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UFPel – Curso de Relações Internacionais

Disciplina: Fundamentos de economia - Semestre letivo 2021/I


Avaliação – Prova 1 (de 07-out, 5a.-feira, 21:00 a 10-out, domingo, 21:00)

Leia atentamente as orientações:


(a) Baixe o arquivo para seu dispositivo e salve-o como cópia editável (‘.odt’ ou ‘.docx’).
(b) Complete o campo logo abaixo, com seu nome completo.
(c) Responda às questões, digitando as respostas logo abaixo das perguntas. Não há limite mínimo
ou máximo para as respostas. Em média (média!), cerca de 300 palavras são suficientes para as
respostas. Mesmo assim, dependendo da questão, talvez seja necessário menos que isso ou mais.
São 5 perguntas (portanto, a prova tem mais que uma página!).
(d) Respondidas as questões, salve o documento em .pdf e remeta por e-mail, com os seguintes
cuidados:
Endereço de destino: antonio.cruz@ufpel.edu.br
Assunto: prova fundamentos de economia
Texto do email: prova da/do aluna/aluno … (escreva seu nome completo)
Anexar o .pdf da prova (não esqueça!)
(e) Se você não possui um desktop (computador comum ou laptop) para fazer a prova, também
pode respondê-la manualmente (à caneta- preta ou azul), em folhas de papel pautadas. A seguir,
fotografe as folhas de respostas e siga o mesmo procedimento explicado na alínea ‘c’, logo acima.
(f) Em ambos os casos os e-mails de resposta deverão ser enviados até às 21 horas do dia 10/10,
domingo.

BOA PROVA!

Kaio Júlio de Souza Silveira

1. Indique duas divergências entre as perspectivas ‘ortodoxas’ e ‘heterodoxas’ (em teoria econômica)
relacionadas ao comportamento dos consumidores.
Na concepção dos ortodoxos, o indivíduo consumidor é visto à luz do conceito do ‘’homo
economicus’’, isto é, como um agente de mercado cujas ações orientam-se sempre e exclusivamente
pela racionalidade substantiva. Em perspectiva divergente, os teóricos da heterodoxia argumentam
que o consumo está atrelado, também, a questões de natureza social, psicológica, cultural e individual.
Nesse sentido, para os heterodoxos, a racionalidade não é o único princípio pelo qual o consumidor
se baseia no ato de consumir, o que converge com a visão de Karl Polany, neo-schumpeteriano, de
que existem condicionamentos de ordem imaterial/subjetiva ao consumo do indivíduo, tais como a
cultura, a religião, a tribo social a que pertence, a ideologia política, etc. Além disso, os heterodoxos
não enxergam, como fazem os ortodoxos, os homens como unidades homogêneas e que sempre optam
pela maximização de sua utilidade (satisfação). Nessa perspectiva, os teóricos ortodoxos entendiam
que, em certos casos (em que o consumidor é obrigado a escolher influenciado pelo contexto) , a
racionalidade do indivíduo seria limitada , de modo que suas decisões de consumo gerassem boa e
não ótima satisfação.

2. O que é o “comércio justo” (international fair trade) ? Por que a teoria ortodoxa rejeita esse
conceito ?
O comércio justo é um fenômeno criado por organizações alternativas da década de 1940 que
representou uma inovadora e progressista tendência do comércio mundial. Esse fenômeno tem por
objetivo corrigir ou ao menos mitigar as históricas assimetrias comerciais entre os países do
hemisfério Norte e os países do hemisfério Sul do globo, em outros termos, entre os países
desenvolvidos ou centrais e os países subdesenvolvidos ou periféricos, de modo a promover a
melhoria das condições de vida das populações desses países combatendo a pobreza. Trata-se de uma
iniciativa internacional de apoio às pequenas cooperativas de produção dos países que estipulou uma
série de diretrizes às quais os gêneros produzidos por tais cooperativas deveriam estar adequados para
que fossem contemplados com o selo identificador de procedência do comércio justo e que tornou
possível que um valor mais justo fosse pago ao produtor, evitando que a maior parcela do lucro se
concentrasse nas mãos dos intermediários ou negociantes. Esse movimento, no entanto, para seu
êxito, depende de sua coexistência com o chamado consumo ético, que pode ser definido, em linhas
gerais, como um padrão de consumo pautado pela sustentabilidade e pelo apoio aos pequenos
produtores como meio de promoção do desenvolvimento humano. Contudo, o consumo ético não está
alinhado ao comportamento de consumo concebido pelos economistas ortodoxos (homo
economicus), caracterizado pelo anseio de maximização da utilidade (satisfação), de modo que
consumir mais seja sempre preferível a consumir menos, e pelo império da racionalidade.
3. Quais são os pressupostos teóricos do funcionamento do mercado segundo a teoria ortodoxa
(neoclássica) ?
Os economistas neoclássicos, tais como Léon Walras, William Stanley e Karl Menger, conservaram
muitas das concepções teóricas clássicas acerca do funcionamento do mercado em suas visões, mas
também adicionaram algumas reformulações. Nesse sentido, assim como os economistas clássicos,
os neoclássicos também argumentavam que a principal meta de uma economia deveria ser o alcance
e a manutenção do equilíbrio econômico geral. À vista de tal preceito, além de reformarem o princípio
do valor-trabalho, de modo que o valor de um produto ou serviço não mais seria decorrente da
quantidade de trabalho nele incorporado, mas da utilidade da última unidade adquirida (utilidade
marginal), os economistas neoclássicos entendiam que o próprio mercado seria, autonomamente,
capaz de atingir e mante esse equilíbrio econômico geral por meio de seus mecanismos endógenos de
oferta e demanda, com crescimento sustentado, suaves flutuações de preços e convergência dos
salários e das taxas de lucro. Para que isso fosse possível, deveria haver um sistema perfeito de
concorrências. Ademais, os teóricos neoclássicos concebiam a eventualidade das crises econômicas,
de modo que, para evitá-las, seria necessário limitar a ação dos sistemas monetário e de crédito por
meio da ação efetiva de um banco central. Nesse sentido, a economia também seria dotada da
capacidade de, sozinha e naturalmente, recuperar-se de crises.

4. Considerando o conceito de ‘ponto de equilíbrio econômico das empresas’, o que acontece…


(a) quando o preço marginal de uma mercadoria cai abaixo de seu custo variável ?
A venda daquela mercadoria torna-se inviável uma vez que a empresa que a produz não
mais obtém lucro sobre a venda daquele produto para ampliar sua produção e nem ao menos consegue
cobrir os custos de sua produção, o que implica prejuízo de modo que a empresa opte por parar de
ofertá-lo ao mercado.
(b) quando a receita da empresa é insuficiente para cobrir seus custos fixos ?
Torna-se imperativo que o(a) gestor(a) da empresa faça uma reordenação financeira a fim
de reduzir seus custos fixos (diminuição do pró-labore, demissão de funcionário(s), substituição do
serviço de internet da empresa por algum de menor custo, etc.) até o ponto em que o faturamento
mensal daquela empresa consiga pagá-los, isto é, igualar-se a eles em valor. Caso contrário, a empresa
terá que recorrer a uma infinita tomada de empréstimos bancários para que seja possível liquidar seus
custos fixos mensais de produção, o que resultará em grande endividamento.
(c) quando o número de unidades vendias excede a receita correspondente ao ponto de
equilíbrio ?
A empresa obtém lucro. Se a empresa, com base em cálculos feitos a partir de formulações
matemáticas existentes, inferiu que para atingir seu ponto de equilíbrio, isto é, obter receita mensal
exatamente de igual valor aos seus custos de produção, seria necessário vender uma quantidade X de
produtos a um preço Y, mas logrou vender uma quantidade X + n, então essa empresa obterá uma
receita de valor superior ao de seus custos, de modo que essa diferença represente o lucro empresarial.

5. A teoria heterodoxa questiona a ideia de ‘concorrência perfeita’, indicando um conjunto robusto


de dados que indicam que os setores mais dinâmicos das economias nacionais foram dominados por
oligopólios desde a metade do século XX, e que no começo do século XXI a oligopolização tornou-
se mundial, constituindo a essência da chamada ‘globalização econômica’. Responda: o que é um
oligopólio e por que uma economia oligopolizada torna inadequada a análise ortodoxa da
microeconomia ?
Os oligopólios constituem mercados dominados por um número de poucas grandes/gigantes
empresas, de modo que as relações que os constituem são, em si mesmas e de forma inerente, uma
sólida barreira à entrada de novas pequenas empresas. O oligopólio é um lugar de concorrência feroz
entre as empresas que o constituem, mas concomitantemente de colaboração entre essas. São
mecanismos de sua formação a política do ‘’the winners win’’, a expansão combinada de escala e
escopo, as fusões e aquisições, a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação, a internacionalização e
as barreiras de entrada e saída de empresas com relação a esse espaço. Nesse sentido, a ideia ortodoxa
da concorrência perfeita torna-se incompatível com o fenômeno oligopolístico posto que, nesses
regimes, os preços não são determinados pela relação direta entre oferta e demanda, mas pela estrutura
de custos das ‘’empresas-líderes’’, de cada setor. Ademais, os produtos inovadores passam a
representar custos crescentes de pesquisa e desenvolvimento, com os quais na maioria das vezes as
pequenas e médias empresas não estão capacitadas a arcar, mas que representam superlucros às
empresas oligopólicas. Outrossim, os investimentos em tecnologia proprietária representam a
principal arena de embate entre os oligopólios, provocando o desenvolvimento tecnológico ao passo
que asfixia as pequenas e médias empresas, de modo que ocorra um processo crescente de
concentração de capital em escala global.

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