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Conceitos básicos de Economia

Prof.ª Maria Eduarda Barroso Perpétuo

Descrição

Aprender os fundamentos e as contribuições mais recentes da ciência


econômica, tal como a história do pensamento econômico para a
compreensão contextualizada da Economia Moderna.

Propósito

Entender os conceitos fundamentais e a história do pensamento


econômico é importante para compreender o que é a ciência econômica
e como a pesquisa econômica evoluiu até os dias atuais.

Objetivos

Módulo 1

Primeiros conceitos econômicos

Definir conceitos fundamentais para compreensão das análises


econômicas.
Módulo 2

História do pensamento econômico


Descrever uma breve história do pensamento econômico.

Módulo 3

Pesquisa econômica atual


Descrever a agenda de pesquisa econômica atual.

meeting_room
Introdução
O estudo de qualquer ciência começa com uma série de
conceitos básicos. Em Economia, iniciaremos falando sobre as
escolhas das pessoas sobre como alocar recursos, dado que há
limites no que podemos fazer. Apresentaremos também a
evolução da ciência econômica ao longo do tempo e
descreveremos os caminhos que estão sendo desenvolvidos.
1 - Primeiros conceitos econômicos
Ao final deste módulo, você será capaz de definir conceitos fundamentais para compreensão
das análises econômicas.

Uma digressão sobre economia e


ciência
O termo “economia” vem do grego e significa “casa” e “lei”, ou também
“gerir”, “administrar”, daí “regras da casa” ou “administração doméstica”.

Mas o que é, de fato, Economia?

Economia é uma ciência social que estuda a produção,


distribuição, acumulação e o consumo de bens e serviços.

Ela busca entender como indivíduos, empresas, governos e nações


fazem escolhas sobre alocação de recursos, de forma a satisfazer suas
necessidades, e busca entender como esses agentes podem se
organizar e coordenar esforços para alcançar o melhor resultado
possível.

Mas o que é uma ciência?

Ciência é uma forma de conhecimento, assim como


religião, intuição e senso comum. A ciência produz
conhecimento por meio de teorias.
Por exemplo, a Astronomia, por meio da teoria geocêntrica, considera a
Terra fixa no centro do universo, com todos os outros corpos celestes
orbitando ao seu redor. Poucas pessoas acreditam na teoria
geocêntrica, mas qualquer um quando vai à praia utiliza essa teoria para
posicionar um guarda-sol.

Da mesma forma, existem diversas teorias nas quais não é necessário


acreditar, embora sejam úteis, como, por exemplo, modelos
econômicos, a física newtoniana ou mapas. Você acredita que o mundo
é bidimensional ao olhar um aplicativo de mapas em seu celular?

É preciso deixar claro que a Ciência não trata de verdade, mas sim de
erro útil. A Ciência é apenas uma ferramenta para resolver problemas, e
não para estabelecer verdades.

A teoria nada mais é do que uma ferramenta imperfeita, baseada em


simplificações grosseiras da realidade (natural, social, econômica etc.),
pois seu o objetivo é ser útil.

O precursor da Ciência Moderna é Francis Bacon, que, no século XVI,


deixou registrado que “Saber é poder”. A partir de Bacon e da Revolução
Científica Moderna, começa a busca pelo desenvolvimento de um
conhecimento sistemático da natureza que permita atingir objetivos
concretos.

Exemplo

Se chove, nós nos molhamos. Se determinado medicamento for


utilizado, a mortalidade de certa doença será reduzida. Assim, há uma
tentativa de compreensão do mundo por meio de relações de
causalidade.

Mas como sabemos se uma teoria é útil? Geralmente, submetemos a


teoria ao teste empírico, ou seja, ela deve explicar determinado conjunto
de dados.

Por exemplo, se a teoria diz que “se chove, então molha”, buscamos uma
série de dados sobre “chuva ou sol” e sobre “objeto molhado ou seco”, e
vemos se a teoria explica a relação empírica observada.

O teste empírico deve sempre ser construído de forma a isolar as


variáveis relevantes do problema ― ou, em outras palavras, tomar “tudo
mais como constante” para não comprometer o resultado da avaliação.
Afinal, geralmente há outras variáveis que afetam as observações (uma
superfície pode estar molhada porque alguém a lavou com água
encanada).

Embora um teste empírico seja bem-sucedido, jamais afirmamos que


aceitamos a teoria. Dizemos apenas que não a rejeitamos, mas não
podemos aceitá-la porque, desde o princípio, sabemos que ela é
imperfeita, e seguimos com ela enquanto não for rejeitada e não
aparecer outra melhor (isto é, que explique melhor os dados).

A ciência econômica é tipicamente dividida em:

Microeconomia Macroeconomia

Estuda o Analisa a economia de


comportamento de close maneira agregada.
agentes individuais.

Para entender a diferença entre elas, analise as seguintes questões:

Qual deve ser a regulação do setor de telefonia para


garantir cobertura adequada à população?

Essa questão é tipicamente estudada em Microeconomia.

Por que a inflação aumentou?

Essa questão é tipicamente estudada em Macroeconomia.

Em todos os casos, porém, precisamos analisar a escolha individual dos


agentes envolvidos. Esse será o próximo assunto do nosso estudo.
Escolha individual
Qualquer questão em Economia envolve escolha individual,
independentemente de estarmos no campo de Macroeconomia ou
Microeconomia. Em última instância, até decisões macroeconômicas
são baseadas em uma série de decisões individuais sobre o que fazer
ou não. Portanto, podemos dizer que economia é sobre escolhas.

Quando vamos à feira, há diversos produtos em inúmeras barracas. É


pouco provável que tenhamos dinheiro para comprar tudo o que
desejamos e, mesmo que tenhamos, não há espaço suficiente na
geladeira para guardar todos esses bens.

Alguém pode argumentar que basta comprar outra geladeira. Contudo, o


espaço de sua casa é limitado, de forma que precisamos escolher qual
produto comprar e qual colocar na geladeira.

O fato de alguns produtos estarem à venda na feira já envolve uma


escolha. O feirante escolheu quais produtos levar para a feira, e os
produtores agrícolas também escolheram quais bens iriam cultivar.

Notamos, então, que todas as atividades econômicas passam por


escolhas.

Existem quatro princípios econômicos contidos na escolha individual:


push_pin Escassez de recursos

push_pin Custo real

push_pin Decisão marginal

push_pin Oportunidades de melhoria

A seguir, conheceremos melhor cada um deles.

Escassez de recursos

No geral, não podemos ter tudo o que queremos. Nossa renda é


limitada, o que restringe o que podemos adquirir. A renda que
escolhemos gastar indo ao cinema equivale à que deixamos de gastar
com algum outro bem ou serviço.

Todavia, existem alguns indivíduos muito ricos, e você deve estar


pensando que eles podem ter tudo. Mesmo eles não podem fazer tudo o
que querem, porque há uma limitação de tempo: o dia possui apenas 24
horas.

Assim, o tempo que escolheremos dedicar a determinada atividade não


poderá ser dedicado a outra. O tempo que dedicamos ao nosso sono é
também um momento em que deixamos de trabalhar, por exemplo.

Precisamos realizar escolhas, o que apenas reflete o fato de que os


recursos são escassos.

Recurso é qualquer elemento que pode ser usado na


produção de um bem. Em uma economia, geralmente
consideramos como recursos o trabalho, a terra, o
capital físico e o capital humano (conquistas
educacionais e habilidades individuais).

Sendo assim, podemos afirmar que:

Um recurso é escasso
quando sua quantidade
disponível é insuficiente para
satisfazer todos os usos que
uma sociedade quer fazer
dele.
(KRUGMAN; WELLS, 2001)

A escassez de recursos faz com que os indivíduos e a sociedade sejam


obrigados a fazer escolhas, e há diversas formas de fazê-las. Uma delas
é permitir que surjam como o resultado de escolhas individuais, o que
acontece, normalmente, em economias de mercado.

Há também decisões que a sociedade considera que é melhor não


serem fruto do resultado de escolhas individuais, como consumir bebida
alcoólica e dirigir.

Custo real

O custo de adquirir algo envolve também o que dispensamos para


realizar a aquisição.

Suponha que você tenha prestado vestibular para uma universidade


privada e tenha sido aprovado para o curso integral em Ciências
Econômicas. O custo monetário de estudar em uma universidade
privada é o valor da mensalidade mais o gasto com passagem,
alimentação e material. Mas isso não inclui tudo: esse não é custo real
de estar em uma universidade privada.
Estudar em tempo integral significa que você está abrindo mão de fazer
um curso de inglês pela tarde ou de trabalhar em algum
estabelecimento. O custo de abrir mão de outra atividade se chama
custo de oportunidade.

O custo de oportunidade de uma atividade da qual abrimos mão. É o que


abdicamos ao deixar de escolher nossa segunda melhor alternativa.

O custo real de algo é a soma de seus custos monetário e


de oportunidade. Portanto, no final das contas, todo custo
é um custo de oportunidade.

Observe o exemplo a seguir para entender melhor:

Exemplo
Programas sociais e custo de oportunidade

Custo de oportunidade é um conceito essencial em Economia, e é usado


na formulação e no funcionamento de programas sociais. Há alguns
anos, a Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro formulou o
programa Renda Melhor Jovem.

O projeto consistia em depósitos na poupança de jovens beneficiados


pelo Renda Melhor e pelo Cartão Família Carioca que cursassem o
Ensino Médio em escolas públicas. Após a conclusão do Ensino Médio,
os jovens poderiam usar essa poupança.

A ideia de pagar um valor para esses jovens estudarem tem como base
o conceito de custo de oportunidade. Muitos desses jovens pobres
largam a escola para trabalhar e ajudar suas famílias.

Decisão marginal

Diversas decisões importantes em nossas vidas começam com a


pergunta: “Quanto?”. Ou seja, tem relação com a quantidade.
Se você está cursando duas disciplinas ― Microeconomia e
Macroeconomia ―, precisa escolher o quanto vai dedicar de tempo de
estudo para cada uma delas.

close

Quando temos decisões de “quanto?”, em Economia, vemos isso como


uma decisão marginal.

Gastar mais tempo estudando Microeconomia significa que você terá


um benefício nessa matéria: é provável que você tire uma nota mais alta,
mas também implica menos tempo estudando Macroeconomia.

Sua decisão envolverá um trade-off, ou seja, uma comparação entre o


custo e o benefício. Essa comparação faz parte de uma escolha.

Como decidir, então, quanto tempo dedicar a cada uma das disciplinas?
No geral, decisões desse tipo são tomadas a cada momento.

Suponha que as duas provas, de Microeconomia e Macroeconomia,


sejam no mesmo dia. No dia anterior, você decide dedicar metade do
tempo à Macroeconomia e a outra metade, à Microeconomia.

Antes de chegar ao fim do tempo destinado à Macroeconomia, você


nota que é melhor dedicar mais tempo do que o que tinha pensado. À
noite, já com sono, você percebe que ainda faltou conteúdo de
Macroeconomia, mas ainda está finalizando o de Microeconomia. O que
fazer? Se você teve nota melhor em uma prova anterior de
Microeconomia, possivelmente optará por dedicar o tempo disponível
restante à Macroeconomia.

Decisões como essas são marginais. Elas envolvem um trade-off na


margem, isto é, uma análise de custo benefício de um pouco mais de
uma atividade e um pouco menos de outra.

Trade-off
É um dilema, isto é, uma situação em que comparamos custo e benefício, e
realizamos uma escolha que envolve também renúncias.

Muitas decisões no nosso dia a dia são tomadas com base


em análises marginais, que desempenham um papel
fundamental na economia.

Se estou com sede, decido se vou tomar um copo d’água ou não. Após o
primeiro copo, avalio se ainda quero tomar o segundo, e assim por
diante. Não tomamos uma decisão apenas entre “não beber água’” ou
“tomar toda a água da casa”, mas entre “um copo a mais” ou “um gole a
mais”. Essa decisão sobre um gole adicional é uma decisão na margem.

Oportunidades de melhoria

Para começar, observe o exemplo a seguir:

Exemplo
Todo mês de outubro, os supermercados Guanabara realizam uma
promoção de aniversário, que é bastante famosa no Rio de Janeiro.
Diversas propagandas passam na televisão, e alguns jornais enviam
repórteres para cobrir o evento.

Sempre que vemos as notícias, reparamos que há uma enorme


quantidade de pessoas nas lojas. Mas por que, se esses produtos são
vendidos normalmente no dia a dia?

Segundo os consumidores, os preços durante as promoções são


melhores que em qualquer outra época do ano. Assim, quando as
pessoas veem uma oportunidade de melhorar sua situação, nesse caso
por meio da compra de produtos mais baratos, elas aproveitam.

Ao tentarem prever como os indivíduos se comportarão em alguma


situação econômica, em geral, os economistas consideram que os
indivíduos aproveitarão a oportunidade de melhorar suas situações.
Essas oportunidades são exploradas até que se esgotem, isto é, até que
tenham sido plenamente aproveitadas pelas pessoas.

No geral, o fato de que as pessoas exploram oportunidades


de melhorar sua própria situação é uma hipótese
amplamente adotada em modelos econômicos.

Quando há redução do preço do chocolate, mais consumidores irão


comprá-lo. Se o salário dos engenheiros se reduz e o dos médicos
aumenta, é provável que alguns alunos do Ensino Médio deixem de
prestar vestibular para Engenharia e mudem para Medicina.

Quando há mudanças nas oportunidades disponíveis e,


consequentemente, de comportamento, afirmamos que as pessoas se
deparam com novos incentivos.

Para os economistas, qualquer tentativa de mudança de ação é fruto de


mudanças de incentivos. Portanto, uma política que peça às indústrias
que poluam menos só será eficaz se gerar uma mudança de incentivos
condizente com o objetivo de redução da poluição.

Exemplo

Política econômica e mudança de incentivos

Durante a pandemia da Covid-19, diversas medidas foram tomadas para


seu combate. Duas delas foram: a proibição de frequentar praias e a de
sair sem o uso de máscaras.

Para que essas medidas tivessem resultado, não bastou pedir à


população para mudar de comportamento. Os governos instituíram
multas caso as obrigações não fossem cumpridas. Dessa forma, a
população teve uma mudança de incentivos.

Para reforçar seu aprendizado, assista ao vídeo com uma breve


contextualização sobre os princípios econômicos contidos na escolha
individual.

video_library
Os quatro princípios da escolha
individual para análise econômica

Mercados: interações entre indivíduos


Uma economia é um sistema que coordena a produção de muitos
agentes. Em uma economia de mercado, essa coordenação ocorre sem
centralização: cada indivíduo toma sua própria decisão.
Todavia, as decisões individuais dependem das decisões dos demais.
Portanto, para compreendermos como funciona uma economia de
mercado, precisamos entender a interação entre as escolhas
individuais.

O resultado da escolha de diversas pessoas pode ser bem diferente


daquilo que os indivíduos esperariam. O uso de novas técnicas agrícolas
é um exemplo.

Alguns agricultores, ao adotarem novas tecnologias, tiveram uma


produção tão grande que o resultado foi uma redução do preço do
produto, que fez com que diversos produtores saíssem do mercado.

Enquanto a escolha individual possui quatro princípios, a interação entre


indivíduos em uma economia de mercado possui cinco:

Ganhos de comércio expand_more

Os economistas consideram que o comércio, ou a possibilidade


de trocas entre indivíduos, é uma ferramenta importante para
melhorar a situação de uma sociedade.

Suponha que uma pessoa tente suprir sozinha todas as suas


necessidades. Ela produz seus tecidos, costura suas roupas,
planta seu alimento, pinta seus próprios quadros e constrói sua
própria casa. Deve ser possível viver dessa forma, mas parece
uma vida bastante dura.

A existência do comércio torna possível que as pessoas dividam


tarefas entre si e ofertem bens ou serviços demandados por
outras pessoas em troca de bens e serviços que ela deseja. Na
maioria das sociedades, há poucos indivíduos tentando viver de
forma autossuficiente, porque existem ganhos de comércio.

Duas pessoas, ao trocar e dividir, podem obter aquilo que mais


desejam. Pode ser que Gabriel seja melhor que Rafael na
cozinha, e que Rafael seja melhor na faxina. Isso permite que
Gabriel seja o responsável pela comida e a troque com Rafael
por faxina.

Os ganhos de comércio são oriundos dessa divisão de tarefas,


conhecida como especialização: cada indivíduo se ocupa de
poucas atividades. Os mercados permitem que as pessoas se
especializem, pois sabem que podem encontrar os bens e
serviços que desejam e trocar com outras pessoas.

Moeda e suas funções

Moeda costuma ser definida como qualquer ativo que pode ser
utilizado facilmente para comprar bens e serviços.

Um ativo é líquido quando pode ser convertido em dinheiro vivo


de forma simples. Portanto, moeda consiste no próprio dinheiro
vivo, que é, por definição, líquido (ou, então, em outros ativos
altamente líquidos).

A moeda tem papel fundamental em uma economia, pois gera


ganhos de comércio. Isso é possível porque a moeda permite
que trocas indiretas sejam realizadas, acabando com problema
da dupla coincidência de necessidades que ocorria em um
sistema de escambos.

A moeda tem três funções:

Meio de troca: pois cumpre o papel de um ativo que as


pessoas utilizam para trocar bens e serviços.
Reserva de valor: pois é uma forma de guardar poder de
compra ao longo do tempo.
Unidade de conta: que representa uma medida que as
pessoas utilizam para fixar preços e fazer cálculos
econômicos.

Movimentação dos mercados em direção ao equilíbrio expand_more

Aprendemos que há um princípio afirmando que as pessoas


aproveitam oportunidades de melhorar sua situação.
Por exemplo, quando vamos à praia, buscamos um pedaço de
areia que tenha menos gente para nos instalarmos. No verão,
não restam muitos espaços vazios. Isso acontece porque as
pessoas buscam explorar as oportunidades para melhorar de
situação.

Conforme as pessoas vão chegando à praia, elas buscam o local


mais vazio, até não haver mais locais vazios: todas as
oportunidades de melhoria acabam, pois já foram exploradas.

Os economistas chamam de equilíbrio uma situação em que os


indivíduos não podem melhorar, fazendo, individualmente, algo
diferente.

Uma economia está em equilíbrio quando nenhum indivíduo


pode melhorar sua situação adotando uma ação diferente.

Os mercados, normalmente, alcançam o equilíbrio por meio da


mudança de preços, que aumentam ou diminuem, até que todas
as oportunidades para melhorar a situação individual tenham se
esgotado. Portanto, cada vez que houver uma mudança, a
economia se moverá em direção a um novo equilíbrio.

Uso eficiente dos recursos para o alcance dos objetivos


da sociedade expand_more

O que importa para economistas não é o dinheiro, mas o bem-


estar das pessoas em uma sociedade.

Os recursos de uma economia são usados de forma eficiente


quando todas as oportunidades de melhorar a situação de cada
um são exploradas por completo.

Uma economia é eficiente quando utiliza todas as oportunidades


de melhorar a situação de uma pessoa sem piorar a de outras.

Por exemplo, Mariana mora na zona rural e planta hortaliças.


Contudo, sua terra é pequena e sua plantação está morrendo por
falta de espaço. Por sua vez, Pedro, vizinho de Mariana, é
proprietário de um latifúndio, e não usa a terra para nada.
Claramente, a terra dessa economia está sendo usada de forma
ineficiente.

Há uma maneira de melhorar a situação de todos, transferindo a


plantação de hortaliças de Mariana para as terras de Pedro.

O exemplo é fictício. Embora essa situação ocorra na vida real,


não é simples de resolver ineficiências dessa forma, uma vez que
existe propriedade privada, e, para isso, o estado deveria realizar
uma reforma agrária.

Quando uma economia está operando de forma eficiente, os


ganhos oriundos do comércio são maximizados, dados os
recursos disponíveis.

Quando uma economia é eficiente, a única maneira de melhorar


a situação de uma pessoa é piorando a de outra: ou seja, já
esgotamos os ganhos de troca.

Dado que eficiência é algo ótimo, ela deveria ser o único objetivo
em uma economia?

A resposta é não. Eficiência não é o único critério que importa.


Equidade e justiça também são critérios relevantes. Em geral, há
um trade-off entre eficiência e equidade, uma vez que políticas
que almejam a equidade, muitas vezes, alcançam-na às custas
da eficiência.

Considere, por exemplo, a política de assentos preferenciais.


Para assegurar que sempre haja assento disponível para
grávidas, deficientes, idosos e pessoas com crianças de colo,
normalmente, há um número reservado de vagas no transporte
público.

Muitas vezes, esses assentos ficam vagos, enquanto algumas


pessoas ficam em pé. Isso gera ineficiência, mas será que
gostaríamos de resolver essa ineficiência deixando as pessoas
do grupo preferencial sem assento?

Essa situação envolve um trade-off entre eficiência e justiça.


Mercados rumo à eficiência expand_more

Frequentemente (mas não sempre), os mercados levam à


eficiência.

Normalmente, não temos um “planejador central” que se certifica


de que a economia esteja operando de forma eficiente. O Estado
não precisa gerar eficiência, porque os mercados já cumprem
essa função razoavelmente bem.

Como estudaremos mais a diante, Adam Smith chama isso de


“mão invisível do mercado”. Assim, os incentivos presentes em
uma economia de mercado já garantem que os recursos sejam
utilizados da melhor maneira possível, sem que haja desperdício
de oportunidades. Contudo, há exceções para esse princípio.

Quando temos falhas de mercado, a busca individual a partir do


interesse próprio piora a situação da sociedade, e o resultado é
ineficiente. Isso acontece, em geral, quando a ação individual de
uma pessoa tem efeitos colaterais sobre outras pessoas, o que
os economistas chamam de externalidade.

Poluição é um exemplo clássico de externalidade negativa.

Ação governamental em prol do aumento de bem-estar expand_more

Quando há falhas de mercado, é possível que ações


governamentais melhorem o bem-estar da sociedade.

Considere uma indústria que produz algo importante, mas gera


poluição (por exemplo, usinas termoelétricas que geram energia,
mas são muito poluentes). Essa indústria não tem incentivo para
levar em conta o custo de sua ação para a sociedade e deixar de
produzir poluição.

Há duas possíveis respostas para essa situação:


A sociedade pode subsidiar a adoção de uma nova
tecnologia que gere menos poluição.
O governo pode multar a indústria.

Essas soluções mudam os incentivos da indústria, dando a ela


motivos para poluir menos. No entanto, as possíveis soluções
vão depender da intervenção do Estado.

Assim, quando os mercados não funcionam corretamente, a


ação do governo pode tornar o resultado mais próximo de algo
eficiente, mudando a forma de alocar recursos na sociedade.

Em geral, o mercado não funciona corretamente quando há


externalidades. Também há uma falha quando o bem em
questão não consegue ser eficientemente administrado pelo
mercado.

Por exemplo, vamos pensar na iluminação pública. Não


precisamos pagar para passar sob um poste de luz na rua, o que
diminui o incentivo a contribuir para a provisão do serviço. Esse
último caso é conhecido como bem público.

Por fim, alguns agentes econômicos podem ter poder de


mercado, como uma firma monopolista, que poderá restringir o
uso de recursos por outros indivíduos para maximizar seu lucro
individual.

Variáveis endógenas e exógenas

O objetivo de um modelo econômico é demonstrar como as variáveis


exógenas afetam as endógenas.

As variáveis endógenas são aquelas que o modelo tenta explicar. Já as


variáveis exógenas são as que o modelo toma como dadas.

A imagem a seguir representa um esquema mais intuitivo para essas


variáveis:
Modelo econômico.

Como explicitado na imagem anterior, as variáveis exógenas são


determinadas fora do modelo, servindo como insumo, enquanto as
endógenas são determinadas dentro do modelo: são seu resultado.

Considere um produtor de cogumelos. A demanda por seus cogumelos


vai depender de seu preço e da renda dos consumidores. A oferta, por
sua vez, vai depender dos preços do cogumelo e dos insumos utilizados
na produção.

O equilíbrio acontece quando oferta e demanda se igualam. Nesse caso,


as variáveis exógenas são a renda individual e o preço dos insumos, e a
variável endógena será o preço do cogumelo.
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Marcela pode viajar do Rio de Janeiro para São Paulo de ônibus ou


de avião. A viagem de ônibus custa R$100,00 e dura 6 horas. A
viagem de avião custa R$200,00 e dura 1 hora. Enquanto está
viajando ― de ônibus ou de avião ―, Marcela não pode trabalhar e
deixa de ganhar R$30,00 por hora.

Faça uma análise econômica da situação e assinale a alternativa


incorreta:

A viagem de ônibus é mais barata. Portanto,


A
Marcela deve ir de ônibus.
O custo total da viagem de avião é menor do que o
B
da viagem de ônibus.

C O custo total da viagem de avião é de R$230,00.

D O custo total da viagem de ônibus é de R$280,00.

A redução da renda de Marcela é maior quando ela


E
viaja de ônibus.

Parabéns! A alternativa A está correta.

Viajar de ônibus tem um custo monetário menor do que viajar de


avião, mas devemos levar em conta o custo de oportunidade. Ao
optar pelo ônibus, Marcela gastará R$100,00 e perderá R$180,00 (=
R$30,00 x 6 horas). Dessa forma, o custo real para Marcela ir de
ônibus é de R$280,00. Ao optar por viajar de avião, Marcela pagará
R$200,00 pela passagem e perderá R$30,00 pela hora de viagem.
Assim, o custo real para a viagem de avião é de R$230,00, enquanto
o custo total para a viagem de ônibus é R$ 280,00. Em outras
palavras, o custo real da viagem de ônibus é maior do que da
viagem de avião.

Questão 2

Sobre a economia de mercado, assinale a resposta correta:

A Os mercados são sempre eficientes.

Os recursos de uma economia são usados de forma


B eficiente, ainda que haja oportunidade de melhorar a
situação de cada indivíduo.

C Há um dilema entre eficiência e equidade.


Um mercado está em equilíbrio quando os agentes
D
econômicos querem mudar de comportamento.

Os mercados são eficientes na presença de


E
externalidades.

Parabéns! A alternativa C está correta.

Vamos analisar as alternativas:

A) A alternativa está incorreta. Embora os mercados sejam


frequentemente eficientes, na presença de externalidades, bens
públicos ou poder de mercado, eles falham.

B) A alternativa está incorreta. Por definição, eficiência é uma


situação em que não há possibilidade de melhorar a situação de
uma pessoa sem piorar a de outra. Portanto, a alternativa está
incorreta.

C) A alternativa está correta. Embora eficiência seja um conceito


com o qual os economistas se preocupam, existem outros
extremamente relevantes, como justiça e equidade. No geral, há um
dilema entre justiça e eficiência, uma vez que diversas situações
justas podem ser ineficientes, como o exemplo do assento
preferencial.

D) A alternativa está incorreta. Por definição, um mercado está em


equilíbrio quando os seus participantes não podem melhorar
mudando individualmente suas ações.

E) A alternativa está incorreta. Externalidades podem gerar


alocações de mercado ineficientes porque alguns agentes
econômicos não levam em consideração todos os impactos de
suas ações.
2 - História do pensamento econômico
Ao final deste módulo, você será capaz de descrever uma breve história do pensamento
econômico.

Origem da Ciência Econômica


No módulo anterior, falamos sobre a Economia enquanto ciência
contemporânea. Mas até se tornar o que é atualmente, a ciência
econômica passou por diversas transformações. Não há consenso a
respeito de quando o pensamento econômico começou.

Embora a maior parte das pessoas só tenha ouvido falar de Economia


como ciência a partir de Adam Smith, pode-se argumentar que, nas
formas mais rudimentares de civilização, já existia algum tipo de
pensamento econômico, partindo do pressuposto de que seres
racionais já se preocupavam com seu sustento.
É ingênuo pensar que uma civilização antiga como a egípcia, que era
caracterizada pela produção e distribuição de parte dos recursos, não
tenha desenvolvido algum tipo de ideias econômicas, especialmente
quando se considera a existência de comércio (em forma de troca) com
outras nações e a propensão egípcia a manter registros escritos.

Na Grécia Antiga, Platão já contribuía para o pensamento econômico


tocando alguns conceitos como a divisão do trabalho, a teoria da
moeda, a produção como base da riqueza do Estado (na época, Cidade-
Estado) e até a propriedade comum. Seu discípulo Aristóteles também
contribuiu no campo, sistematizando sua teoria, mas se opunha a seu
mestre no tópico da propriedade comum.

A Idade Média representa um período de transformações na estrutura


da sociedade, e grandes transformações costumam vir acompanhadas
de novas ideias.

Seguindo a queda do Império Romano, cuja economia era escravocrata


e latifundiária, o período deu origem à forma de organização econômica
conhecida como feudalismo. Trabalho e terra passaram a ser
transferidos e não mais vendidos.

O feudalismo sofreu muitas transformações ao longo da Idade Média,


atingindo seu auge por volta do século X.

O desenvolvimento de novas técnicas agrícolas


aumentou a produtividade das terras, e a Europa
vivenciou um período de estabilidade que permitiu o
crescimento populacional e a formação de cidades.
Essa combinação de fatores deu origem ao mercador
independente.

A Igreja Católica se tornou a instituição dominante na Europa e,


portanto, quase todos os acadêmicos e escritores ocidentais do período
eram clérigos.
Escolásticos
Nos primeiros anos da Idade Média, os escritores cristãos tinham uma
abordagem puramente ética do estudo econômico. Sua aversão ao
comércio e à propriedade baseava-se na convicção de que a busca pela
riqueza os desviaria do “caminho da graça”.

Os estudiosos da economia medieval ficaram conhecidos como


escolásticos, e seu principal expoente foi Tomás de Aquino.

Aquino buscou assimilar a filosofia aristotélica ao cristianismo.


Recorrendo aos argumentos éticos e econômicos de Aristóteles, ele
pôde justificar a propriedade privada defendendo obrigações para o
proprietário individual, desde que atendesse aos interesses da
comunidade.

Ele desenvolveu ideias a respeito do valor de um bem, introduzindo uma


teoria do salário justo e do preço justo, esboçando uma noção de justiça
distributiva e condenando a cobrança dos juros e da usura.

Seus interesses chegavam à Economia somente a partir de questões


morais e éticas, não tratando, dessa maneira, os assuntos econômicos
como um fim em si.
Dentre as principais contribuições dos escolásticos para o
pensamento econômico, podemos citar dois elementos:
uma ênfase na utilidade como principal fonte de valor e a
noção de preço justo.

Esse período é considerado como a pré-história do pensamento


econômico e começou a desaparecer no século XVI com a revolução
científica que se iniciou na Europa.

O Renascimento deixava suas marcas no pensamento das ciências


naturais e políticas e influenciaria diretamente o desenvolvimento do
pensamento econômico.

Surgimento da Economia política


As bases para o capitalismo industrial moderno também haviam sido
estabelecidas. A classe mercantil enriqueceu, a aristocracia e o clero
começaram a perder influência, a expansão do comércio proporcionou o
surgimento de centros comerciais e industriais, e universidades foram
criadas.
A esfera de produção se transformou, com os comerciantes deixando de
ser apenas fornecedores de matérias-primas e se tornando também
detentores de meios de produção e empregadores de mão de obra. A
alta inflação vigente na Europa no período também influenciou o
pensamento econômico.

Nesse período pré-mercantilismo, Jean Bodin esboçou a primeira teoria


quantitativa da moeda, em sua Resposta aos Paradoxos de Malestroit
(Réponseaux Paradoxes de M. de Malestroit, 1568), afirmando que a
principal causa do aumento dos preços era o aumento do ouro e da
prata em circulação.

A revolução cultural e científica proporcionou a ascensão de uma


abordagem de pensamento secular no lugar da religiosa. No campo da
Economia, não foi diferente: ela passou a se emancipar da ética e da
filosofia política. Influenciado pelo crescimento dos Estados-Nação e
pelos trabalhos de pensadores como Maquiavel, Hobbes e Locke, o
pensamento econômico deixou de se preocupar apenas com o
comportamento de agentes econômicos individuais e passou a
examinar também o Estado. Assim, foram estabelecidos os pilares para
o pensamento econômico moderno.

Emergiu uma nova disciplina como ciência: a Economia Política, cujo


objeto de estudo era a atividade pública, tratando da acumulação e do
gerenciamento da riqueza, a fim de aumentar a eficiência do Estado.

Agora, o conhecimento passava a ser baseado nos aspectos individuais


e empíricos dos objetos.

Sir William Petty é considerado um dos pais da economia política


moderna, pois foi um defensor e expoente do método empírico e
quantitativo.

Mercantilistas
Outra fase de transformações ocorreu durante o Mercantilismo. No
campo do pensamento econômico, foram propostas ideias de um
sistema comercial restritivo com o objetivo de aumentar a prosperidade
econômica de uma nação.

Os pensadores do período podem ser divididos entre:

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Bulionistas (metalistas)

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Mercantilistas
O primeiro grupo (bulionistas ou metalistas) defendia a regulamentação
do câmbio. Por não entenderem a teoria do comércio internacional,
enxergavam qualquer saída de metais preciosos como uma
desvantagem. Desse modo, advogaram pela proibição da exportação de
qualquer espécie que tivesse como consequência a saída de ouro e
prata da nação, assim como a proibição de importações, especialmente
de mercadorias de luxo, que envolviam pagamentos na forma de metais
preciosos. Em contrapartida, defendiam a exportação de mercadorias,
como bens manufaturados, cujos pagamentos significavam a entrada
de metais preciosos em seus países.

O segundo grupo (mercantilistas) acreditava que havia a necessidade de


incentivar a troca de mercadorias, buscando alcançar uma balança
comercial favorável, isto é, o país deveria exportar mais do que importar.

Ficou claro que a Economia passara a ser Política, influenciada por um


envolvimento maior do Estado. A nação passou a ser vista como uma
grande empresa comercial, o que acarretou a defesa e a adoção de
políticas protecionistas.

Em geral, o pensamento mercantilista dialogava com o poder do Estado,


com ideias de unidade nacional, e seus objetivos eram identificados
com a riqueza de uma nação.

Atenção!
Algumas teorias sobre a conceituação do valor e teorias monetárias
sobre o papel dos juros na economia também foram esboçadas nessa
época. Os principais contribuintes para o pensamento econômico da
época foram: Thomas Mun, Antonio Serra e Edward Misselden.

Contudo, a posição teórica mercantilista foi se tornando inadequada


frente à acumulação capitalista e ao seu controle sobre a produção,
com a difusão do comércio e da competição, que resultaram em uma
queda dos lucros.

Nasceu uma classe capitalista de mestres artesãos que controlava a


produção, em conflito com os interesses dos comerciantes. Essas
mudanças foram acompanhadas por uma mudança radical na maneira
de conceber os fatos econômicos.

A intervenção do Estado na economia passou a ser vista com suspeita,


e a ideia de que o lucro se originava na esfera de produção começou a
se disseminar. Para prosperar, a nova classe de empresários capitalistas
precisava abrir mão dos laços morais e ideológicos tradicionais.

A partir do final do final do século XVII, a celebração do


individualismo, em conjunto com o desenvolvimento da
ética protestante, legitimou a usura e a atividade
econômica.

Entre os economistas da época, começou a se disseminar a noção de


que restrições administrativas na produção criavam mais desvantagens
do que vantagens para a coletividade. Passaram a defender a
intervenção do Estado apenas no reconhecimento e na proteção ao
direito de propriedade.

Os autores desse período foram os precursores da Economia Política


Clássica.

Precursores da Economia Política


clássica
Influenciados pela Política Aritmética de Sir William Petty, publicada em
1690, que marcou o início do pensamento precursor da economia
política clássica, iniciou-se uma crítica ao pensamento mercantilista
prévio. Dudley North e Mandeville atacaram o protecionismo do Estado
e defenderam o livre comércio.

A ênfase mercantilista em uma balança comercial positiva também foi


criticada: o comércio internacional não poderia ser uma fonte de perda
para nenhuma das partes, uma vez que, sendo uma atividade voluntária,
não ocorreria em primeiro lugar se não gerasse ganhos para todos.

A teoria também avançou em outros aspectos. Richard Cantillon propôs


que a terra era a principal fonte de riqueza, e que essa riqueza seria
produzida com o poder do trabalho empregado. Além disso, distinguiu o
valor intrínseco do valor de mercado dos bens, o que foi considerado um
esboço da teoria de preço e custo.

Na França do final do século XVIII, os conceitos pós-mercantilistas


foram sofisticados por um grupo de pensadores que ficaram
conhecidos como fisiocratas, encabeçados por François Quesnay.

As principais contribuições da escola fisiocrata para o pensamento


econômico moderno consistem na rejeição do conceito mercantilista de
riqueza por meio da troca e no reconhecimento da produção como fonte
de riqueza, na invenção do termo e da política do laissez faire, laissez
passer, e no Tableau Economique (1759), principal obra de Quesnay.

Interessado em transformar o setor agrícola em indústria capitalista


eficiente, o autor apresentou um modelo quantitativo da produção de
mercadorias. Ao fazer uma distinção entre trabalho produtivo e
improdutivo, apontou uma fonte de riqueza no excedente que a terra é
capaz de produzir, que seria advinda do fato de que nela se produz mais
do que se consome.
Quesnay foi precursor da acumulação de capital. Seu trabalho também
traz a ideia de interdependência entre os setores da economia e a
inovadora representação de trocas como um fluxo circular de dinheiro e
bens. Desse modo, os fisiocratas foram os primeiros a tentar analisar,
de maneira sistemática, a circulação da riqueza na economia.

O filósofo David Hume também fez valiosas contribuições ao


pensamento econômico. Embora não tenha estruturado suas ideias de
maneira sistemática, como os pensadores que viriam depois, suas obras
tiveram grande influência na filosofia geral encontrada posteriormente
no trabalho de Adam Smith.

Suas principais ideias econômicas envolviam o destaque ao trabalho,


bem como a atenção a oscilações e mudanças na economia, e
apontaram a inter-relação de fatos econômicos com outras forças
sociais.

Na parte monetária, descreveu o mecanismo pelo qual uma mudança na


quantidade de moeda em circulação alteraria o valor do dinheiro na
economia ― assunto debatido até os dias atuais.

Economia Política clássica


Economia clássica é o nome dado ao sistema de teoria econômica que
foi desenvolvido a partir do final do século XVIII, iniciado com a
publicação do livro Uma investigação sobre a natureza e as causas da
riqueza das nações, mais conhecido simplesmente por A Riqueza das
Nações, de Adam Smith, em 1776. Mas o que torna sua obra tão
importante?

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A teoria clássica proposta nesse período contrastou fortemente com as
tendências anteriores do pensamento econômico. Embora tenham
assimilado diversos conceitos estabelecidos por seus antecessores, os
clássicos identificaram falhas em todas as soluções propostas
previamente para os problemas econômicos.

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Uma das principais discrepâncias é que os clássicos viam como
positivos os resultados que decorriam naturalmente das forças
econômicas. Nesse período, surgiu a noção de uma “mão invisível do
mercado”, de forças que naturalmente convergiriam para um equilíbrio
eficiente, sem necessidade de intervenção estatal.

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A visão clássica de um sistema econômico harmonioso destoava das
crenças mercantilistas e escolásticas de que o mercado era
caracterizado por desequilíbrios que exigiam intervenções e restrições.
Essa visão otimista do funcionamento dos mercados é um dos
principais traços do pensamento clássico.

Outra característica é seu interesse no crescimento econômico. Essa


preocupação os levou a estudar os mercados e o sistema de preços sob
a ótica da alocação de recursos. Os economistas clássicos estudaram a
formação de mercados e preços relativos para entender seu impacto no
crescimento econômico.

Teóricos da Economia Política Clássica

Alguns dos principais teóricos da Economia Política Clássica, além de


Adam Smith, são Thomas Malthus, David Ricardo e John Stuart Mill.
Conheça um pouco mais as suas contribuições:
Adam Smith expand_more

Um dos principais diferenciais de Adam Smith em relação aos


autores que lhe antecederam foi o fato de que ele se empenhou
em construir sua teoria de forma sistemática. Em A Riqueza das
Nações, ele lançou as bases da teoria econômica clássica de
livre mercado.

Suas principais contribuições para o campo do pensamento


econômico envolvem o desenvolvimento do conceito de divisão
do trabalho e a exposição de que o interesse individual racional e
a concorrência podem conduzir ao desenvolvimento econômico.
Além disso, suas obras também tocaram temas como a teoria do
valor, passando por conceitos de excedente, teoria dos salários e
distribuição.

Os escritos de Smith tocaram uma infinidade de temas, uma vez


que a Macroeconomia da época se preocupava com um escopo
mais amplo dos determinantes do crescimento ― não apenas
com fatores econômicos, mas com fatores culturais, políticos,
sociológicos e históricos.

Thomas Malthus expand_more

Thomas Malthus, mais conhecido por sua teoria da população,


também contribuiu para o pensamento clássico. Em suas obras,
discorreu sobre distribuição de renda e consumo improdutivo e
apontou os riscos de uma crise de superprodução frente à falta
de demanda ― ideia que foi retomada por Keynes quase um
século depois.

David Ricardo e John Stuart Mill expand_more

David Ricardo, contemporâneo de Thomas Malthus, acrescentou


à teoria econômica a noção de que há ganhos na troca
internacional para as duas partes que estão comercializando,
mesmo que uma seja mais competitiva que a outra.

Em outras palavras, mesmo que uma das partes consiga


produzir mais de todos os bens com a mesma quantidade de
recursos, é economicamente vantajoso para as duas partes
comercializar bens. Essa ideia foi aprimorada posteriormente por
John Stuart Mill sob a forma de vantagens comparativas.

Os escritos de Ricardo trataram de muitos outros tópicos, como as


teorias do valor, dos salários, lucros e aluguel, da acumulação, do
desenvolvimento econômico e de moeda e bancos. Ricardo também
levantou a questão sobre as leis naturais que determinariam a
distribuição do produto entre as classes da sociedade.

Foi ainda nesse período que as noções de utilitarismo começaram a ser


desenvolvidas, sendo posteriormente incorporadas à teoria econômica.
O utilitarismo, de maneira geral, afirma que ações que maximizam
felicidade e bem-estar são boas, e que a utilidade é uma propriedade de
um bem ou objeto capaz de produzir um benefício ou prazer.

Jeremy Bentham e John Stuart Mill foram alguns dos filósofos a


desenvolver esse conceito. Mill é considerado o último dos grandes
economistas clássicos do período.

Utilitarismo
Essa teoria afirma, de maneira geral, que quando ações maximizam
felicidade e bem-estar, elas são boas; e que a utilidade é uma propriedade
de um bem ou objeto capaz de produzir um benefício ou prazer.

Evolução do pensamento econômico clássico

Evolução do pensamento econômico clássico

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Evolução do pensamento econômico clássico


Para reforçar seu aprendizado nesta etapa de estudos, ouça o podcast a
seguir.

Pensamento econômico socialista


O período em que se desenvolveu a escola clássica de pensamento
econômico foi, ao mesmo tempo, uma época de crescimento
econômico e desenvolvimento teórico, e de intenso conflito entre as
classes de trabalhadores e capitalistas.
O fim das guerras napoleônicas, o movimento trabalhista que se
desenvolveu a partir do ludismo e as revoluções de 1848 influenciaram
as correntes de pensamento do período.

Enquanto para os economistas clássicos como Smith, Ricardo e Mill o


capitalismo significava uma expansão da produção, aumento da riqueza
e troca econômica entre as nações, outros não viam esse sistema
econômico com o mesmo entusiasmo.

Malthus já apresentava uma visão mais pessimista,


argumentando que, nesse sistema, não seria permitido
ao trabalhador receber mais que um salário de
subsistência ― uma crença compartilhada por Ricardo
e alguns outros economistas clássicos.

A derrota da classe trabalhadora no movimento de 1848 encerrou um


ciclo de luta que havia durado mais de 30 anos e inaugurou uma fase de
hegemonia cultural burguesa e crescimento econômico.

Para os trabalhadores da época, essa fase inicial do capitalismo


significava arcar com os custos da expansão da produção: condições
perigosas ou insalubres de trabalho, desemprego e longas horas de
trabalho duro. O contexto era terreno fértil para o surgimento de novas
ideias.

Duas escolas de pensamento se opuseram à ordem social e econômica


vigente:

check_circle check_circle
Escola Histórica Alemã Movimento Socialista

Pensamento que faz Pensamento social e


uma crítica radical da
close econômico
economia e da política revolucionário
clássica. conhecido como
marxismo.

Nesse período, muitas teorias socialistas novas e alternativas foram


elaboradas, destacando-se a grande síntese da crítica de Marx à
Economia Política Clássica.

Embora Marx reconhecesse os méritos científicos dos grandes


economistas clássicos ingleses, considerava a Economia Política
Clássica como uma expressão teórica da burguesia no período em que
o capitalismo se afirmava.

Marx desenvolveu sua teoria com forte ênfase no conflito de classes,


acusando a burguesia de cooptar as necessidades de toda a sociedade
para combater a aristocracia e, depois, estabelecer-se como classe
dominante, apresentando seus interesses próprios como coletivos e o
espírito da acumulação privada de capital como instrumento para fazer
crescer a riqueza nacional.

Segundo a crítica de Marx, o sistema teórico clássico se baseou na


análise de classe sociais, até que essa análise deixasse de ser útil, ou
seja, quando a burguesia alcançasse o poder ― momento em que as
teorias de harmonia de interesses e de fatores produtivos se tornaram
mais úteis. Nesse sentido, a herança científica da Economia Política
Clássica estava comprometida e deveria passar, agora, aos economistas
socialistas.

Marx buscou identificar os limites da Economia Política Clássica a fim


de criticá-la. Ele diferiu desse grupo de economistas quanto ao pano de
fundo filosófico: Marx não era utilitário, empirista ou baseado em leis
naturais da Filosofia.

Dentre as críticas feitas por Marx aos economistas clássicos, três se


sobressaíram, listando a incapacidade dos clássicos de:

explicar a natureza do lucro e do capital;


reconhecer o caráter histórico do capitalismo;
reconhecer o caráter exploratório do modo de produção capitalista
― o que os levou a focar sua atenção nas relações de troca em vez
da produção.

Revolução marginalista ou utilitarista


O final do século XIX testemunhou o nascimento da teoria
microeconômica moderna. Essa época foi marcada pela elaboração de
um conjunto de ferramentas analíticas que transformaram a economia
clássica em neoclássica.

A análise marginal, atualmente presente nos livros-


texto de Microeconomia, pode ser considerada a mais
importante dessas ferramentas. A Matemática foi
incorporada de maneira definitiva na análise
econômica.

Jevons, Menger e Walras são alguns dos principais nomes associados a


essa mudança radical na forma de conceber a teoria econômica.

À medida que a teoria marginalista se desenvolveu, a estrutura da teoria


econômica se modificou, de modo a elaborar um sistema muito
diferente do exposto pela economia clássica.

O interesse no crescimento econômico dos economistas clássicos deu


lugar ao interesse na alocação dos recursos. O centro do sistema
neoclássico girava em torno do problema da alocação de recursos
escassos, dados os seus possíveis usos alternativos.

Os marginalistas aceitavam a abordagem utilitarista e, a partir dela,


reformularam a análise do comportamento humano, que foi construído
a partir de cálculos racionais, visando à maximização da utilidade
individual.

Atenção!
Isso revela outra face distinta da abordagem neoclássica: A mudança no
agente econômico como objeto de análise.

Os clássicos tinham como objeto principal agentes econômicos


coletivos, como as classes sociais e o governo. Os marginalistas, por
sua vez, concentravam-se em agregados sociais mínimos: a unidade
tomadora de decisão, como consumidores, famílias ou firmas.
Ortodoxia neoclássica
A revolução marginalista se espalhou pelo mundo ocidental, impactando
significativamente o pensamento econômico. No contexto político-
econômico, a Europa Ocidental experimentava um momento de
desenvolvimento industrial e capitalista. Em conjunto, esses fatores
estabeleceram as bases para a economia neoclássica.

Alfred Marshall foi um matemático que ofereceu uma enorme


contribuição ao pensamento econômico com a publicação de seu livro
Princípios de Economia (1890). Sua obra pode ser entendida como uma
reformulação geral da teoria econômica produzida até então,
sintetizando a análise clássica e a abordagem marginalista de custo e
utilidade, elaborando um mecanismo de análise econômica.

Uma de suas principais contribuições ao campo foi sua análise de


equilíbrio parcial, que conseguiu unir várias partes da teoria econômica,
até então analisadas separadamente.

Marshall fez a importante distinção entre os períodos da economia,


diferenciando o curto do longo prazo.

Ele introduziu e aprimorou uma série de conceitos que são utilizados na


análise econômica, desde propriedades da curva de demanda, distinção
de retornos crescentes e decrescentes, e maximização do bem-estar –
temas abordados até os dias atuais em cursos de Economia.

Curiosidade
O americano Irving Fisher também utilizou a Matemática de forma
extensiva em sua análise econômica. No entanto, seu trabalho estava
voltado para a Macroeconomia. Ele propôs a versão mais conhecida da
equação quantitativa da moeda, e sua contribuição central para a teoria
econômica foi a teoria sobre juros – há até uma Equação de Fisher,
batizada em sua homenagem.

video_library
As transformações da revolução
marginalista e da ortodoxia
neoclássica para a economia
Assista ao vídeo a seguir para conhecer alguns aspectos essenciais
sobre o assunto.

Economia keynesiana
A Primeira Guerra Mundial foi um conflito de dimensões até então
desconhecidas pela humanidade. Na esfera econômica, seus impactos
envolveram a interrupção do comércio e de pagamentos internacionais,
e levaram governos a realizar intervenções econômicas até então
inimagináveis. Foi feita uma produção de larga escala para atender
necessidades de guerra, gerando enormes dívidas nacionais.
O grau de profundidade das crises vivenciadas no período entre guerras
não tinha precedentes. Eclodiu a crise econômica de 1929. O
desemprego atingiu níveis recordes e se tornou persistente. O
descontentamento social não tardou a aparecer, e a tradição clássica
ortodoxa de pensamento econômico não estava preparada para lidar
com essa situação.

O pensamento neoclássico havia se estruturado em torno da Lei de Say,


que previa que o pleno emprego era o estado normal de funcionamento
da economia. Se houvesse um afastamento do nível de emprego
considerado normal, não seria de grande magnitude, e o próprio sistema
econômico providenciaria uma resposta que faria o emprego retornar ao
seu nível normal.

No entanto, a realidade parecia bastante distante do que previa o


pensamento econômico. Não apenas a ociosidade na força de trabalho
e da capacidade da indústria alcançaram proporções incomuns, como
também havia poucos indícios de que a situação estava caminhando
para se corrigir.

Comentário
Apesar da enorme distância entre as premissas neoclássicas e os
eventos do mundo real, os economistas neoclássicos ofereciam uma
justificativa para essas supostas anormalidades no funcionamento da
economia. A persistência dos altos níveis de desemprego poderia ser
explicada pela rigidez no sistema econômico, que paralisava o
mecanismo de ajuste natural.

Segundo eles, a inflexibilidade dos salários, causada, principalmente,


pela estrita adesão ao salário mínimo por influência dos sindicatos, não
permitia que a economia seguisse sua trajetória natural. Do contrário, se
os salários baixassem, empregadores contratariam mais trabalhadores,
e a economia voltaria ao nível de pleno emprego.

No início do século XX, a análise econômica retomou o interesse dos


economistas clássicos em economia agregada, ou seja, nas teorias
macroeconômica e monetária.

John Maynard Keynes, um economista britânico, revolucionou as


esferas acadêmica e política com as ideias que propôs em seu livro A
Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. O pensamento
keynesiano, com ênfase na política fiscal, foi tão influente que dominou
a política econômica dos EUA e de diversas outras nações ocidentais do
período.

De certa forma, as ideias de Keynes se assemelham em vários aspectos


às escolas que antecederam os economistas clássicos – a
mercantilista e a fisiocrata. A ideia de que a poupança tende a causar
baixo consumo e depressão econômica, interrompendo o fluxo circular
da renda, já havia sido apontada por economistas anteriores a Adam
Smith e seus seguidores.

Keynes também rompeu com a escola clássica em sua descrença na Lei


de Say: à diferença dos clássicos, ele não acreditava que a oferta cria
sua própria demanda.

Dentre as principais ideias expressas em sua teoria geral, estão:


filter_1 A teoria da preferência pela liquidez ― que ofereceu
uma explicação para os determinantes da taxa de
juros sob a ótica do mercado de moeda.

filter_2 A teoria da demanda efetiva.

filter_3 A noção de um efeito multiplicador na economia ―


devido ao componente do consumo na renda.

filter_4 A relação entre poupança e investimento.

Boa parte desses conceitos está presente nos cursos contemporâneos


de Macroeconomia.
As ideias desenvolvidas por Keynes representaram uma mudança na
meta da política pública: de estabilização dos preços em valores altos
para manutenção do nível de renda e emprego.

Economia depois de Keynes


Entre as décadas de 1940 e 1970, muitos economistas aprimoraram as
ideias de Keynes, enquanto alguns se opuseram a elas.

A influência mais importante do trabalho de Keynes foi sua incorporação


em forma de síntese na estrutura geral de princípios econômicos
aceitos. Uma das maiores contribuições nesse aspecto foi o livro
Fundamentos da Análise Econômica (1947), de Paul Samuelson. Essa
obra explicava as ideias e os princípios do pensamento econômico em
conjunto com os princípios ortodoxos dos economistas neoclássicos.

Outros, no entanto, discordavam de Keynes, como Milton Friedman, um


grande defensor da eficiência dos mercados e da interferência mínima
dos governos. Uma de suas maiores contribuições para a economia foi
sua teoria da renda permanente.

No período subsequente, durante as décadas de 1970 e 1980, outras


teorias ganharam força: a teoria das expectativas racionais, de Robert
Lucas, e as ideias da economia pelo lado da oferta. Ambas as teorias se
utilizam das premissas neoclássicas básicas e desafiam as proposições
teóricas da economia keynesiana.
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Sobre a economia política clássica, é falso afirmar que:

A teoria clássica contrasta fortemente com as


A
tendências anteriores do pensamento econômico.

Adam Smith foi o primeiro a escrever um livro sobre


B
teoria econômica.
David Ricardo acrescentou à teoria econômica a
noção de que há ganhos na troca internacional para
C
as duas partes que estão comercializando, mesmo
que uma seja mais competitiva que a outra.

Foi nesse período que as noções de utilitarismo


D
começaram a ser desenvolvidas.

Thomas Malthus contribuiu para o pensamento


E
clássico com a teoria da população.

Parabéns! A alternativa B está correta.

Vamos analisar as alternativas:

A) Verdadeira

A visão clássica de um sistema econômico harmonioso destoa das


crenças mercantilistas e escolásticas de que o mercado é
caracterizado por desequilíbrios que exigem intervenções e
restrições. Essa visão otimista do funcionamento dos mercados é
um dos principais traços do pensamento clássico.

B) Falsa

Outros antes de Adam Smith desenvolveram ideias econômicas em


forma de livro, como, por exemplo, Quesnay com seu Tableau
Economique. O diferencial de Smith em relação aos demais autores
que lhe antecederam, e que o faz ser considerado “o pai da
Economia Moderna”, foi o fato de que ele se empenhou em
construir sua teoria de forma sistemática.

C) Verdadeira

Essa ideia foi aprimorada posteriormente por John Stuart Mill sob a
forma de vantagens comparativas.

D) Verdadeira

Jeremy Bentham e John Stuart Mill foram alguns dos filósofos a


desenvolver esse conceito, posteriormente incorporado à
Microeconomia pelos marginalistas.

E) Verdadeira.
Malthus estudou a relação entre o crescimento populacional e a
capacidade produtiva da economia.

Questão 2

Sobre a economia keynesiana, podemos afirmar que:

As ideias de Keynes se assemelham às ideias dos


A
economistas clássicos.

B Keynes concordava com a Lei de Say.

As ideias de Keynes, com ênfase em política fiscal,


surgiram em um contexto no qual a realidade
C
parecia bastante distante do que previa o
pensamento econômico.

O pensamento de Keynes representou uma


mudança na meta da política pública de
D
estabilização do emprego para uma política de
estabilização dos preços.

Keynes entendia que apenas aumentando a oferta


E
de bens e serviços a economia poderia crescer.

Parabéns! A alternativa C está correta.

Vamos analisar as alternativas:

A) A alternativa está incorreta. As ideias de Keynes rejeitavam a


economia política clássica de não intervenção do Estado na
economia e se assemelhavam em vários aspectos às escolas que o
antecederam.

B) A alternativa está incorreta. O economista britânico rejeitava a


ideia de que a oferta cria sua própria demanda.

C) A alternativa está correta. O pensamento de Keynes foi tão


influente no contexto entre guerras que dominou a política
econômica dos EUA e de diversas outras nações ocidentais do
período.

D) A alternativa está incorreta. Suas ideias representaram


justamente uma mudança no sentido contrário: a meta da política
pública mudou de estabilização dos preços para estabilização do
nível de renda e emprego em valores altos.

E) A alternativa está incorreta. Keynes entendia que uma expansão


da demanda alcança o crescimento econômico.

3 - Pesquisa econômica atual


Ao final deste módulo, você será capaz de descrever a agenda de pesquisa econômica atual.

Caminhos da pesquisa econômica


A pergunta que você deve estar se fazendo neste momento é:

Para onde vamos e para onde caminhamos: o que tem sido


feito na pesquisa econômica?

Como vimos ao longo deste conteúdo, a Economia como ciência teve


sua origem há muitos séculos. Ao longo dessa trajetória, passou por
transformações em seu objeto de análise, seu método e sua abordagem
teórica, sendo diretamente influenciada pelos contextos sociais e
políticos da época em que seus teóricos viveram.

Mais recentemente, no século XX, a Economia consolidou o ferramental


matemático como instrumento de análise, que a distingue das demais
Ciências Sociais, subdividindo-se em duas grandes áreas:

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Macroeconomia

push_pin
Microeconomia
De forma mais específica, você deve estar se perguntando:

Mas e atualmente, como está a ciência econômica?

Ela tem o mesmo enfoque e os mesmos métodos de


antigamente?

Quais campos têm sido estudados pela Economia, e o que


tem sido pesquisado?

Pensando em todas essas questões, vamos apresentar algumas áreas


da Economia que não são muito conhecidas fora da profissão.
Citaremos também alguns grandes economistas dos últimos tempos.

Ao longo dos anos, conforme a ciência econômica foi se desenvolvendo,


novas áreas foram surgindo, principalmente na Economia Aplicada.

Os economistas, em vez de focarem nas relações econômicas


tradicionais como objeto de estudo, passaram a aplicar as teorias
desenvolvidas e o ferramental econômico em outras áreas, como
educação, saúde, desenvolvimento, política e meio ambiente.

Essas novas áreas de pesquisa, muitas vezes, deixam de fazer uma


clara distinção entre Macro e Microeconomia, juntando, inclusive,
algumas das áreas citadas, como veremos.
Teoria dos Jogos
Como vimos ao longo dos módulos anteriores, a ciência econômica
busca analisar as decisões individuais, e como indivíduos tomam
decisões ótimas.

O campo da Teoria dos Jogos tem como interesse situações em que os


indivíduos se comportam estrategicamente, isto é, como os indivíduos
vão realizar escolhas quando as escolhas dos outros interferem no
resultado.

Exemplo

Um dos exemplos clássicos é o famoso dilema dos prisioneiros.

Dois criminosos foram presos pela polícia, que os interroga em salas


separadas. Caso apenas um dos criminosos confesse individualmente,
o confessante é libertado imediatamente pela sua colaboração, e o
outro tem uma pena maior (três anos de prisão). Caso ambos
confessem, eles são condenados a uma pena igual: dois anos de prisão.
Se nenhum dos dois confessar, eles receberão apenas uma pena por um
crime menor (um ano de prisão).

Qual será a decisão individual? Qual será o resultado? Claramente, a


ação de um dos criminosos influencia no resultado do outro.

Os pioneiros da área são os matemáticos John Von Neumann, John


Nash e o economista Oskar Morgenstern.

O desenvolvimento da Teoria dos Jogos foi uma revolução em


Economia, embora a área seja considerada nova, ao abordar problemas
cruciais por meio de modelos matemáticos.

Por exemplo, a Economia Neoclássica tinha grande dificuldade em lidar


com a competição imperfeita, como oligopólios. Com o crescimento da
Teoria dos Jogos, foi possível modelar o comportamento competitivo
dos agentes.

Além disso, a Teoria dos Jogos tem uma vasta gama de aplicações,
sendo usada em Economia, Psicologia, Biologia Evolucionária, Guerras e
Política.
John Nash
Viveu entre 1928 e 2015. Foi ganhador do Prêmio Nobel de Economia em
1994 pelo que ficou conhecido como Equilíbrio de Nash: uma situação que,
se alcançada, faz com que nenhum agente veja vantagem em alterar
individualmente seu comportamento.

Economia política
Como vimos no Módulo 2, a Economia Política como campo de estudo é
antiga. Contudo, a atividade de sua vertente contemporânea é bem
distinta da de antigamente. Nos dias atuais, a pesquisa estuda escolhas
de políticas públicas, como são realizadas por políticos, que, por sua
vez, são escolhidos por eleitores que compõem uma sociedade
(democrática ou não).

Uma de suas grandes contribuições foi mostrar que, para explicar


resultados econômicos, é preciso olhar além de preços e renda,
analisando, também, a História e a Sociologia.

Um dos fundadores da área como a conhecemos atualmente é o italiano


Alberto Alesina. Em seus trabalhos, ele atentou para os seguintes
aspectos:

Resultados econômicos
O grau de pobreza ou riqueza dos países ou o sucesso de imigrantes em
alguns lugares, e não em outros.

O fato de que ciclos eleitorais podem gerar comportamento cíclico


na atividade econômica.
Como fatores políticos levavam a um acúmulo de dívida pública
maior do que o socialmente desejável.
Como a independência dos bancos centrais em relação a pressões
políticas era um fator preponderante para a estabilidade
macroeconômica.
Alesina estabeleceu como a desigualdade de renda poderia ser
prejudicial ao crescimento econômico, ao desencadear conflitos
políticos redistributivos, e trouxe o estudo da cultura como um grande
determinante de resultados políticos e econômicos.

Segundo ele, as mesmas variáveis culturais, sociológicas e históricas


que influenciam nas escolhas de determinadas formas de instituições
podem estar correlacionadas com a política fiscal. Perguntas como o
motivo de os EUA gastarem pouco com bem-estar em comparação à
Europa podem ter suas respostas em questões culturais.

Assim como Alesina, dois outros italianos, Persson e Tabellini,


contribuíram consideravelmente para a área. Eles combinaram o melhor
de três diferentes áreas para sugerir uma abordagem unificada em
economia política. Veja:

Macroeconomia Moderna expand_more

Indivíduos se comportam de forma racional, e suas preferências


sobre os resultados econômicos induzem suas preferências
acerca de políticas.

Escolha pública expand_more


Em escolha pública, a delegação de decisões políticas para
representantes políticos pode resultar em problemas de agência
entre políticos e eleitores.

Problemas de agência são situações em que uma ação é


delegada de um agente para o outro. Em geral, esses agentes
possuem objetivos conflitantes, de forma que o resultado ótimo
para um não é desejável para outro.

Por exemplo, existe um fazendeiro e um agricultor que trabalha


em sua fazenda. O objetivo do fazendeiro é maximizar seu lucro,
enquanto o objetivo do agricultor é maximizar seu bem-estar.
Nesse cenário, em que o fazendeiro delega o cuidado da
plantação para o agricultor, o resultado do lucro dependerá do
esforço do agricultor.

Na ausência de mecanismos que incentivem o agricultor a se


esforçar, buscando a maximização de lucro, o resultado final não
será a maximização esperada pelo fazendeiro. Na política, isso
também ocorre, uma vez que o incentivo dos políticos difere do
incentivo dos eleitores.

Escolha racional expand_more

Em escolha racional, as instituições políticas moldam os


processos pelos quais os políticos são eleitos e as políticas
públicas são executadas.

Economia comportamental
Como vimos no Módulo 2, os economistas clássicos introduziram a
noção de que interesses individuais racionais importam.

A teoria contemporânea pressupõe que indivíduos são


racionais e tomam decisões com base nas
informações disponíveis, fazendo as escolhas que
geram maiores ganhos com base em alguma medida
de benefício.
Partindo desse entendimento, um consumidor não vai comprar dois
pares de sapatos quando precisa apenas de um. Também é razoável
supor que as pessoas vão economizar ao longo de suas vidas para
garantir uma aposentadoria, enquanto pessoas endividadas cortariam
seus gastos em vez de parcelar uma nova televisão no cartão de crédito.

Entretanto, se somos realmente racionais, por que tantas


pessoas fazem o oposto do que a teoria supõe?

Richard Thaler, um economista norte-americano, e Daniel Kahneman,


psicólogo israelense, foram pioneiros em unir Economia e Psicologia,
criando e desenvolvendo o campo da Economia Comportamental.
Ambos foram premiados com o Nobel pelas suas contribuições.

A premissa básica é que os seres humanos nem sempre são racionais.


Muitas vezes, suas escolhas podem ser baseadas em questões
subjetivas e culturais, que, em alguns momentos, pesam mais que a
racionalidade. Isso não significa que a Economia Comportamental
abandona por completo a noção de racionalidade – apenas incorpora ao
processo de tomada de decisão outros fatores antes desconsiderados.

A Economia Comportamental tenta explicar por que as pessoas não


economizam para a aposentadoria, priorizando o consumo no presente.
Isso ocorre porque o prazer presente é mais próximo e mais palpável do
que o possível sofrimento em um tempo futuro e distante.

Thaler explica também o comportamento de manada nos mercados


financeiros: quando o mercado está em alta, mais pessoas decidem
investir nas ações, o que decorre de um pensamento irracional de que
os preços vão subir amanhã porque estão subindo hoje.

Outro aspecto da economia comportamental é o nudge, uma espécie de


"empurrãozinho" que pode influenciar o processo de tomada de decisão
de um indivíduo. É mais provável que as pessoas escolham uma opção
específica se ela for a opção padrão.

Exemplo
No preenchimento de cadastros, por exemplo, as pessoas estão mais
inclinadas a receber e-mails de promoções, se essa for a opção padrão,
devendo clicar no botão de que não desejam estar na lista desses e-
mails para desativar o recebimento, do que se necessitarem clicar em
um botão afirmando que desejam estar nessa lista. Em outras palavras,
as pessoas tendem a aceitar a opção que lhes é oferecida, e não arcar
com os custos psicológicos da escolha.

Desenvolvimento econômico
A Economia do Desenvolvimento estuda o processo de desenvolvimento
dos países de baixa renda. Como o processo de desenvolvimento
econômico é amplo e complexo, essa área cobre diversos outros
campos que afetam o crescimento social e econômico dos países.

Nesse sentido, foca não somente em métodos que promovam o


crescimento econômico e nas mudanças estruturais, mas também na
melhora de aspectos que envolvam a população, como condições de
saúde, educação e trabalho.

O crescimento econômico, em particular, é investigado há muitos anos


pelos economistas, como vimos no módulo anterior, de História do
Pensamento Econômico. Como a Economia, essa área passou por
diversas transformações até se tornar o que é atualmente.

Os neoclássicos propuseram alguns modelos de desenvolvimento


econômico que frequentemente são vistos nos cursos de
Macroeconomia e desenvolvimento de um currículo de graduação em
Economia.

Com o passar dos anos, esses modelos foram ficando cada vez mais
sofisticados, incorporando mais elementos e variáveis determinantes do
crescimento econômico, visando torná-los mais próximos da realidade.

Características como crescimento populacional, progresso tecnológico,


capital humano, e até o papel e a qualidade das instituições foram,
pouco a pouco, sendo incorporadas nas equações.

Saiba mais

Alguns dos economistas mais importantes a elaborar modelos de


desenvolvimento são: Roy Harrod, Evsey Domar, Robert Solow e Paul
Romer.
Algumas das características que foram, pouco a pouco, sendo
incorporadas nas equações são:

push_pin
Crescimento populacional

push_pin
Progresso tecnológico

push_pin
Capital humano

push_pin
Papel e a qualidade das instituições
Daron Acemoglu e James Robinson são dois economistas
contemporâneos que mostraram evidências empíricas robustas
sustentando a tese do papel desempenhado pelas instituições no
desenvolvimento econômico, com ênfase nos direitos de propriedade.

Outros economistas apontam, entre outros tantos fatores institucionais


que impactam o crescimento, para:

check_circle A importância da organização dos sistemas


financeiros nacionais.

check_circle O desenho de Constituições.

check_circle O tipo de regime de um país (democrático


ou autoritário).
check_circle O grau de liberalização comercial de um
país.

O grande desafio da área é a dupla causalidade que esses fatores


costumam apresentar com o crescimento econômico. Nesse caso, é
difícil responder:

Instituições melhores levam a mais crescimento


econômico, ou países que têm mais crescimento
econômico estabelecem melhores instituições?

Outra camada do desenvolvimento econômico ― talvez a mais


desafiadora ― é a do impacto das culturas e das crenças no
crescimento. Nesse caso, o obstáculo é que crenças e costumes são
elementos muito difíceis de serem medidos e capturados pelos dados,
mas isso não significa que devam ser ignorados.

A literatura econômica vem desenvolvendo muitos estudos nessa área


na última década, mostrando como normas sociais, crenças individuais
e coletivas influenciam as preferências dos indivíduos, e que essas
normas variam lentamente ao longo do tempo.

Economia da pobreza
Outro campo que se propôs a investigar a economia de baixa renda é o
de Economia da Pobreza.

Os laureados com o Prêmio Nobel de Economia de 2019, Michael


Kremer, Esther Duflo e Abhijit Banerjee, fizeram contribuições com uma
abordagem experimental para aliviar a pobreza global.

Os três economistas publicaram uma série de artigos, muitas vezes em


conjunto, utilizando um método bastante empregado na Medicina: os
Randomized Controled Trials (RCTs), ou Estudos Aleatorizados
Controlados. De forma resumida, essa abordagem experimental
consiste em dividir a população de um estudo em grupos aleatorizados
de controle e tratamento para testar a efetividade de determinada
política.
Os autores realizaram uma série de estudos desse tipo, desenvolvendo
uma ferramenta muito poderosa para testar intervenções que podem
reduzir a pobreza. Essas intervenções variam desde a realização de
tutorias corretivas nas escolas, passando pelo fornecimento de redes
contra mosquitos para famílias a fim de prevenir doenças, até políticas
de microcrédito.

O sucesso dessa abordagem influenciou consideravelmente a forma de


avaliar políticas de nossa geração. Embora não apontem um amplo
conjunto de conclusões, esses estudos permitem tirar lições simples,
mas poderosas, com grandes efeitos para a erradicação da pobreza.

Outra vantagem é que, pelo fato de serem estudos controlados, há a


possibilidade de verificar possíveis efeitos colaterais não antecipados,
colocando na balança, ao final dos experimentos, os benefícios e os
custos não antecipados das intervenções.

Economia da desigualdade
A desigualdade econômica é um tópico de interesse e preocupação de
cientistas sociais. Existe uma grande variedade de tipos de
desigualdade econômica, muitas vezes medida na forma de distribuição
de renda ou de riqueza. Também pode ser avaliada como desigualdade
entre países, regiões ou grupos de pessoas.

A lista de pessoas que já estudou esse tópico é extensa.

O economista francês Thomas Piketty escreveu o livro O Capital no


Século XXI (2013), sobre o crescimento da desigualdade da riqueza
mundial. A obra causou rebuliço no meio acadêmico ao trazer à tona o
debate sobre taxação progressiva e tributação da riqueza global como
único caminho eficiente para combater a concentração da renda, que,
segundo o autor, seria consequência inevitável do capitalismo.
Documentando com dados detalhados a evolução histórica da
concentração da renda e da riqueza, Piketty desenvolve uma grande
teoria do capital e da desigualdade. Alguns autores já desenvolveram
estudos rebatendo suas conclusões, mas o debate ainda está em
desenvolvimento.

Economia da saúde e da educação


Conheça as principais características da Economia da saúde e da
educação:

Economia da Saúde

A Economia da Saúde é a área de estudo aplicado que permite


uma análise rigorosa e sistemática dos problemas enfrentados
na promoção de saúde para todos. Economistas da saúde
utilizam como ferramental as teorias do consumidor, do produtor
e da escolha social para entender o comportamento dos
indivíduos, dos provedores de saúde e de organizações públicas e
privadas.
Um dos muitos exemplos estudados pelos economistas da saúde
envolve perguntas como: Transferências governamentais
durante a gravidez melhoram a saúde da criança ao nascer?

Economia da Educação

A Economia da Educação é a área que estuda questões


relacionadas à Educação, sejam elas de demanda própria, seu
financiamento e sua provisão, ou relacionadas à eficiência
comparativa entre diferentes programas e políticas.

Uma pergunta que os economistas da Educação se preocupam


em responder é:
Há uma relação entre escolaridade e resultados no mercado de
trabalho?

Como estudamos no Módulo 1, o programa Renda Melhor Jovem era um


exemplo de política pública que aplicava o conceito de custo de
oportunidade. Será que essa política foi eficaz, fazendo com que os
jovens permanecessem mais tempo na escola para, no futuro, terem um
salário melhor no mercado de trabalho? Questões assim também fazem
parte das preocupações da área.

Outras áreas voltadas à economia


Listamos aqui uma série de áreas nas quais a literatura econômica tem
apresentado terreno fértil e se expandido nas últimas décadas.

Existem muitos outros campos que um economista pode estudar e nos


quais pode atuar, o que é uma das grandes vantagens da profissão.
Campos mais clássicos como Macroeconomia e Microeconomia
seguem igualmente trazendo novidades.

Economia do Trabalho

Procura entender o
funcionamento e a dinâmica dos
mercados de trabalho
assalariado.

Economia Ambiental

Dedica-se a estudar a escassez


dos recursos ambientais,
propondo minimizar o impacto
causado no meio ambiente.

Economia do Crime

Área relativamente nova. Usa o


raciocínio econômico para
explicar a tomada de decisões
em condutas ilícitas.

Econometria

Desenvolve um ferramental mais


aplicado do que outras áreas e
pesquisas citadas aqui e possui
uma gama de possibilidades
praticamente infinita.
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Economias que descrevem e
transformam sociedades
Assista o vídeo a seguir para conhecer mais sobre as teorias
econômicas que descrevem e transformam sociedades.
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Sobre a área de desenvolvimento econômico, não podemos afirmar


que:

Os modelos econômicos de desenvolvimento


modernos incorporam variáveis como crescimento
A
populacional, progresso tecnológico e capital
humano.

Não há evidências empíricas de que instituições


afetam o desenvolvimento econômico, pois é o
B
crescimento econômico que determina boas
instituições.

A forma de organização dos sistemas financeiros


nacionais, o desenho de constituições, o tipo de
C regime de um país e seu grau de liberalização
comercial influenciam no desenvolvimento
econômico dos países.
Um dos obstáculos para determinar se cultura e
crenças afetam o crescimento econômico é o fato
D
de essas variáveis serem difíceis de ser mensuradas
e capturadas pelos dados.

O grau de liberalização comercial de um país e a


E garantia dos direitos de propriedade impactam no
desenvolvimento econômico.

Parabéns! A alternativa B está correta.

Vamos analisar as alternativas:

A) Verdadeira

A preocupação com que os parâmetros e dados inseridos no


modelo explicassem a realidade levou os economistas a
elaborarem modelos de desenvolvimento cada vez mais
sofisticados.

B) Falsa

Embora exista um problema de dupla causalidade que dificulte


determinar se instituições afetam o crescimento econômico, Daron
Acemoglu e James Robinson apresentaram evidências empíricas
de que as instituições desempenham função importante no
desenvolvimento econômico.

C) Verdadeira

Economistas contemporâneos desenvolveram trabalhos apontando


para evidências empíricas nesse sentido.

D) Verdadeira

A literatura econômica tem apresentado importantes contribuições


na área nas últimas décadas.

E) Verdadeira

Direitos de propriedade e abertura comercial estão entre os


principais determinantes do desenvolvimento econômico. Direitos
de propriedade bem definidos geram incentivos ao investimento, e a
abertura comercial permite acesso a bens e tecnologias por menor
preço, dentre diversos outros efeitos.
Questão 2

Segundo a Economia Comportamental, podemos afirmar que:

A racionalidade humana está sempre acima de


A
questões subjetivas e culturais.

A Economia Comportamental não faz distinção


B
entre os comportamentos presente e futuro.

A Economia Comportamental postula que não há


C
custos psicológicos na escolha.

A Economia Comportamental busca explicar por


D que os indivíduos tomam decisões aparentemente
irracionais, unindo Economia e Psicologia.

As pessoas tendem a escolher a melhor opção


E independentemente do que seja oferecido como
opção padrão.

Parabéns! A alternativa D está correta.

Vamos analisar as alternativas:

A) A alternativa está incorreta. Às vezes, escolhas podem ser


baseadas em questões subjetivas que pesam mais que a
racionalidade econômica.

B) A alternativa está incorreta. Em determinadas situações, sentir-


se bem no presente é melhor do que sofrer no futuro.

C) A alternativa está incorreta. A Economia Comportamental supõe


que as pessoas tendem a aceitar a opção que lhes é dada, e não
arcar com os custos psicológicos da escolha.

D) A alternativa está correta. A premissa básica da Economia


Comportamental é que os seres humanos nem sempre são
racionais.
E) A alternativa está incorreta. A escolha das pessoas depende da
opção padrão, em relação à qual elas irão comparar as alternativas.

Considerações finais
Estudamos alguns conceitos básicos de Ciências Econômicas. Além
disso, vimos como essa ciência evoluiu ao longo do tempo e que
caminhos está trilhando neste momento.

Vimos, também, os diversos objetos de estudo da Economia, que, afinal,


busca responder como alocar recursos da melhor forma possível. Essa
é a régua para determinar se a profissão é bem-sucedida: devemos
contribuir para a melhor alocação possível dos recursos que temos à
nossa disposição. Assim, teremos mais desenvolvimento, menos
pobreza e desigualdade, e melhores políticas públicas para a sociedade.

headset
Podcast
Ouça o podcast para recapitualr os principais pontos estudados.

Explore +
Para saber mais sobre os assuntos estudados, sugerimos as seguintes
leituras:
ACEMOGLU, D.; ROBINSON, J. Por que as nações fracassam? Nova York:
Crown Publishing Group, 2012.

BANERJEE, A.; DUFLO, E. Good economics for hard times. Nova York:
Public Affairs, 2019.

BANERJEE, A.; DUFLO, E. Poor economics. Nova York: PublicAffairs,


2011.

FERGUSON, N. A ascensão do dinheiro: uma história financeira do


mundo. São Paulo: Planeta do Brasil, 2009.

TELLES, A.; TIROLE, J. Economia do bem comum. São Paulo: Companhia


das Letras, 2020.

Referências
CAMPANTE, F. A ciência da Economia Política: o legado de Alberto
Alesina. Nexo Jornal, 2020.

GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Renda Melhor Jovem.


2014.

KRUGMAN, P.; WELLS, R. Introdução à Economia. 2. ed. Rio de Janeiro:


Elsevier, 2011.

HAYES, A. Game Theory. Investopedia, 2019.

MANKIW, N. G. Macroeconomia. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011.

MEHARI, T. Y. A short history of economic thought. University of


Groningen, 2002.

PERSSON, T.; TABELLINI, G. Political economics: explaining economic


policy. The MIT Press, 2002.

ROLL, E. A history of economic thought. Londres: Faber & Faber, 1992.

SCREPANTI, E.; ZAMAGNI, S. An outline history of the economic


thought. 2.ed. Oxford: Oxford University Press, 2005.

THE ECONOMIST. The legacy of Alberto Alesina. 2020.

VARIAN, H. R. Microeconomia: uma abordagem moderna. 8. ed. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2012.
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