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INTRODUÇÃO À
MACROECONOMIA
Professor (a) :

Dra. Andréia Moreira da Fonseca Boechat

Me. Gustavo Feitoza da Silva

Objetivos de aprendizagem
•Compreender o conceito Economia e a divisão do estudo da Ciência Econômica.

•Definir o conceito de setor público e diferenciar os tipos de bens públicos.

•Discutir as funções do governo em uma economia de mercado.

•Conhecer os principais conceitos relacionados à análise macroeconômica.


Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Introdução à Economia

•O setor público

•As funções do governo e os objetivos das políticas macroeconômica

•Conceitos macroeconômicos básicos

Introdução
Caro(a) aluno(a), neste material, você estudará um assunto muito importante para sua formação profissional, que é a introdução
ao estudo da macroeconomia. Para isso faremos um resgate pelo conceito de economia e contextualização da macroeconomia, o
conceito e as funções do governo e a apresentação de alguns termos imprescindíveis quando estiver analisando as políticas
macroeconômicas.

Iniciaremos este estudo com alguns conceitos relacionados ao setor público. Imagino que, para alguns, sejam conceitos novos e,
para outros, servirá como uma revisão de algo que já conhecem. Falar sobre o setor público, aqui, em nosso país, é um desafio, é
claro que temos os fundamentos e as definições clássicas, mas, infelizmente, ao falarmos sobre o setor público, muitos de nós
pensamos em corrupção e coisas negativas, outros pensam: “ah, é público, não é de ninguém”. Contudo, deveríamos pensar: é
público, então, é de todos nós! Vivemos em uma democracia e devemos valorizar isso.

Falaremos sobre a importância das políticas macroeconômicas para a estabilidade e crescimento econômico, ou seja, quais são os
instrumentos que o governo pode e deve utilizar para que a economia se estabilize e cresça continuamente. São questões de curto
e longo prazo em que o governo tem a capacidade de intervir para o aumento do bem-estar econômico.

Por último, apresentaremos, a você, a definição de alguns conceitos econômicos básicos, que são fundamentais para o
entendimento das políticas macroeconômicos. Tenho certeza de que você já ouviu falar de todos os conceitos que serão discutidos,
mas será que você sabe exatamente o que cada um significa?

Espero despertar em você algumas inquietações, curiosidades e, até mesmo, dúvidas, pois isso te fará questionar, pesquisar e
buscar novos conhecimentos indispensáveis para o seu crescimento profissional. Tenho certeza que este aprendizado fará a
diferença em sua vida.

Bons estudos!
Avançar

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Introdução à Economia
Neste encontro, estudaremos o conceito e os princípios básicos da ciência econômica. Você será capaz de compreender o
significado da palavra economia e as principais áreas de estudo desse campo do conhecimento tão importante para o gestor
público.

Tomemos como base o conceito de economia mostrado por Vasconcellos (2011, p. 3), que afirma que

Economia pode ser definida como a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem
utilizar recursos produtivos escassos, na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as
várias pessoas e grupos da sociedade, com a finalidade de satisfazer as necessidades humanas.

Como podemos ver na definição anterior, o principal objeto de estudo da ciência econômica é a questão da escassez dos fatores de
produção, recursos estes que são utilizados para produzir bens e serviços que precisam satisfazer as necessidades ilimitadas da
sociedade.

Você deve estar se perguntando: mas o que são fatores de produção?

São aqueles combinados no processo produtivo para produção de bens e serviços, podendo ser divididos em quatro tipos: mão de
obra, capital e recursos naturais e capacidade empresarial.

A mão de obra é a forma de trabalho humana, também conhecida como recursos humanos. O Capital são os recursos físicos
materializados pelas máquinas, equipamentos e instalações utilizados no processo produtivo. Os recursos naturais, também
conhecidos na Teoria econômica como terra, são os principais insumos e matérias combinados na produção. A capacidade
empresarial é a atividade do empresário que organiza a produção e combina os fatores de produção na produção dos bens e
serviços.

Um conceito muito utilizado para explicar o conceito de escassez é a Curva de Possibilidades de Produção (CPP) ou Fronteira de
Possibilidades de Produção. Ela mostra a combinação da quantidade máxima de produtos que podem ser produzidos em uma dada
economia, considerando a plena utilização de fatores produtivos, ou seja, sem nenhum desemprego de recursos, isso significa que
a economia está operando a pleno emprego.
Para ilustrar tal conceito, utilizaremos um exemplo fictício de um país que produz apenas dois tipos de bens: alimentos e vestuário.
O Quadro 1 foi elaborado considerando a combinação da produção máxima de cada um desses produtos em uma situação de pleno
emprego.

Quadro 1 - Alternativas de produção

Fonte: os autores.

Combinando as informações do Quadro 1 em um mesmo diagrama temos a Curva de Possibilidades de


Produção dessa economia, conforme podemos visualizar por meio da Figura 1.

Figura 1 - Curva de Possibilidades de Produção (CPP)

Fonte: os autores.

É necessário destacar três áreas importantes da Figura 1. Os pontos sobre a CPP mostram as combinações possíveis da produção
de alimentos e vestuário em que todos os fatores de produção estão totalmente empregados, é uma situação de pleno emprego,
sendo que, para aumentar a produção de um dos bens, é necessário abrir mão da produção de outro. A área situada à esquerda e
abaixo da CPP é uma situação de desemprego de fatores de produção, pois é possível aumentar a produção de um dos bens sem a
necessidade de reduzir a produção do outro. Por último, a área localizada à direita e acima da CPP se caracteriza por combinações
impossíveis de produção, onde não existe disponibilidade de recursos suficientes.

Na CPP também está implícito outro conceito importante, o de Custo de Oportunidade que, segundo Passos e Nogami (2012,
p.652), “é a expressão utilizada para expressar os custos em termos de grau de sacrifício que se faz ao optar pela produção de um
bem, em termos da produção de outro bem.”
No exemplo utilizado aqui, podemos identificar o custo de oportunidade da produção de alimentos, que é a quantidade de
vestuário que se deve deixar de produzir para aumentar a produção de alimentos. Por exemplo, para aumentar a produção de
alimentos de 8 para 9, devemos abrir mão da produção de 3 unidades de vestuário. Portanto, pode-se dizer que o custo de
oportunidade da produção de 1 unidade de alimentos é igual a 3 unidades de vestuário. Com raciocínio análogo, também podemos
medir o custo de oportunidade da produção de vestuário para qualquer um dos trechos da CPP.

O conceito de escassez implica que os agentes econômicos precisam fazer escolhas para utilizar os fatores de produção de
maneira mais racional e eficiente possível. As escolhas envolvem três questões fundamentais, são elas:

1. O que e quanto produzir: envolve a escolha de que tipo de bens deve ser produzido. Se produzirá mais bens de consumo, bens de
capital ou bens intermediários e que quantidade serão produzidas.

2. Como produzir: se refere à tecnologia utilizada para produzir os bens, se será mais intensivo em trabalho ou em capital e qual
tipo de tecnologia será utilizada.

3. Para quem produzir: visa definir quais os setores ou grupos serão beneficiados na distribuição do produto gerado.

Bens de consumo: utilizados para satisfazer as necessidades dos consumidores finais, podendo ser bens
essenciais (alimentos e vestuário ou de luxo (joias, carros, eletrodomésticos).

Bens de capital: são empregados na produção de outros bens e serviços (máquinas e equipamentos).

Bens intermediários: utilizados como insumos ou matérias-primas na produção de outros bens e serviços
como a farinha que é utilizada na produção de pães.

Fonte: os autores.

A maneira como estas questões serão resolvidas vai depender do tipo de sistema econômico adotado em cada país, que pode ser
de dois tipos: economia de mercado e a economia planificada.

Na economia de mercado, os problemas econômicos (o que e quanto, para quem e como produzir) são resolvidos,
fundamentalmente, pelas livres forças do mercado por meio da interação entre a oferta e a demanda de maneira automática e sem
a interferência do Estado na economia.

Por outro lado, na Economia Planificada (Centralizada) é o governo quem resolve os problemas econômicos, por meio do
levantamento dos recursos produtivos e da definição das prioridades com base nas necessidades existentes na sociedade.

Na literatura econômica, existe o consenso de que a Economia de Mercado gera mais eficiência econômica e menos equidade, já a
Economia Planificada permite maior equidade, mas gera menor eficiência econômica.

Uma pergunta vem à tona nesse momento: quais são os campos de estudo da ciência econômica? Existem muitas áreas que podem
ser agrupados em 4 linhas de estudos: Microeconomia, Macroeconomia, Economia Internacional e Teoria do Desenvolvimento
Econômico. Vamos conhecer cada uma delas?

• Microeconomia: dedicada ao estudo das variáveis individuais da economia, como o preço, demanda, oferta de um produto,
preferências e renda de um consumidor analisado de forma isolada.

•Macroeconomia: estudo das variáveis em nível agregado como o comportamento da Renda, Produto e Despesa Nacional,
inflação, desemprego, crescimento econômico e distribuição de renda, bem como as políticas econômicas utilizadas para
influenciar as variáveis de estudo.

•Economia Internacional: nesta área são estudadas as questões relacionadas ao setor externo da economia, como o
comportamento das exportações e importações, nível de taxa de câmbio, balanço de pagamentos e dívida externa.

• Teoria do Desenvolvimento Econômico: analisa porque alguns países são mais desenvolvidos do que outros e quais medidas
podem ser tomadas para reduzir essas disparidades.
Nosso foco será dado à Teoria Macroeconômica, pois é o campo do conhecimentos utilizados pelo setor público na formulação das
políticas utilizadas para alcançar os principais objetivos relacionais ao bem-estar econômico da sociedade.

O setor público
Com a grande crise econômica de 1929, começou a se discutir qual é o papel do setor público, por meio do governo, na economia.
Com isso, podemos dizer que o estudo do setor público, dentro da economia, teve início em 1936, com John Maynard Keynes, o pai
da macroeconomia moderna, e foi se desenvolvendo e aprimorando, ao longo dos anos.

Após Keynes, em 1954, Paul Samuelson desenvolveu o conceito de bem-estar público, que procura determinar, simultaneamente,
a distribuição de renda e a eficiência alocativa. Então, a economia do bem-estar público se preocupa com o bem-estar da sociedade
como um todo e esse bem-estar é de responsabilidade, direta ou indireta, do setor público.

Em 1971, o conceito de ação coletiva foi criado por Mancur Olson, com isso, a economia passou a se preocupar com a oferta de
bens públicos, por meio da colaboração de, no mínimo, duas pessoas, e com o impacto que esse consumo gera aos demais, as
chamadas externalidades. Isto é, a partir da data citada, a economia passou a estudar o impacto, tanto negativo quanto positivo, do
consumo de um bem na vida dos demais.

Para compreender o que é externalidade, imagine uma fábrica têxtil e um rio passando ao lado. Nesse rio, há uma comunidade de
pescadores, que vivem diretamente da pesca. A fábrica joga os dejetos no rio, poluindo e matando os peixes, afetando, assim, a vida
dos pescadores, que não terão mais como sobreviverem da pesca, nessa localidade. Nesse caso, o governo, por meio de suas
políticas públicas, precisa intervir. Claro que temos o caso contrário, em que várias pessoas se beneficiam com uma determinada
ação individual.

Após discutirmos o surgimento do setor público e antes de defini-lo de fato, vamos explorar alguns conceitos importantes sobre
variáveis pertencentes ao setor público. O primeiro conceito é em relação aos bens públicos. Você já ouviu falar em bens públicos
e, com certeza, saberia citar diversos exemplos. Porém, você sabe por que alguns bens são ofertados pelo setor público? Além
disso, quais são as características desses bens?

O bem público, como é de seu conhecimento, é um bem ou serviço ofertado pelo governo, seja federal, estadual ou municipal. Esse
bem tem como características serem não rivais e não excludentes, ou seja, o consumo de um indivíduo, seja pessoa física ou
jurídica, não reduz a quantidade disponível para os demais, não sendo possível excluir os indivíduos que desejam consumir,
independente de terem pago ou não. Em outras palavras, a oferta de um bem público para uma pessoa faz com que seja possível
ofertá-lo para as demais, sem um custo adicional, como a defesa nacional, por exemplo.

Mas por que alguns bens são classificados como bens públicos?
Por que as pessoas não pagam, diretamente, pelo consumo desse bem?

Os bens públicos são públicos porque o mercado induz os indivíduos a não revelarem suas preferências, ou melhor, é vantajoso
para as pessoas não revelarem quanto estariam dispostas a pagar pelo consumo desse bem, pois esse consumo é em função da
quantidade ofertada e não pelo preço pago. Como já discutimos anteriormente, as pessoas, mesmo não pagando, consomem o bem
ou serviço público.

Vamos pensar em um exemplo, como a segurança em um bairro qualquer. Independentemente de quem paga, a existência da
polícia, nesse bairro, inibirá os assaltos e todos os moradores são beneficiados de mesmo modo, ou seja, a segurança é igual para
todos, não tendo, assim, incentivo para um morador pagar e outro não pagar pela segurança. Nesse caso, segurança pública é outro
exemplo de bem público.

Para ficar claro como podemos saber se um bem é público, observe o quadro a seguir.

Quadro 2 - Comparação entre bem público e bem privado

Fonte: os autores.

Conforme podemos ver no Quadro 2, se um determinado bem é não rival e não excludente, ele é um bem público. Caso contrário, é
um bem privado. Para ilustrar essa situação, vamos pensar em dois bens, segurança e energia elétrica. Primeiro, sabemos que a
mesma energia elétrica não pode ser consumida por duas casas diferentes. Nesse caso, o seu consumo é rival. Em segundo lugar, o
consumo da energia é excludente, pois se a pessoa não pagar a conta, a empresa fornecedora corta o fornecimento da luz. Já no
que se refere à segurança, não é possível uma pessoa ter e a outra, na mesma rua, não ter, nem o consumo por parte de um
indivíduo exclui o consumo do outro. Essa situação pode ser vista no Quadro 3.

Quadro 3 - Exemplo de bem público e bem privado

Fonte: os autores.

Conforme você pode perceber, segurança pública é um bem público e energia elétrica é um bem privado. Outro conceito que
precisa ficar claro é o de bens de propriedade comum. Esses bens são identificados quando é impossível atribuir preços ou exercer
direitos de propriedade sobre eles. Esse tipo de bem é rival e não excludente. Você deve estar se perguntando: qual seria um
exemplo de um bem rival e não excludente. Podemos citar vários exemplos, como pesca no mar, andar em uma avenida
movimentada, em horário de pico, dentre outros.

Para ficar mais claro, pense em dois vizinhos: um tem uma plantação de maçãs e o outro é produtor de mel. O produtor de maçãs
gera uma externalidade positiva sobre o produtor de mel, pois, durante a florada, uma quantidade de néctar é disponibilizada,
gratuitamente, ao apicultor. Nesse caso, o néctar é um bem rival, pois, quanto maior a quantidade disponibilizada a uma abelha,
menor será a quantidade para as demais. Assim, é um bem não excludente, porque o produtor de maçãs não tem como evitar que o
néctar vá para as abelhas do seu vizinho e nem tem como cobrar por isso. Podemos ver essa situação por meio do Quadro 4.
Quadro 4 - Comparação entre bem de propriedade comum e bem público

Fonte: os autores.

Conforme pode ser visto no Quadro 4, se um bem é rival, mas não é excludente, podemos classificá-lo em bem de propriedade
comum.

Por último, não podemos deixar de discutir os monopólios naturais, que também são de responsabilidade do setor público. Existem
alguns setores da economia em que as empresas privadas não podem ofertar bens de forma eficiente, como no caso da água,
energia elétrica, saneamento básico, dentre outros. E por que os bens dos setores citados mesmo sendo de responsabilidade do
governo, mas você ter de pagar por eles?

A resposta para essa pergunta é simples. Esses são bens não rivais e excludentes e o governo, como não consegue ofertá-los de
forma eficiente, concede o direito de ofertar a uma empresa privada. Somente uma empresa é a responsável, pois não é
economicamente viável ter concorrência nesses setores.

Monopólio: estrutura de mercado em que existe apenas uma empresa que fornece determinado produto ou
serviço. Essa empresa possui poder de fixar um preço relativamente superior ao custo de produção.
Existem diversas fontes de poder de mercado: monopólio natural, patentes, tradição e o controle direto do
fornecimento da matéria-prima.

Fonte: os autores.

Tudo isso que discutimos até agora, bens públicos, bens de propriedade privada e monopólio natural, pode ser simplificado no
Quadro 5.

Quadro 5 - Quadro comparativo dos bens rivais e excludentes e não rivais e não
excludentes

Fonte: os autores.

Resumindo tudo que foi discutido anteriormente, se um determinado bem for rival e excludente, ele é um bem privado e será
ofertado por empresas privadas, como TV a cabo. Caso o bem seja rival, mas não excludente, será uma propriedade comum, ou
seja, é um bem que todos têm acesso. Entretanto, se um tiver acesso, diminui a quantidade disponível para a outra pessoa, como a
pescaria no mar.
Se o bem é não rival e excludente, é um monopólio natural, o que significa que é de responsabilidade do governo, mas, muitas
vezes, quem oferta são empresas privadas, em razão dos custos, por exemplo, o saneamento básico. Já se um bem é não rival e não
excludente, é um bem público e é ofertado pelo governo, como no caso da segurança pública. Todos os indivíduos terão acesso.

Como estamos estudando o setor público com foco nas políticas macroeconômicas, o nosso objeto de estudo são as políticas e
instrumentos que o governo pode utilizar para gerar bem-estar para a população, de forma a manter altas taxas de emprego, baixa
inflação, crescimento econômico, dentre outros.

Agora que discutimos os conceitos de bens públicos, podemos apresentar o conceito de setor público. Você já ouviu falar, muitas
vezes, em setor público, talvez, já tenha feito muitas críticas, não somente negativas, a ele. Mas você sabe, exatamente, o que é
setor público?

Discutir o conceito de setor público e setor privado não é uma tarefa muito fácil, mas vamos discuti-lo, aqui, lembrando que o
assunto não se esgota. Segundo Eulálio (2010), a discussão sobre o público e o privado é bastante rica e com alguns contrapontos,
para os autores Jean Jacques Russeau e Jurgen Habbermas. Em seus estudos, Eulálio (2010) concluiu que, para Russeau, o setor
público ou a coisa pública deve representar o interesse do povo, da coletividade e o Estado é só uma das manifestações da
coletividade, cuja tarefa deve ser a de intermediar os diferentes interesses entre público e privado. Segundo Eulálio (2010),
Russeau preconiza que a esfera pública precisa de todo o aparato que conhecemos, ou seja, “requer um corpo político,
institucionalizado juridicamente” (EULÁLIO, 2010, p. 47). Para Habbermas, também, a existência dos políticos é de suma
importância, para tentar fazer a intermediação entre os diferentes interesses de público e privado. Nessa linha,

A esfera pública se configura como o lugar de deliberação e mediação entre a sociedade civil e o Poder
Público. Além disso, no setor privado, também está abrangida a noção de “esfera pública”, pois ela é uma
esfera pública de pessoas privadas. A esfera privada compreende a sociedade civil e o Estado o “poder
público”. Daí o público ser sinônimo de estatal. O Estado deve o atributo de ser público à sua tarefa de
promover o bem público, o bem comum a todos os cidadãos (EULÁLIO, 2010, p. 47).

Assim, dois importantes autores que discorrem sobre setor público e privado convergem em alguns pontos, o que, em nosso ponto
de vista, merece destaque é que cabe ao setor público mediar os interesses públicos e privados.

Então, setor público é uma parte do Estado e são todas as instituições controladas pelo poder político, incluindo as administrações
públicas e as empresas públicas. Em outras palavras, o setor público engloba a administração direta, que são os órgãos ligados,
diretamente, ao Estado, as autarquias, que são órgãos que englobam a administração pública indireta, como as agências
reguladoras e as fundações, nas esferas federal, estadual e municipal, além das empresas estatais.
As funções do governo e os objetivos da
política macroeconômica
Após definir setor público, surge uma pergunta: qual é o papel do setor público, na economia brasileira e na vida dos cidadãos?
Você, caro(a) aluno(a), saberia responder essa pergunta?

A discussão sobre o papel do setor público é muito complexa, pois são diversas funções e algumas delas se misturam ao papel do
governo, na economia, mas todas estão ligadas ao desenvolvimento do país e a geração de bem-estar social.

As funções do setor público variam a cada sistema econômico e, também, pelo regime político no país, naquele momento.

No sistema capitalista como o nosso, as funções do governo não estão ligadas a definição dos fatores de produção, pois isso é feito,
diretamente, pelo setor privado. As funções atuais são relacionadas ao desenvolvimento econômico do Brasil e à geração de bem-
estar social. Claro que o setor público, por meio do Estado, alterou-se, com o passar dos anos, e suas funções acompanharam essa
evolução.

Até o século XIX, o capitalismo competitivo, existente no Estado, dominava, depois, o Estado passou a ser liberal. Nessa época, era
defendida uma intervenção mínima do setor público, na economia. Agora, estamos em uma fase de Estado regulador, na qual o
Estado interfere na economia, mas na forma de regulação, e não, diretamente, nas decisões dos agentes econômicos.

De um modo geral, o papel atual e ideal do setor público é, segundo Tanzi (2003):

a.Criar regras e instituições para assegurar o cumprimento dos contratos e proteger o direito de propriedade, contribuindo para a
expansão do papel do mercado. Além disso, criar regras e instituições para gerir a arrecadação e o uso da receita fiscal.

b. Estabelecer um quadro jurídico e regulatório, que reduza os custos de transação e promova a eficiência do mercado, intervindo
nas falhas desse mercado.

c.Ofertar bens públicos que o setor privado não tem interesse e que são essenciais, como segurança pública e vias urbanas, e
resolver o problema de externalidade, quando não for possível negociação entre os agentes envolvidos.

d. Estabilizar a economia.

e. Distribuir renda e proteger a camada da população que corre o risco de ficar abaixo da linha da pobreza oficial.

Como você já percebeu, o Estado não pode ser estático e seu papel, além de variar de país para país, deve evoluir, com o passar dos
anos, já que a própria sociedade se altera e a tecnologia avança.

O Estado desempenha seu papel mediante um conjunto de regras, leis e instituições que orientam e
conformam o setor público. Quanto maior a qualidade desse setor, mais fácil para o Estado promover seu
papel.

(Vito Tanzi)

Como também já discutimos, a existência do governo é necessária para guiar, corrigir e complementar o mercado que, sozinho, não
é capaz de desempenhar todas as funções econômicas, funções essas relacionadas, em nível macroeconômico, à distribuição de
renda, estabilidade de preços e nível de emprego. Já em nível microeconômico, podem ser citadas a proteção dos contratos,
produção e distribuição de alguns bens e serviços que não são vantajosos, economicamente, para uma empresa privada produzir,
dentre outros. Para solucionar os problemas econômicos, o estado tradicional possui três funções básicas: alocativa, distributiva e
estabilizadora.
a. Função alocativa - está associada à provisão de determinados bens e serviços não ofertados, de forma adequada, pela iniciativa
privada. Segundo Costa e Souza (2008), por meio dessa função, o governo faz a provisão de determinados bens e serviços que o
mercado não oferece adequadamente, devido ao sistema de preços, os chamados bens públicos. Essa função visa a corrigir as
falhas de mercado e os efeitos negativos da externalidade.

Lembrando que os bens e serviços podem ser classificados, em relação a quem os oferta, em privados e públicos. Os bens e
serviços privados são ofertados pela iniciativa privada e têm como característica a exclusividade e a rivalidade, ou seja, o consumo
de uma pessoa exclui o de outra, por exemplo, um carro. Por outro lado, os bens públicos são ofertados pelo governo e todas as
pessoas podem consumi-lo, ou seja, o consumo de um indivíduo não exclui o do outro. Imagina uma cidade que tenha um trânsito
organizado e seguro, independente do pedestre ter pagado os impostos, ele se beneficiará com o trânsito.

Resumindo, posso excluir alguém de andar de carro, já que só poderá ter um automóvel (bem privado) quem pagar por ele, mas não
posso proteger o espaço dos que não tenham carro ou que não pagaram os impostos (bens públicos). Percebemos que o governo
tem como função ofertar os bens e serviços que o mercado não pode ou não deseja ofertar de forma eficiente.

Outro conceito que citamos acima foi de correção das falhas de mercado. As falhas de mercado acontecem quando a alocação de
bens e serviços não é eficiente e o governo tem como função fazer com que a oferta seja eficiente. Para tanto, são utilizados
diversos mecanismos de correção. Já externalidade é quando a atividade de um agente econômico atinge os demais, de forma
positiva ou negativa. Quando o efeito é negativo, como a poluição de uma fábrica, o governo deve intervir, para minimizar ou, até
mesmo, eliminar, esse efeito.

b. Função distributiva - está relacionada à distribuição de renda, ou seja, o governo procura deixar a sociedade menos desigual, em
termos de renda e riqueza, já que o mercado, sozinho, não consegue distribuir a renda de forma considerada justa. Para isso, utiliza
alguns instrumentos, como as transferências, os impostos e os subsídios.

Por meio das transferências, o governo promove uma redistribuição direta da renda, tributando as pessoas com renda mais alta e
subsidiando as com renda mais baixa, por exemplo, por meio das alíquotas progressivas, e utiliza os recursos captados para ofertar
serviços públicos, como saúde, segurança, educação etc., de qualidade.

Outra forma de distribuir renda é por meio dos impostos e subsídios. Os impostos podem ser captados para financiar/subsidiar
programas voltados para as camadas mais pobres da sociedade, como o bolsa família. Outra forma é aumentar os impostos dos
bens considerados de luxo ou supérfluos e reduzir a tributação dos bens que compõem, por exemplo, a cesta básica, a qual a maior
parte da população de baixa renda consome.

c.Função estabilizadora - como o nome já diz, a função estabilizadora é a estabilização da economia. De acordo com Além e
Giambiagi (2000), a função estabilizadora tem como objetivo manter um alto nível de emprego, estabilidade de preços e obter uma
taxa adequada de crescimento econômico. Essa função consiste no controle, por parte do governo, no nível de demanda,
minimizando os impactos sociais e econômicos, assim como a inflação.

A estabilização pode ser feita por meio das políticas econômicas. As duas principais são a monetária e a fiscal. A primeira se refere
às ações do governo para controlar as variáveis monetárias da economia, como moeda e taxa de juros. Já a política fiscal se refere
às atividades de arrecadação e gastos do governo, ou seja, a forma como o governo tributa a população e como esses impostos
serão redistribuídos à sociedade.

Das três funções básicas dos Estado, a união das funções distributivas e estabilizadoras podem formar os quatro objetivos da
política macroeconômica: aumento do nível de emprego (combate da inflação), estabilidade de preços, crescimento econômico e
distribuição de renda.

O Estado deverá exercer uma influência orientadora sobre a propensão a consumir, em parte através de seu
sistema de tributação, em parte por meio da fixação da taxa de juros e, em parte, talvez, recorrendo a outras
medidas.

(John Maynard Keynes)


Como você sabe, as políticas macroeconômicas são muito importantes para a estabilidade e crescimento econômico. Sem a
interferência do governo, provavelmente, os preços seriam instáveis e haveria crescimento econômico, em algumas épocas, e, em
outras, a economia iria reduzir.

Porém, mesmo com o governo sendo ativo, a economia é uma ciência social complexa e o governo, ao tentar solucionar um
problema, acaba trazendo consequências negativas, sob o ponto de vista de outro objetivo, ou seja, para melhorar um lado, acaba
piorando o outro. Por exemplo, crescimento econômico pode gerar aumento nos preços, inflação. Para tentar reduzir a inflação, o
governo pode, dentre outras medidas, aumentar a taxa de juros. Ao aumentar a taxa de juros, o consumo é desestimulado e o
investimento é estimulado, retraindo a demanda agregada, provocando, em longo prazo, desemprego e recessão. Então, o objetivo
inicial, que era crescer, acabou, depois de certo tempo, tendo efeito contrário: a economia reduziu.

A essa altura, você deve estar se perguntando: e agora? O que fazer?

A resposta para essa pergunta não é fácil. O que sabemos é que o governo deve utilizar as políticas macroeconômicas e seus
instrumentos, para atingir o objetivo, naquele momento, dado a situação econômica nacional e mundial atual, e alterar a política,
quando a conjuntura econômica também mudar.

É isso que o governo faz! Por esse motivo, as políticas macroeconômicas envolvem a atuação do governo, no que diz respeito à
oferta e demanda agregada, com o objetivo de estabilizar a economia (controlar a inflação), distribuir renda, permitir que o país
cresça e se desenvolva, gerar empregos etc.

Para atingir os objetivos citados, o governo intervém na economia, por meio das (1) política monetária, que é o controle da
quantidade de moeda na economia, (2) política fiscal (impostos e gastos públicos), (3) política cambial (taxa de câmbio e operações
cambiais), política comercial, quando busca buscar influenciar os níveis de exportações e importações e (4) política de rendas, que
controla os preços e salários.

Conceitos macroeconômicos básicos


Agora que você já sabe o que é e como é composto o setor público e as funções do governo, é necessário, antes de iniciarmos a
discussão sobre as políticas macroeconômicas, conhecer, ou, para muitos alunos, apenas lembrar, de alguns conceitos econômicos
básicos, que são fundamentais para compreender os instrumentos, objetivos e efeitos esperados de cada uma das principais
políticas macroeconômicas: monetária, fiscal, cambial, comercial e de rendas.

Esses conceitos serão apresentados, de forma sucinta, mas isso não o proíbe de se aprofundar nos conceitos econômicos em
outras fontes de pesquisa. Para isso, no final desta unidade, sugerimos um livro muito interessante, que apresenta alguns conceitos
que serão discutidos e outros que não englobam, diretamente, o objetivo do nosso estudo.

Acredito que você esteja ansioso para conhecer, ou apenas relembrar, esses conceitos, correto? Os conceitos serão apresentados
em ordem alfabética e não de importância, até porque todos os conceitos são importantes. Será feita uma espécie de dicionário
básico de economia, para que você, ao ler as demais unidades, não tenha dúvidas do que exatamente está sendo discutido e, se, por
acaso, alguma dúvida conceitual surgir, que você possa, rapidamente, solucioná-la, relendo este tópico.

• Balança comercial – é uma conta do balanço de pagamento que apresenta o valor total, em dólares, exportado, menos o
importado pelo país. O ideal é que o valor exportado seja, sempre, maior do que o importado, gerando, assim, superávit comercial.

•Balanço de pagamentos – resumo contábil, elaborado pelo Banco Central, das transações financeiras e comerciais, entre
residentes e não residentes, que o país faz com o resto do mundo, durante certo período de tempo.

•Consumo agregado – é uma parte da renda destinada à aquisição de bens e serviços, para a satisfação das necessidades humanas.
Quando falamos em agregado, estamos nos referindo ao valor total, sem nos preocuparmos com agentes econômicos separados.

• Crescimento econômico – variável muito discutida, que é o aumento da capacidade produtiva da economia, ou seja, da produção
de bens e serviços. Pode ser medido pelo Produto Interno Bruto per capita. O Brasil cresceu significativamente nos últimos anos,
tornando-se uma das oito maiores economias do mundo.

• Déficit – é um saldo negativo, ou seja, quando as despesas são maiores que as receitas. Na economia, temos o déficit comercial,
quando o valor exportado é menor do que o importado; o déficit orçamentário, quando o gasto é superior à arrecadação; o déficit
primário, quando o total gasto do governo é maior que o arrecadado, menos os juros, dentre outros.

•Demanda Agregada – quantidade de bens e serviços que todos os consumidores estão dispostos a comprar, dado o preço,
durante um período de tempo. Em outras palavras, a demanda agregada de um determinado produto é a soma das demandas
individuais desse produto, dado seu preço.

•Desenvolvimento Econômico – é o crescimento do Produto Interno Bruto per capita, com melhorias na qualidade de vida da
população e por alterações fundamentais na estrutura econômica.

•Desigualdade de renda – diferença de renda entre camadas sociais de um mesmo país ou região. Um índice muito utilizado para
medir a concentração de renda, no país, é o Índice de Gini, que mostra a relação entre os grupos da população e sua participação na
renda nacional. Esse índice varia de zero a um. Quanto mais próximo de 1, pior é a distribuição de renda. O Brasil está entre os
países com pior distribuição de renda do mundo.

Figura 2: Pobreza

•Estabilidade econômica – de modo geral, quando se fala em estabilização econômica, estamos falando em manter a economia
com taxas baixas de inflação, ou seja, com preços equilibrados, sem grandes variações, em um curto espaço de tempo.

•Exportação - bens que o país produz e vende ao exterior, faz parte do Produto Interno Bruto, gerando, internamente, renda,
emprego e, consequentemente, aumenta a demanda agregada.

• Inflação – aumento contínuo e generalizado dos preços. Pode ser de três tipos: demanda (quando a demanda agregada é maior
do que a oferta agregada), oferta ou custo (decorrente da elevação dos custos na economia) e inercial (inflação baseada na inflação
passada, ou seja, memória inflacionária).
A inflação é medida por meio dos índices de preços. No Brasil, a inflação oficial é medida pelo índice de preços ao consumidor
amplo (IPCA), elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE).

Este quadro mostra a evolução histórica da taxa de inflação, entre 2004 e 2016, no Brasil.

Quadro 6 – Histórico para taxa de inflação no Brasil

Fonte: adaptado de IBGE (2007, on-line). 1

•Importação – representa o valor dos bens e serviços que o país compra do exterior. Diferente das exportações, não é
contabilizado no Produto Interno Bruto, pois os produtos não foram produzidos no mercado nacional.

•Oferta agregada – quantidade de bens e serviços que todas as empresas estão dispostas a vender, dado o preço, durante um
período de tempo. Em outras palavras, a oferta agregada de um determinado produto é a soma das ofertas individuais desse
produto, dado seu preço.

•Política econômica - é a intervenção do governo na economia, que afeta todos os cidadãos, com o objetivo de estabilização,
geração de empregos, aumento de renda, crescimento econômico, melhoria na distribuição de renda, equilíbrio nas contas
externas, etc. As principais políticas são monetária, fiscal e cambial.

•Produto Interno Bruto (PIB) – valor total de todos os bens e serviços produzidos dentro do território nacional. Dito de outro
modo, representa a riqueza gerada dentro de um país, em um determinado período de tempo, independente de esses bens terem
sido produzidos por empresas nacionais ou estrangeiras. O PIB é medido por três óticas: da produção, da despesa e da renda: a
ótica da produção mede a soma de todos os bens e serviços finais produzidos em uma economia em determinado períodos de
tempo. A ótica da renda é a soma de todas as remunerações obtidas pelos fatores de produção: salários, juros, lucros e aluguéis. A
ótica da despesa é a soma dos gastos dos agentes na produção nacional: consumo das famílias, investimento das empresas, gastos
públicos, exportações e, ao final, deduzir as importações, que é o gasto dos agentes nacionais com a produção estrangeira.

• Valor Agregado - é utilizado de modo alternativo para o cálculo da atividade econômica pelas óticas do produto, da renda e da
despesa, pois apresenta o mesmo valor numérico. O seu cálculo consiste em somar o valor bruto da produção e deduzir o consumo
de bens intermediários utilizados no processo produtivo.
•Produto Nacional Bruto (PNB) – valor total dos bens e serviços produzidos por empresas nacionais, independente da localização
geográfica dessas empresas. Como existem fatores de produção nacionais (como empresas e famílias) localizados no exterior e
também fatores de produção estrangeiros localizados dentro do território nacional, é necessário levar em consideração o fluxo
líquido dessas rendas para a economia nacional. Para calcular o PNB é necessário partir do PIB, somar a renda recebida do exterior
e reduzir a renda enviada ao exterior. Dessa forma: PNB = PIB + renda recebida do exterior - renda enviada ao exterior.

• Superávit – é um saldo positivo, ou seja, quando as despesas são menores que as receitas. Na economia, temos o superávit
comercial, quando o valor exportado é maior do que o importado; o superávit orçamentário, quando o gasto é inferior à
arrecadação; o superávit primário, quando o total gasto do governo é menor que o arrecadado, menos os juros, dentre outros.

•Taxa de câmbio – é o preço, em moeda corrente, de uma unidade de moeda estrangeira, ou seja, o preço de uma moeda em relação
à outra.

•Taxa de juros – tudo que se ganha pela aplicação de recursos, durante um determinado período de tempo, isto é, o custo de
utilização do dinheiro. A taxa de juros básica da economia é o Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC), no qual todas
as demais taxas de juros se baseiam. O SELIC é definido pelo Comitê de Política Monetária (COPOM), a cada 45 dias.

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ATIVIDADES
1. A Economia pode ser definida como a ciência que estuda como os indivíduos combinam os fatores de produção que são
limitados para a produção de bens e serviços com a finalidade de satisfazer as necessidades que são ilimitados. Com base nesse
conceito pode-se dizer que o principal problema com o qual a economia se preocupa é:

a) A distribuição de renda.

b) Escassez.

c) Produto por habitante.

d) A relação social dos indivíduos

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

2. A externalidade é o efeito que uma decisão de um agente causa sobre outros agentes. Ela pode ser negativa ou positiva. Assinale
a alternativa que apresenta um exemplo de externalidade positiva.

a) Criação de empregos oriundos da instalação de uma empresa em determinada região.

b) A poluição do rio com a abertura de uma lavanderia.

c) Em um ambiente fechado algumas pessoas fumam e outras não.

d) Erosão causada pelo desmatamento.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

3. Para solucionar os problemas econômicos, o estado tradicional desempenha três funções básicas: alocativa, distributiva e
estabilizadora. Sobre cada uma dessas funções, assinale V para verdadeiro e F para falso:

( ) Uma política de combate à inflação é um tipo de função alocativa.

( ) O crescimento econômico é um dos objetivos da função distributiva.

( ) A função alocativa ocorre quando o setor privado fornece bens não supridos pelo setor público.
( ) A função alocativa ocorre quando o setor público fornece bens não supridos pelo setor privado.

( ) A distribuição de renda é um exemplo de função alocativa desempenhada pelo setor público.

A sequência correta para a questão é:

a) F, F, F, V, V.

b) V, V, V, F, F.

c) F, F, F, V, F.

d) V, F, V, V, V.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

4.Analisar as políticas macroeconômicas requer o entendimento de alguns conceitos fundamentais sobre os agregados da
economia. Sobre alguns desses conceitos, assinale a alternativa correta:

a) Um superávit na na Balança Comercial ocorre quando as exportações são menores que as importações.

b) O Balanço de Pagamentos estuda a influência da quantidade de moeda na economia.

c) O consumo agregado é uma parte da renda destinada somente à aquisição de bens e serviços produzidos no exterior.

d) Um déficit ocorre quando as despesas são menores que as receitas.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

Resolução das atividades

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RESUMO
Ao longo deste encontro, você teve um primeiro contato com os conceitos elementares da ciência econômica. Viu que a economia
se fundamenta no estudo de como os agentes econômicos combinam fatores de produção que são escassos com a finalidade de
produzir bens e serviços que serão utilizados na satisfação das necessidades das famílias e empresas.

Dentro dos conceitos essenciais para o entendimento do que é economia, está o termo Curva de Possibilidades de Produção
(CPP), que mostra a combinação dos bens que podem ser produzidos com os recursos produtivos existentes e também evidencia o
significado de custo de oportunidade, que é o sacrifício gerado para produzir um bem em detrimento do outro.

Em seguida, você compreendeu a importância da intervenção do setor público a partir da década de 30, com os estudos de John
Maynard Keynes, e aprendeu a distinguir entre um bem público e um bem privado. O bem público é caracterizado por ser não rival
e não excludente, o primeiro ocorre quando o consumo por parte de um indivíduo não reduz a quantidade que os demais
indivíduos irão consumir. Os bens são não excludentes quando as pessoas não podem ser excluídas do consumo devida a
capacidade de pagamento.

Vimos que o Estado possui três funções básicas em uma sociedade, sendo elas: função alocativa, função distributiva e função
estabilizadora. Os quatro objetivos da política macroeconômica podem ser sintetizados com base nas duas últimas funções
citadas, a saber: aumento do nível de emprego (combate da inflação), estabilidade de preços, crescimento econômico e distribuição
de renda.

Ao final, foram apresentados os conceitos de alguns dos principais termos macroeconômicos como estabilidade econômica,
exportação, importação, oferta agregada, política econômica, Produto Interno Bruto, Produto Nacional Bruto, superávit, taxa de
juros e taxa de câmbio.

Espero que as discussões propostas nesta unidade tenham colaborado para seu conhecimento sobre economia e políticas
macroeconômicas e que você esteja curioso para conhecer, mais detalhadamente, sobre esse assunto.

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Material Complementar

Leitura
Economia: notas introdutórias

Autor: José Otávio de Campos Moreira e Fauzi Timaco Jorge

Editora: Atlas

Sinopse: este livro define e conceitua os problemas e termos econômicos,


típicos de uma economia de mercado com sensível participação do
Estado no processo produtivo, como é característica da maioria dos
países capitalistas nos dias de hoje.

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REFERÊNCIAS
ALÉM, A. C.; GIAMBIAGI, F. Finanças Públicas: Teoria e Prática no Brasil. 2.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000.

COSTA, P. Y.; SOUZA, S. C. F. Tributação, Política Fiscal e Desenvolvimento Econômico. In: Encontro de Estudos Tributários, 2,
2008, Londrina. Tributação, Política Fiscal e Desenvolvimento Econômico. Londrina, 2008.

EULÁLIO, M. M. A significação do público e do privado – A concepção clássica de Rousseau e concepção moderna Habermas.
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI Teresina. v.3, n.1, p.43-48, Jan-Fev-Mar. 2010.
,

KEYNES, J. M. Teoria geral do Emprego, do Juro e da Moeda. São Paulo: Abril Cultural,1983.

PASSOS, C. R. M; NOGAMI, O. Princípios de economia. 6. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

RANCHEL, N. O papel do setor público na economia capitalista. Rio Grande: SINERGIA, 1988.

TANZI, V. O papel do Estado e a Qualidade do setor público. Fundo Monetário Internacional, 2003.

VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

REFERÊNCIAS ON-LINE

1 Em:< http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/defaultseriesHist.shtm >. Acesso em: 29 jan. 2018.

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APROFUNDANDO

Evolução do Pensamento Econômico

Abordaremos aqui a respeito da evolução do pensamento econômico: dos economistas clássicos aos keynesianos.

Ao longo da evolução do pensamento econômico, as diversas teorias evoluíram de acordo com as necessidades de cada época, de
modo que cada uma delas determinaram os principais focos de análise econômica, como por exemplo: (1) ênfase em aspectos
microeconômicos e macroeconômicos, (2) na determinação da riqueza dos países e os preços das mercadorias e (3) influência do
governo nas variáveis econômicas. De acordo com Oliveira e Gennari (2009), pode-se dividir as escolas de pensamento em três
grandes grupos, são eles: Economia Clássica, Economia Neoclássica e Economia Keynesiana.

Através do organograma apresentado a seguir é possível visualizar as diversas ramificações dessas diversas escolas de
pensamentos, bem como seus principais representantes: Clássica, Neoclássica e Keynesiana.

PARABÉNS!

Você aprofundou ainda mais seus estudos!

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EDITORIAL

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva

Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva

Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin

Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação .

a Distância; BOECHAT Andréia Moreira da Fonseca; SILVA Gustavo


, ,

Feitoza da.

Políticas Macroeconômicas. Andréia Moreira da Fonseca

Boechat; Gustavo Feitoza da Silva.

Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017.

33 p.

“Pós-graduação Universo - EaD”.

1. Economia. 2. Política macroeconômica. 3. EaD. I. Título.

ISBN 978-85-459-1129-6

CDD - 22 ed. 338

CIP - NBR 12899 - AACR/2

Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar

Diretoria de Design Educacional

Equipe Produção de Materiais

Fotos Shutterstock
:

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900

Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

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POLÍTICA FISCAL,
MONETÁRIA E DE
RENDAS
Professor (a) :

Dra. Andréia Moreira da Fonseca Boechat

Me. Gustavo Feitoza da Silva

Objetivos de aprendizagem
•Discutir o conceito de política fiscal, suas ferramentas e os efeitos esperados na atividade econômica e no controle da inflação.

•Compreender a relevância do mercado de moeda e as ferramentas utilizadas na política monetária para alcançar os objetivos da
política macroeconômica.

•Apresentar o conceito de políticas de rendas e os instrumentos utilizados para os objetivos da política macroeconômica.
Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

•Política Fiscal

•Política Monetária

•Política de Rendas

Introdução
Caro(a) aluno(a), neste estudo, discutiremos três políticas muito importantes e muito utilizadas pelo governo, para tentar
estabilizar a economia e fazer com que o país cresça, que são as políticas monetária, fiscal e de rendas. Claro que elas devem ser
utilizadas juntas e de forma concisa com as políticas cambial e comercial, que veremos mais adiante.

É claro que você já deve ter ouvido falar de alguma política fiscal, muitas vezes sem mesmo saber que se tratava deste tipo de
política. É que a política fiscal trata de dois temas importantíssimos. O primeiro é o gasto público e como ele pode ser modificado
para promover a estabilidade de preços e aumento do nível de atividade econômica para gerar mais empregos. O segundo é um
tema de interesse geral, que é a arrecadação de impostos, que o governo modifica de tempos em tempos para atingir os mesmos
objetivos descritos anteriormente.

Também será realizado uma análise de outra política que busca o combate da inflação e a geração de empregos, a política
monetário. Esta se refere ao modo como o governo aumenta ou diminui a quantidade de moeda e a taxa de juros da economia por
meio dos diversos instrumentos da política monetária. Os instrumentos utilizados são: emissão de moeda, depósito compulsório,
compra e venda de títulos públicos, redesconto e políticas de créditos. Você será capaz de analisar o significado de cada um desses
termos e em que direção as mudanças devem ser implementadas o objetivo que pretenda ser alcançado em determinado
momento.

Por último e não menos importante, vamos apresentar a política de rendas, também conhecida como política de controle de preços
e salários. Ela procura fixar os níveis de preços e salários para promover uma melhor distribuição de renda e na maioria das vezes
estabilizar a economia por meio do combate da inflação. Serão analisados os pontos positivos e negativos por meio da
apresentação de um exemplo prático ocorrido da economia brasileira.

Desejo bons estudos!


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Política fiscal
Política fiscal é a atuação do governo no que se refere à arrecadação de tributos e aos gastos públicos, com o objetivo básico de
conduzir, de forma eficiente, a área administrativa do governo, promovendo o bem-estar social, mediante melhorias da
infraestrutura, como construção de escolas, estradas, hospitais, salários de funcionários etc.

A política fiscal, assim como as demais políticas macroeconômicas, têm a função de ajudar o governo a atingir seus objetivos, como
já discutimos: geração de empregos, crescimento econômico, estabilização da economia, dentre outros.

Crescimento econômico: crescimento contínuo da renda total e per capita ao longo do tempo.

Fonte: Pinho et al. (2011 p. 633).

Como a política fiscal é a atuação do governo em relação a gastos e arrecadação, vamos deixar claro o que são essas variáveis e o
que afetam. Primeiro, vamos analisar os gastos públicos, que afetam, diretamente, o nível de demanda da economia.

O gasto do governo é composto por:

• Consumo: gasto com pagamento de funcionários e despesas com material, água, energia elétrica etc.

• Transferências: despesas com o setor privado, como previdência social.

•Juros: pagamento de juros da dívida interna e externa.

• Subsídios: é um tipo de transferência, na qual o governo paga uma parte do preço dos produtos, para que os consumidores
consumam mais ou os produtores produzam mais.

Já a arrecadação afeta a renda e o consumo e é feita via tributos, que são divididos em impostos e taxas de contribuições. Os
impostos são uma quantidade de dinheiro que os agentes econômicos pagam para o governo (federal, estadual e municipal), para
custear as despesas administrativas e os investimentos do governo em infraestrutura. É diferente das taxas, que são pagas em
troca de um determinado serviço, como coleta de lixo e iluminação pública. Já as contribuições têm como objetivo principal gerar
um benefício ao contribuinte.

Os tributos são classificados de duas formas: sobre a forma de incidência e sobre a base de incidência.

•Sobre a forma de incidência:

• Diretos: são os tributos que incidem, diretamente, sobre o agente pagador, ou seja, sobre a renda e riqueza, por exemplo, IPTU,
Imposto de Renda e IPVA. Esse tipo de tributo corresponde a, aproximadamente, 25,7% da arrecadação.

•Indiretos: são os tributos que incidem sobre o preço dos bens e serviços. Este tipo de imposto é dividido entre consumidores e
empresas, podemos citar o ICMS, IOF, IPI, ISS, dentre outros.

Sobre a base de incidência:

•Progressivos: esse tipo de tributo aumenta, conforme a renda aumenta, ou seja, os mais ricos pagam mais. Como exemplo,
podemos citar os tributos diretos.

• Regressivos: os regressivos aumentam, proporcionalmente, conforme a renda diminuiu, em outras palavras, as classes menos
favorecidas sentem mais o peso desse tipo de tributo do que as classes altas, isso porque são os tributos indiretos, ou seja, incidem
sobre bens e serviços.

•Neutros – independente da renda, a taxação é a mesma, por exemplo, as contribuições.

Quanto aos aspectos relacionados ao resultado das contas do governo, temos dois tipos de déficit ou superávit público: o primário
e o nominal. Primário, é o total arrecadado, menos o total gasto, sem levar em consideração as despesas financeiras, como
despesas de pagamentos de juros e correção monetária e cambial. Diferente do nominal, que é calculado diminuindo o total
arrecadado do total gasto. Se o valor for positivo, dizemos que houve um superávit público. Caso contrário, déficit público.

Quando temos um déficit, o governo pode, por meio da política fiscal, aumentar os impostos ou reduzir os gastos. No entanto, se
não for suficiente, o governo deverá utilizar a política monetária, emitindo moeda ou vendendo títulos públicos. Como você
percebeu, as políticas fiscal e monetária estão interligadas.

A forma como o sistema tributário é estruturado determina o impacto dos tributos sobre o nível e a distribuição de renda, a
organização econômica, a competitividade, dentre outros fatores.

No Brasil, o sistema tributário é regressivo e a maior parte dos impostos é indireta, o que faz aumentar a desigualdade de renda, já
que o peso dos impostos para as classes menos favorecidas é maior. Para você ter uma ideia, pesquisas mostram que uma pessoa
que recebe até dois salários mínimos por mês paga, em média, 48,8% em tributos e uma pessoa que recebe acima de trinta salários
mínimos paga 26,5%.

Outra característica do nosso sistema tributário é a forma como os impostos são calculados. Os impostos são cobrados pelas três
esferas do governo (Federal, Estadual e Municipal), cada uma segue leis que estipulam as alíquotas que são aplicadas sobre cada
bem e serviço e os impostos incidem sobre todas as fases do processo produtivo.

A União é responsável por 70% da arrecadação, os estados por 26% e os municípios 4%.

O Quadro 1 mostra alguns produtos e seus respectivos valores de impostos, em porcentagens.


Quadro 1 – Impostos, em média, de alguns produtos no Brasil

Fonte: adaptado de FIEPR (2017, on-line). 1

Como você pode observar, separamos vários tipos de produtos e todos, mesmo os produtos da cesta básica, como café, leite e pão
francês, têm acima de 15% do valor em impostos. Esses valores comprovam como o sistema tributário brasileiro é regressivo.

Na política fiscal, o governo também utiliza instrumentos para estimular ou desestimular a economia, de modo a atingir seus
objetivos, o crescimento e estabilização econômica. No caso da política fiscal, os instrumentos utilizados são o aumento ou
redução dos impostos e dos gastos.

Se o governo quiser estimular a economia, por meio da política fiscal, ele tem duas opções: ou reduz o valor dos impostos ou
expande os gastos, principalmente, em infraestrutura. Caso contrário, se o objetivo for desestimular a economia, por causa, por
exemplo, de um aumento exagerado da demanda que esteja gerando inflação, o governo pode aumentar os impostos ou reduzir
seus gastos.

Os instrumentos da política fiscal também são muito eficazes na melhoria da distribuição de renda. Uma forma de reduzir a
desigualdade de renda é reduzir os impostos indiretos e/ou aumentar os gastos governamentais para as classes menos favorecidas.

A política fiscal também pode ser utilizada para desenvolver setores específicos da economia ou regiões do país, como foi o caso,
no ano de 2012, do setor automobilístico, em que o governo reduziu o imposto sobre produção industrial (IPI) dos automóveis e da
linha branca, assim, reduzindo o preço dos bens, aumentando a demanda, aumentando a produção e, consequentemente,
desenvolvendo esses setores.

Como já foi discutido, os gastos do governo e os impostos afetam o nível de demanda da economia. Os gastos afetam, diretamente,
a demanda agregada, que é composta pelo consumo das famílias, investimento das empresas, gastos públicos e exportações
líquidas de importações. Nesse caso, quanto maior for o gasto público, maior será a demanda e, consequentemente, maior será o
produto.

Já a arrecadação afeta o nível de demanda, ao influenciar a renda disponível que as pessoas poderão destinar para poupança e
consumo. Assim, quanto maiores forem os tributos, menor será a renda disponível, pois os indivíduos gastarão uma parcela maior
do que recebem, para pagar impostos, e menor será a parcela disponível para consumir.

Como apontado, se a economia estiver desestimulada, ou seja, com redução do nível de atividade, o governo pode utilizar a política
fiscal para mudar essa situação e aquecer a economia, por meio da redução dos impostos e/ou aumento dos gastos.

Caso contrário, se o governo quiser desacelerar a economia, ele aumenta os impostos e/ou reduz o gasto.
Então, a redução da carga tributária aumenta a renda disponível, provocando expansão do consumo e de demanda agregada.
Como sabemos que o consumo depende da renda, um aumento nos impostos reduz o consumo, pois diminui a renda disponível,
afetando a demanda agregada e, por conseguinte, o nível de emprego.

Em relação aos gastos, o funcionamento é bem parecido. Redução nos gastos do governo afetam, diretamente, a demanda
agregada e o resultado é o mesmo do aumento dos impostos: reduz a demanda agregada e o nível de emprego.

Política monetária
Quando falamos em política monetária, estamos nos referindo às intervenções do governo no mercado financeiro, no qual ele
atua, diretamente, sobre a quantidade de moeda em circulação e, indiretamente, sobre a taxa de juros, com o objetivo principal de
estabilizar a economia, para gerar altos níveis de emprego e produto. Assaf Neto (2008, p. 18) define a política monetária:

A política monetária enfatiza sua atuação sobre os meios de pagamentos, títulos públicos e taxa de juros,
modificando o custo e o nível de oferta do crédito. A política monetária, é geralmente executado pelo Banco
Central de cada país, o qual possui poderes e competência próprios para controlar a quantidade de moeda
na economia.

E como é essa atuação do governo? Antes de discutirmos os instrumentos utilizados pelo governo, na política monetária, é preciso
conhecer um pouco mais sobre moeda e taxa de juros. Vamos iniciar pela definição e funções da moeda, pois a moeda é um
instrumento básico, para que se possa atuar no mercado.

Moeda é um ativo que possui maior liquidez, ou seja, pode ser convertido em bens e serviços de modo rápido. Passos e Nogami
(2012, 456) lembra que a moeda pode utilizada para realizar transações e possui três funções:

a. Meio de troca – serve como intermediário entre as mercadorias.

b. Unidade de conta – estabelece preço dos bens e serviços.

c. Reserva de valor – permite guardar.

Quais são os fatores que levam os indivíduos a demandarem moeda? Os agentes econômicos (empresas e consumidores)
demandam moeda por três motivos:
a. Transação – para adquirir bens e serviços.

b. Precaução – para atender uma necessidade que não estava sendo prevista.

c. Especulação – para render juros.

A demanda de moeda é inversamente proporcional à taxa de juros e depende, diretamente, da renda. Vamos ver cada uma dessas
relações com calma!

Pense na taxa de juros como um custo de oportunidade, no caso, o sacrifício que o indivíduo faz ao abrir mão de gastar moeda,
naquele momento, para poder guardar. Nessa situação, quanto maior for a taxa de juros, maior será o custo de oportunidade de
reter moeda e, assim, menor será a demanda por moeda. Caso contrário, quando a taxa de juros está baixa, os indivíduos preferirão
adquirir bens e serviços, não tendo incentivo para guardar moeda. Com isso, a demanda de moeda será maior.

Com altas taxa de juros, a demanda de moeda é menor, porque é mais vantajoso investir para render juros do que comprar bens e
serviços, naquele momento. Em outras palavras, menor será o motivo especulação e, como o dinheiro está aplicado para render
juros, menores, também, serão os motivos transação e precaução.

Em relação à renda, quanto maior for a renda da pessoa, mais moeda ela demandará, pois o aumento da renda aumenta a demanda
por bens e serviços, assim, a demanda por moeda também aumenta.

Até aqui, discutimos o lado de demanda de moeda. Agora, vamos apresentar a você o outro lado, a oferta de moeda, que é
controlada pelo governo federal, por meio do Banco Central, o órgão responsável por todos os assuntos referentes à moeda e à
taxa de juros.

Porém, não é o único que afeta a oferta de moeda, os bancos comerciais, que são intermediários financeiros que captam recursos
dos poupadores e emprestam para os investidores, também afetam a quantidade de moeda em circulação. O processo citado
acima é o que chamamos de “criação de moeda”. Vamos ver, exatamente, como funciona?

Os empréstimos feitos pelos bancos comerciais são realizados mediante a abertura de um depósito à vista, e não da entrega do
dinheiro a pessoa. Essa pessoa pagará suas dívidas, em geral, via cheques, transferência e boletos, ficando uma parte do depósito
no próprio banco. Assim, uma parcela é reservada e a outra é emprestada para outra pessoa. Nesse caso, houve uma multiplicação
do depósito inicial e o banco vai “criando moeda”.

Para ficar mais fácil o entendimento dessa situação, utilizarei um exemplo. Segundo Mendes (2009), um depósito inicial de R$
100,00, em um banco, que deve manter 20% como reservas compulsórias. Desses R$ 100, o banco destina R$ 20 para reservas e
empresta R$ 80,00. Os R$ 80 retornam ao banco, na forma de novo depósito. Dos R$ 80, R$ 16,00 transformam-se em reservas e
R$ 64,00 são reemprestados. Estes voltam como depósito e reinicia-se o ciclo. Percebe-se que os R$ 100,00 iniciais de depósitos
multiplicam-se, gerando uma sequência de depósitos, nos valores: R$ 80,00; R$ 64,00; R$ 51,20; R$ 40,96, etc. O efeito
multiplicador dos depósitos é gerar uma oferta de moeda de R$ 500. Para este cálculo utiliza-se o conceito de multiplicador
bancário.

Multiplicador bancário: também conhecido como multiplicador monetário, estabelece que um depósito
inicial em um banco comercial tem a capacidade de multiplicar a oferta de moeda na economia. Um depósito
inicial de R$ 100,00, supondo um nível de reservas de 20%, gera uma oferta de R$ 500. O cálculo é feito por
meio da seguinte equação:

multiplicador bancário (m) = depósito Inicial \ taxa de reservas

m = 100/0,20 = 500

Fonte: adaptado de Rossetti (2015).

Caro(a) aluno(a), somente o Banco Central pode autorizar a emissão de moeda e os bancos comerciais multiplicam essa moeda, por
meio de empréstimo.
Outra variável da política monetária é a taxa de juros, que pode ser definida como tudo que se ganha pela aplicação de recursos,
durante um determinado período de tempo, em outras palavras, é o preço da moeda.

A taxa de juros pode ser definida pelo governo, que é o caso do Sistema de Liquidação e Custódia (SELIC), a Taxa referencial (TR) e
a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). Essas taxas são as básicas da economia e servem para a formação das demais taxas de juros,
que são formadas, no mercado, através da demanda e oferta de moeda.

Uma observação muito importante é que o investimento e o consumo variam com a taxa de juros, ou seja, o que vai definir se o
indivíduo irá consumir ou investir será a taxa de juros. Se o juro estiver baixo, o investimento em ativos financeiros reduz e
aumenta o consumo. Caso contrário, se a taxa de juros estiver alta, o consumo reduz e o investimento em ativos financeiros
aumenta.

Seguindo essa linha, se o governo quiser aumentar a demanda, ele utilizará os instrumentos da política monetária, de forma a
reduzir a taxa de juros e/ou reduzirá a taxa SELIC, que é a taxa de juros básica da economia. Caso contrário, se o governo quiser
reduzir a demanda, ele aumenta a taxa de juros.

Então, podemos resumir a política monetária como a atuação do governo nas condições de crédito, no aumento ou diminuição da
moeda em circulação na economia e sobre o consumo privado, investimento, mercado de ações e investimento direto estrangeiro.
Durante esta unidade, iremos ver quais são os instrumentos que o governo utiliza para atuar nas variáveis citadas acima.

Como a política monetária é o controle, por parte do governo, da quantidade de moeda em circulação e, consequentemente, da
taxa de juros, o governo pode contrair ou expandir a oferta de moeda, Vasconcellos (2011) lembra que o Banco Central faz isso por
meio de cinco instrumentos clássicos: Emissão de moeda, recolhimentos compulsórios, taxa de redesconto, operação de mercado
aberto ( open market ) e políticas de crédito.

a. Emissão de moeda: o governo tem a prerrogativa de emitir moeda, um aumento nas emissões, aumenta a quantidade de moeda,
já uma redução nas emissões reduz a oferta de moeda ao longo do tempo.

b.Recolhimentos compulsórios: são uma parcela dos depósitos à vista que os bancos devem depositar no Banco Central, ou seja,
uma parte dos recursos aplicados nos bancos, via depósitos à vista, ficam no próprio banco, para fazer frente aos saques, o que
chamamos de encaixe bancário, outra parte é depositada no Banco Central, os depósitos compulsórios, e o que resta é
emprestado, criando, assim, a moeda, como expliquei acima.

Quanto maior for o recolhimento compulsório, menos moeda terá disponível para os bancos comerciais fazerem empréstimos e,
desse modo, menos moeda haverá em circulação, reduzindo a liquidez do Sistema Financeiro Nacional. Se o governo quiser
aumentar a quantidade de moeda em circulação, ou reduzir a taxa de juros do mercado, ele poderá diminuir a taxa de recolhimento
compulsório, com isso, haverá mais moeda em circulação, reduzindo a taxa de juros.

c.Taxa de redesconto: são as taxas que o Banco Central cobra dos bancos comerciais, para fazer empréstimos. Quanto maior a
taxa de redesconto, menos empréstimos os bancos comerciais vão fazer junto ao Banco Central e, assim, menos moeda haverá em
circulação. Caso o objetivo do governo seja expandir a oferta de moeda, ele poderá reduzir a taxa de redesconto, fazendo com que
os bancos comerciais adquiram mais empréstimos e, com isso, haverá mais moeda em circulação.

d. Operação de mercado aberto ( open market ): é o instrumento mais utilizado na política monetária, pois é o mais rápido para
gerar resultados e representa as operações de mercado em que o governo negocia seus títulos públicos. Se o governo quiser
expandir a oferta de moeda, ele compra os títulos do mercado e, com isso, injeta mais moeda na economia e reduz a taxa de juros.
Caso contrário, se o objetivo for reduzir a oferta de moeda, o governo vende seus títulos, reduzindo a quantidade de moeda em
circulação e aumentando a taxa de juros.

e. Política de crédito: o governo utiliza seus bancos para aumentar ou reduzir a quantidade de moeda. Por exemplo, se ele deseja
aumentar a quantidade de moeda basta estimular o crédito através da criação de novas linhas de crédito, ou baixar as taxas para as
linhas já existentes. Do mesmo modo, ele pode desestimular o crédito para reduzir a quantidade de moeda em circulação. Ele pode
fazer isso cortando linhas já existentes ou aumentos os juros para os financiamentos já existentes.

Os títulos públicos que são negociados são de Obrigações do Tesouro Nacional e outros títulos da dívida pública, como Letra do
Tesouro Nacional e Nota do Tesouro Nacional. A venda dos títulos é feita via leilões, para contrair a base monetária.

Como você deve ter percebido, a liquidez do mercado, quer dizer, a quantidade de moeda em circulação, afeta a taxa de juros. O
governo pode, por meio dos três instrumentos citados, reduzir a taxa de juros, através da expansão da oferta de moeda, ou
aumentar a taxa de juros, reduzindo a oferta de moeda.
Como exemplo, vamos supor que a economia esteja aquecida, ou seja, com muita demanda, gerando, assim, inflação, o governo
precisa reduzi-la (estabilizar a economia) e, para isso, resolve utilizar a política monetária. Para reduzir a inflação, é necessário
reduzir a demanda, que é feito aumentando a taxa de juros. Então, o governo deverá reduzir a quantidade de moeda em circulação
e, consequentemente, aumentar a taxa de juros. Ele tem algumas possibilidades, utilizando os instrumentos da política monetária
pode aumentar os recolhimentos compulsórios, aumentar a taxa de redesconto, cortar linhas de crédito e emitir menor
quantidade de moeda.

Outro exemplo é: a economia está estagnada e o governo precisa fazer com que o país cresça (um dos objetivos das políticas
macroeconômicas), utilizando, também, a política monetária. Nesse caso, é necessário reduzir a taxa de juros, para aumentar o
consumo, por conseguinte, a produção e o número de empregos. Utilizando os instrumentos monetários, o governo poderá
diminuir o recolhimento compulsório, diminuir a taxa de redesconto ou comprar títulos públicos que estão no mercado, estimular
o crédito e emitir mais moeda. Com qualquer uma dessas formas, ele aumentará a quantidade de moeda em circulação e reduzirá a
taxa de juros.

Após você conhecer o que é política monetária, quais são as variáveis que são afetadas e quais são os instrumentos utilizados,
apresentaremos os efeitos esperados da política monetária sobre as variáveis macroeconômicas, principalmente, em relação ao
consumo privado, investimento, mercado de ações e investimento direto estrangeiro.

a. Efeito da taxa de juros sobre o consumo e o investimento (especulação)

Como já discutimos, a taxa de juros define o consumo e o investimento. Uma oferta de moeda baixa aumenta a taxa de juros,
desestimulando o consumo e aumentando o investimento. A redução do consumo é maior para as pessoas de renda mais baixa,
pois elas compram mais a prazo do que os consumidores com poder aquisitivo maior, em especial, os bens de consumo duráveis,
como eletrodomésticos.

Já se a taxa de juros reduzir, o efeito é oposto: o consumo é estimulado e o investimento é desestimulado, aquecendo a economia.
A desvantagem é que, com a economia aquecida, a inflação aumenta. Em relação ao investimento dos empresários, pode-se dizer
que ele funciona da mesma forma que o consumo. Taxas de juros altas reduz o investimento, pois fica caro para o empresário
adquirir, por exemplo, máquinas e equipamentos, já que são bens, em geral, financiados. Quando a taxa de juros reduz, o
investimento aumenta.

b. Efeito da taxa de juros sobre os preços das ações

O valor da ação é determinado pelos dividendos pagos pelas empresas. Uma pessoa, ao comprar uma ação, espera ter ganhos de
capital, ao vendê-la Se a taxa de juros estiver alta, é mais vantajoso adquirir títulos e menos ações, dessa forma, o preço das ações
.

cai, pois terá menos demanda. Já se a taxa de juros estiver baixa, os títulos não valerão tanto a pena, aumentando a demanda e,
como consequência, o preço das ações.

c. Efeitos da taxa de juros sobre o investimento direto estrangeiro

As empresas, ao tomarem empréstimos, comparam a taxa de juros interna e externa. Se a taxa de juros externa for menor do que a
taxa de juros interna, levando em consideração a taxa de câmbio, as empresas tomarão empréstimos no exterior. Caso o governo
queira reduzir o número de empréstimos estrangeiros, ele elevará a taxa de juros interna. Caso contrário, reduz a taxa de juros
interna, aumentando, assim, os empréstimos contraídos internamente por empresas estrangeiras.

d. Efeitos da taxa de juros sobre a poupança

A poupança é influenciada fortemente pela taxa de juros. Quanto maior ela for, mais as pessoas estarão dispostas a poupar e
investir na poupança. Se a poupança render muito pouco, os indivíduos sacarão mais, para aumentar o consumo. Para o governo
estimular a poupança, ele aumenta a taxa de juro.

e. Efeitos da taxa de juros sobre os preços

Outra variável que é afetada pela taxa de juros é o preço, ou melhor, a inflação. Quando a taxa SELIC aumenta, aumenta, também,
as outras taxas de juros, desestimulando o consumo e, portanto, os preços. Então, uma forma excelente e muito usual para conter o
aumento da inflação é aumentar a taxa de juros.
Política de Rendas
Agora, chegou o momento que estudarmos outra política que o governo utilizada para alcançar um dos objetivos da política
macroeconômica, a política de rendas, também conhecido como política de controle de preços e salários. Essa política é mais
utilizada para estabilizar o nível geral de preços e, em alguns casos, promover a distribuição de renda. Assaf Neto (2008, p. 438) diz
que, na política de rendas:

Os agentes econômicos ficam impedidos de levar a cabo o que fariam em resposta a influências normas de
mercado, por exemplo, congelamentos de preços, fixação de política salarial. Esses controles afetam
diretamente a formação de preços e as rendas de salários, juros, aluguéis e lucros.

A política de rendas utiliza, portanto, de dois mecanismo fundamentais para atingir os objetivos, que é o congelamento de preços
(ou controle de preços) e a aplicação de políticas salariais, vamos analisar cada um deles?

A inflação é o aumento sistemático do nível geral de preços, ou quando os preços, em média estão aumentado. Segundo Guimarães
e Gonçalves (2010) a inflação é grande problema para a sociedade, as principais razões são as seguintes: (1) impede que o sinal do
sistema de preços mostre o que está ocorrendo no mercado, por exemplo, não evidencia para as empresas o que os consumidores
querem; (2) Na inflação alta os agentes econômicos tentam se proteger e não aplicam os recursos em atividades produtivas; (3) A
inflação faz o poder de compra diminuir e reduz o bem-estar geral da sociedade; (4) O aumento de frequente de preços prejudica o
planejamento das empresas e isso também dificulta dos investimentos produtivos e; (4) As famílias mais pobres não possuem
muitos instrumentos para se protegerem do aumento de preços e isso faz com que a distribuição de renda piore.

Quando a inflação perde o controle, podemos dizer que o país enfrenta uma situação de hiperinflação, isso pode ser verificado
quando os preços sobem mais do que 50% ao mês. Em um contexto como este, a moeda perde sua finalidade de meio de
pagamento e começa a ser rejeitada pelos agentes econômicos. Um situação como esta ocorreu no Brasil à partir da segunda
metade dos anos de 1980. A Tabela 1 mostra a variação do inflação entre os anos 1940-2003.

Tabela 1 - Evolução dos índices de inflação no Brasil: 1940-2003


Fonte: IPEADATA (2004 apud MARIANO 2005, p. 19).

Diante desse quadro e hiperinflação, os governos daquela época colocaram em prática diversos planos de estabilização e a
execução de sucessivas políticas de controle de preços e salários.

Para conhecer as características dos principais planos de estabilização econômicas ocorridos nas décadas
de 80, consultar a obra do professor Antônio Evaristo Teixeira Lanzana, Economia Brasileira: fundamentos e
atualidade .

Fonte: os autores.

Para ilustrar os efeitos de uma política de combate da inflação por meio do congelamento de preços e fixação de salários (incluindo
as demais rendas da economia: aluguéis, juros, lucros), vamos utilizar um exemplo ocorrido no Brasil que foi o Plano Cruzado,
colocado em prática em meados de 1986. O plano utilizou-se de diversa outras medidas (política cambial e política monetária),
mas, por ser o foco dos nossos estudos, vamos destacar somente aqueles relacionados à política de rendas. As ferramentas
aplicadas no plano podem ser resumidas através do Quadro 2.

Quadro 2 - Políticas de Rendas aplicados ao longo do Plano Cruzado

Fonte: adaptado de Gremaud et al. (2007).


Em um primeiro momento, a política de congelamento de preços obteve êxito em controlar a inflação, porém, o desequilíbrio
criado no momento do congelamento se apresentou como um dos limitadores do plano.

Este desequilíbrio foi causado porque o plano foi implementado sem prévio aviso. Alguns agentes tinham acabado de reajustar
seus preços e outros ainda não. Como, naquela época, havia um conflito distributivo para participação na renda (os agentes
ajustam seus preços para se protegerem do aumento do preço dos demais agentes) e com o congelamento, algumas empresas
foram pegas de surpresa e se sentiram com a renda defasada.

Uma política de rendas como essa fixa os preços de forma artificial, pois não leva o reajustamento automático oriundos da lei da
oferta e da demanda. Você está curioso para saber como funciona?

Ela é muito simples e, certamente, você já passou por alguma situação que ilustrasse este conceito. Por meio dessa lei da economia,
os preços são fixados de acordo com as forças da demanda (procura dos produtos por parte dos consumidores) e oferta
(quantidade que as empresas ou produtores desejam disponibilizar no mercado. As relações entre quantidade demandada e
quantidade ofertada para um exemplo hipotético podem ser vistas da Tabela 2 que mostra a escala da demanda e da oferta.

Tabela 2 - Escalas da oferta e da demanda para um exemplo hipotético

Fonte: os autores.

Você consegue visualizar uma situação no seu dia a dia, em que a lei da oferta e da demanda pode ser
verificado? Por exemplo, quando a falta de determinado produto aumento o preço de mercado.

Como visto na Tabela 2, quando o preço aumenta a quantidade demandada cai e quantidade ofertada aumenta. Juntando esses
dados em um mesmo plano cartesiano, podemos visualizar o preço e a quantidade de equilíbrios. Você pode ser isso por meio da
Gráfico 1.

Gráfico 1 – Equilíbrio entre oferta e demanda


Fonte: os autores.

O preço de equilíbrio é aquele onde consumidores e produtores não têm intenção de mudar. No exemplo numérico o preço de
equilíbrio é R$ 6,00 e a quantidade é 6.000 unidades. Quando o governo fixa os preços, por meio de congelamentos, ocorre
desequilíbrio entre quantidades ofertadas e demandadas. Por exemplo, quando o preço for fixado abaixo do ponto de equilíbrio,
digamos R$ 4,00, podemos visualizar no Gráfico 1 ou na Tabela 1 que a quantidade demandada pelos consumidores é 8.000 e a
quantidade de os produtores ou empresas desejam disponibilizar no mercado é de apenas 4.000.

O congelamento do Plano Cruzado de um dia para outro criou descompassos no reajustamento dos preços e provocaram crises de
abastecimento de alguns produtos, de modo que faltaram produtos de primeira necessidade nas prateleiras dos supermercados
esses foi um ponto negativo da política de rendas aplicada no Brasil naquela época.

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Unidade 2 Página inicial

ATIVIDADES
1. A política fiscal é caracterizada pelo interferência do governo nos gastos públicos e nos impostos. Os impostos podem ser
classificados em diretos e indiretos, assinale a alternativa correta sobre os seus significados .

a) Os impostos diretos são aqueles que incidem somente na fabricação e não no comércio de produtos.

b) Os impostos indiretos são aqueles que incidem sobre o preço dos bens e serviços.

c) São exemplos de impostos indiretos: imposto de renda, IPTU e IPVA.

d) O ICMS é um tipo de imposto direto.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

2. A externalidade é o efeito que uma decisão de um agente causa sobre outros agentes. Ela pode ser negativa ou positiva. Assinale
a alternativa que apresenta um exemplo de externalidade positiva .

a) Emissão de moeda, recolhimento compulsórios, open market, redescontos e política de crédito.

b) Emissão de moeda, recolhimento de compulsório, aumento da taxa de câmbio e política de crédito.

c) Recolhimento de compulsório, taxa de redesconto, taxa de juros e congelamento de preços.

d) Fixação de salários, determinação de impostos, taxa de redesconto e congelamento de preços.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

3. A política de rendas é aquela que o governo utiliza para determinar os preços e rendas da economia. Das alternativas abaixo,
assinale aquela que mostra apenas os tipos os principais tipos de rendas existentes na economia .

a) Faturamento das empresas, salários, juros e aluguéis.

b) Salários, recebimento de herança e juros de aplicações financeiras.

c) Salários, juros, lucros e aluguéis.

d) Juros, lucros, depreciação e aluguéis.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

Resolução das atividades

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RESUMO
Saudações aluno(a)!

Neste momento, estudamos três políticas macroeconômicas muito utilizadas, a política monetária, que se refere o controle, por
parte do governo, da quantidade de moeda em circulação e a taxa de juros, e a política fiscal, que consiste em alterações nos gastos
públicos e na arrecadação do governo e a política de rendas que visa a interferência direta nos preços e nos salários pagos.

Vamos relembrar como essas políticas podem ser utilizadas combate do desemprego e inflação? No âmbito da política fiscal, onde
o governo possui duas variáveis pode influenciar de modo rápido e direto (gastos e tributos), o governo procura estimular a
demanda agregada quando tem o intuito de aumentar a atividade e, consequentemente, reduzir a taxa de desemprego e faz o
contrário quando pretende estabilizar o nível de preços.

Vimos que, para gerar empregos e promover o combate da inflação, o governo pode tanto aumentar os seus gastos como reduzir
os impostos. Aumentando os gastos ele estimula da demanda e incentiva as empresas a contratar novos trabalhadores e o
desemprego diminui. Do mesmo modo, uma redução dos impostos permite que os famílias procure consumir mais produtos,
estimulando as empresas a produzirem, gerando novos postos de trabalho.

Ao tratarmos sobre política monetária, vimos que o governo pode utilizar-se de mecanismos que aumentam a quantidade de
moeda em circulação quanto pretende reduzir a taxa de desemprego e diminui a quantidade de moeda quando quer que a inflação
diminua.

Vimos que os instrumentos são os seguintes: emissão de moeda, depósitos compulsórios (parcela de todos os depósitos mantidos
em forma de reservas no Banco Central), Open Market (compra e venda de títulos públicos), taxa de redesconto (juros cobrados
pelo Banco Central para emprestar aos bancos comerciais) e a política de crédito.

A política de rendas consiste no fixação de preços e salários com a finalidade de combater a inflação ou promover a distribuição de
renda. Sobre essa política, o governo precisa tomar um certo cuidado para que não provoque mais malefícios do que benefícios ao
interferir de maneira artificial sobre os preços praticados. O poder público deve minimizar os efeitos negativos e maximizar os
positivos, mas é fato que sempre haverá dilemas, em toda e qualquer política adotada.

Até a próxima!

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Material Complementar

Leitura
Macroeconomia

Autor: Gregory Mankiw

Editora: LTC

Sinopse: Macroeconomia oferece uma análise das diferentes teorias


econômicas, sua relação com correntes políticas e consequências dos
acontecimentos no mundo em curto prazo – como o ciclo de negócios e as
políticas de estabilização – e longo prazo – como o crescimento
econômico, a taxa natural de desemprego, a persistência da inflação e os
efeitos do endividamento do governo. Com esse enfoque, seu objetivo é,
em última instância, ensinar ao leitor a aplicar os princípios econômicos a
questões relativas aos mais variados contextos, cenários e sistemas, com
uma linguagem acessível e objetiva. Enfatizando o caráter empírico da
disciplina, a obra proporciona uma ampla gama de ferramentas de
aprendizagem, como estudos de caso, gráficos, notas matemáticas,
resumos dos capítulos, conceitos-chave, questões para revisão,
problemas e aplicações, todas atualizadas quanto aos últimos
acontecimentos que impactaram a economia de alguma forma.

Acesse

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REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Mercado Financeiro. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

GREMAUD, A. P. VASCONCELLOS, M. A. S. JÚNIOR, R. T. Economia brasileira contemporânea. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

GUIMARÃES B. GONÇALVES, C. E. Introdução à Economia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

MARIANO, J. Introdução à economia brasileira. São Paulo: Saraiva, 2005.

PASSOS, C. R. M. P. NOGAMI, O. Princípios de Economia. 6. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S.; TONETO JUNIOR, R. Manual de Economia: equipe dos professores da USP. São Paulo:
Saraiva, 2011.

ROSSETTI, J. P. Introdução à economia. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2015

VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

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APROFUNDANDO

Teorias Explicativas da Inflação

Falaremos aqui a respeito das Teorias explicativas da inflação. A inflação pode ser definida como o aumento generalizado do nível
geral de preços de uma economia.

Ela é uma das grandes preocupações dos formuladores de políticas macroeconômicas, podemos dizer que essas preocupações se
traduzem em quadro quando objetivos de política macroeconômica. A seguir você vai conhecer quais são esses objetivos.

A ocorrência de inflação, provoca diversas distorções indesejáveis na economia como um todo, afetando desde às empresas, até as
unidades familiares e o governo.

No âmbito empresarial, a inflação dificulta o planejamento de longo prazo, já que os preços variam constantemente e de forma
intensiva. Por isso, as empresas adiam ou cancelam planos de investimentos para aplicar os recursos em ativos financeiros e não na
capacidade produtiva, afetando negativamente a geração de empregos.

As famílias são as grandes afetadas pelo processo inflacionário, pois não tem acesso a mecanismos de defesa do poder de compra
(principalmente as famílias de baixa renda) e sofrem com a perda do poder de compra.

O governo também perde com a inflação, isso se dá no recolhimento dos imposto já que, durante o intervalo de tempo entre o fato
gerador do imposto e o seu efetivo recolhimento, o poder de compra do valor recolhido sobre deterioração.

Mas quais são as causas possíveis da inflação? Você descobrirá a seguir:


INFLAÇÃO DE DEMANDA (procura)

A alta de preços é provocada pelo excesso de procura (demanda) com relação à oferta de bens e serviços. Dito de outra forma, os
agentes procuram uma quantidade de produtos maior que a capacidade produtiva, causando uma preços para a alta dos preços
(ROSSETTI, 2015).

INFLAÇÃO DE CUSTOS

A alta dos preços é provocada pelo aumento dos custos dos fatores mobilizados na produção de um produto com alta
representatividade na cesta de consumo. Existem outras formas de propagação da inflação de custos como o aumento dos tributos
ou a ampliação das margem de lucro das empresas.

Inflação estrutural: Originada pelas seguintes causas: (1) a baixa sensibilidade da produção com relação ao preço de alguns
produtos, (2) desequilíbrio da balança de pagamentos, (3) desigual distribuição de renda e (4) tendência crescente dos gastos
públicos.

Inflação inercial: Inflação causada pela indexação, que é correção dos preços dos produtos e fatores de produção com base na
inflação passada (ROSSETTI, 2015).

PARABÉNS!

Você aprofundou ainda mais seus estudos!

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EDITORIAL

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva

Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva

Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin

Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação .

a Distância; BOECHAT Andréia Moreira da Fonseca; SILVA Gustavo


, ,

Feitoza da.

Políticas Macroeconômicas. Andréia Moreira da Fonseca

Boechat; Gustavo Feitoza da Silva.

Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017.

28 p.

“Pós-graduação Universo - EaD”.

1. Economia. 2. Política macroeconômica. 3. EaD. I. Título.

ISBN 978-85-459-1129-6

CDD - 22 ed. 338

CIP - NBR 12899 - AACR/2

Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar

Diretoria de Design Educacional

Equipe Produção de Materiais

Fotos Shutterstock
:

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900

Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

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Unidade 3 Página inicial

O SETOR EXTERNO:
POLÍTICAS CAMBIAL E
COMERCIAL
Professor (a) :

Dra. Andréia Moreira da Fonseca Boechat

Me. Gustavo Feitoza da Silva

Objetivos de aprendizagem
• Explicar os fatores que determinam a taxa de câmbio, bem como os regimes cambiais existentes.

•Compreender os efeitos das oscilações cambiais no nível de emprego e inflação.

• Apresentar as principais políticas comerciais disponíveis para o gestor da política econômicas e suas consequências no nível de
exportações e importações de um país.
Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• A determinação da taxa de câmbio

•Política cambial e a influência da taxa de câmbio na economia

• Política comercial e o setor externo

Introdução
Caro(a) aluno(a), neste ponto, iremos discutir outra política de suma importância para a economia, não apenas a nacional, mas, de
certa forma, para os demais países também, que é a política cambial.

A política cambial está ligada, diretamente, ao setor externo e afeta o comércio internacional, que, atualmente, cresce a uma taxa
média de 6% ao ano, enquanto o Produto Interno Mundial cresce a 3% ao ano. Esses valores mostram a importância da análise da
taxa de câmbio e o porquê os países se preocupam tanto com essa variável.

Outro ponto de destaque é o impacto direto que a política cambial gera sobre a política monetária, pois está ligada com as
transações econômico-financeiras do país com o resto do mundo e, por essa razão, altera a quantidade de moeda em circulação.

Além da política cambial ser uma excelente alternativa para aumentar o Produto Interno Bruto, reduzir o desemprego e aumentar
a renda nacional, claro, não gera pontos somente positivos, pois o excesso de exportação pode gerar inflação.

Você, certamente, já ouviu que o câmbio está valorizado ou desvalorizado, mas o que isso significa? Qual o impacto de uma
valorização cambial para a economia brasileira e para o comércio internacional? Como a taxa de câmbio é formada? Essas são
algumas perguntas que a unidade pretende responder.

Em um primeiro momento você irá conhecer o conceito de taxa de câmbio e como se determina a taxa de câmbio por meio dos
diferentes regimes cambiais existentes: câmbio fixo, câmbio flutuante e regimes de bandas cambiais.

Também será apresentado os fatores determinantes da oferta da demanda por moeda estrangeira (divisas) e o significado de
desvalorização (depreciação) e valorização (apreciação) da taxa de câmbio Depois, vamos explorar os efeitos das variações
cambiais na economia e quais os mecanismos utilizados pelo Banco Central para influenciar na taxa de câmbio de acordo com os
objetivos da política macroeconômica.

Por fim, será apresentada uma outra importante política relacionada ao setor externo, que é a política comercial que está
relacionada à capacidade do poder público influenciar no nível de exportações e importação de mercadoria e serviços.
Oportunamente, vamos discutir os mecanismos utilizadas nas políticas comerciais.
Tenho certeza que o conhecimentos destes temas será muito importante no seu crescimento pessoal e profissional.

Bons estudos!

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Unidade 3 Página inicial

A determinação da taxa de câmbio


A política cambial é a atuação do governo na administração da taxa de câmbio e no controle das operações cambiais. Para
começarmos, o que é taxa de câmbio? Taxa de câmbio é o preço, em moeda corrente, de uma unidade de moeda estrangeira, dito
de outro modo, é o preço de uma moeda em relação a outra. No Brasil, comparamos muito o valor do Real com o Dólar Americano,
então, vamos supor que o taxa de câmbio seja igual a R$ 2,00. Isso significa que são necessários dois reais para comprar um dólar.

R$ 2,00 = US$ 1,00

Você sabe como a taxa de câmbio é formada?

A taxa de câmbio pode ser determinada de duas formas, porém, uma maneira exclui a outra: a primeira é pela decisão das
autoridades monetárias, que, no caso brasileiro, é o Banco Central, o qual fixa, de tempos em tempos, a taxa de câmbio, e a
segunda forma é pelo funcionamento do mercado, ou seja, pela famosa lei da oferta e demanda.

A demanda de moeda estrangeira é oriunda às importações e de todas as operações que são derivadas de saída de moeda
estrangeira do país, como viagens ao exterior, devedores brasileiros em moeda estrangeira etc. Já a oferta é decorrente das
exportações e de todas as operações que fazem moeda estrangeira entrar no país, como turistas, em viagens ao país, receitas
cambiais em serviços, investimento estrangeiro direto, dentre outras.

Investimento estrangeiro direto: parte importante do movimento internacional do capital. São os fluxos
internacional de capital pelos quais um empresa em um país cria ou expande uma filial em outro.

Fonte: Krugman e Obstfeld (2001, p. 175).

Quando falamos que a taxa de câmbio pode ser determinada de duas formas, significa que dependerá do regime cambial do país,
isto é, pelo modelo de taxa de câmbio que é adotado pelo país, que pode ser classificado em três tipos principais:
a. Taxa de câmbio fixa – nesse regime, o Banco Central determina, antecipadamente, qual será o valor do câmbio. Por exemplo,
R$1 = US$1. O problema é que o governo é obrigado a comprar e vender moeda a uma taxa estabelecida, para manter o câmbio
fixo, o que pode acarretar déficit público.

De acordo com Vasconcellos et al. (2011), as principais vantagens desse tipo de regime é que não ocorre instabilidade cambial e
pode contribuir para o controle da inflação. A desvantagem é a perda de política monetária como instrumento de política
econômica, ou seja, a taxa de juros fica atrelada ao regime cambial, não pode ser usada para alcançar outros objetivos como a
redução do desemprego. Além da dificuldade de se escolher a taxa de câmbio “correta” do mercado, o que pode gerar movimentos
especulativos.

b. Taxa de câmbio flutuante – é determinada pelo mercado, como já foi explicado, pela lei da oferta e da demanda por moeda
estrangeira. A vantagem, segundo Vasconcellos et. al (2011), é a utilização do critério de mercado para determinar o preço da
moeda estrangeira, sem necessidade de interferência direta do Banco Central, que poderá direcionar os instrumentos de política
monetária para outros objetivos, que não seja a taxa de câmbio, como por exemplo, o combate do desemprego. A desvantagem é
que a taxa de câmbio pode ser muito volátil, afetando, rapidamente o comércio internacional, além de causar inflação, no caso de
uma desvalorização para países que têm forte dependência de importações A Figura 1 mostra como a taxa de câmbio é formada,
no regime de câmbio flutuante.

Figura 1 - Equilíbrio da taxa de câmbio

Fonte: Moreira e Jorge (2009, p. 109).

O valor da taxa de câmbio, no regime de câmbio flutuante, é formado quando as curvas de oferta e demanda por dólares se
interceptam. O equilíbrio ocorre quando a taxa de câmbio é To e a quantidade oferta de divisas (Qs) é igual a quantidade
demandada (QD).

Quando temos um aumento da demanda por dólares, caso de aumento das importações, a taxa de câmbio aumenta
(desvalorização da moeda nacional), deslocando a curva de demanda para cima. Já no caso de uma redução da demanda por
dólares, por exemplo, quando importamos pouco, a curva de demanda se desloca para baixo, reduzindo o valor da taxa de câmbio,
já que teremos mais dólares em circulação, sendo assim, seu preço baixa (valorização da moeda nacional).

De forma similar acontece com a oferta de dólares. Quando temos muita oferta, a curva de oferta se desloca para baixo, reduzindo
o valor do câmbio, como no caso de um aumento das exportações (valorização). Já quando temos pouca oferta, no caso, queda das
exportações, a curva de oferta se desloca para cima (desvalorização). Veremos em seguida, o significado de valorização e
desvalorização da taxa da moeda nacional.
O Banco Central do Brasil emite um relatório com as cotações de fechamento do preço de diversas moedas
com relação ao Real. A tabela abaixo mostra a taxa de câmbio do dólar em relação ao real dos úteis da
primeira semana no mês de abril de 2017.

Quadro 1 – Cotação de fechamento do Dólar Americano entre 04/04 e 02/05 de 2014

Fonte: Banco Central do Brasil (2017, on-line). 2

c.Bandas cambiais – regime cambial intermediário entre a taxa de câmbio fixa e flutuante. Nesse regime, o Banco central
determina o valor mínimo e máximo da taxa de câmbio e, no intervalo, o mercado funciona livremente.

Por exemplo, a taxa pode ser entre 1,5 e 2,0. Entre esses dois valores, o mercado funciona livre. Caso o valor do câmbio chegue ao
limite máximo ou mínimo, o Banco Central interfere.

No Brasil, assim que o Plano Real foi implementado, a taxa de câmbio era fixa, passando para bandas de flutuação, e, após 1999, a
taxa de câmbio flutuante foi adotada.

Até aqui, discutimos o conceito de taxa de câmbio e os tipos de regimes cambiais. Outro ponto muito importante com relação ao
câmbio, e que afeta diretamente a economia, é a valorização e desvalorização cambial. Você sabe o que significa dizer que a moeda
está desvalorizada ou valorizada?

Vamos supor que, no dia 01 de junho de 2013, a taxa de câmbio (lembramos que vou utilizar real/dólar, em função da sua
importância) é de 2,00 e, no dia 02 de junho do mesmo ano, o câmbio passou para 2,01. O que esses valores significam?

Nesse caso, houve uma desvalorização cambial (também chamada de depreciação), ou seja, no primeiro dia, eram necessários
R$2,00 para comprar US$ 1,00. No dia seguinte, já foi necessário R$2,01 para comprar US$1,00, havendo um aumento de um
centavo, para cada dólar demandado. Então, quanto maior esse valor, mais desvalorizada estará a nossa moeda (real).

Outro exemplo é, no dia 02 de junho, a taxa de câmbio voltou para R$ 2,00. Nesse caso, houve uma valorização cambial (também
chamada de apreciação), pois era necessário R$ 2,01 para comprar US$ 1,00 e, agora, são necessários R$2,00 para adquirir os
mesmo US$ 1,00. Portanto, quanto menor o valor, mais valorizada estará nossa moeda.

Não podemos esquecer que a valorização ou desvalorização da moeda dependerá do volume comercializado de moeda
estrangeira, ou seja, da oferta e demanda por dólares.
A única exceção é o regime de câmbio fixo, que não depende do fluxo de moeda negociada, mas da vontade das autoridades em
fixar uma determinada taxa de câmbio.

O Quadro 2 mostra como as variações da oferta e demanda determinada a valorização ou desvalorização da taxa de câmbio taxa
de câmbio. A primeira coluna mostra a variação da oferta (O) e da demanda (D) por moeda estrangeira. Essa variação fará o câmbio
ficar estável, ou seja, não alterará o valor, mesmo com a variação da oferta e da demanda, valorizará sempre que a variação da
oferta de moeda estrangeira superar a demanda e desvaloriza quando a variação da demanda for maior que a oferta por moeda
estrangeira.

Quadro 2 – Influência das variações da demanda e oferta de divisas na taxa de câmbio

Fonte: os autores.

Com o exame do Quadro 2, podemos concluir que a taxa de câmbio é estável quando a variação da oferta for igual à variação da
demanda por moeda estrangeira. A taxa de câmbio é desvalorizada, quando a variação da demanda for maior que a da oferta.

De maneira análoga, a taxa de câmbio é valorizada, quando a demanda for menor que a oferta de moeda estrangeira.
Política cambial e a influência da taxa de
câmbio na economia
Você, certamente, já se deparou com manchetes destes tipos:

•Dólar fecha em alta nesta sexta-feira.

• Governo não tem medidas nenhuma para segurar o dólar.

• O dólar encerrou a semana com desvalorização de 0,45%, nível não visto desde maio de 2009.

•A valorização cambial afetou a balança comercial brasileira.

Você saberia me responder porque a política cambial afeta tanto a economia brasileira e, por esse motivo, é tão discutida?

Primeiramente, a taxa de câmbio influencia, diretamente, as importações e exportações do país. Em outras palavras, estimula ou
desestimula o comércio internacional e, consequentemente, a produção interna, o número de empregos, o nível de renda, a
competitividade da indústria nacional, dentre outros fatores.

Uma valorização cambial ou apreciação cambial estimula as importações, ou seja, aumenta a compra de produtos importados, pois
nossa moeda fica mais cara, em relação à moeda estrangeira, com isso, os produtos estrangeiros estão, relativamente, mais
baratos. Por outro lado, Irá desestimular as exportações, pois nossos produtos ficarão mais caros no exterior.

Porém esta valorização também tem um ponto positivo na medida em que ajuda a controlar a inflação, pois irá aumentar a
competição, já que os produtos nacionais disputam mercado com produtos estrangeiros (importados) e, dessa forma, os preços
serão mantidos baixos (quanto maior a competição, menor o preço, já que, caso o empresário aumente o preço do produto, perderá
mercado), reduzindo a taxa de inflação.

Outro ponto positivo, quando a moeda está valorizada, é o aumento da produtividade, uma vez que há um incentivo à
modernização da indústria, em função do aumento da competitividade e das importações de bens de capital, reduzindo os custos
de produção.

As desvantagens da valorização cambial, segundo Vasconcellos et. al. (2011), recaem sobre os setores nacionais que ainda não
estão preparados à competição externa, pois podem sofrer grandes reduções na venda de seus produtos, reduzindo, ainda, a
produção e aumentando o desemprego. Os exportadores também são prejudicados, afinal, nossos produtos ficam mais caros no
mercado internacional.
Como as importações podem ser maiores que as exportações, tende a haver déficit comercial. Com isso, o país pode buscar
recursos no exterior, para manter suas reservas cambiais, aumentando a dívida externa e a vulnerabilidade.

Maia (2011) resume as principais consequências da valorização cambial, são eles:

•Problemas financeiros para as empresas que levantam empréstimos em moeda estrangeira.

• Redução do custo dos insumos importados, principalmente matéria-prima.

• Prejudica as exportações.

•Estimula as importações.

• Prejudica o turismo do exterior, pois o turismo interno fica muito caro.

•Estimula o turismo ao exterior, porque é barato viajar para outros países.

•Cria um processo recessivo, uma vez que desestimula a criação de empresas, tanto no setor industrial quanto no turismo.

•Redução das reservas cambiais, pois o governo precisa vender suas divisas para cobrir déficits no Balanço de Pagamentos.

•Elevação das taxas de juros internos, para atrair capital estrangeiro, encarecendo a produção e aumentando o custo de vida,
gerando desemprego e recessão.

Já uma desvalorização cambial ou depreciação cambial estimula as exportações e desestimula as importações, pois os produtos
estrangeiros ficam mais caros e os nossos produtos mais baratos. Desse modo, aumentando a produção interna, gerando
empregos e renda, como consequência, a demanda agregada também aumenta. Como as exportações crescerão mais do que as
importações, o saldo na balança comercial tenderá ao equilíbrio, o endividamento diminuirá, criando condições para o aumento de
reservas internacionais.

Claro que, como na economia, sempre tem um lado negativo, a desvalorização cambial aumenta a oferta de moeda estrangeira,
visto que as exportações fazem entrar dólares no país, que precisam ser trocados por real, para ser comercializado, expandindo a
quantidade de moeda em circulação, o que pode gerar inflação e aumento da dívida externa do país. Dependendo da estrutura
comercial do país, uma desvalorização o encarecimento das importações pode gerar pressões inflacionárias devido ao
encarecimento das matérias-primas utilizadas.

Maia (2011), lista os principais efeitos que uma desvalorização cambial gera:

• Estímulo às exportações.

•Aumento do turismo do exterior ao país.

• Desestímulo às importações.

• Redução do turismo do país ao exterior.

•Aumento do número de empregos, já que aumenta as exportações e, consequentemente, a produção.

• Proteção ao parque industrial nacional da competição externa, no longo prazo, tornando-o obsoleto, produção com custos altos
e qualidade baixa.

• Encarecimento das importações de matéria-prima.

• Barateamento dos ativos nacionais para os estrangeiros, facilitando a compra das empresas nacionais por estrangeiros,
ocorrendo desnacionalização da produção.

Silber (2011, p. 497) sintetiza, com um exemplo numérica hipotético, a maneira como a taxa de câmbio interfere nas exportações e
importações, vejo por meio dos Quadros 3 e 4, respectivamente.

Quadro 3 - Influência da taxa de câmbio nas exportações


Fonte: Silber (2011, p. 497).

Quadro 4 - Influência da taxa de câmbio nas importações

Fonte: Silber (2011, p. 497).

Agora que você conhece as vantagens e desvantagens da valorização e da desvalorização cambial para a economia, tanto no curto
prazo quanto no longo prazo, se você pudesse escolher, optaria por uma taxa de câmbio mais valorizada ou mais desvalorizada?

E como o governo pode influenciar a taxa de câmbio de acordo com os objetivos desejados? Quais as ferramentas que ele possui
para isso? As respostas para esta pergunta serão mostradas agora. Vamos lá?

O poder público pode influenciar a taxa de câmbio de duas formas: (1) Variação das taxas de juros e (2) Compra e venda de divisas
no mercado. Vamos analisar mais detidamente cada umas dessas ferramentas.

Em um regime de taxa de câmbio fixa, por exemplo, o governo, através do Banco Central tem o compromisso de manter a taxa de
câmbio entre um certo valor. Qualquer pressão do mercado sobre a oferta e demanda de divisas deve ser compensada pela
variação da taxa de juros.

Esse mecanismo de ajuste acontece da seguinte forma: imagine que o país sofra um ataque especulativo em sua moeda. Para evitar
uma saída maciça de moeda estrangeira (a oferta de moeda diminui) e causar uma desvalorização cambial, a autoridade
responsável aumenta a taxa de juros interna, tornando os ativos financeiros nacionais mais atraentes, relativamente aos ativos
financeiros internacionais e mantendo a moeda estrangeira dentro do país.

Ativos financeiros: é um investimento representado por dinheiro ou instrumento que permita receber
dinheiro ou outra espécie de ativo financeiro. Diferentemente de um ativo real, que representa um bem
físico.

Fonte: os autores.

O Banco Central também pode influenciar a taxa de câmbio comprando e vendendo moeda estrangeira no mercado. Vamos
imaginar uma situação em que a oferta de moeda estrangeira comece a aumentar devido a entrada de dólares com o elevação das
exportações. Para evitar uma valorização da moeda nacional (que prejudica as importações) o Banco Central compra moeda
estrangeira no mercado com o intuito de reduzir a oferta de moeda e compensar a entrada de dólares no mercado.
Do mesmo modo, se o Banco Central considera que a taxa de câmbio está muito alta (desvalorizada) ele pode vender moeda
estrangeira no mercado cambial.

Política comercial e o setor externo


A partir de agora, você terá a oportunidade de analisar os principais fatores que interferem nos agregados macroeconômicos
relacionados ao setor externo da economia, a saber, as exportações e as importações de mercadorias. A diferença numérica dessas
duas variáveis forma o que chamamos de balança comercial, quando ela é positiva, significa que houve superávit comercial e que as
exportações são maiores que as importações, quando seu resultado for negativo, ocorreu um déficit, pois as importações
superaram as exportações.

E por que é importante estudar o comportamento da balança comercial? Para responder a esta pergunta, é importante conhecer a
equação da renda (produto nacional) mostrada a seguir.

Y = C + I + G +(X - M)

Onde:

Y = Produto ou Renda Nacional

C= Consumo das famílias

I = Investimentos das empresas

G = Gastos do governo

X = Exportações de bens e serviços

M = Importações de bens e serviços

A equação do produto (renda) nacional é uma medida da produção de bens e serviços finais de uma economia. Quando Y cresce,
significa que o nível de emprego também é maior. Por isso, a ocorrência de superávits na balança comercial influencia de forma
direta a produção nacional e o nível de emprego. De modo contrário, um déficit na balança comercial representa uma queda na
produção e um aumento do desemprego de recursos produtivos, o que é ruim para a coletividade. Rizieri (2011, p. 357) mostra os
efeitos da demanda por exportações e importações na renda nacional e no emprego de fatores de produção de um país.
As exportações têm um efeito positivo sobre o nível de renda interna, pois, para atender à demanda dos
estrangeiros pelos nosso produtos, os empresários devem aumentar a produção e o emprego dos fatores
disponíveis do país. Fenômeno contrário se verifica quando importamos produtos do exterior, pois o efeito
multiplicador da renda ocorre nos países de origem das exportações (RIZIERI, 2011, p. 357).

É importante lembrar que a importação de mercadorias e serviços nem sempre é maléfico para um país. O aumento das
importações pode ser utilizada para a redução da inflação em determinado momento, pois aumenta a competição internacional e
faz os preços caírem internamente. No entanto, é preciso que as empresas estejam preparadas para enfrentar uma situação
competitiva, para que tal política de incentivo às importações não cause a extinção de empresas menos competitivas, ocasionando
do fechamento dessas e o agravamento do desemprego.

Muitas vezes, a importação momentânea de bens de capital (máquinas e equipamentos) é importante para gerar capacidade
produtiva e permitir o atendimento à demanda de bens essenciais não fabricados internamente.

O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços divulga informações sobre o comportamento das
importações e exportações brasileiras, fornecendo dados do desempenho anual do saldo da balança
comercial. A tabela a seguir, mostra que a tendência de queda do decênio 2007-2016 foi revertido no ano
de 2016, com um crescimento de 142% em comparação com o saldo verificado no ano de 2015.

Quadro 5 - Exportações, importações de saldo da balança comercial brasileira (2007-2016)

Fonte: adaptado de MDIC (2017, on-line). 1

Alguns autores como Passos e Nogami (2012) e Vasconcellos (2011) destacam os fatores que influenciam as exportações e a
importações. O Quadro 5 e 6 mostram como todas essas variáveis influenciam no comércio exterior.
Quadro 5 - Variáveis determinantes das exportações

Fonte: adaptado de Passos e Nogami (2012) e Vasconcellos (2011).

Quadro 6 - Variáveis determinantes das importações

Fonte: adaptado de Passos e Nogami (2012) e Vasconcellos (2011).

Para conhecer melhor o funcionamento do comércio exterior brasileiro, produtos e valores exportados e
importados, tanto total como por unidade federal e município, acesse o site do Ministério da Indústria,
Comércio Exterior e Serviços no seguinte endereço eletrônico:
< http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/ >.

Fonte: os autores.

Como fica claro, as exportações e importações são influenciadas por vários fatores. Porém, nosso foco é o estudo das políticas
comerciais que são voltadas, mais diretamente, para o comércio internacional, ou melhor, para o fluxo de mercadorias e serviços.
Mais precisamente, o governo utiliza essas políticas para estimular exportações (item 5 do Quadro 4) ou desestimular e estimular
as importações (item 5 do Quadro 5).

Política comercial são as restrições e regulamentações que os países impõem ao livre fluxo do comércio internacional.
No âmbito das exportações o governo cria subsídios e incentivos às exportações para baratear os preços dos produtos nacionais
vendidos ao exterior e, consequentemente, aumentar sua competitividade internacional. Passos e Nogami (2012) lembram que
essas políticas podem ser de três tipos: (1) Incentivos fiscais às exportações (redução de impostos dos produtos exportáveis; (2)
Oferta de crédito a juros subsidiados e (3) Redução de entraves burocráticos às exportações de mercadorias.

Para influenciar as importações o governo utiliza barreiras tarifárias, que são, principalmente, as tarifas, que podem ser definidas
como uma taxa ou imposto cobrado sobre o produto comercializado. Elas podem ser ad valorem, específicas ou compostas.

O primeiro tipo é uma porcentagem fixa sobre o valor do produto. Por exemplo, vamos supor que o Brasil importe trigo da
Argentina a R$ 477/ tonelada e cobre uma tarifa ad valorem de 10% sobre o valor do produto. Nesse caso, o valor total do imposto
será de R$ 47,7 por tonelada.

O segundo tipo, a tarifa específica, é a quantia fixa por unidade física do produto, independente do preço. Voltando ao exemplo do
trigo, se o governo brasileiro resolvesse cobrar imposto específico de R$5/tonelada e as empresas brasileiras importassem um
milhão de toneladas do produto, o valor do imposto seria de R$ 5/tonelada, independe do preço do bem.

O terceiro tipo (e o mais caro tipo de tarifa) é a composta, uma combinação das tarifas ad valorem e específica. No nosso exemplo,
o preço pago de imposto, nesse tipo de tarifa, seria de R$ 47,7 por tonelada, mais R$ 5 por tonelada, um total de R$ 52,7 por
tonelada de trigo importada.

O governo também pode utilizar-se de barreiras não tarifárias, conhecidas como quotas de importação. São restrições diretas
sobre a quantidade de um bem que pode ser importado ou exportado. Como exemplo, podemos citar um caso que o governo
brasileiro deseja aumentar as importações e faz isso aumentando a cota de importação de um produto qualquer como o trigo de
um milhão de toneladas para dois milhões de toneladas.

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ATIVIDADES
1.A Economia Internacional é o ramo da economia que estuda as relações do país com o resto do mundo. Umas das variáveis
estudadas neste campo de estudo é a taxa de câmbio. Assinale a alternativa que mostre o correto conceito de taxa de câmbio .

a) Corresponde o preço da moeda nacional em termos de moeda estrangeira.

b) É o preço da moeda estrangeira em termos de moeda nacional.

c) É a variação de preços dos produtos nacionais mais a variação do preço da moeda estrangeira.

d) Mudança do preço da moeda estrangeira mais a variação da taxa de juros internacional.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

2.A taxa de câmbio afeta as importações e as exportações de um país. A valorização cambial é uma queda na taxa de câmbio.
Indique qual alternativa corresponde ao efeito de uma valorização cambial .

a) Queda das exportações de bens e serviços.

b) Aumento das exportações de bens e serviços.

c) Aumento dos preços dos produtos importados.

d) Elevação da inflação.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

3. A política comercial ao um conjunto de políticas que visam influenciar o nível de exportações e importações de mercadorias e
serviços. Qual das alternativas abaixo se refere ao uma política comercial?

a) Aumento dos gastos públicos.

b) Emissão de moeda nacional.

c) Estabelecimentos de quotas na importação de mercadorias.

d) Política de salários.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

Resolução das atividades

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RESUMO
Caro(a) aluno(a)!

Vimos que a taxa de câmbio é o preço da moeda estrangeira em termos de moeda nacional e que uma queda nessa taxa representa
uma valorização da moeda (apreciação cambial) e que um aumento significa que houve uma desvalorização da moeda nacional
(depreciação cambial).

Você conheceu os tipos de regimes cambiais. Sendo a regime de câmbio fixo aquele em que as autoridades responsáveis pela
gestão da taxa de câmbio fixe seu valor em determinado nível, e se compromete a mantê-la nesse patamar através da política
cambial apropriadas. No regime de câmbio flutuante, são as forças de mercado (oferta e demanda) que determinam seu nível, sem
nenhum compromisso definido pelo setor público. No regime de bandas cambiais, o câmbio pode variar dentro de certo intervalo e
o governo interfere em seu valor quando as pressões de mercado ameaçar o rompimento do intervalo.

Ficou claro que a taxa de câmbio de equilíbrio depende da interação entre a oferta e demanda por divisas. A oferta depende do
nível de exportações, quanto maior forem as exportações, e nada mais ocorrer, maior a oferta de moeda, causando uma pressão
para a moeda nacional valorize. A demanda de moeda depende das importações, quanto maior o desejo de importar dos agentes,
maior da demanda por moeda, nada mais ocorrendo, haverá uma pressão para que a moeda nacional de desvalorize.

A valorização cambial pode ser útil no controle do processo inflacionário pois barateia a compra de produtos importados. Por
outra lado, pode gerar déficit na balança comercial, prejudicando o emprego nacional.

Uma outra política relacionada ao setor externo é a política comercial, que visa a interferência no comércio internacional por meio
do estímulo das exportações ou o estímulo e desestímulo das importações. O governo faz isso por meio das restrições comerciais
(impostos e quotas às importações) e por meio dos incentivos e subsídios às exportações.

Parabéns por ter concluído mais esta etapa! Até a próxima!

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Material Complementar

Leitura
Economia Internacional: teoria e política

Autor: Paul R. Krugman e Maurice Obstfeld

Editora: Pearson

Sinopse: Com o objetivo de explicar os desdobramentos gerais da


economia mundial, Economia internacional, dos respeitados economistas
Paul R. Krugman e Maurice Obstfeld, traz em sua sexta os avanços mais
recentes e importantes da economia internacional, sem omitir as
percepções teóricas e históricas em torno dos temas abordados. Para
isso, o livro apresenta uma estrutura analítica atualizada e muito fácil de
entender, que aproxima a teoria da prática e promove a construção passo
a passo do conhecimento. Esse caráter didático da obra é comprovado
pelos inúmeros estudos de caso que permeiam o texto e pelos diversos
exemplos que sustentam as explicações acerca de tópicos como taxa de
juros, distribuição de renda e inflação.

Comentário: Indicado para estudantes dos cursos de economia e outras


áreas de negócios, Economia Internacional é também um verdadeiro
manual para os profissionais que atuam na área, assim como para todos
aqueles que se interessam pelos rumos econômicos mundiais.

Acesse

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REFERÊNCIAS
KRUGMAN, P. R. OBSTFELD. Economia Internacional: teoria e política. 5. ed. São Paulo: Makron Books, 2001.

MAIA, J. M. Economia Internacional e Comércio Exterior. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

MOREIRA, J. O. C;. JORGE F. T. Economia: notas introdutórias. 2. ed. São Paulo: Atlas. 2009.

PASSOS, C. R. M. P. NOGAMI, O. Princípios de Economia. 6. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

SILBER, S. D. Comércio Internacional. In: PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S.; TONETO JUNIOR, R. Manual de Economia:
equipe dos professores da USP. São Paulo: Saraiva, 2011, cap. 15, p. 340-366.

VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

VASCONCELLOS, M. A. S; LIMA, M.; SILBER, S. D. Manual de economia e negócios internacionais. São Paulo: Saraiva, 2011.

REFERÊNCIAS ON-LINE

1 Em: < http://www.mdic.gov.br/balanca-comercial > Acesso em: 29 jan. 2018.

2 Em: < http://www4.bcb.gov.br/pec/taxas/port/ptaxnpesq.asp?id=txcotacao > Acesso em: 14 abr. 2017.

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APROFUNDANDO

Teorias do Comércio Internacional

Vamos falar a respeito das Teorias do comércio internacional. A importância do comércio internacional cresce a cada dia e o
debate é centrado na explicação do que leva os países a comercializarem entre si.

Segundo Passos e Nogami (2012), duas importantes teorias podem ser utilizadas para explicar e justificar a ocorrência de
comércio entre os países, elas são: a Teoria das Vantagens Absolutas e a Teoria das Vantagens Comparativas.

Teoria das vantagens absolutas: de acordo com essa teoria cada país deve especializar-se na produção do bem no qual possui
maior eficiência que as demais ações (vantagem absoluta) e importar os produtos que possui menor eficiência na produção
(desvantagem absoluta).

Teoria das vantagens comparativas: de acordo com esta concepção, cada país deve especializar-se apenas na produção do bem que
possui maior vantagem absoluta e importar os produtos que tenha vantagem absoluta menor (VASCONCELLOS, 2011).

Para ilustrar o significado de cada uma dessas teorias do comércio, vamos utilizar um exemplo fictício, mas que ilustra de forma
eficiente a importância do comércio entre os países.

Observe a seguir o Quadro 1 os dados sobre as possibilidades de produção dos dois produtos, nos dois países.

Quadro 1: Ilustração das vantagem absoluta na produção de café e milho do Brasil e de Portugal

Fonte: Elaborado pelos autores.

Fica evidente através do Quadro 1 que um trabalhador produz mais café no Brasil do que em Portugal. Contrariamente, em
Portugal um trabalho produz uma quantidade maior de milho do que no Brasil. Baseando se na Teoria das Vantagens Absolutas, o
Brasil deveria especializar-se a produção de café a Portugal na produção de Milho.
A produção total de café pelo Brasil seria, portanto, 1.2000 kg e a produção de milho de Portugal seria de 800 kg. Essa quantidade,
certamente seria maior que a quantidade produzida caso os países não se especializar apenas na produção de um dos bens.

Mas e se um determinado país se possuísse vantagens absolutas na produção dos dois bens. A Teoria das Vantagens Comparativas
complementa a análise e fornece uma solução para casos como estes.

Quadro 2: Ilustração da vantagem comparativa na produção de café pelo Brasil

Fonte: Elaborado pelos autores.

No Brasil para produzir 1 kg de café é necessário deixar de produzir 0,5 kg de milho, ao passo que em Portugal essa relação é de 1
para 1, ou seja, para produzir 1 kg de café é necessário deixar de produzir apenas 1 kg de milho.

Para a Teoria das Vantagens Comparativas, embora o Brasil possui vantagens absolutas na produção dos dois produtos, ele deve se
especializar na produção de café, pois é o produto que ele apresentar a maior vantagem absoluta, restando, para Portugal,
especializar-se na produção de milho. Dessa forma o Brasil produziria 1.200 kg de café e Portugal obteria uma produção de 400 kg
de milho.

Para visualizar a racionalidade implícita na Teoria das Vantagens Comparativas, imagine se Brasil produzisse apenas café e
trocasse por milho. Para cada 1 kg de milho, ele precisa despender-se de apenas 1,5 kg de café, na ausência de comércio, para cada
kg de milho produzido ele precisa abrir mão da produção de 2 kg de café.

Para Portugal, na ausência de comércio, para obter 1 kg de café ele precisa deixar de produzir 1 kg de milho, com o comércio entre
os países o mesmo 1 kg de milho obtêm 1,5 de café.

Portanto, de acordo com a Teoria das Vantagens Comparativas, o Brasil deve especializar-se na produção de café e importar a
quantidade de milho necessária. Portugal deve especializar-se na produção de milho e importar a quantidade necessária de café do
Brasil.

PARABÉNS!

Você aprofundou ainda mais seus estudos!

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EDITORIAL

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva

Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva

Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin

Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação .

a Distância; BOECHAT Andréia Moreira da Fonseca; SILVA Gustavo


, ,

Feitoza da.

Políticas Macroeconômicas. Andréia Moreira da Fonseca

Boechat; Gustavo Feitoza da Silva.

Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017.

28 p.

“Pós-graduação Universo - EaD”.

1. Economia. 2. Política macroeconômica. 3. EaD. I. Título.

ISBN 978-85-459-1129-6

CDD - 22 ed. 338

CIP - NBR 12899 - AACR/2

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