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DRA.

ANDRÉIA MOREIRA DA FONSECA BOECHAT

Microeconomia
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO À ECONOMIA  4
CONCEITOS PRELIMINARES DE MICROECONOMIA  9
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR  16
TEORIA DA DEMANDA  22
TEORIA DA OFERTA E EQUILÍBRIO DE MERCADO  28
ELASTICIDADES  35
O MERCADO COMPETITIVO  41
MONOPÓLIO  47
DETERMINAÇÃO DE PREÇOS E PODER DE MERCADO  51
CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA  57
OLIGOPÓLIO  62
TEORIA DA PRODUÇÃO  67
CUSTOS DE PRODUÇÃO  73
MERCADOS COM INFORMAÇÃO ASSIMÉTRICA  79
EXTERNALIDADES E BENS PÚBLICOS  84
TEORIA DOS JOGOS  90

Conclusão  96
Material Complementar  97
Referências  98
INTRODUÇÃO
Olá, caro(a) aluno(a)!

Seja bem-vindo(a) à disciplina Microeconomia. Sou a professora Andréia Moreira da Fon-


seca Boechat e irei acompanhar você nesta disciplina tão fascinante, intrigante e atual
que é a Microeconomia. Antes de iniciarmos nossa discussão, falarei um pouquinho so-
bre a minha formação acadêmica.

Sou formada em Economia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2007),
mestre em Economia pela Universidade Estadual de Maringá (2011) e Doutora em Eco-
nomia também pela Universidade Estadual de Maringá (2016). Sou professora de Econo-
mia de cursos de graduação e pós-graduação tanto presenciais quanto a distância de
diversas faculdades e universidades.

Agora que você já me conhece, quero apresentar a disciplina a você. A economia faz
parte do nosso dia a dia: desde quando nascemos até a hora da nossa partida, vivemos a
economia e tomamos decisões econômicas a toda hora. Por esse motivo, é importante
conhecer o funcionamento da economia, principalmente aos profissionais que tomam
decisões estratégicas, como os da área da gestão.

A Economia é uma ciência social que procura estudar a sociedade e a melhor forma de
satisfazer as necessidades e desejos das pessoas. Para que isso seja possível, são utiliza-
dos teorias e instrumentais matemáticos e estatísticos. Ela (a Economia) é dividida em
duas grandes áreas: a Microeconomia, que estuda os agentes econômicos (pessoas e
empresas) e setores econômicos de forma individual e a Macroeconomia, que estuda o
que chamamos de agregados econômicos, ou temas pertinentes ao conjunto da econo-
mia tais como taxa de câmbio, taxa de juros e inflação.

O nosso foco, neste momento, é estudar a Microeconomia, portanto, nosso objetivo é


conduzir você até o conhecimento do funcionamento inicial da Economia por meio da
discussão de temas tais como significado de economia, lei de oferta e demanda, es-
truturas de mercado, equilíbrio de mercado, teoria dos jogos e tantos outros. Após o
término da disciplina, você conhecerá o ambiente microeconômico, que é composto
pelo universo das empresas e consumidores. Antes de iniciarmos o estudo dessa grande
área da economia, apresentarei a você alguns conceitos básicos e fundamentais para
o entendimento da economia, e na sequência, falaremos sobre os fundamentos da
microeconomia.

E aí, preparado para entrar no fascinante universo da Economia? Espero que sim! Tenho
certeza que ao término da disciplina, você estará apto a discutir Economia e tomar de-
cisões empresariais.

Bons estudos!

Prof.ª Dr.ª Andréia Moreira da Fonseca Boechat

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AULA 01

INTRODUÇÃO À
ECONOMIA
Olá, aluno(a), tudo bem? Seja bem-vindo(a) à primeira aula da disciplina Microeconomia.
Você já ouviu falar da área de estudo da Economia? Acredito que pelo nome não, mas
pelos temas que fazem parte do estudo, certamente sim. Porém, para iniciar nossas dis-
cussões, o primeiro passo é compreender o significado de Economia.

Figura 1: Economy

Você certamente já se deparou com algumas situações econômicas em seu dia a dia e
ficou curioso(a) para entender um pouco mais sobre os motivos pelos quais determina-
dos fenômenos ocorrem e as possíveis soluções para cada um dos problemas. Os pro-
blemas aos quais me refiro estão relacionados a:
•• Alterações na taxa de câmbio.
•• Aumento da taxa de juros,
•• Carga tributária.
•• Desemprego.
•• Inflação.
•• Redução na oferta.
•• Variações na demanda, entre outros.

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ISTO ESTÁ NA REDE
Preço médio da gasolina nos postos cai pela 9ª semana seguida, diz ANP
Valor médio por litro passou de R$ 4,365 para R$ 4,349.
O preço médio da gasolina nos postos caiu nesta semana, no nono recuo se-
guido, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (21) pela Agência
Nacional do Petróleo, do Gás Natural e dos Biocombustíveis (ANP). O valor
médio por litro passou de R$ 4,365 para R$ 4,349. O valor representa uma
média calculada pela ANP com os dados coletados nos postos, e, portanto,
os preços podem variar de acordo com a região.

Fonte: <https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/12/21/preco-medio-da-gasolina-nos-
-postos-cai-pela-9a-semana-seguida-diz-anp.ghtml> Acesso em 23 dez. de 2018.

Esses são alguns problemas que a economia estuda. Agora que você já relembrou de al-
gumas questões econômicas, deve estar se perguntando: mas o que, de fato, é economia?

Em termos etimológicos, a palavra economia vem do grego:

Oikós (casa) + Nomos (norma, lei) = “administração da casa”.

É isso mesmo, a economia funciona da mesma maneira que a nossa casa: trabalhamos
para receber um salário, dividimos nossa renda para pagar as contas, procuramos
viver na maior harmonia possível, e caso não tenhamos dinheiro para todas as contas,
pegamos empréstimos; se sobrar dinheiro, fazemos investimentos, etc. – da mesma for-
ma que ocorre em uma empresa e em um país.
O que difere é que em Economia estudamos as formas como os diferentes tipos
de sistemas econômicos administram seus recursos com a finalidade de produzir bens
e serviços a fim de satisfazer as necessidades da população (PASSOS; NOGAMI, 2012).
Então, podemos definir Economia como uma ciência social que trata do estudo da
alocação dos recursos escassos na produção de bens e serviços para a satisfação das
necessidades ilimitadas ou desejos humanos (MENDES, 2009).
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A partir da definição de Economia, não podemos deixar de fazer duas observações: você
percebeu que os termos “ciência social”, “recursos escassos” e “necessidades ilimitadas”
estão em negrito? Isso porque são três conceitos que precisam ficar muito claros para o
entendimento da economia.
Primeiro, diferente do que o senso comum afirma, a Economia não é uma ciência
exata, e sim uma ciência social, pois ela estuda a melhor forma da satisfazer as necessi-
dades das pessoas (sociedade). Para isso, a economia utiliza teorias, história, sociologia,
matemática e estatística.
Já as palavras recursos escassos estão em negrito porque escassez, que pode ser de-
finida como a situação em que os recursos são limitados, é a variável culpada por todos
os problemas econômicos. Então, podemos afirmar que a Economia tem como objeto
de estudo a escassez. Se os recursos fossem ilimitados, não haveria economia, ou se as
necessidades da população fossem limitadas, também não haveria economia, já que to-
das as necessidades seriam satisfeitas. Assim, só existe a economia porque precisamos
distribuir os recursos produtivos escassos ou limitados, de forma a satisfazer todas ou a
maior parte possível das necessidades humanas.
É importante observar que a escassez está relacionada a diversas variáveis tais como
tempo, dinheiro, espaço físico, matéria-prima e mão de obra, seja especializada ou não,
entre outras. Por esse motivo, está presente em todas as economias, seja em países
ricos como os Estados Unidos, que é a maior economia do mundo, ou em países em
desenvolvimento, como aqueles do continente africano. Por exemplo, talvez no Brasil
não tenhamos escassez de espaço para a produção de bens agrícolas, mas no Japão
tem. Por outro lado, aqui falta tecnologia, lá não. Compreendeu o funcionamento da
escassez? Espero que sim, pois esta é a base de todo o estudo da economia.
Já necessidades ilimitadas estão destacadas, pois, diferente da escassez, os desejos
humanos são ilimitados, ou seja, nunca terminam. Por exemplo, temos R$50,00 para ir
ao shopping comprar uma blusa. Chegando lá, compramos uma blusa, mas, logo, de-
sejamos uma calça ou uma bolsa e assim sucessivamente. Sem falar nas necessidades
básicas, como alimentação e moradia. Lembre-se de que a Economia estuda o todo/
agregada, assim, mesmo que uma pessoa individualmente não tenha desejos ilimitados
ou que todas as suas necessidades sejam satisfeitas, na economia como um todo não é
assim que funciona.

Mais uma vez, se os recursos fossem escassos, mas as necessidades humanas fossem
limitadas, não teríamos problema. Ou se os recursos fossem ilimitados e as necessida-
des humanas também, não haveria problema. O grande problema é recursos escassos
e necessidades ilimitadas.

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ANOTE ISSO
“A economia é a ciência da escassez ou das escolhas”
(MENDES, 2004, p. 3)

Com base no que discutimos até agora, você percebeu que a Ciência Econômica procu-
ra responder, mesmo que de forma parcial, questões como:
•• Como os preços são determinados?
•• Como reduzir a inflação?
•• Como melhorar a distribuição de renda de um país?
•• Como fazer com que aumente o número de empregos?
•• Qual são as funções do governo?
•• Por que uma crise internacional afeta a economia nacional?

AS QUESTÕES ECONÔMICAS FUNDAMENTAIS

Após entender o conceito e o objeto de estudo da economia, podemos afirmar que


qualquer economia, independentemente de ser rica ou pobre, capitalista ou socialista,
industrializada ou em processo de industrialização, procura responder as seguintes per-
guntas:
•• O que produzir?
•• Quanto produzir?
•• Para quem produzir?
•• Como produzir?

Vamos entender cada uma dessas perguntas?

“O que produzir” significa definir quais bens e serviços a economia irá fabricar. Essa
não é uma decisão fácil, pois, como você já sabe, os recursos são escassos. Então, não
podemos produzir tudo o que desejamos ou precisamos. Em outras palavras, aumentar
a produção de um determinado bem significa reduzir a quantidade produzida de outros
bens.

Após decidir o que será feito, dados os recursos limitados, tem que ser definida a quan-
tidade do bem ou serviços escolhidos que será produzida, além do público-alvo desse
produto. Um dos fatores de escolha do “para quem produzir” é a renda desse consu-
midor. Quanto maior for a renda, maior a quantidade de mercadorias que ele poderá
adquirir. Essas três primeiras perguntas mostram que quem irá influenciar a decisão da
empresa/país são os consumidores.

Já na última, “como produzir”, a empresa/país define o melhor processo produtivo, ou


seja, como fabricar o bem na quantidade escolhida de forma mais eficiente possível.
Dado que os recursos produtivos são escassos, a empresa deverá escolher a combinação
desses recursos com o menor custo possível para fabricar bens e serviços.

Ótimos estudos e até a próxima aula!


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AULA 02

CONCEITOS
PRELIMINARES DE
MICROECONOMIA
Olá, aluno(a)! Como já discutimos, a Economia está ligada ao problema da escolha, já
que os recursos produtivos são limitados e as necessidades humanas são ilimitadas. Em
outras palavras, é imposta aos agentes econômicos uma escolha para a produção/con-
sumo de diversos tipos de bens e serviços. Para entender melhor como a escolha é feita,
vamos analisar a seguinte situação hipotética para uma determinada economia:
a. Uma economia só produz dois bens: bem X e bem Y, que você pode, por exemplo,
chamar de roupas e alimentos.
b. A quantidade e a qualidade dos recursos produtivos são fixas, ou seja, indepen-
dentemente de produzir o bem X ou o bem Y, a quantidade e a qualidade dos
recursos produtivos serão as mesmas.
c. Existe pleno emprego, ou seja, essa economia produz o máximo que ela pode dada
a quantidade de recursos produtivos que ela tem disponível.
d. A tecnologia é constante, já que o uso da tecnologia é uma forma de aumentar
a produção, utilizando a mesma quantidade de fatores de produção disponíveis.

Após apresentar os pressupostos da economia hipotética, podemos verificar a quanti-


dade de cada bem que poderá ser produzido dados os recursos produtivos que temos
disponíveis. Isso pode ser visto no Quadro 2.1:

Bem Quantidade

X (roupas) 180 160 150 130 100 60

Y (alimentos) 10 20 30 40 50 60

Ponto 1 2 3 4 5 6
Quadro 2.1: Quantidade de cada bem que pode ser produzido
dada a quantidade de fatores de produção disponível.
Fonte: a autora.

Caso a economia queira produzir tanto o bem X quanto o bem Y, ela deverá “abrir mão”
de determinada quantidade de um bem para produzir o outro. Por exemplo, para pro-
duzir 20 unidades de Y, a empresa deverá deixar de produzir 20 unidades de X, ou, para
30 unidades de Y, deverá deixar de produzir 20 unidades de X. Para ficar mais fácil, va-
mos visualizar essa situação por meio do Gráfico 2.1.

Gráfico 2.1: Curva das possibilidades de produção ou curva de


transformação da situação hipotética apresentada

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Fonte: Elaboração da autora
O Gráfico 2.1 mostra as quantidades dos bens X e Y que a economia hipotética poderá
produzir dados os fatores de produção limitados. Isso é conhecido como curva das possi-
bilidades de produção ou curva de transformação. Então, qualquer ponto sobre a curva
mostra que a quantidade de bens X e Y que a economia poderá produzir nessa situação
está em pleno emprego.

Agora, em qualquer ponto abaixo da curva, como o ponto 7, que pode ser visto no Grá-
fico 2.2, a economia poderá produzir, porém, caso produza no ponto 7, a economia é
ineficiente e não está em pleno emprego, pois haverá recursos produtivos para produzir
mais. Em outras palavras, haverá capacidade ociosa.
Gráfico 2.2: Pontos de produção que estão fora da curva das possibilidades de produção

Fonte: Elaboração da autora

Ainda analisando o Gráfico 2.2, podemos verificar que há o ponto 8. Dada a tecnologia
constante, produzir no ponto 8 é impossível, pois não temos recursos produtivos sufi-
cientes. Porém, existe uma forma de a economia chegar ao ponto 8 que é por meio da
tecnologia. A tecnologia é um fator que desloca a curva das possibilidades de produção,
pois, como já discutimos, podemos produzir mais, dados os mesmos fatores de produ-
ção disponíveis, ou seja, aumenta a capacidade produtiva da empresa. Essa situação
pode ser vista no Gráfico 2.3.

Gráfico 2.3: Deslocamento da curva das possibilidades de produção dada uma mudança tecnológica

11
Fonte: Elaboração da autora
No mundo real, pode acontecer de a curva das possibilidades de produção se deslocar
mais em direção a um bem do que a outro. Isso acontece porque os bens não possuem
exatamente o mesmo processo produtivo ou as mesmas quantidades de todos os fato-
res de produção. Então, o recurso produtivo mais afetado pela tecnologia tende a deslo-
car mais a curva de transformação.
Tudo que discutimos sobre curva das possibilidades de produção também nos mos-
tra outro conceito muito importante para a ciência econômica, que é o custo de oportu-
nidade, no qual a empresa teve que “abrir mão” de certa quantidade produzida do bem
Y em função da produção do bem X.
Então, custo de oportunidade pode ser definido como o sacrifício de se transferir os
recursos de uma atividade para outra, ou seja, é a quantidade de um bem ou serviço que
se deve renunciar para obter outro. É importante observar que só existe custo de opor-
tunidade se a economia estiver funcionando em pleno emprego, ou seja, se os recursos
forem plenamente utilizados, como os pontos de 1 a 6 do gráfico 2.2.

CLASSIFICAÇÃO DOS BENS E SERVIÇOS

Bens e serviços podem ser definidos como tudo aquilo capaz de atender uma necessi-
dade humana – lembrando que as necessidades humanas são ilimitadas e cada pessoa
tem a sua necessidade. Os bens podem ser classificados de duas formas principais: em
relação a sua raridade e em relação a quem os oferta. No que diz respeito à raridade, os
bens e serviços podem ser:

Livres – são aqueles bens cuja quantidade é ilimitada e que podem ser obtidos sem ne-
nhum esforço humano. Por esse motivo, não têm preço, e a economia não se preocupa
com eles, por exemplo: mar, rio, lagoa e oxigênio, entre outros.

Econômicos – são bens e serviços limitados (escassos), têm valor de mercado e pre-
cisam de esforço humano para produzi-los, por exemplo: carro, computador e caneta,
entre outros. Os bens e serviços econômicos são os bens estudados pela economia.

Os bens econômicos podem ser classificados quanto a sua natureza em:


a. Materiais – são bens tangíveis e que podem ser estocados. Por exemplo, computa-
dor, sapato, roupa, etc. Podem ser:
i. Consumo – bens duráveis e de consumo imediato.
Exemplo: roupa.
ii. Intermediário – necessários para fabricação de bens de consumo.
Exemplo: matéria-prima.
iii. Capital – permitem produzir bens.
Exemplo: máquinas.

b. Imateriais ou serviços – são intangíveis, não podem ser estocados e, assim que con-
sumidos, acabam. Exemplo: uma consulta médica, uma aula ou uma consultoria.

A partir do que foi discutido sobre bens econômicos materiais e imateriais, farei uma
pergunta a você: uma passagem de metrô é um bem material ou um serviço? O ticket
do metrô é um bem material, pois conseguimos estocar. Porém, a viagem feita é um
serviço e, assim que descemos do metrô, o bem acabou.

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AGENTES ECONÔMICOS

Para fabricar bens e serviços, comprar produtos, pagar tributos, regular a economia, en-
tre outros, ou seja, para fazer com que a economia gire, são necessários os agentes eco-
nômicos, que podem ser definidos como sendo pessoa de natureza física ou jurídica
que, por meio de suas ações, contribui para o funcionamento do sistema econômico.
Esses agentes podem ser classificados em:

a. Empresas – também são conhecidas como unidades produtivas e são responsá-


veis pela produção e comercialização dos bens e serviços. As empresas combinam
os fatores de produção da forma mais eficiente possível para fabricar bens e servi-
ços, de modo a obter o máximo de lucro.

b. Família – conhecida como consumidores, incluem, segundo Passos e Nogami


(2012), todos os indivíduos e unidades familiares da economia; têm como função
adquirir bens e serviços, além disso, são proprietários do fator de produção “traba-
lho”. Em outras palavras, trabalhamos para receber salários para poder comprar
bens e serviços.

Figura 1: Pessoas

c. Governo – são as organizações que estão, direta ou indiretamente, sob o domínio


do Estado e que atuam no sistema econômico. Temos o governo federal, estadual
e municipal, além das leis e regulações. O governo pode intervir na economia de
duas formas, segundo Passos e Nogami (2012): atuando como empresários e pro-
duzindo bens e serviços por meio das empresas estatais ou contratando serviços,
comprando materiais, equipamentos, etc. O governo pode intervir também por
meio de regulações a fim de controlar o mercado para que este se tornar eficiente.

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ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
DE REGULAÇÃO A AMAZON: AS AMEAÇAS QUE PAIRAM SOBRE O GOOGLE
A pressão por regulamentação tem crescido no mundo inteiro. Mas há riscos
maiores no horizonte da empresa

O Google já tem sentido o calor da batalha regulatória. O governo japo-


nês divulgou há poucos dias um relatório de especialistas pedindo maior
vigilância para proteger a competição e a privacidade dos usuários. Segue
a tendência da União Europeia, que multou o Google em 4,34 bilhões de
euros por práticas anticoncorrenciais (a empresa recorre da ação, em que
é acusada de usar o sistema operacional Android, presente na maioria dos
smartphones, para promover seu buscador, fechando a porta a rivais).
Fonte: https://exame.abril.com.br/negocios/de-regulacao-a-amazon-as-ameacas-que-pai-
ram-sobre-o-google/ Acesso em 21 dez. de 2018.

d. Setor externo – são os demais países que ao fazer comércio com o Brasil, acabam
influenciando a economia, e também são influenciados. Assim, o setor externo é
composto por todas as instituições que mantêm relações econômicas com o país/
economia que se está analisando e que tenham sua estrutura física fora das fron-
teiras geográficas deste.

FATORES DE PRODUÇÃO OU RECURSOS PRODUTIVOS

Podemos definir fatores de produção ou recursos produtivos como elementos limitados


utilizados no processo de fabricação de bens e serviços que irão satisfazer as necessida-
des humanas. Os fatores de produção têm como características serem escassos, como
você já deve ter percebido, versáteis, ou seja, podem ser utilizados para diferentes fins,
dito de outro modo, os fatores de produção fabricam diversos bens e podem ser combi-
nados em proporções para produzir bens e serviços. Após definir fatores de produção, é
importante classificá-los. Os recursos produtivos são:

a. Recursos naturais ou terra – é a origem de todo processo produtivo, como terra,


água, minerais, matérias-primas, etc.

b. Recursos humanos – é a contribuição do ser humano na produção. Podem ser


físicos ou intelectuais. Como trabalho físico, temos o trabalho de um agricultor no
campo. Já uma consulta médica é considerada um trabalho intelectual.

c. Capital – são bens utilizados no processo produtivo, como máquinas, construções


e infraestrutura, entre outros.

Atualmente, além dos três fatores de produção clássicos que citamos anteriormente,
ainda temos a capacidade empresarial e o empreendedorismo como fatores de produ-
ção, pois é fundamental a tomada de decisão dos empresários quanto à utilização dos
recursos produtivos. A tecnologia também pode ser considerada um fator de produção.

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DIVISÃO DA CIÊNCIA ECONÔMICA

Devido a fins metodológicos para estudos econômicos, divide-se a ciência econômica


em duas grandes áreas, sendo elas a Microeconomia e a Macroeconomia. A Microeco-
nomia, segundo Viceconti e Neves (2010, p. 9), “é o ramo da teoria econômica que estuda
o funcionamento do mercado de um determinado produto ou grupo de produtos”. Em
outras palavras, estuda a interação entre compradores e vendedores em determinados
mercados como, por exemplo, no mercado de produtos alimentícios.

Assim sendo, o estudo da Microeconomia está voltado, entre outros, para:

a. instituições individualizáveis, isoladamente ou em grupos homogêneos;

b. comportamento dos consumidores;

c. comportamento das empresas;

d. estruturas e mecanismos de funcionamento dos mercados;

e. funções e imperfeições dos mercados;

f. remuneração paga aos agentes e à repartição funcional da renda nacional e

g. preços que as empresas recebem por suas produções. (ROSSETTI, 2008)

Nas unidades II e III, serão abordadas as noções básicas que envolvem essa área da Teo-
ria Econômica.

ANOTE ISSO
A economia é dividida em duas grandes áreas de estudo principais: a microe-
conomia que estuda os agentes econômicos individuais e a macroeconomia
que estuda as variáveis econômicas agregadas.

A Macroeconomia, por sua vez, “é o ramo da teoria econômica que estuda o funciona-
mento da Economia como um todo, procurando identificar e medir inúmeras variáveis”,
tais como nível de produção total, investimento agregado, poupança agregada, nível de
emprego, nível geral de preços, etc. (VICECONTI; NEVES, 2010, p. 9). Dessa forma, o estu-
do da Macroeconomia está voltado, entre outros, para:

a. a economia em seu conjunto;

b. o desempenho total da economia, dados as causas e os mecanismos de correção


das flutuações;

c. os agregados macroeconômicos, tais como PIB e RN;

d. as relações entre macro variáveis, tais como investimento e nível de emprego;

e. as medidas de tendência central, tais como taxas de juros e de câmbio;

f. as trocas internacionais e

g. o crescimento e desenvolvimento das economias. (ROSSETTI, 2008).


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Ótimos estudos e até a próxima aula!
AULA 03

COMPORTAMENTO
DO CONSUMIDOR
Olá, aluno(a)! Na aula anterior, foi apresentado que família e a empresa são agentes
econômicos e fazem parte do sistema econômico capitalista. Nesta aula, estudaremos
apenas as famílias, que são os consumidores, e o comportamento deles em relação às
decisões de consumo.
Você saberia dizer quais são os fatores que os consumidores levam em consideração
ao escolher um determinado conjunto de bens e serviços? No geral, os consumidores
possuem algumas características na relação entre a renda disponível e a escolha por
bens e serviços. E você saberia dizer quais são essas características? Você, por exemplo,
como escolhe um determinado bem ou serviço?
As características que a maioria dos consumidores tem são, segundo Mendes (2009):
Excluindo a poupança, os consumidores gastam toda sua renda em bens e serviços;
Os consumidores gastam sua renda em mais de um bem ou serviço, ou seja, pos-
suem cestas de bens, que veremos mais para frente;

Figura 1: Compras

Como vimos, as necessidades humanas são ilimitadas, e por isso os consumidores rara-
mente estão satisfeitos com a quantidade de produtos comprados.

ISTO ESTÁ NA REDE


VENDAS DA BLACK FRIDAY CRESCEM 23%, MAS RECLAMAÇÕES TAMBÉM SOBEM
As vendas da Black Friday cresceram mais do que o previsto em 2018. O comércio
eletrônico faturou o equivalente a 2,6 bilhões de reais, uma alta de 23% em rela-
ção a 2017, segundo levantamento da Ebit|Nielsen. A estimativa inicial era de um
aumento nas vendas de 15%.
O site Reclame Aqui recebeu 5.607 reclamações das 11h da quarta-feira, 21, até
as 23h59 da sexta, 23. Isso representa um aumento de 20% na comparação com
2017.
As principais queixas foram sobre propaganda enganosa e maquiagem de preço,
com 14,2% dos casos. Na sequência, ficaram empatadas divergência de valores e
problemas na finalização da compra, com 7,6%. Em seguida, apareceram as quei-
xas sobre atraso na entrega (3,9%). Depois vieram reclamações sobre estorno do
valor pago (3%).
Fonte: https://veja.abril.com.br/economia/vendas-da-black-friday-crescem-23
-mas-reclamacoes-tambem-sobem/ 17
•• Os consumidores procuram maximizar a satisfação total, dado sua renda e os pre-
ços dos bens.
A partir dessas características, sabemos que as pessoas têm preferência por alguns bens
e serviços em relação a outros, ou seja, os consumidores, também conhecidos como
famílias, são capazes de colocar as cestas de bens e serviços em ordem de acordo com
suas preferências.
Uma cesta de bens e serviços é um conjunto de quantidades de determinados bens
e serviços. Para ficar mais didático, essas cestas são compostas por quantidades somen-
te de dois bens e/ou serviços. Tal situação pode ser representada a seguir:

C = (Q1, Q2)

No qual: C – cesta de bens e serviços


Q1– quantidade do bem ou serviço 1
Q2 – quantidade do bem ou serviço 2

Mas como esta escolha por determinada cesta de bens e serviços é feita? A escolha que
o consumidor faz por determinadas cestas de bens e serviços em relação a outras é feita
a partir de três pressupostos:

•• Mais é melhor do que menos – os consumidores preferem maiores quantidades


do que menores;

ANOTE ISSO
Em geral, os consumidores escolhem sempre maiores quantidades possí-
veis. Mesmo aqueles que preferem qualidade gostariam de comprar um nú-
mero maior de mercadorias.

•• A preferência é completa – os consumidores são capazes de comparar duas ou


mais cestas de bens e serviços e escolher a que mais o agrada;
•• A preferência é transitiva – dados três cestas, A, B e C, e comparando duas cestas
por vez, entre A e B, o consumidor prefere a cesta A. Entre B e C, o consumidor pre-
fere a cesta B. Então, entre A e C, o consumidor irá preferir a cesta A. Esta situação
por ser vista no esquema a seguir:

Para melhor entender o terceiro pressuposto, vamos pensar no seguinte exemplo: Maria
tem três cestas de bens e serviços disponíveis, A, B e C, dados a sua renda e o preço dos
bens, conforme situação abaixo.
•• Cesta A = (10 balas, 1 chocolate)
•• Cesta B= (5 balas, 2 chocolates)
•• Cesta C = (1 bala e 3 chocolates)

Entre a cesta A e a cesta B, Maria prefere a cesta A. Entre a cesta B e a cesta C, ela esco-
lherá a cesta B. Então, como a A ganhou da B e a B ganhou da C, se compararmos as
cestas A e C, Maria preferirá a A.
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UTILIDADE

Os pressupostos da teoria do consumidor mostram as preferências de um determinado


consumidor através de uma função, a chamada função utilidade, que é definida por
Mendes (2009) como o benefício ou satisfação que o consumo de um bem ou serviço
pode gerar a uma pessoa. A função utilidade pode ser representada como:

U = f ( Q1, Q2)

No qual: U – utilidade
f – uma representação matemática que significa “em função de que”
Q 1– quantidade do bem 1
Q 2 – quantidade do bem 2

Existem dois tipos de utilidade, a total e a marginal. A utilidade total é a satisfação com-
pleta pelo consumo de todas as quantidades consumidas de um determinado bem ou
serviço. A utilidade total é crescente até certo ponto, o chamado ponto de saturação. A
partir desse ponto, ela vai decrescendo.
Diferente da utilidade total, a utilidade marginal é a satisfação gerada pelo consu-
mo de uma unidade a mais de um determinado bem ou serviço. A utilidade marginal
explica uma das características que foram citadas no início desta unidade, a de que o
consumidor não gasta toda a sua renda em um único bem ou serviço, pois, se formos
explicar de forma bem radical, ele enjoa. Portanto, a utilidade marginal é decrescente,
ou seja, ela reduz à medida em que a pessoa vai consumindo quantidades adicionais de
um bem ou serviço, mantendo os demais constantes.
Para melhor entendimento da diferença entre utilidade total e marginal, Mendes
(2009) apresenta um exemplo que iremos utilizar com algumas alterações. Imagina Ma-
ria no deserto do Saara, morrendo de sede. Ela encontra um vendedor de água e como
está com sede e tem dinheiro, comprará copos de água. Para o primeiro copo, Maria
está disposta a pagar um valor muito alto pela água, por exemplo, 70 reais, pois o grau
de satisfação que o consumo deste copo trará é muito alto. Já no segundo copo, Maria
está disposta a pagar um valor ainda alto, mas não tão alto quanto pagou pelo primeiro
copo, por exemplo, 50 reais. E assim sucessivamente, até chegar ao décimo copo, no
qual ela não está mais disposta a pagar nada pela água, pois o décimo copo não trará
mais benefícios ao nosso consumidor. E se continuarmos analisando cada possível copo
consumido, chegaremos a um valor negativo, ou seja, o consumo, por exemplo, do déci-
mo primeiro copo gera uma repulsa. Veja tal situação na tabela 3.1.

Tabela 3.1 – Utilidades Total e Marginal do consumo de copos de água por José

Quantidade de copos de água Utilidade Total Utilidade Marginal

0 0 -

1 70 70

2 120 50

3 165 45

4 190 25

5 210 20

6 225 15 19
Quantidade de copos de água Utilidade Total Utilidade Marginal

7 235 10

8 240 5

9 242 2

10 243 1

FONTE: Mendes (2009).

A tabela 3.1 representa as utilidades total e marginal de Maria ao consumir os copos de


água. Como você vê, o valor que Maria está disposta a pagar por cada copo reduz a me-
dida que o consumo aumenta, sendo o primeiro copo 70 reais e o décimo copo, apenas
um real. Então, você percebeu que a utilidade marginal foi caindo, ou seja, o grau de
satisfação de Maria por cada copo de água reduz ao longo do consumo. Já a utilidade
total, que é a soma de todas as utilidades, aumentou. Para melhor visualizar essa situa-
ção, vamos representá-la em um gráfico.

Gráfico 3. 1 – Representação das curvas de utilidades total e marginal


FONTE: Elaboração da autora

O gráfico 3.1 confirmou o que eu vinha afirmando até agora sobre a função utilidade:
a utilidade total aumenta conforme aumenta a quantidade consumida de um deter-
minado bem ou serviço e a utilidade marginal decresce à medida em que aumenta o
consumo de um determinado bem ou serviço.

ISTO ACONTECE NA PRÁTICA


Na prática, essa situação acontece em um rodízio de pizzas ou carnes, por
exemplo. Quando chegamos ao restaurante, estamos com tanta fome que
o primeiro pedaço de pizza gera um grau de satisfação enorme. Porém, con-
forme vamos comendo, nossa fome vai acabando e a satisfação gerada vai
reduzindo, até chegar ao ponto que não querermos mais pizza e pedimos ao
garçom para não nos oferecê-la mais (utilidade marginal negativa)
20
É importante observar que representei a utilidade, tanto total como marginal, por meio
de dinheiro, mas apenas para facilitar o entendimento. Como a utilidade é a satisfação
gerada pelo consumo de bem ou serviço, não é fácil quantificá-la, pois o grau de satisfa-
ção é diferente para cada pessoa. Então, utilidade não é medida por meio de números,
e sim de grau de satisfação.

CURVA DE INDIFERENÇA

Outra curva importante que deve ser analisada antes de estudarmos a teoria da deman-
da de fato é a curva de indiferença, que mostra as cestas que o consumidor considera
indiferente, ou seja, as possíveis cestas que o consumidor desejaria adquirir, de acordo
os pressupostos que estudamos no início da unidade. Claro que apresentarei a curva de
indiferença de forma simplificada, pois este é um livro de introdução à Economia. Va-
mos supor que Maria consuma refrigerantes e pipoca e que, dados sua renda e o preço
destes bens, existem quatro cestas disponíveis.

Tabela 3.2 – Cestas de Maria compostas por refrigerantes e pipocas

Cesta Quantidade de refrigerantes Quantidade de pipocas

C1 (1,4) 1 4

C2 (2,3) 2 3

C3 (3,2) 3 2

C4 (4,1) 4 1
FONTE: Elaboração da autora

A tabela 3.2 mostra quatro cestas compostas por refrigerantes e pipocas que Maria pode
adquirir dados a sua renda e o preço dos bens, representadas na tabela 3.2 em gráfico
para melhor visualização:

Gráfico 3.2 – Curva de indiferença de Maria para refrigerantes e pipocas


FONTE: Elaboração da autora

Conforme visto no gráfico 3.2, qualquer cesta sobre a curva de indiferença é, como o
nome já diz, indiferente para Maria adquirir. Podemos ver também que, assim como na
curva de utilidade marginal, a curva de indiferença é negativamente inclinada. O motivo
é que, de acordo com os pressupostos da teoria do consumidor, “mais é melhor do que
menos.”

21
Ótimos estudos e até a próxima aula!
AULA 04

TEORIA DA
DEMANDA
Olá, aluno(a)! Agora, vamos começar o estudo da teoria de demanda, pois até o mo-
mento vimos os fundamentos da teoria do consumidor. A teoria da demanda tem como
objetivo tratar das necessidades dos consumidores, ou seja, ela procura explicar o com-
portamento do consumidor ao escolher bens e serviços. Na Aula 1, você viu que qualquer
economia procurar responder a quatro perguntas básicas: O que produzir? Quanto pro-
duzir? Para quem produzir? Como produzir? Destas, as três primeiras são respondidas
pela teoria do consumidor.

Mas o que é demanda? Passos e Nogami (2012) definem demanda como a quantidade
de um determinado bem ou serviço que um consumidor deseja e está capacitado a
comprar por unidade de tempo. A palavra “deseja” está em destaque porque a deman-
da é uma intenção de compra e não a compra efetiva.

Figura 1: Supermercado

Outros três elementos devem ser discutidos sobre a definição de demanda:

a. Só existe demanda se a pessoa puder pagar pelo bem ou serviço. Se não puder
pagar, não há demanda. Então, o sonho de consumo que muitas vezes temos não
é considerado demanda, pois não podemos pagar por ele.

b. O conceito de demanda está relacionado a ideia de utilidade. Isto mesmo, aquela


utilidade que vimos anteriormente. Só existirá demanda se aquele bem ou serviço
gerar algum tipo de satisfação para o consumidor. Se não gera satisfação, não há
demanda, pois quem irá desejar um bem ou serviço sem utilidade?

c. A demanda vem sempre acompanhada da unidade tempo, pois a demanda altera


com o tempo. Se a demanda é uma intenção de compra dados a renda e o preço
do bem, com o tempo o preço altera e a renda também, então, a demanda é alte-
rada. Podemos concluir então que a demanda é dinâmica!

23
ANOTE ISSO
Demanda pode ser definida como a quantidade de um bem ou serviço que
um consumidor deseja comprar dados sua renda e o preço do bem, sendo,
portanto, uma intenção de compra.

Agora que você já sabe o conceito de demanda, vamos representá-la graficamente? A


curva de demanda é representada conforme gráfico 4.1

Gráfico 4.1 – Representação da curva de demanda


FONTE: Elaboração da autora

A curva de demanda (D) é a relação entre preço (P) e quantidade (Q) e é negativamente
inclinada. Você sabe responder por que a curva de demanda é negativamente inclinada?
A curva de demanda é negativamente inclinada porque conforme o preço aumenta, a
quantidade que os consumidores estão dispostos a adquirir reduz, pois se o preço aumen-
tar, os consumidores irão substituir o consumo do bem pelo seu substituto. Esse efeito é
chamado de efeito substituição. Outro motivo que faz com que a curva de demanda seja
negativamente inclinada é o chamado efeito renda, que nos diz que ao aumentar a renda,
o consumidor irá demandar quantidades maiores de um determinado bem.
Então, a utilidade marginal explica que a curva de demanda é negativamente in-
clinada, pois conforme o preço altera, a quantidade demandada altera também (efeito
substituição), e alterações na renda, alteram a quantidade demanda (efeito renda). Para
facilitar a explicação acima, vou mostrar um exemplo. Maria deseja ir ao cinema ver os
filmes que acabaram de ser lançados. Neste exemplo, cinema é nosso bem. Dependen-
do do preço do ingresso, Maria está disposta a ir mais de uma vez ao mês ao cinema,
conforme tabela 4.1.

Tabela 4.1 – Demanda por ingressos para cinema de Maria

Preço do ingresso Quantidades de ida ao teatro

15 1

12 2

10 3

7 4

5 5

24
FONTE: Elaboração da autora
Analisando a tabela 4.1 e a representando graficamente, podemos ver que conforme o
preço do ingresso para o cinema reduz, a quantidade demandada, ou seja, a quantidade
de vezes que Maria está disposta a ir ao cinema aumenta, o que faz com que a curva de
demanda seja negativamente inclinada.

Gráfico 4.2 – Representação da curva de demanda de Maria para ingressos de cinema.


FONTE: Elaboração da autora

Claro que a curva de demanda representa apenas um consumidor, mas também temos
a curva de demanda de mercado, que é a soma das curvas de demanda individuais de
um determinado bem que está sendo vendido a um determinado preço. Independen-
temente de ser curva de demanda individual ou de mercado, ela será sempre negativa-
mente inclinada, pelos motivos que já explicamos.

FATORES QUE AFETAM A CURVA DE DEMANDA

Após entender o conceito de demanda e o que de fato significa para a ciência econômi-
ca, vou apresentar alguns fatores que afetam a curva de demanda tanto positiva quanto
negativamente, ou seja, fatores que fazem com que a demanda aumente ou diminua e
um fator que determina a demanda.
O fator que determina a demanda é o preço do bem ou serviços em questão. Neste
caso, como discutimos até agora, um aumento do preço faz com que a quantidade que
os consumidores estão dispostos a consumir reduza e vice-versa. Assim, não há um des-
locamento da curva de demanda, mas apenas os pontos sobre a curva que deslocam.
Chamados isso de alteração na quantidade demandada e não alteração na demanda.
Já os fatores que afetam e, portanto, deslocam a curva de demanda para a direita ou
para a esquerda são diversos, e irei apresentar alguns deles.

a. Renda – é um dos principais fatores que afetam a curva de demanda. Então, de


acordo com a renda, os consumidores irão escolher qual das cestas de produtos
disponíveis irá demandar. A partir da variação da renda e do impacto que esta
variação causa na quantidade demandada, os bens podem ser classificados em:
Normal – quando há um aumento de renda, a quantidade demanda do bem ou
serviço aumenta. A maioria dos bens são normais, pois quando a pessoa tem um
aumento de renda, ela passa a demandar mais daquele bem. Neste caso, a curva
de demanda se desloca para a direita, ou seja, para cima.

25
Inferior – quando há aumento da renda, a pessoa passa a consumir menos daque-
le bem. Por exemplo, se Maria, nosso consumidor, tiver um aumento de salário, ela
passará a consumir mais carne de primeira. Neste caso, a curva de demanda para
carne de segunda se desloca para a esquerda, ou seja, para baixo.

Consumo saciado – independentemente da renda, a quantidade de deman-


da será a mesma, ou seja, mesmo que Maria passe a receber um salário maior
ou o preço do bem reduzir, ela não irá demandar mais ou menos quantidades,
por exemplo, de sal. Neste caso, a curva de demanda não se desloca, pois não há
aumento ou redução da demanda.

b. Preço dos bens complementares – bens complementares são os bens consumi-


dos juntos como, por exemplo, café e açúcar, arroz e feijão, pão e manteiga, etc.
Então, se o preço de um bem aumentar (café) a quantidade demanda de café e
do seu complementar, que é o açúcar, reduzirá, deslocando a curva de demanda
para a esquerda.

c. Preço dos bens substitutos – bens substitutos são aqueles que têm praticamen-
te as mesmas características e, por este motivo, podem ser substituídos um pelo
outro. Por exemplo, bolo de chocolate e bolo de coco, manteiga e margarina, pão
francês e pão de forma, entre outros.

Como são bens que podem ser substituídos, quando o preço de um aumentar, por
exemplo, da manteiga, a quantidade demandada de manteiga cairá e a quantida-
de demandada do seu substituto, no caso, da margarina, aumentará. Neste caso,
a curva de demanda de manteiga se desloca da direita para a esquerda, ou seja,
para baixo, e a curva de demanda de margarina se desloca para a direita.

d. Propaganda/Marketing – cria uma necessidade de consumo. Então, é um instru-


mento muito utilizado para aumentar a quantidade demandada de determinados
bens e serviços, deslocando a curva de demanda para a direita.

e. Expectativa sobre o futuro – se Maria acredita que receberá um aumento daqui a


noventa dias, a demanda dele hoje aumentará. Caso contrário, se ele está em aviso
prévio, a demanda dele hoje reduzirá.

f. Fatores Climáticos – no inverno, a demanda por biquínis reduz, enquanto a de-


manda por calças aumenta. Outro exemplo: a demanda de aquecedor na região
Norte do Brasil é quase nula, pois não tem clima para utilizar este tipo de aparelho,
enquanto a demanda por ar condicionado na Noruega é baixa.

g. Hábitos/costumes – a demanda de alguns bens varia conforme o hábito e costu-


me da região. Por exemplo, na Índia a vaca é sagrada, então a demanda por carne
bovina é quase nula, enquanto no Brasil, é alta.

26
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
Com as altas temperaturas comerciantes de Curitiba relatam aumento na
venda de ventiladores
Capital paranaense registrou temperaturas acima dos 33º neste sábado (15),
segundo a Somar Meteorologia.
As altas temperaturas registradas em Curitiba têm empolgado os comer-
ciantes, que afirmam que a venda de ventiladores na cidade tem aumentado
nas últimas semanas. Neste sábado (15) a capital paranaense registrou tem-
peraturas de até 33,5º, por volta das 15h, segundo a Somar Meteorologia.
Nas ruas do Centro, vendedores comentam a procura pelo produto. “Hoje,
só em ventiladores, eu vendi na faixa de R$ 2 mil”, conta a vendedora Ro-
sangela Morais.
FONTE: https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2018/12/15/com-altas-temperaturas-comercian-
tes-de-curitiba-relatam-aumento-na-venda-de-ventiladores.ghtml Acesso em 23 dez. de 2018.

Citei alguns fatores que afetam a curva de demanda, mas temos diversos outros. É im-
portante lembrar que qualquer fator que aumente a demanda deslocará a curva de de-
manda para a direita, conforme gráfico 4.3. Em compensação, qualquer fator que reduz
a demanda desloca a curva de demanda para a esquerda, conforme gráfico 4.4.

Gráfico 4.3 – Deslocamento da curva Gráfico 4.4 – Deslocamento da curva de


de demanda para a direita. demanda para a esquerda
FONTE: Elaboração da autora FONTE: Elaboração da autora

O gráfico 4.3 mostra o deslocamento da curva de demanda para a direita, ou seja, quan-
do algum dos fatores que estudados acima aumenta a demanda, como por exemplo,
aumento da renda, aumento do preço do bem substituto, etc.
O gráfico 4.4 mostra o deslocamento da curva de demanda para esquerda, ou seja,
quando algum dos fatores que estudados acima reduz a demanda, como por exemplo,
redução da renda, redução do preço do bem complementar, etc.

Não podemos deixar de observar que quando falamos em uma alteração na quantidade
demandada em função de uma variação no preço do próprio bem, a curva de demanda
não se desloca, alterando apenas os pontos sobre a curva.

Ótimos estudos e até a próxima aula!

27
AULA 05

TEORIA DA
OFERTA E EQUILÍBRIO
DE MERCADO
Olá, aluno(a)! Na aula anterior, estudamos o lado do consumidor na teoria da demanda,
agora iremos analisar o outro lado, o do produtor. Em outras palavras, a oferta. Então,
a teoria da oferta analisa os principais aspectos relacionados à oferta de mercado, ou
melhor, estuda o comportamento das empresas. Sintetizando, a teoria da oferta estu-
da a resposta do produtor aos incentivos de mercado, incentivos estes relacionados a
quantidade demandada, custos, incentivos governamentais, disponibilidade de fatores
de produção, etc.
Mas, então, o que é oferta? A oferta pode ser definida, segundo Passos e Nogami
(2012), como a quantidade de um bem ou serviço que uma determina empresa deseja
vender por unidade de tempo. Mais uma vez, a palavra “ deseja” está negrito, isso porque
dependendo do preço do bem, as empresas têm um incentivo para aumentar a produ-
ção, mas não significa que de fato aumentem, pois aumentar a produção depende de
outros fatores e não somente do preço que a empresa deseja vender seu produto, até
porque nem sempre o desejado é o preço vendido de fato.
Outra observação é em relação à “unidade de tempo”. Vimos na teoria da demanda
que a demanda altera com o tempo. A oferta tem o mesmo funcionamento: com o tem-
po, ela poderá ser alterada. E como a curva de oferta é representada? A curva de oferta
é representada conforme gráfico 5.1.

Gráfico 5.1 – Representação da curva de oferta


FONTE: Elaboração da autora

ANOTE ISSO
Diferente da curva de demanda, a curva de oferta é negativamente inclina-
da, pois as empresas desejam vender mais quando o preço de mercado dos
seus produtos está mais alto.

Você percebeu que o formato da curva de oferta é o oposto da curva de demanda, já que
a curva de oferta é positivamente inclinada. Vamos ver o motivo? Imagine uma empresa
que venda pizzas congeladas e que tem a seguinte oferta:

Tabela 5.1 – Oferta de uma empresa hipotética de títulos de capitalização.

Preço por pizza Quantidade ofertada (milhões de pizza)

5 18

4 16 29
Preço por pizza Quantidade ofertada (milhões de pizza)

3 12

2 7

1 0

FONTE: Elaboração da autora

Pela tabela 5.1 você percebeu que conforme o preço da pizza congelada reduz, a quan-
tidade que a empresa deseja vender diminuiu também, fazendo com que a curva seja
positivamente inclinada. Transformando a tabela 5.1 em um gráfico, temos:

Gráfico 5.1 – Representação da curva de oferta para empresa hipotética de pizzas congeladas.
FONTE: Elaboração da autora

O gráfico 5.1 confirmou o que a tabela 4 mostrou: conforme o preço da pizza congela-
do reduziu, a quantidade que a empresa deseja vender também diminuiu, chegando
ao ponto que a R$1,00 a empresa não está disposta a vender nenhuma pizza. Qual a
explicação de que ao preço de R$ 1,00 a empresa não está disposta a vender o produ-
to? A preços muito baixos, as empresas não têm incentivo a aumentar sua produção e
poderão ofertar outro tipo de produto, no caso, outro tipo de lanche congelado, como o
cachorro-quente, que tenha um preço de mercado mais alto.

FATORES QUE AFETAM A CURVA DE OFERTA

Agora que você conhece o conceito de oferta, vou apresentar alguns fatores que afetam
positiva e negativamente a curva de oferta. Assim como na demanda, o preço do bem
ou serviço afeta a curva de oferta, mas não a desloca. Quanto maior for o preço, maior
será a quantidade ofertada. Caso contrário, se o preço diminui, a quantidade ofertada
também diminui.

Já os fatores que afetam e deslocam a curva de demanda, segundo Mendes (2008), são:

a. Preço dos insumos – aumento no preço dos insumos, aumenta os custos da em-
presa e podem reduzir a produção, pois caso não seja repassado ao preço final, a
empresa terá menos lucro, deslocando a curva de oferta para a esquerda.

30
ISTO ESTÁ NA REDE
TABELA DO FRETE DEVERÁ TER REAJUSTE DE CERCA DE 5%
Aumento tem por objetivo atualizar os preços após a Petrobrás elevar em
13% o preço do diesel nas refinarias
A tabela do frete rodoviário deverá ser reajustada em cerca de 5%, segundo
informou fonte ao Estado. O aumento tem por objetivo atualizar os preços
após reajuste de 13% do diesel anunciado na última sexta-feira. O ajuste será
feito sobre a tabela vigente.
O tema será discutido nesta terça-feira, 4, em reunião da diretoria da Agên-
cia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O órgão regulador também
discutirá formas para acelerar o início das fiscalizações quanto ao cumpri-
mento da tabela pelos contratantes de serviços de transportes.
Fonte: https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,tabela-do-frete-devera-ter-
reajuste-de-cerca-de-5,70002487166 Acesso em 23 dez. de 2018.

b. Tecnologia – ótima forma de aumentar a produção, utilizando a mesma


quantidade de fatores de produção, assim, reduzindo os custos e aumentando a
oferta, deslocando a curva de oferta para a direita.

c. Preço dos produtos competitivos – quando falamos em produtos competitivos


estamos nos referindo a produtos alternativos do processo de produção, ou seja,
são produtos que utilizam mais ou menos o mesmo processo produtivo. Neste
caso, a empresa escolherá produzir e vender aquele produto que tem um preço
de mercado mais alto. Esta foi a situação no nosso exemplo da empresa hipotética
de pizza congelada, no qual ao preço de R$1,00 a empresa optaria em oferta outro
tipo de lanche.

d. Políticas do governo – dependendo da política pública do governo, a empresa


tem incentivo para aumentar ou reduzir a produção. Por exemplo, subsídio é um
incentivo para as empresas aumentaram a produção. Os subsídios acontecem
principalmente no setor agropecuário.

e. Influências especiais – é como quando uma condição meteorológica afeta alguns


setores e faz com que as empresas aumentem ou reduzam a produção. Por exemplo,
uma chuva causa uma redução na produção dos agricultores, reduzindo a oferta.

Como vimos, alguns fatores afetam a deslocam a curva de oferta para a direita ou para a es-
querda. Qualquer fator que reduza custos é um incentivo para a empresa aumentar a pro-
dução, deslocando a curva de oferta para a direita. Essa situação pode ser vista no gráfico 5.2

31
Gráfico 5.2 – Deslocamento da curva de oferta para a direita.
FONTE: Elaboração da autora.
Agora, qualquer fator que aumente o custo, ou que reduza o lucro, é um incentivo para
a empresa reduzir a produção, deslocando a curva de oferta para a esquerda, conforme
gráfico 5.3

Gráfico 5.3 – Deslocamento da curva de oferta para a esquerda


FONTE: Elaboração da autora.

Não posso deixar de observar que quando falamos em uma alteração na quantidade
ofertada, em função de uma variação no preço do próprio bem, a curva de oferta, assim
como a curva de demanda, não se desloca, alterando apenas os pontos sobre a curva, do
mesmo que a curva de demanda.

EQUILÍBRIO DE MERCADO

Nas aulas anteriores, estudamos o comportamento dos consumidores e das empresas


separadamente, mas sabemos que no mundo real a oferta e a demanda atuam conjun-
tamente, e o preço e a quantidade que são vendidas no mercado se dá quando as duas
curvas (oferta e demanda) se interceptam.

Figura 1: Acordo

32
Agora, apresentarei o equilíbrio em mercados competitivos, ou seja, mercados que são
formados por um grande número de compradores e vendedores. Fiz a observação de
que o equilíbrio discutido aqui é em mercados competitivos, pois temos outros mer-
cados, como os poucos competitivos e os sem competição, no qual o equilíbrio se dá
em outro ponto, ou seja, funciona de outra forma a relação entre demanda e oferta, e o
preço é formado em um ponto mais alto, mas isso discutiremos na próxima seção desta
aula. O equilíbrio em mercados competitivos pode ser visto no gráfico 5.4.

Gráfico 5.4- Equilíbrio em um mercado competitivo


FONTE: Elaboração da autora

Analisando o gráfico 5.4, podemos perceber que o ponto onde as curvas de oferta (O)
e demanda (D) se encontram é o ponto de equilíbrio (E), e esse ponto mostra o preço e
a quantidade negociados no mercado, P’ e Q’ respectivamente. Qualquer preço acima
de P’ significa que haverá mais oferta do que demanda, ou seja, teremos um excesso
de oferta, e pela lei da oferta e da demanda, oferta maior que demanda, o preço tende
a baixar. Então, pontos acima de P’ fazem com que sobrem produtos no mercado, e o
preço automaticamente reduzirá.
Existe o caso contrário também: qualquer ponto abaixo de P’ significa que teremos
um excesso de demanda, ou seja, mais pessoas desejando adquirir o bem ou serviço do
que empresas dispostas de vender. Neste caso, o preço aumentará, de modo a chegar
ao ponto E, que é o ponto de equilíbrio.

ANOTE ISSO
O equilibro de mercado acontece quando as curvas de oferta e demanda
se encontram. Mesmo quando há aumento ou redução de preços, e conse-
quentemente as curvas de oferta e demanda se deslocam, com o passar o
tempo, elas tendem a encontrar um novo ponto de equilíbrio.

Todos os fatores estudados nos tópicos anteriores que afetam as curvas de demanda,
tais como renda, preço dos produtos complementares e substitutos, expectativa sobre
o futuro, entre outros, e todos os fatores que vimos que afetam a curva de oferta, tais
como, tecnologia, preço dos produtos relacionados, interferência governamental, etc.,
afetam o ponto de equilíbrio.
O governo também pode afetar o ponto de equilíbrio por meio de:

33
a. Fixação de preços mínimos – acontece quando o governo fixa o preço mínimo
que seria vendido no mercado. Esse instrumento tem como objetivo beneficiar o
produtor de forma a garantir um nível de preço superior ao preço de equilíbrio. Um
exemplo seria o mercado de trabalho, por meio de fixação do salário mínimo. Ou-
tro mercado que participa dessa política é o mercado agrícola, no qual o governo
se compromete a adquirir a produção caso o preço de mercado esteja abaixo do
preço fixado.

b. Fixação de preços máximos – acontece quando o preço vendido no mercado está


muito alto e o governo, com o objetivo de defender o consumidor, estabelece um
preço máximo que as empresas podem vender seus produtos. O preço máximo
será sempre menor do que o preço de equilíbrio, ou seja, abaixo de P’.

c. Subsídios – neste caso, o governo, com o objetivo muitas vezes de desenvolver de-
terminados setores, paga uma parte dos custos produtivos da empresa, que terá
incentivo para aumentar a quantidade ofertada e ou reduzir preço. Com o subsí-
dio, o preço fica abaixo de P1.

d. Congelamento e tabelamento de preços – muito utilizado na década de 1980 e


início da década de 1990 para combater a inflação. O governo congela preços e ou
salários, de forma a definir o P’.

ISTO ACONTECE NA PRÁTICA


Um preço mínimo é o menor preço legal que pode ser pago em um mercado
por bens e serviços, trabalho ou capital financeiro. Talvez o exemplo mais
conhecido de preço mínimo seja o do salário mínimo, que é baseado na visão
normativa de que alguém que trabalhe em tempo integral deve ser capaz de
manter um padrão básico de vida. O salário mínimo federal no final de 2014
era de $7,25 por hora, o que gera uma renda para uma única pessoa ligeira-
mente acima da linha da pobreza. À medida que o custo de vida sobe ao lon-
go do tempo, o Congresso eleva periodicamente o salário mínimo federal.
Preços mínimos as vezes são chamados de subsídios de preços, pois eles
mantêm um preço, evitando que ele caia abaixo de um certo valor. Ao redor
do mundo, muitos países aprovaram leis para criar suportes de preço agríco-
las. Os preços agrícolas, é, portanto, as receitas agrícolas, flutuam – às ve-
zes largamente. Então, mesmo se, na média, as receitas agrícolas estiverem
adequadas, em alguns anos elas podem ficar bem baixas. Logo, o objetivo
do suporte de preços é prevenir esses tipos de oscilações.
FONTE: https://pt.khanacademy.org/economics-finance-domain/microeconomics/consumer-
-producer-surplus/deadweight-loss-tutorial/a/price-ceilings-and-price-floors-cnx

Ótimos estudos e até a próxima aula!

34
AULA 06

ELASTICIDADES
Olá, aluno(a)! Elasticidade é um conceito
muito importante na Microeconomia, pois
mostra a relação entre as diferentes quan-
tidades de demanda e oferta de determi-
nados bens e serviços em função das mu-
danças de preço. Nesse sentido, Mendes
(2009) define elasticidade como uma me-
dida de resposta que compara a mudança
percentual de uma variável devido a uma
mudança percentual em outra variável. Em
outras palavras: sabemos, por exemplo, que
a redução do preço de um bem aumenta
a demanda deste bem, mas não sabemos
exatamente em quanto. E é esse impacto
que a elasticidade mostra!
De acordo com o conceito de elasticida-
de, as mercadorias podem ser classificadas
em bens de demanda inelástica ou fraca-
mente elásticas e bens de demanda forte-
mente elástica. Os primeiros englobam os
bens de primeira necessidade, indispen-
sáveis à subsistência diária da população.
O sal é o mais característico entre os bens
de demanda inelástica. Consumido em
pequenas quantidades, mas tratando-se
de ingrediente indispensável à alimenta-
ção cotidiana, as alterações no preço do sal
praticamente em nada afetam sua procura Figura 1: Elástico
(SANDRONI, 1999).

ANOTE ISSO
Elasticidade é a alteração percentual em uma variável, dada uma variação
percentual em outra. É sinônimo de sensibilidade, resposta, reação de uma
variável, em face de mudanças em outras variáveis.

Entre os bens de demanda inelástica, encontram-se também alguns produtos de luxo


utilizados pela camada mais rica da população, que continuará comprando esses arti-
gos mesmo que os preços se elevem bastante (SANDRONI, 1999).
Os bens de demanda fortemente elástica são aqueles que não são indispensáveis à
subsistência da população, sendo geralmente utilizados pelos setores médios da socie-
dade. Selecionados cuidadosamente pelos consumidores, uma elevação do preço des-
ses artigos acarreta imediata diminuição da demanda. Demanda fortemente elástica
caracteriza também os artigos que podem ser, sem problemas, substituídos por outros
produtos similares (SANDRONI, 1999).

36
ELASTICIDADE DA DEMANDA

A elasticidade da demanda mostra a variação da quantidade demandada (procurada)


em função do aumento ou redução do preço, ou seja, é uma medida da variação na de-
manda de uma mercadoria. Como nós vimos nas aulas anteriores, a demanda depende
de alguns fatores tais como o preço da mercadoria, a renda do consumidor, o preço de
outras mercadorias e o gosto do consumidor, entre outros. Assim, quando há qualquer
mudança em um desses fatores, ocorre variação na quantidade comprada da mercado-
ria na unidade de tempo em questão (SANDRONI, 1999).
Portanto, a elasticidade da procura mede a variação relativa da quantidade compra-
da na unidade de tempo, quando ocorre uma variação em um dos fatores citados ante-
riormente, mantendo-se constantes os demais (SANDRONI, 1999). A partir disso, têm-se
a elasticidade-preço da demanda, a elasticidade-renda da demanda e outras variáveis.
Vamos conhecê-las?

a. Elasticidade preço

A elasticidade preço da demanda mostra o impacto da variação do preço na quantidade


demanda de um determinado bem ou serviço. Segundo Sandroni (1999), a elasticidade
preço da demanda é a relação entre a variação na quantidade procurada de um bem e
uma variação relativa de seu preço.

O coeficiente de elasticidade-preço da demanda pode ser obtido dividindo-se a varia-


ção percentual dos seus preços, conforme expressão a seguir:

P ∆Q
Εp =
Q ∆P
No qual: Ep – elasticidade preço
P – preço
Q – quantidade
∆Q – variação da quantidade
∆P – variação do preço

É importante observar que a análise da elasticidade preço é feita por módulo, ou seja,
sempre será negativo, mas a análise sempre levará em consideração o valor ser positivo.
Após o cálculo de elasticidade, os bens podem ser classificados em:
a. Elásticos, quando a elasticidade preço for maior do que 1.
Isso significa que conforme o preço aumenta, a quantidade demanda reduz. Por
exemplo, se o preço aumentou em 10%, a quantidade demandada reduzirá em
mais do que 10%.
Em geral, bens não muito essenciais são elásticos, como roupas e sapatos.

b. Inelásticos, quando a elasticidade preço for menor do que 1.


Isso significa que conforme o preço aumenta, a quantidade demandada não re-
duz de forma significativa, permanecendo mais ou menos constante. Por exem-
plo, se o preço aumentar em 10%, a quantidade demandada reduz em menos do
que 10%.
Em geral, os bens mais essenciais são inelásticos, como gasolina e alimentos.
37
c. Elasticidade unitária, quando a elasticidade preço for igual a 1
Isso significa que um aumento no preço reduz a quantidade demandada na mes-
ma proporção, ou seja, um aumento de 10% no preço acarreta uma redução de 10%
na quantidade demandada.

ISTO ACONTECE NA PRÁTICA


Estudos recentes indicam que a elasticidade-preço das importações brasilei-
ras é baixa. Este trabalho procura racionalizar o referido resultado revisitando
as estimativas das importações do país desagregadas por “categoria de uso”.
Os resultados reportados sugerem que a baixa elasticidade-preço das im-
portações agregadas reflete fundamentalmente a baixa elasticidade-preço
das importações de combustíveis, bens intermediários e de alguns tipos de
serviços – notadamente, transporte, aluguel de equipamentos e pagamentos
de royalties – produtos que, somados, respondem por pouco menos de dois
terços do total importado. Isso ocorre porque vários desses produtos têm
pouca ou nenhuma possibilidade de substituição por similares nacionais, de-
vido principalmente a deficiências estruturais na oferta nacional.
FONTE: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8649650/16145

Alguns fatores fazem com que o bem ou serviço seja mais elástico do que outros. Pode-
mos citar, de acordo com Mendes (2008):

Grau de essencialidade do produto


Quanto mais essencial ou necessário for o bem, mais inelástico ele será, como por
exemplo, a água. Mesmo que o preço aumente, não tem como substituir a água
tão facilmente, então, a quantidade demandada não alterará.

Disponibilidade de produtos substitutos para o bem considerado


Quanto maior for o número de bens substitutos para o produto em questão, mais
elástico ele será. Por exemplo, refrigerantes. Caso o preço do refrigerante aumen-
te, podemos substitui-lo por suco, água ou outra marca de refrigerante.

Número de utilizações que se pode dar ao produto


Quanto maior for o uso do produto, maior será a elasticidade. Por exemplo, a soja.
Se o preço do óleo de soja varia, a soja poderá ser utilizada para outros fins, como
farelo.

Proporção da renda gasta com produtos


Quanto maior for a renda proporcional gasta com um produto, mais elástico ele
será. Por exemplo, se o preço de uma televisão aumenta, a demanda reduzirá mais
do que se o preço do açúcar aumentar, mantendo a renda constante.

b. Elasticidade preço cruzada

A elasticidade preço cruzada mede o impacto da variação do preço de um bem na quan-


tidade demanda do outro bem.

38
∆Qx
Qx
Ε xy =
∆Py
Py
No qual: Exy – elasticidade preço cruzada
∆Qx – variação da quantidade do bem X
Qx – quantidade do bem X
∆Py – variação do preço do bem Y
Py – preço do bem Y

Nesse tipo de elasticidade, o sinal precisa ser analisado. Se o resultado for positivo, os
bens são substitutos. Se for negativo, os bens são complementares, e se o resultado for
zero, os bens são independentes, ou seja, não tem nenhum tipo de relação, como gaso-
lina e pão.

c. Elasticidade renda

A elasticidade renda mede o impacto da variação da renda na quantidade demandada


de um determinado bem.

∆Q
Q
Εy =
∆y
y

No qual: Ey – elasticidade renda


∆Q – variação da quantidade
Qx – quantidade
∆y – variação da renda
y – renda

Assim como na elasticidade preço cruzada, o sinal da elasticidade renda precisa ser ana-
lisado. Se o valor for positivo, o bem é normal. Se for negativo, o bem é inferior.

ELASTICIDADE DA OFERTA

Como vimos, o produto responde a alterações no preço, e esta resposta pode ser medida
por meio da elasticidade-preço da oferta. Então, Mendes (2008) define elasticidade-pre-
ço da oferta como mudança percentual na quantidade ofertada de um bem ou serviço
em resposta a uma variação no preço, mantendo os demais fatores constantes. Assim
como na demanda, a elasticidade-preço da oferta pode ser de três tipos:

a. Elástica
Uma oferta é elástica quando o coeficiente é maior do que 1. Então, um aumento
nos preços em 1% faz com que a quantidade ofertada aumente mais do que 1%.

39
b. Inelástica
Uma oferta é inelástica quando o coeficiente é menor do que 1. Então, um aumento
nos preços em 1% faz com que a quantidade ofertada aumente menos do que 1%.

c. Elasticidade Unitária
Uma oferta tem elasticidade unitária quando o coeficiente é igual a 1. Então, um
aumento nos preços em 1% faz com que a quantidade ofertada aumente exata-
mente 1%.

Ótimos estudos e até a próxima aula!

40
AULA 07

O MERCADO
COMPETITIVO
ESTRUTURAS DE MERCADO

Olá, aluno(a)! A interação entre oferta e demanda acontece no mercado e forma o pre-
ço. Essa interação muda para cada estrutura do mercado. Então, Mendes (2009) define
estrutura de mercado como sendo: “Estrutura de mercado se refere às características
organizacionais de um mercado, ou seja: grau de concentração, grau de diferenciação
do produto, grau de dificuldade ou barreira à entrada” (MENDES, 2009, p. 103). Como de-
finido por Mendes, a estrutura de mercado engloba três características. Vamos entender
cada uma delas?

a) Grau de concentração

É o tamanho do mercado. Em outras palavras: é o número de vendedores e compra-


dores que fazem parte daquele mercado. Dependendo da quantidade de empresas e
consumidores, dizemos que o mercado é concentrado ou competitivo, e uma forma de
medir é por meio dos índices de mercado.

Quando as quatro maiores empresas que fazem parte deste mercado detêm, pelo me-
nos, 75% da quantidade comercializada, dizemos que este é um mercado altamente
concentrado.

Um dos maiores problemas de um mercado muito concentrado é que as empresas con-


seguem definir o preço que será vendido seu produto e este preço, em geral, é mais alto
do que em mercados competitivos. Outros problemas podem ser em relação à quanti-
dade e à qualidade do produto.

ISTO ACONTECE NA PRÁTICA


Aumento da concorrência reduz preço de medicamentos para pacientes
acometidos por doenças raras no Brasil
Uma das empresas que atua no sentido de promover a agilização e a redu-
ção dos preços dos medicamentos destinados ao tratamento de doenças
raras no Brasil é a Oncolabor Medical, sediada em Minas Gerais. Criada em
2016, a organização já firmou parcerias com distribuidoras internacionais, lo-
calizadas nos Estados Unidos, para importar produtos médicos de alta com-
plexidade.
A partir de iniciativas como as da Oncolabor, já foi registrada, por exemplo,
uma economia anual aos cofres públicos de mais de R$ 400 mil por pacien-
te tratado pelo medicamento eculizumabe. Isso porque o valor do remédio
caiu a menos da metade do preço anterior, passando de US$ 8 mil para US$
3,5 mil depois do início das atividades da Oncolabor. Segundo os diretores
da empresa, “a Oncolabor está contribuindo para a quebra do monopólio
em um setor fundamental na sociedade, que é o cuidado com a saúde”. Eles
ressaltam que “a empresa representa uma concorrência saudável, que tem
como principal finalidade tornar acessíveis medicamentos essenciais para a
qualidade de vida de pacientes que necessitam de cuidados especiais”.
FONTE: https://www.terra.com.br/noticias/dino/aumento-da-concorrencia-reduz-preco-
-de-medicamentos-para-pacientes-acometidos-por-doencas-raras-no-brasil,86aa475e-
1d8a8aa9eb52b98c43e0223daf0lhpre.html

42
b) Grau de diferenciação do produto

O grau de diferenciação do produto refere-se a quanto um bem ou serviço que está


sendo negociado no mercado é diferente. Pela visão da economia, quanto mais hete-
rogêneo for um bem, ou seja, quanto mais diferente ele for, menos produtos substitu-
tos teremos para ele e, portanto, mais inelástico ele será. Em outras palavras: um bem
ou serviço heterogêneo, mesmo que o preço aumentar, a quantidade demanda será a
mesma, pois não há substitutos próximos.

A diferenciação pode ser obtida de diferentes formas. Mendes (2009) cita ingredientes
de qualidade superior, prêmios oferecidos, serviços especiais, como entrega delivery e
embalagens especiais como formas da empresa diferenciar seu produto e, portanto,
aumentar seu preço.

Você saberia dar um exemplo de um produto homogêneo e de um diferenciado?


Em geral, produtos agropecuários tais como soja e milho in natura são produtos
homogêneos, pois a soja do produtor A é igual à soja do produtor B. Como produtos
diferenciados, podemos citar os produtos semi-industrializados e os industrializados tais
como comida congelada, roupas, sapatos, etc.

c) Barreiras à entrada

Barreiras à entrada pode ser definido como o grau de dificuldade que uma nova empre-
sa tem para fazer parte do mercado. E podem ser:

Economia de escala – acontece quando a empresa aumenta a quantidade produ-


zida e consegue reduzir seu custo médio no longo prazo. Existem diversas formas
de conseguir gerar economia de escala, como especialização da mão de obra, uti-
lização de tecnologia e compra de fatores de produção em grandes quantidades,
entre outros.

Desvantagens de custo – quando a empresa que deseja fazer parte do mercado


tem alguma desvantagem em custo, como pouca experiência no setor, pouco do-
mínio tecnológico ou ainda grande necessidade de propaganda.

Com base no que foi discutido, quanto à competitividade os mercados podem ser clas-
sificados em:
•• Competitivos – concorrência perfeita e concorrência monopolística
•• Pouco competitivos – oligopólio
•• Sem competição – monopólio

O quadro 7. 1 mostra, de forma simplificada, como os mercados podem ser classificados


quanto ao número de empresas e ao tipo de produto, ou seja, as características que dis-
cutimos anteriormente.

Quadro 7.1 – Classificação dos mercados

Número de empresas Tipo de produto Estrutura de mercado

Muitas Homogêneo Concorrência perfeita

Muitas Diferenciados Concorrência monopolística


43
Poucas Homogêneo ou diferenciado Oligopólio

Uma Diferenciado Monopólio

FONTE: Baseado em Mendes (2009)

Conforme podemos visualizar no quadro 7.1, quando existe um grande número de em-
presas e o produto comercializado é homogêneo, ou seja, idêntico, este mercado é de
concorrência perfeita. Agora se forem muitas empresas que vedam produtos diferencia-
dos, o mercado é concorrência monopolística.
Por outro lado, se tivermos poucas empresas, mesmo que vendam produtos idênticos
ou não, estamos nos referindo a um oligopólio, e se for uma única empresa que comer-
cializa um produto altamente diferenciado, é um monopólio. Veremos cada uma dessas
estruturas nas próximas aulas. Agora, falaremos do mercado competitivo, do qual a con-
corrência perfeita, também chamada de concorrência pura, faz parte. Vamos conhecê-la?

MERCADO COMPETITIVO: CONCORRÊNCIA PERFEITA OU PURA

Para iniciar nossos estudos sobre as estruturas de mercado, discutiremos, inicialmente,


a concorrência perfeita ou também como é conhecida, a concorrência pura. Está é, com
certeza, a estrutura de mercado menos real, pois, como você verá pelas características,
é muito difícil achar um setor ou uma empresa que apresente todas as características
para que possa ser incluída na concorrência perfeita.
Depois dessa declaração, você deve estar se perguntando então por que irei apresentar
a você a concorrência perfeita. É importante estudarmos essa estrutura de mercado por
ser considerada, apesar de não muito real, a estrutura ideal, em termos de concorrência.
Um mercado em concorrência perfeita ou pura tem como características:

Grande número de compradores e vendedores


O número de vendedores e compradores neste mercado é tão grande que as deci-
sões individuais não influenciam o preço. Então, dizemos que na concorrência per-
feita o preço é determinado no mercado por meio da oferta e demanda e é pratica-
mente o mesmo para todos os vendedores.

Produtos homogêneos
Os produtos são homogêneos ou idênticos, de forma que o bem do vendedor A é
substituto perfeito do bem do vendedor B. Por essa razão, o preço é praticamente
constante, já que, como os produtos são idênticos, se um vendedor aumentar seu
preço, os consumidores irão comprar no outro produtor.

Ausência de restrições artificiais (livre mercado)


Dizemos que na concorrência perfeita ou pura o governo não deve intervir no merca-
do por meio de, por exemplo, congelamentos e tabelamentos de preços. Em outras
palavras, o mercado deve funcionar livremente.

Ausência de barreiras à entrada


Como já discutimos, barreiras à entrada é o grau de dificuldade que uma nova em-
presa tem em entrar no mercado. Na concorrência perfeita ou pura, não há barreiras
à entrada, ou seja, qualquer empresa pode fazer parte do mercado, sem maiores
44
custos ou dificuldades.
Perfeito conhecimento
Uma vez que os produtos são homogêneos, uma empresa conhece todas as infor-
mações dos seus concorrentes tais como preços, processos produtivos, etc.

Como já visto aqui, na realidade, a situação de concorrência perfeita ou pura seria uma
situação ideal, mas que de fato não acontece. O mercado que mais se aproxima desse
tipo de estrutura de mercado é o agropecuário.

ANOTE ISSO
Os mercados competitivos têm como característica um grande numero de
empresas e preços mais baixos, já que há concorrência.

Agora que você conheceu o mercado competitivo, você deve estar querendo saber como
são as curvas de oferta e demanda, e, portanto, o equilíbrio neste mercado, certo? Então,
vamos considerar as curvas de demanda e oferta para um produto qualquer, do quilo
de batata, por exemplo, que é vendido diariamente em um mercado do seu município.
Sabendo que a curva “D” representa a demanda, que mostra quanto os compradores
estão dispostos a comprar (quantidade) da mercadoria por cada nível de preço. E a curva
“S” que representa a oferta, ou ainda, a quantidade que os produtores estão dispostos a
vender a cada preço. Lembre-se de que os compradores desejam preços baixos e quan-
tidades altas, fazendo com que a curva de demanda seja negativamente inclinada, e
que os vendedores desejam vender seus produtos ao preço mais alto possível, fazendo
que a curva seja positivamente inclinada. Vamos, então, analisar o gráfico 7.2.

Gráfico 7.1 – Equilíbrio (e desequilíbrio) em um mercado de concorrência perfeita


45
Fonte: Mendes (2013, p. 108).
Analisando o gráfico 7.1, percebe-se que as curvas de demanda e de oferta se intercep-
tam quando o preço é de R$0,70 e a quantidade 400 unidades. Este ponto é chamado
equilíbrio de mercado. Porém, quando o preço está abaixo dos R$0,70, temos um ex-
cesso de demanda (um número maior de pessoas quer comprar um quilo de batata).
Por outro lado, quando o preço está R$1,00, temos um excesso de oferta. O que ocorre
quando há excesso de demanda ou de oferta? O preço altera até chegar ao ponto de
equilíbrio. Portanto, em mercados competitivos, existe uma espécie de acordo informal
entre compradores e vendedores para se achar o equilíbrio deste mercado quando não
há excesso ou escassez de demanda ou oferta.

Ótimos estudos e até a próxima aula!

46
AULA 08

MONOPÓLIO
Figura 1: Postes/iluminação

Olá, aluno(a)! O monopólio é, assim como a concorrência perfeita, uma situação extre-
ma, mas, diferente da anterior, ele é real, ou seja, muito presente na economia brasileira.
A situação do monopólio é, muitas vezes, indesejável, pois pode prejudicar o consumi-
dor, já que não temos concorrência. Você sabe dizer como um monopólio é caracteriza-
do? As características principais do monopólio são:

Uma única empresa


Como o próprio nome já diz, no monopólio temos uma única empresa que atua no mer-
cado e oferece um determinado tipo de produto.

ISTO ESTÁ NA REDE


Tarifa de pedágio sobe para R$ 2,40 na rodovia Fernão Dias neste sábado
O preço dos pedágios da rodovia Fernão Dias vai sofrer reajuste neste sá-
bado (22). A tarifa básica, para carros de passeio, passa a ser de R$ 2,40, 10
centavos a mais que o preço atual, o que representa um aumento 4,3%. O
novo valor será aplicado nas quatro praças de pedágio localizadas no Sul
de Minas, além de outros dois pontos no estado e dois em São Paulo. Os
preços começam a ser cobrados já a partir de meia-noite
FONTE: https://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/noticia/2018/12/21/tarifa-de-pedagio-sobe-
-para-r-240-na-rodovia-fernao-dias-neste-sabado.ghtml

Produtos altamente diferenciados

Os produtos são altamente diferenciados, ou seja, são únicos, não havendo substitu-
tos próximos. Neste caso, o consumidor não consegue substituí-lo por outro. Como em
48
outras estruturas de mercado.
Não há concorrência

Se há uma única empresa, não existe concorrência no mercado monopolista. Com isso,
o preço tende a ser mais alto.

ISTO ACONTECE NA PRÁTICA


Falta de concorrência em bancos é a vilã dos juros, dizem especialistas
O vilão dos altos juros no cartão de crédito não é o parcelado sem juros, mas
a forte concentração de bancos nas mãos de poucos grupos. Especialistas
ouvidos pelo UOL contestaram a afirmação do ex-presidente do Banco Cen-
tral (BC) Gustavo Loyola, segundo a qual a existência do parcelado sem juros
no cartão de crédito é que gera distorção nas taxas cobradas
Ele fez a afirmação durante sessão na CPI dos Cartões de Crédito, na quar-
ta-feira (16), em Brasília. Para Loyola, o parcelado sem juros seria um dos fa-
tores que levam o Brasil a ter um dos maiores spreads bancários do mundo.
O spread é a diferença entre o que os bancos pagam de remuneração para
quem investe neles e o que eles cobram de clientes que tomam dinheiro em-
prestado. Na avaliação de economistas, com a forte concentração do setor
bancário, as instituições financeiras forçam suas margens de lucro no merca-
do de crédito. Esse cenário contribui para a manutenção das taxas elevadas.
FONTE: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2018/05/18/concentracao
-bancaria-vila-altos-juros-cartoes-de-credito.htm

Considerável controle de preço por parte da empresa

A empresa monopolista é formadora de preços, ou seja, como ela é única, ela consegue
controlar e definir qual será o preço praticado no mercado. É por essa razão que o gover-
no se preocupa com as práticas dos monopolistas.

ANOTE ISSO
Apesar do monopólio só ter uma empresa e, portanto, não há concorrência,
as empresas monopolistas não conseguem cobrar o preço que desejam,
pois perderá mercado. Porém, ela consegue cobrar um preço bem mais alto
do que em mercados concorrenciais.

De acordo com Mendes (2009), o governo pode controlar o monopólio de duas formas:
a. Controle de preço – o governo pode exigir que o monopolista produza até que o
custo marginal seja igual ao preço. Essa é uma prática difícil, pois o governo preci-
saria conhecer toda a estrutura de custo da empresa.
b. Política de taxação - o governo pode taxar o monopolista de forma a reduzir seu
lucro. A taxação pode ser de três formas:
•• Pagamento de uma licença anual
•• Tributação sobre lucro
•• Imposto sobre vendas
49
As duas primeiras afetam o custo fixo, reduz ou até mesmo elimina o lucro da empresa e
mantêm o preço para o consumidor. Já o imposto sobre vendas afeta os custos variáveis
e reduz a quantidade produzida.
É importante observar que, mesmo sendo uma única empresa, se o monopolista
quiser aumentar sua venda, ele deverá reduzir o preço do seu produto. E uma estratégia
utilizada pelo monopolista para vender mais é por meio da política de discriminação
de preços. Trata-se de uma prática que ocorre quando um monopolista vende o mesmo
produto a consumidores diferentes e com preços diferentes. Para isso, é necessário:
1. Separar os mercados fisicamente, de modo que um consumidor não consiga
comprar no outro mercado;
2. Verificar a elasticidade-preço da demanda de cada mercado. No mercado/consu-
midor mais elástico, o monopolista coloca um preço mais baixo, e para o mercado
mais inelástico, o preço é mais alto. Deste modo, a empresa monopolística conse-
gue aumentar sua receita.

Podemos citar como exemplo de prática de discriminação de preços:


•• Tarifa de energia elétrica residencial, comercial, industrial e rural;
•• Ligação telefônica de dia e à noite;
•• Passagens aéreas em baixa e alta temporada e
•• “Meia entrada” em cinemas, teatros, shows para estudantes e idosos, entre outros.

Você percebeu pelos exemplos que não é somente uma empresa monopolística que
pratica a discriminação de preços, mas se trata de uma prática comum em outras estru-
turas de mercado também.

Altas barreiras à entrada

A última característica do monopólio são as altas barreiras à entrada. O grau de dificul-


dade que uma nova empresa tem em fazer parte do mercado é muito grande e muitas
vezes não é economicamente viável termos uma concorrente, como é o caso dos mono-
pólios naturais. Então, os monopólios surgem por diversas razões, entre elas, regulamen-
tações do governo e pelo processo de produção.
Para finalizar, vou citar alguns setores de monopólio: os setores de rodovias pedagia-
das, o setor elétrico, saneamento básico, extração de petróleo e, em algumas cidades,
transporte coletivo (ônibus).
O maior problema do monopólio é que, como não há concorrentes, a empresa pode
cobrar um preço muito alto ou ofertar uma quantidade baixa, além de não se preocupar
com a qualidade. Por isso o governo sempre acompanha e regula as empresas perten-
centes ao monopólio.
Claro que em alguns setores o monopólio é essencial, pois não é economicamente
viável ter uma concorrente, como nos setores de energia elétrica e saneamento básico.
Neste caso, chamamos o monopólio de monopólio natural, já que é mais viável ter ape-
nas uma empresa ofertando aquele produto.

Ótimos estudos e até a próxima aula!

50
AULA 09

DETERMINAÇÃO
DE PREÇOS E PODER
DE MERCADO
Olá, aluno(a)! Depois de conhecer as principais características do mercado monopolista,
você percebeu que as empresas dessa estrutura de mercado têm a capacidade de fixar
preços de tal forma que podem obter lucro positivo mesmo no longo prazo. Por isso,
esse tipo de empresa busca constantemente usufruir desse poder de mercado de forma
mais eficaz possível.
O objetivo primordial dessa aula é explicar como as empresas com poder de mono-
pólio determinam seus preços por meio da captação do chamado excedente do consu-
midor, fazendo isso por meio da discriminação de preços.
Você sabe dizer o que é discriminação de preços?
Pode-se dizer que a discriminação de preços ocorre quando o mesmo produto pode
ser vendido pelo mesmo preço. Os produtos são considerados idênticos quando pos-
suem a mesma qualidade e o mesmo custo.
Wessels (2010) lembra que o monopolista pode praticar a discriminação de preços
caso se verifiquem, além da existência de poder de mercado, outras duas situações bá-
sicas:
1. Os compradores não podem revender os produtos: se assim o fosse, toda sua pro-
dução acabaria sendo vendida o preço baixo.
2. O monopólio deixa claro quais consumidores pagam mais e quais pagam menos:
se isso não ocorresse, a empresas teria muita dificuldade para cobrar um preço
mais elevado de um grupo específico.

Diante desse contexto, vamos estudar os três principais tipos de discriminação de pre-
ços: de primeiro grau, de segundo grau e a de terceiro grau. Preparado(a)?

ISTO ACONTECE NA PRÁTICA


Uma discriminação de preços diferente na Netflix
A discriminação de preços também pode envolver a cobrança do mesmo
preço por bens ou serviços de qualidade diferente. A Netflix, um serviço de
locação de DVDs on-line, aparentemente se engajou nessa segunda forma
de discriminação de preços. Assinantes da Netflix pagam uma taxa men-
sal fixa para retirar um determinado número de DVDs. Apesar de a Netflix
não enfatizar isso em sua propaganda, os assinantes que retirarem a menor
quantidade de filmes por mês terão mais chance de receber os lançamentos
mais recentes e geralmente receberão seus DVDs mais rapidamente. Quan-
do faz isso, a Netflix está aumentando o preço que esses consumidores pa-
gam em relação a consumidores que recebem um serviço melhor. Portanto,
a Netflix está se envolvendo numa discriminação de preços e está aumen-
tando seus lucros acima do que obteria se todo assinante recebesse o mes-
mo serviço pelo mesmo preço.
Fonte: Adaptado de Hubbard e O’Brien (2010, p. 574-575).

Mas quais as diferenças básicas entre os três tipos de discriminação de preços mencio-
nadas anteriormente? Por meio do quadro abaixo, é possível visualizar as características
de cada uma delas.

52
Quadro 1 – Tipos de discriminação de preços

Discriminação de preços O monopolista vende diferentes unidades de produtos por diferentes


de primeiro grau preços e que os preços podem diferir de pessoa para pessoa. Conhecida
como discriminação perfeita de preços.

Discriminação de preços O monopolista vende diferentes unidades de produtos por diferentes


de primeiro grau preços, mas cada pessoa que compra mesma quantidade de bens para
o mesmo preço. Assim, os preços diferem no que tange às unidades
do bem, mas não no que diz respeito às pessoas. Um exemplo é dos
descontos por unidade.

Discriminação de preços O monopolista vende a produção para pessoas diferentes por diferen-
de primeiro grau tes preços, mas cada unidade vendida a determinada pessoa é vendida
pelo mesmo preço. É a modalidade mais comum de discriminação de
preços. Exemplos muito comuns são os descontos para pessoas idosas
e para estudantes.

Fonte: Elaborado pela autora com base em Varian (2006, p. 477).

Após você conhecer as características de cada uma delas, vamos estudar como ocorre o
funcionamento da discriminação de preços para cada um dos casos específicos.
Antes de começar com as particularidades de cada um dos conceitos, é importante
relembrar os significados de excedente do consumidor e excedente do produtor. Sim-
plificadamente, pode-se dizer que enquanto o excedente do consumidor é todo o valor
que o consumidor paga abaixo daquele que ele estaria disposto a pagar, o excedente do
produtor é o valor que a empresa vende por um valor maior do que ela estaria disposta
a vender.
A discriminação de preços de primeiro grau ocorre quando o monopolista vende
seus produtos para as pessoas que estão dispostas a pagar o maior valor e pelo preço
máximo que essa pessoa está disposta a pagar.
Se a empresa monopolista cobrasse o mesmo preço para todos os consumidores,
certamente permitiria a apropriação de excedente do consumidor de alguns compra-
dores do produto. Cobrando preços mais elevados de consumidores que desejam pagar
mais, ele maximiza seus benefícios em forma de excedente do produtor.
Dessa forma, o produtor seria capaz de apropriar-se de todo o excedente do consumi-
dor, ou seja, ele capta todo o excedente gerado no mercado e transforma em excedente do
produtor. Essa perfeita discriminação de preços pode ser visualizada por meio da Figura 1.

A Figura 1 - Discriminação de preços de primeiro grau.

53
Fonte: Frank (2013, p, 393)
Por meio da Figura 1, é possível perceber que o produtor pode cobrar pode diversos níveis
de preços para diversos consumidores. Por exemplo, as primeiras Q1 unidade por P1, as Q2
- Q1 unidades por P2 e assim sucessivamente, de forma a apropriar-se de toda a área verde
do triângulo e transformá-lo de excedente do consumidor (caso não ocorra discriminação
de preços) em excedente do produtor (com a discriminação perfeita de preços).
A discriminação de preços também pode ser baseada na quantidade que se compra
de determinado produto. Nesse caso, tratamos da discriminação de preços de segundo
grau. Esse tipo de discriminação de preços surge devido à dificuldade de obtenção de
informações em determinados mercados. De acordo com Gremaud (2007, p.151):

Quando os produtos escolhidos para os diferentes segmentos de mer-


cado são distintos − quantitativamente, como diferentes tamanhos de
embalagem, ou qualitativamente, como automóveis populares e de
luxo, a discriminação de preços é denominada de segunda ordem.

Para esse tipo de discriminação de preços, o produtor de determinado produto ou ser-


viço elabora uma lista de preço de forma a cobrar preços menores para o consumidor
de quantidades maiores e preços maiores para consumidores de menores quantidades.
Um exemplo clássico é a fixação de preços para cobrança sobre o fornecimento de
energia elétrica em que os consumidores pagam tarifas diferenciadas por blocos de
consumo em Kwh/mês, de forma que maiores quantidades consumidas representam
valores menores para unidade. A figura 2 ilustra como ocorre a apropriação do exceden-
te do consumidor pelo produtor no caso da discriminação de preços de segundo grau.

A Figura 2 - Discriminação de preços de segundo grau.

Fonte: Frank (2013, p, 395)

Observando a Figura 2, nota-se que, se a empresa cobrasse o preço único de P1 pela


quantidade total ofertada de Q1, não estaria captando o excedente representado pela
área verde, que, embora não seja o excedente total que pode ser apropriada pelo produ-
tor, já representa uma grande parcela desse benefício gerado pelo aumento das vendas
dos consumidores que gastam maior quantidade do produto.

54
Figura 3: Energia elétrica

Em outras situações, quando ocorre a separação dos mercados e a empresa não precisa
ofertar produtos diferentes para segmentar o mercado, ela simplesmente cobra preços
diferentes para cada um dos mercados, com preços mais elevados naqueles mercados
menos sensíveis a preços. Nesse caso, ocorre a discriminação de preços de terceiro grau.

A Figura 4 - Discriminação de preços de terceiro grau.

Fonte: Frank (2013, p, 391)

O exemplo representado na Figura 4 mostra o caso de uma empresa que fornece o


produto em dois mercados, 1 e 2 (na maioria das vezes esses mercados estão separados
geograficamente).
Considerando a condição de maximização de lucros em que a Receita Marginal igua-
la-se ao Custo Marginal, perceba que a empresa cobra um preço maior daqueles consu-
midores que apresentam uma menor elasticidade-preço da demanda.

55
ANOTE ISSO
Nesse ponto do seu estudo, é importante que fique bem claro o conceito
do termo “elasticidade-preço da demanda”, que nada mais é do que a sen-
sibilidade da quantidade demanda quando os preços variam. Quanto mais
elástica a demanda, maior é essa sensibilidade. Uma demanda elástica sig-
nifica que variações de preço causam impactos mais que proporcionais na
quantidade demanda. Por outro lado, uma demanda inelástica é aquela em
que uma variação de preços provoca variações menos que proporcionais na
quantidade demandada.
Fonte: Elaborado pela autora

Mas como podemos identificar qual dos dois mercados apresenta a menor elasticida-
de-preço da demanda?
Bom, quanto mais inclinada for a curva de demanda, menos sensível será a quan-
tidade demandada para uma dada variação do preço. Podemos visualizar na Figura X
que o Mercado 2 apresenta uma curva de demanda mais inclinada, permitindo que a
empresa monopolista cobre um preço mais elevado para fornecer seu produto.
É importante ficar claro que, embora a discriminação de preços se apresenta como
uma ferramenta que amplia os benefícios econômicos em prol dos produtos, frequen-
temente estão sujeitos a limitações por parte do governo, pois, em alguns casos, pode
prejudicar o nível de concorrência.
Na próxima aula, trataremos de uma estrutura de mercado que possui caracterís-
ticas presentes tanto na concorrência perfeita como nas empresas monopolistas. Por-
tanto, você vai conhecer os determinantes dos preços e das quantidades demandas da
chamada Concorrência Monopolísticas.

Ótimos estudos e até a próxima aula!

56
AULA 10

CONCORRÊNCIA
MONOPOLÍSTICA
Olá, aluno(a)! Agora você vai conhecer outra estrutura de mercado: a concorrência
monopolística. Saímos um pouco do extremismo visto na concorrência perfeita e no
monopólio, mas utilizaremos muitas de suas premissas. As características básicas das
empresas pertencentes a este mercado são destacadas por Vasconcellos:

Muitas empresas produzindo dado bem ou serviço; cada empresa pro-


duz um produto diferenciado, mas com substitutos próximos; cada
empresa tem certo poder sobre os preços, dado que os produtos são
diferenciados, e o consumidor tem a opção de escolha de acordo com
sua preferência. (Vasconcellos, 2015, p 173):

A semelhança com a concorrência perfeita é que a concorrência monopolística tem a


característica de possuir muitas empresas, mas se distingue pelo fato de que os pro-
dutos agora são diferenciados e consequentemente as empresas possuem um certo
poder para a fixação dos preços. Essas características são mostradas por Samuelson e
Nordhaus (2012, p. 151):

Essa estrutura de mercado faz lembrar a concorrência perfeita pelo fato


de existirem muitos vendedores, nenhum dos quais tem uma grande
parcela de mercado. Ela difere da concorrência perfeita pelo fato de os
produtos vendidos pelas várias empresas diferentes não serem idênticos.

Além dessas características, pode-se dizer que, ao contrário do monopólio (que já estu-
damos anteriormente) e do oligopólio (que estudaremos mais adiante), existe livre en-
trada e saída das empresas deste setor, ou seja, não barreiras à entrada de novas firmas.
Rossetti (2016) vai mais além e sintetiza as características da Concorrência Monopo-
lística em cinco grandes critérios: competição, diferenciação, substitutibilidade, preço-
-prêmio e baixas barreiras. Vejamos cada uma delas:

Competição: Caracterizada pelo elevado número de empresas que um determi-


nado setor econômico possui. Essa particularidade aproxima esta estrutura de
mercado com a concorrência perfeita.

Diferenciação: A diferenciação da empresa é uma das formas de obter vantagens


competitivas e um certo poder de monopólio, o que permite cobrar um preço su-
ficiente para gerar um lucro positivo no longo prazo.

Substitutibilidade: Na concorrência monopolística, os produtos são diferenciados.


Porém, pelo elevado número de empresas, os produtos apresentam alto grau de
substitutibilidade, de forma que existem limitações quanto ao aumento ilimitado
do nível de preços, sob pena de que perder mercado para outra empresa do setor
pertencendo ao mesmo setor.

Preço-prêmio: A empresa em concorrência monopolística, por meio de atribu-


tos diferenciadores, possui a capacidade de fixar um relativamente mais elevado,
denominado Preço-prêmio. Todavia, devido ao alto grau de substitutibilidade co-
mentado anteriormente, este poder apresenta algumas limitações.

Baixas barreiras: Neste mercado, as barreiras à entrada são relativamente baixas


comparando-se ao mercado monopolista. As barreiras podem ser intensificadas
por meio da diferenciação dos produtos por meio de alguns atributos como mar-
58
cas, qualidade e embalagem, entre outros.
ISTO ESTÁ NA REDE
O mercado de Concorrência Monopolística, possui a característica de não
apresentar substanciais barreiras à entrada de novas empresas. Ercília Bas-
tos, utiliza o modelo baseado nas cinco forças de Porter para mostrar os
principais determinantes da existência de barreiras à entrada por meio da
análise do ambiente interno e externo da empresa. Acesse o artigo no se-
guinte endereço eletrônico:
www.https://www.portal-gestao.com/artigos/7545-o-que-s%C2%A3o-barreiras--entrada.html

É importante lembrar que, por serem diferenciados, os produtos deste mercado não
podem ser considerados substitutos perfeitos. Mas você sabe quais os fatores explicam
esta diferenciação de produtos?

O estudo do Marketing é importante na explicação dos fatores de diferenciação da con-


corrência monopolística, pois utiliza-se do conceito de 4Ps: produto, preço, promoção
e praça. Antes de analisar como cada um desses elementos se apresentam na diferen-
ciação dos produtos, é importante definir o que significa cada um deles. Utiliza-se os
conceitos apresentados por Cabral e Yoneyama (2008, p. 226-227):

Produto (Product)= combinação de bens e serviços que a empresa ofe-


rece ao mercado.
Preço (Price)= montante de dinheiro que os clientes devem pagar para
obter o produto.
Promoção (Promotion) = atividades que levantam informações sobre
os atributos do produto aos consumidores para persuadi-los a com-
prá-lo.
Praça (Place) = atividade que tornam o produto disponível para consu-
midores alvo.

Diferenciação
59
Com decisões articuladas, os 4Ps se reforçam, criam sinergia, aumentam o impacto jun-
to ao mercado (URDAN; URDAN (2012). O Quadro 1 resume as principais atividades que
podem ser desenvolvidas pelas empresas através dos componentes que formam o Mo-
delo dos 4Ps:

Quadro 1 – Atributos da diferenciação de produtos no Modelo 4Ps

Composto de Marketing Atributos

Produto Marca, qualidade, design e características

Preço Orientado para competição, para custos e para demanda

Promoção Publicidade, cupons, amostras, pacotes e competições

Praça Canais de distribuição, localização do varejo e logística


Fonte: Elaborado pela autora com base em Cabral e Yoneyama (2008, p. 227).

No caso de uma empresa caracterizada, como pertencente ao mercado de concorrência


monopolística, é importante diferenciar em que situações ela fixa seu preço e quantida-
de de equilíbrio no curto e no longo prazo.
A condição de maximização de lucros na concorrência monopolística é similar àque-
la que ocorre no caso do monopólio, ou seja, a Receita Marginal deve se igualar ao Custo
Marginal.
Conforme pode ser visualizado na Figura 1, no curto prazo, por possuir relativo poder
de mercado, consegue fixar seu preço acima do Custo Médio e obter lucro positivo.

Figura 1 - Maximização de lucro no curto prazo em concorrência monopolística


Fonte: Besanko e Braeutigan (2004, p.404)

Todavia, no longo prazo, por apresentar um lucro expressado pela diferença entre o pre-
ço de venda o Custo Médio, novas empresas serão atraídas para o mercado.

A entrada de novas empresas torna o mercado mais concorrido, de forma a deslocar a


curva de demanda para a esquerda e uma redução do lucro ao longo do tempo. Esse
deslocamento ocorrerá até que a curva de demanda passe a tangenciar a curva de custo
médio, a o mercado passe a apresentar lucro zero (pois o custo médio passa a ser igual
ao preço de venda). Essa nova configuração da curva de demanda pode ser visualizada
60
na Figura 2.
Figura 2 - Maximização de lucro no longo prazo em concorrência monopolística
Fonte: Besanko e Braeutigan (2004, p.405)

Portanto, podemos concluir que, no curto prazo, a empresa que está inserida no merca-
do de Concorrência Monopolística aufere lucro positivo. Porém, no longo prazo, a atra-
ção de novas empresas provoca um deslocamento da demanda para a esquerda e uma
substancial queda no nível de preços até o ponto em que o lucro passe a ser nulo.

ANOTE ISSO
PRINCIPAL DIFERENÇA ENTRE EMPRESAS PERFEITAMENTE
E IMPERFEITAMENTE COMPETITIVAS
Na indústria perfeitamente competitiva, as curvas de oferta e de demanda
cruzam-se para determinar o preço de equilíbrio de mercado. A esse pre-
ço, ela vende quantas unidades desejar. A empresa não tem incentivos para
cobrar mais do que o preço de mercado, pois, se fizer isso, nada venderá.
Nem possui incentivos para cobrar menos do que o preço de mercado, por-
que pode vender quantas unidades desejar ao preço de mercado. A curva de
demanda da empresa perfeitamente competitiva será, portanto, uma linha
horizontal no preço de mercado.
Em contrapartida, se um posto de gasolina, um concorrente imperfeito, co-
brasse alguns centavos a mais por um litro de gasolina, alguns de seus clien-
tes o abandonariam, mas outros permaneceriam – talvez porque estejam dis-
postos a pagar um pouco mais para continuar abastecendo em um local mais
conveniente. Assim, sua curva de demanda seria negativamente inclinada.
Fonte: Frank e Bernanke (2012, p.236)

A concorrência monopolística, ao reunir características do monopólio e da concorrência


perfeita, pode ser verificada em diversas situações do mundo real tais como os merca-
dos de cervejas, refrigerantes, produtos de limpeza, computadores e gasolina no varejo,
dentre muitos outros.
Na próxima aula, vamos complementar nossa análise sobre as estruturas de mer-
cado falando sobre oligopólio. A compreensão do funcionamento desse mercado é im-
portante para entender de que forma os preços são determinados em uma situação
caracterizada como concorrência imperfeita.
61
Ótimos estudos e até a próxima aula!
AULA 11

OLIGOPÓLIO
Olá, aluno(a)! A quarta e última estrutura de mercado estudada é o oligopólio. Ela apre-
senta as mesmas características do monopólio, com exceção do número de empresas
vendedoras. No caso no monopólio, a empresa é única, no oligopólio temos poucas
empresas onde aproximadamente duas ou três dominam pelo menos 80% de todo o
mercado. De acordo com essa linha raciocínio, Montella (2012, p. 2014) afirma que, no
oligopólio, “existe um pequeno número de vendedores ou em que, apesar de existir um
grande número de vendedores, uma pequena parcela destes domina a maior parte do
mercado”.

Preparado(a) para conhecer mais essa estrutura de mercado? Então vamos lá!

Antes de mais nada, é importante destacar que o estudo do mercado oligopolista com-
plementa nossa análise e permite entender as estruturas de mercado em dois grandes
tipos. O primeiro é o mercado de Concorrência Perfeita, e o segundo é a Concorrência
Imperfeita, representada pelo Monopólio, Concorrência Monopolística e Oligopólio.

A Figura 1 permite visualizar essa classificação.

Figura 1 - Estruturas de Mercado


Fonte: Dias (2015, p. 82)

É importante lembrar que, no caso no oligopólio, os produtos podem ser homogêneos


(minério de ferro, petróleo, etc.) ou diferenciados (automóveis, combustíveis, etc.). Da mesma
forma que no monopólio, ocorrem lucros tanto no longo como no curto prazo, já que também
existem as mesmas barreiras à entrada de novas firmas no mercado. Essas características
podem ser resumidas por Vasconcellos et al. (2015, p. 84 e 85) da seguinte forma:

O oligopólio, assim como o monopólio, significa, basicamente, a exis-


tência de barreiras à entrada de novas empresas no setor. Por razões
tecnológicas ou pela necessidade de investimentos iniciais elevados,
alguns bens só podem ser produzidos por empresas de grande porte
(por exemplo, a produção de automóveis, a extração de petróleo); por-
tanto, esses mercados têm um pequeno número de empresas. Assim
como no caso do monopólio, as empresas em mercados oligopoliza-
dos podem obter lucros extraordinários, ou seja, lucros superiores aos
possi ́veis na concorrência perfeita.
Mais adiante, ao tratar falar sobre externalidades, vamos estudar os determinantes das
principais barreiras à entrega das empresas em determinado mercado. Elas são as se-
guintes: monopólio natural, proteção de patentes, controle sobre o fornecimento de ma-
63
térias-primas e a tradição no mercado.
Vasconcellos (2015) lembra que as empresas podem se comportar de forma tanto coo-
perativa como não-cooperativa. Vejamos cada um desses casos separadamente.

No caso de atuar de forma cooperativa, elas podem agir em conluio e formar cartéis para
combinar preços com seus concorrentes. O intuito é agir cooperativamente, fixando um
preço maior e uma quantidade menor que aquela praticada em um mercado concor-
rencial. Com isso, elas são capazes de aumentar a lucratividade das empresas envolvidas.

Mas será que mesmo existindo poucas empresas no mercado, elas sempre vão operar
de forma cooperativa?

Se sua resposta foi não, você está correto(a). Em mercados que existem muitas empre-
sas operando, a tentação em trapacear e quebrar o acordo para auferir lucros elevados
ocorre constantemente.

A dificuldade de cooperar também se dá em casos em que uma empresa tem grande


participação no mercado total, de modo que suas decisões refletem de forma significa-
tiva a atitude das demais empresas que respondem da forma mais racional possível. A
tomada de decisão de uma empresa com base nas ações de outra(s) empresa(s) é um
objeto central da chamada Teoria dos Jogos, tema que será tratado em aula posterior.

ANOTE ISSO
Cartéis são organizações de produtores ou indústrias dentro de certo setor
ou atividade que determinam a política de preços para todos os associados,
fixando cotas de mercado para cada um. É estabelecido como forma de evi-
tar guerra de preços que pode trazer resultados ruins para todos.
Fonte: Gremaud et al. (2017, p. 283)

ISTO ACONTECE NA PRÁTICA


Concorrência e o preço das passagens aéreas
A concorrência é menos acirrada no mercado de viagens aéreas do que no
mercado de laranjas por motivos inerentes ao tipo de atividade e por conta
da legislação. De fato, é complicado e demorado entrar no ramo de trans-
porte aéreo, demora-se para estabelecer uma reputação com a clientela e
montar a estrutura necessária para operar, e os ganhos de escala fazem com
que empresas maiores sejam mais eficientes. Portanto, há poucas compa-
nhias em operação, mas aspectos da legislação colaboram para reduzir a
competição ao estabelecer que a maior parte dos voos entre dois países só
possa ser operada por companhias com base em um dos dois países.
Há alguns anos, a União Europeia aboliu esse tipo de restrição para voos
entre países membros da União. Essa lei aumentou a competição no setor
ao permitir a mais empresas acesso a esse mercado. De fato, a partir dessa
liberação, novas empresas entraram no mercado de transporte aéreo e hoje
se paga muito menos para viajar de avião pela Europa.
Fonte: Gonçalves e Guimarães (2010, p. 52 e 53)

64
Voltando às ações cooperativas dos cartéis, pelo fato de combinarem preços mais eleva-
dos e quantidades menores, o nível de bem-estar econômico da sociedade pode sofrer
uma considerável redução

Figura 2: Cooperação

Por esse motivo, o poder público tem o papel de desenvolver políticas para inibir o abu-
so de poder econômico dessas empresas. As ações do Estado com esse objetivo são
denominadas “políticas antitrustes”. Vasconcellos et al. (2015) destaca que, além da re-
gulamentação legal, o comportamento de um oligopólio é determinado pelos fatores
destacados no Quadro 1.

Quadro 1 - Determinantes do comportamento dos oligopólios.

Quanto maior o número de empresas, menor a probabilidade de


Número de empresas cooperação entre as empresas e maior a dificuldade de supervisionar
as ações dos membros de um cartel.

Poder de barganha Quanto maior o poder de barganha dos compradores, menor a pro-
com compradores babilidade de organizar cartéis.

A empresa maior fixa preço e detém maior fatia de mercado, e as


Diferenciação do produto
demais empresas se comportam de acordo com as ações da empresa
e liderança de preço
líder escolhendo o preço e quantidade que vão produzir.
Fonte: Elaborado pela autora com base em Vasconcellos et al. (2015, p. 86-87)

Vimos que o número de empresas influencia diretamente no comportamento no mer-


cado oligopolista. Também foi citado que os produtos fabricados podem ser homogê-
neos ou diferenciados. É por meio desses dois fatores que podemos classificar este mer-
cado em quatro tipos: oligopólio concentrado, oligopólio diferenciado, oligopólio misto
e oligopólio competitivo.
O oligopólio concentrado é conhecido por possuir poucas empresas que detêm fatia
substancial do mercado sendo que, pelo fato dos produtos serem homogêneos, as van-
tagens competitivas se dão por meio das vantagens de custos por meio de economias
de escalas. Como exemplos desse tipo de mercado, estão as empresas dos setores que
demanda vultosos investimentos para operacionalização das atividades, como é o caso
65
da indústria do aço, máquinas e equipamentos.
O oligopólio diferenciado, por outro lado, caracteriza-se por produzir produtos que, em-
bora substitutos, possuem algum grau de diferenciação entre eles. Vasconcellos et. al
(2011, p. 222) faz uma importante distinção entre o oligopólio concentrada (chamado de
oligopólio homogêneo) e o oligopólio diferenciado:

As empresas de um oligopólio homogêneo produzem produtos que


não são diferenciados por seus compradores de modo que o preço será
o único fator a influenciar a decisão de compra. O mesmo não ocorre
com o oligopólio diferenciado em que grupos de compradores podem
ter preferências pelo produto de determinada firma.

As vantagens competitivas do oligopólio diferenciado são oriundas do investimento na


publicidade de suas marcas, pesquisa e desenvolvimento de produtos. Sobre essa ques-
tão, Rossetti (2016, p. 544) nos lembra que “a diferenciação geralmente está associada à
conquista e fidelização de classes específicas de consumidores, segmentados por nível
de renda, hábitos, padrões de consumo e aspirações sociais”. Os produtos de limpeza e
higiene pessoal são bons exemplos de oligopólio diferenciado.
O oligopólio misto, também chamado de oligopólio concentrado-diferenciado, como
o próprio nome já diz, detém as características dos dois tipos analisados anteriormente,
sendo que a competição se dá por meio da diferenciação unida a uma escala mínimo
de produção. Pode-se identificar a ocorrência do oligopólio misto no ramo de eletroele-
trônicos.
No oligopólio competitivo, existe a concorrência via preços das empresas mais bem
situadas do mercado, o que possibilita um eventual aumento da fatia de mercado des-
sas empresas. A estrutura de custos das empresas é fortemente competitiva e compara-
tivamente aos outros tipos de oligopólios, as barreiras à entrada de novos ingressantes
no mercado são relativamente baixas. O mercado de refrigerantes do Brasil é um exem-
plo de oligopólio diferenciado.
Com base em tudo que estudamos sobre as estruturas de mercado, é possível resu-
mir as características de cada uma delas com base nas ideias expostas por Vasconcellos
(2015, p. 143):
a. Concorrência perfeita: número infinito de firmas, produto homogêneo e não exis-
tem barreiras à entrada de firmas e consumidores;
b. Monopólio: uma única empresa, produto sem substitutos próximos, com barreiras
à entrada de novas firmas;
c. Concorrência monopolística: inúmeras empresas, produto diferenciado, livre aces-
so de firmas ao mercado;
d. Oligopólio: pequeno número de empresas que dominam o mercado, os produtos
podem ser homogêneos ou diferenciados, com barreiras à entrada de novas em-
presas.

Nas próximas aulas, deixaremos um pouco de lado as estruturas de mercado, em que


compreendemos a determinação do preço nos diferentes mercados. A partir da Aula 12,
nosso foco passar a ser a teoria da firma, mais especificamente a Teoria da Produção,
quando analisaremos as principais relações existentes entre o nível de produção e os
insumos utilizado no processo produtivo.

Ótimos estudos e até a próxima aula!

66
AULA 12

TEORIA DA
PRODUÇÃO
Olá, aluno(a)! A partir de agora, o foco do nosso estudo passa a ser a Teoria da Produção.
Fundamentalmente, o nosso objetivo principal é compreender de que forma as empre-
sas transformam os diversos fatores de produção (capital, trabalho e recursos naturais)
em produtos e serviços utilizado para a satisfação das necessidades dos agentes econô-
micos (famílias, empresas, governo e setor externo). Preparados para mais esse desafio?
Então mãos à obra!
É preciso ficar claro que qualquer sistema econômico faz a transformação de recursos
em produtos por meio da chamada Função de Produto, que será nosso ponto de parti-
da. Mas o que significa esse termo tão importante da Teoria Microeconômica?
A Função de Produção pode ser definida por Gremaud et al. (2007, p. 450 como a
“quantidade máxima de produto que se pode obter a partir da utilização combinada de
determinadas quantidades de insumos e fatores produtivos por determinado peri ́odo
de tempo”.
A Figura 1 mostra de forma esquemática a transformação de insumos e produtos por
meio da atividade produtiva.

Figura 1 - Transformação de insumos em produtos


Fonte: Frank (2013, p. 264)

Por meio da parte superior da Figura 1, é possível visualizar como a função de produção é
formada e de que maneira ela se comporta. O eixo vertical representa a Produção Total,
representado pelo símbolo PT, ao passo que o eixo vertical mede a quantidade do fator
trabalho utilizado, identificado pela letra N.
Três trechos devem ser destacados ao longo da Função de Produção. Na parte que
vai desde a origem até o ponto A, a produtividade do fator trabalho é muito elevado, de
tal forma que a produção cresce a taxas crescentes, ou seja, o crescimento da produção
cresce proporcionalmente mais do que o aumento da utilização do fator de produção.
À medida em que a utilização de fator trabalho aumenta, sua produtividade começa
a declinar e isso se reflete na taxa de crescimento da produção, fazendo-a aumentar,
mais a taxas menores (ponto A ao ponto B). Por outro lado, do ponto B ao ponto C, a pro-
dução cresce a taxas decrescentes. Isso quer dizer que, a partir desse ponto, o aumento
da produção passa a ser inferior ao aumento da utilização do fator de produção trabalho.
A partir do ponto C, a produtividade passa a ser negativa e a produção começa declinar
à medida em que a quantidade de trabalho utilizada aumenta.

68
Figura 2 - Relação entre o Produto Total, Produto Médio e Produto Marginal
Fonte: Vasconcellos et al. (2011, p.151)

A parte inferior da Figura 2 permite visualizar a relação existente entre o Produto Total,
o Produto Médio e o Produto Marginal, mas antes de compreender o que esses três
conceitos têm em comum, é necessário que fique bem claro o significado de cada um
deles.
O Produto Total, conforme mostrado anteriormente, é o volume de produção gerado
em determinado período de tempo. É uma função da quantidade dos fatores de pro-
dução utilizadas. No caso de uma economia que utiliza trabalho (L) e capital (K) como
fatores de produção, a função de produção pode ser representada da seguinte forma:

Q   K , L

O Produto Marginal, também chamado Produtividade Marginal, é medido pelo aumen-


to da produção quando a utilização de um determinado fator de produção aumenta.
Por exemplo, se a produção aumenta em 10 unidades quando a quantidade de um
determinado fator de produção aumenta em 1 unidade, podemos dizer que o Produto
Marginal é igual a 10.
É importante lembrar que o Produto Marginal é sempre medido com relação a
um determinado fator de produção utilizado, por isso pode ser chamado de Produto
Marginal do Trabalho (PMgL) ou, dependendo do caso, Produto Marginal do Capital
(PMgK). Tomando como exemplo o PMgL, seu valor é facilmente obtido por meio da
seguinte equação:

Variação da produção
PMgL =
Variação do fator trabalho

O Produto Médio mostra qual quantidade de produção pode ser obtida para cada uni-
dade do fator de produção empregada no processo produtivo. Por exemplo, se a partir
do emprego de 10 unidades do fator trabalho é possível produzir 200 unidades de um
certo produto, pode-se dizer que o produto médio do trabalho é de 20 unidades. O pro-
cesso de cálculo é simples, basta dividir a produção total pela quantidade do fator de
produção empregado para a obtenção dessa quantidade de produto. A equação utiliza-
69
da para encontrar o Produto Médio do fator trabalho é a seguinte:
Produção total
PMeL =
Quantidade empresada do fator trabalho

Dados os conceitos de Produto Total, Produto Marginal e Produto Médio, é possível esta-
belecer algumas relações importantes. Observado a parte inferior da Figura 2, é possível
perceber que enquanto a curva de Produto Marginal for maior que a curva de Produto
Médio, este último está crescendo, mostrando-se vantajosa o emprego deste fator de
produção.
A partir do momento em que o Produto Marginal passa a ser menor que o Produ-
to Médio, este passa a decrescer, e o emprego adicional do fator trabalho para passa a
acrescentar cada vez menos ao Produto Total, ou seja, passa a crescer a taxas decrescen-
tes.
A figura também mostra que, enquanto o Produto Marginal for positivo, o Produto
Total cresce. Por outro lado, um Produto Marginal negativo significa que o Produto Total
está caindo, indicando que o emprego de quantidades adicionais de trabalho passa a
ser prejudicial para a empresa.
O formato da curva de Produto Total evidencia um fenômeno importante na Teoria
da Produção. Ela é conhecida como Lei dos Retornos Decrescentes, que ocorre no curto
prazo, quando apenas um dos fatores de produção é fixo e outro é variável. Frank (2013,
p. 268) mostra que este postulado por ser evidenciado verificado quando:

Quantidades iguais de um insumo variável vão sendo adicionadas sequen-


cialmente enquanto todos os outros insumos são mantidos fixos, os incre-
mentos à produção resultantes desse aumento acabarão diminuindo.

ISTO ACONTECE NA PRÁTICA


Rendimentos decrescentes em experiências agrícolas
A lei dos rendimentos decrescentes é observada com frequência na agricul-
tura. À medida em que o agricultor contrata mais trabalho, os campos serão
mais intensamente semeados e os canais de irrigação mais desimpedidos. A
certo ponto, contudo, o trabalho adicional torna-se cada vez menos produ-
tivo. A terceira lavra do campo ou a quarta lubrificação do maquinário, por
exemplo, adiciona pouco ao produto. O produto acaba aumentando muito
pouco com o excesso de trabalhadores na fazenda. Lavradores demais es-
tragam a colheita.
As experiências na agricultura são um dos mais importantes tipos de pesquisa
tecnológica. Essas técnicas têm sido usadas há mais de um século para testar
diferentes sementes, fertilizantes e outras combinações de fatores de produ-
ção em um esforço bem-sucedido para aumentar a produtividade agrícola.
Fonte: Samuelson e Nordhaus (2012, p. 98).
70
ANOTE ISSO
Ao estudar a Teoria da Produção, não podemos confundir os conceitos de
Lei dos Retornos Decrescentes e Rendimento Decrescente de Escala.
A primeira se refere à descrição da relação entre aumento da produção e a
utilização adicional de um fator de produção, mais especificamente ela pre-
vê que, conforme aumenta-se a utilização de um recurso, a produção cresce
inicialmente a taxas crescentes, depois a taxas decrescentes e finalmente a
produção começa reduzir-se.
Por outro lado, o Rendimentos Decrescente de Escala ocorre quando o au-
mento de um fator de produção provoca um aumento menos que proporcio-
nal na quantidade produzida.
Ainda temos o conceito de Rendimento Crescentes de Escala, que ocorre
quando o aumento de um fator de produção provoca um aumento mais que
proporcional na quantidade produzida. Também pode ocorrer o Rendimento
Constante de Escala quando da utilização de um recurso produtivo provoca
um aumento da produção na mesma proporção do aumento desse recurso.
Fonte: Elaborado pela autora

A função de produção descrita até agora reflete a transformação de apenas um fator de


produção, ela é útil para descrever relações importantes entre o Produto Total, Médio e
Marginal.
No mundo real, as decisões tomadas são embasadas em uma estrutura de produção
que prevê a utilização de mais um fator de produção variável. Então, como poderia ser
representada a função de produção neste contexto? Para simplificar a análise e facilitar
o entendimento, vamos supor a utilização de apenas dois fatores de produção, capital e
trabalho.
Por analogia, a apresentação de uma função de produção com dois fatores de pro-
dução resultaria em um gráfico tridimensional que gera muitas dificuldades de mani-
pulação. Por isso, essa representação pode ser por meio de um gráfico bidimensional,
chamada de isoquanta que, segundo Vasconcellos (2011, p. 153-154) “indica as combina-
ções dos fatores de produção que geram o mesmo ni ́vel de produto.”

Figura 3 - Mapa de isoquantas


71
Fonte: Vasconcellos (2011, p.153)
A Figura 3 mostra a representação de três isoquantas: , e . Em , para qualquer combina-
ção de capital e trabalho, a produção gerada é de 200 unidades de produto. O mesmo
raciocínio pode ser aplicado às isoquantas e , ou seja, quanto mais distante da origem
estiver uma isoquanta, mais elevado é o nível de produção.
O formato da isoquanta mostra que, ao reduzir a utilização de um dos fatores de pro-
dução para que a produção se mantenha constante, é necessário aumentar o nível de
utilização do outro fator de produção. Esse fato remete à compreensão do significado de
um termo importante – a Taxa Marginal de Substituição – que indica quantas unidades
de um fator de produção (capital) devem ser adicionadas ao processo produtivo para
compensar a redução na utilização de outro fator de produção (mão de obra).
Ao longo desta aula, tratamos do enfoque da eficiência produtiva e abordamos os
principais postulados da Teoria da Produção tanto no curto prazo (utilização de apenas
um fator de produção variável) como no longo prazo (utilizando dois fatores de produ-
ção variáveis.
O tema da próxima aula insere uma abordagem sobre a eficiência econômica e in-
troduz a importância da minimização dos custos de produção e a análise da utilização
dos recursos produtivos para fins alternativos.

Ótimos estudos e até a próxima aula!

72
AULA 13

CUSTOS DE
PRODUÇÃO
Olá, aluno(a)! Esta aula tem o intuito de apresentar uma importante vertente da Teoria
da Firma, que é a abordagem sobre a importância dos custos nas decisões de produção.
Como apresentado na aula anterior, a empresa combina os fatores de produção com
a finalidade de produzir bens e serviços para a otimização dos resultados, visando sem-
pre a obtenção do lucro máximo. Essa afirmação vai ao encontro da ideia mostrada por
Carvalho (2017, p. 190):

O objetivo básico da firma é a maximização dos seus resultados quan-


do realiza sua atividade produtiva. Dessa forma, procurará sempre ob-
ter a máxima produção possível em face da utilização de certa combi-
nação de fatores.

Calculando Custos

Visando otimizar seus resultados, a empresa adquire fatores de produção para combinar
no seu processo produtivo. Esses recursos são escassos e demandam recursos financei-
ros para sua aquisição. O montante destinado a saldar essas despesas é denominado
custos de produção. O que acha de explorar a classificação desses custos? Vamos lá!

De forma geral, os custos das empresas são divididos em Custos Fixos e Variáveis cujo
soma totaliza o Custo Total (CT) da empresa.

Custos Variáveis: também chamado de Custo Variável Total (CVT), são aqueles que
variam diretamente com a quantidade produzida. Os gastos com mão de obra e
matérias-primas são exemplos desse tipo de gasto.

Custos Fixos: conhecido na teoria econômica como Custo Fixo Total (CFT), refe-
rem-se àqueles custos que não variam com a quantidade produzido pois atribuí-
dos a todos os produtos por meio de rateio. Os exemplos mais comuns são os gas-
tos para pagamento de aluguel e os gastos administrativos.

O comportamento do Custo Variável, Custo Fixo e Custo Total com relação ao nível de
produção pode ser visualizado por meio da Figura 1 abaixo:
74
Figura 1: Nível de produção e o Custo Variável, Fixo e Total
Fonte: Viceconti e Neves (2013, p. 132)

Após a compreensão do conceito de Custo Total, é necessário compreender os significa-


dos de Custo Médio (CMe) e Custo Marginal (Cmg). Vejamos cada um deles.
O CMe, também chamado de Custo Total Médio (CTMe), é obtido por meio da divi-
são do Custo Total pela quantidade produzida, podendo ser dividido em duas partes: o
Custo Variável Médio e o Custo Fixo Médio, conforme podemos visualizar por meio das
seguintes equações abaixo, em que Q representa a quantidade total produzida.

CT
CTMe =
Q
CVT
CVMe =
Q
CFT
CFMe =
Q

O Custo Marginal (CMg) é o aumento do custo dado um aumento da quantidade pro-


duzida que mede o dispêndio em unidades monetárias ocasionado pelo aumento de
uma unidade produzida. A equação abaixo mostra a forma de obtenção dessa medida
de custo.

CT
CMg 
Q

Portanto, para chegar ao valor do Custo Marginal é muito simples: basta dividir a va-
riação do Custo Total pela variação da quantidade total produzida ocasionado por este
aumento de custo.
É possível estabelecer uma relação entre o Produto Médio e Produto Marginal (vistos
na aula anterior) com os conceitos de Custo Variável Médio e Custo Marginal que acabei
de apresentar.

75
Figura 2: Relação entre Produto Médio e Marginal com os Custo Variável Médio e Marginal.
Fonte: Viceconti e Neves (2013, p. 100)

Em uma rápida observação na Figura 2, você pode perceber que enquanto as curvas de
Produto Médio e Produto Marginal são crescentes, as curvas de Custo Variável Médio e
Custo Marginal são decrescentes. Da mesma forma, quando as curvas de Custo Variável
Médio e Custo Marginal estão crescendo, as curvas de Produto Médio e Produto Margi-
nal estão decrescendo. Também é possível ver os níveis de produção nos pontos de má-
ximo das curvas de Produto Médio e Produto Marginal correspondem, respectivamente,
aos pontos de mínimo das curvas de Custo Variável Médio e Custo Marginal.
Esses fatos têm uma explicação econômica importante: quando a produtividade dos
fatores de produção está aumentando, tornando-a mais eficiente, os custos de produ-
ção sofrem uma redução. Em outras palavras, a produtividade e os custo de produção
são inversamente proporcionais.

ANOTE ISSO
As curvas de custos das firmas devem considerar, além dos custos con-
tábeis, os custos de oportunidade, pois assim estariam refletindo os custos
de todos os fatores de produção envolvidos numa dada atividade, inclusive
a capacidade ou talento empresarial. Como todos os recursos produtivos
são limitados, o conceito de custo de oportunidade permite captar a ver-
dadeira escassez relativa do recurso uti- lizado. Ou seja, qual o custo para a
sociedade da alocação de recursos (o custo social).
Fonte: Vasconcellos e Braga (2011, p. 161)
76
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
Alguns dados interessantes sobre custos de teatro foram disponibilizados
para espetáculos apresentados no New London Theatre, em Londres. O pro-
dutor dos espetáculos pagou aluguel de 25 mil libras esterlinas por semana
ao New London Theatre.
Os custos foram estimados entre 30 mil e 35 mil libras esterlinas por semana.
Uma discriminação mais geral dos custos típicos da montagem de um espe-
táculo no West End é apresentada na tabela a seguir, que reflete as estimati-
vas da destinação real do dinheiro recebido por cada ingresso vendido.

Tipo de custo Fonte % dos custos totais

Custos fixos Custos de aluguel manutenção Até 50%


e administração do teatro.

Custos Variáveis Ticketmaster (taxas da reserva 4%


de entradas)

Comissão sobre a venda (por 10%


entrada)

Pagamento da equipe de cria- 8%


ção (contrato em comissão)

Imposto sobre valor agregado 20%

Lucro (dependendo da quantidade de 8%


público)
Fonte: Adaptado de Wall (2015, p.90).

Até aqui analisamos os custos de produção no curto prazo, ou seja, quando apenas um
dos fatores de produção são variáveis. É nos casos em que mais de um fator de produção
sofrem variações.
Assim como estudados na Teoria da Produção, para evitar a análise de um gráfico
tridimensional, precisamos relacionar as combinações das quantidades dos fatores de
produção que geram o mesmo custo total. Fazendo isso, chegaremos na curva conhe-
cida como Isocusto,
O conjunto das curvas de Isocusto é conhecido como Mapa de Isocusto que pode ser
representada por meio da Figura 3

77
Figura 3: Mapa de Isocusto
Fonte: Dias (2015, p.79)

Alinhando os conhecimentos da Teoria da Produção (vista da aula anterior) e a Teo-


ria os Custos (vista nesta aula), é possível determinar o nível ótimo de produção, que é
encontrado no ponto onde a curva de Isoquanta tangencia a curva de Isocusto. Nesse
ponto, as firmas devem determinar um nível de produção ao menor custo possível.
Chegamos ao final desta aula e encerramos nossa análise sobre a Teoria da Firma,
que forneceu informações importantes sobre as decisões das empresas na determina-
ção da produção máxima com os recursos que se dispõe e com o menor custo de produ-
ção. Na próxima aula, vamos estudar de que forma os agentes econômicos tomam suas
decisões de forma racional em mercados não existem informações suficientes.
Ótimos estudos e até a próxima aula!

78
AULA 14

MERCADOS
COM INFORMAÇÃO
ASSIMÉTRICA
Olá, aluno(a)! Até agora, supomos que as decisões dos agentes econômicos fossem to-
madas com base no acesso de informações perfeitas. Considerando que isso nem sem-
pre ocorre na prática, o intuito dessa aula é compreender de que forma as informações
disponíveis são utilizadas para embasar a tomada de decisão dos agentes econômicos.
Para tratar desse assunto, deve ficar claro o conceito de assimetria de informação,
que segundo Samuelson e Nordhaus (2012, p. 177), “ocorre quando os compradores e os
vendedores têm informação diferenciada sobre fatos importantes, como o estado de
saúde pessoal ou a qualidade do bem vendido.
Portanto, na economia, a ocorrência de assimetria de informação pode afetar tanto
os agentes que compõem o mercado ofertante como demandante, com interesses co-
muns ou adversos.
Existem muitas situações em que as decisões precisam ser tomadas mesmo com
assimetria de informação. Podemos destacar os seguintes exemplos:
a. Garantia de produtos e serviços ofertados
b. Escolha de um funcionário confiável
c. Contratação de um seguro de automóvel
d. Relação entre médicos e pacientes
e. Investimento em ações de uma empresa
f. O mercado de carros usados

Para explicar os agentes em situações que ocorrem assimetria de informações, serão


utilizados e contextualizados os conceitos de seleção adversa e risco moral. Mas você
sabe o que cada um deles significa?
A seleção adversa ocorre quando não temos informações suficientes sobre o per-
fil de um agente econômico antes de firmar um acordo contratual. Por exemplo, uma
empresa de seguro de vida muitas vezes não consegue determinar se uma pessoa é fu-
mante ou não, de forma que as pessoas com maior risco, ou seja, as fumantes, têm maior
propensão em procurar seguros desse tipo. Pode-se dizer que esse tipo de assimetria de
informação é uma problema pré-contratual.
Uma das implicações da ocorrência de seleção adversa pode ser observada frequen-
temente no mercado de seguros de automóveis, já que a empresa seguradora atrai mais
motoristas com alto risco de acidentes do que ela deseja para um preço da apólice.
O problema da seleção adversa também pode ser ilustrado por meio da exemplificação
do mercado de automóveis usados. Nele, os vendedores detêm informações privilegiadas
sobre a qualidade dos produtos e os vendedores não têm acesso a todas essas informações.

80

Figura 1: Informação incompleta


Vamos supor que os compradores de determinada marca de veículo estejam dispostos
a pagar um valor de R$20.000 por um veículo de alta qualidade e R$10.000 por um veí-
culo de baixa qualidade.
Diante da dificuldade de obter informações necessária para essa distinção, o preço
transacional seria um meio termo entre esses valores, digamos R$15.000. Isso causaria
uma redução da eficiência do mercado de veículos usados, já que alguns vendedores
de carros de alta qualidade se recusariam vender por esse preço médio. Por outro lado,
aumentaria a quantidade de carros de menor qualidade para a venda.
Para reduzir o problema de seleção adversa no mercado de automóveis usados, é
necessário criar mecanismos mais transparentes para a geração de garantias para os
compradores potenciais.
A seleção adversa também pode ser verificada no mercado ações ou de título de
dívidas. Na ocasião, as empresas que emitem ações ou títulos de dívida possuem mais
informações sobre a saúde financeira do que os potenciais investidores.
É por este motivo que apenas as grandes empresas disponibilizam grande quanti-
dade de informações (Balanço Patrimonial, Demonstrativo do Resultado do Exercício
- DRE e Fluxo de Caixa) e estão frequentemente sendo acompanhadas por especialistas
em investimos conseguem levantar fundos mais facilmente no mercado financeiro.
Em muitos dos países, para amenizar o problema da seleção adversa, o mercado
financeiro é fortemente regulamentado, de modo que informações sobre a situação
financeira da empresa é um dos pré-requisitos para emitir produtos financeiros com a
finalidade de captar recursos no mercado.
Agora, vamos falar sobre outro ponto importante do problema gerado pela assime-
tria de informação: o risco moral.
O risco moral ocorre quando existe a dificuldade de prever o comportamento de um
agente econômico não observável pela outra parte do contrato, ou como diz Hubbard, e
O’Brien (2010, p. 637), “o risco moral se refere às ações tomadas por uma parte em rela-
ção a uma transação que difere do que era esperado pela outra parte no momento em
que a transação foi realizada.”
Assim como no caso da seleção adversa, o risco moral também pode ser frequente-
mente observado no mercado de seguros automotivos e no mercado financeiro.
No mercado de seguros automotivos, este fenômeno ocorre porque alguns moto-
ristas mudam seus comportamentos pelo fato de possuir um contrato de seguros e
passam a dirigir seus veículos com menor prudência, aumentando a probabilidade da
ocorrência de acidentes.
A constatação de informação assimétrica no mercado de seguros de veículos gera
uma certa dificuldade na fixação dos preços das apólices de seguro cobradas dos do-
nos de veículos, de modo que as empresas buscam o aperfeiçoamento constante dos
sistemas de informação para reduzir ao máximo a incerteza do setor, cobrando um valor
maior daqueles agentes com maior probabilidade de acionar o seguro, assim como o
estabelecimento de franquia uma vez que o seguro for acionado.

Por outro lado, no mercado financeiro, o risco moral se dá pela dificuldade de prever
como serão aplicados os recursos que foram captados por meio das ações e dos títulos
de dívidas emitidos. Nesse sentido Hubbard, e O’Brien (2010, p. 637) mostram que:

Uma vez que uma empresa venda ações e ti ́tulos de di ́vida, o que ela
faz com os fundos levantados? Obviamente, os investidores esperam
que a empresa utilize os fundos de modo a tornar a empresa mais ren-
tável. Mas existe a possibilidade de a empresa utilizá-los de uma ma-
neira que, na verdade, reduza os lucros, o que obviamente não é do
interesse dos investidores. 81
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
Você investiria em uma companhia de seguros que fizesse Seguro de Notas?
Um amigo seu lhe propõe o seguinte esquema: investir em uma nova com-
panhia seguradora, chamada Seguro-N.com, que oferece seguro de notas
para estudantes. Em troca de um prêmio modesto, a companhia promete
compensar os estudantes em 100% pela perda de renda em virtude de notas
ruins. Isso parece uma boa ideia, uma vez que os riscos de renda são muito
grandes para a maioria das pessoas.
Porque a Seguro-N é uma ideia? As notas dependem muito do esforço in-
dividual e, portanto, o mercado seria contaminado pelo risco moral e pela
seleção adversa. Os estudantes seriam tentados a estudar menos (risco mo-
ral) e os estudantes que esperam ter notas piores estariam mais inclinados
a comprar seguro de notas (seleção adversa). Esses problemas levam a um
“mercado perdido” no sentido de que a oferta e a demanda se interceptam
no nível zero de seguro de notas. De modo que a companhia ou não terá
negócio, ou terá prejuízos colossais.
Fonte: Adaptado de Samuelson e Nordhaus (2012, p. 192).

Diante dessas diferenças conceituais e suas implicações no comportamento dos agentes,


Varian (2006, p. 753) realiza uma importante comparação entre os dois termos e estabe-
lece a diferenciação das expressões risco moral e seleção adversa. Faz isso denominado a
primeira como “ação oculta” e a segunda como “informação oculta”. Segundo ele:

O perigo moral se refere a situações em que um lado do mercado não


pode observar as ações do outro. Por esse motivo é algumas vezes cha-
mado problema da ação oculta.
A seleção adversa se refere a situação em que um lado do mercado não
pode “o tipo” ou a qualidade dos bens no outro lado do mercado. Por
esse motivo é as vezes chamado de problema da informação oculta.

ANOTE ISSO
A solução para um problema de seleção adversa é conhecida como sinaliza-
ção. O vendedor agiria de modo que provesse o comprador de informações
confiáveis a respeito do bem (como certificados de qualidade ou garantia),
atenuando a assimetria de informações e, como consequência, o problema
de seleção adversa. O exemplo clássico para esse fenômeno é o mercado
de carros usados, no qual a qualidade é variável e dificilmente observável de
forma apropriada.
Fonte: Gremaud et al. (2017, p. 249)
82
Para distinguir os significados de seleção adversa e risco moral, é importante lembrar
que a seleção adversa ocorre pela dificuldade de obtenção de informação no momento
em que a transação (ou contrato) ocorre. Por outro lado, o risco moral acontece devido à
dificuldade de prever as ações que ocorrem após a efetivação da transação.
De tudo que estudamos ao longo desta aula, é importante que você saiba que, inde-
pendentemente do mercado que se analisa, os conceitos de seleção adversa e risco mo-
ral são muito úteis para a compreensão do comportamento dos agentes econômicos
em situações em que apenas umas das partes detém um maior número de informações
sobre o produto ou serviço a ser transacionado.
Na próxima aula, você terá a oportunidade de conhecer quais as implicações da exis-
tência de externalidades geradas por meio do consumo e da produção de bens e servi-
ços.
A partir do conhecimento dessas falhas de mercado, será possível compreender qual
o papel do estado para reduzir as perdas sociais geradas e maximizar o nível de bem-es-
tar dos agentes econômicos.
Ótimos estudos e até a próxima aula!

83
AULA 15

EXTERNALIDADES
E BENS PÚBLICOS
A partir deste momento, nosso estudo se dedica à compreensão dos motivos que justifi-
cam a intervenção do governo em uma economia de mercado. Pode-se destacar a exis-
tência de quatro fatores que motivam esta intervenção: a existência de bens públicos,
externalidades positivas e negativas, monopólios naturais e a necessidade de estimular
a atividade econômica de modo a evitar a ocorrência de desemprego e o aumento do
nível de preços e promover o crescimento econômico.
Vamos começar estudando a justificativa da intervenção do governo ocasionada
pela existência de falhas de mercado gerada a partir da existência dos chamados bens
públicos. Para isso, precisamos compreender o que é um bem público. Você saberia de-
finir o conceito desse tipo de bem?
Para responder a essa pergunta, utilizaremos o conceito de bens públicos proposto
por Besanko e Braeutigan (2004, p.514):

Os bens públicos beneficiam todos os consumidores, embora consu-


midores individuais não paguem nada pela provisão desse bem. Os
bens públicos possuem duas caracteri ́sticas: são bens não rivais e não
exclui ́veis.

Para uma melhor compreensão do que é um bem público, é fundamental entender os


conceitos de bens não rivais e bens não excludentes. Um bem público tem que apresen-
tar as características desses dois tipos de bens.
Um bem rival é aquele que, uma vez consumido por um indivíduo, reduz a quanti-
dade disponível para o consumo de outros indivíduos. Podemos utilizar como exemplo
o consumo de uma refeição. Uma vez utilizado como fonte de alimentação por uma
pessoa, reduz a quantidade disponível para outros. Mas para ser um bem público, ele
também precisa ser não exclusivo, ou seja, a capacidade de pagamento de uma pessoa
não pode restringir o seu consumo.
A construção de uma barragem por um ente privado pode ser considerada um bem
público: além de ser não rival, ele também é não exclusivo, ou seja, pessoas que não arca-
ram com o custo de sua construção podem se beneficiar com o seu consumo. O Quadro
1 evidencia as características dos bens rivais e não rivais.

Quadro 1: Características e tipos de bens

Excluível Não-Excluível

Rival Bens privados: alimentos, vestuário, Recursos comuns: peixes do oceano,


etc. ar puro, água de rios, etc.

Não-Rival Monopólio natural: conteúdos apre- Bens públicos: iluminação e segurança


sentados na televisão a cabo, etc. pública, etc.

Fonte: Elaborado pela autora com base em Gremaud et al (2007, p. 73)

Quando a quantidade de pessoas envolvidas no consumo de um bem público é peque-


na, a cooperação para custear seu consumo pode ser uma alternativa possível, como é o
caso de uma barragem. Entretanto, quando o número de pessoas é relativamente eleva-
do, a cooperação se torna improvável, como nos casos de segurança pública, construção
de praças, ruas e hospitais. Nesses casos, a intervenção do governo é necessária para
viabilizar o fornecimento, que pode ser custeado por meio de uma cooperação forçada
mediante o recolhimento de impostos.
Outro fator que motiva a intervenção do governo é a existência de externalidades.
Você já ouviu falar na palavra externalidade? Sabe o que ela significa? Chegou o mo-
85
mento de conhecer este conceito e os tipos de externalidade.
Segundo Vasconcellos (2011, p.101), ocorre externalidade, também chamada de econo-
mia externa, quando “o consumo ou a produção de determinado bem ou serviço pode
produzir efeitos colaterais, positivos ou negativos sobre outros”.
Dessa maneira, pode-se dizer que as externalidades ocorrem por meio do consumo
e da produção de determinados agentes e, com base nos seus efeitos sobre outros, que
podem materializar-se em externalidade positivas ou negativas.
A poluição é um exemplo de externalidade negativa, sendo assim, mecanismos de
controle do nível de poluição se fazer necessário devido à existência de falhas de mer-
cado ocasionadas pela impossibilidade do sistema de preços, via mercado, não ser sufi-
ciente para gerar o ótimo social.
De acordo com a análise de Caixeta Andrade (2008), isso ocorre porque as externali-
dades provocam a diferenciação entre os custos sociais marginais e os custos privados
marginais. Guarienti (2015, p.18) complementa a análise dizendo que este fato “acaba por
levar a um distanciamento da quantidade social ótima da quantidade privada ótima”.
Mas o que significa custos marginais sociais e custos privados marginais?

Figura 1: Poluição

Considerando o contexto da poluição, o custo social marginal pode ser entendido como
o aumento do custo gerado pelo aumento da emissão de poluição visto pela ótica da so-
ciedade como um todo, ou seja, recai sobre a coletividade. Já o custo privado marginal é
o aumento do custo gerado pela poluição quando o nível de poluição aumenta, porém,
86
visto pela ótica da empresa responsável pela emissão dessa poluição, recaindo sobre ela.
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
O Clean Air Act (Lei do Ar Limpo): como uma política do governo reduziu a
mortalidade infantil
Como pode ser visualizado nos gráficos, as emissões totais dos seis princi-
pais poluentes do ar foram reduzidas nos Estados Unidos em mais da me-
tade com a aprovação da Lei do Ar Limpo, em 1970. Ao longo do mesmo
período, o Produto Interno Bruto real dos Estados Unidos quase dobrou, o
consumo de energia aumentou em 50% e o número de milhas percorridas
por todos os veículos quase dobrou.

Quando níveis de poluição são altos, o benefício marginal de reduzir a po-


luição também é alto. Portanto, esperaríamos que o benefício de reduzir a
poluição do ar em 1970 tivesse sido bem maior do que o benefício a partir de
uma redução proporcional da poluição do ar seria hoje, quando o nível de
poluição é muito menor.
Nos dois anos seguintes à aprovação da Lei do Ar Limpo, houve uma grande
redução na poluição do ar e também uma redução na mortalidade infantil. A
redução da mortalidade infantil deveu-se principalmente a uma redução de
mortes no primeiro mês após o nascimento.
Fonte: Adaptado de Hubbard e O’Brien (2010, p. 198-199).

Tomando como exemplo o caso de uma lavanderia que despeja produtos químicos em
um riacho, ou qualquer exemplo de externalidade negativa, os custos sociais marginais
são maiores que os custos privados marginais, de modo que a sociedade paga um preço
maior pela poluição. Ou seja, o custo da atividade da lavanderia que polui o meio ambien-
te causa mais impacto na vida das famílias do que a atividade da próxima lavandeira: a
primeira paga um preço maior do que a segunda com a poluição causada pela lavanderia.
Para corrigir essa falha de mercado e igualar os custos sociais marginais e custos
privados marginais, o governo estabelece uma compensação em forma de impostos ou
taxas. Essa ideia vai de acordo com Silveira (2016, p.42):

Como o meio ambiente e os recursos naturais não possuem proprietá-


rios privados, sua degradação ou poluição não necessariamente atinge
outro agente econômico de forma direta. Neste caso, temos a ocorrência
de poluição física gerando custos sociais, ficando a cargo dos agentes
governamentais as providências cabíveis para a resolução do problema. 87
O estabelecimento de taxas e impostos aumenta o preço dos insumos utilizados no pro-
cesso produtivo e provoca uma elevação do custo de produção, de modo que a quantida-
de demandada pelos insumos sofra uma queda e contribua para a preservação do meio
ambiente. Considera-se também que os insumos podem ser perfeitamente substituídos,
não gerando prejuízo para o crescimento econômico. Portanto, existe um nível ótimo de
poluição no ponto que o custo da poluição seria o mesmo que o custo da despoluição.
Um terceiro elemento que motiva a intervenção do governo é a existência de mono-
pólios naturais, também chamado de monopólio puro, que é uma fonte específica de
geração de monopólio.
Já estudamos sobre o monopólio, que ocorre quando apenas uma empresa atende
a totalidade da demanda do mercado devido à existência de barreiras à entrada. O Qua-
dro 2 mostra os principais tipos de barreiras à entrada, bem como o significado de cada
um deles.

Quadro 2: Barreiras à entrada

Fonte de monopólio Significado

Monopólio natural Empresa já estabelecida em grandes dimensões e tem condições


de operar a baixos custos. Está associada a serviços de utilidade
pública como água, esgoto e energia elétrica.

Proteção de patentes Direito único de produzir um bem ou serviço. Exemplo: xerox.

Controle sobre o É quando uma empresa detém a produção da matéria-prima utili-


fornecimento de zada no seu produto final. É o caso da Alcoa, que detinha grande
matérias-primas parte das minas de bauxita nos Estados Unidos.

Tradição no mercado Quando uma empresa domina o mercado devido a sua tradição
na fabricação de um bem ou serviço. Exemplo: relógios japoneses.
Fonte: Elaborado pela autora com base em Vasconcellos (2011)

A existência de monopólio provoca uma queda no nível de bem-estar dos consumidores,


uma vez que a empresa fornece uma quantidade menor e um preço maior do que aque-
les que seriam verificados no caso da ocorrência de competição entre os fornecedores.
Por isso, o governo tem o papel de interferir no mercado, de modo a inibir práticas
de abuso do poder de mercado por parte dessas empresas. Ele faz isso por meio do
estabelecimento de normas reguladoras ou até mesmo passando a produzir os bens e
serviços em questão.

ANOTE ISSO
O fenômeno do monopólio é um dos fatores que motivam a intervenção
do Estado em uma economia, independentemente do sistema econômico
adotado no país. Isso ocorre devido às falhas de mercado provocadas pelas
livres forças oriunda do funcionamento da economia, o que causa uma que-
da no nível de bem-estar da sociedade considerada como um todo e isso
motiva a intervenção do Estado na economia.
Fonte: Elaborada pela autora
88
Por último, é importante mencionar o papel que o governo tem como estimulador da
atividade econômica, de modo a evitar a ocorrência de desemprego, aumento do nível
de preços e promover o crescimento econômico. Para isso, o governo utiliza de diversos
tipos de políticas econômicas (fiscal, monetária, cambial, comercial e de rendas).
Com base em tudo que estudamos ao longo desta aula, é importante compreender
que, devido à existência de todos esses fatores (bens públicos, externalidades, monopó-
lios naturais, desemprego e inflação), o governo deve intervir de modo a garantir o nível
de bem-estar da coletividade mediante o desenvolvimento de suas diversas funções
(alocativa, distributiva, regulatória e estabilizadora).
Na próxima aula, você terá contato com a Teoria dos Jogos, campo da Economia que
estuda como o comportamento de determinado agente econômico pode ser influen-
ciado pela decisão tomada por outros, agindo estrategicamente.
Ótimos estudos e até a próxima aula!

89
AULA 16

TEORIA
DOS JOGOS
Olá, aluno(a)! É com grande entusiasmo que iniciamos o estudo de mais um campo
fascinante da Economia, a Teoria dos Jogos, que subsidia o entendimento do comporta-
mento dos agentes econômicos em situações de escolhas estratégicas.
Nesse sentido, Samuelson e Nordhaus (2012) lembram que a Teoria dos Jogos é mui-
to utilizada no estudo da interação entre as empresas que compõem um mercado oli-
gopolista (que estudamos anteriormente), mas vai além disso.
Antes de explorar os principais postulados da Teoria dos Jogos, convém esclarecer o
seu conceito. Segundo Vasconcellos (2015, p. 179):

Jogo estratégico

A Teoria dos Jogos é um ramo da Matemática Aplicada que estuda


situações estratégicas, nas quais os jogadores escolhem diferentes
ações com o objetivo de melhorar seus ganhos. Por levar em conta ele-
mentos racionais e emocionais, ela se aplica à economia, às ciências
políticas, à filosofia e a outras ciências.

Mas qual o objeto central da Teoria dos Jogos? Com base na definição apresentada aci-
ma, é possível dizer que a teoria dos jogos busca compreender como cada jogador se
comporta estrategicamente (buscando o melhor resultado para si), sempre levando
com consideração as ações que foram tomadas pelo outro jogador.
Refletindo sobre o que foi apresentado em nosso contato inicial com a Teoria dos Jo-
gos, você seria capaz de dizer em que situações ela se aplica na vida real? Com o intuito
de exemplificar, Vasconcellos (2015) cita alguns exemplos em que essa teoria pode ser
utilizada. Vejamos:
a. Lançamento de um novo produto por uma empresa;
b. Guerras comerciais entre os países;
c. Decisões judiciais;
d. Fixação de preços no oligopólio.

91
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
A Teoria dos Jogos constitui-se em um instrumento de grande utilidade na
compreensão de fenômenos ou problemas econômicos. Um bom exemplo
é a vida curta observada dos cartéis.
Na Aula 11, quanto tratamos do oligopólio, vimos que os cartéis são organi-
zações de produtores ou indústrias dentro de certo setor ou atividade que
determinam a política de preços para todos os associados, fixando cotas
de mercado para cada um. É estabelecido como forma de evitar guerra de
preços que pode trazer resultados ruins para todos. Sua sobrevivência, no
entanto, depende da cooperação de cada um em seguir a política comum.
Nesse contexto, um produtor pode individualmente melhorar sua situação
se romper o acordo, reduzindo seu preço e conquistando, assim, uma fatia
maior no mercado. Tal possibilidade pode se constituir em um desestímulo
à formação do cartel caso os produtores pensem estrategicamente como
em um jogo.
Fonte: Elaborado pela autora com base em Gremaud et al. (2017, p. 283)

O principal conceito relacionado à Teoria dos Jogos é o chamado “Equilíbrio de Nash”,


sendo ele nosso ponto de partida. Frank (2013, p.418) define esse termo como a:

(...) combinação de estratégias tal que a estratégia de cada jogador é a


melhor que ele pode escolher dada a estratégia escolhida pelo outro
jogador. Assim, em um equilíbrio de Nash, nenhum jogador tem um
incentivo para se desviar de sua estratégia atual.

Para ilustrar o equilíbrio de Nash, será utilizada uma analogia clássica amplamente utili-
zada pela Teoria Econômica, o Dilema dos Prisioneiros, uma situação em que dois joga-
dores precisam tomar uma decisão sabendo que as consequências serão determinadas
pela ação do outro jogador. Para ilustrar a importância do Dilema dos Prisioneiros, será
utilizado o exemplo adaptado de Montella (2012).
O jogo consiste na existência de participantes denominados Prisioneiro 1 e Prisionei-
ro 2. Eles estão presos suspeitos de cometerem um crime juntos, são colocados em salas
separados (de modo que não ocorre a comunicação entre eles) e são questionados se
cometeram ou não o crime sob as seguintes condições:
a. Se o suspeito não confessar e o seu parceiro confessar, a pena será de dez anos de
reclusão, enquanto o que confessou terá a pena reduzida a zero;
b. Se os dois confessarem, a pena será reduzida para três anos de prisão para cada
um;
c. Se nenhum deles confessar o crime, não será aplicada uma pena menor de um
ano para cada prisioneiro.

A matriz de resultados possíveis, também conhecida como matriz de payoff, pode ser
apresentada no Quadro 1. Note que o valor precedido de sinal negativo representa a pri-
são do acusado, e o valor zero significa que não houve aplicação de pena.
Como você pode deduzir, o primeiro valor mostra o resultado para o jogador que
se localiza à esquerda do Quadro 1, que é o Prisioneiro 1, ao passo que o segundo valor
mostra o resultado para o Jogador que se na parte de cima, ou seja, o Prisioneiro 2. Por
exemplo, a combinação (0, -10) significa que o Prisioneiro 1 não cumprirá nenhuma pena
92
e que o Prisioneiro 2 sofrerá uma pena de 10 anos de prisão.
Quadro 1: Matriz de resultados - Dilema dos Prisioneiros

Prisioneiro 2

confessa não confessa

Prisioneiro 1 confessa (-3,-3) (0, -10)

não confessa (-10, 0) (-1,-1)

Fonte: Adaptado de Montella (2012)

Qual será resultado mais provável para este jogo? O Equilíbrio de Nash é um possível re-
sultado para este tipo de jogo, pois como vimos em sua definição, ele é o melhor resulta-
do para um jogador, com base na escolha do seu oponente e vice-versa. O Equilíbrio de
Nash também pode ser entendido como uma situação em que nenhum dos jogadores
tem condições de melhorar sua situação.
Mas então qual seria essa estratégia para o jogo apresentado no Quadro 1? A res-
posta é confessar para ambos os prisioneiros, em que cada um dos jogadores pegaria
exatamente três anos de prisão.
Compreendendo o Equilíbrio de Nash, vamos partir da análise da decisão do Prisio-
neiro 1. Dado que o Prisioneiro 2 escolheu confessar, ele não estaria em uma situação
melhor caso não confessasse (pois pegaria 10 anos de prisão) e por isso escolhe confes-
sar. Da mesma forma, se o Prisioneiro 2 tomar como dado que a escolha do Prisioneiro 1
é confessar, ele também confessará, pois assim pegaria apenas três anos de prisão ao in-
vés de dez anos caso não confessasse. Você também pode notar que ambos os jogado-
res escolheriam confessar como resposta à decisão de não confessar de seus oponentes.
Uma solução para este jogo também pode ser encontrada por meio do conceito de
Estratégia Dominante. Gremaud e Braga (2017, 279) mostra o seu significado, segundo
eles:

Uma estratégia é chamada de dominante em relação à outra quando


os resultados obtidos com sua utilização são melhores relativamente
aos resultados obtidos com outra estratégia, qualquer que seja a atua-
ção dos demais jogadores. Essa estratégia é, assim,melhor que as ou-
tras e pressupõe-se que é a que deverá ser escolhida pelo jogador.

Analisando novamente o Quadro 1, você irá perceber que, independentemente da esco-


lha do Prisioneiro 2, o Prisioneiro 1 está em melhor situação escolhendo confessar. Desa-
fio você a fazer a mesmo exercício do Prisioneiro 2, e você notará que a melhor escolha
também será confessar.
Nessa altura do nosso estudo, é importante ficar claro a diferença básica entre Equi-
líbrio de Nash e Estratégia Dominante, estabelecendo relações importantes eles elas.
O Equilíbrio de Nash expressa a resposta de um jogador com base na escolha do
outro, pode ocorrer mais de um Equilíbrio de Nash em um mesmo jogo. Por outro lado,
existe somente uma Estratégia Dominante em cada jogo, embora esse resultado possa
coincidir com um Equilíbrio de Nash.

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ANOTE ISSO
Dados os conceitos de Estratégia Dominante e Equilíbrio de Nash, pode-se
concluir que toda Estratégia Dominante também é um Equilíbrio de Nash,
mas o contrário não é verdadeiro, ou seja, nem todo Equilíbrio de Nash é
uma Estratégia Dominante.
Por outro lado, qualquer outra estratégia disponível a um jogador que possui
uma estratégia dominante é chamada de estratégia dominada.
Fonte: Elaborado pela autora.

Conhecer a Estratégia Dominante do seu opositor é importante para que um jogador


maximize seus ganhos com base na escolha mais provável do outro e, consequente-
mente o resultado de uma deste jogo seria um Equilíbrio de Nash.
Você deve estar se perguntando, se o Prisioneiro 2 não tiver tanta certeza de que o
Prisioneiro 1 irá agir de modo racional? Qual poderia ser sua estratégia?
Ele poderia utilizar a conhecida Estratégia Maximin que, segundo Frank ( 2013, p. 410)
ocorre quando o jogador escolhe a “opção que torna o payoff mais baixo que uma em-
presa pode receber o mais alto possi ́vel”. Para exemplificar esse tipo de estratégia, vamos
utilizar o exemplo dos prisioneiros em que os resultados estão dispostos no Quadro 1.
Primeiramente, o Prisioneiro 2 deve escolher quais piores resultados ele pode obter
para cada uma das escolhas que ele pode fazer. Por exemplo, ao escolher confessar, o
pior resultado que ele pode alcançar é ficar três anos preso (ocorre quando o Prisioneiro
1 também escolhe confessar). Alternativamente, se o Prisioneiro 2 escolher não confes-
sar, o pior resultado que ele pode obter é ficar dez anos preso (ocorre quando o Prisio-
neiro 1 também escolhe confessar).
Assim, entre correr o risco de ficar três ou dez anos na cadeia, ele escolhe a primeira
opção optando por confessar. Dessa forma ele estaria maximizando os piores resultados
possíveis.
Esse tipo de estratégia pode ser utilizado em diversos contextos no mundo dos ne-
gócios, como por exemplo, a decisão entre abrir uma nova filial ou investir em propa-
ganda ou publicidade.
Até agora, vimos que as decisões dos jogadores são colocadas em prática de forma
simultânea, ou seja, nenhum dos jogadores se movimentam primeiro. Chegou o mo-
mento de compreender de que forma os jogadores se comportam quando os jogos são
sequenciais.

94
Figura 1: Matriz de resultado de um ataque nuclear da Rússia sobre os Estados Unidos.

Para que isso se torne possível, será utilizado um exemplo disponível em Frank (2013, p.
441) em que a Rússia estivesse considerando se deveria ou não fazer um ataque nuclear
contra os Estados Unidos. Considerando que a Rússia tomasse a decisão primeiro, os
resultados de cada jogador podem ser visualizados na Figura 1.
Primeiramente, vamos supor que a Rússia decida atacar lançando mísseis nos Esta-
dos Unidos. A melhor resposta dos Estados Unidos para esse ataque é não reagir, obten-
do um resultado negativo de -50 ao invés de -100.
Alternativamente, se Rússia decide não atacar os Estados Unidos, a melhor resposta
dos Estados Unidos seria não reagir, obtendo um resultado nulo ao invés de -50.
Portanto, se a Rússia espera que os Estados Unidos ajam racionalmente maximizan-
do resultados, a melhor opção para a Rússia seria atacar, alcançando um benefício de
100 ao invés de nenhum benefício.
Como você pôde verificar, a Teoria dos Jogos tem diversas aplicabilidades em di-
versos contextos. O importante é que você compreenda como os agentes econômicos
podem todas suas decisões estratégicas com a finalidade de maximizar seus benefícios.
Espero que você tenha gostado dessa última aula de nossa disciplina e passe aplicar
esses conhecimentos na sua vida pessoal e profissional. Desejo ótimos estudos!

95
CONCLUSÃO
Prezado(a) aluno(a), chegamos ao final dos conteúdos abordados na disciplina de Mi-
croeconomia. Nesse momento, faremos uma retomada das principais ideias tratadas ao
longo da nossa jornada de estudos. Preparado(a)?
Na Aula 1, vimos que a Economia se conceitua como a ciência que estuda as alter-
nativas de alocação de recursos escassos com a finalidade satisfazer as necessidades
ilimitadas dos agentes econômicos. Vimos também que a ciência econômica por ser
dividida em diversas áreas de estudo.
Na Aula 2, exploramos os aspectos gerais de uma das principais áreas que a análise
econômica pode ser dividida: A Microeconomia. Ficou claro que ela se detém a analisar o
comportamento dos agentes de forma individual, estudando variáveis como demanda,
oferta, preço de um produto, etc.
Ao longo da Aula 3 foram estudados os determinantes do comportamento do con-
sumidor, que tem o objetivo de maximizar a satisfação das necessidades por meio do
consumo de bens e serviços, sempre levando em conta a utilidade e a restrição orça-
mentário que eles estão sujeitos.
Vimos na Aula 4 que a demanda é a combinação das quantidades procuradas e dos
preços que os consumidores estão dispostos a pagar. Ficou claro que a demanda de-
pende dos preços dos bens complementares e substitutos, renda, gostos, preferências e
sazonalidade, entre outros. Por meio dos estudos, foi possível perceber que a quantida-
de demandada depende do preço transacionado.
A Aula 5 apresentou a oferta, que se configura na relação entre os preços e quantidades
pela ótica dos ofertantes de bens e serviços, ou seja, quais as quantidades que as empresas
estão dispostas a ofertar no mercado para cada um dos preços praticados. Vimos que os
principais determinantes da oferta, que são os seguintes: tecnologia, custos dos fatores de
produção e preços dos bens substitutos na produção. Com os conhecimentos dos conteú-
dos das aulas 4 e 5 foi possível compreender que o preço e a quantidade de equilíbrio de
determinado produto são obtidos pela interação entre a oferta e demanda de mercado.
Encerramos nossa análise da oferta e demanda com a explanação do conceito de
elasticidade apresentada ao longo da Aula 6, e descobrimos como medir o impacto da
variação de preços na quantidade demandada de um produto.
Da Aula 7 à Aula 11 vimos que as estruturas de mercado se diferenciam sob diversos
aspectos como o número de vendedores, barreiras à entrada de novas empresas, dife-
renciação de produtos e poder de mercado.
Ao longo da Aula 12, vimos como as empresas combinam os diversos fatores de pro-
dução com o objetivo de obter a máxima produção tanto do curto como no longo pra-
zo. Ficou claro de que forma se relacionam a Produto Total, Produto Médio e o Produto
Marginal. Outro conceito importante visto nesta aula é a Lei da Produtividade Marginal
Decrescente mostrando que, conforme a utilização de um fator de produção aumenta,
a produtividade passa a ser cada vez menor até decrescer. Complementando a Teoria da
Firma, a Aula 13 tratou dos custos de produção. Estudamos de forma a empresa conside-
ra seus custos para obter o nível ótimo de produção.
A Aula 14 foi importante para entender de que forma os agentes econômicos tomam
suas decisões quando as informações são incompletas ou inexistentes.
Ao longo da Aula 15, consideramos a existência de externalidades geradas pelas ativi-
dades produtivas e de que forma o Estado deve se comportar para maximizar os efeitos
positivos e minimizar os efeitos negativos desse fenômeno.
A Teoria dos Jogos foi apresentada na Aula 16. Por meio dela, é possível compreender
de que forma os agentes tomam suas decisões com base das ações executadas por ou-
tros agentes econômicos. Não pare por aqui, caro(a) aluno(a)! Incremente seus conheci-
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mentos resolvendo exercícios práticos e fazendo constantes pesquisas em diversas fon-
tes de informações. Desejo sucesso! Um forte abraço!
ELEMENTOS
COMPLEMENTARES

LIVRO

MICROECONOMIA
Autor: Robert Pindyck e Daniel L. Rubinfeld
Editora: Pearson

Sinopse: Com o objetivo de atender à necessidade dos


alunos de compreender plenamente como a microecono-
mia pode ser utilizada na prática, oferece uma abordagem
à teoria microeconômica, realçando sua relevância e apli-
cação no processo de tomada de decisão tanto no setor
privado como no público. Sumário - Parte I - Introdução
- mercados e preços; Parte II - Produtores, consumidores
e mercados competitivos; Parte III - Estrutura de mercado
e estratégia competitiva; Parte IV - Informação, falhas de
mercado e o papel do governo.
Comentário: O livro Microeconomia de Pindyck e Rubinfeld é uma leitura e obrigatória
para aprofundar os conhecimentos sobre a microeconomia.

FILME

FREAKONOMICS
Ano: 2010

Sinopse: O documentário, baseado no livro “Freakonomi-


cs – O lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta”,
de Steven Levitt e Stephen J. Dubner, mistura economia
e cultura pop para mostrar a aplicação surpreendente de
diversos temas da economia para explicar a sociedade.
Comentário: O filme é baseado no livro de mesmo nome,
sendo útil para a compreensão da aplicação prática de
conceitos de microeconomia, tais como utilidade margi-
nal, e elasticidade-preço da demanda.

WEB

A série Economia Descomplicada traz pequenos vídeos sobre os principais conceitos in-
seridos no estudo na economia, e que aprofundam o conhecimento dos estudantes da
disciplina.
https://www.youtube.com/watch?v=liZcE05M93U
https://www.youtube.com/watch?v=2FdEBPCxmvM
https://www.youtube.com/watch?v=9qq9VV8I1D0
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REFERÊNCIAS
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Janeiro: LTC, 2004.
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nas visões neoclássica e da economia ecológica. Leituras de Economia Política, v. 11, n.
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