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Microeconomia I: As Leis que Regem

o Mercado

Conteudista
Prof. Me. Guilherme Antonio Ziliotto

Revisão Técnica
Prof.ª M.ª Herida Cristina Tavares

Revisão Textual
Prof. ª Esp. Camila Morais Correia
Sumário

Objetivos da Unidade.............................................................................................................3

Principais Temas da Micro Empresa................................................................................... 4

Microeconomia vs. Macroeconomia.................................................................................. 5

Princípios Básicos no Estudo da Microeconomia................................................................... 5

Economia como Ciência Objetiva................................................................................................ 5

Escassez................................................................................................................................................... 7

Bens........................................................................................................................................................... 7

Agentes Econômicos.........................................................................................................................8

Racionalidade.........................................................................................................................................8

O que dá Valor aos Produtos e Serviços..................................................................................... 9

Principais Teorias................................................................................................................... 9

Valor, Preço, Objetividade e Subjetividade..................................................................... 11

Variáveis que Afetam a Percepção de Valor............................................................................11

O Comportamento do Consumidor no Ambiente de Negócios.................................... 12

A “Lei” da Oferta e da Procura...................................................................................................... 12

Material Complementar..................................................................................................... 27

Referências............................................................................................................................ 28

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Objetivos da Unidade

• Conhecer os principais temas relacionados à Microeconomia, isto é, a parte da


Economia que estuda mais de perto o funcionamento das empresas e como
elas se comportam no ambiente competitivo;

• Diferenciar a microeconomia da macroeconomia;

• Identificar como a microeconomia pode contribuir para o sucesso das empre-


sas e nas atividades de um administrador.

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VOCÊ SABE RESPONDER?

Para darmos início à unidade, convidamos você a refletir: O que é Microeconomia?

Contextualização
Quando nos referimos ao termo “microeconomia”, estamos tratando das questões
econômicas que são dadas em um determinado mercado, alguns poucos mercados,
um setor ou mesmo apenas uma unidade produtiva. Por isso é usada a palavra “mi-
cro”, que significa que estamos olhando a economia de bem perto.

Nesta unidade, estudaremos as questões e os princípios mais básicos deste seg-


mento da Ciência Econômica. Veremos também, simplificadamente, de que forma
se comportam e interagem os principais “agentes econômicos”, isto é, as pessoas
ou grupos de pessoas representados por seus interesses econômicos distintos.

Principais Temas da Micro Empresa


Uma das principais perguntas perseguidas pelos economistas, mesmo nos primór-
dios desta ciência, foi a de entender o que dá valor aos bens. Durante séculos os
economistas debateram-se sobre esta questão do valor – que será explicada mais
detalhadamente no tópico a seguir - sem, contudo, conseguirem uma resposta ple-
na e satisfatória, ao menos do ponto de vista quantitativo, para este tema.

Partiram, posteriormente, para a tentativa de determinação dos preços. Neste caso,


sim, a teoria evoluiu satisfatoriamente para uma teoria de determinação de preços
de mercado e, associados a estes preços, as quantidades de compra e venda que
dariam estabilidade a este mercado. A este grupo de questões denomina-se Teoria
do Consumidor.

A microeconomia investiga também questões ligadas ao produtor. As ques-


tões mais importantes são a determinação da quantidade a ser produzida para
que se obtenha o menor custo possível - por unidade de bem produzido - e,
ao mesmo tempo, o máximo lucro possível. Trata-se da Teoria do Produtor.

Finalmente, outro grupo importante de questões da microeconomia é o estudo das


Estruturas de Mercado, cujo objetivo é entender as formas mais comuns de intera-
ção entre compradores e vendedores de um determinado tipo de bem. A avaliação

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sobre esses modelos de concorrência permite-nos entender de forma mais especí-
fica como as empresas competem e como os compradores se comportam dentro
de ambientes competitivos variados.

Nesse momento, esses conceitos provavelmente são bastante abstratos para o alu-
no; mas não se preocupe, trataremos de cada um deles a seu tempo e todos serão
explicados ao longo da unidade e praticados nos exercícios.

Microeconomia vs.
Macroeconomia
A microeconomia diferencia-se bastante da macroeconomia, tanto quanto ao tema
tratado como nas metodologias de estudo. De um lado, a microeconomia, na sua
visão “neoclássica” (que é nosso objetivo) é uma construção teórica bastante abs-
trata que busca verificar os comportamentos racionais das empresas, consumidores
e, no máximo, de algum setor em conjunto. Por outro lado, a macroeconomia busca
explicações para temas mais amplos, como aqueles ligados a um país ou uma região,
ou no mínimo para o agregado de algumas classes ou setores econômicos.

A metodologia também é, na maioria das vezes, distinta. Na macroeconomia o es-


tudo dá-se mais por indução, isto é, partimos de casos ou fenômenos conhecidos,
muitas vezes através de dados históricos, e tentamos entender as leis gerais que
determinaram estes casos ou fenômenos. Um desses métodos é o uso de instru-
mentos estatísticos - mais propriamente, econométricos - para tentarmos avaliar o
comportamento de variáveis macroeconômicas. Já na microeconomia neoclássica,
a lógica é normalmente dedutiva. A racionalidade por trás dos fenômenos está dada
pela própria lógica dos agentes e alguns axiomas fundamentais, e a teoria é cons-
truída sobre estas bases. Naturalmente, é possível (e sempre desejável) a posteriori
verificar se as teorias são confirmadas pelo mundo real.

Princípios Básicos no Estudo da Microeconomia


O estudo da microeconomia exige que tenhamos em mente alguns pressupostos e
princípios, detalhados a seguir.

Economia como Ciência Objetiva


O estudo da microeconomia conforme proposto aqui, corresponde a uma visão
chamada de “neoclássica”. Nessa visão, a economia é tratada como uma ciência

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objetiva, em que são definidos alguns axiomas (princípios básicos e dados como
certos) e toda a teoria é desenvolvida a partir desses axiomas de forma lógica e,
por vezes, matemática. Em alguns casos isso representará alguma simplificação da
realidade, mas com isso tem-se o benefício de um maior avanço nas conclusões e
uma maior formalidade na construção da teoria.

Existe, naturalmente, a possibilidade de testar, ao final, se as teorias encon-


tram respaldo na realidade, o que denominamos de “testes empíricos”. A te-
oria microeconômica tem evoluído muito desta forma, com da construção
de modelos teóricos e, a partir daí, a verificação se a realidade é suficiente-
mente explicada com base nestes modelos.

Utilidade

Utilidade é a característica que os produtos e serviços têm de satisfazerem


necessidades ou desejos das pessoas e empresas. Esse conceito de “utili-
dade” aproxima-se do uso cotidiano que damos à palavra. Podemos dizer
que um litro de água tem utilidade por vários motivos. Pode ser usado para
saciar a sede; pode ser usado para lavar a louça; pode ser usado para cozi-
nhar alimentos. O conceito de utilidade está ligado, em parte, à caracterís-
tica daquele produto em satisfazer necessidades ou desejos das pessoas.

Além desse aspecto mais óbvio, os bens também podem ter utilidade mais abstrata.
Por exemplo, um diamante, que a princípio não é um bem “essencial” para a sobrevi-
vência humana, tem utilidade porque pode ser considerado como um artigo que em-
beleza um adereço ou uma pessoa. Dessa forma, a pessoa que adquire um diamante
encontra utilidade nesse objeto, por mais “supérfluo” que possa parecer a princípio.
Vale mencionar também que um serviço também carrega uma determinada utilida-
de. Cortar os cabelos, por exemplo, é um serviço que tem sua utilidade.

Finalmente, outro aspecto que não deve ser esquecido sobre a utilidade é que ela
é subjetiva. Isto é, a percepção de “quão útil” é um determinado produto depende
do seu utilizador ou comprador. Depende também do momento e da necessidade
atribuída àquele produto em um dado momento. Portanto, a utilidade de um litro
d’água para um habitante de uma casa com água encanada abundante é diferente
da utilidade do mesmo litro d’água atribuída por um habitante do deserto do Saara.

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A utilidade é subjetiva porque depende do uso que será dado a determinado bem,
das preferências das pessoas, do momento do consumo, entre outros fatores.

Escassez
Este é um dos conceitos mais importantes da economia e, ao mesmo tempo, um
dos que algumas pessoas encontram mais dificuldade. Por isso, exige maior atenção.

Escassez significa, literalmente, a falta ou a iminência da falta de algo. Ou


seja, escassez é o oposto de abundância. Entretanto, escassez, no seu sen-
tido econômico, não significa que não há nenhuma quantidade disponível
de um determinado objeto, mas sim que não há quantidades infinitas desse
objeto à disposição, e/ou que há um custo para a obtenção deste objeto.

Por exemplo, um caso evidente de produto escasso é o petróleo. Não só é uma


substância rara, mas também tem sua quantidade limitada pela própria natureza.
Não há “infinitos” litros de petróleo no mundo. Há o que está nos reservatórios do
subsolo e do oceano e nenhuma gota a mais.

O que dizer dos alimentos, por exemplo, como o milho? Não há uma quantidade
pré-determinada de milho no mundo. Há a quantidade que está disponível hoje, mas
podemos plantar mais e mais, de forma indefinida (pelo menos ao longo do tempo).
Podemos então dizer que o milho não é um produto escasso? A resposta é um sono-
ro “NÃO”. Pois, apesar de existir em grandes quantidades, há um custo para se obter
milho. Deve-se plantar, há um custo para cultivá-lo, colhê-lo, armazená-lo, transpor-
tá-lo. Logo, o milho entra também na categoria econômica de produtos escassos.

Bens
Uma vez explicados os conceitos de utilidade e escassez, podemos agora definir o
que são bens. Resumidamente, um bem, no sentido econômico, é qualquer produto
ou serviço que tem utilidade e é escasso.

Assim, uma substância tão importante quanto o ar que respiramos normalmente,


em sua forma natural disponível em abundância, não pode ser considerado um bem
econômico por não haver escassez, salvo em situações ou condições especiais.
Outros itens são escassos, porém não são considerados úteis ou mesmo maléficos

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e, portanto, também não são considerados bens econômicos. Alguns exemplos se-
riam o lixo doméstico, materiais descartáveis utilizados, a poluição, entre outros.

Produtos que são considerados nocivos ou indesejáveis têm utilidade nega-


tiva, por esse motivo são considerados “males”.

O leque de opções desse conceito é bastante amplo. São considerados bens não
somente os produtos e serviços finais que consumimos diariamente. Os materiais,
produtos e serviços que utilizamos para a produção de outros bens também são
considerados bens (os chamados bens intermediários de produção e bens de ca-
pital). Logo, uma máquina utilizada na fabricação de carros é um bem. O próprio
trabalho utilizado na produção é um bem. Além, é claro, do produto final, o carro,
que neste caso é denominado de bem final ou bem de consumo (neste caso um
bem de consumo durável).

Agentes Econômicos
Agentes econômicos são todas as pessoas que tomam qualquer tipo de decisão na
economia, seja pessoal, para suas empresas, governo, etc. As próprias empresas e o
governo podem ser considerados agentes econômicos per se. O termo agente vem
do fato de que esses indivíduos, grupos, governo, entidades ou empresas agem na
economia e a ação tem algum efeito ou impacto em seu funcionamento.

Racionalidade
Um dos princípios mais elementares da microeconomia é a racionalidade.
Racionalidade, no sentido microeconômico, significa duas coisas. Primeiro, que os
agentes econômicos desejam sempre obter o máximo de utilidade. Isto é conhecido
pelo termo “maximização da utilidade”. Trata-se de um princípio bastante intuitivo,
mas ao mesmo tempo de fundamental importância para a teoria microeconômica.
Outro fator da racionalidade é a consideração de que os agentes econômicos conhe-
cem as regras básicas de funcionamento de seus negócios e de economia como um
todo, conseguindo, com base nessas regras, tomar decisões de consumo e produção.

Agentes econômicos são todas as pessoas que tomam qualquer tipo de deci-
são na economia, seja pessoal, para suas empresas, governo, etc. As próprias
empresas e o governo podem ser considerados agentes econômicos per se.

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O que dá Valor aos Produtos e Serviços

O que é valor?

O valor é a característica da importância econômica de um determinado bem


quando é trocado pelos agentes econômicos. Um bem que vale R$1.000 é
duas vezes mais importante economicamente que um bem de R$500. Assim,
a importância econômica de um bem é refletida no valor pela qual é transacio-
nado entre as pessoas, sendo de particular importância a relação de valor entre
os bens e não sua representação de valor na forma monetária (ou seja, é im-
portante percebermos o valor real, e não somente o valor nominal, dos bens).

O que dá valor aos bens?

A questão do valor ocupou as atenções dos filósofos, cientistas sociais e eco-


nomistas desde que se tem notícia. A dúvida fundamental é: o que dá valor
às coisas? Por que os bens têm o valor que têm? Por que bens tão essenciais
como a água são trocados por valores relativamente baixos enquanto bens não
essenciais, quase “inúteis”, como o diamante, tem valor altíssimo?
Trata-se de um tema fundamental para profissionais de qualquer setor econô-
mico, sobretudo para profissionais de Marketing. Ao saber identificar o que dá
valor aos bens, os profissionais poderão focar esforços naquelas atividades e
características que “agregam mais valor” aos bens, em detrimento de outras
atividades menos profícuas.

Principais Teorias
A principal “escola” econômica que tratou da questão do valor foi a Escola Clássica,
cujos principais expoentes foram Thomas Malthus, Adam Smith, John Stuart Mill,
David Ricardo, Karl Marx, entre muitos outros. Essa escola de pensamento econômi-
co foi dominante durante o século XIX.

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Na concepção dos autores clássicos, o que dá valor aos bens é o trabalho
humano. Um determinado bem é mais valioso se há necessidade de muito
trabalho humano para que ele seja obtido; enquanto que um outro bem será
menos valioso se pode ser obtido ou construído com relativamente pouco
trabalho. Essa concepção atingiu várias formas, mas teve seu ponto de maior
rigor teórico nos trabalhos de Karl Marx. No entendimento de Marx, o valor é
dado pelo tempo de trabalho socialmente necessário para a produção deste
bem. Dessa forma, explicar-se-ia a questão do valor da água e do diaman-
te. O diamante tem valor alto porque é extremamente raro e exige muito
tempo de trabalho para ser encontrado, trabalhado e lapidado, até que seja
transformado em um ornamento e jóia. Por outro lado, a água que pode ser
encontrada em abundância, exige pouco trabalho da sociedade (pelo menos
em relação aos diamantes, mais raros e de difícil obtenção). Por isso, exigin-
do pouco trabalho, apesar de mais essencial, a água tem um valor menor.

Apesar de mais satisfatória que teorias anteriores, essa interpretação não explica-
va, por exemplo, por que o mesmo bem era comprado e vendido a preços diferen-
tes em diferentes situações. Afinal, se um determinado bem, em determinado
momento, tem um dado custo social em horas de trabalho por unidade de produ-
to, seria de se esperar que seu valor (e, portanto, seu preço) não oscilasse tanto.

A partir da segunda metade do século XIX, começou a tomar corpo uma nova visão
sobre o valor e os preços das mercadorias. Segundo diversos economistas, o valor
das mercadorias não poderia ser atribuído a características intrínsecas dos bens,
nem somente ao trabalho que era exigido para serem obtidos. Esta nova escola de
pensamento considerava que, ao determinar o valor de um bem, as pessoas levam
em conta as quantidades adicionais deste bem que estariam à sua disposição e,
além disso, consideram também os aspectos de valor subjetivos que cada pessoa
atribui aos bens. Tratava-se de uma visão tão distinta das anteriores e que ganhou
tanta importância que tomou o nome de Revolução Marginalista. Seus principais
expoentes, à época, foram William Jevons, Carl Menger e León Walras.

Essa visão efetivamente revolucionou a forma de se compreender o valor, abo-


lindo a interpretação do valor intrínseco dos bens (relativo ao seu material ou aos
seus custos de produção) e passando a explicar o valor dos bens em função de sua
abundância relativa e também dos aspectos derivados do desejo das pessoas em
adquirir tal bem.

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Valor, Preço, Objetividade e
Subjetividade
Por entenderem que o termo “valor” carregava esta visão de uma característica in-
trínseca dos bens, os teóricos do marginalismo passaram a chamar suas teorias de
teorias de determinação dos preços, a não mais do valor. O valor, assim, teria um
caráter puro e objetivo, mas de difícil determinação.

Já os preços são função da relação da sua abundância relativa (em comparação com
os demais bens) e da necessidade ou desejo que as pessoas têm em adquiri-los.
Trataremos deste tema no item 3 desta unidade. É importante neste momento per-
ceber que a determinação de preços não depende apenas de um fator isolado (seu
custo ou sua abundância relativa), mas também da necessidade ou do desejo que as
pessoas têm em adquirir tal bem e do valor subjetivo que cada uma atribui a tais bens.

A partir da Revolução Marginalista fundaram-se diversas escolas de pen-


samento novas, com destaque para a escola neoclássica e para a escola
austríaca.

Variáveis que Afetam a Percepção de Valor


Mencionamos no tópico anterior que a determinação de preços depende, entre ou-
tros fatores, da percepção de valor que as pessoas atribuem a determinado bem.
Mencionamos também que isto é subjetivo, ou seja, varia de um indivíduo para outro
e para um mesmo indivíduo, de uma situação para outra.

Um dos elementos mais importantes na determinação subjetiva do valor são os gos-


tos ou as preferências por determinado bem. Pode haver preferências naturais de
uma pessoa, por determinado alimento em detrimento de outro, que o faça preferir
este àqueles. O gosto de cada um de nós, portanto, é determinante na atribuição
subjetiva de valor. Da mesma forma que a mesma pessoa pode atribuir um desejo
maior ou menor por determinado bem dependendo da situação. Quanto você paga-
ria por um guarda-chuva em um dia de sol? E quanto pagaria pelo mesmo bem em
um dia de chuva? Provavelmente valores diferentes. Provavelmente pagaria tam-
bém valores diferentes em um momento de chuva se estivesse voltando para casa
de carro, ou se estivesse indo para uma entrevista de emprego a pé.

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Pessoas atribuem valores diferentes a um mesmo bem de acordo com suas
preferências, de acordo com situações distintas, e dependendo de condi-
ções que variam. Valor é algo subjetivo.

O Comportamento do Consumidor no Ambiente


de Negócios
Entendendo, assim, que o valor varia, que é subjetivo, que depende de fatores liga-
dos a abundância dos bens, sua utilidade para cada agente, suas preferência, etc.,
passaremos a tentar resolver de forma mais objetiva e formal a questão da determi-
nação de preços. Este tópico trata da teoria microeconômica dominante de deter-
minação dos preços.

Os itens a seguir exigirão uma visão diferente do aluno, e uma mente aberta para
uma forma abstrata de se enxergar fenômenos do cotidiano. Ao ler os conceitos e
explicações a seguir, tente sempre fazer a ponte entre o que é abstrato (a teoria)
e o real (exemplos da nossa vida e o mundo à nossa volta). Este é um dos pontos
em que diversos alunos têm muita dificuldade, o que chamamos de “capacidade de
abstração”. Entretanto, essa é uma capacidade que pode ser exercitada pelo aluno
e, com isso, desenvolvida.

Os alunos que conseguirem desenvolver essa capacidade de pensar de forma abs-


trata passarão a ter sucesso na compreensão de modelos teóricos e terão maior
chance de sucesso na resolução dos problemas complexos da realidade.

A “Lei” da Oferta e da Procura


Certamente todos já ouviram, em algum momento, em um noticiário, em um artigo de
jornal, em um artigo na internet, algum comentário sobre “a lei da oferta e da procura”.

Trata-se de um termo largamente utilizado, de certa forma útil, mas bastan-


te impreciso. Em geral, é usado para explicar alguma variação importante de
preços de um bem. Por exemplo, “o preço do tomate subiu 5,3% neste mês,
em razão da entressafra do produto. É a lei da oferta e da procura que faz
com que o produto fique mais caro quando a oferta do produto diminui nos
supermercados e nas feiras”.

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Em muitos casos a explicação do fenômeno é válida. Faz-se uma avaliação do preço
de um bem como resposta à disponibilidade dele no mercado (oferta) e ao desejo
das pessoas em obtê-lo (procura). Entretanto, como um aluno de um curso superior,
é importante que você utilize termos mais precisos.

Primeiramente, é importante abolir o uso do termo “lei”. A economia, conforme apren-


demos na Unidade 1, não é uma ciência exata, e sim uma ciência humana. Portanto,
é um pouco perigoso atribuirmos aos comportamentos dessa ciência o caráter de
“leis universais”. A Física pode ter leis universais, como as três leis da Termodinâmica.
Basicamente porque o átomo comporta-se da mesma forma, repetidamente, desde
que reproduzidas as mesmas condições. O ser humano, contudo, é bem mais com-
plexo, sendo difícil atribuirmos um comportamento robótico, previsível ou mesmo
repetitivo para suas atitudes. Por isso, não falaremos em leis e sim em teorias, mo-
delos ou hipóteses.

Outra ressalva importante é trocarmos o termo “procura” por “demanda”, que defi-
niremos a seguir.

Vamos, então, definir o que é oferta, o que é demanda e como a interação dessas
duas “forças” no ambiente de mercado leva à formação dos preços e quantidades.

Oferta

Podemos definir oferta como a quantidade de determinado bem que os


produtores desejam vender no mercado a um determinado nível de preços.
Oferta está ligada ao desejo de vender um determinado bem no mercado.

Por exemplo, suponha que fizéssemos uma pesquisa junto a todos os produtores
e vendedores de café em grãos do Brasil. Suponha que fizéssemos a seguinte per-
gunta: quantas sacas de café você venderia hoje no mercado se o preço fosse de
R$200? Cada vendedor responderia com uma determinada quantidade. A soma de
todas as quantidades que desejam ser ofertadas naquele mercado, naquele momen-
to, àquele determinado preço, é a oferta de café em grão.

Quisemos enfatizar que a oferta depende do preço, de um determinado mercado,


de um determinado momento, e é relativa a um bem específico. É importante que
o aluno NÃO atribua ao termo “oferta” o significado utilizado no cotidiano, usado
para promoções ou vendas com desconto (“oferta de carros a preço de custo”,
“oferta especial de Natal” etc.). Na economia, oferta NÃO tem este significado de

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promoção. É, sim, a soma das quantidades que os vendedores desejam vender a um
determinado preço. Concretamente, se houvesse apenas 3 produtores de café em
grão, e a resposta do primeiro fosse “10 mil sacas”, a resposta do segundo fosse “30
mil sacas” e a resposta do terceiro fosse “5 mil sacas”, a oferta seria de 45 mil sacas.
Mais rigorosamente, esta é a quantidade ofertada.

Uma vez entendido este lado inicial da oferta, podemos olhá-la de uma perspectiva
um pouco mais ampla. Perceba que a quantidade ofertada é uma hipótese, uma pos-
sibilidade. Se o preço fosse de R$200, a quantidade ofertada seria de 45 mil sacas
de café. Vamos supor agora que a mesma pesquisa fosse feita para um preço maior,
digamos de R$ 250. O que você esperaria que ocorresse com a oferta? Em situações
normais, para bens considerados normais, esperamos que a oferta seja maior quanto
maior for o preço.

Ou seja, se fizéssemos a mesma pesquisa, com os mesmos parâmetros, mas mu-


dando o preço para R$250, deveríamos obter respostas que, somadas, seriam su-
periores a 45 mil sacas. Isso, é claro, porque os vendedores de qualquer produto
têm uma tendência a desejar vender mais daqueles produtos se o preço for maior.
Além disso, outros produtores que, talvez, não tivessem sua produção lucrativa a um
preço de R$200, poderiam ter sua produção viabilizada a um preço de R$250. Por
exemplo, um produtor com custo de R$210 por saca não ofertaria os produtos a um
preço de R$200 (pois teria prejuízo e não valeria a pena produzir e vender nessas
condições). Porém, a um preço de R$250, mesmo essa produção a custo de R$210
torna-se viável. Portanto, a oferta tende a aumentar à medida que são oferecidos
preços maiores. De forma análoga, a tendência é que a quantidade ofertada seja me-
nor para preços menores (verifique que você entendeu isso antes de seguir adiante).

Vamos, agora, explorar sua capacidade de abstração e de pensar na forma de mo-


delos. Vamos representar graficamente o comportamento da oferta. Entendendo
que a quantidade ofertada de um determinado bem, em um determinado mercado,
varia em função do preço que seria pago por este bem, vamos simular quais seriam
as diversas combinações de preço e quantidades ofertadas possíveis. Isto é como se
fizéssemos inúmeras pesquisas como as descritas anteriormente e fossemos regis-
trando neste gráfico as combinações de preço e quantidades ofertadas obtidas em
sua resposta. O gráfico teria a forma da Figura 1 a seguir.

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p (R$/saca)

450

400

350

300

250

200

150

100

50

0 20 40 60 80 100 120
q (mil sacas)

Figura 1 - Exemplo de Curva de Oferta


Fonte: Acervo do conteudista
#ParaTodosVerem: plano cartesiano, cujo eixo vertical representa “p (R$/saca)” de 0 a 450 e o eixo horizontal “q
(mil sacas)” de 0 a 120. O gráfico mostra um movimento crescente linear. Fim da descrição.

É importante ressaltar que este não é um gráfico da evolução da oferta no tempo;


ele representa todas as combinações de preço e quantidade de oferta de café em
grão para o mercado mencionado em um dado momento. O aspecto mais impor-
tante representado é dado pela inclinação do gráfico, dada pelo ângulo da figura
em relação ao eixo horizontal. Como a inclinação é positiva, isso significa que, para
preços maiores, estão associadas a eles ofertas também maiores de café.

A combinação de diversas possibilidades de oferta e seu preço neste gráfi-


co denomina-se curva de oferta. Por ser uma representação extremamen-
te simples, ela toma a forma de uma reta. Entretanto, uma representação
mais realista provavelmente não seria uma reta, podendo ter vários formatos
não-lineares.

Uma vez entendida a representação gráfica da oferta, passamos agora para sua re-
presentação algébrica, que corresponde à escrita desse fenômeno na forma de uma
equação matemática.

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Por ser linear, sua representação é dada genericamente por uma equação do tipo:

O=a+b.p
(Eq. 1)

Sendo “O” = quantidade ofertada, em milhares de sacas; “p” = preço em R$


por saca; “a” e “b” parâmetros da equação. Alguns autores preferem repre-
sentar “qo” (quantidade ofertada) ao invés de “O”.

Dado o conhecimento que você já tem sobre a oferta e o gráfico que fizemos, o que
você espera dos sinais dos parâmetros a e b? Como vimos anteriormente que a
quantidade ofertada sobe à medida que aumentamos o preço, podemos dizer con-
fortavelmente que o sinal de b é positivo. Isso também é refletido na inclinação da
curva, positiva. Com relação ao sinal de a, no caso representado no gráfico, sabemos
que ele é negativo, mas no momento não é tão importante darmos atenção a ele.

A propósito do exemplo das sacas de café, a equação representada no gráfico é:

O = -20 + 0,325 . p

(Eq. 2)

É muito importante que você se familiarize com esta visão matemática de se re-
presentar um fenômeno social. Tente exercitar este conhecimento, traçando um
gráfico com a curva de oferta, a partir da equação acima. Basta listar diversos valores
de p e calcular qual a quantidade ofertada associada a cada um deles. Após estes
cálculos (que ficam mais organizados na forma de uma tabela) basta que você re-
presente os pontos obtidos (combinações de preço e quantidades) em um gráfico.
A ligação destes pontos dá a figura da curva de oferta.

A seguir um exemplo de uma tabela gerada a partir de valores hipotéticos de p.

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Tabela 1 - Tabela para curva de oferta

p (R$) q (mil unid)

200,00 45,00

250,00 61,25

150,00 28,75

100,00 12,50

61,54 -

300,00 77,50

350,00 93,75

400,00 110,00

Fonte: Acervo do conteudista

Essa descrição da função de oferta é uma visão estática. Isto significa que, em um
dado momento, dadas características de produção, consumo e mercado constan-
tes, ela representa as combinações possíveis de preço e quantidade ofertadas. Isto
é, a quantidade ofertada varia “sobre” a curva de oferta.

Poderíamos, contudo, fazer uma análise mais dinâmica sobre a oferta. A pergunta
neste momento é: “o que faria a curva se mover?”, ou ainda, em outras palavras, “o
que, além do preço, mudaria o comportamento dos ofertantes?”.

Diversos fatores. Um aumento da produtividade, que reduzisse os custos de pro-


dução, permitiria um aumento da oferta, sem alterarmos o nível de preços. Ou uma
redução dos custos derivada de insumos mais baratos. Qualquer destes fatores
causaria um deslocamento da curva de oferta para a direita. Isso significa que, aos
mesmos preços, a oferta seria maior do que anteriormente. Esta mudança está re-
presentada na Figura 2. A linha tracejada representa a oferta antes das mudanças. A
linha cheia representa a curva de oferta após as mudanças (por exemplo, após uma
redução nos custos do setor, de forma generalizada).

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p (R$/saca)

450

400

350

300

250

200

150

100

50

0 20 40 60 80 100 120 140


q (mil sacas)

Figura 2 - Deslocamento da curva de oferta


Fonte: Acervo do conteudista
#ParaTodosVerem: plano cartesiano, cujo eixo vertical representa “p (R$/saca)” de 0 a 450 e o eixo horizontal
“q (mil sacas)” de 0 a 140. O gráfico mostra um movimento crescente linear em duas linhas. Fim da descrição.

Praticaremos posteriormente alguns exercícios na forma de curvas de oferta, sua


representação gráfica e algébrica. Mas antes vamos ver como se comportam outros
agentes que atuam sobre o mercado de café.

Demanda (“procura”)

Se, de um lado, os ofertantes de café querem vender o produto, isso somente po-
derá ocorrer se, de outro lado, existirem agentes desejando comprar este produto.

Os indivíduos, empresas e demais agentes econômicos que desejam adqui-


rir um produto são chamados de demandantes. De forma análoga à oferta,
o conjunto dos demandantes, quando atuam em um determinado mercado
e manifestam sua intenção de adquirir determinado bem, refletem-se no
conceito de “demanda”. Demanda, portanto, é a intenção, o desejo mani-
festo de adquirir um determinado bem a um dado nível de preços.

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Também, da mesma maneira com que investigamos a oferta, podemos investigar o
comportamento da demanda.

Suponha, então, que fizéssemos uma pesquisa com todos os demandantes de café
em grãos do Brasil. Suponha que a pergunta fosse “quantas sacas você compraria se
o preço fosse R$200 por saca?”. A quantidade demandada seria a soma de todas as
quantidades demandadas individuais manifestadas pelos potenciais compradores
do mercado. Supondo, então, que a soma destas respostas fosse de 60 mil sacas,
esta seria a quantidade demandada associada ao preço de R$200/saca. O que você
espera que ocorra, agora, se aumentarmos o preço proposto, digamos, para R$250/
saca? Você se lembra que a oferta aumenta quando aumentamos o preço? Pois
ocorre exatamente o oposto no caso dos demandantes. À medida que subimos o
preço, considerando bens normais e uma situação normal do mercado, a tendência
é que a quantidade demandada caia. Afinal, a preços maiores nós compramos me-
nos quantidades de um dado produto, certo?

Vamos tentar inverter um pouco a ordem de raciocínio apresentada anterior-


mente. Suponha que tenha sido dada a função (equação) da curva de demanda,
descrita a seguir:

qd = 100 – 0,2 p
(Eq. 3)

Sendo qd a quantidade demandada (em milhares de sacas) e p o preço (em


R$/saca). Como você faria o gráfico da quantidade demandada?

O primeiro passo é montar uma tabela em que se representa o preço e a quantidade


demandada associada a cada preço. Posteriormente, basta supor um valor de p e
calcular, com base na função da demanda, qual a qd associada a este preço.

Um exemplo de tabela seria:

19
Tabela 2 - Tabela de demanda

q (mil unid) p (R$)

60 200

50 250

70 150

80 100

90 50

40 300

30 350

20 400

Fonte: Acervo do conteudista

A partir da tabela, basta então identificarmos os pontos que representam cada com-
binação de preço e quantidade. A interligação destes pontos é a curva de demanda.

p (R$/saca)

450

400

350

300

250

200

150

100

50
20 40 60 80 100
0
q (mil sacas)

Figura 3 - Curva de demanda


Fonte: Acervo do conteudista
#ParaTodosVerem: plano cartesiano, cujo eixo vertical representa “p (R$/saca)” de 0 a 450 e o eixo horizontal “q
(mil sacas)” de 0 a 100. O gráfico mostra um movimento decrescente linear. Fim da descrição.

Evidentemente, a inclinação da curva de demanda é negativa, correspondendo à


reação dos demandantes de reduzirem suas compras à medida que o preço sobe.

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Da mesma forma que a oferta pode sofrer alterações (além do preço), a demanda
também pode. Alguns exemplos são: aumento da renda ou da riqueza da população;
uma variação dos gostos ou preferências por este produto (por exemplo, um estu-
do mostrando que café reduz a chance de se obter um determinado câncer); um
aumento do número de compradores. Qualquer destas variações faria aumentar a
demanda de forma generalizada, aos mesmos níveis de preço, o que seria represen-
tado por um deslocamento para a direita da curva de demanda.

Obviamente, variações no sentido oposto (redução da renda etc.) causariam um


deslocamento à esquerda da demanda.

O Mercado
Analisamos, até agora, o comportamento isolado de demandantes e ofertantes.
Porém, o mais interessante está por vir: investigarmos como funciona a interação
destes comportamentos.

Esta interação ocorre no que chamamos de Mercado. O Mercado é um ambiente em


que demandantes e ofertantes de um mesmo produto encontram-se, física ou vir-
tualmente, para realizarem estes intercâmbios a uma taxa que denominamos “preço”.

Três características são importantes para que um mercado funcione de forma ótima.

Primeiro: o Mercado deve ser livre e sem muitas interferências

A imposição de um preço, ou um piso dos preços, um teto, etc., interferem no


bom funcionamento dos Mercados em geral. A interferência governamental
no sentido de cobrar impostos exagerados também afeta o funcionamento
otimizado dos mercados.

Segundo: deve haver uma definição precisa do produto que está sendo
transacionado (“café arábica tipo II, safra 2009”)

Quanto mais específico for o produto, menor a interferências de variações na


qualidade do produto ou outras variáveis relativas à diferenciação no mercado.
Basicamente, esta homogeneização ou “comoditização” do mercado permite
que a discussão limite-se a preços e quantidades comercializadas.

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Terceiro: o mercado deve ter um arcabouço de regulação e
organização tal que permita a livre concorrência

Por exemplo, nos Mercados de capitais organizados (bolsas de valores, futu-


ros, bens agrícolas, entre outras) há regulações no sentido de proibir a atu-
ação de agentes que têm conhecimento privilegiado sobre os bens transa-
cionados. Por exemplo, o presidente de uma empresa não pode comprar ou
vender ações da sua própria empresa com objetivo de obter lucros de curto
prazo. Isso porque tal agente tem informações privilegiadas, sabendo de fa-
tos que alteram a percepção do valor das ações antes dos demais membros
do mercado. Perceba que estas regulações são distintas do primeiro item,
pois são mecanismos para promover uma igualdade entre os agentes deman-
dantes e ofertantes no mercado.

Equilíbrio de Mercado
O equilíbrio de Mercado ocorre quando a interação entre demandantes e ofertantes
de um bem no Mercado leva a que haja uma combinação ótima de quantidades
trocadas a um dado preço. O ponto de equilíbrio é o ponto em que todos os de-
mandantes que querem comprar o bem a um determinado preço encontram oferta
para ele, e todos os ofertantes que querem vender este bem àquele preço também
encontram demanda para ele. Não há, portanto, “sobras” nem “falta” de bens.

Saiba Mais
Como “ponto de equilíbrio”, referimo-nos ao chamado “Equilíbrio
Walrasiano”. Há outras definições de equilíbrio e um sistema
econômico complexo pode ter muitos pontos de equilíbrio ou
nenhum. Pode ainda ter equilíbrios estáveis ou instáveis. Nessa
visão inicial, vamos nos restringir ao básico.

Vejamos um exemplo: no caso das sacas de café, obtivemos que a R$200, a quan-
tidade ofertada é de 45 mil sacas. Ao mesmo preço, vimos que os demandantes
desejam a quantidade demandada de 60 mil sacas. Pela definição de equilíbrio do
parágrafo anterior, você entende que o mercado está em equilíbrio? É claro que não.
Pois estão faltando 15 mil sacas para que os demandantes consigam comprar tudo
o que desejam ao preço de R$200. A oferta é de 45 mil sacas, enquanto a demanda
é por 60 mil sacas.

22
O que é preciso que ocorra para haver equilíbrio? É preciso que o preço
suba, pois assim mais ofertantes irão desejar vender seus bens, ao passo
que um maior preço fará com que a demanda caia um pouco, até que se
atinja o equilíbrio.

Porém, a melhor estratégia para descobrirmos o ponto de equilíbrio não é um méto-


do de tentativa e erro. Levaria muito tempo. Há um método algébrico mais fácil, que
consiste basicamente em igualar as quantidades dadas pela função de demanda e
pela função de oferta. A partir daí, isola-se o preço, que será o preço de equilíbrio.
Então, substitui-se o preço de equilíbrio em qualquer das funções para se obter a
quantidade de equilíbrio. Exemplificando:

Relembrando as funções: demanda qd = 100 – 0,2p


Relembrando as funções: oferta qo = –20 + 0,325p
Fazendo qd = qo: 100 –0,2p = -20 + 0,325p
Isolando p, temos: –0,2p – 0,325p = -20 – 100
Resolvendo p: –0,525p = –120 p = 228,57
Resolvendo q: q = 100 – 0,2p = 100 – 0,2 x 22,857 q = 54,29

Repare que, neste último passo, pode ser usada tanto a equação da demanda como
da oferta. Obviamente, como se trata do equilíbrio, as quantidades de demanda e de
oferta devem ser idênticas (faça o teste!).

Qual o ponto de equilíbrio? É a combinação de preço de R$228,57 por saca e a quan-


tidade de 54,29 mil sacas. A este preço, todas as quantidades ofertadas encontram
demanda e todas as quantidades demandadas encontram oferta. Não há sobras;
não há faltas. Um aluno atento já saberia sugerir uma nova forma de representar o
equilíbrio. Trata-se, sem nenhuma novidade, da forma gráfica. O primeiro passo é
representarmos demanda e oferta em um mesmo gráfico. A seguir, identificamos
o ponto de equilíbrio (p=228,57; q=54,29). Qual a observação a ser feita sobre este
ponto? (veja na figura a seguir).

23
p (R$/saca)
450

400
Oferta
350

300

250

200

150

100
Demanda
50

0
20 40 60 80 100 120
q (mil sacas)

Figura 4 - Equilíbrio de Mercado


Fonte: Acervo do conteudista
#ParaTodosVerem: plano cartesiano, cujo eixo vertical representa “p (R$/saca)” de 0 a 450 e o eixo horizontal “q
(mil sacas)” de 0 a 120. O gráfico mostra um movimento decrescente linear em relação a demanda e crescente
linear em relação à oferta. Fim da descrição.

O ponto de equilíbrio, marcado em amarelo, é justamente o ponto de encontro das


curvas de oferta e demanda. Como, aliás, não poderia deixar de ser. Afinal, qualquer
outro ponto sobre as curvas não preencheria os requisitos do equilíbrio. Faça o teste.
Identifique qualquer ponto sobre a demanda ou a oferta que não seja o ponto de
equilíbrio, e veja como, em qualquer deles, ou sobrará ou faltará café.

Vejamos, agora, que podem ocorrer diversas perturbações na oferta ou na demanda,


que poderiam levar este mercado a outro equilíbrio. Suponha que partindo do pon-
to de equilíbrio identificado na figura anterior, houvesse uma mudança externa. Por
exemplo, imagine que, obtido o equilíbrio anterior, seja feita uma grande campanha
publicitária institucional, que influencie de forma generalizada as pessoas para os
benefícios do consumo do café. O que você esperaria que ocorresse neste mercado?

Como vimos anteriormente, a demanda deslocar-se-ia para a direita (aumento da


demanda). Com a oferta, por sua vez, não há mudanças. O novo equilíbrio seria dado
em um novo ponto. Veja no gráfico a seguir esta representação. A linha laranja trace-
jada (D1) representa a demanda antes da mudança. A linha laranja cheia representa a
demanda após a campanha publicitária. A linha azul representa a oferta (só há uma,
pois a oferta não foi afetada pela campanha). A curva de oferta antes é a mesma que
a curva de oferta depois.

24
p (R$/saca)
450
O
400

350

300 Eq2
250

200 Eq1
150

100
D1 D2
50

0
20 40 60 80 100 120
q (mil sacas)

Figura 5 - Deslocamento da demanda e novo equilíbrio


Fonte: Acervo do conteudista
#ParaTodosVerem: plano cartesiano, cujo eixo vertical representa “p (R$/saca)” de 0 a 450 e o eixo horizontal
“q (mil sacas)” de 0 a 120. O gráfico mostra um movimento decrescente linear em relação a d1 e d2 e crescente
linear em relação à Eq. 1 e Eq. 2. Fim da descrição.

Perceba que há 2 equilíbrios. “Eq. 1” representa o equilíbrio original, pelo cruzamento


de D1 e O. Após o deslocamento da demanda, configura-se o novo equilíbrio, “Eq.
2”. O que ocorreu neste novo equilíbrio? Perceba que, em razão do deslocamento
da curva de demanda e da manutenção da curva de oferta, o novo equilíbrio foi
atingido à direita e acima do anterior. Portanto, há uma venda de mais quantidades
de café, e a preços maiores.

Viu como foi importante esta campanha publicitária? A partir dela os ofertantes
passaram a vender mais e a preços maiores. Esta é, provavelmente, uma visão bas-
tante mais formalizada e rigorosa de um fenômeno que os alunos de Marketing tra-
tarão o tempo todo.

Se você entendeu corretamente os itens desta Unidade, parabéns! Trata-se de um


passo importante na compreensão dos mecanismos econômicos mais elementares.
Entender a interação entre a oferta e a demanda é uma grande vantagem para qual-
quer profissional, sobretudo para profissionais atuantes no mundo dos negócios.

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Material Complementar

Vídeos
LEI DA OFERTA E DA DEMANDA EM MENOS DE 5 MINUTOS | MICRO-
ECONOMIA
Este vídeo conciso e informativo oferece uma explicação clara e rápida de
um conceito fundamental em Economia que influencia diretamente nossas
vidas diárias.
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ECONOMIA
Assistindo a este vídeo, você aprenderá o que é a elasticidade-preço da de-
manda, como calculá-la e como interpretar seus resultados. É uma ótima
oportunidade para aprimorar seus conhecimentos em Economia de forma
prática e rápida.
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Leituras
A economia como objeto socialmente construído nas análises regulacionis-
ta e da Economia Social de Mercado
O artigo explora os fundamentos ontológicos que destacam as singularida-
des dos fenômenos econômicos, em comparação com aqueles presentes
nos sistemas inorgânicos e orgânicos.
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Quais fatores influenciam na formação de preço de um produto?


Descubra como elementos diversos podem afetar os valores que encontra-
mos nas prateleiras e a complexa dança de custos, demanda e estratégia por
trás disso.
https://bit.ly/3u0R0Tm

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Referências

VASCONCELLOS, M. A. S.; ENRIQUEZ GARCIA, M. Fundamentos de Economia. 2.


ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

VARIAN, H. R. Microeconomia: princípios básicos. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1994.

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