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Terminologia base

Economia
Gestão do design
Economia

Segundo Paul A.Samuelson,


“Economia pode ser definida como a ciência que
estuda a forma como as sociedades utilizam os seus
recursos escassos para produzir bens com valor e de
como os distribuem entre os vários indivíduos. “

Vamos abordar sucintamente três princípios teóricos


que estão na gene do capitalismo e foram agente
activos no desenvolvimento da “Velha” Economia (por
oposição á “Nova” Economia).
Adam Smith
Adam Smith (1723-90) no “Ensaio sobre a Natureza e as causas da
riqueza das Nações” demonstrava, com múltiplos exemplos, como,
naturalmente, as relações económicas se ordenavam de forma
espontânea, formando um sistema harmónico. Criou o conceito de
“mão invisível”, para poder justificar os reajustamentos que acontecem
numa sociedade de modo a atingir a harmonia. Descreve, a “mão
invisível”, como uma força que levava cada elemento de uma
sociedade, seguindo o seu próprio interesse, a satisfazer o bem-estar
social. Smith, preocupou-se em deixar bem claro que a “mão invisível”,
não se verifica sempre. Preocupou-se em salientar que em muitos
casos esta “mão invisível” não tem qualquer acção, como por exemplo
em casos de conflito de interesse, de “soma nula”, em que um ganha
prejudicando o outro. Outro caso onde a “mão invisível” não se verifica,
é numa situação extrema em que todos perdem e ninguém ganha.
Nestes casos em que a “mão invisível” não funciona, as forças que aí
actuam para que tal suceda são mais fracas do que se pode imaginar,
uma vez que a nossa sociedade está baseada na luta e na defesa
contra os abusos, resumindo está baseada no beneficio mútuo.
Este conceito de “mão invisível” foi baseado numa expressão francesa,
“laissez faire” que significa que o Estado deveria reduzir ao máximo o
seu papel da Economia e deixar o mercado regular-se a si próprio.
Esta é a gene do “Mercado Livre” e entra em conflito directo com a
noção de “Mercado Justo” e levanta inúmeras questões sociais.
Postulado da Racionalidade &
Postulado do Equilíbrio
Ainda Adam Smith, resume o Postulado da Racionalidade como
“interesse próprio”, ou seja, cada pessoa, nas suas decisões procura
escolher aquilo que lhe parece melhor, procura evitar o desperdício,
agindo de uma forma racional. Na verdade, o que o Postulado da
Racionalidade diz é que os agentes económicos são racionais. Uma
pessoa efectua uma escolha irracional quando em presença de uma
situação em que é preciso decidir, e lhe são colocadas à disposição
duas alternativas, ela escolhe aquela que sabe que é a pior. “No fundo
a racionalidade é a própria natureza da escolha”.
O que o princípio do Postulado do Equilíbrio diz é que os mercados se
equilibram, é o princípio que verifica se há comunicação/interacção
entre as inúmeras decisões racionais que são levadas a cabo por
diferentes agentes. O que se exige é que as decisões que são levadas
a cabo pelos diferentes agentes quando confrontadas entre si
combinem da melhor maneira possível. Devido a isto, chega-se à
conclusão que este postulado deriva do anterior. O que o Postulado do
Equilíbrio pretende transmitir, é que se as partes em causa que têm
objectivos diferentes, actuarem com racionalidade nas suas decisões
e/ou opções, mais tarde ou mais cedo, vão chegar a um consenso, ou
melhor, a um equilíbrio.
Postulado da Racionalidade &
Postulado do Equilíbrio
A verificação do Postulado do Equilíbrio é mais complicada que a
verificação do Postulado da Racionalidade, porque essa verificação
exige a interacção de diferentes agentes que habitualmente têm
objectivos bastante diferentes. Para que a verificação do Postulado do
Equilíbrio se realize é necessário que os agentes em causa
comuniquem e interajam de uma forma livre e flexível, para
escolherem a melhor forma de se adaptarem as outras decisões e
chegarem a um ponto de equilíbrio.

É a partir deste dois Postulados, Racionalidade e Equilíbrio, que


sai toda a base teórica da Economia. Para atingir determinados
objectivos, em determinadas circunstâncias particulares é
necessário que as leis económicas determinem quais devem ser
as decisões racionais ou qual o equilíbrio que o sistema
necessita.
Alfred Marshall (1842-1924)
Marshal em os “Princípios de Economia”, de 1890, vem dar uma nova
perspectiva, o seu trabalho, e a revolução que implementou na teoria
económica tem como principal finalidade responder a uma pergunta
essencial “o que dá valor às coisas?”.

A Economia como ciência preocupa-se em analisar a decisão humana.


“A Economia, ao encarar qualquer decisão, esforça-se sempre por
identificar os objectivos do decisor e portanto, o critério da decisão.
Depois caracteriza os benefícios e os custos de cada alternativa, (...)
Critério, benefício, custo e equilíbrio, são as palavras-chaves da
decisão económica.”
Conceito de Valor em economia
A origem do Valor é o grande problema inicial da Economia. Esta
questão perturbou, a ciência económica durante décadas, até que no
último quartel do século, alguns autores, entre os quais Marshall
conseguiram propor uma proposta de atribuição de valor “o que dá
valor às coisas é a utilidade que as pessoas retiram delas”.
O valor das coisas não é próprio, mas resulta do valor que as pessoas
lhe atribuem. São as pessoas que dão valor às coisas, e cada pessoa
dá um valor diferente às mesmas coisas, retirando delas uma utilidade
diferente, concluindo, Valor é a utilidade que um determinado agente
particular retira de uma determinada alternativa. Esta é a base teórica
do Valor, porque os desejos e os objectivos de cada pessoa são a
razão do valor que ela atribui às coisas. Depois de definição de Valor
há ainda que definir Custo, define-se Custo como sendo o valor
daquilo que nunca fizemos. Dentro de Custo encontra-se o Custo de
Oportunidade ou Custo Económico, que é exactamente o melhor valor
daquilo que sacrificamos ou deixamos de fazer para fazer outra coisa.
Ainda a diferenciar tem-se o Custo do Benefício. O Custo como já foi
dito anteriormente, é a utilidade do que se escolheria se aquilo que se
escolheu não existisse ao passo que o Benefício é a utilidade do que
se escolheu. “
Primeiro teorema da Teoria do Valor
Responde à questão: “O que produzir?” O primeiro teorema da
escolha na Economia, que resolve as escolhas simples entre
alternativas diz o seguinte: o agente económico deve escolher a
alternativa com o maior benefício líquido.
Os economistas, perceberam que a relação entre valor e quantidade é
comandada principalmente por duas ideias importantes, estas duas
ideias constituíram o essencial da revolução marginalista e o grande
avanço para a teoria moderna do valor. Sendo as duas ideias as
seguintes:
• Primeiro cada unidade adicional de um bem tem um valor menor do
que a anterior;
• Depois, o valor de mercado de um bem é determinado pelo valor da
última unidade disponível desse bem – unidade marginal

Estas duas ideias, derivam directamente do Postulado da


Racionalidade. A primeira lei é denominada como «lei da utilidade
marginal decrescente» . O agente económico preocupa-se em
satisfazer as necessidades por ordem, como tal, cada “item” adicional
tem um valor menor do que o anterior porque a necessidade vai
diminuindo gradualmente. O segundo princípio leva-nos à conclusão
central da Teoria do Valor; o valor das coisas é determinado pelo valor
da última unidade disponível.
Segundo teorema da Teoria do Valor
Responde à questão: “Quanto produzir?”
Com base no primeiro teorema a finalidade da decisão continua a ser a
de obter o máximo benefício liquido ou, o que é o mesmo o maior
benefício. São esses benefícios e custos que vão somar aos que o
agente já tinha para resultar no novo benefício líquido total. Tendo em
conta aquilo que já se falou anteriormente, vamos denominar os
benefícios e os custos adicionais que a nova unidade traz de
benefícios marginais e custos marginais. Chega-se à conclusão, que
enquanto o benefício marginal for positivo as unidades adicionais
devem ser incluídas, quando o custo marginal passe a ser superior já
não vale a pena continuar. Isto serve de base ao segundo teorema da
Teoria do Valor, que diz: a escolha racional leva a seleccionar a
quantidade em que o benefício marginal é igual ao custo marginal”.
Concluindo-se então que a quantidade ideal é aquela que à última
unidade não vai trazer nem retirar benefícios.
O máximo benefício total líquido consegue-se quando o benefício
marginal líquido é nulo.
Terceiro teorema da Teoria do Valor
Responde à questão: “Como dividir os recursos?”
Continuando a busca do maior benefício líquido, agora o que se
pretende é saber como gastar cada unidade do recurso naquilo que
dá, nesse instante, mais prazer. Partindo deste raciocínio vamos
chegar ao terceiro teorema da Teoria do Valor, que diz: deve consumir-
se uma quantidade de cada um dos bens disponíveis de forma a que o
benefício marginal da última unidade de recurso gasto em cada um
deles seja igual em todos eles.
A situação mais favorável é aquela em que não é possível melhorar,
fazendo transferências de dinheiro do consumo de um bem para outro.

Portanto a utilidade de um euro gasto em dois bens equiparados tem


de ser igual para não ser possível fazer estas transferências. Enquanto
for possível transferir recursos de uma alternativa para outra com o
ganho de utilidade, essa transferência, deve ser feita. Na igualdade,
essa transferência é impossível e chega-se a situação melhor. Caso
não seja possível igualar a utilidade marginal do último euro em todos
os bens, a regra diz que o óptimo se atinge quando se consegue
aproxima-las tanto quanto possível.
A moeda
A Economia é portanto uma ciência que tem a capacidade de
atribuir valor a todas as coisas, tudo tem valor. Contudo, existe
uma coisa que só por si não tem valor, a moeda. A moeda é a
única realidade sobre a qual se tomam decisões e que não tem
nenhuma utilidade mas que é essencial para facilitar transacções.
Embora a moeda não tenha nenhuma utilidade directa nem sirva para
nenhuma produção nem satisfação de nenhuma necessidade, ela vai
ter um papel importante a desempenhar nas transacções de valor.
Para que se realize uma troca é necessário que quem tenha algo para
trocar encontre alguém que queira trocar com ele e tenha aquilo que
ele quer. É muito difícil e complicado conseguir realizar esta «dupla
coincidência de vontades». A única alternativa para resolver este
problema passa por encontrar alguma coisa que represente valor puro,
assim surge a moeda. “A moeda é exactamente esse símbolo do valor
económico puro”. A moeda tem como principal objectivo guardar e
medir valor e facilitar trocas, ou seja, tem como objectivo ser o
lubrificante do sistema geral de trocas. Depois disto conclui-se que a
moeda representa valor, mas ela própria não vale nada. A moeda tem
essencialmente três funções: servir de unidade de conta, intermediária
geral das trocas e reserva de valor. Servir de unidade de conta dado
que as trocas e as acumulações são quase todas feitas através da
moeda, passando esta a ser usada para avaliar todas as coisas
transaccionadas; intermediária das trocas porque facilita as
transacções evitando que os dois bens que se trocam estejam
simultaneamente em transacção, por último a moeda tem ainda a
função de reserva de valor porque também serve para conservar valor
para o futuro.
Conceito de Inflação e Deflação
O «preço» é a quantidade de moeda que representa o valor de cada
coisa. Os preços estão directamente ligados ao valor da moeda, se o
seu valor variar todos os preços são alterados. Quando a quantidade
de moeda aumenta o seu valor diminui e os preços sobem, isto
acontece porque é preciso mais moeda para representar o mesmo
valor, dá-se a isto o nome de «inflação». Ao contrário, isto é, se a
quantidade de moeda descer, o seu valor é maior, há então a chamada
«deflação», ou seja, uma descida generalizada dos preços. Toda a
evolução ao nível da moeda teve uma única finalidade: controlar a
quantidade de moeda, de forma a estabilizar o seu valor.
A formula engenhosa
Uma coisa que a moeda necessita garantir é que dentro da sociedade
em que esta circular ela seja reconhecida e aceite como representativa
de um valor certo. Como garantir a aceitabilidade geral da moeda se
esta não tem nenhuma utilidade intrínseca? É aqui que entram as leis
do Estado, este vai responsabilizar-se pela moeda e também
determinar a quantidade de moeda em circulação. Este processo de
controlo da quantidade de moeda que existe na economia, conhecido
como «Política Monetária», permite ao Estado controlar o valor da
moeda e, consequentemente, o nível geral dos preços. “O valor da
moeda, ou nível geral dos preços, depende da quantidade total de
moeda em relação com o número de transacções que ela realiza.”
Se uma moeda perde valor em relação às coisas, os preços destas
sobem, como já se viu anteriormente estaremos num regime
inflacionário. Mas não é apenas a quantidade de moeda que controla o
seu valor. Mantendo a mesma quantidade de moeda e transacções, se
aumentar o número de transacções que cada unidade de moeda faz
aumenta a sua velocidade de circulação, existindo novamente inflação.
Este resultado é conhecido por «Equação de Fisher». (Irving Fisher
1867-1947 - “The purchasing power of money”)
A “nova” economia
Podemos referir-nos ao trabalho de Don Tapscott.
No livro “Economia Digital” (1998), Don Tapscott afirma que podemos
identificar doze temas coincidentes que diferenciam a ‘Nova Economia’
da “antiga”.
• O primeiro é o de que a Nova Economia é uma Economia do
Conhecimento. Em que o conteúdo de conhecimento dos produtos e
serviços cresce significativamente à medida que as ideias, as
informações dos consumidores e as tecnologias passam a fazer parte
dos produtos (ex.: cartões inteligentes, carros inteligentes, etc.)
• O segundo tema é a digitalização de todos os processos na
Economia. Na Nova Economia a informação está em formato digital:
bits.
• Um terceiro tema é a “virtualização”. Com a transformação da
informação de analógica para digital, os itens físicos podem-se tornar
virtuais — alterando o metabolismo da Economia, os tipos de
instituições e relacionamentos possíveis e a natureza da própria
actividade económica.
.
A “nova” economia
• O quarto tema é denominado por “molecularização”. Ou seja, as
antigas formas corporativas estão a ser desagregadas e substituídas
por moléculas dinâmicas e grupos de indivíduos e entidades que
formam a base da actividade económica. A organização não
desaparece necessariamente, mas é transformada. A “massa” torna-se
“molécula” em todos os aspectos da vida económica e social.
• O tema cinco é o da integração/redes interligadas, onde a Nova
Economia se manifesta através de interligações em redes, integrando
moléculas em grupos que são ligados a outros para criar riqueza.
• O tema seis é o da “desintermediação”, que aponta que as funções
do intermediário entre produtores e consumidores vão sendo
eliminadas devido às novas redes emergentes e ao contacto directo.
• Outro tema (o sétimo) é o da convergência. Na Economia Digital tem
havido uma crescente convergência entre sectores económicos antes
tratados isoladamente: a indústria de telecomunicações, a indústria de
computadores e a indústria de conteúdos.
A “nova” economia
• O tema oito é o da inovação, em que se percebe um compromisso
com uma renovação contínua de produtos, sistemas, processos,
marketing e pessoas.
• O tema nove foi cunhado como sendo o “produconsumo”, onde se
verifica que a distinção entre consumidores e produtores é pouco
nítida, e onde a produção em massa vai sendo substituída pela
personalização em massa.
• O Imediatismo é o tema dez. Tapscott afirma que em uma economia
baseada em bits, o imediatismo torna-se o principal propulsor e
variável da actividade económica e do sucesso comercial.
• Como tema onze temos a globalização, fenómeno que já se tornou
senso comum nos dias de hoje.
• E finalmente, Tapscott aponta a discordância como seu tema doze,
onde ressalta que questões sociais sem precedentes estão a surgir,
resultando possivelmente em grandes traumas e conflitos.
A “nova” economia
Ainda dentro do debate económico convém mencionar uma visão de
um dos fundadores de uma das revistas que mais encarnam a ‘Nova
Economia’ (o magazine WIRED), como aquela expressa pelo seu
editor Kevin Kelly.
No livro “New Rules for the New Economy”, de 1998 (já traduzido para
a língua portuguesa), Kelly afirma que os novos processos que
governam a reestruturação da economia global giram em torno de
alguns eixos. Primeiramente, a riqueza neste novo regime flúi
directamente da inovação, e não da optimização; isto é, a riqueza não
é ganha pelo aperfeiçoamento do conhecido, mas pela captura,
mesmo que imperfeitamente, do desconhecido.
Em segundo lugar, o ambiente ideal para cultivar o desconhecido é
nutrir a agilidade e potencialidades supremas das redes.
Terceiro, a domesticação do desconhecido inevitavelmente significa
abandonar o bem sucedido conhecido — desfazendo-se do perfeito.
E finalmente, na expansão da Economia de Redes, o ciclo de
“descobrir ,alimentar, destruir” acontece cada vez mais rápida e mais
intensamente do que nunca antes imaginado.
Bibliografia de referência
• Economia, Paul A. Samuelson & William D. Nordhaus; McGraw-Hill,
2004 17ª edição (ISBN: 858-68-0439-8)
• Introdução à economia, Paul Krugman, Ronim Wells; Elsevier 2007
(ISBN 978-85-352-1108-5 )
• História da Economia Mundial Contemporânea, Nunes, Anabela
Valério; Editorial Presença 1997 (ISBN 972-23-2155-2
• Economia Digital, Don Tapscott; Makron Books 1997 (ISBN 85-346-
0726-5)
• Novas Regras para uma nova economia, Kevin Kelly; Objectiva
1999 (ISBN 85-730-2229-9)

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