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BOA PROVA!
1. Indique duas divergências entre as perspectivas ‘ortodoxas’ e ‘heterodoxas’ (em teoria econômica)
relacionadas ao comportamento dos consumidores.
Na concepção dos ortodoxos, o indivíduo consumidor é visto à luz do conceito do ‘’homo
economicus’’, isto é, como um agente de mercado cujas ações orientam-se sempre e exclusivamente
pela racionalidade substantiva. Em perspectiva divergente, os teóricos da heterodoxia argumentam
que o consumo está atrelado, também, a questões de natureza social, psicológica, cultural e individual.
Nesse sentido, para os heterodoxos, a racionalidade não é o único princípio pelo qual o consumidor
se baseia no ato de consumir, o que converge com a visão de Karl Polany, neo-schumpeteriano, de
que existem condicionamentos de ordem imaterial/subjetiva ao consumo do indivíduo, tais como a
cultura, a religião, a tribo social a que pertence, a ideologia política, etc. Além disso, os heterodoxos
não enxergam, como fazem os ortodoxos, os homens como unidades homogêneas e que sempre optam
pela maximização de sua utilidade (satisfação). Nessa perspectiva, os teóricos ortodoxos entendiam
que, em certos casos (em que o consumidor é obrigado a escolher influenciado pelo contexto) , a
racionalidade do indivíduo seria limitada , de modo que suas decisões de consumo gerassem boa e
não ótima satisfação.
2. O que é o “comércio justo” (international fair trade) ? Por que a teoria ortodoxa rejeita esse
conceito ?
O comércio justo é um fenômeno criado por organizações alternativas da década de 1940 que
representou uma inovadora e progressista tendência do comércio mundial. Esse fenômeno tem por
objetivo corrigir ou ao menos mitigar as históricas assimetrias comerciais entre os países do
hemisfério Norte e os países do hemisfério Sul do globo, em outros termos, entre os países
desenvolvidos ou centrais e os países subdesenvolvidos ou periféricos, de modo a promover a
melhoria das condições de vida das populações desses países combatendo a pobreza. Trata-se de uma
iniciativa internacional de apoio às pequenas cooperativas de produção dos países que estipulou uma
série de diretrizes às quais os gêneros produzidos por tais cooperativas deveriam estar adequados para
que fossem contemplados com o selo identificador de procedência do comércio justo e que tornou
possível que um valor mais justo fosse pago ao produtor, evitando que a maior parcela do lucro se
concentrasse nas mãos dos intermediários ou negociantes. Esse movimento, no entanto, para seu
êxito, depende de sua coexistência com o chamado consumo ético, que pode ser definido, em linhas
gerais, como um padrão de consumo pautado pela sustentabilidade e pelo apoio aos pequenos
produtores como meio de promoção do desenvolvimento humano. Contudo, o consumo ético não está
alinhado ao comportamento de consumo concebido pelos economistas ortodoxos (homo
economicus), caracterizado pelo anseio de maximização da utilidade (satisfação), de modo que
consumir mais seja sempre preferível a consumir menos, e pelo império da racionalidade.
3. Quais são os pressupostos teóricos do funcionamento do mercado segundo a teoria ortodoxa
(neoclássica) ?
Os economistas neoclássicos, tais como Léon Walras, William Stanley e Karl Menger, conservaram
muitas das concepções teóricas clássicas acerca do funcionamento do mercado em suas visões, mas
também adicionaram algumas reformulações. Nesse sentido, assim como os economistas clássicos,
os neoclássicos também argumentavam que a principal meta de uma economia deveria ser o alcance
e a manutenção do equilíbrio econômico geral. À vista de tal preceito, além de reformarem o princípio
do valor-trabalho, de modo que o valor de um produto ou serviço não mais seria decorrente da
quantidade de trabalho nele incorporado, mas da utilidade da última unidade adquirida (utilidade
marginal), os economistas neoclássicos entendiam que o próprio mercado seria, autonomamente,
capaz de atingir e mante esse equilíbrio econômico geral por meio de seus mecanismos endógenos de
oferta e demanda, com crescimento sustentado, suaves flutuações de preços e convergência dos
salários e das taxas de lucro. Para que isso fosse possível, deveria haver um sistema perfeito de
concorrências. Ademais, os teóricos neoclássicos concebiam a eventualidade das crises econômicas,
de modo que, para evitá-las, seria necessário limitar a ação dos sistemas monetário e de crédito por
meio da ação efetiva de um banco central. Nesse sentido, a economia também seria dotada da
capacidade de, sozinha e naturalmente, recuperar-se de crises.