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1 - A Economia: Baseia-se na troca. Estuda como as sociedades decidem o que produzir, como produzir
e para quem produzir. Decisã o acerca da afectaçã o dos recursos (terra, trabalho e capital).
A Economia é essencial: Porque todos dependemos uns dos outros. O pai da Economia é Adam Smith.
Economia é uma Ciência: Porque exige conhecimento rigoroso e sistemá tico.
A Economia é uma ciência humana: Uma vez que estuda o ser humano e a sociedade. Aqui é
importante fazer a distinçã o entre ciência e doutrina.
Ciência: descreve factos, estuda relaçõ es de forma o mais rigorosa e neutra possível, para evitar
erros ou confusõ es. Garante o rigor da aná lise e a exactidã o das conclusõ es.
Doutrina: a opiniã o particular. Define os objectivos e a linha de conduta.
Mão invisível: se cada um prosseguir os seus pró prios objectivos, consegue-se no fim o má ximo bem-
estar para todos.
Benefício líquido: outros dos princípios fundamentados da Economia – como em todas as decisõ es
econó micas só o que der maior benefício liquido é que deve ser feito.
2. A Ciência Económica:
Definição de Economia: Para Alfred Marshall, a Economia “é o estudo de como as sociedades usam
recursos escassos para produzir bens valiosos e distribuí-los entre diferentes grupos”.
Já Paul Samuelson, considera que “a economia é o estudo de como as pessoas e a sociedade escolhem o
emprego de recursos escassos, que podem ter usos alternativos, de forma a produzir vá rios bens e a
distribui-los para consumo, agora e no futuro, entre as vá rias pessoas e grupos na sociedade”.
Escolha e escassez:
Escolha: nã o havendo escolha nã o há necessidade logo nã o há problema.
Escassez: causa a necessidade de escolhas e decisõ es.
Consumo: Satisfaçã o das necessidades humanas através de bens. O consumo nã o tem que ser material.
Ex: uma sinfonia, um soneto, sã o bens econó micos e o acto de os utilizar através da contemplaçã o ou da
audiçã o é consumo.
O Tempo: As decisõ es econó micas reflectem-se no presente e no futuro – é um dos elementos mais
importantes da Economia e mais difíceis de analisar.
A abordagem científica:
Sendo uma ciência, a Economia usa o método científico. O objectivo central do método científico
consiste em tentar conseguir obter uma compreensã o clara e profunda do fenó meno de estudo,
evitando erros e confusõ es.
3. O Problema Económico:
Escassez e escolha:
A escassez é a impossibilidade dos bens disponíveis satisfazerem as necessidades presentes. A escassez
gera alternativas.
Custo - Se é preciso escolher para satisfazer uma necessidade é preciso sacrificar uma outra, ou
seja, existe num custo.
Custo de oportunidade - Conceito econó mico de custo (valor do que de melhor deixamos de
fazer para fazer o que fizemos).
«Não há almoços grátis» - Expressa o fenó meno da escassez – nã o é possível ter uma coisa
escassa de borla. Grá tis só a luz do Sol, a areia da praia, a á gua do rio.
A escolha advém da escassez.
Paul Samuelson diz que para exprimir as características essenciais desta escolha, do problema
econó mico, pode resumir-se em três Perguntas básicas do problema económico:
O que produzir?
Como produzir?
Para quem produzir?
Racionalidade e interdependência:
Os agentes sã o racionais e os sistemas equilibram – estas sã o as hipó teses-base de toda a teoria
econó mica e delas saem praticamente todos os teoremas da economia. A resoluçã o econó mica exige a
racionalidade.
A racionalidade exige duas coisas:
Optimização: O primeiro elemento da racionalidade é tirar partido de uma melhoria, em relaçã o aos
objectivos do agente. Como disse Francis Edgeworth: o primeiro princípio da Economia é que cada
agente é motivado apenas pelo interesse pró prio. Isto equivale a dizer que nã o se escolhe uma má
escolha quando estã o disponíveis outras melhores. Mas para saber se uma situaçã o é ou nã o racional,
precisamos de ter a certeza de duas coisas:
Disponibilidade: as oportunidades têm de estar mesmo disponíveis e todas igualmente
disponíveis.
Definição do que é melhor: o que é melhor para uns pode nã o ser para outros.
Coerência: O segundo elemento da racionalidade é a coerência: se, entre duas alternativas, uma pessoa
escolhe uma, todas as vezes que estiver nas mesmas circunstâ ncias, deve manter a escolha.
4. Soluções do Problema:
Tradição, autoridade e mercado: Os métodos de soluçã o do problema econó mico de uma
sociedade nestes três princípios gerais.
O papel do Estado: Este centra-se em três funçõ es: promoçã o da eficiência, equidade e estabilidade.
Promoção da eficiência: Existem no mercado situaçõ es de imperfeição na concorrência. As
influências que o mercado nã o consegue captar, chama-se de externalidades.
o Bens públicos: Produtos ou serviços especiais sã o bens que, embora nã o sejam grá tis,
todos podem gozar sem pagar, pois nã o existe modo de o mercado cobrar o seu custo.
Promoção da equidade: Garantir que a distribuiçã o dos bens produzidos seja mais ou menos
igual entre todos os elementos da sociedade.
o Conflito eficiência-equidade: Se o Estado retira a uns para dar a outros, é natural que
uns e outros reduzam a sua produçã o;
Promoção da estabilidade:
o Conflito desenvolvimento-estabilidade: Ao buscar a estabilidade perde-se rapidez de
desenvolvimento.
5. A Cruz Marshalliana:
A curva da procura: A representaçã o dos compradores é feita por esta curva. Trata-se do lugar
geométrico dos pontos de consumo desejado do bem para cada nível de preços. Esta curva pretende
captar a subjectividade dos compradores, as suas preferências ou a melhor utilidade retirada pelo
consumidor do consumo do bem. Quanto maior utilidade o consumidor retira do bem, mais ele
estará disposto a pagar por esse bem. A Lei da Procura negativamente inclinada é quando o preço
de um bem sobe a quantidade procurada desce e vice-versa.
Efeito substituição: Variaçã o de preços – ao subir o preço de um bem compra-se outro
equivalente mas mais barato;
Efeito rendimento: Ao subir o preço, continuando o consumir a ganhar o mesmo dinheiro,
ele fica mais pobre, porque agora compra menos.
Existem outros factores que influenciam a escolha dos consumidores, para além dos preços. Estes
factores sã o: gostos ou preferências dos consumidores, o nível de rendimentos de cada um, a
dimensã o do mercado, o preço e a disponibilidade de outros bens.
Deslocamentos «ao longo da curva» e «da curva»: Vemos que alteraçõ es do preço geram
deslocamentos ao longo de uma mesma curva e alteraçõ es de outros factores externos dã o
deslocamentos entre curvas. Tudo gira a volta da hipotese coeteris paribus, essencial para tracar
qualquer curva da procura.
A curva da oferta: é a representaçã o dos vendedores (ou produtores). Trata-se do lugar geométrico
dos pontos de produçã o e venda desejada do bem, para cada nível de preços. Esta curva procura captar
o custo de produçã o, relacionado com a tecnologia particular do bem. Assim, quanto maior for o custo
de produzir um bem, menos e oferecido desse bem a certo preço. Da mesma forma que se verifica na
curva da procura, também aqui a observaçã o da forma da curva leva-nos a formular a lei da oferta
positivamente inclinada. Na verdade, verificamos que, se o preço de um bem sobe (coeteris paribus), a
quantidade oferecida aumenta, e vice-versa.
Lei dos rendimentos decrescentes: Se o preço de um bem sobe (coeteris paribus) a
quantidade oferecida aumenta, uma vez que para produzir mais de um bem temos que
aumentar os factores produtivos, mas como há alguns que se mantém, é ló gico que cada vez seja
mais caro produzir uma unidade.
Deslocamentos «ao longo da curva» e «da curva»: Também aqui uma alteraçã o do preço
provoca um deslocamento ao longo da curva, enquanto os outros factores exigem a
determinaçã o de uma nova curva da oferta, existindo um deslocamento da curva.
Ponto de Equilíbrio:
A constataçã o mais importante que se pode retirar do diagrama e, como se disse, que em economia
temos sempre de ter em conta dois lados. Os soberanos da decisã o econó mica sã o os benefícios e o
custo, a procura e a oferta os gostos e a tecnologia.
Nunca nos devemos esquecer de que, em Economia, as coisas sã o sempre duplas, tal como as moedas,
tem sempre duas faces. Assim, devemos juntar a curva da procura e da oferta, o benefício e o custo, para
obter um quadro global: a cruz marshalliana.
Mas da deslocaçã o das duas curvas apenas pouco se pode dizer sobre a situaçã o da Economia. Neste
ponto deve introduzir-se a segunda hipó tese fundamental da Economia: os mercados equilibram.
• Se a primeira hipó tese, a racionalidade dos agentes, nos permitiu desenhar as curvas;
• a segunda a do equilíbrio dos mercados, definira o comportamento da interacçã o entre elas.
A introduçã o da hipó tese do equilíbrio dos mercados faz-se, neste caso, através da adopçã o de um
mecanismo de mercado, ou seja, da definiçã o dos contornos entre a interacçã o das curvas da procura e
oferta. Existem vá rios mecanismos de mercado, mas vamos estudar o mecanismo mais simples e
corrente, da autoria da economista francês Leon Walras.
O mecanismo centra-se a volta do ponto de intercepção entre as curvas da procura e da oferta (o
ponto E) neste ponto, encontramos um preço (Pe) que faz com que a quantidade procurada e
oferecida sejam iguais (Qe). Chamaremos a este ponto o ponto de equilíbrio, e a Pe e Qe, o preço e
quantidade de equilíbrio.
O mecanismo de mercado, alem de determinar o ponto de equilíbrio, define como se comporta a
economia se se encontrar fora do ponto de equilíbrio. Que acontece quando o preço nã o for o de
equilíbrio (Pe)? E ai que e importante definir o mecanismo de mercado.
Se o preço for mais alto que Pe, temos um excesso de oferta, a quantidade que os produtores querem
vender é superior a que os consumidores querem comprar. Nesse caso o mecanismo e mercado diz-nos
como eles se vã o comportar: os produtores, nã o conseguindo vender o que queriam, reduzem o preço
para escoar a produçã o em excesso.
Assim, o preço desce, o que tende a resolver o problema do excesso de oferta por duas formas:
reduz a quantidade oferecida e
aumenta a quantidade procurada.
A preços menores que Pe, temos um excesso de procura, pois os consumidores querem comprar mais
do que os produtores querem vender. Nesse caso, os consumidores estã o dispostos a oferecer mas
dinheiro para conseguir mais do bem, enquanto os produtores só o oferecem se lhes pagarem mais.
Logo o preço sobe, tendendo para o equilíbrio.
Através deste mecanismo vemos que o ponto de equilíbrio (E) e nã o só aquele em que todos estã o
satisfeitos, mas também aquele que para o qual a economia tende, se estiver noutra situaçã o. Deste
modo, com este mecanismo de ajustamento, o ponto E e um equilíbrio estável, como dizia Marshall.
O ponto de equilíbrio nã o tem, pelo facto de os produtores e consumidores estarem satisfeitos na sua
transacçã o, qualquer conotaçã o valorativa ou moral. O ponto nã o tem de ser “bom” ou “recomendá vel”.
O mercado livre, a funcionar bem, garante a eficiência, ou seja, a eliminaçã o do desperdício.
Mecanismo de mercado: Definiçã o dos contornos entre a interacçã o das curvas da procura e da oferta
Excesso de oferta: Se a quantidade que os produtos querem vender for superior à que os
consumidores querem comprar
Excesso de procura: Se os consumidores quiserem comprar mais do que os produtores querem
vender.
Impostos: Tirar dinheiro à s pessoas através do Ministério das Finanças. A parte da despesa
pú blica que nã o e paga por impostos constitui o défice do estado. E esse défice pode ser pago de
duas formas:
Dívida pública: pela qual o estado pede dinheiro emprestado, dentro ou fora do pais (divida
interna e externa). Torna-se assim claro que a divida pú blica é apenas o adiamento de
impostos. O preço desses empréstimos, tal como de todos os empréstimos, é a taxa de juro.
A taxa de juro é a percentagem que quem pede emprestado tem de pagar a quem empresta,
para além de devolver o dinheiro.
Emissão de moeda: Mas o método de financiamento do Estado que parece mesmo um
almoço grá tis e o terceiro: emitir mais moeda. O Estado (e só o estado) é o responsá vel
pelas notas e moedas que usamos todos os dias. Só ele, através de um departamento especial
chamado Banco Central (em Portugal e o Banco de Portugal parte integrante do Banco
Central Europeu) pode emitir nova moeda. O problema de fazer uma nova emissã o de notas
e moedas é que por haver mais dinheiro nã o quer dizer que haja mais coisas para comprar. E
se a Economia e o estado tem as mesmas coisas para comprar e mais dinheiro para gastar,
os preços das coisas, de todas as coisas, sobem. Este fenó meno tem um nome: inflação: a
inflaçã o é como se o metro de medida ficasse mais pequeno: todas as coisas ficam mais
compridas, mas afinal sã o iguais. Em primeiro lugar, deve notar-se que a inflaçã o é um
imposto, como outro qualquer. E uma forma de o Estado desvalorizar o dinheiro que as
pessoas tem no bolso, como contrapartida do novo dinheiro que o Estado tem. Um dos
problemas característicos da inflaçã o e a injustiça, pois normalmente ela nã o afecta todos
por igual. A inflaçã o afecta fortemente a equidade. Mas a inflaçã o também cria
instabilidade. Se a subida de preços fosse sempre prevista ou sempre igual, nã o havia
problema nenhum, pois as pessoas teriam facilidade em se precaverem dos seus efeitos. Mas
o problema é que a inflaçã o é normalmente imprevisível e quanto mais alta, mais tende a
selo. Por essa razã o ela cria uma razã o adicional que afecta a estabilidade.
O Espaço e o Tempo:
É aliá s difícil de conceber uma Economia a funcionar sem que isso se desenrole no espaço e no tempo.
O Espaço permite traçar fronteiras, traduzindo-se nas exportaçõ es e importaçõ es.
Todas as relaçõ es econó micas, (compras e vendas, ofertas, empréstimos) que passem por cima de uma
fronteira tem características especiais. Chamamos “importações” ao que eles produzem e nos
compramos, e “exportações” ao que nos produzimos e eles compram. Mas também e possível termos
empréstimos, pagamentos, dadivas, por cima das fronteiras. Registamos todas estas transacçõ es num
documento a que chamamos “balança de pagamentos” e que, como veremos, pouco mais e do que uma
lista de movimentos. Quando, no fim do ano, o que temos de pagar ao estrangeiro e mais do que eles nos
tem de pagar, a balança esta em défice.
Uma outra forma de alterar os termos das relaçõ es com o resto do mundo reside nas alteraçõ es da taxa
de câmbio. A taxa de câ mbio nã o é mais do que o preço (na nossa moeda) das moedas estrangeiras.
No fundo, a taxa de câmbio é outro preço da moeda. A taxa de juro era o preço da moeda amanha, ou
seja, o preço da moeda ao longo do tempo. A taxa de câ mbio e o preço da moeda nacional face a
estrangeira, ou seja, o seu preço ao longo do espaço.
A decisão do consumidor:
A questã o teó rica reside em encontrar a regra que o consumidor deve seguir para “maximizar” (tornar
má xima) a utilidade. Como maximizar a distribuiçã o de dinheiro fixo pelos vá rios bens? E intuitivo
perceber que a regra mais razoá vel é ir gastando cada euro naquilo que da, nesse instante, mais prazer.
Vale a pena aqui introduzir a distinçã o que a Economia faz entre a utilidade total e a utilidade
marginal.
Afectação de recursos: Encontrar a regra que o consumidor deve seguir para maximizar a
utilidade.
O acréscimo de satisfaçã o que o consumo vai dando, desce quando o consumo sobe.
A regra de ouro da decisã o do consumidor é: a utilidade marginal do último euro gasto em cada
bem deve ser igual em todos os bens ou, representando a utilidade marginal do bem i por Umi, e o
seu preço por Pi.
Repare-se que o que determina o valor das coisas e a utilidade, mas nã o e a utilidade total. O que
determina o valor de cada coisa e a utilidade da ultima unidade consumida. Assim, aparece a segunda
ideia essencial da revoluçã o: O que dá valor á s coisas é a utilidade marginal. Com esta regra, vemos
imediatamente a explicaçã o do paradoxo do valor.
Note-se que o valor de uso e igual a utilidade que temos em usar o bem, que e a utilidade total. Mas,
quem troca um bem, como e racional, só troca as ultimas unidades, que sal as que valem menos por si.
Por isso é que o valor de troca e a utilidade marginal.
É este, pois, o essencial desta revoluçã o em Economia, que se passou a chamar revolução
marginalista.
Regra de decisão do consumidor: A utilidade marginal do ú ltimo euro gasto em cada bem deve ser
igual em todos os bens.
Os três inovadores, Jevons, Menger e Walras. Hermann Gossen, um alemã o, tinha em 1854
apresentado o que ficou conhecido como as “duas leis de Gossen”:
Primeira lei de Gossen – Á medida que se consome mais do bem, a utilidade de cada unidade
adicional consumida desce.
Segunda lei de Gossen – O consumidor, para obter o má ximo de satisfaçã o, deve consumir até
que a utilidade marginal do ú ltimo euro gasto em cada bem seja igual em todos os bens.
2. Teoria do Produtor:
2.1 Empresas e produção: A produçã o consiste na combinaçã o de vá rios elementos no sentido de
obter, a partir deles, um bem que satisfaça uma necessidade humana. Vê-se facilmente que o problema
do produtor e um pouco mais complexo que o do consumidor. Na verdade, um produtor é, ao mesmo
tempo, vendedor (do seu bem) e consumidor (de factores produtivos). Isso faz com que ele tenha duas
questõ es:
• Quanto produzir do bem e
• Como produzir essa quantidade
Uma certa quantidade do bem resultante da produçã o, e a que vamos chamar “produto”, só é
conseguida com a aplicaçã o de certas quantidades de recursos ou factores produtivos.
Função de produção: Relaçã o existente entre a quantidade de produto e as quantidades de
recursos (terra, trabalho, capital);
Produto total: O produto total é a curva que relaciona o produto e o trabalho.
Produtividade marginal: A produtividade marginal regista apenas o decréscimo do produto
que a ú ltima unidade de trabalho trouxe.
Lei dos rendimentos marginais decrescentes: A curva do produto marginal é negativamente
inclinada, ou seja, acréscimos sucessivos de um factor feitos sobre quantidades constantes dos
outros factores levam a acréscimos sucessivamente menores de produto.
Escala de produção: Quando nã o se varia apenas um mas todos os factores produtivos
simultaneamente. O que varia é toda a escala de produçã o.
Rendimentos de escala constantes, decrescentes ou crescentes: Surgem da seguinte forma:
Supondo que todos os factores produtivos viram a sua quantidade duplicada, dobrando assim a
escala de produçã o. Nesse caso, a quantidade produzida pode variar proporcionalmente mais ou
menos.
o Rendimentos de escala crescentes: quando a produçã o aumenta para mais do dobro,
gerando assim rendimentos de escala crescente.
o Rendimentos de escala decrescentes: se ao aumentar muito a escala, começarem a
aparecer problemas de gestã o e controle, de escoamento de produtos, etc – reduzindo
por isso o aumento percentual da produçã o.
Economias de escala: Sã o benefícios adicionais de produçã o causados por um aumento da
escala de produçã o.
Progresso tecnológico: Aparecimento de novas formas de produçã o que competem com as
antigas, vencendo as melhores.
Como produzir?
Curvas isoquantas: Curvas de indiferença de produçã o, ou seja, podemos unir os vá rios pontos
que correspondem a quantidades de terra e trabalho que dã o a mesma quantidade de produto.
Chamam-se isoquantas porque cada uma é composta por pontos que geram a mesma produçã o.
É a inclinaçã o da isoquanta.
Recta de isocusto: Custo total que a empresa está disposta a suportar pelos preços dos
factores.
Representação gráfica do equilíbrio: O ponto ó ptimo é um ponto de tangência, neste caso
entre a isoquanta e a recta do isocusto.
Quanto produzir?
Tecnologia e custos:
Custo de oportunidade: Conceito de Stuart Mill. Este custo representa o que de melhor se
deixou de fazer para fazer o que se fez para produzir determinado produto. O custo de
oportunidade mede o sacrifício total, em qualquer das formas possíveis, em que se incorreu
para se conseguir a produçã o. E esse sacrifício é medido na ú nica verdadeira medida de valor: a
utilidade.
Custos fixos e custos variáveis:
o Custos fixos: a má quina ou a dimensã o da fá brica.
o Custos variáveis: nú mero de trabalhadores, quantidade matéria-prima.
Custos médios e custos marginais: Custo da ú ltima unidade produzida, o custo da unidade
marginal, ou custo por unidade é o custo que, em média se pode atingir a cada unidade
produzida. CM=CT/Q.
Estrutura de mercado: Como sabemos, para alem da tecnologia que possui, o que um produtor produz
depende crucialmente do tipo de mercado em que ele se situa.
Para esta aná lise, muito preliminar, iremos referir quatro situaçõ es gerais diferentes de mercado:
_ Concorrência perfeita: Muitos produtores iguais.
_ Concorrência monopolística: Muitos produtores diferentes.
_ Monopólio: Um só produtor.
_ Oligopólio: Poucos produtores.
Eficiência de mercado: A concorrência perfeita é aquela em que o mercado funciona em pleno, uma
vez que ninguém tem poder de influenciar o preço atingindo a situaçã o ó ptima.
Eficiência: Para Pareto, o ó ptimo e a concorrência garantida estã o apenas ligados à eficiência.
Óptimo de Pareto: Posiçã o onde nã o é possível melhorar em qualquer dimensã o sem piorar
noutra.
Teoremas fundamentais do bem-estar
1º Teorema: qualquer equilíbrio competitivo é Pareto ó ptimo;
2º Teorema: qualquer ponto Pareto eficiente pode ser obtido por equilíbrio competitivo.
Os teoremas também podem ser designados de Teoremas da Mã o Invisível, porque formalizam a ideia
de A. Smith.
Externalidades: Custos ou benefícios que nã o passem pelo mercado, como a poluiçã o e os bens
pú blicos.
2. Imperfeições na Concorrência:
Razões do poder de mercado (padrões de custo e procura e barreiras à concorrência):
a) Padrõ es de custo e procura: quando a curva de custos relativa a uma certa tecnologia define a
zona de produçã o da empresa que é economicamente razoá vel. Se essa dimensã o da produçã o
for muito pró xima da quantidade procurada, entã o o nú mero de empresas que sã o possíveis
nesse mercado é relativamente baixa.
b) Barreiras à concorrência relacionado com motivos nã o econó micos. A existência de leis que
podem ter motivaçõ es econó micas (lei que protege patentes por forma a fomentar a
criatividade) ou nã o (leis que impõ em serviços pú blicos ou barreiras alfandegá rias) mas que
forçam a existência de limites à concorrência é uma das principais causas da falta de
concorrência nos mercados. Há ainda barreiras naturais (geográ fica) e artificiais (publicidade)
que impedem a livre competitividade entre todos os potenciais participantes num mercado.
Concorrência perfeita: regra do óptimo P=cm
Monopólio: Este é um mercado que se caracteriza apenas pela existência de um produtor, que controla
todos os aspectos relativos á produçã o.
Benefício ou receita marginal: Diferença entre dois rectâ ngulos que representam o produto
do preço pela quantidade, ou seja, a receita.
Curva da oferta: O monopolista nã o a tem, porque nã o existe uma curva que relacione p e q
mas sim três.
Lucro anormal ou não económico: Porque ultrapassa a definiçã o econó mica simples de lucro.
Políticas de intervenção por parte do Estado: As políticas de intervençã o existem pelo facto
dos monopó lios serem maus sistemas de produçã o.
Estas políticas utilizam instrumentos (nacionalizaçã o da empresa, a fixaçã o de preços, lançamento
impostos sobre o monopolista para sugar o lucro).
Oligopólios: Existem algumas empresas, poucas, que concorrem no mercado de um produto. O facto de
serem poucas dá a cada um poder de mercado (poder de influência sobre o mercado). Nã o quer dizer
que nã o exista concorrência entre elas. Exs: Coca Cola e Pepsi; Boeing e Airbus. Antoine Cournot foi o
primeiro economista a tratar seriamente o problema do oligopó lio.
Oligopólio coligado: Algumas empresas, poucas, que dominam um mercado, mas, além disso,
combinam entre si estratégias, preços e quantidades. Também se chama cartel ou trust e tem
um resultado parecido com o monopó lio. Cartéis internacionais mais conhecidos: as sete
empresas multinacionais na primeira metade do séc. XX (as 7 irmã s) e a partir de 1973 a OPEP.
Teoria dos jogos: A situaçã o de oligopó lio reduz-se sempre a um jogo. Cada elemento toma a sua
decisã o sabendo que o resultado depende do que o outro fizer. Para estudar estes fenó menos existe a
Teoria dos Jogos.
Estratégias dominantes: Os 2 jogadores têm estratégias dominantes porque o que quer que o
outro escolha, cada um deles deve escolher »preço normal».
Equilíbrio de Nash: Caso em que se as empresas escolhem preço baixo ganham mais as duas.
«Equilíbrio de Nash» ou «Equilíbrio nã o cooperativo» onde cada empresa, dada a estratégia da
outra, nã o pode fazer melhor que estar aí.
Dilema do prisioneiro: Um caso particularmente famoso de equilíbrio de Nash, que ficou
conhecido por “o dilema do prisioneiro”. Conclusao – a situaçã o deste jogo parece ser
do primeiro tipo: os dois prisioneiros tem estratégias dominantes, que e confessar. Só
que, se os dois confessarem, apanham ambos 5 anos. Mas, se nã o confessassem,
apanhariam os dois 2 anos de cadeia, e ficariam os dois melhor. O equilíbrio
cooperativo levaria a uma estratégia diferente que a dominante, com os dois a nã o
confessarem.
Estratégias mistas: Ver ex. Sherlock Holmes/Moriarty uma vez que qualquer dos jogadores
pode fazer qualquer uma das coisas, dependendo do que o outro fizer – nã o há soluçã o. Isto
quer dizer que nã o existem «estratégias puras», ou seja, uma actuaçã o clara para seguir por
cada jogador. Existem, sim, «estratégias mistas», i.e., mistura das 2 estratégias bá sicas, entrando
em conta com o peso dos ganhos e perdas em cada caso.
Concorrência monopolística: Existem muitos produtores (como na concorrência perfeita) mas cada
um deles produz e vende um produto ligeiramente diferente do produzido por qualquer dos outros.
Assim, na sua produçã o particular, cada empresa é um monopó lio, mas como os produtos satisfazem
necessidades quase iguais, existe uma intensa concorrência entre eles. Ex: mercados, como o dos
vinhos, bombas de gasolina, remédios e apartamentos.
Implicações: As diferentes marcas de um mesmo produto captam também algo deste caso.
Claro que cada tipo de vinho ou pasta detrítica tem diferenças face aos seus congéneres, mas se
o seu preço for muito distante do praticado pelos outros, os consumidores iriam mudar de
escolha.
Conceito de racionalidade limitada – muitos investigadores tem encontrado no comportamento das
empresas uma tendência para em vez de tentar, a cada momento, escolher a estratégia ó ptima, buscar
apenas a satisfaçã o de algumas metas simples, mantendo linhas de conduta já obsoletas só para nã o
desestabilizar o sistema, ou ate usar regras expeditas e simplistas para tomar as decisõ es, sem qualquer
relaçã o aparente com a optimizaçã o. Um exemplo deste comportamento e o que ficou conhecido pelo
nome de mark-up – este método de fixaçã o de preço consiste em calcular o custo médio do produto,
somar-lhe uma certa taxa de lucro e assim vender o bem:
p = CM x (1+m)
C) TEORIA MONETÁRIA
1. Moeda: e todo o meio que serve para facilitar as trocas. A existência da moeda está estreitamente
ligada á s trocas. Pode ver-se a moeda como um lubrificante do sistema geral de trocas que, como vimos,
e a base da economia.
Características que um bem deve ter para ser uma boa moeda:
1) Divisibilidade: importante por causa dos trocos.
2) Durabilidade: a degradaçã o do bem altera-lhe o valor e dificulta o seu uso como padrã o das
trocas.
3) Aceitabilidade geral: se nã o for reconhecida por todos, nã o cumpre a funçã o de meio de troca.
4) Ter reduzida procura nã o monetá ria: para evitar flutuaçõ es no montante disponível de
moeda.
5) Manter o valor: se o valor da moeda varia, torna-se difícil o seu uso.
6) Ser prá tica de movimentar: um bem muito pesado ou volumoso torna-se difícil de usar nas
trocas.
7) Dificilmente falsificá vel.
Moeda fiduciária: Passava-se da moeda de papel para o papel-moeda. Quando o Estado entrou
no negó cio, lançou uma lei que obrigava as pessoas a aceitar e a transaccionar em moeda de
papel, sem a poderem trocar por ouro – tornou assim o papel inconvertível em ouro. Isto tornou
a moeda independente do ouro – o papel passou a ser a moeda, enquanto que antes ele apenas
representava a moeda.
Inflação: A moeda só vale porque nó s dizemos que ela vale. A nossa confiança no sistema é o
ú nico suporte de valor da moeda. Mas se todos desconfiarmos da moeda e nos quisermos livrar
dela, nã o podemos fazer bancarrota porque a lei obriga-nos a aceitar a moeda. A ú nica soluçã o é
comprar bens ou moedas de outros países. Como os bens sã o limitados, e todos os querem, o
valor das coisas sobe e o valor da moeda cai porque ninguém a quer. A este fenó meno chama-se
inflaçã o ou desvalorizaçã o da moeda. Ex: situaçõ es em que o Estado inunda o país de moeda
para pagar as suas despesas.
Moeda escritural: Os bancos, em consequência da monopolizaçã o da emissã o de moeda de
papel pelo Estado, foram impedidos de participar nesse negó cio. Mas nã o se renderam.
Convidaram-nos a depositar, nã o o nosso ouro, mas as nossas notas e moedas estatais. Eles
guardam-nos os valores, enquanto nó s fazemos transacçõ es, ordenando ao banco que
movimente a nossa conta, assinando nó s um cheque. Agora, a moeda que o banco emite é o
cheque – chamado moeda escritural.
Moeda electrónica: Transacçõ es feitas através de terminais de computador, no qual a conta
bancá ria é movimentada directamente.
Atençã o: os cartõ es Multibanco que apenas servem para levantar dinheiro, nã o sã o moeda, pois nã o sã o
meios para fazer transacçõ es só quando usados para fazer compras.
Multiplicador do crédito: A alma do negó cio bancá rio está em emprestar o dinheiro que nã o é seu.
Mas nã o pode emprestar tudo para o caso de algum depositante vir levantar parte do dinheiro e porque
a lei obriga a ter certas reservas (reservas legais).
Para garantir que o banco pode cumprir as suas responsabilidades, ou seja, devolver aos depositantes o
dinheiro emprestado. O banco cria moeda, ao emprestar parte do dinheiro dos depositantes. O processo
repete-se. Este processo de criaçã o de moeda é um círculo vicioso. Este processo só acaba quando as
reservas forem todas necessá rias, ou seja, quando as reservas forem exactamente 10% do total dos
depó sitos, nã o é possível retirar essas reservas do banco. Neste caso, o banco já nã o pode dar mais
dinheiro em crédito.
Todo este processo teve em conta só um banco e supondo que o que as pessoas recebem é novamente
depositado no banco. Na realidade, existem pessoas que podem nã o querer depositar todo o dinheiro
ficando com algum em casa, e nã o existe só um banco mas muitos, o que significa que o crédito criado
num banco é depositado noutro. Neste caso, o funcionamento do sistema atrá s exposto nã o é alterado
mas tem que se ter em conta a totalidade do sistema bancá rio.
Multiplicador monetário – o valor do multiplicador monetá rio e de 1/0,1, ou seja, 10. O sistema
bancá rio multiplica por 10 o dinheiro emitido pelo banco central.
Bancos e juro: Por forma a ganhar dinheiro, o banco emite crédito. O que ele recebe por esse crédito é
o juro, que é pago por quem pedir emprestado. Como os montantes pedidos sã o diferentes de pessoa
para pessoa, a forma mais fá cil de definir esse pagamento é através da taxa de juro.
Taxa activa: é a taxa de crédito. O que os bancos recebem por emprestar dinheiro.
Taxa passiva: é a taxa dos depó sitos. O que os bancos pagam pelos depó sitos efectuados.
Prazo ou maturidade: é o tempo de duraçã o do depó sito ou do contrato. Regra geral, quanto
maior o prazo, maior a taxa porque como o dinheiro está disponível por mais tempo, logo
pagará mais por mês ou por ano. Aqui reside a diferença entre taxa de curto e longo prazo.
Liquidez: quanto mais fá cil for movimentar o dinheiro (maior liquidez) menor é a taxa recebida
pelo depó sito. A liquidez pode, entre outras razõ es estar ligada ao prazo e à s condiçõ es de
movimentaçã o da conta.
Risco: quanto mais arriscado é um crédito mais caro ele é. O banco só arrisca emprestar
dinheiro se lhe pagarem bem.
Custos administrativos: pagos a partir das receitas do banco, obtidas na diferença entre a taxa
activa e passiva. Quando um banco tem custos altos, vê-se obrigado a subir as taxas dos seus
créditos e a descer as dos seus depó sitos, levando a uma fuga de clientes para a concorrência.
Taxa de juro positiva: relaciona-se com o custo marginal (quem se abstém de consumir hoje) e
o benefício marginal (quem tem hoje dinheiro disponível para consumir ou investir) da
movimentaçã o do dinheiro através do tempo. Assim, o facto de na maioria das situaçõ es a taxa
de juro ser positiva significa que, normalmente para as sociedades o benefício de ter já hoje é
maior do que a possibilidade de adiar para amanhã .
Política monetária: O Banco Central nã o tem poder de definir directamente os depó sitos e créditos,
mas pode influenciá -los e, como é da sua responsabilidade orientar e controlar o sistema, é essencial
que o faça e é nisso que consiste a política monetá ria. Os meios que o Banco Central tem para
influenciar o montante total de moeda em circulaçã o sã o:
troca tem sempre a moeda como contrapartida, o valor da moeda tem de ser igual ao valor das
trocas.
M = P x T em que:
M = montante da moeda em circulaçã o
P = nível geral dos preços
T = transacçõ es realizadas
P x T = valor das transacçõ es realizadas no certo período de tempo – um ano por
exemplo.
Como cada moeda faz mais do que uma troca, é possível o conceito de «velocidade de
circulaçã o da moeda», o nú mero de transacçõ es que cada moeda faz por ano.
A equaçã o ficará entã o:
MxV=PxT
E se se medir o nú mero de transacçõ es pelo produto (y) alterando correspondentemente V, a forma
corrente da equaçã o de Fisher ficará :
MxV=PxY
Esta equaçã o indica-nos uma forma de relacionar os preços, a actividade produtiva e o funcionamento
do sistema monetá rio e financeiro (V) com a moeda.
Bolsa: A Bolsa é um mercado financeiro em que o preço dos títulos (acçõ es, obrigaçõ es, opçõ es, etc)
sobe e desce conforme a procura e a oferta.
Uma acçã o pode ver o seu valor subir ou descer porque se pensa que as perspectivas do valor futuro da
produçã o desse capital irá aumentar ou diminuir. Tudo isto se relaciona com expectativas e
perspectivas fortemente subjectivas. Assim, o estado de espírito dos investidores é uma determinante
essencial da evoluçã o da Bolsa.
Bolhas especulativas: Estã o ligadas ao facto atrá s exposto. Sã o situaçõ es cumulativas onde
um certo estado de espírito afecta a Bolsa e esta, por sua vez, agrava o estado de espírito,
criando círculos viciosos nã o amortecidos, que crescem cada vez mais com a variaçã o. Este
círculo vicioso pode levar as acçõ es a subir acima de qualquer valor realista. Quando alguns
agentes prevêem que as acçõ es nã o vã o subir mais, tentam vendê-las com valores muito
inflacionados. Esta venda faz subir a oferta e dá lugar à tendência para baixar o preço,
podendo aumentar o espírito de desconfiança. Se se entrar uma vez mais em círculo vicioso,
a descida será tã o rá pida e dramá tica como foi a subida - é a este processo que se chama
«bolha especulativa», que incha e explode em pouco tempo. Por isso, a subida geral e
acelerada das cotaçõ es acaba normalmente com um crash ou queda repentina.
Taxas reais e nominais: A diferença está na unidade de medida. A taxa real é medida em unidades de
bem e a taxa nominal é medida em moeda. Claro que a moeda é uma forma de medir o valor dos bens
mas é um metro elá stico cujo valor varia consoante o nível geral dos preços.
Assim, a diferença entre taxa é a taxa de juro nominal é igual à taxa real somada à taxa de inflaçã o:
i = r + p em que
i = taxa nominal
r = taxa real
p = taxa de inflaçã o
Conclusão: A procura de moeda depende das características do intermediá rio das trocas e da reserva
de valor.
Circuito económico:
Digitalizar imagem pág.218.
Procura de factores produtivos: O mercado de factores produtivos é um mercado como outro
qualquer, com uma oferta e uma procura. A procura de factores produtivos tem muitas
semelhanças com a procura de bens, mas também algumas diferenças: É interdependente entre
os vá rios sectores (manifestaçã o da economia em que tudo tem a ver com tudo) Procura
derivada: as empresas nã o procuram trabalho pelo trabalho mas porque querem vender. As
empresas só querem factores porque as pessoas querem bens.
Produtividade marginal dos factores: É o benefício adicional de uma unidade de L (trabalho),
T (terra) ou K (capital), ou seja, o montante de bem adicional produzido, multiplicado pela
receita marginal desse montante adicional de bem. O ó ptimo dar-se-á quando existir igualdade
entre os dois lados, ou seja, preço do factor, por exemplo salá rio, for igual ao produto da receita
marginal física do trabalho.
Regra óptima de distribuição: Garante a eficiência. Consiste em igualar o preço do factor à sua
produtividade marginal.
Terra:
Renda económica pura: Acontece em todos os recursos ou bens em que a oferta é
perfeitamente rígida. Por exemplo, a oferta de quadros de um pintor morto; a oferta de génios
(Einstein só há um tal como Pelé ou Beethoven). Nestes casos, quem vende está completamente
à mercê da procura para definir o preço. À remuneraçã o destes bens chama-se renda econó mica
pura. É uma renda porque se todos os compradores combinarem entre si, podem descer até
zero o preço, nã o podendo a oferta fazer nada senã o continuar a oferecer a mesma quantidade.
Trabalho: Ao contrá rio da terra e do capital, compostos por coisas, o trabalho é composto por pessoas.
Efeito substituição e efeito rendimento: estudamos anteriormente.
Capital:
Capital físico: Consiste no factor produtivo propriamente dito: todos os instrumentos de
produçã o que sã o utilizados no processo, distinguindo-se três tipos de capital físico:
- as estruturas (edifícios onde se faz a produçã o, os sistemas de abastecimento de á gua
ou energia)
- equipamento (má quinas e outros instrumentos de produçã o)
- stocks (formados pelo armazenamento de matérias-primas ou produto acabado, para
uso futuro)
2. Pobreza e Equidade:
Tipos de pobreza: Da má distribuiçã o nasce a pobreza que pode ser dividida em 4 tipos:
1º tipo de pobreza => subdesenvolvimento em que o total da produçã o da economia (o bolo
global) é demasiado pequeno para dar uma quantidade satisfató ria a todos. Prevalece nos
chamados países do «terceiro mundo».
2º tipo de pobreza resulta de choques e perturbaçõ es que a economia sofre (flutuaçã o
econó mica) afectando certos estratos da economia menos favorecida. A flutuaçã o econó mica é a
causadora do aumento da pobreza verificado em períodos de crise e depressã o.
3º tipo de pobreza resulta de uma má distribuiçã o do bolo global e só nasceu quando depois da
Revoluçã o Industrial algumas economias modernas resolveram o problema anterior de
subdesenvolvimento cró nico. Aqui, a pobreza liga-se à equidade já que a pobreza resulta de uma
desigualdade de acesso aos bens produzidos, causada por desigualdades sociais e econó micas.
4º tipo de pobreza aparece mesmo quando uma sociedade resolveu, em boa parte, os seus
problemas de desenvolvimento, estabilidade e distribuiçã o. Sã o situaçõ es de pobreza,
marginalizaçã o e isolamento que resultam de «doenças» pessoais e sociais.
Círculo vicioso da pobreza: É uma constataçã o que a pobreza tem características cumulativas
de circuito vicioso.
Armadilha da pobreza: As vá rias causas de um certo estado de pobreza constituem uma
armadilha da pobreza.
Estratégias da solução: A distribuiçã o de transferências directas (esmolas, programas directos
de combate à pobreza) para os mais pobres foi o grande falhanço nas estratégias contra a
pobreza. O fiasco deveu-se ao facto dessa política dirigir-se mais à s manifestaçõ es do que à s
causas da situaçã o. Estas transferências directas só se justificam para casos e situaçõ es especiais
onde a pobreza é de natureza transitó ria. Exs: calamidades (secas, terramotos, guerras) ou
situaçõ es pessoais de dependência (doentes, crianças, velhos). As transferências directas podem
acompanhar outras estratégias de combate ao problema. A redistribuiçã o directa dos factores
produtivos actua mais concretamente no 3º tipo de pobreza. A má distribuiçã o da terra e do
capital está normalmente na origem da desigualdade e consequentemente da pobreza. Por
forma a resolver o problema de modo mais natural e economicamente mais directo recorre-se a
políticas de redistribuiçã o de activos (reforma agrá ria, confiscaçã o e nacionalizaçã o de capital).
Estabilização e desenvolvimento: Sã o meios importantes de combate à pobreza.
Definições do conceito de igualdade: Há pelo menos três:
- igualdade de direitos políticos, que consiste na eliminaçã o das discriminaçõ es. Esta igualdade
realiza-se na sociedade democrá tica.
- igualdade de direitos econó micos, que consiste na necessidade de toda a gente partir da
mesma situaçã o com iguais regras de jogo.
- igualdade de resultados econó micos, que se atinge quando toda a gente se encontra sempre na
mesma situaçã o econó mica.
Eficiência e equidade: A maior parte dos autores fala de conflito entre a eficiência e a
equidade. Tem-se verificado que se o bolo é mais bem distribuído, fica mais pequeno. Mas se o
mercado funciona bem o conflito é muito pequeno
Teorema de Caose: Supondo que uma pessoa é dona de todos os factores. Se é racional
vai afectar cada factor de forma a que o benefício marginal do uso de cada factor em cada
produto seja igual em todos os produtos. Porém, se os factores produtivos forem distribuídos
por muitos e nã o houver custos de negociaçã o entre as pessoas, e como todos sã o racionais, a
afectaçã o final de valores vai ser exactamente igual à anterior. Eis aqui a aplicaçã o do Teorema
de Coase.
B) CICLOS ECONÓMICOS
1. Abordagens ao Problema:
Este capítulo e seguintes trata dos problemas relativos ao conflito estabilidade-desenvolvimento. Este
conflito tem como razã o essencial o facto do desenvolvimento econó mico consistir no aparecimento de
novas ideias, que desafiam as estabelecidas. Uma economia muito dinâ mica nã o pode ser está vel. Mas a
estabilidade é um valor em si. As perturbaçõ es reduzem a confiança, limitam as transacçõ es, turvam os
preços como mecanismo de afectaçã o. Os problemas de desemprego, inflaçã o, insegurança de
investimentos, risco nas transacçõ es, estã o estreitamente ligados à instabilidade. Daqui nasce o conflito:
só é possível conseguir a estabilidade sacrificando o desenvolvimento e o desenvolvimento sacrificando
a estabilidade. Este conflito é essencialmente um fenó meno de curto prazo tendo como exemplo o
Medição Económica:
Aproximação do preço à utilidade média: Desde a primá ria, toda a gente sabe que nã o se
podem somar bananas com laranjas. Os nú meros para poderem ser adicionados devem estar
definidos nas mesmas unidades. Ora, o que se pede ao calcular os agregados econó micos e
exactamente que se somem as banas, as laranjas e todos as outras frutas com os produtos
metalú rgicos, bancá rios e artísticos. Como nã o os podemos somar directamente, temos um
problema. O que se pretende medir é a utilidade total. Bastava saber a utilidade média de cada
produto, multiplicar pela quantidade consumida desse produto e somar para todos os produtos.
Assim, o produto da utilidade média pela quantidade seria igual à utilidade total. Porém, nã o
conseguimos que ninguém nos diga qual a utilidade média de um bem, quanto mais conseguir a
utilidade média de toda a sociedade. Em vez da utilidade média, há outra coisa que se aproxima:
o preço. O preço é medido numa unidade clara: a moeda, que, aliá s, foi criada exactamente para
ser a medida de valor. Por outro lado, o preço, toda a gente o sabe, pois é divulgado pelo
mercado. Para além disso, o preço, embora nã o seja igual à utilidade média, está relacionado
com ela. É uma aproximaçã o daquela, mas uma má aproximaçã o.
Razões pelas quais os indicadores agregados são um mau indicador de utilidade:
- o preço, no mercado concorrencial, é uma aproximaçã o da utilidade marginal e nã o da
utilidade média, significando que ao medir a utilidade pelo preço, fica de fora o excedente do
consumidor, que nã o passa pelo mercado.
- O preço só é aproximaçã o da utilidade marginal se os mercados funcionarem bem, sem
externalidade, intervençõ es estatais, monopó lios, etc.
- Nã o englobam bens como o ar que respiramos, uma paisagem, cuja utilidade média é alta mas
a marginal é nula.
- Nã o mede adequadamente o valor dos bens que nã o sã o transaccionados no mercado e por
isso nã o têm preço, como o amor ou a amizade.
Produto real e produto nominal: A diferença entre produto real e produto nominal é que os
mesmos produtos calculados a preço do mesmo ano (preços correntes) dã o o valor do «produto
corrente ou nominal». Se usarmos os mesmos preços, apenas variando as quantidades temos o
«produto real».
Deflator Ao aumento de volume e ao aumento dos preços provocando uma variaçã o dos preços
chama-se variaçã o do deflator ou deflacionador do produto.
A) Produto:
Produto nacional: Verificando o fluxo à saída das empresas, mede-se o montante de bens
produzidos, a que se chama produto nacional – a soma dos bens realizados e comprados.
Valor acrescentado: É aquilo que o produto vale, no momento da venda, a mais do que valiam
as suas partes componentes que a empresa comprou, já produzidas.
B) Despesa:
Despesa nacional: Na despesa nacional contrariamente ao produto nacional, só interessa ver a
despesa em bens finais. A grande diferença entre esta forma de ver e a anterior é que agora
identificamos os sítios para onde vã o os produtos e nã o de onde vêm. Normalmente, separa-se a
despesa por tipo de utilizaçã o: consumo ou investimento e dentro do consumo se é:
- consumo pú blico (do Governo)
- consumo privado (das famílias)
e se existem relaçõ es com o estrangeiro (exportaçõ es) se vendemos, e se compramos
(importaçõ es). A expressã o será :
D = C + G + I + E - Im
C) Rendimento:
Rendimento nacional: A terceira forma de medir o mesmo fluxo é fazê-lo no lado do mercado
dos factores (terra, trabalho e capital). O rendimento nacional vem dividido em vá rios
pagamentos conforme o factor que é remunerado:
Salá rios (w) => trabalho
Rendas (Re) => terra
Juros (J) e Lucros (L) => capital
Temos entã o a seguinte expressã o: R = W + Re + J + L
Depreciação do capital: Houve uma coisa gasta para produzir os bens e que nã o foi
considerada: o gasto das má quinas. Na prá tica, nó s nã o pagamos isso mas daqui a uns anos a
má quina deixa de funcionar e entã o, de uma só vez, temos de pagar tudo. Logo, em cada ano
devíamos calcular o valor que gastá mos do capital neste ano e que se chama: amortizaçã o,
depreciaçã o ou reposiçã o do capital.
Transferências: Quando os rendimentos sã o entregues aos que os ganharam (e até antes) há
logo perturbaçõ es. Impostos, subsídios, ofertas, movimentos de dinheiro que nada têm a ver
com o pagamento dos factores mas que no fim determinam quem fica com o dinheiro => sã o as
transferências.
Poupança e riqueza: Há que distinguir entre rendimento e riqueza. Rendimento é um fluxo
enquanto a riqueza é um stock, resultado da acumulaçã o de tudo aquilo que o país foi juntando
por sucessivas poupanças e é composto pela moeda, pela propriedade (terras, quadros,
má quinas) e os títulos financeiros (acçõ es, obrigaçõ es, etc).
A) Amostragem:
Como é impossível atender a todas as situaçõ es, medem-se algumas e depois usam-se métodos
especiais que nos permitem avaliar todas as situaçõ es. Assim se fazem as previsõ es eleitorais, os
ensaios de medicamentos ou os testes de qualidade nas fá bricas: escolhe-se uma amostra, analisa-se o
problema nesse campo e depois a conclusã o é extrapolada (cientificamente) para o universo.
A forma de extrapolar da amostra para o universo baseia-se na «teoria estatística», a qual exige que a
amostra seja «aleató ria», isto é, perfeitamente ao acaso.
B) Medidas de localização:
Mas mesmo a informaçã o reduzida de uma amostra é demasiado para nó s. Uma vez obtida a amostra,
queremos ter informaçã o mais concreta. Para isso, a teoria estatística utiliza as medidas de localizaçã o:
Média: A mais usada, que é a construçã o aritmética feita sobre os valores da distribuiçã o;
Moda: Que representa o valor mais vezes observado;
Mediana: É a observaçã o do meio, aquela em que tem tantos valores observados acima como
abaixo
Distribuição «Normal»: Ver p. 267. Esta distribuiçã o representa o caso mais comum: um valor
normal à volta do qual está a maioria dos casos. Nesta distribuiçã o, a moda, a média e a mediana
têm o mesmo valor, o que está a meio, nã o fazendo diferença qual das 3 medidas usar. Porém, há
muitos casos em que a distribuiçã o nã o é normal (ver ex. sapatos).
C) Medidas de dispersão: Nã o basta ter uma ideia de «à volta de quanto anda o problema». É
fundamental ter também ideia de qual o grau de confiança que se pode ter nessa informaçã o (ver p.
268).
D) Informação errónea: Um dos erros (ou manipulaçã o) mais frequentes na interpretaçã o das
estatísticas, e um dos mais difíceis de evitar dá-se quando a informaçã o que se fornece é verdadeira,
está relacionada com a conclusã o mas nã o é a informaçã o relevante para a conclusã o.
Ex: a oposiçã o centra-se no ú ltimo período de expansã o e o Governo escolhe o fundo da ú ltima crise,
para que o momento actual pareça pior ou melhor do que é.
F) Representação errónea: Um dos meios mais fáceis de dar uma ideia errada de um nú mero é
representá -lo num grá fico. Um grá fico é uma das formas mais simples de sugerir uma interpretaçã o
errada das estatísticas. Ver pp. 270 e 271.
G) Conclusões: È essencial ter muita atençã o quando um nú mero é invocado para suportar um
argumento. A maior parte das pessoas confia instintivamente, quando uma estatística é invocada É bom
fazer as seguintes perguntas:
Quem diz? / Como é que ele sabe? / O que é que falta? / Será que alguém mudou o assunto? / Será que
faz sentido?
2. O Equilíbrio Económico Global:
O equilíbrio geral walrasiano: Até agora as análises feitas eram de equilíbrio parcial (discutia-se um
consumidor ou um produto como se as suas escolhas nã o afectassem os preços, discutia-se um mercado
como se o que se passava no outro nã o o afectasse). O truque estava em dizer que o agente que
analisá vamos (o consumidor, a empresa, o mercado) era muito pequeno, pelo que nã o afectava quase
nada. Mas afecta sempre, porque em Economia tudo tem a ver com tudo. Ao entrar na aná lise global,
temos o equilíbrio geral walrasiano que significa determinar simultaneamente o vector de preços (de
todos os bens e factores) que equilibram todos os mercados. Assim, se um mercado está em
desequilíbrio, a sua influência sobre os outros vai fazer com que os outros mercados, possivelmente
também fiquem em desequilíbrio. Quem conseguiu pela primeira vez esta aná lise global foi Léon
Walras.
Economia de Robinson Crusoé: O Robinson Crusoe, sozinho na ilha. Ele, no fundo, só tem um
problema econó mico: escolher descansar ou trabalhar. A inclinaçã o desta curva de indiferença e a taxa
marginal de substituição de descanso por cocos. A inclinaçã o desta curva e a produtividade
marginal do trabalho. Repare-se que, nesta economia muito simples, a produtividade marginal do
trabalho equivale a taxa marginal de transformação.
O preço relativo do descanso face aos cocos é a produtividade marginal do trabalho.
este foi um choque produtivo. Este modelo considera consumidores e produtores em 2 bens ao mesmo
tempo (produto e lazer).
A Economia com crédito: Aqui será introduzido o tempo, nã o um, mas dois períodos de tempo (hoje e
amanhã ). Ao introduzir dois períodos de tempo, o aspecto essencial passa a ser que todas as grandezas
econó micas têm agora de ter um índice temporal. A razã o é que agora, bens iguais em períodos
diferentes, sã o diferentes (batatas hoje sã o diferentes de batatas amanhã ).
Para transportar consumo de hoje para amanhã e vice-versa nã o guardando fisicamente o bem, criou-se
um título (um papelinho que se compra hoje por uma unidade e que amanhã rende uma unidade mais
juro). O aparecimento deste título permite a transacçã o através do tempo. O título é a ú nica coisa que
passa de um período de tempo para outro. Tudo o resto (consumo, trabalho, etc) desaparece. Paga-se
para consumir já e recebe-se se se estiver disposto a adiar. A taxa de juro é o preço do tempo ou o ganho
da poupança.
Condições de consistência agregativa: É outro dos aspectos que nascem da economia global.
Sã o factos que se revelam por se estar agora a tratar do todo:
- para cada pessoa que empresta há uma que pede emprestado
- nã o se podem guardar bens para o ano seguinte, produzindo hoje e consumindo amanhã .
A nível individual esta situaçã o nã o se verifica.
Taxa marginal de substituição inter-temporal: Transferência de consumo de hoje para
amanhã .
Teorema da separabilidade de Fisher: Devido à existência de um mercado de crédito,
qualquer que seja a distribuiçã o temporal dos rendimentos, o ponto de consumo é sempre o
mesmo para as mesmas referências e riqueza. O mercado de créditos permite separar as
decisõ es de trabalhar (ganhar dinheiro) das decisõ es de consumir.
Efeito de substituição inter-temporal: Uma alteraçã o na taxa de juro tem este efeito.
A) Choque temporário: Suponhamos que é uma descida temporá ria (mau ano agrícola). Neste caso a
descida é só neste ano. Resultado: ver p. 290
B) Choque permanente: Suponhamos que é uma descida permanente (choque de petró leo). Nesse
caso, a descida é nos 2 anos. Resultado: ver p. 291
A Economia como moeda: Aqui introduz-se a moeda. Já se viu na teoria monetá ria que se houver
estratégias do Banco Central na actuaçã o dos bancos por forma a modificar o montante de moeda em
circulaçã o (moedas, notas, depó sitos), altera-se a oferta de moeda. Se variar o produto, os preços, a taxa
de juro nominal, varia a procura de moeda.
Condições de consistência agregativa: Sã o agora três:
- total de títulos disponíveis é zero (para cada pessoa que empresta há uma que pede
emprestado);
- no mercado dos bens nã o se podem guardar bens para o ano seguinte e só se pode comer o que
existe.
- A moeda nã o cai do céu.
A) Choque na produção:
Cada perturbaçã o pode ser decomposta em:
Choque do petró leo mau ano agrícola;
Efeito substituiçã o Efeito substituiçã o;
Efeito rendimento Efeito rendimento;
Efeito riqueza;
Efeito substituiçã o inter-temporal;
Com a introduçã o da moeda e a descida do produto, isso tem o efeito de descer a procura de
moeda, dando como resultado final uma subida de preços => esta é a histó ria dos choques
de petró leo ligados à inflaçã o.
Inflação: Trata-se de uma elevaçã o do nível dos preços, mas que inclui como características essenciais a
sustentabilidade e generalidade desse fenó meno. Uma subida de preços só pode ser caracterizada como
inflaçã o se ela for continuada e permanente e se simultaneamente, for um fenó meno verificado na
maior parte dos produtos.
Inflação inercial: É o facto frequente de em economias que sofreram fortes e longos processos
de inflaçã o, mesmo quando se reduz ou elimina o fluxo de nova moeda na economia, esta se
manter durante algum tempo.
Expectativas de inflação: Deve-se ao facto de as pessoas e instituiçõ es, habituadas à situaçã o
de crescimento continuado de preços, terem dificuldade em se adaptar à nova situaçã o de
estabilidade de preços. Aqui reside a dificuldade em controlar as expectativas da inflaçã o.
Curva de Philips: Relaçã o entre inflaçã o e desemprego. Segundo esta curva, existia uma relaçã o
inversa entre o nível de desemprego e a taxa de inflaçã o. Segundo ela, níveis altos de inflaçã o
estavam ligados a baixo emprego.
Despesa pública: Todas as despesas do Estado em bens e serviços (incluindo o vencimento dos
funcioná rios pú blicos).
B) Lado da oferta: O lado da oferta, para Keynes, era muito simples. A economia encontrava-
se abaixo da curva de possibilidade de produçã o, num uso deficiente dos recursos
disponíveis: havia desemprego. O salá rio nã o sobe se aumentar a procura, porque os
desempregados sã o muitos e estã o todos dispostos a trabalhar. Repare-se que isso quer
C) Equilíbrio Keynesiano:
Ponto de equilíbrio: Por exemplo, supondo que por cada escudo recebido, o consumo é menor que
esse escudo. Neste caso, só há um ponto de igualdade entre a procura e a oferta. É nesta estrutura
geral de desequilíbrio que Keynes chama o ponto de equilíbrio. Este «equilíbrio keynesiano» nasce
numa estrutura que é de desequilíbrio e de irracionalidade, tendo um significado muito diferente de
qualquer equilíbrio estudado até agora. Neste caso, equilíbrio significa que, nesse ponto, a procura
total (causada por esse nível de rendimento) é igual à oferta total.
Mecanismo de ajustamento: Se a oferta for maior que Y*, as empresas que conseguem vender e
vã o acumulando stock de bens invendá veis. O que elas vã o ser obrigadas a fazer é reduzir a
produçã o. Se a produçã o for pouca, haverá excesso de pressã o sobre os stocks, e as empresas sã o
levadas a produzir mais. Assim, se tende para o ponto de equilíbrio.
Ponto pleno de emprego: Embora o ponto Y* seja o ponto de equilíbrio, nada obriga a que este
ponto seja o ponto pleno de emprego, podendo a economia manter-se durante muito tempo, de
forma está vel e sustentada, numa situaçã o de desemprego. Ver p. 324.
c) Efeito da taxa de juro na procura: Visto que a taxa de juro pode ser tomada como o preço
ou, mais exactamente, o custo de oportunidade de um investimento, ao subir a taxa de juro
desce o investimento e o consumo. Este raciocínio reside na hipó tese de que a taxa de juro é o
custo do empréstimo que quem quer investir tem de fazer. O juro é o custo para quem investe
ou compra a crédito, mas é o ganho para quem poupa e empresta.
F) Choques na Economia: No modelo de equilíbrio geral, parte-se do princípio que a economia
funciona bem, com os agentes a tomarem decisõ es racionais e os mercados com tendência para
equilibrarem. No modelo keynesiano, a economia funciona mal. Os agentes sã o irracionais e os
mercados sã o rígidos. Esta diferença de atitude é essencial para compreender as diferenças dos
dois modelos.
a) Choques na produção: Estes choques que tento efeito tinham no modelo bá sico, pouco ou
nada representam. Dado que existe excesso de capacidade e estamos abaixo da funçã o
produçã o, alteraçõ es nessa funçã o nã o têm impacto no ponto equilíbrio.
b) Política monetária: Para ver a reacçã o, consideremos a subida no stock da moeda,
aumentando assim a oferta da moeda. Situaçã o final: aumento do produto, do consumo e do
investimento é descida da taxa de juro. Este efeito é muito diferente do obtido no modelo de
equilíbrio geral, onde o aumento da oferta da moeda tinha apenas um efeito inflacionista sobre
os preços.
c) Aumento dos gastos financiados por dívida: Aqui, o resultado é mais parecido com o do
modelo de equilíbrio, embora o mecanismo que gera esse resultado seja muito diferente. O
impacto imediato da subida dos gastos é uma subida da despesa nacional que, depois, vai
aumentar ainda mais, devido ao efeito multiplicador.
d) Aumento dos gastos financiados por impostos: A subida dos gastos faz subir a despesa, o
que aumenta o produto pelo multiplicador. Por outro lado, desce o consumo, por aumento dos
impostos, o que também tem um efeito multiplicador, mas no sentido contrá rio, a descer. Qual o
efeito total? O efeito líquido da subida dos gastos e dos impostos sobre a despesa é dominado
pelo primeiro efeito. Logo, há uma subida da despesa, mas muito menor que a dos gastos =>
Teorema Haavelmo. Ver resto na p. 334.
e) Aumento dos gastos financiado por emissão de moeda: A parte inicial do efeito deste
choque é muito parecida com a dos dois casos anteriores: a subida dos gastos faz subir a
despesa, o que aumenta o produto pelo multiplicador. Ver resto na p. 334.
Política orçamental: quando a economia nã o se encontra numa situaçã o de equilíbrio, mas sim num
estado de depressã o, o Governo pode usar os seus gastos ou os impostos para manipular a situaçã o
econó mica.
O papel do Estado: É a questã o fundamental de política econó mica, na segunda metade do séc. XX.
C) INTERDEPENDÊNCIA MUNDIAL
A maior partes das sociedades de hoje sã o economia abertas porque sã o economias que têm relaçõ es
com o resto do Mundo. Nã o existem grandes diferenças entre relaçõ es internas e internacionais: a
grande diferença entre elas reside no facto de estas ú ltimas se verificarem entre sistemas econó micos
diferentes. E a grande diferença entre sistemas situa-se no Estado. Cada país tem um Estado soberano e,
embora as empresas e consumidores se comportem de forma paralela, esta diferença traz grandes
implicaçõ es econó micas. A fronteira política pode ser, de facto, uma certa barreira econó mica: é mais
fá cil emigrar para Lisboa do que para Paris; é mais fácil e seguro vender para Braga do que para Sevilha,
ainda que esta ú ltima esteja mais perto.
1. A BALANÇA DE PAGAMENTOS
É o registo de todos os fluxos econó micos que se fazem através da fronteira, ou seja, das relaçõ es
econó micas da sociedade com o exterior. A balança de pagamentos está dividida em contas ou balança:
Principais contas da balança de pagamentos:
o Balança de mercadoria ou balança comercial: regista as exportaçõ es ou vendas (+,
crédito) e importaçõ es ou compras (-, débito) de mercadorias;
o Balança de serviços: regista as exportaçõ es ou vendas ao estrangeiro (+, crédito) e
importaçõ es ou compras (-, débito) de serviços, ou seja, de transportes, turismo, etc.
o Balança de rendimentos: regista o pagamento de salá rios, juros, rendas que os nossos
trabalhadores e investidores recebem dos estrangeiros (+) e os nossos pagamentos a
trabalhadores, investidores estrangeiros (-);
o Balança de transferências unilaterais: ofertas de dinheiro feitas por eles a nó s (+) e nó s
por eles (-). O total algébrico destas quatro balanças chama-se Balança Corrente
(transacçõ es de bens, serviços e remuneraçõ es de facturas realizadas neste período e
com efeitos também neste período).
o Balança de capitais: entrada de dinheiro no nosso país (+, crédito). Por exemplo,
investimento em Portugal feito por estrangeiros, e as saídas de dinheiro como (+,débito)
A balança de capitais normalmente divide-se em:
Balança capitais de médio e longo prazo Balança capitais de curto prazo:
(investimentos, compra acçõ es, empréstimos a Empréstimos a menos de um ano
mais de um ano);
Balança bá sica: é o total (algébrico) da Balança Corrente com a Balança Capitais
a Médio e Longo prazo, visto que, regista as transacçõ es que têm a ver com os
movimentos normais da economia.
Balança Operaçõ es Nã o Monetá rias: é o total (algébrico) da Balança Corrente
com a Balança Capitais. Se a BONM for positiva é porque depois de todas as
operaçõ es feitas entrou mais dinheiro do que saíu. Se a BONM for negativa quer
dizer o inverso.
Operaçõ es Monetá rias ou Variaçã o de Reservas: têm como finalidade compensar
o resultado das outras transacçõ es. Assim, se aumentarem as reservas, regista-se
a subtrair (débito); se diminuírem regista-se a somar (crédito).
Principais movimentos:
Cada movimento, pela regra das partidas dobradas, regista-se sempre duas vezes e com sinais
contrá rios (um crédito e um débito).
Ex:
Exportação => crédito na Balança Corrente e débito na Balança Reservas se o pagamento for em
dinheiro; débito na Balança Capitais de Curto Prazos e for recebida uma letra.
Importação => débito na Balança Corrente e crédito na Balança Reservas;
Remessa de Emigrantes => crédito na Balança Transferências Unilaterais e débito nas reservas dos
bancos;
Investimento de Portugal no estrangeiro => débito na Balança Capitais a Médio e Longo Prazo e
crédito nas reservas dos bancos.
2. O COMÉRCIO INTERNACIONAL:
Razões associadas à troca: Por quê a razã o da troca? Porque as pessoas (os países) nã o sã o iguais
e ganham em bem-estar e utilidade se trocarem. Numa troca, os dois lados ganham.
Ganhos e perdas com o comércio internacional:
No país que exporta: ganham os produtores (que produzem mais e mais caro) e perdem os
consumidores (que têm menos quantidade e mais caro para consumir).
No país que importa: ganham os consumidores (que têm mais e mais barato para consumir) e
perdem os produtores (que produzem menos e mais barato). Em cada país, a troca faz com que
haja mais ganho que perda e, por isso, é sempre possível que os ganhos indemnizem os que
perdem, ainda lhes sobrando alguma coisa dos seus ganhos. Uma vez que se vê que numa troca
os dois lados ganham, se isso for feito, ninguém fica pior e há alguns que ficam melhor, ou seja,
houve melhoria de Pareto.
Vantagem comparativa:
Será que a existência de troca internacional nã o sugere a ideia de que o país poderoso vende tudo, fica
rico e o país pobre, nã o lhe consegue vender nada, compra-lhe tudo e fica expoliado? Nã o será melhor o
país pequeno e pobre proteger-se e produzir internamente o que consome? Esta ideia é um dos erros
mais antigos e persistentes da Economia e que David Ricardo veio resolver num dos seus teoremas com
a ideia de vantagem comparativa. Esta significa que mesmo que um país fosse mais eficiente que os
outros em todas as produçõ es, teria ainda interesse em trocar com os outros, tal como um país que
fosse eficiente em tudo.
Política comercial:
Proteccionismo (e quotas): Apesar dos economistas sempre terem dito, baseado nas ideias de
Ricardo, que o comércio é vantajoso para todos, houve sempre quem defendesse que o país se
devia proteger da concorrência estrangeira. Esta foi uma das principais razõ es para os países
instituírem fronteiras, que facilitam o controle dos movimentos externos. Ao longo dos tempos,
apareceram muitas formas de «proteger» o país contra a invasã o de produtos externos:
Tarifas: Cobrança de tarifas ou direitos aduaneiros impostos sobre os produtos importados,
que por isso, lhes sobem o preço, tornando-os menos apetecíveis ao consumidor.
Quotas: Colocaçã o de quotas ou contingentes que fixam quantidades má ximas de importaçã o;
Justificações:
o Motivos não económicos: Segundo esta linha de raciocínio, é preciso colocar barreiras
para proteger esta indú stria, devido a razõ es nã o econó micas (defesa, cultura nacional,
etc) que se sobrepõ em à eficiência.
o Motivos económicos inválidos:
Produzir e comprar internamente é bom porque acumula reservas e poupa
moeda estrangeira (divisas) – esta é a ideia mercantilista;
Temos de proteger os produtores nacionais deste sector da concorrência
externa;
Temos de evitar a concorrência do trabalhador estrangeiro barato;
Retaliaçã o: nó s somos pelo comércio livre, e se os outros o praticassem nó s
eliminaríamos as nossas barreiras mas como os outros países se protegem, é
justo que nó s o façamos.
o Motivos económicos dinâmicos:
Tarifa óptima: Se um país tem grau de monopó lio, i.e., se é um país grande
relativamente a certo mercado, a distorçã o que o monopó lio introduz pode
justificar uma nova distorçã o que é a tarifa;
Indústria nascente Pô r a barreira para proteger e ajudar uma indú stria que
acaba de se fundar e, que, por isso, tem dificuldades em concorrer com as
empresas estrangeiras mais experientes.
Redução de desemprego: Dado que a economia se encontra distorcida e há
desemprego, a nova distorçã o das barreiras pode melhorar a situaçã o. Proteger
a indú stria é uma maneira de reduzir o desemprego, pois faz subir as
exportaçõ es e reduzir as importaçõ es.
3. OS MOVIMENTOS DE CAPITAIS:
Representação das curvas da oferta e da procura de crédito: Deixando a balança comercial,
passamos para a balança de capitais. O raciocínio aqui e muito parecido com o anterior, pois
aquilo que se passa no mercado dos bens também se passa no mercado financeiro. As pessoas
que querem emprestar ou pedir emprestado nao precisam de se limitar ao mercado interno e
podem aceder as bolsas estrangeiras, aos mercados financeiros internacionais.
A abertura da economia tem vá rios efeitos sobre a eficiência das políticas econó micas. Aqui será
analisado um caso particular (existem muitos outros) que é o de uma economia que se integra com
outras, fixando a taxa de câmbio como é o exemplo da Uniã o Econó mica e Monetá ria da UE.
Igualdades num mercado livre em bens e capital: Vimos que a ligaçã o internacional tendia a
igualar os preços (pelo comércio internacional) e a taxa de juro. Na altura, nã o foi considerada a
existência de moedas diferentes e a consequente flutuaçã o cambial. O mercado livre em bens e
capitais causa o aparecimento das igualdades.
D) DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO:
2. A História do Desenvolvimento:
Evolução histórica do processo de desenvolvimento económico: Desde o início dos tempos
até meados do séc. XVIII, o Planeta nã o experimentara qualquer processo sustentado de
crescimento econó mico. Na maior parte das épocas e regiõ es, o aumento da produçã o seguira,
em geral, os acréscimos de populaçã o, mantendo aproximadamente o produto médio per capita.
Até 1750, nunca se verificara algum período de subida sustentada do nível de produto per
capita. Até aí, a humanidade tinha conseguido um nível de vida está vel, mas baixo. Porém, o
começo da Revoluçã o Industrial na Grã-Bretanha, foi o detonador de um processo que viria a
mudar a face do nosso planeta: o processo de desenvolvimento econó mico. O primeiro efeito foi
o aumento espantoso da populaçã o mundial. Tendo mais recursos, houve reduçã o da taxa de
mortalidade. Além do aumento da populaçã o, verificou-se também um aumento rá pido do nível
de vida médio das pessoas. O séc. XIX assistiu à expansã o internacional do desenvolvimento. Os
vizinhos da Grã -Bretanha começaram a copiar as experiências que aí se faziam e que eram tã o
bem sucedidas. Apesar dos conflitos políticos e militares, o séc. XIX assistiu a um lento mas
só lido despoletar do crescimento moderno do continente europeu. Também nas zonas
ultramarinas para onde a sociedade britâ nica foi transplantada (América do Norte, Austrá lia) o
desenvolvimento propagou-se. O processo mostrou-se assim contagioso e auto-sustentado.
Todavia, no resto do Mundo, a histó ria é feita do domínio colonial até ao fim da II Guerra
Mundial.
- América Latina foi talvez a zona extra-europeia onde a expansã o do desenvolvimento
teve maior impacto inicial;
- Á sia: a relaçã o colonial revelou o má ximo de variedade do seu espectro – desde
impenetrabilidade quase total no Japã o até ao domínio imperial mais acabado como na
Índia.
- Á frica foi a mais desanimante das experiências. Devido à s suas características
peculiares (civilizaçõ es mais fechadas e diferentes da ocidental), o continente africano
seria o que maiores obstá culos apresentariam à penetraçã o do fenó meno do
desenvolvimento.
A Guerra de 1914-18 interrompeu o processo de desenvolvimento, alterando o equilíbrio
permanente. No fim da I Guerra Mundial, o quadro político apresentava-se extremamente
instá vel. Para essa instabilidade contribuiu as fortes indemnizaçõ es de guerra exigidas aos
A inflaçã o da década de 70 teve outro efeito inesperado devido ao erro de ajustamento da crise
de 73 – como os preços de todos os produtos subiram, os preços do petró leo deixaram de estar
acima dos outros, ficando o petró leo de novo mais barato. Daqui resultou o segundo choque do
petró leo em 1980. Desta vez, a atitude geral dos países seria muito diferente. Recusando visõ es
keynesianas, as autoridades econó micas dos países industriais enfrentaram decididamente os
problemas da inflaçã o, travando a procura. Esta opçã o repercute-se nos países pobres que
sofreram com a queda das importaçõ es dos ricos, deflagrando a crise da dívida. Por exemplo, os
países da América Latina, a braços com a dívida externa, tinham também hiperinflaçã o. Pela
mesma altura, Israel e Bolívia conseguem eliminar as suas hiperinflaçõ es.
Entretanto, na URSS dá -se uma abertura política com Gorbatchev que iniciou uma política de
abertura (Glasnost) e de reformas (Perestroika) com poucos efeitos econó micos mas que liberta
os países de Leste, em 1989, e desmantela a URSS em 1991.
A viragem do milénio foi marcada por uma abertura econó mica mundial sem precedentes.
A «globalizaçã o» e a «nova economia», baseadas num clima internacional de paz e diálogo, numa
legislaçã o de liberalizaçã o e em novas tecnologias de comunicaçã o, traz promessas de progresso
e justiça, trazendo também medos e incertezas.
3. A Teoria do Desenvolvimento:
Em que consiste o desenvolvimento?
Ele traz consigo um alargamento do leque das escolhas. É possível fazer coisas muito melhores que
antes, mas também é possível fazer coisas muito piores que antes. Por exemplo, o desenvolvimento
trouxe consigo potencialidades enormes de progresso no bem-estar das populaçõ es, grandes
possibilidades de curas das doenças, etc. Mas, simultaneamente, deu ao homem um potencial de
destruiçã o nunca antes sonhado. Assim, com o desenvolvimento, o homem viu-se capaz de fazer muito
melhor, mas também muito pior do que antes. Trouxe, deste modo, uma melhoria das condiçõ es de vida
e um aumento do risco. Estes sã o os dois aspectos insepará veis.
Atitudes face ao desenvolvimento: A ú nica visã o correcta face ao desenvolvimento é a que
compreende que as duas características do desenvolvimento sã o insepará veis, e que só há
progresso se se aceitar correr os riscos inerentes.
Características do desenvolvimento: O desenvolvimento tem três características
fundamentais:
1) o processo de desenvolvimento é um processo civilizacional completo 2) o processo
de desenvolvimento é muito caro, quer em termos econó micos, quer em termos sociais;
3) o processo de desenvolvimento, devido à s enormes transformaçõ es referidas e ao seu
elevado custo , gera sérios conflitos na sociedade. Resumindo, só uma sociedade unida,
em todas as suas dimensõ es, empenhada em enfrentar os custos do progresso, flexível
para ultrapassar os conflitos que dele nascem, e consciente das vantagens e dos riscos do
desenvolvimento, pode conseguir desenvolver-se.
Mitos e burlas:
Mito de Robin Hood: centra-se na ideia de que o fim da pobreza se obtém «roubando aos ricos para
dar aos pobres». Isto resulta do facto de os pobres serem pobres porque há ricos. Esta ideia, como se viu
é errada. A soluçã o para a pobreza nã o é a melhor distribuiçã o do bolo, mas sim o aumento do bolo a
distribuir: o desenvolvimento.
Mito de James Bond: assume que existe uma pessoa ou um grupo de pessoas que se reú ne
(misteriosamente) e controlam a economia mundial, falando-se assim de conspiraçã o capitalista,
comunista, judaica ou qualquer outra. Ora a economia mundial é muito grande para ser controlada por
alguns países ou grupos. Os países ricos, que supostamente controlam a economia mundial, estã o
doentes, com défices e outros problemas. O mundo é demasiado grande para ser controlado pelo
homem.
Burla do Terceiro Mundo: a ideia de que seria possível juntar os países pobres num «Terceiro Estado»
que liderasse a revoluçã o mundial. Esta esperança esfumou-se perante a crise mundial da década de 70.
Esta, mostrou que os países pobres sã o muito diferentes, com interesses por vezes antagó nicos e, por
isso, incapazes de acçã o concertada.
Burla da «Terceira Via»: muitos iluminados tentaram apregoar a existência de uma via alternativa
entre o capitalismo e o socialismo. A realidade encarregou-se de desacreditar estes vá rios sistemas
intermédios, como os casos do capitalismo liberal, dos idealistas e os vá rios sistemas «utó picos» ou
marxistas, que nã o funcionaram na prá tica.
Os principais elementos da teoria económica para uma estratégia eficaz do desenvolvimento são:
1) acumulaçã o de capital;
2) dimensã o do mercado;
3) Revoluçã o Industrial;
4) Ser humano;
As tendências do crescimento:
Factos estilizados (Kaldor): Sã o seis os factos de Nicholas Kaldor:
1) produto real por trabalhador cresce a uma taxa aproximadamente constante;
2) o stock de capital por trabalhador cresce a uma taxa aproximadamente constante;
3) o ratio capital-produto tem uma tendência horizontal;
4) a taxa de lucro tem tendência horizontal, enquanto a taxa de salá rio cresce a uma taxa mais
ou menos constante;
5) as remuneraçõ es totais do trabalhador e do capital repartem o produto total em partes mais
ou menos fixas;
6) existe uma grande variabilidade nas taxas de crescimento do produto por trabalhador entre
Países;
1. Teoria Económica:
O pai da Economia foi o escocês Adam Smith que na sua obra “Ensaio sobre a Natureza e as Causas da
Riqueza das Naçõ es”, descreve o funcionamento do mercado, levado por uma mã o invisível a maximizar
o bem-estar.
Apó s Smith, temos o economista David Ricardo que introduz a lei dos rendimentos decrescentes,
construindo o primeiro modelo da evoluçã o da economia na sua obra “Princípios de Economia Política e
Tributaçã o”. É influenciado pelo seu amigo Thomas Malthus e da sua obra “Ensaio sobre o Princípio da
Populaçã o”, fazendo-se notar a sua influência no seu pessimismo.
Os seguidores de Ricardo formam a escola clá ssica que dominará na Economia na maior parte do séc.
XIX. O seu maior expoente é John Stuart Mill, cuja obra “Princípios da Economia Política” constituirá o
manual de Economia durante cerca de 30 anos. Um dos discípulos de Ricardo foi Karl Marx, que tirou as
conclusõ es mais extremas do seu mestre, na sua obra “O Capital”, conclusõ es essas que justificam um
novo tipo de sociedade, através de reformas sociais – assim nascia o comunismo que apareceria como
alternativa à economia de mercado.
Porém, e economia clá ssica esgota-se e aparece no início da década de 1870 uma nova ideia difundida
em três lugares diferentes:
- Manchester com W. Stanley Jerons;
- Viena com Carl Menger;
- Lausanne com Léon Walras;
A ideia é o marginalismo em que o valor é dado pela utilidade marginal, e o custo pelo custo marginal. O
novo sistema atinge o seu auge com Alfred Marshall que publica “Princípios da Economia”, que foi o
manual de Economia durante mais de 40 anos.
Vários autores vêm completar o que estudámos:
- Knut Wicksell que apresenta um manual que completa muito do que diz Marshall, sobretudo na á rea
do capital e da moeda;
- Irving Fisher que apresenta a teoria monetá ria completa com a equaçã o de Fisher M x V = P x Y e a
distinçã o entre taxa de juro real e nominal;
- Joseph Schumpeter abordará de forma revolucioná ria o problema do desenvolvimento econó mico
que apresentava o sistema capitalista como o sistema mais dinâ mico e explicava como ele evoluía
- John Maynard Keynes discute um modelo de desequilíbrio, para uma economia em depressã o
Os seguidores de Keynes, como Paul Samuelson, procuraram ligar a nova teoria à ortodoxia anterior,
buscando a síntese neoclá ssica. Mas o seu livro “Fundamentos da Aná lise Econó mica”, definiu a nova
abordagem matemá tica aos problemas econó micos. O livro “Economia” de 1948, continua a manter-se
como manual-base desde há 40 anos com sucessivas revisõ es.
2. Doutrinas Económicas:
A teoria esteve sempre ligada à doutrina. Adam Smith, o «pai da teoria econó mica», foi também um dos
autores que mais influenciou a posiçã o dogmá tica da maioria dos economistas. A sua confiança na
racionalidade dos agentes e no equilíbrio dos mercados, levava-o a defender uma sociedade livre e
democrá tica, onde a concordâ ncia entre todos, permitiria atingir um maior nível de bem-estar geral.
Porém, ele tem sido frequentemente acusado de defender o «capitalismo selvagem» e a concorrência
desenfreada e sem regras. Todavia, a sua preocupaçã o com os pobres, levara-o a afirmar que «nenhuma
sociedade pode certamente ser florescente e feliz, se a maior parte dos seus membros for pobre e
desgraçada.
Outro autor com grande importâ ncia foi Joseph Schumpeter. Ele apresenta o sistema capitalista numa
visã o bem diferente do habitual. O seu objectivo era repetir a tentativa de Marx. A sua ideia
fundamental é a de uma estreita ligaçã o entre o sistema capitalista e o processo de desenvolvimento.
O resultado desse progresso é a extraordiná ria melhoria de nível de vida das ú ltimas décadas,
sobretudo para os pobres. As duas razões principais deste sucesso são:
1) A «civilizaçã o do capitalismo» intensamente ligada à racionalidade;
2) A relaçã o do capitalismo com a democracia: «nã o existe instituiçã o mais democrá tica que o
mercado».
A Doutrina Social da Igreja: Ela nã o é, essencialmente, um corpo ideoló gico técnico, uma vez
que no centro da doutrina nã o se encontra um conjunto de textos definidores da linha de
orientaçã o, mas sim Jesus Cristo. É na referência a Cristo que nasce a doutrina. A Doutrina Social
da Igreja (DSI) nã o é uma teoria ou um modelo, mas apenas a vontade de seguir a Cristo no
quotidiano. Por isso, a Igreja, ao longo dos dois mil anos de vida, tem convivido com mú ltiplos
sistemas políticos, organizaçõ es sociais, modelos econó micos, estruturas culturais, procurando
sempre orientá -las para Cristo. A Economia dirige-se para o homem e o homem dirige-se para
Deus.
A DSI centra-se em dois princípios essenciais:
- Solidariedade: cada uma deve incluir o «pró ximo» na sua funçã o utilidade). A esta doutrina junta-se a
reflexã o sobre os princípios directores da estrutura social.
- Subsidariedade: consiste num entendimento ordenado do papel do Estado e da liberdade humana e a
verdadeira posiçã o do sindicalismo e do associativismo na sociedade
Para além destes dois princípios (solidariedade e subsidariedade) há a preferência pelos pobres que faz
parte do traço distintivo do cristã o. A partir dos princípios fundamentais, sai um grande nú mero de
conclusõ es:
_ Problemas do trabalho;
_ «salá rio justo»;
_ «funçã o social da propriedade»;
_ sistema econó mico.
Através destes aspectos, a DSI chama a atençã o para a aplicaçã o cega e automá tica dos princípios
econó micos esquecendo as realidades humanas que estã o ligadas. A este erro chama-se
«economicismo».
- A Igreja tem uma desconfiança sobre as possibilidades do mercado em tratar dos problemas relativos
à pobreza e para a teoria econó mica é um importante suporte;
- A solidariedade econó mica impõ e o diálogo entre todos os interessados num problema; é o ú nico meio
para procurar uma soluçã o aceitá vel para ele. Na vida econó mica, contacto entre esses interessados é
feito no mercado, pela interacçã o livre de todos.
Verifica-se, assim, que há grande acordo entre a doutrina e a aná lise da realidade.
Finalmente, para haver diá logo é necessá rio dar voz a todos. A preocupaçã o pelos pobres tem suporte
teó rico e dogmá tico. Verifica-se que nã o existe desacordo entre as leis para um sã o funcionamento da
economia e os princípios cristã os da vida social.
É claro que, há muitas ocasiõ es em que a eficá cia econó mica choca com os princípios cristã os, uma vez
que sã o duas linhas completamente distintas de raciocínio: uma representa uma visã o doutrinal do
mundo; a outra uma abordagem científica do mesmo.
Todavia, é importante notar que nã o há qualquer grande obstá culo à compatibilidade entre a Doutrina
Social da Igreja e a Teoria Econó mica.