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APRESENTAÇÃO

Caro (a) Cursista,

Os problemas econômicos fazem parte da vida cotidiana do homem, daí a importância


do estudo da disciplina Economia e Mercado, para a formação de Técnico em Transações
Imobiliárias.

O objetivo deste módulo é desenvolver os conceitos básicos da economia, ajudando o


aluno a compreender como uma sociedade organiza a produção, a distribuição e o consumo de
bens e serviços que satisfarão as necessidades pessoais de seus membros. Ao final do
estudo, o aluno deverá ser capaz de demonstrar conhecimento de Economia de Mercado
aplicável à profissão de Técnico em Transações Imobiliárias.

O módulo é formado por noções básicas sobre 15 (quinze) temas de grande


importância no contexto da Economia. Cada tema é acompanhado de exercícios que
deverão ser resolvidos, com a finalidade de consolidar os conhecimentos adquiridos durante
o estudo do conteúdo modular. Os assuntos tratados são:
 Introdução à Economia;
 Teoria elementar da demanda;
 Teoria elementar da produção;
 O mercado;
 Contabilidade social;
 Consumo e poupança;
 Emprego;
 Economia monetária;
 Sistema financeiro;
 Inflação;
 O setor externo;
 O setor público;
 Crescimento e desenvolvimento econômico;
 Políticas macroeconômicas; e
 Globalização econômica.
.

Bom estudo!
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UNIDADE I

1. INTRODUÇÃO À ECONOMIA

CONCEITO DE ECONOMIA

A palavra “economia”, na Grécia Antiga, servia para indicar a administração da casa,


do patrimônio particular. Do grego: OIKONOMIA (OIKOS = CASA, NOMOS = LEI) => Lei da
administração da casa.
Na vasta literatura sobre Teoria Econômica existem inúmeras definições de economia
entre as quais se destacam:
 Economia é a ciência que estuda a atividade produtiva;
 Economia é a ciência que estuda a escassez1;
 Economia é a ciência que cuida da melhor administração dos recursos disponíveis para a
satisfação das necessidades humanas;
 Economia é a ciência que estuda as relações sociais da atividade econômica, visando à
satisfação das necessidades infinitas de consumo da sociedade;
 Economia é o estudo da maneira como os recursos escassos são empregados para
produzir bens e serviços, ao longo do tempo, com a finalidade de atender às necessidades
de consumo da sociedade;
 Economia é a ciência social que estuda a produção, a circulação e o consumo de bens e
serviços que são usados para satisfazer as necessidades humanas;
 Economia é a ciência que estuda o uso dos recursos escassos na produção de bens
alternativos.

O PROBLEMA FUNDAMENTAL DA ECONOMIA

A atividade econômica é realizada com o propósito de produzir bens e serviços que se


destinem a satisfazer as necessidades humanas. Entretanto, as necessidades humanas são
ilimitadas e os fatores disponíveis para a produção de bens são limitados. Este é o problema
fundamental da economia chamado de lei da escassez. Como a ciência que focaliza
estritamente os problemas referentes ao uso mais eficiente de recursos materiais escassos
para a produção de bens, a Economia tem por objetivo o estudo das leis que regem a
produção, a distribuição, o consumo e a circulação de bens e serviços de uma sociedade. A
preocupação da Economia está ligada ao comportamento humano, pois estuda as relações
entre as pessoas em uma sociedade enquanto trabalham com um propósito definido, que é a
produção de bens e serviços.
Enquanto os desejos materiais do homem parecem insaciáveis, os recursos para
atendê-los permanecem escassos. E é exatamente aí que está a essência dos problemas
econômicos. Como os recursos são escassos, seu emprego deve ser racional e as sociedades
enfrentam, inicialmente, o problema de administrá-los bem. Primeiro, com vistas à sua plena
utilização; segundo, objetivando sua melhor combinação.
A eficiência máxima e o pleno emprego são alcançados quando se mobilizam todas
as possibilidades de produção da economia; e a escolha das melhores alternativas depende
das opções sociais ou políticas feitas pela própria sociedade ou pelos seus governantes. Sejam

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Na literatura econômica, escassez significa “disponibilidade em quantidades menores do que as
suficientes para atender a todos os desejos”. O teste da escassez é o preço. Somente os bens que não são
escassos, como o ar, é que não fazem jus a um preço.
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quais forem essas opções, haverá sempre um limite máximo para seu atendimento, pois,
devido à limitação dos recursos, jamais será possível produzir quantidades infinitas de todos os
bens e serviços desejados. Com a combinação dos recursos essenciais poderá a economia
dedicar-se à obtenção dos bens e serviços que atendam mais adequadamente aos desejos e
às necessidades da coletividade.

QUATRO PERGUNTAS FUNDAMENTAIS

Diante da impossibilidade do atendimento pleno das necessidades humanas em


virtude da escassez de recursos, quatro questões são levantadas:

 O que produzir? – indica que é necessário identificar a natureza das necessidades


humanas, para saber quais os bens serviços a produzir;
 Quanto produzir? – reconhece a limitação existente na disponibilidade dos fatores de
produção. “O que produzir” e “quanto produzir” são questões de natureza econômica;
 Como produzir? – é uma questão técnica, que indica que há várias maneiras de se
combinarem os fatores de produção para se obterem bens e serviços;
 Para quem produzir? – envolve a questão da distribuição dos bens e dos serviços
produzidos entre os elementos da sociedade. É uma questão social.

A CURVA (OU FRONTEIRA) DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO

A Curva de possibilidade de produção indica as quantidades máximas de bens e de


serviços que podem ser produzidos em uma economia, quando todos os fatores de produção
disponíveis estão empregados. Ela reflete as opções que se oferecem à sociedade e a
necessidade de se escolher entre elas e pressupõe o pleno emprego dos fatores de produção
disponíveis. Em razão disso, nenhuma quantidade pode estar indicada acima da linha que
estabelece o limite máximo de disponibilidade e de emprego dos fatores de produção.
Quando uma economia está operando em regime de máxima eficiência, só poderá
aumentar a produção de determinado produto ou dedicar-se à produção de novos produtos, se
desistir total ou parcialmente da produção de outros. Ex.: Consideremos uma economia com
uma tecnologia dada, que dispõe de uma dotação fixa de fatores produtivos, plenamente
utilizada e na qual se produzem somente duas espécies de bens: trigo e algodão. Se a partir de
uma situação dada decide-se produzir mais trigo, orientando os esforços nessa direção, deverá
dispor-se a produzir menos algodão. Em conseqüência, para poder satisfazer melhor as
necessidades alimentícias, deverá haver a disposição para sacrificar certa quantidade de
algodão, já que se supôs que somente se produzem dois bens. Portanto, aumentar a produção
de trigo tem um custo para a sociedade em termos de algodão que se deixou de produzir; é o
custo de oportunidade.
As diferentes possibilidades que se apresentam à economia podem ser demonstradas
com um exemplo numérico. As diferentes opções são as combinações possíveis de trigo e
algodão, das quais cinco estão relacionadas no Quadro 1.1.

Quadro 1.1 – Alternativas para a canalização dos recursos.

OPÇÕES ALGODÃO TRIGO CUSTO DE


OPORTUNIDADE
A 0 7,5
B 1 7,0 0,5
C 2 6,0 1,0
D 3 4,5 1,5
E 4 2,5 2,0
F 5 0,0 2,5
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1.1.1 Pontos Notáveis da Curva de Possibilidade de Produção

Numa curva de possibilidade de produção podemos localizar quatro pontos notáveis:


 Pleno desemprego – situação impraticável; localiza-se no ponto (0,0) e significa a não
utilização dos recursos disponíveis ( O );
 Capacidade ociosa – situação normal, pois na prática, ainda que seja bastante reduzida,
sempre há uma certa capacidade ociosa (Q );
 Pleno emprego dos recursos disponíveis – situação ideal, mas dificilmente alcançada ( P
);
 Nível impossível de produção – trata-se de uma posição inalcançável por estar situada
além das fronteiras de produção da economia. Esse ponto só será alcançado se os
recursos se expandirem ( R ).

PONTOS NOTÁVEIS DAS CURVAS DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO

1.1.2 Deslocamentos da Curva de Possibilidades de Produção

As curvas de possibilidades de produção movimentam-se ao longo do tempo. Os seus


deslocamentos podem ser:
a) Positivos – decorrentes da expansão ou melhoria dos recursos disponíveis. É o que
ocorre em situações normais e é determinado por um conjunto de fatores tais como
melhoria na qualificação da mão-de-obra, aumento da população, acréscimos de
capital, etc.
b) Negativos – decorrentes de diminuição ou desqualificação dos recursos disponíveis.
Ocorrem em situações anormais. Ex.: guerras, pestes, geadas, etc.
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OS FATORES DE PRODUÇÃO

Os indivíduos têm uma série de necessidades que precisam ser satisfeitas para
garantir sua sobrevivência. A satisfação das necessidades individuais e coletivas é feita com o
consumo de bens e serviços. Esses bens e serviços compõem a produção econômica, que é
obtida com a combinação de recursos naturais, capital, trabalho, capacidade empresarial e
tecnologia. Tais elementos, pelo fato de serem necessários à produção, recebem o nome de
fatores de produção. Portanto, fatores de Produção são quaisquer bens ou serviços
utilizados na obtenção de um produto final.
Tradicionalmente, os fatores de produção da sociedade dividem-se em três categorias:
 Recursos naturais ou Terra: são os elementos da natureza utilizados pelo homem com a
finalidade de criar bens, ou seja, são os elementos da natureza incorporáveis às atividades
econômicas. Constituem variado conjunto onde se destacam solos agricultáveis, florestas,
jazidas minerais, recursos hidrológicos, etc;
 Mão-de-obra ou Trabalho: é a contribuição do ser humano, para a produção, em forma de
atividade física e mental; o fator trabalho é representado por todos os serviços das pessoas
empregadas na produção, do operário ao empresário; é considerada, como fator de
produção Trabalho, a População Economicamente Ativa (PEA) da sociedade. A PEA é
um subconjunto da População Ativa (população em idade de trabalhar). É constituída por
empregados (população ocupada) e desempregados (população desocupada).
 Capital: é o conjunto formado por fábricas, estradas, equipamentos, ferramentas,
máquinas, etc., produzido pelo homem, que concorre para a produção de bens e serviços,
aumentando a eficiência do trabalho.
Alguns economistas como Rossetti, incluem ainda como fatores de produção a
capacidade tecnológica e a capacidade gerencial ou empresarial:
 Capacidade tecnológica: é constituída pelo conjunto de conhecimentos e habilidades que
dão sustentação ao processo de produção, envolvendo desde os conhecimentos
acumulados sobre as fontes de energia empregadas, passando pelas formas de extração
de reservas naturais, pelo seu processamento, transformação e reciclagem, até chegar à
configuração e ao desempenho dos produtos finais resultantes. Trata-se de um fator de
produção que envolve todo o processo produtivo, em todas as suas etapas.
 Capacidade empresarial – é a capacidade de mobilizar, aglutinar e combinar os demais
fatores de produção. Os agentes dotados dessa capacidade geralmente possuem atributos
que os diferenciam dentro dos contingentes economicamente mobilizáveis. Geralmente,
eles têm baixa aversão a riscos, espírito inovador, sensibilidade para farejar oportunidades
de negócios, energia para implantar projetos, capacidade para organizar o empreendimento
e visão estratégica, orientada para o futuro.
Os fatores de produção podem ser classificados em:
 Primários – são os fatores naturais que existem independentemente da ocorrência de
um processo produtivo anterior; ex.: calcário.
 Secundários - cuja existência deriva do processo produtivo realizado por alguma
empresa; ex.: cimento.
Os fatores de produção podem, também, ser classificados consoante outros critérios:
a) Critério da Variabilidade:
 Fatores fixos - são aqueles cuja quantidade utilizada não se modifica, embora se altere
a quantidade do produto; ex.: máquinas.
 Fatores variáveis – são aqueles cuja quantidade varia com a variação na quantidade
produzida do produto; ex.: mão-de-obra.
b) Critério da Disponibilidade:
 Fatores limitados – são os que existem em quantidades disponíveis inferiores às
quantidades necessárias; ex.: areia, trigo, tecido, etc.
 Fatores ilimitados – são os que existem em quantidades disponíveis superiores às
quantidades necessárias; ex.: o ar.
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c) Critério da Divisibilidade:
 Fatores divisíveis – são aqueles que permitem divisão ou decomposição; ex.:
manteiga.
 Fatores indivisíveis – são os que participam do processo de produção sem a
possibilidade de serem divididos; ex.: máquina.
d) Critério da Durabilidade:
 Fatores duráveis – são os que resistem a mais de um processo de produção; ex.:
máquina.
 Fatores não-duráveis ou fungíveis – são os que se consomem em cada repetição do
processo de produção; ex.: farinha de trigo.

O SISTEMA ECONÔMICO

Conceito

Sistema Econômico pode ser definido como sendo a forma política, social e
econômica pela qual está organizada uma sociedade. Engloba o tipo de propriedade, a gestão
da economia, os processos de circulação de mercadorias, o consumo e os níveis de
desenvolvimento tecnológico e de divisão do trabalho. Os sistemas econômicos classificam-se
em:
 Sistemas Capitalistas ou Economia de Mercado, regido pelas forças de mercado,
prevalecendo a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produção.
 Sistema Socialista ou Economia Centralizada, em que as questões econômicas são
resolvidas por um Órgão Central de Planejamento, prevalecendo a propriedade pública
dos meios de produção.

Unidades produtoras

São instituições onde são organizados os fatores de produção. As atividades


produtivas de uma sociedade contemporânea realizam-se por meio de numerosas unidades
de produção ou empresas, cada uma das quais emprega trabalho, capital e recursos naturais,
procurando obter bens e serviços. Por meio das unidades de produção se faz possível a
divisão do trabalho.

Classificação da produção (conforme o destino):

 Bens e serviços de consumo - destinados ao atendimento direto das necessidades


humanas;
 Bens e serviços intermediários – entram na produção de outros bens e serviços;
 Bens de capital – aumentam a eficiência do trabalho humano.

Composição do sistema econômico.

Na economia, os diversos papéis que desempenham os agentes econômicos, isto é,


as famílias, as empresas e o setor público, podem ser agrupados em três grandes setores:
 Setor primário – constituído pelas unidades produtoras que utilizam intensamente os
recursos naturais, voltadas para as atividades agrícolas, pecuárias e extrativas;
 Setor secundário – constituído pelas unidades dedicadas às atividades industriais,
através das quais os bens são transformados; indústria e construção.
 Setor terciário – formado pelas unidades produtoras que prestam serviços, tais como
bancos, empresas de transportes, hospitais, comércio, etc.

Os fluxos do sistema econômico:


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Supondo-se uma economia fechada e sem governo, os agentes econômicos são as


famílias (unidades familiares) e as empresas (unidades produtoras). As famílias são
proprietárias dos fatores de produção e os fornecem às unidades de produção através do
mercado de fatores. As empresas, através da combinação dos fatores de produção, produzem
bens e serviços e os fornecem às famílias, por meio do mercado de bens e serviços. Esse fluxo
é denominado de fluxo real da economia. Portanto, Fluxo real da economia ou produto – é a
totalidade de bens e serviços finais produzidos pelas unidades produtoras. Constitui a oferta da
economia.

Assim, as famílias exercem um duplo papel. No mercado de bens e serviços, as


famílias demandam bens e serviços, enquanto as empresas oferecem bens e serviços; no
mercado de fatores de produção, as famílias oferecem os serviços de fatores de produção (que
são de sua propriedade), enquanto as empresas demandam os serviços desses fatores.

No entanto, o fluxo real só se torna possível com a presença da moeda, que é utilizada
para remunerar os fatores de produção, e para pagamentos dos bens e serviços. Desse modo,
paralelamente ao fluxo real, há o fluxo monetário da economia. Portanto, Fluxo monetário,
nominal ou renda – é a totalidade da remuneração dos fatores de produção empregados
pelas unidades produtoras. Constitui a demanda da economia.

O funcionamento do sistema econômico se caracteriza pelo permanente trânsito dos


fluxos real e monetário, tanto no sentido do mercado, quanto no sentido contrário. É o
fenômeno da Circulação, ou seja, o processo através do qual os fluxos monetário e real
circulam entre as entidades do sistema econômico, possibilitando cumprir adequadamente o
seu papel. Portanto, unindo-se os fluxos real e monetário da economia, tem-se o chamado
Fluxo Circular da Renda.
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2. TEORIA ELEMENTAR DA DEMANDA

CURVA DE DEMANDA

Demanda ou procura é definida como sendo a quantidade de um bem ou serviço que


o consumidor deseja comprar em determinado período de tempo e a um determinado preço. A
demanda de um bem depende de uma série de fatores. Os mais relevantes são:
 Preço do bem. Esta é a variável mais importante para que o consumidor decida o
quanto vai comprar do bem; se o preço do bem for considerado barato, provavelmente
ele adquirirá maiores quantidades do que se for considerado caro;
 Renda do consumidor. Embora muitas vezes o consumidor considere atrativo o preço
de determinado bem, ele pode não ter renda suficiente para comprá-lo como, por
exemplo, se o bem for um carro de luxo; por outro lado, se a renda do consumidor
aumentar num período de tempo, provavelmente ele adquirirá maiores quantidades do
bem a um determinado nível de preço do que antes; e menores, se a renda diminuir. A
renda é, portanto, uma variável que condiciona a decisão de consumo;
 Preço de outros bens. Se o consumidor deseja adquirir manteiga, por exemplo, ele
não olhará somente o preço desta, mas, também, o preço de bens substitutos tais como
a margarina ou o requeijão cremoso; da mesma forma se ele deseja adquirir arroz,
considerará não somente o preço do arroz, mas, também, o do feijão, já que, em nosso
país, o consumo destes bens está freqüentemente associado um ao outro.
 Hábitos e gostos dos consumidores. Esta é uma das variáveis mais importantes
porque, embora o preço de um determinado bem esteja adequado, inclusive comparado
ao de bens substitutos e o consumidor possua renda para adquiri-lo, muitas vezes deixa
de fazê-lo por não estar habituado ou condicionado ao seu consumo.

A função de demanda do consumidor dá a quantidade ótima de cada um dos bens


como uma função dos preços, da renda e das preferências do consumidor. Para tornar
operacional o conceito de demanda, supõe-se apenas a variação do preço do bem em estudo,
permanecendo constantes os preços dos outros bens, a renda e as preferências do
consumidor. Em economia, esta é a conhecida condição coeteris paribus. A esta relação,
entre a quantidade demandada de um bem e o seu preço, dá-se o nome de curva de
demanda, que é a representação gráfica das diferentes quantidades de um bem que os
consumidores estão dispostos a comprar aos diferentes preços por unidade de tempo. Esta
relação ou função mede o efeito das variações do preço do bem em sua procura. O seu sentido
é conhecido com a lei da procura ou lei da demanda.
A lei da procura diz que quanto maior for o preço de um bem, menor será a quantidade
procurada desse bem e vice-versa. Em outras palavras, existe uma relação inversa entre o
preço de um bem e a quantidade procurada.
 Demanda agregada ou demanda de mercado – é a soma das demandas individuais.
Ex.: somando-se para cada preço as quantidades de laranjas que cada um dos
indivíduos estaria disposto a comprar, obtém-se a Curva de Demanda de Mercado.

BENS COMPLEMENTARES E BENS SUBSTITUTOS

A influência da variação do preço de um bem na curva de demanda de outro bem


depende de que ambos sejam substitutos ou complementares.

Os bens são substitutos se a majoração do preço de um deles eleva a quantidade


demandada do outro, qualquer que seja o preço.

Os bens são complementares se a majoração do preço de um deles reduz a


quantidade demandada do outro.
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Bens substitutos são bens em que o consumo de um substitui o consumo de outro,


tais como manteiga e margarina, chá e café, CD’s e fitas, etc. São também denominados bens
sucedâneos. Observe que a substituição não precisa ser total, ou seja, se o consumidor
adquirir manteiga ele necessariamente não deixa de comprar margarina, basta o fato de ele
comprar maiores quantidades de manteiga implicar uma certa redução do seu consumo de
margarina.
Bens complementares são os bens cujo consumo é feito, geralmente, de forma
simultânea, ou seja, o consumo de um complementa o do outro. Ex. : pão e manteiga, café e
leite, caderno e caneta, microcomputador e impressora, etc. Observe que a complementaridade
não precisa ser total, ou seja, o consumo de um implicar necessariamente no consumo do
outro, bastando que o consumo de ambos seja associado de alguma forma.
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3. TEORIA ELEMENTAR DA PRODUÇÃO

A FUNÇÃO DE PRODUÇÃO

Os princípios da Teoria da Produção constituem peças fundamentais para a análise


dos preços e do emprego dos fatores, assim como da sua alocação entre os diversos usos
alternativos na economia.
Produção é a transformação dos fatores adquiridos pela empresa em produto para a
venda no mercado. É importante ressaltar que o conceito de produção não se refere apenas
aos bens físicos e materiais, mas também a serviços, como transportes, intermediários
financeiros, comércio e outras atividades.
O empresário, ao decidir o quê, como e quanto produzir, na medida das respostas
advindas do mercado consumidor, variará a quantidade utilizada dos fatores, para com isso
variar a quantidade produzida do produto. A Função de produção é a relação que mostra qual
a quantidade obtida do produto, a partir da quantidade utilizada dos fatores de produção,
podendo ser representada através da expressão: Q = f(K, L)
Onde
Q = quantidade produzida do bem;
K = quantidade empregada do fator capital;
L = quantidade empregada do fator trabalho.
Essa expressão significa que a quantidade produzida do bem depende, ou “é função”,
das quantidades empregadas dos fatores capital e trabalho. A função de produção indica o
máximo de produto que se pode obter a partir de uma dada quantidade de fatores, mediante a
escolha adequada do processo de produção.
O quadro 3.1 ilustra uma função de produção. Ex.: 4 unidades do bem são produzidas
com 5 unidades de capital e 6 unidades de trabalho.

Quadro 3.1 – Quantidades de produto e de fatores de produção

FUNÇÃO DE PRODUÇÃO
Q K L
4 5 6
5 6 7
6 7 8
7 8 9

Curto prazo e longo prazo

No curto prazo, alguns insumos são fixos, isto é, não são susceptíveis de imediato
aumento. A variação na quantidade de produção por unidade de tempo pode ser alcançada
apenas por variação na quantidade dos insumos imediatamente variáveis. Por outro lado, no
longo prazo, todos os insumos são variáveis. A variação no volume de produção pode ser
alcançada por variações nas quantidades de qualquer insumo.
A função de produção pode ser de curto ou de longo prazo, dependendo da
variabilidade dos fatores de produção utilizados.

a) Função de Produção a Curto Prazo: é a função de produção constituída por fatores de


produção fixos e variáveis. É importante observar que o curto prazo é definido,
economicamente, como o período de tempo em que alguns fatores de produção não se
alteram, ou seja, presume-se a existência de fatores fixos, como, por exemplo, a
impossibilidade de ampliação das instalações da empresa.
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Admitindo-se uma função de produção, onde existem fatores fixos e variáveis, pode-se
analisar um elemento muito importante na Teoria da Produção: a Lei dos Rendimentos
Decrescentes ou Lei das Proporções Variáveis. Essa lei é apresentada da seguinte forma:
Aumentando-se a quantidade de um fator variável, permanecendo a quantidade dos
demais fatores fixa, a produção, inicialmente, crescerá a taxas crescentes; a seguir, depois de
certa quantidade utilizada do fator variável, passará a crescer a taxas decrescentes;
continuando o incremento da utilização do fator variável, a produção decrescerá.
A título de ilustração, imagine uma empresa agrícola produtora de milho. O fator fixo é
representado pela área de terra disponível associada ao equipamento existente. O fator
variável é representado pela mão-de-obra. Se as várias combinações de terra e mão-de-obra
forem utilizadas para produzir milho e se a quantidade de terra for mantida constante, os
aumentos da produção de milho dependerão do aumento da mão-de-obra utilizada na lavoura.
Quando isso ocorrer, alterar-se-ão as proporções de combinação entre os fatores fixo (terra) e
variável (mão-de-obra). Nesse caso, a produção de milho aumentará até certo ponto e depois
decrescerá. O quadro 3.2 ilustra a teoria:

Quadro 3.2 – Produção Total, Produtividade Média e Produtividade Marginal.

Terra Mão-de-obra Produto total Produtividade Produtividade


(fator fixo) (fator variável) média marginal
10 1 3 3,0 3
10 2 7 3,5 4
10 3 12 4,0 5
10 4 16 4.0 4
10 5 19 3,8 3
10 6 21 3,5 2
10 7 22 3,1 1
10 8 22 2,7 0
10 9 21 2,3 -1
10 10 15 1,5 -6

Tomando-se por hipótese simplificada uma função de produção com apenas dois
fatores de produção, um fixo e outro variável, ela pode ser expressa da seguinte forma: q = f
(x1 , x2º ),
onde:
q = quantidade do produto;
x1 = fator variável;
x2º = fator fixo.
Com essa estrutura para a função de produção, é possível apresentar uma série de
conceitos básicos para a teoria da produção.

 Produto Total – é a quantidade do produto que se obtém da utilização do fator variável,


mantendo-se fixa a quantidade dos demais fatores;
 Produtividade Média - é o resultado da divisão da quantidade total produzida pela
quantidade utilizada desse fator; PMe = q / x1;
 Produtividade Marginal – é a relação entre as variações do produto total e as variações
da quantidade utilizada do fator variável. PMg x1 = q /  x1

b) Função de produção a longo prazo: numa função de produção de longo prazo todos os
fatores de produção são variáveis, inclusive o tamanho da planta da empresa; supondo-se a
participação de apenas dois fatores no processo produtivo, a função é representada por:

q = f (x1, x2)
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Uma função de produção com essa característica pode ser representada por uma curva
denominada de Isoquanta.
Isoquanta (igual quantidade) – é a representação gráfica de todas as combinações de
insumos capazes de produzir um dado nível de produto, ou seja, é uma linha na qual todos os
pontos representam combinações de fatores que indicam a mesma quantidade produzida. O
conjunto de isoquantas, cada uma representando um dado nível de produção derivado da
combinação de fatores é denominado de Mapa de isoquanta.

 Propriedades das isoquanta:


a) São decrescentes;
b) São convexas com relação à origem;
c) Não se cruzam nem se tangenciam.

 Rendimentos de escala ou economias de escala – os rendimentos de escala podem


ser:
a) Rendimentos crescentes de escala (ou economias de escala) – quando a
variação na quantidade do produto é mais que proporcional à variação na
quantidade utilizada dos fatores de produção; por exemplo, aumentando-se a
utilização dos fatores em 10%, o produto aumenta em 20%;
b) Rendimentos constantes de escala – a variação do produto é proporcional à
variação da quantidade utilizada dos fatores de produção; Ex.: aumentando-se a
utilização dos fatores em 10%, o produto também aumenta em 10%;
c) Rendimentos decrescentes de escala (ou deseconomias de escala) – quando
a variação na quantidade do produto é menos que proporcional à variação na
quantidade utilizada dos fatores de produção; por exemplo, o aumento de 10%
na utilização dos fatores faz com que o produto cresça apenas 5%.

CUSTO DE PRODUÇÃO, RECEITA E LUCRO

O objetivo básico de uma firma é a maximização dos seus resultados quando da


realização da sua atividade produtiva. Assim sendo, procurará sempre obter a máxima
produção possível em face da utilização de certa combinação de fatores.
A otimização dos resultados da firma poderá ser obtida quando for possível resolver
um dos dois problemas seguintes: maximizar a produção para um dado custo total ou minimizar
o custo total para um dado nível de produção. Em cada uma das duas situações, a firma estará
em equilíbrio.
Para realizar a produção, o empresário precisa saber o total de seus gastos. Quando
se calculam os gastos do empresário com os fatores de produção tem-se o seu custo de
produção, ou custo total. Supondo-se que o fator capital seja adquirido por R$3,00 a unidade
e que o fator trabalho seja contratado a R$ 2,00 a unidade. Então, utilizando os dados do
quadro 3.3, pode-se calcular o custo de produção. Por exemplo, para produzir 5 unidades do
bem, o empresário emprega 6 unidades de capital que vão lhe custar R$18,00 (6 x R$3,00).
Também emprega 7 unidades de trabalho, que lhe custarão R$14,00 (7 x R$2,00). Portanto, o
custo total para produzir 5 unidades do bem é R$32,00 (R$18,00 + R$14,00).

Quadro 3.3 – Custos de produção

CUSTOS DE PRODUÇÃO
Q K L CT
4 5 6 27
5 6 7 32
6 7 8 37
7 8 9 42
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Custo total de produção – é o total das despesas realizadas pela firma com a utilização da
combinação mais econômica dos fatores de produção por meio da qual é obtida uma
determinada quantidade de produto. Nas curvas de custos das empresas são considerados
tantos os custos explícitos (custos contábeis), quanto os custos implícitos (custos de
oportunidade); por exemplo, numa firma que possui prédio próprio, é feita uma estimativa do
aluguel que pagaria, se precisasse alugar.
CT = p1x1 + p2x2

Os custos totais de produção (CT) são divididos em custos variáveis totais (CVT) e
custos fixos totais (CFT):
CT = CVT + CFT
 Custos Variáveis Totais (CVT) - correspondem à parcela do custo total que depende
do nível de produção, ou seja, são as despesas com os fatores variáveis de produção,
como por exemplo, as despesas com matérias-primas.
 Custos Fixos Totais (CFT) – correspondem à parcela do custo total que não depende
do nível de produção, ou seja, são despesas com os fatores fixos de produção, como
por exemplo, aluguel.
A análise dos custos de produção também é feita para o curto prazo e para o longo
prazo.
 Custos Totais de Curto Prazo – são compostos por custos fixos e custos variáveis;
 Custos Totais de Longo Prazo – são constituídos apenas de custos variáveis, uma
vez que no longo prazo não existe fator fixo.

Os Custos de Curto Prazo compreendem:


 Custo Total Médio ou Custo Unitário - é o quociente entre o custo total e a
quantidade produzida pela empresa. CTMe = CT/ q;
 Custo Marginal – é a variação no custo total decorrente de variação na quantidade
produzida pela empresa. CMa = CT / q.

O CTMe, a exemplo do custo total, é constituído por duas parcelas: a do custo variável
médio e a do custo fixo médio.
CTMe = CVT + CFT = CVT + CFT
q q q

 Custo Variável Médio – é o quociente entre o custo variável total e a quantidade


produzida;
CVMe = CVT
q

 Custo Fixo Médio – é o quociente entre o custo fixo total e a quantidade produzida.
CFMe = CFT
Q

Receita - é o resultado da multiplicação da quantidade produzida de um bem pelo seu preço


de mercado. Para fazer frente aos custos o empresário precisa vender seu produto, a fim de
obter receita, que é o resultado das vendas.

Lucro - é a diferença entre a receita do empresário e os custos de produção. O lucro é o


elemento que estimula o empresário a produzir, e, portanto, a oferecer bens e serviços no
mercado.

CURVA DE OFERTA
15

A Oferta de um determinado bem representa o volume total desse bem que os


produtores (vendedores) estão dispostos a vender a um determinado preço e em um
determinado período de tempo.

Similarmente à demanda, a oferta também é influenciada por diversas variáveis, entre


elas:
 Preço do bem. Para decidir qual será a quantidade a ser ofertada no mercado, sem
dúvida em primeiro lugar, os vendedores levarão em consideração o nível de preço
do bem;
 Preço dos insumos utilizados na produção. Alterações nos níveis de preço das
matérias-primas, dos combustíveis, da energia e de outros insumos terão como
conseqüência alterações na quantidade a ser ofertada no mercado;
 Tecnologia. Inovações tecnológicas que reduzam o custo de produção de
determinado bem ou propiciem sua proporção em maiores quantidades ao mesmo
custo tornarão sua oferta mais abundante;
 Preço de outros bens. O agricultor, por exemplo, ao considerar quanto produzirá de
milho levará em conta não apenas o preço do mesmo mas também o preço de uma
cultura alternativa tal como o feijão; este mesmo fato pode ocorrer também com
produtos industriais, quando a fábrica tem a opção de produzir mais de um bem (dois
tipos de parafusos ou pneus, por exemplo).
Estabelecendo-se uma relação entre a quantidade ofertada de um bem e o seu preço
de mercado, obtém-se a curva de oferta, ou função oferta. A quantidade ofertada depende
ou “é função” do preço. O sentido dessa relação é estabelecido pela Lei da oferta. De acordo
com essa lei, quanto maior for o preço de um bem, maior será a quantidade ofertada desse
bem e vice-versa. Em outras palavras, há uma relação direta entre o preço de um bem e a
quantidade ofertada. Preços maiores oferecem uma margem mais elevada de lucro. A oferta de
um bem é, portanto, uma função direta ou crescente do preço.

 Oferta agregada ou oferta de mercado – é a soma das ofertas individuais. Ex.:


somando-se para cada preço as quantidades de laranjas que cada um dos produtores
estaria disposto a vender, obtém-se a Curva de Oferta de Mercado.
16

4. O MERCADO

Mercado é, em essência, um fenômeno bilateral, no qual os compradores se


defrontam com os vendedores. Os compradores dispõem de dinheiro que desejam trocar por
bens e serviços e os vendedores dispõem de bens e serviços que desejam permutar por
dinheiro. Concretamente, o mercado é formado pelo conjunto de instituições em que são
realizadas as transações comerciais (feiras, lojas, Bolsas de Valores, de Mercadorias, etc.). A
formação e o desenvolvimento de um mercado pressupõem a existência de um excedente
econômico intercambiável.
Antigamente, a palavra mercado tinha uma conotação geográfica que hoje não mais
subsiste, uma vez que os avanços tecnológicos nas comunicações permitem que haja
transações econômicas até sem contato físico entre o comprador e o vendedor, tais como as
vendas por telefone. Alguns mercados são lugares reais onde as pessoas vão comprar bens,
como, por exemplo, a Ceasa, os mercados de frutas e verduras do Ver-o-peso, de Batista
Campos, do Telégrafo, etc, em Belém, capital do Estado do Pará. Em outros casos, como
ocorre no mercado de jogadores profissionais de futebol ou de basquete, ou no caso de títulos
da dívida pública, as pessoas realizam por telefone a maior parte das transações. Há ainda
mercados menos organizados, como o de locação de imóveis.
O mercado pode ser:
 Mercado interno ou mercado doméstico - é o conjunto de agentes que compra e
vende mercadorias, serviços, títulos e moedas dentro do território de determinado país.
No mercado interno, as compras e vendas de bens e serviços são pagas com uma única
moeda.
 Mercado externo - consiste na compra e venda de bens e serviços entre residentes e
não residentes de um país. As transações econômicas entre países compreendem,
além de importações e exportações de mercadorias, as prestações de serviços de toda
espécie, os movimentos de capitais, de ouro e de moeda corrente. As diferenças
existentes entre o comércio interno e o comércio externo são de caráter prático e geral.
O principal determinante de ambos é a divisão do trabalho. Porém, no comércio externo
entram em jogo duas moedas diferentes (ou três, quando o pagamento é efetuado em
moeda de um terceiro país), as legislações dos países envolvidos na troca, e,
principalmente, a legislação que disciplina as transações com o exterior, visando
proteger os interesses nacionais em relação aos estrangeiros.

O PREÇO DE EQUILÍBRIO

A oferta e a demanda de um determinado bem conjuntamente determinam o preço


de equilíbrio no mercado de concorrência perfeita. O preço de equilíbrio é definido como o
preço que iguala as quantidades demandadas pelos compradores e as quantidades ofertadas
pelos vendedores, de tal modo que ambos os grupos fiquem satisfeitos.
O preço e a quantidade de equilíbrio de mercado são determinados pela interação
entre demanda e oferta, isto é, no ponto de equilíbrio demanda e oferta são iguais.
Graficamente, o equilíbrio é estabelecido no ponto de interseção das curvas de demanda e de
oferta. Quando o preço do bem for superior ao preço de equilíbrio de mercado, a quantidade
ofertada será maior que a quantidade demandada; neste caso, existe um excedente ou
excesso de oferta ou ainda, uma escassez de demanda. Quando o preço do bem for menor
que o preço de mercado, a quantidade ofertada será menor que a quantidade demandada,
ocorrendo, no mercado, um excesso de demanda ou escassez de oferta.

CLASSIFICAÇÃO DOS MERCADOS


Os mercados de produtos são classificados de acordo com dois critérios. O primeiro
diz respeito à importância da empresa no mercado em que opera e o segundo refere-se ao fato
17

de os produtos vendidos no mercado serem homogêneos ou não. Com base nesses critérios,
os mercados são classificados em quatro tipos:
 Concorrência perfeita;
 Monopólio;
 Oligopólio;
 Concorrência monopolística.
A concorrência perfeita é um tipo de mercado que exige um número bastante grande
de empresas vendendo o mesmo produto. Esse produto é idêntico em todas as empresas, ou
seja, o produto oferecido nesse mercado é homogêneo. Cada empresa, tomada
individualmente, não é importante em seu mercado, pois ela contribui com tão pouco para a
oferta total que a sua saída do mercado não é percebida. Nesse tipo de mercado, os agentes
econômicos são tão pequenos em relação ao mercado, que não exercem influência sobre o
preço. Além disso, os consumidores devem conhecer se o mercado é competitivo para não
comprar a preços altos, quando outros menores estão disponíveis; os trabalhadores também
devem estar conscientes sobre os salários oferecidos no mercado e os produtores devem
conhecer seus custos, a fim de atingir o máximo lucro. A concorrência perfeita é um tipo de
mercado que, apesar de largamente empregado na teoria econômica, não é encontrado
facilmente no mundo real. O exemplo que mais se aproxima desse tipo de mercado é o de
produtos agrícolas.
Portanto, as quatro condições que definem a concorrência perfeita são:
 Existência de elevado número de ofertantes e demandantes. Implica que a decisão
individual de cada um deles exercerá pouca influência sobre o mercado global. Assim,
se um produtor individual decide aumentar ou reduzir a quantidade produzida, esta
decisão não influi sobre o preço de mercado do bem que produz.
 Homogeneidade do produto. Supõe que não existe diferença entre o produto que
vende um ofertante e o que vende os demais.
 Livre entrada e saída das empresas. Todas as empresas participantes poderão entrar
e sair do mercado de forma imediata. Assim, por exemplo, se uma empresa está
produzindo calçados esportivos e não obtém lucros, abandonará essa atividade e
começará a produzir outros bens mais lucrativos.
 Transparência do mercado. Requer que todos os participantes tenham pleno
conhecimento das condições gerais em que opera o mercado. Assim, por exemplo, se
uma empresa obtiver uma inovação tecnológica no processo produtivo, as outras
saberão deste fato imediatamente.
O monopólio é um tipo extremo de mercado, em que apenas uma empresa vende um
produto para o qual não existem bons substitutos. A importância dessa empresa no mercado é
absoluta, pois com o encerramento de suas atividades o mercado deixaria de existir, pelo fato
de o bem fabricado por ela não ser mais ofertado. O produto ofertado nesse mercado é
diferenciado, não homogêneo, não havendo possibilidade de ser substituído por outros
satisfatoriamente. O monopólio também é uma situação de mercado dificilmente encontrada no
mundo real. Exemplo de monopólio: fornecimento de água.
O oligopólio é um regime de mercado intermediário entre a concorrência perfeita e o
monopólio. No oligopólio existe um número de produtores pequeno o suficiente para que cada
empresa seja importante, de modo que as ações de uma afetam as demais. Cada oligopolista
formula suas políticas levando em conta os efeitos que terão sobre seus rivais. Os bens
produzidos no regime de oligopólio, apesar de perfeitamente substituíveis entre si, são
diferenciados, permitindo que o consumidor saiba exatamente qual empresa produziu. Esse
regime de mercado talvez seja o mais comumente encontrado na vida real; são exemplos de
oligopólios a indústria automobilística e a indústria de bebidas, entre muitas outras. Embora
não existam barreiras explícitas, o poderio das grandes firmas que dominam o mercado é um
fator desestimulante à entrada de novas empresas no oligopólio.
Uma das características básicas desse tipo de mercado é a interdependência mútua.
Dado que as empresas determinam seus preços com base nas estimativas de suas funções de
demanda, levando em conta a reação de seus rivais, o normal será uma elevada dose de
incerteza. Para isso, existem diversas possibilidades:
1) adivinhar as ações dos rivais;
2) pôr-se de acordo sobre os preços e competir só na base da publicidade; e
18

3) formar cartel2, isto é, em vez de competir, cooperar e repartir o mercado.

A Concorrência Monopolística é uma situação de mercado que apresenta as


seguintes características: existe um grande número de firmas produzindo produtos ligeiramente
diferenciados que sejam substitutos próximos. A diferenciação do produto se dá por meio de
características do mesmo, tais como, qualidade, marca (griffe), padrão de acabamento,
existência ou não de assistência técnica. A ação isolada de uma qualquer firma não deverá ser
notada pelas demais; como exemplo de concorrência monopolística, temos as fábricas de
roupas da moda; um vestido é produzido por inúmeras fábricas, mas o comprador pode adquirir
aquele que é produzido pela fábrica de sua preferência. Também, serve como exemplo os
restaurantes, nos quais o produto é diferenciado pela natureza (comida japonesa, italiana,
brasileira típica, etc.), pela qualidade (boa, regular, ruim, etc.), pelas instalações (luxuosas,
simples, médias) e por variados outros fatores.

ESTRUTURA DO MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO

O mercado de fatores de produção também apresenta diferentes estruturas, a saber:


 Concorrência perfeita;
 Monopsônio;
 Oligopsônio;
 Monopólio Bilateral.

A Concorrência perfeita no mercado de fatores caracteriza-se pela existência de


uma oferta abundante do fator de produção (por exemplo, mão-de-obra não especializada), o
que torna o preço desse fator constante. Os ofertantes, como são em grande número, não têm
condições de obter preços mais elevados pelos seus serviços.
O Monopsônio é um mercado em que há apenas um único comprador. Imagine, por
exemplo, uma região em que há um número expressivo de pequenos produtores de leite e
apenas uma usina onde esse leite pode ser pasteurizado. A usina será a única opção de venda
para os produtores, de modo que ela terá condições de impor preços para a compra do leite.
O Oligopsônio é o mercado caracterizado pela existência de um pequeno número de
compradores. A indústria automobilística, por exemplo, constituída por um pequeno número de
empresas, tem um poder oligopsonista em relação à indústria de autopeças, uma vez que é
responsável por um grande volume de compras da produção desta última. As grandes
empresas beneficiadoras de produtos agrícolas também formam um oligopsônio em relação
aos agricultores, já que compram uma parcela expressiva da produção destes.

O Monopólio Bilateral ocorre quando um monopsonista, na compra de um fator de


produção, defronta-se com um monopolista na venda desse fator. Por exemplo, a Bom-Bril
compra um tipo de aço que apenas a Siderúrgica Belgo Mineira produz. O preço de mercado
dependerá do poder de barganha de cada uma.

2
Cartel é um agrupamento de empresas que procura limitar a ação das forças da livre concorrência para
estabelecer um preço comum e/ou alcançar uma maximização conjunta de lucros. Esses acordos, porém, tendem a
serem instáveis, porque cada membro do cartel tem incentivos para baixar os preços e vender mais do que sua quota.
O atrito entre os interesses coletivos do cartel e os individuais de seus integrantes freqüentemente acaba em “guerras
de preços”, nas quais cada empresa procura aumentar sua participação no mercado.
19

5. CONSUMO E POUPANÇA

O consumo e a poupança de uma família estão fortemente condicionados por sua


renda. Portanto, a renda do país é determinante do consumo e da poupança. Parte da renda
das famílias se destina ao consumo, e a parte excedente, à poupança. As famílias de mais
baixa renda tendem a destinar a maior parte da renda, ou mesmo integralmente, ao consumo.
A renda disponível é a renda com a qual os indivíduos contam, depois de pagarem os impostos
e receberem os subsídios.
Consumo - representa o total de gastos realizados por uma pessoa em bens e
serviços necessários à sua sobrevivência e à satisfação de suas necessidades. O consumo da
economia ou consumo agregado é a soma das despesas de consumo realizadas por todas as
pessoas, em um determinado período de tempo.
Os gastos das famílias com a aquisição de bens de consumo (C) são função crescente
de sua renda disponível (YD = renda menos a tributação = Y – T). Assim, quanto maior a renda
disponível, maior o consumo. Por outro lado, também é racional supor que, à medida que a
renda disponível aumente, uma proporção cada vez menor desta renda seja destinada ao
consumo e uma proporção cada vez maior seja destinada à poupança.
Poupança - As pessoas podem realizar todas as despesas necessárias à satisfação
de suas necessidades e ainda restar uma parte de sua renda. Essa parte recebe o nome de
poupança, que é a diferença entre a renda disponível e o consumo das pessoas. Poupança é,
portanto, a parte da renda das pessoas que não é gasta com a aquisição de bens e serviços.
S = Yd – C
Quando se fala em renda, trata-se do fluxo monetário do sistema econômico, uma vez
que a renda é composta pela remuneração feita aos fatores de produção no processo
produtivo. Entretanto existe o lado real da economia que é igual ao lado monetário, ou seja, a
renda é igual ao produto. Esta igualdade indica que o total de bens e serviços produzidos por
período de tempo é vendido para que a receita gerada remunera os fatores de produção.
A poupança da economia é igual ao investimento, que é formado pela variação nos
estoques e pelos gastos dos empresários para aumentar a capacidade produtiva. Poupança
igual a investimento (S = I) é uma igualdade fundamental da macroeconomia3.

COMPONENTES DO CONSUMO

O último agregado macroeconômico é a renda pessoal disponível, ou seja, aquele


montante que as pessoas têm a seu dispor para consumir ou poupar. Com a renda disponível o
indivíduo realiza gastos necessários à sua sobrevivência e para satisfação de suas
necessidades. Estes gastos podem ser divididos em três componentes, dependendo da
natureza do bem ou serviço que for adquirido:
 O primeiro componente é formado pelos bens de consumo não duráveis, ou seja,
aqueles cuja vida útil é curta, como alimentos e roupas;
 O segundo componente é denominado de serviços de consumo, ou seja, serviços
prestados por outras pessoas com vistas à satisfação das necessidades humanas,
como aluguel e transporte;
 O terceiro componente do consumo corresponde aos bens de consumo duráveis, isto
é, bens com vida útil bastante longa, como eletrodomésticos e automóveis.

3
Macroeconomia é o ramo da economia que estuda os agregados econômicos.
20

6. EMPREGO

MERCADO DE TRABALHO

Com o surgimento do sistema capitalista de produção e conseqüentemente a


utilização do trabalho assalariado em larga escala, emerge o mercado de trabalho como uma
instituição fundamental ao funcionamento da economia. De uma forma bastante ampla, ele
pode ser entendido como a compra e venda de serviços de mão-de-obra, representando o
lugar, onde trabalhadores e empresários se confrontam e, dentro de um processo de
negociações coletivas que ocorre algumas vezes com a interferência do Estado, determinam
conjuntamente os níveis de salários, o nível de emprego, as condições de trabalho e os demais
aspectos relativos às relações entre capital e trabalho.
O mercado assim definido denomina-se mercado formal de trabalho, o qual
contempla as relações contratuais de trabalho, em grande parte determinadas pelas forças de
mercado, ao mesmo tempo em que são objeto de legislação específica que as regula. Em
contraposição, existe o chamado mercado informal de trabalho, onde prevalecem regras de
funcionamento com um mínimo de interferência governamental.
A importância do mercado de trabalho pode ser observada por óticas variadas dentro
da teoria econômica:
a) Do ponto de vista microeconômico o mercado constitui-se num caso particular da
teoria dos preços, sendo imprescindível na determinação dos níveis de salários e
emprego;
b) Do ponto de vista macroeconômico, ele contribui para a compreensão da
determinação do nível de demanda agregada, do produto e do emprego;
c) Outra ótica a ser observada diz respeito à sua importância socioeconômica, na qual
se formam inúmeras variáveis de profunda repercussão sobre o cotidiano dos
trabalhadores, tais como salários (reais e nominais), desemprego, rotatividade,
produtividade, etc.
No Brasil, o mercado de trabalho é importante na medida em que se relaciona com
outros aspectos relevantes, como crescimento populacional, necessidade de absorção de mão-
de-obra, migrações e pobreza. Além disso, a experiência tem mostrado que, sob uma ótica
puramente econômica, grande parte do ajuste da economia tem, historicamente, recaído sobre
o mercado de trabalho, com os trabalhadores sendo penalizados na forma de quedas do
salário real, elevação do desemprego, aumento da miséria e deterioração das condições de
trabalho.
O mercado de trabalho não pode ser analisado isoladamente do contexto da
economia. As modificações das principais variáveis que o determinam – salários, emprego,
desemprego, rotatividade e produtividade – são condicionadas, basicamente, pelo nível de
flutuação da economia.
Regra geral, em períodos longos, o crescimento econômico conduz a um crescimento
dos principais indicadores do mercado de trabalho. Os salários reais sobem, pois, com o
crescimento, maiores quantidades de bens são colocados à disposição da coletividade, assim
como o nível de produtividade é maior. O emprego cresce porque se ampliam as oportunidades
de trabalho. A produtividade cresce porque, regra geral, utiliza maior quantidade de capital.
Além disso, os trabalhadores educam-se e treinam-se, tornando-se mais eficientes. A
rotatividade cresce, porque com a ampliação das oportunidades de emprego, os trabalhadores
têm maiores chances de mobilidade ocupacional.

Indicadores do mercado de trabalho.

Para entender-se o que vem a ser o mercado de trabalho, em termos de indivíduos


que o constituem, é necessário classificar a população segundo a atividade econômica que
cada um exerce. É possível conceituar o que se denomina força de trabalho ou População
21

Economicamente Ativa – PEA, que, em última instância, representa os elementos que irão
constituir o mercado de trabalho.
Entende-se por PEA o conjunto de elementos empregados (E) e desempregados (D),
num dado instante do tempo. A PEA é um subconjunto da População de Idade Ativa – PIA. No
Brasil adota-se o critério de 10 anos como limite mínimo para a idade ativa.

Os principais indicadores do mercado de trabalho são:

 Taxa de participação da força de trabalho. Este indicador reflete o nível de


engajamento da população nas atividades produtivas. tp = PEA
PIA
 Taxa de desemprego. O quociente entre a parcela desempregada da PEA e o seu total
é denominado de taxa de desemprego da economia. Este índice tende a refletir
desequilíbrios no mercado de trabalho. TD = D = D
PEA E+D
 Índice de emprego. É usado para medir a proporção da população economicamente
ativa que, após certa idade, é empregada. Indica o contingente de trabalhadores
disponíveis e utilizados pelas firmas. TE = E = E
PEA E+D

OFERTA E DEMANDA DE EMPREGO

Como em todo mercado, no de trabalho, o salário de equilíbrio é determinado


mediante a ação conjunta da demanda e da oferta de trabalho.
A oferta de trabalho, que realizam os trabalhadores, é o número de pessoas que
estão dispostas a oferecer seu tempo para executar um trabalho, segundo o nível de salários.
A oferta de trabalho aumenta quando o nível de salários é maior: em outras palavras, a
disposição para trabalhar aumenta conforme os salários crescem.
A Oferta de trabalho em um país é determinada por uma série de fatores demográficos
e estruturais que podem ser resumidos nos seguintes pontos:
 O tamanho da população total;
 A proporção da população que está em idade de trabalhar.
Quando se observam as diferenças salariais existentes entre as distintas ocupações, o
relevante é analisar os fatores que determinam a oferta de trabalho para ocupações reais. Em
certo sentido, isso é uma questão estritamente relacionada com as preferências e a mobilidade
do trabalho entre as ocupações. Se o trabalho se caracteriza por uma elevada mobilidade entre
as ocupações, as fortes diferenças salariais tenderão a desaparecer.
No mundo real, essas diferenças existem, o que sugere que existem fortes restrições à
mobilidade ocupacional. Se um emprego exige uma habilidade especial, um nível educacional
elevado, por exemplo, a curto prazo, a oferta de trabalho para esse emprego não poderá
aumentar de forma apreciável, de forma que o aumento substancial dos salários provocará um
pequeno aumento da oferta.
Se, pelo contrário, o emprego requer formação especial, sendo uma atividade que se
pode aprender facilmente, a oferta será muito sensível a aumentos nos salários. Um ligeiro
aumento nos salários provocará um forte aumento na oferta de trabalho.
Deve-se destacar que existem outros tipos de diferenças salariais, algumas das quais
se devem à natureza do trabalho desenvolvido. Desse modo, se o serviço é desagradável ou
prejudicial à saúde, poucos trabalhadores irão sentir-se inclinados a prestá-lo, fazendo com
que se elevem os salários. Em outras ocasiões, as diferenças salariais devem-se ao produto
elaborado pelos trabalhadores. Se o produto experimenta uma forte demanda, haverá grande
cobrança desse tipo de trabalhador e, em conseqüência, os salários aumentam. Assim, na
atualidade a remuneração média no setor eletrônico é maior que no de siderurgia.
A Demanda de trabalho é o número de pessoas que as empresas estão dispostas a
contratarem a cada nível de salário. É lógico pensar que, se a partir de uma determinada
situação os salários se reduzem, os empresários estarão dispostos a demandar uma
22

quantidade maior de trabalho. Por isso, é de se esperar que a curva de demanda de trabalho
tenha inclinação descendente.

A demanda de trabalho completada pelas empresas é realizada devido aos seguintes


fatores: os salários, a produtividade e os preços dos bens e serviços produzidos:
 A demanda de mão-de-obra realizada pelas empresas depende fundamentalmente do
nível de salários. Se os salários aumentam, a demanda de trabalho reduzirá, já que
será mais caro contratar mão-de-obra.
 A demanda de mão-de-obra também depende da produtividade do trabalho, de forma
que um salário mais elevado pode compensar com maior produtividade.
 Os preços dos bens e serviços produzidos pelo trabalho também incidem sobre a
demanda de trabalho. Assim, se aumenta o preço das habitações, as empresas
construtoras aumentam suas atividades e contratam mais mão-de-obra.

A ação conjunta da oferta e da demanda de trabalho determina o salário e o nível de


emprego de equilíbrio.
23

UNIDADE II
7 ECONOMIA MONETÁRIA

A MOEDA: SUA HISTÓRIA E SUAS MODALIDADES

Moeda é tudo aquilo que serve como meio de troca num sistema econômico.

Nos primeiros momentos em que a divisão do trabalho começou a ser praticada,


estruturaram-se os primeiros sistemas de trocas, baseados no escambo, ou seja, trocas em
espécie (produto por produto, produto por serviço ou serviço por serviço). Todavia, o escambo
era de difícil operacionalidade e para eliminar os problemas resultantes do seu primitivismo,
surgiram os instrumentos monetários.

Com a evolução da sociedade, certas mercadorias, como o sal, o gado e o algodão,


passaram a ser aceitas como objetos de trocas, dando origem à moeda-mercadoria, que é,
historicamente, a primeira forma de moeda.

Mais tarde, os metais preciosos passaram a assumir a função de moeda por serem
limitados na natureza, duráveis e divisíveis. Para exercer o controle sobre os metais em
circulação, foi implantada a “cunhagem” da moeda pelos governantes, dando origem à moeda
metálica.

Como as rotas de comércio eram precárias e não havia segurança para os


mercadores, eles deixavam seus metais (ouro e prata) com os ourives, em cofres seguros e
recebiam um recibo que atestava a quantidade de metal deixada; esse papel passou a
funcionar como moeda, já que possuía lastro no metal depositado; assim, originou-se a
moeda-papel. Entretanto, havia sempre uma quantidade de ouro que não era retirada dos
cofres, por isso, os banqueiros passaram a emitir certificados num montante superior ao
estoque de metais preciosos que tinham sob sua guarda. Os certificados emitidos, devido à
sua aceitação generalizada, passaram a circular mais que as próprias peças metálicas. Seu
valor decorria simplesmente da confiança geral em sua plena conversibilidade. Surgiu, então, o
papel-moeda, que permitiu aos banqueiros fazerem negócios lucrativos.

TIPOS DE MOEDAS:

 Moeda-papel – é a forma de moeda que, embora seja fiduciária, isto é, um título de


crédito emitido pelo governo, representa uma equivalência metálica, podendo ser
trocada por metais preciosos a qualquer momento. São certificados emitidos mediante
lastro metálico integral. Concretamente, são os bilhetes de banco (notas de banco), ou
cédulas do tesouro conversíveis em ouro ou prata, conforme o sistema monetário
prevalecente;
 Moedas metálicas – emitidas pelo Banco Central constituem parte da oferta monetária;
são cunhadas em metal não precioso, trazendo impresso seu valor;
 Papel-moeda – emitido pelo Banco Central, representa parcela significativa de dinheiro
em poder do público. São notas bancárias emitidas sem lastro metálico;
 Moeda Manual – é o conjunto formado pelas moedas metálicas e pelo papel-moeda, ou
seja, é a moeda que integra o meio circulante de uma economia;
 Moeda escritural – é representada pelos depósitos à vista nos bancos comerciais;
 Moeda fiduciária – emitida pelos bancos centrais, tem curso obrigatório por lei.
24

A moeda fiduciária não tem um valor próprio, decorrente do material que é fabricada.
Seu valor vem da garantia que o governo estabelece através das autoridades monetárias. É a
moeda de curso legal e obrigatório no país, com a qual devem ser feitas todas as transações
comerciais e financeiras. No Brasil a moeda fiduciária é o Real. Com o desaparecimento do
padrão-ouro, que era o sistema monetário que vinculava a emissão de papel-moeda à
existência de um estoque de ouro que servisse de lastro, ou seja, de garantia à moeda
circulante no país, o país emite moeda baseado na quantidade suficiente para o funcionamento
do sistema econômico.

Modernamente, os recursos monetários sobre os quais operam as economias


compreendem a moeda manual (papel-moeda e moeda metálica) e a moeda escritural,
representada pelos depósitos à vista no sistema bancário. A totalização dos meios de
pagamentos de um sistema contemporâneo compreende: moedas metálicas e papel-moeda
em poder do público, mais os depósitos á vista no sistema bancário, isto é, moeda manual mais
moeda escritural.

AS FUNÇÕES DA MOEDA

A fim de cumprir seu papel, a moeda desempenha algumas funções:


a) Instrumento ou meio de troca – por ter aceitação geral, serve para intermediar o fluxo
de bens, serviços e fatores de produção da economia;
b) Reserva de valor – sua posse caracteriza a liquidez por excelência e seus detentores
podem ser levados a reservá-las por motivos diferentes;
c) Unidade de conta ou medida de valor – ela possibilita que sejam registrados em
unidades monetárias os valores de todos os bens e serviços produzidos pelos sistemas
econômicos.

DEMANDA E OFERTA DE MOEDA

Demanda por moeda

As pessoas demandam e retêm moeda por várias razões. A razão óbvia está no fato
de que a moeda como meio de troca é a maneira mais eficaz de um indivíduo adquirir os bens
e serviços que necessita. Entretanto, como uma pessoa não gasta toda a sua renda no
momento em que a recebe, existem três razões fundamentais para manter o dinheiro em seu
poder:
a) Demanda da moeda para transações – refere-se à parcela de renda retida para
pagamentos das despesas comuns de uma família no decorrer do mês, como aluguel,
luz, etc.
b) Demanda de moeda para precaução – refere-se àquela parte da renda retida para
fazer frente a imprevistos, como problemas de saúde, etc.;
c) Demanda de moeda para especulação – é aquela parcela da renda das pessoas que
poderia ser aplicada em títulos e fica retida, pelo fato de a taxa de juros estar baixa e as
pessoas aguardarem sua elevação para comprar títulos.

A demanda por moeda tem um componente influenciado pela taxa de juros – a


demanda especulativa – e um componente que não depende da taxa de juros – a demanda
para transações e por precaução (depende da renda).

Se tanto a demanda de transação como a demanda de precaução constituem função


da renda, as duas podem ser combinadas, de modo que: Lt = kY. O saldo de especulação que
as pessoas desejarão manter varia inversamente com a taxa de juros: Ls= l(r). A demanda
total por moeda é: Lt + Ls = kY + l(r)
25

Oferta de moeda

Oferta de Moeda é o suprimento de moeda para atender às necessidades da


coletividade. A emissão ou oferta de moeda é atribuição exclusiva do governo e não depende
da taxa de juros, mas da política econômica do governo, que determina a quantidade de
moeda necessária por período de tempo, geralmente de um ano.

A oferta de monetária é o total de moeda que o público tem à sua disposição para o
pagamento de transações. A oferta de moeda é constituída pelo total dos meios de
pagamentos4. O governo controla diretamente uma parcela da oferta monetária ao decidir,
através das Autoridades Monetárias, o volume de moeda que será emitido. Entretanto, há uma
parcela dos meios de pagamentos que está sob o controle apenas indireto do Governo, que é
constituída pelos depósitos à vista do público nos bancos comerciais.

Basicamente, a emissão de moeda é condicionada pelo crescimento do produto da


economia. Se, num determinado período, a emissão for superior ao crescimento do produto, ou
seja, se houver excesso de liquidez, pode ocorrer inflação. Por outro lado, caso o aumento da
oferta de moeda seja menor que o crescimento do produto, pode ocorre crise na economia,
porque a falta de moeda, fenômeno que recebe o nome de crise de liquidez ou falta de
liquidez, dificulta as transações e prejudica o sistema econômico, ocasionando queda no
produto. A oferta de moeda é determinada pelo governo e não é alterada pelas variações na
taxa de juros de mercado, daí porque, graficamente, ela é representada por uma linha vertical.
Apenas a demanda por moeda é influenciada pela taxa de juros de mercado.

Conforme os tipos de depósitos:


 M1 = papel-moeda em poder do público + depósitos à vista.
 M2 = M1 + títulos federais em poder do público + FAF (fundos de aplicação
financeira) + DER (depósitos especiais remunerados).
 M3 = M2 + depósitos de poupança.
 M4 = M3 + títulos privados (CDB e letras de câmbio).

A TAXA DE JUROS DE EQUILÍBRIO

Taxa de juros - é o preço da moeda, isto é, o preço do dinheiro no mercado


financeiro. Assim, no mercado financeiro, o dinheiro se transforma numa mercadoria, cujo
preço é a taxa de juros.

Se um indivíduo ou uma empresa deseja obter dinheiro extra para financiar seus
gastos, pode fazê-lo pedindo emprestado. O preço que tem de pagar é a taxa de juros do
empréstimo; como todo preço, se a oferta monetária aumenta, o preço da taxa de juros cai.
Esta situação acontecerá sempre que os bancos desejarem emprestar mais dinheiro. Já que
terão que baixar as taxas de juros para animarem seus clientes para pedir emprestado. Por
outro lado, se a oferta monetária reduz-se, a taxa de juros aumenta, pois, ao se escassear o
dinheiro, os demandantes dispõem-se a pagar taxas de juros mais elevadas pelo dinheiro
disponível. Levando-se em conta essa dependência entre a taxa de juros e a oferta monetária,
quando o BACEN fixar limites ao crescimento da oferta monetária, automaticamente, ele estará
condicionando a taxa de juros, dado que uma redução na oferta monetária tenderá a elevar a
taxa de juros, enquanto uma expansão provocará uma queda.

4
Meios de pagamentos = moeda em poder do público + depósitos bancários à vista nos bancos comerciais.
26

A taxa de juros de equilíbrio é determinada no mercado monetário5, onde se


encontram a oferta e a demanda de moeda. O processo é idêntico ao que determina o preço
de uma mercadoria no mercado de bens e serviços, uma vez que a taxa de juros é o preço do
dinheiro.

A taxa de juros é estabelecida da seguinte forma: a oferta de moeda é determinada


pelo governo, e é com a quantidade emitida por ele que o sistema econômico vai trabalhar.
Assim, se houver uma procura muito grande por moeda, como resultado do crescimento das
atividades econômicas, por exemplo, ela se tornará escassa e as pessoas estarão dispostas a
pagar um preço maior para poder adquiri-la. Esse é o princípio que explica o aumento da taxa
de juros. Por outro lado, se a procura de moeda diminuir, por qualquer razão, ela se tornará
abundante, fazendo com que seu preço, a taxa de juros, diminua.

5
Mercado monetário é onde se encontram a oferta e a demanda por moeda e se determina a taxa de juros de
equilíbrio.
27

8 SISTEMA FINANCEIRO

O SISTEMA FINANCEIRO.

Para realizar os planos de consumo e de investimento da economia são necessários


recursos financeiros. No processo de financiamento da economia aparece um grupo de
ofertante de recursos financeiros, um outro de demandantes e um conjunto de instituições
financeiras que servem de intermediárias no processo. Portanto, o Sistema financeiro é
constituído pelo conjunto de instituições privadas e públicas que fazem a intermediação entre
os demandantes (agentes deficitários6) e ofertantes (agentes superavitários) de recursos
financeiros.

O sistema financeiro é formado pelos bancos comerciais, pelos bancos de


investimento, pelas sociedades de crédito, financiamento e investimento e pelas bolsas de
valores. Essas entidades captam recursos junto aos agentes superavitários, como o caso dos
depósitos à vista nos bancos comerciais, e os repassam aos agentes deficitários sob a forma
de empréstimos, por exemplo.

O processo de intermediação financeira7 tem um custo, que é a taxa de juros.


Naturalmente, os agentes superavitários só concordam em transferir seus recursos aos
agentes deficitários mediante essa taxa de juros, que representa sua remuneração. A
remuneração dos superavitários é feita diretamente pelo sistema financeiro, que dessa maneira
consegue atrair e captar recursos. Uma vez de posse desses recursos, o sistema financeiro
pode emprestá-los aos agentes deficitários, cobrando taxas de juros e comissões por esses
serviços.

A remuneração do sistema financeiro corresponde à diferença entre a taxa de juros


paga aos poupadores e a taxa de juros cobrada dos tomadores de empréstimos. Essa
diferença é denominada de spread.

O sistema financeiro é constituído por quatro mercados:


 Mercado monetário – onde se estabelece o nível geral de liquidez da economia.
 Mercado de crédito – onde são supridas as necessidades de caixa para operações
correntes e formação de capital, através de recursos exigíveis.
 Mercado de capital – onde se transacionam os recursos não exigíveis, quotas-
partes do capital das empresas.
 Mercado cambial – onde se realizam as operações de compra e venda de moedas
estrangeiras.

A ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL


O Sistema Financeiro Nacional é o conjunto de instituições financeiras voltadas para
a gestão da política monetária do governo, sob a orientação do Conselho Monetário Nacional
(CMN). A organização atual do Sistema Financeiro Nacional foi estabelecida inicialmente
pela Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964 e, depois, pela Lei 4.728, de 14 de julho de 1965. A
partir dessa época, o sistema financeiro brasileiro passou a constituir-se de bancos comerciais,

6
Os conceitos de déficit e superávit estão associados ao esquema contábil de débito e crédito. Quando o crédito é
maior que o débito (saldo positivo), tem-se um superávit. Em caso contrário, tem-se um déficit.
7
Intermediação financeira: é o processo de transferência de recursos dos agentes superavitários para os
deficitários, realizado pelo sistema financeiro.
28

bancos de investimento, sociedades financeiras e bancos oficiais. O sistema financeiro está


integrado por um conjunto de intermediários financeiros. Entre estes cabe estabelecer duas
categorias fundamentais: os que têm capacidade para criar dinheiro formam o sistema
monetário e os que não têm capacidade para criá-lo fazem parte do sistema não-monetário.

O Conselho Monetário Nacional é o órgão máximo de todo o sistema financeiro


nacional e entre as suas atribuições, destacam-se:
 A autorização da emissão de papel-moeda;
 A fixação dos coeficientes de encaixes obrigatórios sobre os depósitos à vista e á
prazo;
 A regulamentação das operações de redesconto;
 O estabelecimento de diretrizes ao Banco Central para operações com títulos
públicos;
 A regulamentação das operações de câmbio e a política cambial;
 A aprovação do orçamento monetário elaborado pelo Banco Central.

O Conselho Monetário Nacional e o Banco Central do Brasil são Autoridades


Monetárias, pois constituem o Subsistema Normativo do Sistema Financeiro

Intermediários Financeiros do Sistema Monetário

Os intermediários financeiros que fazem parte do sistema monetário são o banco


central, os bancos comerciais, os bancos múltiplos e as caixas econômicas.

O Banco Central do Brasil (BACEN) é um caso atípico de intermediário financeiro,


pois não pode trabalhar com particulares nem com empresas. O Banco Central concede
financiamento ao resto do mundo, ao setor público e a outros intermediários financeiros.

O Banco Central do Brasil é o órgão executor da política monetária, além de exercer


a regulamentação e fiscalização de todas as atividades de intermediação financeira no país.
Dentre suas atribuições destacam-se:
 A emissão de moeda;
 O recebimento dos depósitos obrigatórios dos bancos comerciais e dos depósitos
voluntários das instituições financeiras em geral;
 A realização de operações de redesconto de liquidez e seletivo;
 As operações de open market8;
 O controle de crédito e das taxas de juros;
 A fiscalização das instituições financeiras e a concessão da autorização para seu
funcionamento.

O Banco Central do Brasil pode funcionar como:


 Banco dos bancos: o fluxo de caixa dos bancos tanto pode apresentar insuficiência de
recursos como excesso. No primeiro caso precisam ser socorridos e quem o faz é o
BACEN. No segundo caso, para não deixar os recursos ociosos, deposita-os, também no
BACEN. Além disso, há a necessidade de transferência de fundos entre os bancos
comerciais, como resultado positivo ou negativo da Câmara de Compensações, de cheques
e outros papéis, o que é feito através de suas contas no Banco Central. A Câmara de
Compensações de cheques e outros papéis é realizada pelo Banco do Brasil e é o local
onde todos os bancos se reúnem para trocar seus débitos e créditos do dia.
 Banco do Governo: Grande parte do recursos do Governo são depositados no BACEN;
quando o Governo necessita de recursos, saca junto ao BACEN em contrapartida à entrega
de títulos da dívida pública.

8
Operações de Open Market ou operações com Mercado Aberto consistem na compra e venda de títulos pelo
governo.
29

O banco comercial é uma instituição financeira pública ou privada especializada em


operações de crédito de curto e médio prazos, com o objetivo de proporcionar crédito ao
comercio, à indústria, à agricultura, às empresas prestadoras de serviços e às pessoas. Os
bancos comerciais mantêm parte de seus fundos em efetivo e a outra parte é destinada à
concessão de financiamento para o setor privado, isto é, particulares e empresas, mediante
crédito, empréstimos e aquisição de obrigações e ações e para o setor público. O Banco do
Brasil, hoje, é, fundamentalmente, um banco comercial, embora ainda conserve algumas
funções que não comuns aos bancos comerciais, tais como operar a Câmara de Compensação
de Cheques, administrar o Departamento de Comércio Exterior, além de executar a política de
preços mínimos de produtos agropecuários.

A atividade bancária compreende as funções básicas: receber depósitos e efetuar


empréstimos. Por lei, os bancos comerciais são obrigados a manter reservas obrigatórias
iguais a um certo percentual dos depósitos à vista. Este percentual é fixado pelo Banco Central
do Brasil e faz parte dos instrumentos que essa instituição dispõe para controlar os meios de
pagamento. Os bancos comerciais também mantêm substancial volume de títulos federais,
estaduais e, em muitos casos, municipais. Mantêm, também, encaixes voluntários no Banco
Central, com o intuito de atender a desequilíbrios momentâneos de caixa, em geral,
provocados pelo serviço de compensação de cheques.

As Caixas Econômicas, dada a atual tendência de universalização que amplia cada


vez mais o leque de operações que cada tipo de intermediário financeiro pode legalmente
fazer, tendem a equiparar-se aos bancos. De qualquer modo, elas estão especializadas na
captação de fundos dos pequenos poupadores por meio de depósitos de poupança. O Sistema
Financeiro de Habitação, com a extinção do Banco Nacional de Habitação (criado em 1964),
tem na Caixa Econômica Federal seu órgão máximo, embora atrelada á decisões do Conselho
Monetário Nacional. No Sistema Financeiro de Habitação encontram-se também as demais
caixas econômicas e as sociedades de crédito imobiliário.

Os Bancos Múltiplos podem realizar todas as operações dos bancos comerciais e


ainda podem, dependendo do tipo de carteira que possuem, realizar operações típicas de
bancos de investimento, empresas de crédito imobiliário e financeiras.

Intermediários Financeiros do Sistema Não-monetários

Dentre os intermediários do sistema não-monetário, ou os não-bancários, os mais


relevantes são: as companhias seguradoras, os fundos de pensão, as empresas de leasing, as
corretoras e as financeiras.

As companhias seguradoras emitem como ativo financeiro específico as apólices de


seguro, o que lhes permite oferecer determinadas indenizações no acaso de que se produza o
evento segurador. Essas companhias, na expectativa de ocorrer o sinistro, constituem grandes
reservas de dinheiro que são investidos em outros intermediários financeiros e em títulos de
renda fixa.

Os fundos de pensão têm como objetivo complementar, ou suprir as pensões que o


seguro social paga depois da aposentadoria. O período que deve transcorrer até a realização
de seus pagamentos permite-lhes investirem em ativos de longo prazo.

As sociedades de crédito imobiliário captam seus recursos mediante caderneta de


poupança. Os recursos assim obtidos devem ser investidos em construção civil.

As empresas de leasing (arrendamento mercantil) dedicam-se a financiar em


espécie, cedendo a seus clientes bens de equipamento e imóveis em troca de uma quota
periódica. Ao fim do contrato, o bem em questão está totalmente amortizado, e se desejar, o
cliente poderá adquiri-lo por uma pequena quantia residual.
30

As financeiras são instituições financeiras privadas especializadas, basicamente, em


operações de crédito para financiar a compra de bens e serviços do consumidor. Elas
captam seus recursos através de letras de câmbio vendidas a clientes de médio e grande
porte, e canalizam seus recursos para o financiamento de bens duráveis (eletrodomésticos e
automóveis).

As corretoras especializam-se em intermediar recursos. Algumas operam no mercado


de ações, outras no mercado de câmbio, commodities9, etc.

9
Commodities – nas relações comerciais, o termo designa um tipo particular de mercadoria em estado bruto ou
produto primário de importância comercial, como é o caso do café, do chá, da lã, do algodão, da juta, do estanho, do
cobre, etc.
31

9 INFLAÇÃO

A DEFINIÇÃO E A MEDIA DA INFLAÇÃO

A inflação é definida como sendo uma alta persistente e generalizada dos preços da
economia.

A alta dos preços deve ser persistente. Assim, uma economia que apresente num
determinado semestre um crescimento de preços da ordem de 4% e que, no semestre
seguinte, apresente uma queda de preços (deflação) da ordem de 2% não pode ser
caracterizada como uma economia inflacionária.

A alta dos preços deve ser generalizada, ou seja, todos os produtos da economia
devem sofrer acréscimos em seus preços. Se apenas alguns dos bens e serviços produzidos
na economia apresentam elevações de preços, enquanto outros apresentam redução, este
fenômeno pode decorrer simplesmente do mecanismo de ajuste dos respectivos mercados em
virtude de alterações da demanda ou da oferta.

Como o nível geral de preços reflete as flutuações de todos os bens e serviços


produzidos pela economia, a inflação também pode ser definida como uma elevação
persistente do nível geral de preços ao longo do tempo. Essas características de
generalidade e continuidade fazem com que a inflação seja um processo e não uma
ocorrência passageira. A inflação é o crescimento dos preços. A Taxa de inflação mede o
ritmo desse crescimento.

A inflação é medida através de números-índices, que são fórmulas matemáticas que


dizem qual a porcentagem de aumento nos preços dos bens e serviços num determinado
período de tempo. No Brasil, são usados mais comumente os seguintes índices:
 Índice do Custo de Vida (ICV) – mede a evolução dos gastos das famílias com
renda de até 5 salários mínimos com as despesas realizadas para suprir suas
necessidades básicas, tais como alimentação, habitação, vestuário, transporte,
etc.
 Índice de Preços por Atacado (IPA) – enquanto o ICV considera os preços dos
bens e serviços ao nível do consumidor, o IPA considera a evolução dos preços a
nível de comercialização no atacado.
 Índice da Construção Civil (ICC) – é um índice que acompanha apenas a
evolução dos preços dos materiais, equipamentos e mão-de-obra empregados na
construção civil.
 Índice Geral de Preços (IGP) – este índice é a média ponderada do índices
anteriores, sendo que o IPA tem peso 6, o ICV, peso 3 e o ICC, peso 1. É a média
oficial da inflação no Brasil.

Para entender melhor o IGP, utiliza-se o seguinte exemplo: supondo-se que num
determinado mês o ICV teve um aumento de 5%, o IPA aumentou 4% e o ICC apresentou uma
evolução de 3%. O cálculo do Índice Geral de Preços é dado pela fórmula:
IGP = (6 x IPA) + (3 x ICV) + (1x ICC)
6+3+1
IGP = (6 x 4) + (3 x 5) + (1x 3)
10
IGP = 4,2%
32

AS CONSEQÜENCIAS DA INFLAÇÃO

A inflação provoca um grande número de distorções na economia de mercado, que


serão expostas a seguir:

 Perda do poder aquisitivo dos salários e outras rendas fixas.

Os assalariados que não sofrerem reajustes nominais em seus vencimentos perderão


com a inflação, pois a elevação continuada dos preços reduzirá paulatinamente seu salário
real, ou seja, a quantidade de bens e serviços que eles podem adquirir com seu salário.

A mesma perda será sentida por todos os indivíduos que receberem rendas fixas
durante a inflação, ou seja, rendas que não sejam reajustadas nominalmente. É o caso, por
exemplo, dos proprietários de imóveis de aluguel. É bem verdade que, nesse caso, a perda do
poder aquisitivo dos aluguéis tende a ser compensada pela elevação dos preços dos imóveis
que também é uma conseqüência de surtos inflacionários prolongados.

Os empresários, que podem reajustar os preços de venda de seus produtos e,


conseqüentemente, seus lucros, têm melhores condições de se proteger deste efeito danoso
da inflação.

 Desorganização do mercado de capitais e aumento da procura por ativos reais.

O mercado de intermediação financeira fica seriamente abalado em inflações


prolongadas, devido à profunda diferença que passa a existir entre as taxas nominais e reais
de juros, fato que inclusive pode comprometer a restituição do principal emprestado.

Supondo-se, por exemplo, que uma determinada pessoa empreste a outra, no prazo
de um ano, a importância de R$ 10.000,00, cobrando uma taxa de juros de 10% a.a. Isto
implica dizer que, no final do ano, o credor receberá do devedor R$ 11.000,00,
correspondentes a R$ 10.000,00 do principal, mais os juros de R$ 1.000,00.

Ocorrendo, entretanto, uma inflação de mais de 10% no ano, o credor não conseguirá
nem reaver o principal emprestado. Por exemplo, se a inflação for de 15%, o valor do principal,
corrigido em termos de poder aquisitivo da moeda, que deveria ser entregue ao credor seria
de: R$ 10.000,00 + 15% x 10.000,00 = R$ 11.500,00 , que é superior aos R$ 11.000,00 que
efetivamente ele receberá a título de amortização do empréstimo e de juros.

A existência da inflação, como é fácil perceber, torna muito difícil a operação do


mercado de capitais, uma vez que praticamente inviabiliza financiamentos de prazos médios e
longos. Isto reduz drasticamente o valor dos investimentos privados e compromete o
crescimento de longo prazo da economia.

Por outro lado, a tendência dos poupadores é a de fazerem aplicações em ativos reais,
tais como ouro e imóveis, na tentativa de proteger o seu patrimônio contra a desvalorização da
moeda.

 Surgimento de déficits no Balanço de Pagamentos.

Elevadas taxas de inflação, em níveis superiores ao aumento de preços internacionais,


encarecem o produto nacional relativamente ao produzido externamente. Assim, devem
provocar um estímulo às importações e um desestímulo às exportações, diminuindo o saldo da
Balança Comercial (exportações menos importações).
33

 Dificuldades para o financiamento do setor público.

O Setor Público da economia tem as receitas tributárias como principal fonte de


financiamento de seus gastos. Normalmente, como existe um intervalo de tempo entre a
ocorrência do fato gerador do imposto10 e seu recolhimento ao Poder Público pelo contribuinte,
a receita dos tributos diminui bastante em termos reais. Esta erosão de receita é chamada de
Efeito-Tanzi11 e contribui para que surjam déficits nos orçamentos governamentais quando a
inflação é crônica.

Ao mesmo tempo, o Governo tem dificuldades de obter financiamento para seu déficit,
uma vez que os poupadores não comprarão títulos da dívida pública em virtude do juro nominal
desses países ser inferior à taxa de inflação do período. Isto faz com que o Governo tenha que
recorrer à emissão de papel-moeda para financiar seu déficit, o que realimenta a inflação.

A inflação também tem conseqüência sobre as expectativas dos empresários, pois as


incertezas a respeito de suas taxas de lucros futuras fazem com que diminuam os
investimentos, reduzindo a capacidade produtiva do sistema econômico.

INFLAÇÃO DE DEMANDA E INFLAÇÃO DE CUSTO

A inflação pode ser:


 Inflação de custos – é a inflação causada principalmente pelos custos
crescentes, na forma de preços mais altos do trabalho, da matéria-prima e outros
fatores.

 Inflação de demanda – Inflação causada pelo excesso de demanda agregada.

A inflação de custos é provocada por uma diminuição da Oferta Agregada, cujas


principais causas são:
a) Aumento dos salários acima do aumento da produtividade, em função de pressão de
sindicatos trabalhistas fortes;
b) Aumentos autônomos das margens de lucros das empresas em mercados monopolistas
ou oligopolistas. A inflação de custos também está associada ao fato de algumas
empresas, com elevado poder de monopólio ou oligopólio, terem condições de elevar
seus lucros acima do aumento dos custos de produção. Neste sentido, a inflação de
custos também é conhecida como inflação de lucros;
c) Aumentos de preços agrícolas em função de intempéries (geadas, temporais, etc.) ou de
outros fatores que reduzam a produção agrícola;
d) Elevação autônoma de preços de produtos importados que sejam matérias-primas
importantes na produção de bens da economia (exemplo: quadruplicação dos preços do
petróleo em 1973 pelo cartel dos países produtores);
e) Desvalorização real da taxa de câmbio de modo que todos os insumos importados
aumentem de preço em termos reais.

A inflação de demanda é causada pelo aumento da Demanda Agregada, cujas causas


são:
a) Aumento dos investimentos;
b) Aumento dos gastos do Governo;
c) Aumento das exportações;
d) Redução dos tributos;
e) Redução das importações;
10
Fato gerador do imposto – situação real que corresponde à descrição da lei e enseja a incidência e o conseqüente
nascimento da obrigação tributária.
11
Trata-se de homenagem ao economista VITO TANZI, que foi o primeiro a chamar a atenção para este fenômeno.
34

A INFLAÇÃO NO BRASIL

A inflação é um problema bastante característico da economia brasileira, em particular


a partir da década de 1950. Na década de 1950, e início dos anos de 1960, apontava-se como
principal fonte de inflação o déficit do Tesouro. Basicamente, três fatores explicaram o elevado
déficit público. Primeiro, a necessidade de o governo suprir a infra-estrutura adequada de
transportes, energia, saneamento, etc., para fazer face ao desenvolvimento econômico da
década de 1950. Em segundo lugar, o déficit era explicado pela baixa produtividade dos
serviços do governo e a conseqüente ineficiência na aplicação de seus recursos. Finalmente,
pelo lado da receita, constatava-se a impossibilidade do governo aumentar a carga tributária,
que já era considerada excessiva, tendo-se em conta o já baixo nível de renda per capita..

Como não podia aumentar os impostos, o governo optou pelas emissões de dinheiro.
Esta foi uma típica inflação de demanda. Porém, a causa principal era originada por pressões
de demanda, provocadas basicamente pelos elevados déficits públicos.

A década de 1970 é marcada por taxas crescentes de inflação provocadas


principalmente pelos choques do petróleo. Outros fatores contribuíram para a aceleração do
processo inflacionário tais como:
a) Sucessivos choques agrícolas, principalmente em conseqüência de geadas (1975,
1977 e 1985), provocando aceleração dos preços da agricultura;
b) Elevados gastos públicos com programas de substituição de importações na área de
energia, aço e bens de capital;
c) Elevação da dívida externa, devido ao aumento tanto do principal (anos de 1970)
como das taxas de juros internacionais (início dos anos de 1980).

As causas básicas da inflação brasileira podem ser associadas a três conjuntos de


fatores:
a) Conflito distributivo;
b) Déficit do setor público e seu financiamento;
c) Mecanismos de indexação.

A questão distributiva tem inúmeras facetas, ainda que as relações entre o capital e o
trabalho sejam as mais importantes. Neste sentido, o processo de crescimento econômico
adotado no Brasil, após a Segunda Guerra Mundial, sustentado no crescimento industrial, foi
gradativamente agudizando a questão distributiva, em virtude de ter provocado uma
concentração de renda muito grande.

O segundo fator importante na questão inflacionária refere-se ao desequilíbrio do setor


público. Por isso, o saneamento das contas públicas é peça essencial para a execução de uma
política fiscal e monetária compatível com a estabilização da economia.

Finalmente, em face do crônico processo inflacionário, desenvolveu-se na economia


brasileira uma série de mecanismos de indexação que, em última análise, representam a
reação dos agentes econômicos buscando preservar suas remunerações reais.
35

10 O SETOR EXTERNO

Mercado externo – consiste na compra e venda de bens e serviços entre residentes e


não residentes de um país. As transações econômicas entre países compreendem, além de
importações e exportações de mercadorias, as prestações de serviços de toda espécie, os
movimentos de capitais, de ouro e de moeda corrente. As diferenças existentes entre o
comércio interno e o comércio externo são de caráter prático e geral. O principal determinante
de ambos é a divisão do trabalho. Porém, no comércio externo entram em jogo duas moedas
diferentes (ou três, quando o pagamento é efetuado em moeda de um terceiro país), as
legislações dos países envolvidos na troca, e, principalmente, a legislação que disciplina as
transações com o exterior, visando proteger os interesses nacionais em relação aos
estrangeiros.

As relações de trocas estabelecidas entre países são muito importantes na medida em


que os países podem:
 Adquirir bens e serviços que não possuem ou não podem produzir;
 Adquirir bens e serviços a custos menores;
 Exportar o excedente de produção.

Além disso, as relações com o resto do mundo contribuem para elevar os níveis de
emprego e da renda nacional.

BALANÇO DE PAGAMENTOS

Balanço de pagamentos “é o registro sistemático de todas as transações econômicas


realizadas entre os residentes de determinado país e os residentes no resto do mundo, durante
certo período de tempo, geralmente de um ano”.

A estrutura do balanço de pagamento é formada pela balança de transações


correntes e pela balança de capitais. A balança de transações correntes é a síntese de três
balanças: balança comercial, balança de serviços e transferências unilaterais. Se houver
superávit, diz-se que o país tem superávit em conta corrente, ou, no caso oposto, déficit em
conta corrente.

A balança comercial registra as exportações e as importações. As exportações são


contabilizadas como receitas e as importações como despesas.
A balança de serviços registra as receitas e despesas de diversos tipos de
transação, destacando-se os transportes, os seguros, os royalties, a assistência técnica, os
lucros e os juros.

As transferências unilaterais registram as operações que não criam, em


contrapartida, obrigações, isto é, o país recebe a moeda e não precisa dar nada de volta. Ex.:
donativos.

A balança de capitais compreende o fluxo de capitais a longo e curto prazos, como


por exemplo: investimentos, financiamentos, amortizações, empréstimos e ouro monetário.

O registro que aparece na conta erros e omissões não é resultado de nenhuma


transação com o exterior, mas apenas um lançamento de acerto contábil para corrigir os
eventuais desequilíbrios provenientes das dificuldades de levantamento e inconsistência dos
dados.
36

O saldo do balanço de pagamentos ou saldo das operações autônomas (transações


correntes e movimentos de capitais) pode apresentar-se de três maneiras:
a) Se as receitas totais (entradas) superarem as despesas totais (saídas), o balanço
de pagamentos apresentará um superávit;
b) Se ocorrer o inverso, haverá um déficit;
c) Se os valores forem equivalentes, o balanço de pagamentos estará equilibrado.
O critério de lançamento do balanço de pagamentos é o sistema das partidas
dobradas: cada lançamento a débito corresponde a um lançamento a crédito e vice-versa.

TAXA DE CÂMBIO

Em se tratando do comércio entre nações, surge o problema de pagamentos das


exportações e importações de bens e serviços em moedas diferentes; para solucionar esse
problema existe uma instituição econômica denominada câmbio, que é a troca de moeda entre
os países.

Câmbio é uma operação financeira que consiste em vender, trocar ou comprar


valores em moedas de outros países ou papéis que representem moedas de outros países.
No Brasil as operações de câmbio funcionam através de contrato de câmbio, que é o
instrumento pelo qual se formalizam as transações em moedas estrangeiras.

Taxa de Câmbio - é a medida pela qual a moeda de um país pode ser convertida na moeda de
outro país, ou seja, é a relação de troca entre as moedas. É o preço das divisas (moedas
estrangeiras) em termos de moeda nacional. As taxas de câmbio podem ser: fixas e flexíveis;

Divisas - são todos os créditos em moeda estrangeira, à vista e a curto prazo, negociáveis por
meio de letras de câmbio, ordens de pagamentos, cheques e cartas de crédito.

Determinação da taxa de câmbio – na ausência de intervenção governamental, pelo fato de


ser um preço, a taxa de câmbio é determinada no mercado de divisas pela interação entre a
oferta de divisas (exportadores) e a demanda de divisas (importadores).

Mercado de câmbio – é constituído pelo encontro de pessoas que procuram e oferecem


divisas, tendo os bancos como elemento de ligação entre si.

Oferta de divisas – é constituída por créditos, à vistas e a curto prazo, em moeda estrangeira,
a favor de residentes no país. A oferta de divisas é gerada pelas exportações de mercadorias,
pelos serviços prestados por residentes no país a residentes no exterior, pelos empréstimos
tomados por residentes no país junto a residentes no exterior, etc.

Procura de divisas – é constituída por todos os pagamentos e remessas, em moeda


estrangeira, que devem ser efetuados com o exterior. A procura gerada pelas importações de
mercadorias, pelos serviços prestados por residentes no exterior a residentes no país, pelos
empréstimos concedidos por residentes no país a residentes no exterior, pelos investimentos
nacionais realizados no exterior.

Controle cambial – consiste na intervenção do governo no mercado de divisas, que através de


instrumentos legais, determina as cotações das moedas estrangeiras. O objetivo principal do
controle cambial é a manutenção do equilíbrio do Balanço de Pagamentos.

Um sistema de taxas de câmbio é um conjunto de regras que descrevem o papel do


banco central no mercado de divisas. Desse ponto de vista, identificam-se dois sistemas
opostos de taxas de câmbio:
37

 Sistema de taxa de câmbio flexível - As taxas de câmbio totalmente flexíveis são


determinadas sem a intervenção do banco central. Seu valor é determinado livremente
no mercado de divisas, através da interação entre demanda e oferta.
 Sistema de taxa de câmbio fixa - As taxas de câmbio fixas são determinadas
rigidamente pelo banco central.

Para analisar as taxas de câmbio flexíveis, deve-se estudar o funcionamento do


mercado livre da taxa de câmbio. Em um mercado livre, a taxa de câmbio será determinada
pelas forças da demanda e da oferta. Nessas circunstâncias, diz-se que a taxa de câmbio é
flexível ou flutuante.

ORGANISMOS INTERNACIONAIS

São organismos de âmbito mundial, continental ou regional que visam à cooperação


econômica, social, cultural e científica e à segurança coletiva entre as nações. Seu surgimento
decorreu, sobretudo dos danos causados pelas duas guerras mundiais. Em plano mais
abrangente, a Primeira Guerra Mundial gerou a Liga das Nações, enquanto que a Segunda fez
surgir a Organização das Nações Unidas (ONU). Esta última, criada em 1945, basicamente
pelas nações vencedoras da Segunda Guerra Mundial, é a mais ampla entidade mundial, cuja
função primordial de defesa da paz é complementada pelo trabalho de várias agências
especializadas em problemas de desenvolvimento econômico, social e cultural: Unctad,
Unesco, OIT, FAO, OMS e as comissões econômicas regionais para a América Latina, África,
Ásia Ocidental, Ásia e Pacífico e Europa.

Os principais organismos internacionais são:

Fundo Monetário Internacional – FMI - mundialmente, é o mais importante organismo


econômico-financeiro. É uma instituição que foi implantada após a Segunda Guerra Mundial,
com o fim de organizar o sistema de pagamentos do sistema financeiro internacional,
permitindo aos países, com limitadas reservas, financiar déficits de curto prazo e transitórios.
Temia-se que a desorganização econômica, decorrente da Segunda Guerra Mundial, levasse
as nações a novos conflitos, motivo que era necessária uma instituição que contribuísse para a
estabilidade financeira e econômica do mundo. Para atingir esses objetivos, o FMI foi criado
para:
a) Eliminar os controles cambiais;
b) Dar assistência aos países com problemas nos Balanços de Pagamentos; e
c) Fornecer recursos monetários aos países-membros, quando justificáveis.

Banco Internacional de Reconstrução de Desenvolvimento – BIRD - também, conhecido


como Banco Mundial, instalado em dezembro de 1945, tinha como finalidade primordial dar
condições aos países devastados pela Guerra para reconstrução e para seu desenvolvimento.
Posteriormente, o Bird passou a atender preferencialmente aos países em desenvolvimento.
De modo geral, o objetivo desse banco é estimular o crescimento do comércio internacional
mediante empréstimos a médio e longo prazos. Como seus empréstimos têm fins produtivos,
eles elevam o padrão de vida das nações solicitantes e melhoram as condições de vida dos
povos.

Organização Mundial do Comércio – OMC – é uma organização permanente e com


personalidade jurídica, que tem como objetivo desenvolver o comércio internacional; substituiu
o GATT - Acordo Geral de Tarifas e Comércio, porém, tem maior amplitude, porque se
preocupa com os serviços e direitos de propriedade intelectual. O início de suas atividades
deu-se em 1º de janeiro de 1995 e contou com a adesão de 124 países.

Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID – aprovado em 08 de abril de 1959, com


sede em Washington, o objetivo principal desse banco é fomentar o crescimento das
economias dos países das Américas.
38

Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento - Unctad –


(United Nations Conference on Trade and Development) – Órgão permanente da ONU
criado em 1964, com o objetivo de acelerar a taxa de crescimento econômico dos países
menos desenvolvidos, mantendo-a superior a 5% ao ano. Para isso, a Unctad angaria ajudas e
financiamentos especiais, estimula o comércio internacional de modo a favorecer as
exportações desses países, promove acordos internacionais sobre produtos primários, para
evitar a queda de seus preços em caso de quedas nas receitas de exportação procura obter
financiamento compensatórios junto ao FMI.

United Nations Educational – Unesco – Agência das Nações Unidas criada em 1946 para
promover a colaboração internacional em educação, ciência e cultura. A Unesco apóia e
complementa esforços nacionais dos Estados-membros visando eliminar o analfabetismo,
estender a educação gratuita e encorajar o livre intercâmbio cultural entre povos e nações.

Organização Internacional do Trabalho – OIT – Entidade criada em 1919 pelo Tratado de


Versalhes, como um departamento autônomo da ONU como agência especial. Sediada em
Genebra, tem como objetivo o intercâmbio de informações e a elaboração de normas para a
melhoria das condições de trabalho e a promoção da justiça social em todo o mundo.

Organização para a Alimentação e Agricultura (Food and Agriculture Organization) –


FAO – Órgão da ONU fundado em 1943 e inaugurado em 1945, tem por objetivo elevar os
níveis de alimentação e nutrição das populações carentes do mundo, promovendo o aumento
dos níveis de produtividade da agricultura e uma melhor e mais eqüitativa distribuição de
alimentos em escala internacional.

Na América Latina destacam-se a Comissão Econômica para a América Latina –


CEPAL, o Sistema Econômico Latino-Americano – SELA, o Mercado Comum Centro-
Americano e o Pacto Andino.
39

11 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO

Crescimento econômico – é um processo de aumento contínuo do produto interno bruto em


termos globais e per capita, ao longo do tempo, portanto, é um processo sustentado ao longo
do tempo, no qual os níveis de atividade econômica aumentam constantemente.

Desenvolvimento econômico – aumento na produção acompanhado de modificações nas


disposições técnicas e institucionais, isto é, mudanças nas estruturas produtivas e na alocação
dos insumos pelos diferentes setores da produção. Para que haja desenvolvimento é preciso
que haja crescimento.

Para caracterizar-se um processo de desenvolvimento econômico, deve-se observar


ao longo do tempo a existência de:
a) Crescimento do bem-estar econômico, medido por meio dos indicadores de
natureza econômica, como por exemplo: produto nacional total, produto nacional
per capita.
b) Diminuição dos níveis de pobreza, desemprego e desigualdade; e
c) Melhoria nas condições de saúde, nutrição, educação, moradia e transporte

FONTES DE CRESCIMENTO

Em nível macroeconômico, o crescimento decorre de variações na quantidade e na


qualidade de dois insumos básicos: capital e mão-de-obra. Neste sentido, as fontes de
crescimento são:
a) Aumento da força de trabalho (quantidade de mão-de-obra), derivado do
crescimento demográfico e da imigração;
b) Aumento do estoque de capital, ou da capacidade produtiva;
c) Melhoria na qualidade da mão-de-obra, através de programas de educação,
treinamento e especialização;
d) Melhoria tecnológica, que aumenta a eficiência na utilização do estoque de capital;
e) Eficiência organizacional, ou seja, eficiência na forma como os insumos interagem.

INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO

Os países em via de desenvolvimento caracterizam-se por um conjunto de


insuficiências, em comparação com as economias consideradas desenvolvidas. Dado que o
desenvolvimento compreende muitos aspectos, o grau de desenvolvimento pode ser medido
mediante um conjunto de indicadores, entre os quais cabe destacar os seguintes:
 Baixa renda por habitante;
 Altos índices de analfabetismo;
 Débil estrutura sanitária;
 Baixa taxa de poupança por habitante;
 Elevado peso relativo da agricultura;
 Elevada taxa de desemprego;
 Fortes diferenças na distribuição interna de renda;
 Elevada taxa de crescimento da população.
40

As duas grandezas que podem ser empregadas para medir o crescimento econômico
são as seguintes:
 Taxa de crescimento do PIB em termos reais;
 O PIB real por habitante, ou PIB per capita.

A taxa de crescimento do PIB, entre dois anos determinados, como por exemplo 1991
e 1990, expressa-se como segue (em US$ milhões a preços de 1991):

Taxa de crescimento do PIB (1991 – 1990) = PIB 1991 – PIB1990 x 100


PIB1990

= 428.270 - 414.416 x 100 = 0,9%


414.416

Para se obter o PIB real por habitante, ou PIB per capita, divide-se o PIB real do ano
em questão pelo toal da população, Como a população, em 1991, era de 153,4 milhões de
habitantes, tem-se:

PIB real por habitante em 1991 = PIB real 1991 = 418.720 = 2.726,66
População de 153,4 milhões dólares por
1991 de habitantes habitante
41

12 POLÍTICAS MACROECONÔMICAS

DEFINIÇÕES

A Macroeconomia busca a imagem que mostre o funcionamento da economia em


seu conjunto. Para analisar o funcionamento da economia, centra-se no estudo de uma série
de variáveis-chave que lhe permite estabelecer objetivos concretos e desenhar a política
macroeconômica.

A política macroeconômica é integrada pelo conjunto de medidas governamentais


destinadas a influir sobre a marcha da economia no seu conjunto.

As políticas macroeconômicas dividem-se em: fiscal, monetária e cambial.

Política fiscal – pode ser definida como o conjunto de políticas que definem os gastos do
governo e a forma de financiá-los. É constituída pelas decisões do governo que se referem ao
gasto público e aos impostos. Integram a política fiscal os programas de governo relacionados
com a compra de bens e serviços, o gasto de transferências e a quantidade e tipo de impostos.

As receitas públicas são as receitas do Estado obtidas basicamente por meio de


impostos. Os impostos são as receitas públicas criadas por lei e de cumprimento obrigatório
para os sujeitos contemplados por ela.

O mesmo ocorre com o gasto público; o governo pode atuar sobre a economia
utilizando os impostos. Se o nível de atividade econômica é relativamente baixo e existe um
volume considerável de desemprego, o governo pode reduzir os impostos com o objetivo de
impulsionar o consumo. Inversamente, se a demanda agregada está superior à capacidade
produtiva do país, uma estratégia possível é elevar os impostos.

As receitas e os gastos do setor público compõem o orçamento; O orçamento do setor


público pode ser definido da seguinte forma:

Orçamento público = Receitas Públicas – Gastos públicos.

Se as receitas públicas superam os gastos, haverá um superávit orçamentário.


Quando as receitas forem menores que os gastos, haverá um déficit orçamentário. O
orçamento estará equilibrado quando a receita pública for igual ao gasto público.

A Política fiscal será expansiva se aumentar o gasto público ou reduzir os impostos.


Será restritiva se diminuir os gastos públicos ou aumentar os impostos.

Política monetária – consiste no controle que o Banco Central procura exercer sobre a oferta
monetária; ocupa-se principalmente em controlar a quantidade de dinheiro e a taxa de juros.

Política cambial - envolve todas as medidas destinadas a orientar ou a modificar o comércio


exterior. Estas medidas podem ser diretas ou indiretas:

 medidas diretas - são aquelas que determinam as quantidades importadas e


exportadas, ou causam variações nos preços das mercadorias. Os controles diretos
mais conhecidos são: as tarifas aduaneiras, o controle cambial, as quotas de
importação e a desvalorização cambial;
42

 medidas indiretas – são aquelas que causam variações na renda nacional e,


conseqüentemente, afetam as importações, ou ainda, medidas administrativas que
dificultam a exportação ou a importação. Os controles indiretos são praticados através
das políticas monetária, fiscal e administrativa.

METAS DE POLÍTICA MACROECONÔMICA

Os objetivos da política econômica são: a inflação, o desemprego e o crescimento.


Além dos três grandes objetivos citados, as autoridades econômicas também prestam uma
especial atenção ao orçamento público e às contas com o mercado externo. Em particular, no
caso da economia brasileira, o déficit público aparece como uma restrição que condiciona a
política macroeconômica.

INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MACROECONÔMICA

São três os instrumentos clássicos da política monetária:

a) Depósitos compulsórios – se o Governo quer restringir a oferta monetária, um dos


caminhos é aumentar a taxa dos depósitos compulsórios, ou seja, a porcentagem dos
depósitos à vista dos bancos comerciais que eles são obrigados a depositar no BACEN. O
aumento dos depósitos compulsórios diminui os recursos disponíveis que os bancos
comerciais têm para emprestar e, conseqüentemente, o processo de expansão da moeda
escritural. Caso o Governo deseje aumentar a oferta monetária, o procedimento é o inverso.

b) Taxa e condições de redesconto12 – se o Banco Central elevar a taxa ou restringir as


condições de redesconto, desestimulará o sistema bancário a recorrer a este tipo de
socorro financeiro. Os bancos comerciais aumentarão sua proporção encaixe/ depósitos
para diminuírem as possibilidades de recorrerem ao redesconto e isto reduzirá a oferta
monetária.

c) Operações de open-market (mercado aberto) – consistem na compra e venda, pelo


Banco Central, de títulos da dívida pública. Esses títulos são emitidos pelo Governo Federal
e adquiridos pelo BACEN, que os mantém em sua carteira. Até aí não afeta os meios de
pagamento, porque os depósitos da União nas Autoridades Monetárias oriundos da venda
desses títulos não fazem parte de M1. O Banco Central pode vender esses títulos ao público
e, aí sim, haverá destruição dos meios de pagamento, pois haverá a troca de um ativo não-
monetário do sistema bancário por uma ativo monetário. Por outro lado, quando o BACEN
resgata estes títulos junto ao público por ocasião do seu vencimento, haverá criação dos
meios de pagamento.Desse modo, se BACEN deseja reduzir a liquidez do sistema
econômico, diminuindo a oferta monetária, ele deverá vender títulos de sua carteira ao
público. Caso deseje aumentá-la, ele deverá recomprar (resgatar) esses títulos. Através
dessas operações, o Governo regula diretamente o volume dos meios de pagamento.

Criação e destruição de moeda (ou de meios de pagamento)

Ocorre criação de moeda quando houver aumento do volume de meios de pagamento,


e destruição de moeda quando ocorre uma redução dos meios de pagamento. Por exemplo:
 Aumento dos empréstimos ao setor privado: criação de moeda (os bancos comerciais
tiram de suas reservas e as emprestam ao público);
 Resgate de um empréstimo no banco: destruição de moeda (reduz os meios de
pagamento);

12
Redesconto – operação bancária em que uma instituição financeira desconta títulos (duplicatas, promissórias,
etc.) que já foram anteriormente descontados por outra instituição.
43

 Saque de um cheque no balcão de um banco: não há nem criação nem destruição de


meios de pagamento, pois simplesmente houve uma transferência de depósitos à vista
(moeda escritural) para moeda em poder do público (moeda manual);
 Depositante retira depósito à vista, e o coloca em depósitos a prazo: destruição de
moeda, pois os depósitos a prazo não são meios de pagamento, dado que não são
liquidez imediata.

Os principais instrumentos de política cambial são:

a) Tarifa alfandegária ou aduaneira – é o imposto cobrado sobre a importação de


mercadorias e é aplicada com finalidade protecionista ou fiscal. As barreiras alfandegárias
ajudam a corrigir os déficits do balanço de pagamentos. São criadas com o objetivo de
desestimular as importações. As tarifas podem ser classificadas:

 Segundo a finalidade:
 tarifa fiscal – aplicada como fonte de divisa;
 tarifa protecionista – como proteção à industria nacional.

 Segundo a estrutura:
 tarifa específica – é aquela aplicada por unidade física de mercadoria;
 ad valorem – é aquela calculada como uma percentagem sobre o valor da
mercadoria importada.

b) Controle cambial – é qualquer intervenção governamental no mercado de divisas que


venha afetar a taxa de câmbio. O governo, através de instrumentos legais, determina as
cotações das moedas estrangeiras. A principal finalidade do controle cambial é restringir a
procura de divisas quando ocorrem déficits no balanço de pagamentos; assim sendo, o
controle cambial geralmente é empregado visando o equilíbrio do balanço de pagamentos.
Portanto, este tipo de controle visa equacionar a oferta e a procura de divisas com a taxa
estabelecida pelas autoridades governamentais (Banco Central). As medidas de natureza
cambial podem ser: quantitativas, qualitativas e mistas.

 Restrições Quantitativas (Racionamento de Divisas) – o governo limita a quantidade


de divisas que cada comprador (importador, remetente de ordem para o exterior, etc.)
pode adquirir em determinado período. Ex: limite de gastos no exterior, particularmente
de viagens;

 Restrições Qualitativas: são tomadas em função da natureza dos gastos e não da


quantidade de divisas:
 Restrições às importações – as mercadorias somente podem entrar no território
nacional se forem amparadas em licenças prévias de importações;
 Restrições ao ingresso de capitais – essa medida traz como conseqüência
imediata a paralisação do ingresso de novos capitais do exterior;
 Restrições à remessa de lucros, juros e royalties – os efeitos dessa medida são
semelhantes aos das restrições ao regresso de capitais estrangeiros.

c) Quotas de importação – é a fixação de um limite físico para a entrada de determinadas


mercadorias estrangeiras no país, durante certo período. Pode ser usada para proteger a
indústria nacional e para reajustar o balanço de pagamentos. O primeiro resultado do
emprego de quotas de importação é a elevação dos preços das mercadorias atingidas por
elas, em virtude da redução da oferta.

d) Desvalorização cambial – Consiste no aumento da taxa de câmbio. É a redução oficial do


valor real da moeda de um país em relação a moedas estrangeiras. Na maioria dos casos,
essa operação tem o objetivo de eliminar o déficit acumulado do Balanço de Pagamentos.
Decidida pelas autoridade monetárias, essa medida tem o efeito de tornar mais caras as
44

importações, inibindo-as, e de estimular as exportações, uma vez que o exportador recebe


mais unidades de moeda nacional para cada unidade de moeda estrangeira convertida à
nova taxa de câmbio.

13 GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA

O PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO

O termo Globalização designa o fim das economias nacionais e a integração cada


vez maior dos mercados, dos meios de comunicação e dos transportes.

Segundo Rossetti (1997) o Processo de globalização é definido como o estágio


avançado das trocas internacionais intensificadas, em múltiplos campos. Esse processo,
fortemente vinculado aos fatores determinantes do intercâmbio econômico, intensificou-se nas
últimas décadas com base em um conjunto de pré-requisitos. E tem produzido desdobramentos
de alto impacto, que chegam até a afetar os conceitos convencionais de soberania das nações
e a perda de poder dos governos para o exercício da política econômica interna. Os pré-
requisitos são:
 Integração – a consolidação dos processos de integração econômica e política das
nações. São exemplos desse processo os blocos econômicos constituídos em todos os
continentes; ex.: Nafta, na América do Norte, o Mercosul, na América do Sul e a União
Européia, na Europa Ocidental.
 Empresas transnacionais – o crescimento numérico e a maior expressão das
empresas transnacionais na comunidade mundial de negócios. Ex.: No período de 1946
a 1961, 3.500 empresas estavam estabelecidas; no ano de 1994, existiam 38 mil
empresas transnacionais, com suas 207 mil subsidiárias.
 Tecnologia em áreas-chave - o avanço tecnológico e a queda vertical dos custos em
áreas-chave para a produção global – transportes, comunicações, processamento e
transmissão de dados. As reduções de custos associadas a avanços tecnológicos e as
economias crescentes de escala impulsionaram as transações globais, não só o
comércio de produtos intermediários e finais, mas também os movimentos de capitais e
a mobilidade de fatores de produção interfronteiras.
 Desregulamentação e liberalização – as políticas públicas de desregulamentação e
liberalização: o crescente empenho dos governos em melhorar os padrões dos atributos
construídos de competitividade, via maiores coeficientes de abertura a produtos e a
fatores reais e financeiros, em vez de proteger os mercados nacionais com barreiras
protecionistas.

AS CONSEQÜÊNCIAS DA GLOBALIZAÇÃO

A intensificação das transações econômicas internacionais, a expansão dos graus de


interdependência das nações e, mais importante, as formas de que se vêm revestindo o
processo de globalização têm produzido conseqüências de alto impacto, desdobráveis em três
grupos:
 Conseqüências institucionais – de uma perspectiva institucional, os de maior
relevância são a perda de atributos de soberania nacional e a crescente presença de
temas supranacionais na agenda política das nações. A globalização implica em:
 Semelhanças crescentes na configuração dos sistemas nacionais;
 Convergência dos mecanismos de regulação em diversas áreas: modalidades
mais uniformes de relações jurídicas;
45

 Maior poder de influência, em todas as nações, de agentes econômicos


externos, tais como: Organizações multilaterais, Governos e Empresas
transnacionais.
 Perda de atributos da soberania nacional: redução dos graus de autonomia
para o desenho das políticas públicas.

 Conseqüências de âmbito macroeconômico – no âmbito macroeconômico, os


desdobramentos do processo de globalização alcançam os setores real e financeiro
e a condução da política econômica. No âmbito econômico os impactos vão desde o
forte crescimento das transações intra-empresas até a crescente interdependência
dos mercados financeiros, reduzindo a eficácia dos instrumentos convencionais de
política fiscal e monetária. As principais implicações macroeconômicas são:
 Aumento expressivo dos fluxos de exportação e importação em relação à
oferta agregada;
 Tendência à crescente homogeneidade das estruturas matriciais de insumo-
produto;
 Expansão das taxas de participação dos aportes externos no fluxo agregado
de investimentos;
 Movimentação crescente dos grandes fluxos de recursos autônomos intra-
fronteiras nacionais;
 Maior velocidade e volatilidade das transferências de recursos intra-fronteiras.

 Conseqüências de âmbito microeconômico – interferem, ainda, nas condições de


equilíbrio dos mercados de produtos e de fatores de produção e nas estruturas de
oferta e da procura agregadas. As conseqüências de maior relevância no âmbito
microeconômico são:
 Quebra de “barreiras de entrada” para concorrentes, em praticamente todos
os mercados;
 Economias crescentes de escala decorrentes de maiores volumes de
transações internacionais intra-empresas, tendo como conseqüência a
redução de custos;
 Eficiência, agilidade e competitividade, subordinadas a padrões mundiais.

a) escalas decrescentes, caracterizadas por menor volume de transações comerciais.

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