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A Economia/Gestão é uma ciência empírica

• Ciência – é o conjunto organizado de conhecimentos sobre os


mecanismos de causalidade dos factos observáveis, obtido através do
estudo objetivo dos fenómenos empíricos.
• Empirismo- Ideia de que o conhecimento válido é derivado
diretamente dos dados sensoriais e da experiência (Gill e Johnson,
1991,p.165). Abordagem para o estudo da realidade que sugere que
apenas o conhecimento adquirido por meio da experiência e dos
sentidos é aceitável (Bryman e Bell, 2003, p.9).
• Teoria- É uma ideia ou um conjunto de ideias que se destina a explicar
algo. Baseia-se em evidências e em raciocínio cuidadoso, mas não pode
ser completamente provado (Collins Cobuild Dictionary 1987, p. 1515).
Uma formulação sobre a relação de causa e efeito entre duas variáveis,
que podem ou não ter sido testadas (Gill e Johnson, p. 166).
• Definimos proposição como uma declaração sobre conceitos que
podem ser julgados como verdadeiros ou falsos caso digam respeito a
fenómenos observáveis.
• Quando uma proposição é formulada para testes empíricos designamo-
la por hipótese. As hipóteses são descritas como declarações para as
quais atribuímos variáveis para casos.
• Um caso é uma entidade ou coisa sobre a qual a hipóteses se desenrola. A variável é a
caraterística, o traço ou atributo que, na hipótese, é atribuída ao caso. Exemplo:
• A executiva Carolina (caso)tem uma motivação para resultados acima da média (variável).
• Se a hipótese se basear em mais de um caso, trata-se de uma generalização. Por exemplo:
Os executivos da empresa XPTO (casos) tem uma motivação para resultados acima da
média (variável).

• Na teoria económica faz-se, tradicionalmente, a distinção entre microeconomia e


macroeconomia. A microeconomia analisa as decisões económicas dos indivíduos e das
empresas, assim como dos mercados de bens, serviços e fatores produtivos onde aquelas
decisões se confrontam. Estuda os processos de afetação de recursos às alternativas
possíveis e do papel dos preços e dos mercados nesses processos.
• Por sua vez, a macroeconomia estuda o comportamento das variáveis
agregadas das decisões das famílias e das empresas, assim como das
políticas nacionais ou setoriais destinadas a promover o emprego e a
estabilidade dos preços.
• Contudo, a fronteira entre a microeconomia e a macroeconomia tem-
se estreitado nas últimas décadas em virtude do progresso da ciência
económica.
• As hipóteses fundamentais à microeconomia moderna são:
• a maximização da utilidade ou satisfação do indivíduo consumidor;
• a maximização do lucro das empresas.
• Estas hipóteses revelaram-se muito proveitosas na criação de
proposições, cuja verificação empírica tem comprovado a sua razão
de ser.
• Também essencial a esta teoria é a procura de obtenção da utilização
eficiente dos recursos por intermédio da sociedade.
• O sistema onde interagem a procura dos consumidores e a oferta das
empresas que permite alcançar a satisfação dos consumidores e o lucro
dos empresários, é o sistema de mercado.
• O processo normal de decisão económico-empresarial engloba as etapas
seguintes:
• Definir o problema
• Identificar os objetivos e instrumentos
• Identificar as soluções possíveis
• Prever as consequências
• Tomar e pôr em prática decisões.
• Modelo- Uma representação bastante simplificada do mundo real
dotada de forte poder explicativo.
• Uma representação de um sistema que é elaborado para analisar
algum aspeto desse sistema ou o sistema globalmente (Cooper e
Schindler, 2001, p. 52).
• Um modelo é um conjunto de hipóteses sobre a realidade a partir das
quais se pode deduzir logicamente uma ou mais conclusões.
• A teoria económica, em geral, utiliza os modelos como a sua principal
metodologia. A estes modelos, chamam-se modelos económicos.
• Modelos económicos- São descrições teóricas simples que captam os
mecanismos essenciais de funcionamento de uma economia.
Também se pode dizer que são um conjunto de hipóteses acerca da
realidade económica a partir das quais se pode deduzir logicamente
uma ou mais conclusões.
• Análise positiva e análise normativa
• A análise positiva descreve objetivamente as relações de causalidade
entre os fenómenos económicos. Abstém-se de fazer juízos de valor.
Exº : “Este ano choveu muito, foi um bom ano agrícola”. Numa
observação superficial esta afirmação parece correta. Contudo a
chuva pode ter caído de forma concentrada e o efeito ter sido
desastroso. A afirmação pode ser comprovada medindo a
pluviosidade no ano e comparando o produto agrícola com o produto
de anos anteriores. Apenas a análise dos valores registados nos
permitirá decidir acerca da veracidade da afirmação.
• Por seu lado, a análise normativa envolve juízos de valor ou opiniões
sobre o modo de se atingirem certos resultados. Por exemplo a
afirmação: “ Este ano choveu demais. Devia ser proclamado ano de
calamidade natural e o Estado devia subsidiar os agricultores mais
afetados”. A validade desta afirmação não pode ser comprovada por
meio da recolha de dados estatísticos. Trata-se de um juízo de valor
de quem a emitiu.
• Na prática, estes dois tipos de análise são difíceis de destrinçar
porque se desenvolvem em paralelo.
• Hipóteses
• Hipóteses- Uma proposta provisória que explica e prediz a variação num
fenómeno específico (Gill e Johnson, 1991, p. 165). Uma tentativa de
explicação baseada na teoria para prever uma relação causal entre variáveis.
• Num modelo económico tem de existir uma relação entre as hipóteses e a
realidade. As hipóteses devem ser abstrações razoáveis da realidade. Por
exº, admitimos a hipótese de que a empresa tem como objetivo a
maximização do lucro. Na realidade, esta hipótese pode não ser verdadeira
para todos os tipos de empresas em todas as situações. No entanto, se em
circunstâncias normais, a maioria das empresas maximiza o lucro, então a
hipótese de que “as empresas maximizam o lucro” é uma hipótese razoável.
• Atendendo ao espírito de conveniência na simplificação e economia de
hipóteses, pode salientar-se a denominada lei da parcimónia ou da “navalha
de Occam” (Occam`s razor)
• Lei da parcimónia: Se duas teorias tem o mesmo poder de previsão, a que
tiver menos hipóteses é a preferida.
• A derivação das conclusões de um modelo a partir das hipóteses é um
processo dedutivo. No processo dedutivo podem usar-se diversas linguagens,
sendo a literária, a geométrica e a algébrica as mais utilizadas pelos
economistas/gestores. Aqui sobressai uma linguagem económica específica
da economia- a econometria. A econometria é a ciência que estuda a
estatística para testar as hipóteses formuladas pela teoria económica.
• Dedutivo- é usado para descrever um método de raciocínio onde as
conclusões são deduzidas logicamente de outras coisas que já são
conhecidas (Collins Cobuild Dictionary, 1987, p.366)
• Por vezes, criam-se modelos intencionalmente “ideais” com objetivos
analíticos. É o caso do modelo económico da concorrência perfeita.
Contudo, deve ter-se em atenção que as conclusões extraídas a partir de
um conjunto de hipóteses simplificadoras, não se aplicam necessariamente
à realidade. A verdade dedutiva não garante a verdade empírica, e vice-
versa. Pressupõem um sistema democrático em que os consumidores e
cidadãos podem decidir livremente. Os modelos relativos à teoria da
empresa, pressupõem um sistema económico de propriedade privada.
• Por vezes, algumas hipóteses dizem respeito a elementos não
diretamente observáveis, tal como o conceito de função utilidade do
consumidor na teoria económica. Contudo, este conceito artificial é
muito útil dado que conduz a conclusões que podem ser testadas
empiricamente e, eventualmente refutadas.
• Assim, por exº, os modelos do consumidor e da teoria do bem estar
• Concorrência perfeita
• Trata-se de um mercado onde se verificam as seguintes hipóteses:
• Existe um grande nº de compradores;
• Há um grande nº de vendedores;
• A quantidade de bens comprados por qualquer comprador ou vendidos por qualquer
vendedor é tão pequena relativamente à quantidade total comercializada que quaisquer
mudanças nessas quantidades não afetam o preço de mercado;
• O produto é homogéneo;
• Existe informação perfeita;
• Há uma liberdade perfeita de entrada, ou seja, podem entrar facilmente no mercado
novos vendedores e vender o seu produto nas mesmas condições que os vendedores já
existentes.
• Metodologia dos modelos microeconómicos
• Nos modelos microeconómicos simples, admite-se que uma
economia é constituída por dois agentes económicos : os indivíduos
(ou famílias ) e as empresas (ou produtores).
• Agentes económicos – são decisores (consumidores e empresas) que
constituem as unidades de decisão da análise microeconómica.
• Assim, as empresas fornecem bens e serviços aos indivíduos e
combinam fatores produtivos de acordo com a tecnologia disponível.
Atendendo a este contexto , é então essencial observar o
comportamento típico dos agentes económicos, indivíduos e
empresas, e analisar a forma como é feita a coordenação das suas
decisões. Esta versão simplista da realidade económica despreza a
complexidade dos sistemas de incentivos e de organização de uma
sociedade.
• Deste modo, num modelo económico de mercado, os indivíduos e as empresas atuam
isoladamente, mas as suas decisões estão pautadas por um comportamento racional.
Com efeito, os modelos económicos/gestão estão baseados em hipóteses
comportamentais de racionalidade económica para cada agente económico, como
sejam:
• - os agentes económicos são capazes de listar todas as alternativas possíveis de
escolha e diferenciá-las das impossíveis;
• - os agentes económicos incorporam toda a informação disponível necessária para
comparar e avaliar as consequências das alternativas;
• - os agentes económicos tem um critério de ordenação das alternativas, em termos de
preferências, que satisfazem certos axiomas e hipóteses;
• - a escolha dos agentes económicos é a alternativa preferida; nesta escolha é utilizado
o princípio da otimização.
• Do conjunto destas hipóteses resulta que as decisões são as
preferidas do ponto de vista individual, com base no princípio da
otimização.
• Axioma- princípio evidente admitido sem demonstração e no qual se
baseia um raciocínio ou mesmo uma ciência. Proposição cuja validade
se admite sem demonstração, a partir da qual podem ser
demonstradas outras proposições, geralmente chamadas teoremas.
• Teorema-proposição que se demostra por dedução lógica, a partir de
proposições já demonstradas ou admitidas como verdadeiras.
• De acordo com o princípio da otimização (princípio simplificador de acordo com
o qual os agentes económicos otimizam o seu critério de escolha sujeitos a
restrições que delimitam o conjunto de possibilidades de escolha), derivam
relações estáveis comportamentais ou proposições que podem ser testadas
empiricamente.
• Estas relações dos decisores individuais precisam ser agregadas para se
estabelecerem relações agregadas de comportamento. Do confronto entre as
relações agregadas do comportamento dos indivíduos e do comportamento
agregado das empresas, no mercado, atinge-se o princípio do equilíbrio
económico, caraterizado por :
• - os planos dos agentes económicos serem consistentes, e
• - os agentes económicos não desejarem rever as decisões planeadas.
• O princípio do equilíbrio económico é o princípio segundo o qual os
agentes económicos que, operam num dado mercado, não desejam rever
as decisões planeadas, atendendo à consistência dos seus planos.
• Conhecidos os fatores que limitam as decisões dos agentes económicos,
uma pequena mudança num deles conduz a um conjunto de efeitos em
cadeia que levam ao mesmo equilíbrio ou a um novo equilíbrio, o que
está ligado à noção de existência e estabilidade do equilíbrio num
mercado. (o mercado aqui designa uma situação em que dois, ou mais,
agentes económicos estão dispostos a fazer uma transação
independentemente do local ou da data).

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