
manipular preços ou quantidades totais transacionadas. Imagine o caso do mercado

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de tomates. Há um sem número de produtores e, igualmente, uma infinidade de
consumidores. Portanto, se um ofertante ou demandante, de forma isolada, tentar
manipular os preços, ele não conseguirá fazê-lo de forma que afete as quantidades
e preços gerais de Mercado. Na verdade, um ofertante que tentasse vender seus
tomates a um preço acima do preço de Mercado, provavelmente não teria sucesso
em vender qualquer quantidade. Cada demandante ou ofertante, individualmente, é
insignificante neste mercado.

Na situação de concorrência perfeita, os produtos são homogêneos. Isso quer


dizer que não há uma diferenciação entre um produto e outro. Significa que
um produtor de tomates não conseguirá cobrar um preço maior pelos toma-
tes que produz porque são diferentes; na verdade todos os tomates de uma
determinada espécie são extremamente similares. O mesmo não poderia ser
dito de carros de fabricantes diferentes, pois cada fabricante consegue di-
ferenciar seus produtos em design, equipamentos, acabamento, opcionais,
etc., de forma que eles não são exatamente comparáveis. Mas tomates são
tomates. Da mesma forma, soja, demais gêneros agrícolas, petróleo, minério
de ferro, metais em geral, entre outros, são produtos bastante homogêneos.

Outro aspecto importante para que se observe a concorrência perfeita é que não
existam barreiras muito importantes à entrada nestes mercados, ou mesmo à saída
deles. Isso significa que qualquer pessoa que se sinta estimulada poderia produzir
tais bens e competir nesses mercados. Novamente vem à tona os mercados agrí-
colas, em que, havendo disponibilidade de terra, qualquer indivíduo pode iniciar uma
produção comprando sementes e vendendo os bens. O mesmo não poderia ser dito
da produção de automóveis, por exemplo. É necessário um enorme volume de ca-
pital, tecnologias bastante sofisticadas, acesso a mercados, mão-de-obra especia-
lizada, etc., para que se possa fabricar um carro sequer. O mesmo vale para muitas
outras indústrias.

Resumidamente, um mercado em concorrência perfeita é um mercado com


barreiras à entrada irrelevantes, cujo produto é homogêneo e onde há um
infinito número de demandantes e ofertantes.

Nesse mercado, a competição dá-se essencialmente por preços e normalmente


aquele produtor que tiver a tecnologia mais eficiente e for mais produtivo, com os
menores custos médios, é que conseguirá sobreviver.

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Monopólio, Oligopólio e Concorrência
Monopolista
O extremo oposto da situação de concorrência perfeita é a situação de Monopólio.
Nesse ambiente, apenas um ofertante domina o mercado, provendo bens para os
demandantes. Isso pode ocorrer por diversos motivos. Pode ser, por exemplo, um
monopólio definido por lei, como era o caso do setor de exploração de petróleo
no Brasil, antes da abertura ao mercado na década de 1990. A lei determinava que
somente a Petrobras poderia explorar e produzir petróleo no Brasil, o que impedia a
entrada de novos concorrentes. Também pode haver monopólio nos casos de pa-
tentes, normalmente beneficiando fórmulas de produtos farmacêuticos ou projetos
de engenharia ou tecnologia. Essas, porém, são patentes temporárias. Além disso,
há monopólios nos casos de extrema diferenciação de produtos ou no caso de gran-
des barreiras à entrada. Por exemplo, a produção de foguetes espaciais, é algo tão
sofisticado, caro, arriscado e específico, que somente uma empresa contratada pelo
Estado poderia realizar tal empreitada.

Como é fácil imaginar, na situação de monopólio os ofertantes é que ditam as regras.


Na prática, eles têm a capacidade de escolher a quantidade que irão produzir para
o mercado; outra forma de ver a questão é que o monopolista escolha o preço que
irá cobrar e a quantidade demandada será resultado da capacidade de pagamento e
desejo dos consumidores em obterem tais bens.

Há uma situação análoga ao monopólio, mas que ocorre quando há apenas


um demandante (ou comprador) em um mercado de muitos produtores e
ofertantes. Neste caso a situação denomina-se “monopsônio”. Nesse caso,
o total poder de barganha está nas mãos do único comprador.

Finalmente, existe a situação em que apenas um grupo pequeno de ofertantes do-


mina o mercado. Trata-se do “oligopólio”. Nessa situação, em geral os competidores
concorrem mais por diferenciação de produtos, qualidade, design, prazo de entrega,
inovações etc. Em razão do processo de consolidação e fusão de empresas em nível
global, muitos mercados encontram-se hoje em uma situação de oligopólio, como
é o caso da indústria automobilística, indústria de bens de consumo duráveis (como
aparelhos eletrodomésticos de maior porte), setor imobiliário, tecnologia da infor-
mação (softwares), entre outros.

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Mercados Imperfeitos
e o Mundo Real
Entre as situações extremas de concorrência perfeita e monopólio há uma
infinidade de situações intermediárias. Simplificadamente, elas são deno-
minadas de mercados imperfeitos, ou concorrência imperfeita.

Nessas situações ou mesmo nas situações de oligopólio, é possível que a socieda-


de consiga criar mecanismos de monitoramento dos mercados que estimulem a
competição entre os poucos competidores. Há, por exemplo, a criação de órgãos
de defesa da concorrência, de legislação que o proteja, entre outros. Isso tem como
objetivo tentar impedir que os concorrentes manipulem preços, estimulando a com-
petição entre eles, a maior eficiência e produtividade, maiores níveis de qualidade,
inovações, entre outros fatores que somente podem existir quando os ofertantes
competem entre si pela demanda.

Saiba Mais
No Brasil, o órgão mais importante de defesa da concorrência é o
CADE. Há ainda um código específico que rege as leis da concorrên-
cia e estimula a competição, o Código de Defesa do Consumidor.

Alguns meios legítimos que permitem aos competidores venderem bens a preços
maiores e, portanto, auferirem lucros maiores, estão a inovação, a diferenciação de
produtos, o aumento da qualidade, a redução de custos, entre outros.

Por exemplo, um produtor que desenvolva uma tecnologia de produção mais efi-
ciente e consiga com isso reduzir seu custo médio, vendendo ao mesmo preço que
os demais ofertantes do mercado, conseguirá observar maiores lucros. De forma
similar, um ofertante que consiga criar um produto mais atraente aos compradores,
poderá conseguir preços melhores, ainda que o mercado inicialmente fosse de com-
modities. Este seria o caso, por exemplo, de um produtor de tomates orgânicos. Por
ter maior preferência entre os consumidores mais exigentes, este tipo de produto
seria vendido a preços maiores. Trata-se de uma diferenciação de produto.

O profissional de marketing deve entender o mercado em que atua e, com base nes-
te entendimento, pensar em formas de fugir da condição de concorrência perfeita,
conseguindo com isso aumentar a lucratividade de suas empresas.

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Material Complementar

Vídeos
Microeconomia - Aula 13 - Oferta Competitiva
Esta é uma oportunidade imperdível para aprofundar seus conhecimentos so-
bre como as forças do mercado moldam a oferta em ambientes competitivos.
https://bit.ly/3I15lTa

O que é Concorrência MONOPOLÍSTICA | Competição IMPERFEITA | Micro-


economia
Explore o mundo da Concorrência Monopolística e a Competição Imperfeita
na Microeconomia.
https://bit.ly/49xUGuS

Leituras
Economia Comportamental e Mercados imperfeitos
Descubra insights valiosos sobre Economia Comportamental e seu impacto
em mercados imperfeitos.
https://bit.ly/48woIiB

Da concorrência perfeita e imperfeita.


As formas de concorrência, incluindo tanto a concorrência perfeita quanto a
imperfeita, esta última subdividida em três conjuntos - monopólio, oligopólio
e concorrência monopolística - serão abordadas de forma concisa ao longo
deste artigo.
https://bit.ly/3U6rsyU

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Referências

ANDERSON, P. Passages from Antiquity to Feudalism. New York: Verso Books, 1997.

MANDEL, E. An Introduction to Marxist Economic Theory. New York: Pathfinder


Press, 1974.

SMITH, A. Riqueza das Nações: investigação sobre sua natureza e suas causas. São
Paulo: Editora Nova Cultural, 1996.

VASCONCELLOS, M. A. S.; ENRIQUEZ GARCIA, M. Fundamentos de Economia. 2.


ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

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