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Microeconomia

O símbolo de percentagem
(%), comumente usado pelos
profissionais dos segmentos
de administração e custos,
é empregado nesta obra
para representar o grupo
de disciplinas que tratam
dessas áreas.
Microeconomia
Apresentação

Este livro apresenta os principais tópicos da disciplina de Micro-


economia I, oferecida para os cursos de Economia, Admi-
nistração e Ciências Contábeis. Serão enfatizados nesta obra
conteúdos de interesse para os que atuam nas áreas especi-
ficadas e em empresas.
No primeiro capítulo, realizaremos uma revisão dos
conceitos básicos de microeconomia. Inicialmente, discuti-
remos a origem da economia, depois analisaremos a orga-
nização e o sistema econômico, as fronteiras de produção e
as diferenças entre o estudo da micro e da macroeconomia e,
por fim, verificaremos a importância de se estudar microe-
conomia e a definição dos mercados.
No segundo capítulo, abordaremos a demanda e a
oferta de mercado, especificando todos os seus determi-
nantes, até gerar as suas curvas de mercado.
No terceiro capítulo, faremos a análise do equilíbrio de
mercado, trabalhando a demanda e a oferta em conjunto.
Buscaremos entender o comportamento do consumi-
dor no quarto capítulo. Nesse momento é relevante mapear
os gostos e as necessidades dos consumidores para saber
como eles atingem o maior grau de satisfação.
No quinto capítulo, apresentaremos as elasticidades,
que são definidas como uma medida de sensibilidade que
tem como objetivo aprofundar a análise dos movimentos
dos preços e seus efeitos no mercado, tanto no que se refere
à demanda como à oferta.
Abordaremos no sexto capítulo a teoria da produção
no curto prazo, que se refere ao lado da oferta de mer-
cado. Demonstraremos, também, como os produtores se
comportam nos mercados e como otimizar a produção de
acordo com determinadas variáveis.
No sétimo capítulo, veremos a teoria da produção no
longo prazo e, no capítulo seguinte, discutiremos os cus-
tos de produção no curto prazo. O objetivo é entendermos
como se comportam os custos na produção.
No penúltimo capítulo, analisaremos os custos de pro-
dução no longo prazo. E, no último, finalmente estudare-
mos as estruturas dos seguintes mercados: competitivo,
monopólio e oligopólio. Nesse cenário, e por considerar
o fato de que em alguns mercados a hipótese de compe-
tição perfeita pode não ser a melhor, consideramos que
seja importante um estudo de decisão em mercados não
competitivos, nos quais monopólio e oligopólio formam o
mesmo núcleo.
Sumário

( 1 ) Conceitos básicos de microeconomia, 11


1.1 Origem da economia, 14

1.2 Fronteiras de produção, 17

1.3 O que é microeconomia?, 18

1.4 O que é macroeconomia?, 20

1.5 Limitações da teoria microeconômica, 23

1.6 Por que estudar microeconomia?, 25

1.7 O que é um mercado?, 26


( 2 ) Demanda e oferta de mercado, 31
2.1 Demanda, 34
2.2 Oferta, 42

( 3 ) Equilíbrio de mercado, 51
3.1 Oferta e demanda em conjunto, 54

( 4 ) Comportamento do consumidor, 63
4.1 Teoria do comportamento do consumidor, 66

4.2 Restrições orçamentárias: o que o consumidor pode gastar, 74

( 5 ) Comportamento do consumidor – elasticidades, 87


5.1 Elasticidades da oferta e da demanda, 90

5.2 Elasticidades da demanda, 91

5.3 Receita total e elasticidade-preço da demanda, 99

5.4 Outras elasticidade da demanda, 100

5.5 A elasticidade-preço da oferta, 102

5.6 Elasticidades no curto e no longo prazo, 104

( 6 ) Teoria da produção no curto prazo, 111


6.1 Tecnologia de produção, 115

6.2 Análise da teoria da produção no curto prazo, 117

6.3 Produto total, médio e produto marginal, 119

6.4 Rendimentos de escala no curto prazo, 122

( 7 ) Teoria da produção no longo prazo, 127


7.1 Isoquanta, 130
7.2 Isocustos, 132

7.3 Taxa marginal de substituição técnica (TMST), 135

7.4 Rendimentos de escala no longo prazo, 137

( 8 ) Custos de produção no curto prazo, 143


8.1 O que é custo de produção no curto prazo?, 146
8.2 Custo total, 148

8.3 Custo marginal (cmg), 152

8.4 Outros custos de produção, 153


( 9 ) Custos de produção no longo prazo, 159
9.1 O que é custo de produção no longo prazo?, 162

9.2 Economias e deseconomias de escala, 164

( 10 ) Estruturas de mercado, 171


10.1 Mercados competitivos, 174
10.2 Monopólio, 177
10.3 Oligopólio, 179

Referências numéricas, 183


Referências, 185
Gabarito, 187
(1)

Conceitos básicos
de microeconomia
Jacqueline A. H. Haffner, natural de Santiago,
Chile, é bacharel em Ciências Econômicas pela
Universidade Católica de Campinas – PUCCAMP
(1989), especialista em Finanças pela Universidade
Católica de Porto Alegre – PUCRS (1992), dou-
tora em História Econômica pela mesma institui-
ção e pós-doutora em Economia pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS (2001),
universidade na qual trabalhou entre 2000-2002.

É Professora da Universidade Luterana do Brasil –


Ulbra, desde 2003, atuando nos cursos de Ciências
Econômicas, Administração e Ciências Contábeis
nas disciplinas de Microeconomia, Introdução à
Economia e Economia Brasileira. E nos cursos de
Pós-Graduação da área.
Jacqueline A. H. Haffner

( )

Economia é uma ciência social que estuda o modo


como os indivíduos e a sociedade decidem utilizar recur-
sos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de
modo a distribuí-los entre os grupos da sociedade, com a
finalidade de satisfazer as necessidades humanas.
A economia repousa sobre os atos humanos e é por exce-
lência uma ciência social. Segundo Pinho e Vasconcellos,
citados por Dias e Silva: “Apesar de a tendência atual ser
a de se obter resultados cada vez mais precisos para os
fenômenos econômicos, é quase que impossível se fazer
análises puramente frias e numéricas, isolando as com-
plexas reações do homem no contexto das atividades
econômicas”1.
Neste capítulo, será feita uma introdução ao estudo
da economia e da sua origem. Também será apresentada
a diferenciação entre macro e microeconomia, além de
serem analisados outros conceitos gerais do estudo da
microeconomia.

(1.1)
Origem da economia
O termo economia deriva do nome grego oikonomía, que
significa “aquele que administra o lar”.
A economia trabalha com dois problemas fundamen-
tais, os quais estão relacionados com as necessidades
humanas: ilimitadas/infinitas versus os recursos produti-
vos (fatores de produçãoa – limitados e finitos).
Dessa forma, podemos entender que o problema eco-
nômico se relaciona com a escassez e a natureza limitada
dos recursos da sociedade, ou seja, com a restrição física
dos recursos existentes na natureza.
14
Para resolver os problemas econômicos fundamentais,
devemos responder a três questões essenciais, que estão
diretamente relacionadas com a escassez dos recursos dis-
poníveis na natureza, as quais serão analisadas a seguir:

a. Recursos naturais, mão-de-obra, capital.


a. O que e quanto produzir?
A resposta está relacionada com as escolhas da socie-
dade. Devem-se produzir mais bens de consumo ou
bens de capital? Mas quanto? Na verdade, deve-se pro-
duzir até satisfazer às necessidades e aos desejos dos
consumidores.

b. Como produzir?
Esta é uma resposta à questão de eficiência produtiva.
Deve-se utilizar mais capital ou mais mão-de-obra
intensiva na produção? Pode ser produzido o mesmo
produto com combinações diferentes de fatoresb?

c. Para quem produzir?


Como será a distribuição de renda gerada pela ativi-
dade econômica? Quais os setores beneficiados?

O sistema econômico e a organização econômica


É a forma como a sociedade se organiza para exercer as ati-
vidades econômicas, que são: produção, circulação, distri-
buição e consumo de bens e serviços.
Existem dois tipos de organização: economia de mer-
cado e economia planificada.

15

b. No caso da produção de vinho, pode ser utilizada


muita mão-de-obra ou muito capital.
A economia de mercado está representada a seguir na
Figura 1.1.

Figura 1.1 – Economia de mercado

Propriedade privada
Economia de mercado

Problemas econômicos fundamentais


resolvidos pelo mercado

Maior eficiência alocativa

A economia planificada está representada a seguir na


Figura 1.2.

Figura 1.2 – Economia planificada ou centralizada

Propriedade pública
Centralizada

Problemas econômicos fundamentais


resolvidos pelo órgão central
16

Maior eficiência distributiva


(1.2)
Fronteiras de produção
Dada a escassez de recursos na economia, devemos traba-
lhar com a fronteira de produção, que é uma representação
gráfica da curva de possibilidades de produção que consi-
dera os recursos produtivos limitados na economia. Essa
curva, apresentada na figura a seguir, mostra as alternati-
vas de produção da sociedade, levando em conta a suposi-
ção de que os recursos estão plenamente empregados.

Figura 1.3 – Fronteiras de produção

Quantidade
produzida (bem y)

ymax
x=0

Quantidade produzida 17
Xmax (bem x)
y=0

Fonte: VASCONCELLOS, 2001.


A figura anterior apresenta informações sobre dois
tipos de bens que utilizam plenamente os fatores de pro-
dução. A curva representa todas as combinações de produ-
ção possíveis para produzir um bem x e um bem y. Assim,
cada combinação de X e Y significa uma possibilidade de
utilização ótima dos fatores produtivos.

(1.3)
O que é microeconomia?
É a área da teoria econômica que estuda o funcionamento
do mercado de um determinado produto ou grupo de pro-
dutos, ou seja, analisa o comportamento – de um lado, dos
compradores (consumidores) e, de outro, dos vendedores
(produtores) – de tais bens.
A microeconomia também estuda o comportamento de
consumidores e produtores e o mercado no qual interagem.
Preocupa-se, ainda, com a determinação dos preços e com
as quantidades necessárias aos mercados específicos.
Podemos entender que a microeconomia tem como foco
o modo como as escolhas são feitas em nível individual,
sob condições de escassez. Existem dois aspectos impor-
tantes a serem discutidos aqui: se não houvesse escas-
18
sez econômica, não haveria necessidade de fazer escolhas,
pois poderíamos ter tudo que desejássemos. O outro ponto
a ser percebido é que escolha subentende alternativas.
A microeconomia trata do comportamento das unida-
des econômicas individuais dos:
▪ consumidores;
▪ trabalhadores;
▪ investidores;
▪ propriet{rios da terra;
▪ empresas.

Além disso, enfoca como escolher o que comprar e o que


trará maior satisfação a esses grupos de consumidores.
A microeconomia explica, ainda:

▪ como são tomadas as decisões econômicas de compra;


▪ como a renda e os preços influenciam nas decisões;
▪ o que determina o número de trabalhadores que serão
contratados e onde eles decidem trabalhar.

A microeconomia estuda como as unidades econômi-


cas (empresas) interagem para formar unidades maiores –
mercados e indústrias, levando em conta:

▪ o ponto de vista dos mercados: como os produtores e


consumidores interagem nos diferentes mercados no
que se refere a preços, investimentos e quantidades;
▪ o ponto de vista das indústrias: como as indústrias e os
mercados se desenvolvem.

Por meio de estudos entre as empresas e os seus con-


sumidores, podem ser definidas as diferenças entre as
indústrias, a influência das políticas governamentais e as
19
condições da economia global.
(1.4)
O que é macroeconomia?
É a área da teoria econômica que estuda as quantidades eco-
nômicas agregadas, tais como a magnitude e a taxa de cres-
cimento econômico, dos juros, do desemprego e da inflação.
Trata da evolução da economia como um todo, anali-
sando a determinação e o comportamento dos agregados
econômicos, ou seja, é o estudo dos fenômenos que englobam
a economia como um todo. Os principais agregados são:

▪ Renda
▪ Emprego
▪ Produto nacional
▪ Desemprego
▪ Investimento
▪ Estoque de moeda
▪ Poupança
▪ Taxa de juros
▪ Consumo
▪ Balanço de pagamentos
▪ Nível geral de preços
▪ Taxa de c}mbio

O foco principal dessa análise é estabelecer relações


20
entre os agregados e propiciar a melhor compreensão das
interações entre eles. Dessa forma, coloca em segundo plano
o comportamento das unidades econômicas individuais.
Atualmente, podemos entender que as diferenças entre
microeconomia e macroeconomia são cada vez menores,
pois esta última também estuda mercados de bens e servi-
ços, mão-de-obra e títulos de empresas.
Mas, para entender os diferentes mercados macroeco-
nômicos, é necessário também entender o comportamento
das empresas, dos consumidores, dos trabalhadores e dos
investidores que compõem os diferentes mercados.
Dessa forma, a macro e a microeconomia interagem na
economia como um todo, sendo uma dependente da outra.
Dentro da análise econômica, pode-se dizer, ainda, que a
microeconomia é a base da macroeconomia.
A Figura 1.4 a seguir apresenta as interações antes cita-
das – a micro e a macroeconomia fazem parte da economia
como um todo e interagem entre si.

Figura 1.4 – Diagrama da economia

Economia

21

Microeconomia Macroeconomia
A economia também faz parte de outras áreas do
conhecimento que estão interligadas com as ciências eco-
nômicas, como veremos na Figura 1.5, a seguir. As princi-
pais são a política, a história, a geografia e a demografia.

Figura 1.5 – Inter-relação entre a economia e as outras ciências

Aspecto
econômico

Aspecto
político e
social

Aspecto
Aspecto
geográfico e
histórico
demográfico

Fonte: Adaptado de VASCONCELLOS, 2001.

Sendo assim, entendemos que há uma grande dificul-


dade de fazer uma análise econômica que não envolva as
outras áreas das ciências sociais, o que resulta na impossi-
bilidade de separar os acontecimentos econômicos do extra-
econômicos.
22
(1.5)
Limitações da
teoria microeconômica
A teoria microeconômica está baseada em explicações e
previsões de certos fenômenos econômicos que precisam
ser estudados. Uma teoria é desenvolvida para explicar
fenômenos observados num conjunto de regras básicas e
premissas. Dessa forma, a teoria microeconômica começa
com premissas que vão sendo levantadas com base nos
modelos que são construídos, os quais nada mais são que a
representação matemática de uma teoria usada para fazer
previsões.
A limitação teórica está em que nenhuma teoria, seja em
economia, química ou em qualquer outra ciência, é perfei-
tamente correta. Por exemplo, as empresas tentam o tempo
todo obter o máximo de lucro possível, mas o que vemos
na realidade é que elas não maximizam os seus lucros o
tempo todo, mesmo sendo esse seu objetivo principal.
A teoria microeconômica estuda os acontecimentos
relacionados ao comportamento, ao crescimento e à evo-
lução de empresas e indústrias, em que testar e aperfei-
çoar as teorias é fundamental para validar os modelos que
foram propostos como fundamento para premissas bási- 23
cas e limitadas.

Análise positiva e normativa


A teoria microeconômica é desenvolvida como base em tes-
tes para explicar fenômenos específicos e, assim, realizar
previsões, para as quais são utilizadas as questões positi-
vas e as normativas.
As questões positivas estão relacionadas com as expli-
cações e previsões voltadas a certo fenômeno. Para poder-
mos planejar o futuro, precisamos da análise positiva, pois
com ela avaliamos quantitativamente os resultados futu-
ros das previsões que foram realizadas. Por exemplo: Qual
será o impacto de uma cota de importação para os calça-
dos estrangeiros? Qual será o impacto de um aumento no
imposto do arroz? As questões positivas tentam, desse
modo, ver o mundo como ele é (descritivas).
As questões normativas indicam como o mundo deve
ou deveria ser (prescritivas). Uma análise normativa uti-
liza-se de julgamentos de valor. Por exemplo: devemos
permitir a fusão de duas firmas? ou Será que as drogas
devem ser proibidas?. Normalmente, antes de respon-
der a questões normativas, é importante ter as respostas
das análises descritivas. As questões normativas se rela-
cionam com as respostas sobre o que será melhor, qual a
opção entre a e b, ou n situações. O que seria melhor para a
empresa? Para o país? Considera o dilema entre eqüidade
e eficiência na escolha entre um aumento no imposto dos
calçados e a imposição de restrições à importação de cal-
çado estrangeiro. A análise normativa envolve um plano
de ação específico, além do quantitativo, e envolve julga-
mento de valorc.

24

c. A maioria dos julgamentos de valor envolvidos nas


decisões de política econômica se resume à seguinte
ponderação: “eqüidade versus eficiência econômica”
(PINDYCK; RUBINFELD, 2006, p. 6).
(1.6)
Por que estudar
microeconomia?
A microeconomia é utilizada para entender as escolhas
dos consumidores (o que comprar) e dos produtores (o que
produzir).
Para lançar um novo produto no mercado, a empresa
deve inicialmente fazer uma pesquisa para saber como os
consumidores vão responder a ele e a partir daí começar a
planejar toda a estratégia de produção. Podemos exempli-
ficar esse processo através da tomada de decisão de uma
empresa de carros. Digamos que a Honda pretende colocar
um novo modelo no mercado: o Honda Civic Automático.
Nesse caso, faria uma análise que contemplaria as seguin-
tes variáveis:

a. aceitação do consumidor e demanda do novo modelo


b. custos de produção
c. estratégia de preços
d. análise de riscos
e. decisões organizacionais
f. regulamentação governamental

Somente depois de analisar todas essas variáveis é que 25


a empresa conseguiria avaliar se o novo modelo de carro
seria viável e quais as possibilidades de esse novo produto
ter sucesso.
(1.7)
O que é um mercado?
Um mercado é um campo definido na teoria em que com-
pradores e vendedores interagem e determinam o preço
de um produto ou de um conjunto de produtos. Podemos,
assim, dizer que compradores e consumidores interagem,
originando os mercados.
Os parâmetros do mercado devem ser determinados
antes que ele possa ser analisado. É necessário conhecer o
mercado antes de entrar nele.

Quais compradores e vendedores devem ser incluídos


em um determinado mercado?

Para responder a essa pergunta, devemos definir os


limites dos mercados, tanto em termos geográficos como
de gama de produtos.
O profundo conhecimento do mercado é fundamental
porque ele representa mais que uma indústria; está no cen-
tro da atividade econômica.
Entendendo os mercados, podemos saber por que um
número reduzido de empresas concorre entre si em alguns
26 mercados, enquanto em outros há um grande número de
concorrentes.

Mercados competitivos versus


mercados não competitivos
Um mercado competitivo possui muitos compradores e
vendedores. Nesse modelo, nem comprador, nem vende-
dor pode influenciar individualmente nos preços. Em um
mercado perfeitamente competitivo, o preço de mercado
geralmente prevalecerá. Este, para a maioria das mercado-
rias, flutua ao longo do tempo e, no caso de muitas merca-
dorias, tais flutuações podem ser rápidas. Essa afirmação
se aplica principalmente aos mercados competitivos, os
quais estabelecem um único preço. O ouro, cujas cotações
são facilmente encontradas no jornal, é um exemplo.
Um mercado não competitivo pode ser aquele com mui-
tos produtores, os quais, em conjunto, afetam o preço do
produto no mercado. Eles podem estabelecer vários preços
para o mesmo produto. Um exemplo são as marcas de óleo
de cozinha, que podem vender o mesmo produto de diferen-
tes marcas, com preços diferentes no mesmo supermercado.
(.)
Ponto final
Neste capítulo, foram abordados conceitos básicos de eco-
nomia e microeconomia. Entendemos que a ciência eco-
nômica existe exclusivamente em função de os recursos
serem escassos. Por escassez entendemos o fato de que não
existem insumos suficientes para a produção de todos os
bens e serviços desejados pelas pessoas.
Foram aqui apresentados tópicos relacionados:

▪ | import}ncia do estudo da economia;


▪ | origem da economia;
▪ ao(s) estudo(s) sobre como é a tomada de decisão por
parte de consumidores e compradores;
▪ | forma como a microeconomia valida as suas teorias;
▪ | an{lise positiva e normativa;
▪ ao que é um mercado e os tipos de mercados: competi-
tivos e não competitivos.

27
Indicações culturais
MANKIW, G. N. Princípios de microeconomia. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2006.

PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6. ed.


São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.

No capítulo 2 da obra de Mankiw (2006), e no primeiro capí-


tulo da obra de Pindyck e Rubinfeld (2006) o leitor poderá
saber mais sobre o assunto proposto neste capítulo.

Atividades
1. Conforme Mankiw (2006, p. 33), por que a economia é con-
siderada uma ciência?
2. Por que, conforme Mankiw (2006, p. 33), os economistas
formulam hipóteses?
3. Segundo Mankiw (2006), um modelo econômico deveria
descrever exatamente a realidade?
4. Explique o problema fundamental com o qual a economia
se preocupa, segundo Vasconcellos (2001).
29
5. Diferencie, segundo Mankiw (2006), a análise positiva da
normativa.
(2)

Demanda e
oferta de mercado
Jacqueline A. H. Haffner

( )

Neste capítulo, vamos estudar como funcionam os


mercados. Verificaremos, aqui, que a oferta e a demanda
são as forças que movimentam as economias de mercado.
Conhecendo a teoria da oferta e da demanda, pode-
remos entender como esses dois movimentos do mercado
determinam a quantidade produzida de cada bem e o
preço pelo qual será vendido.
É muito importante saber como funciona a oferta e a
demanda de mercado para poder planejar a política eco-
nômica do governo e os efeitos das políticas públicas na
economia, já que a oferta e a demanda nos apresentam
informações de como o comportamento das pessoas inter-
ferem nos mercados e de como interagem com ele.
Quando chove muito no verão, o preço das diárias nos
hotéis cai em todo país. Quando esquenta muito no verão,
as diárias dos hotéis aumentam substancialmente. O que
esses acontecimentos nos apresentam? São efetivamente
exemplos da ação da oferta e da demanda.

(2.1)
Demanda
A demanda estuda o comportamento dos consumidores. A
curva da demanda mostra informações sobre a quantidade
de uma mercadoria que os consumidores estão dispostos
a comprar por dado preço unitário, considerando-se cons-
tantes outros fatores que não o preço.
A equação que mostra a relação entre preço e quanti-
dade pode ser assim apresentada:

34 QD = QD(P)

A representação gráfica da curva da demanda se dá


colocando no eixo vertical o preço e no eixo horizontal a
quantidade, como apresentado a seguir na Figura 2.1:
Figura 2.1 – A curva da demanda

Preço (reais por unidade)

O eixo vertical mede o preço (P)


pago por unidade em reais.

O eixo horizontal mede a quanti-


dade (Q) demandada em número
de unidades por período de tempo.

Quantidade

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.

O determinante do consumo é a renda individual dos


consumidores. A curva da demanda tem inclinação nega-
tiva, confirmando que eles estão dispostos a comprar sem-
pre maiores quantidades a um preço menor, posto que, à
35
medida que o produto se torna mais barato e a renda real
do consumidor aumenta, o consumo aumenta. Exemplo:

Demanda por suco de laranja:


a. Se o preço do suco de laranja aumentar R$ 0,70 a unidade,
você compraria menos suco de laranja.
b. Você poderia substituí-lo por suco de limão.
c. Se o preço caísse R$ 0,30 a unidade, você compraria mais
suco de laranja.
Dessa forma, podemos afirmar que a quantidade
demandada cai quando aumenta o preço se eleva quando
o preço cai. Essa é uma relação aplicável à maioria dos bens,
isto é, o fato de a curva de demanda relacionar-se nega-
tivamente com o preço. Esta é traçada mantendo muitas
variáveis constantes e se inclina para baixo porque, coeteris
paribus, preços menores indicam uma maior quantidade
demandada.
Expandindo esse conceito, a demanda, ou procura (que
pode ser representada por uma tabela numérica, um grá-
fico ou uma função matemática), é definida como as várias
quantidades voluntariamente compradas por período de
tempo a cada um dos vários possíveis preços de um pro-
duto. Um esquema ou lista de compras seria um exemplo
que tem como base na lei da demanda, a qual estabelece
que, quando o preço de um produto ou serviço aumenta,
menores quantidades do produto/serviço serão compradas
e vice-versa. Isso pode ser observado na Tabela 2.1 a seguir.

Tabela 2.1 – Demanda por feijão

Preço do feijão Quantidade comprada


(R$/kg) (1.000 kg/ano)
36
1,75 6,62

1,50 12,50

1,25 18,75

1,00 25,00

0,75 31,25

0,50 37,50

0,25 43,75
Na Tabela 2.1, ao preço de R$ 1,75, somente 6,62 milhões
de quilos são comprados anualmente pelos consumidores.
Se o preço cai para R$ 1,00, as compras anuais aumentam
para 25 milhões de quilos. A relação inversa entre o preço
do feijão e a quantidade comprada baseia-se no conceito
de “utilidade marginal decrescente”. O termo marginal sig-
nifica “adicional ou sucessivo” e o conceito de utilidade é
satisfação que um bem ou serviço proporciona. O conceito
de utilidade marginal decrescente também se refere à idéia
de que a cada unidade de um bem, consumida sucessi-
vamente pelo consumidor, adiciona menos à sua total
satisfação que a unidade anteriormente consumida. Esse
fenômeno é aparente, não importando qual seja o bem ou
serviço em questão. Por exemplo: peças de sapatos, copos
de suco, quilos de arroz etc.
A Figura 2.2 a seguir mostra como os dados apresen-
tados na tabela anterior (Tabela 2.1) podem ser representa-
dos graficamente.

Figura 2.2 – A curva da demanda

Pre
D = 50 – 25P
37

ço/k

0 5 10 15 20 25 30 35 40 50
Quantidade comprada
A lei da demanda afirma que, tudo o mais mantido
constante, a quantidade demandada de um bem aumenta
quando o preço do bem diminui.

Outros fatores que influenciam a demanda


Além dos preços, existem outros fatores que influenciam a
demanda. São eles:

▪ Renda: est{ diretamente relacionada com o consumo.


De acordo com as variações na renda, podemos ter
dois tipos de resultados – o consumo pode diminuir ou
aumentar, como podemos observar nos itens a seguir:
a. Um aumento na quantidade demandada e con-
seqüentemente um aumento no consumo desse
bem provocados pelo aumento da renda do(s)
consumidor(es), se demais fatores se mantiveram
constantes é denominado de bem normal.
b. Se, quando a renda aumenta, somente ela, e todos os
demais fatores se mantêm constantes, a quantidade
demandada diminui, e o consumo do bem diminui
é denominado bem inferior.

▪ Preços dos bens substitutos e complementares influen-


38 ciam diretamente no consumo, como explicado a seguir:
a. Bens substitutos: dois bens para os quais, tudo o
mais mantido constante, um aumento no preço de
um deles aumenta a demanda pelo outro. O objetivo
final do consumidor é a satisfação pessoal. Se existe
um produto semelhante ao que gostaria de consu-
mir, ele irá substituí-lo rapidamente. Um exemplo
é a substituição da manteiga pela margarina, caso
ocorra aumento de preço da manteiga.
b. Bens complementares: são aqueles cujo aumento
no preço de um dos bens leva a uma redução na
demanda. É o consumo realizado em conjunto,
como no caso do café com leite, em que o aumento
do preço de um dos produtos leva à queda no con-
sumo do outro.

▪ Gostos e expectativas dos consumidores também in-


fluenciam o consumo. Por meio das propagandas, as
preferências podem ser manipuladas, as campanhas
vinculadas na mídia podem ser um incentivo para o
consumo ou podem levar a uma redução na demanda
de um determinado bem.

A função geral da demanda pode ser representada:

qdi = f(pi , ps , pc , R, G)

Em que:
qdi = quantidade procurada (demandada) do bem i
pi = preço do bem i
ps = preço dos bens substitutos ou concorrentes
pc = preço dos bens complementares
R = renda do consumidor 39
G = gostos, hábitos e preferências do consumidor

Demanda individual e demanda de mercado


O esquema de demanda apresenta a relação entre o preço
de um bem e a quantidade que é demandada.
A curva de demanda individual mostra como um
preço menor aumenta a quantidade demandada (a curva
de demanda se inclina para baixo). É a representação grá-
fica do consumo individual dos consumidores.
A demanda de mercado apresenta um somatório de
todas as demandas individuais por um dado bem ou ser-
viço. A curva de demanda de mercado é obtida soman-
do-se, na horizontal, as curvas de demanda individuais.
Observe:

Dmercado = Σd consumidores individuais


i=1

para i = 1, 2, 3, ...n

Deslocamento da curva de demanda


As mudanças no consumo fazem com que a curva de
demanda se desloque. Um aumento na quantidade deman-
dada a um preço dado desloca essa curva para a direita.
Por outro lado, qualquer mudança que diminua a quan-
tidade que os compradores desejam comprar a um dado
preço desloca a curva de demanda para a esquerda.
Podemos entender, dessa forma, que os movimentos
da curva de demanda apresentam dados sobre o que acon-
tece com a quantidade demandada de um bem quando seu
40
preço varia mantidos constantes todos os outros determi-
nantes da demanda. É importante ressaltar que, quando
um determinante da demanda muda, a curva de demanda
se desloca para a esquerda ou para a direita de acordo com
o consumo.
A seguir, a Figura 2.3 é apresentado o movimento da
curva de demanda considerando um aumento de consumo
de sorvete.
Figura 2.3 – Aumento de demanda

Pre
S
ço

P2

P1
D1 D2
Q1 = Q 2 Quantidade de sorvete

Se há um aumento no consumo de sorvete devido ao


clima, com aumento da temperatura, por exemplo, a curva
de demanda irá se deslocar para a direita. Se acontecesse o
contrário, uma diminuição do consumo por causa de uma
queda na temperatura, a curva de demanda se deslocaria
para a esquerda.
A seguir, a Figura 2.4 apresenta os deslocamentos da
curva de demanda.

Figura 2.4 – Aumento e diminuição da demanda 41

P P

Deslocamento para a direita Deslocamento para a esquerda


Aumento da demanda Diminuição da demanda

D1 D0
D0 D1
0 Q 0 Q
Na teoria da demanda, temos um caso diferente no con-
sumo, que foge ao que apresentamos até aqui: são os chama-
dos bens de Giffen. À medida que a renda dos consumidores
se eleva, há uma redução relativa dos preços que teorica-
mente deveriam levar a um aumento na procura, mas nessa
situação acontece o contrário. Dessa forma, os bens de Giffen
seriam uma exceção dentro da teoria do consumidor.
Um exemplo apresentado por Vasconcellos2 relata a
seguinte situação em relação aos bens de Giffen em uma
comunidade inglesa muito pobre. Ocorreu uma queda no
preço da batata. Como a população gastava a maior parte
da renda com esse produto, o seu poder aquisitivo aumen-
tou e como estavam saturados de batata, passaram a gastar
com outros produtos. O preço da batata caiu, bem como a
quantidade demandada (curva positivamente inclinada –
Figura 2.4).

(2.2)
Oferta
42
O comportamento dos vendedores é visto pela oferta de
mercado. Assim, podemos entender que a quantidade ofere-
cida de um bem ou serviço é a quantidade que os vendedo-
res podem vender e têm interesse de colocar no mercado.
O esquema de oferta e curva de oferta mostra como o
preço de um bem e a quantidade oferecida se relacionam.
Quando o preço sobe, o mercado oferece quantidades cada
vez maiores de produtos. Se o preço se altera, a quantidade
oferecida de um bem muda.
À medida que os preços vão se elevando, aumenta a
quantidade oferecida. Assim, a curva de oferta se inclina
para cima. Podemos dizer que a curva de oferta se rela-
ciona positivamente com o preço.
A equação que representa a relação ofertada e o preço
é a seguinte:

QS = QS(P)

Lei da oferta
A quantidade oferecida de um bem aumenta quando o seu
preço aumenta. Resumindo, oferta é definida como a quan-
tidade de produto que está voluntariamente sendo ofere-
cida para venda a um preço específico. Da mesma forma
que a demanda, o conceito de oferta pode ser representado
por uma tabela numérica, por um gráfico ou por uma fun-
ção matemática. Dessa forma, a oferta pode ser definida
como as várias quantidades voluntariamente oferecidas
para venda por um período de tempo a cada um dos vários
possíveis preços do produto.

Tabela 2.2 – Oferta de carne de porco

Preço da carne de porco Quantidade Comprada


43
(R$/kg) (1.000 kg/ano)

0,25 1,56

0,50 9,38

0,75 17,19

1,00 25,00

1,25 32,80

1,50 40,63

1,75 48,44
Conforme a tabela mostrada, ao preço de R$ 0,25 por
quilo, os vendedores estão dispostos apenas a oferecer 1,56
milhão de quilos para venda anualmente. Para tentar ven-
der mais do que essa quantidade em um período igual,
produtores poderiam incorrer em maiores custos do que
poderiam obter com a venda do produto ao preço de R$
0,25. Contudo, se o preço aumentar para R$ 1,00, cada vare-
jista (cada produtor), poderia se esforçar mais para vender,
mesmo a custos elevados, maiores quantidades do pro-
duto, desde que esses valores sejam cobertos pelo aumento
do preço. Para o mercado total de carne de porco, o acrés-
cimo de R$ 1,00 no preço poderia resultar em uma oferta
de venda de 25,00 milhões de quilos anualmente. O con-
ceito de oferta, então, está baseado no relacionamento posi-
tivo entre o preço e a quantidade oferecida para venda.
Graficamente, podemos representar a oferta como:

Figura 2.5 – Curva de oferta

Pre

44
S
ço/k

g
S = – 6,25 + 31,35P

0 5 10 15 20 25 30 35 40 50
Quantidade vendida
Determinantes da oferta individual e de mercado
Os determinantes da quantidade ofertada pelos empresá-
rios são:

▪ preço;
▪ preços dos insumos;
▪ tecnologia;
▪ expectativas.

Essas variáveis determinam se os empresários estão


dispostos a produzir e a vender um produto, já que o obje-
tivo principal do empresário é o lucro. O interesse de entrar
no mercado está condicionado aos possíveis ganhos que
serão obtidos com a venda de um determinado produto.
A quantidade disponível no mercado depende dos
fatores que determinam a quantidade oferecida pelos ven-
dedores individuais:

▪ o preço do bem;
▪ os preços dos insumos usados na produção;
▪ a tecnologia disponível;
▪ as expectativas;
▪ o número de vendedores.
45
Variáveis que afetam a oferta de um bem ou serviço:

qi0 = f(pi , pfp , pn , T, M)

Onde:
qi0 = quantidade ofertada do bem i
pi = preço do bem i
pfp = preço do fatores e insumos de produção (matéria-
prima, mão-de-obra etc.)
pn= preço de outros n bens, substitutos na produção
T = tecnologia
M = metas e objetivos do empresário

Deslocamento da curva de oferta


A curva de oferta se movimenta sempre que um dos
seus determinantes (exceto o preço) se modifica. Quando
aumenta a quantidade oferecida a qualquer preço, a curva
de oferta se desloca para a direita. Já quando ocorre uma
redução da quantidade oferecida a qualquer preço a curva
de oferta se desloca para a esquerda.
A Figura 2.6, a seguir, apresenta o deslocamento da
curva de oferta.

Figura 2.6 – Aumento e diminuição da oferta

P Deslocamento para a direita P Deslocamento para a esquerda

S0 S1 S1
S0

46

0 Q 0 Q
(.)
Ponto final
Os princípios da demanda e da oferta são decisivamente
os mais importantes conceitos na economia. No entanto,
eles são também alguns dos princípios econômicos menos
entendidos pelos não-economistas e freqüentemente apli-
cados incorretamente. Demanda e oferta são ferramentas
indispensáveis para compreender o que está acontecendo
no mercado. No planejamento, são instrumentos impor-
tantes para melhorar uma situação vigente e prever o que
provavelmente vai acontecer no futuro. Devido ao uso exa-
gerado dos termos demanda e oferta nas conversas do dia-
a-dia e também na mídia popular, a maioria das pessoas
pensa que conhece o que está envolvido nesses conceitos.
Assim, neste capítulo, procuramos definir esses termos de
maneira clara e objetiva, bem como oferecer exemplos de
como eles são usados na economia.

Indicações culturais
MANKIW, G. N. Princípios de microeconomia. São Paulo:
47
Pioneira Thomson Learning, 2006.

PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6. ed.


São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.

No segundo capítulo da obra de Mankiw (2006) e no


segundo capítulo da obra de Pindyck e Rubinfeld (2006)
o leitor poderá saber mais sobre o assunto proposto neste
capítulo.
Atividades
1. Suponha que um clima excepcionalmente quente ocasione
um deslocamento para a direita da curva da demanda de
sorvete. Por que razão o preço de equilíbrio do sorvete
aumentaria?

2. Utilize as curvas da oferta e da demanda para ilustrar de


que forma cada um dos seguintes fatos afetaria o preço e
a quantidade de manteiga comprada e vendida (explique
graficamente):
a. Aumento no preço da margarina
b. Aumento no preço do leite
c. Redução nos níveis de renda média

3. A seguir, são apresentadas quatro situações. Para cada


uma delas, explique o que aconteceu com a oferta e com a
demanda e suas conseqüências sobre os preços e quantida-
des de equilíbrio.
a. Redução da renda dos argentinos de modo a influenciar
o mercado de turismo catarinense.

48 P

d1

q/t
b. Efeito da doença da “vaca-louca” sobre a demanda pela
carne bovina brasileira.

d1

q/t

c. Efeito da compra da Varig pela GOL sobre o mercado de


aviação civil.

o1

49

q/t
d. Intensificação do uso de irrigação nas lavouras de soja.

o1

q/t

4. Assinale os fatores mais importantes que afetam as quan-


tidades procuradas:
a. Preço e durabilidade do bem.
b. Preço do bem, renda do consumidor e custos de
produção.
c. Preço do bem, preços dos bens substitutos e comple-
mentares, renda e preferência do consumidor.
d. Renda do consumidor e custos de produção.
e. Preço do bem, preços dos bens substitutos e comple-
50 mentares, custos de produção e preferência dos consu-
midores.

5. O leite torna-se mais barato e seu consumo aumenta.


Paralelamente, o consumidor diminui sua demanda de
chá. Leite e chá são bens:
a. complementares.
b. substitutos.
c. independentes.
d. inferiores.
e. de Giffen.
(3)

Equilíbrio de mercado
Jacqueline A. H. Haffner

( )

No capítulo anterior, entendemos como fun-


ciona a oferta e a demanda e definimos como essas forças
movimentam as economias de mercado.
Neste capítulo, vamos trabalhar com o equilíbrio de
mercado, isto é, faremos análises de como ele se comporta
com diferentes mudanças na oferta e na demanda.
De acordo com o comportamento do equilíbrio de mer-
cado, teremos que fazer novos planejamentos, tanto em
relação à demanda quanto à oferta, já que, se o mercado
se encontra fora do equilíbrio, pode haver um excesso de
demanda ou de oferta, e isso certamente vai influenciar
nos preços de mercado.

(3.1)
Oferta e demanda em conjunto
O ponto em que as curvas de oferta e demanda se cruzam
é chamado de ponto de equilíbrio ou equilíbrio de mercado.
O ponto em que a quantidade do bem que os com-
pradores desejam e podem comprar é exatamente igual à
quantidade que os vendedores desejam e podem vender é
o chamado preço de equilíbrio. Preço de equilíbrio é o preço
que iguala oferta e demanda, às vezes, é chamado de ajus-
tamento do mercado.
Dessa forma, o ponto no qual as curvas se cortam é o
ponto de equilíbrio e quantidade, a quantidade de equilí-

54
brio, sendo que esta é a quantidade oferecida e a quanti-
dade demandada registradas na situação em que a oferta e
a demanda coincidem.
Essas informações podem ser mais bem compreendi-
das na Figura 3.1, a seguir, na qual estão representadas as
curvas de oferta e demanda de mercado e o ponto de equi-
líbrio entre as duas.
Figura 3.1 – Equilíbrio entre a oferta e a demanda de mercado

Pre

Equilíbrio Oferta
80

çod
60

obe
40 Demanda

20
m

0 5 10 15 20
Quantidade

Fonte: VASCONCELLOS, 2001.

Na Figura 3.1, o preço de equilíbrio é R$ 60; a esse preço


são oferecidas dez unidades do produto no mercado.
Existem situações em que os mercados se encontram 55

fora do equilíbrio, fenômeno que pode acontecer por


excesso de oferta, que é a situação em que a quantidade
oferecida é maior do que a demandada, ou por excesso de
demanda, que é a situação em que a quantidade deman-
dada é maior do que a oferecida.
Na Figura 3.2, que se segue, são apresentadas informa-
ções de um mercado fora do equilíbrio, sendo que nesse
caso há um excesso de oferta:
Figura 3.2 – Excesso de oferta

Excesso
de oferta
Pre
O
80

çod
60

obe
40

D
20
m

0 5 10 15 20
Quantidade

Fonte: VASCONCELLOS, 2001.

Na Figura 3.2, o preço de R$ 80 está acima do preço


de equilíbrio porque a quantidade oferecida, 15 unida-
des, está acima da quantidade demandada, que é 5. Nesse
56
caso, devem-se baixar os preços para aumentar as quanti-
dades demandadas para 10 unidades a um preço de R$ 60
e, assim, atingir o equilíbrio.
Na Figura 3.3 a seguir, temos outro exemplo de um
mercado fora do equilíbrio, nesse caso por excesso de
demanda.
Figura 3.3 – Excesso de demanda

Excesso
de demanda
Pre
O
80

çod
60

obe
40

D
20
m

0 5 10 15 20
Quantidade

Fonte: VASCONCELLOS, 2001.

Nessa figura, o preço de R$ 40 está abaixo do preço de


equilíbrio porque a quantidade demandada, 15 unidades,
está acima da quantidade oferecida, que é 5. Nesse caso,
57
devem-se aumentar os preços para diminuir as quantida-
des demandadas para 10 unidades a um preço de R$ 60 e,
assim, atingir o equilíbrio.
Ainda existem dois casos em que o equilíbrio é afe-
tado: o primeiro é quando há um aumento na demanda, e
o segundo quando há uma redução na oferta, como apre-
sentado nas Figuras 3.4 e 3.5.
Figura 3.4 – Como um aumento na demanda afeta o equilíbrio

80
Pre

çod
40

oliv 20

D2

ro
D1

0 5 10 15 20
Quantidade

Fonte: VASCONCELLOS, 2001.

A Figura 3.4 mostra que um determinado livro tem


grande aceitação no mercado, o que faz com que a demanda
58 aumente, deslocando o ponto de equilíbrio. O ponto de
equilíbrio inicial indicava um preço de R$ 20 para 5 unida-
des. Com o aumento do consumo do produto, 10 unidades,
a curva de demanda se desloca para a direita, o que pro-
voca um aumento no preço, que passa para R$ 40.
Figura 3.5 – Como uma redução na oferta afeta o equilíbrio

O’
80
Pre
O
60

çod
40

oliv 20 D

ro

0 5 10 15 20
Quantidade

Fonte: VASCONCELLOS, 2001.

A Figura 3.5 apresenta um mercado de livros que sofre


uma queda na oferta desse bem, o que faz com que esta
diminua e desloque o ponto de equilíbrio. O ponto de 59

equilíbrio inicial indicava um preço de R$ 40 para 15 uni-


dades. Com a queda na oferta do produto, 10 unidades, a
curva de oferta se desloca para a esquerda, o que provoca
um aumento no preço, que passa para R$ 60.
(.)
Ponto final
Neste capítulo, vimos que o ponto de equilíbrio acontece
quando a demanda se iguala à oferta. Também definimos
que, nesse ponto, os preços e a quantidade são o preço e
a quantidade de equilíbrio. O chamado preço e quantidade
de equilíbrio são observados no ponto em que as curvas de
oferta e de demanda se interceptam, ou seja, no ponto em
que, dado o preço prevalecente, as quantidades deman-
dadas e ofertadas se igualam. Isso quer dizer que, nesse
ponto, temos a disposição máxima de pagar por aquela
quantidade de produto (demanda). Por outro lado, nesse
preço, temos o preço mínimo pelo qual os produtores estão
dispostos a produzir aquela quantidade (oferta).

Indicações culturais
MANKIW, G. N. Princípios de microeconomia. São Paulo:
60 Pioneira Thomson Learning, 2006.

PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6 ed.


São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.

No capítulo 2 da obra de Mankiw (2006), e no capítulo


2 da obra de Pindyck e Rubinfeld (2006) o leitor poderá
saber mais sobre o assunto proposto neste capítulo.
Atividades
1. O aumento do poder aquisitivo, basicamente determinado
pelo crescimento da renda disponível da coletividade, pode
provocar a expansão da procura de determinado produto.
Marque (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as
falsas, a respeito do preço do equilíbrio.
( ) Deslocar-se-á da posição de equilíbrio inicial para
um nível mais alto, se não houver possibilidade de
expansão da oferta do produto.
( ) Deslocar-se-á do ponto inicial para uma posição mais
baixa, se a oferta do produto permanecer inalterada.
( ) Permanecerá inalterado, pois as variações de quanti-
dades procuradas se realizam ao longo da curva ini-
cialmente definida.

2. Suponha que a demanda e a oferta para determinado bem


Y sejam expressas pela tabela a seguir:

Quadro da demanda Quadro da oferta


61
Preço (R$) Quantidade Preço (R$) Quantidade

50 25 50 0

55 22,5 55 1,7

60 20 60 3,3

65 17,5 65 5

70 15 70 6,7

75 12,5 75 8,3
(continua)
(conclusão)

80 10 80 10

85 7,5 85 11,7

90 5 90 13,3

95 2,5 95 15

100 0 100 16,7

a. Identifique o preço de equilíbrio.


b. Suponha que o preço atual fosse de R$ 70,00. Seria de se
esperar que o preço subisse ou caísse, após analisar o
ponto de equilíbrio do gráfico?

62
(4)

Comportamento
do consumidor
Jacqueline A. H. Haffner

( )

O objetivo deste capítulo é evidenciar o


comportamento do consumidor e qual o seu papel na eco-
nomia. É importante saber o que cada consumidor busca
no mercado para satisfazer suas necessidades e como rea-
liza suas escolhas.
A teoria do comportamento do consumidor envolve o
conhecimento dos inúmeros aspectos que moldam o com-
portamento dos indivíduos, particularmente aqueles rela-
cionados aos processos de tomada de decisão. São muitas as
variáveis que influenciam esse comportamento, que se rela-
cionam a preferências, restrições orçamentárias ou escolhas.

(4.1)
Teoria do comportamento
do consumidor
A teoria do comportamento do consumidor visa apresentar
informações que levem ao entendimento de como o consu-
midor se comporta diante de variáveis específicas.
Um exemplo é o tíquete para a compra de leite forne-
cido por algumas empresas. O questionamento que deve-
mos fazer é: como esse programa de salários indiretos
poderá ajudar as famílias que o recebem?
66 O tíquete será trocado por leite ou será utilizado em
outro tipo de consumo? O consumo do leite vai aumentar
com essa política das empresas?
O fundamental nessa teoria é entender como o consu-
midor se comportará no que se refere ao consumo.

Preferências do consumidor
Cada consumidor tem suas preferências e o que interfere
nisso é a imensa variedade de produtos que existem no
mercado e os gastos individuais do consumidor. Por isso, é
difícil definir suas preferências, já que cada um tem uma
forma específica de consumo, de acordo com as suas neces-
sidades, expectativas e renda.
Na Tabela 4.1 a seguir, são apresentadas as preferên-
cias de seis consumidores. Podemos observar que cada um
tem escolhas de consumo diferentes.
Tabela 4.1 – Cestas de mercado

Cesta de Unidades Unidades


mercado alimentação vestuário

A 10 20

B 5 40

C 30 10

D 20 30

E 10 25

F 15 40

Nesta tabela, podemos observar que o consumidor a


consome 10 unidades de alimentação e 20 de vestuário; o
b consome 5 unidades de alimentação e 40 de vestuário; o
c consome 30 de alimentação e 10 de vestuário; o consu- 67
midor d consome 20 unidades de alimentação e 30 de ves-
tuário; o e consome 10 unidades de alimentação e 25 de
vestuário; e, por último, o f consome 15 de alimentção e 40
de vestuário.

O que o consumidor quer


Partindo do princípio de que os consumidores têm diferen-
tes escolhas, que variam de acordo com as suas necessida-
des, gostos e limitações orçamentárias, podemos apresentar
as três premissas básicas do que o consumidor quer.
Segundo Pindyck e Rubinfeld3, as premissas básicas são:

As preferências são completas. Indica que dois consu-


a.
midores poderiam comparar e ordenar todas as cestas
de mercado.
b. As preferências são transitivas. Tal premissa assegura
que as preferências dos consumidores sejam racionais.
c. Todas as mercadorias são boas, isto é, desejáveis, de tal
forma que, não se levando em consideração os preços,
os consumidores sempre preferem quantidades maio-
res de uma mercadoria, em vez de menores.

Essas três premissas compõem os alicerces da teoria


do consumidor. Elas não esclarecem totalmente as prefe-
rências dos consumidores, mas nos dão as coordenadas de
como o consumidor se comporta na hora de consumir.

Curvas de indiferença
Por meio das curvas de indiferença, podemos representar
graficamente as preferências do consumidor, o qual terá
de escolher entre uma cesta ou outra ou se mostrar indife-
rente entre as cestas que lhe são oferecidas.
68
Dessa forma, podemos dizer que uma curva de indi-
ferença representa todas as combinações de cestas de
mercado que fornecem o mesmo grau de satisfação a um
consumidor, que o deixará totalmente satisfeito.
O consumidor se mostrará inteiramente indiferente em
relação às cestas de mercado representadas pelos pontos ao
longo da curva. Essas curvas de indiferença se referem a
todas as combinações de bens e serviços que deixam o con-
sumidor igualmente satisfeito. Elas são convexas, jamais se
interceptam e possuem inclinação para baixo, como vere-
mos na Figura 4.1.
Na seqüência, apresentamos na Figura 4.2 as curvas de
indiferença e a satisfação do consumidor dadas as diferen-
tes cestas de consumo.
Figura 4.1 – Curvas de indiferença e suas propriedades

Be

mY

A
C
U2
B
U1

Bem X

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.

Figura 4.2 – Curvas de indiferença e as escolhas do consumidor


69
As cestas B, A e D proporcionam a
mesma satisfação.
(unidades por semana)

50 B ▪ E é preferida a qualquer cesta em U1.


▪ Cestas em U1 são preferidas em H e G.
H E
Vestuários

40

A
30

D
20
G U1

10

10 20 30 40
Alimento
(unidades por semana)

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.


Além das curvas de indiferença, existe o mapa de indi-
ferença, que é a representação gráfica de um conjunto de
curvas de indiferença que apresentam as preferências
de um consumidor. Na Figura 4.3, são mostradas infor-
mações sobre o mapa de indiferença e preferências do
consumidor.
Nessa figura, é possível verificar que: qualquer cesta
de mercado sobre a curva U4 é preferível em relação a qual-
quer cesta sobre a curva U3; qualquer cesta na curva U2 é
preferível a qualquer cesta sobre a curva U2, qualquer cesta
na curva U2 é preferível a qualquer cesta sobre a curva U1.
Dessa forma, as preferências do consumidor podem
ser inteiramente representadas nas curvas de indiferença
ou no mapa de indiferença, que mostram as combinações
que deixam o consumidor totalmente satisfeito.

Figura 4.3 – Mapa das curvas de indiferença


70
Bem Y

U4

U3

U2

U1
0
Bem X

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.


Taxa marginal de substituição
A inclinação da curva de indiferença é chamada taxa margi-
nal de substituição (TMS), que serve para medir a quantidade
de uma determinada mercadoria, da qual um consumi-
dor estaria disposto a desistir para obter maior número de
uma outra mercadoria.
A inclinação negativa de uma curva de indiferença de
um consumidor é a medida de sua taxa marginal de substi-
tuição entre dois bens, como definido na fórmula a seguir.

TMS = –∆V/∆A

Na Figura 4.4, observamos a taxa de substituição de ves-


tuário por alimento, ou seja, a quantidade de vestuário de
que se abre mão para se obter uma unidade de alimento.

Figura 4.4 – Taxa marginal de substituição


71

Observação: A quantidade de vestuário de que se abre mão


para se obter uma unidade de alimento diminui de 6 para 1
Pergunta: Essa relação também é válida ao se abrir mão de
(unidades por semana)

16 A alimento para obter vestuário?


14

12 –6
Vestuários

10 B
1 –4
8

6 D
–2
4 E
–1
2 F
1

1 2 3 4 5
Alimento
(unidades por semana)

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.


Nesse caso, a taxa marginal de substituição nos apre-
senta os seguintes dados:

a. A cesta básica A percorre a curva até a cesta básica B; a


TMS de alimentação por vestuário é TMS = –∆V/∆ A –
(–6)/1 = 6.
b. Quando começamos pela cesta de mercado B e percor-
remos a curva até a cesta de mercado D, a TMS cai para
4. Ou seja, o consumidor está disposto a desistir de
apenas quatro unidades de vestuário para obter uma
unidade a mais de alimento.
c. Se iniciarmos pela cesta básica d e seguirmos até a E, a
TMS será igual a 2.
d. Se começarmos pela cesta de mercado e e seguirmos
para F, a TMS será igual a 1.
e. À medida que maiores quantidades de uma mercado-
ria são consumidas, espera-se que o consumidor pre-
72 fira abrir mão de cada vez menos unidades de uma
segunda mercadoria para poder obter unidades adi-
cionais da primeira mercadoria.
f. À medida que percorremos a curva de indiferença
da Figura 4.4 e o consumo de unidades de alimento
aumenta, deve diminuir o desejo do consumidor de
possuir unidades adicionais desse bem. Ou seja, ele
estaria disposto a desistir de cada vez menos unida-
des de vestuário para obter uma unidade adicional de
alimento.
g. Os consumidores preferem, geralmente, uma cesta de
mercado balanceada a uma cesta cujo conteúdo total
seja de apenas um tipo de mercadoria.
As curvas de indiferença nos apresentam informações
da disponibilidade que o consumidor tem para substituir
um bem por outro. A escolha pode ser influenciada pela
proximidade de um bem a outro. São os chamados substi-
tutos perfeitos, que são representados por linhas retas, como,
por exemplo, substituir Coca-Cola por Pepsi. Já a necessi-
dade de possuir o complemento de um bem faz com que o
consumo seja realizado em pares, como é o caso dos comple-
mentos perfeitos, que são representados por curvas com for-
mato de ângulos retos. Por exemplo: a luva direita e a luva
esquerda.
As Figuras 4.5 e 4.6 apresentam bens que são substitu-
tos perfeitos e complementos perfeitos, respectivamente.

Figura 4.5 – Substitutos perfeitos

73

Coc

a- 4

cola3

0 1 2 3 4
Pepsi

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.


Figura 4.6 – Complementos perfeitos

Luv

adir 4

eita
2

0 1 2 3 4
Luva esquerda

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.

74

(4.2)
Restrições orçamentárias:
o que o consumidor pode gastar
A restrição orçamentária delimita todas as combinações que
o indivíduo pode adquirir devido à sua renda e aos preços.
Todos os consumidores têm suas preferências, mas
elas não explicam inteiramente como o consumidor vai se
comportar. As restrições orçamentárias dele influenciam
suas escolhas, já que, havendo limitação orçamentária,
haverá restrição na quantidade de produtos que poderá
ser comprada.
A linha do orçamento indica todas as combinações de
A e V para as quais o total de dinheiro gasto seja igual à
renda disponível. Ainda, esboça informações sobre o con-
sumidor e as combinações das quantidades de dois bens
que podem ser adquiridos com uma renda limitada.
Para duas mercadorias, a seguinte expressão repre-
senta o que o consumidor poderá comprar:

PAA + PVV = I

A linha do orçamento está composta pelas seguintes


variáveis:

▪ I = renda fixa do consumidor


▪ A = quantidade de alimentos adquirida pelo consu-
midor
▪ V = quantidade de vestuário adquirida pelo consumidor
▪ PA e PV = preços das mercadorias no mercado
75
▪ PAA = o preço do alimento multiplicado pela quanti-
dade corresponde à quantidade de dinheiro gasta com
alimentação
▪ PVV = o preço do vestuário multiplicado pela quanti-
dade corresponde à quantidade de dinheiro gasta com
vestuário

A Figura 4.7 apresenta a linha de orçamento que repre-


senta o consumo de dois bens: carne e batata. À medida
que o consumidor se movimenta ao longo da linha de
orçamento, gasta menos com uma mercadoria e mais com
outra; nesse caso, troca carne por batata.
A inclinação da linha do orçamento indica a quanti-
dade de mercadoria que pode ser substituída por outra
sem que se altere a quantidade de dinheiro que o consu-
midor gasta com esses produtos.
A inclinação da linha do orçamento é calculada por:

Inclinação = – PA/PV

Figura 4.7 – Linha do orçamento

Car
125
ne

100

75

Restrição orçamentária
50

25
U = 100
76

0 25 50 75 100 125
Batatas

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.

Na Figura 4.8, podemos observar uma linha de orça-


mento que é cortada por duas curvas de indiferença. Nesse
caso, as possibilidades de consumo se situam na curva A,
em que a linha do orçamento corta a curva; neste ponto,
o consumidor estará consumindo o máximo da sua capa-
cidade; já na curva B, estará consumindo menos do que
poderia.
Figura 4.8 – Linha do orçamento

Be
B
m2

U2

U1

Bem 1

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.

Restrições orçamentárias: efeitos 77


das modificações na renda e nos preços
Vimos até aqui que o consumidor faz escolhas constan-
temente e sempre prefere consumir mais diferentes pro-
dutos. A limitação ao consumo é a restrição orçamentária,
ou seja, a renda do consumidor limita o consumo. Dessa
forma, ele sempre deve otimizar esse processo de modo a
obter o máximo grau de satisfação com sua renda.
Na figura a seguir, podemos observar os efeitos das
modificações na renda sobre a linha de orçamento, em que
um aumento na renda desloca a linha do orçamento para
a direita e uma redução na renda desloca a linha para a
esquerda.
Figura 4.9 – Efeitos das modificações na renda sobre a linha de orçamento

R$
Um aumento da renda
Ves
do consumidor desloca a
linha do orçamento para
a direita.
tuá(un 80

rio
60

Uma diminuição da renda


40 do consumidor desloca a
ida
linha do orçamento para a
esquerda.
20

L3 L1 L2
(I = $) (I = $) (I = $)

des 0 20 40 60 80 R$
Alimentos
(unidades por semana)

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.

78
por
Segundo a Figura 4.9:

a. Uma mudança na renda (mantidos os preços inaltera-


dos) causa um deslocamento paralelo na linha do orça-
mento
sem original (L1).

b. Quando a renda de R$ 80 (L1) aumenta para R$ 160, a


linha do orçamento passa a ser L2 (ficando à direita de
(L1).
c. Seana
a renda diminui para R$ 40, a linha se desloca para
a esquerda (L3).

Por outro lado, as mudanças nos preços produzem efei-


tos sobre a linha de orçamento, ou seja, o que o consumi-
)
dor pode comprar é determinado não somente pela sua
renda, mas também pelos preços.
No caso apresentado, a seguir, na Figura 4.10, temos as
seguintes informações, segundo Pindyck e Rubinfeld 4:

a. Uma mudança no preço de um dos


renda constante) provoca uma rotação na linha de
orçamento.
b. Quando o preço de um alimento cai de R$ 1 para R$ 0,50,
a linha de orçamento gira de L1 até L2.
c. Se o preço aumenta de R$ 1 para R$ 2, a linha de orça-
mento gira de L1 até L3.
d. Uma mudança no preço de um dos
renda constante) provoca uma rotação na linha de
orçamento.
e. Quando o preço de um alimento cai de R$ 1 para R$ 0,50,
a linha de orçamento gira de L1 até L2.
f. Se o preço aumenta de R$ 1 para R$ 2, a linha de orça-
mento gira de L1 até L3.
79
Figura 4.10 – Efeitos das modificações nos preços sobre a linha de orçamento

R$
Um aumento no preço do
Ves alimento para R$ 2 modifica
80 a inclinação da linha do
orçamento e causa sua
rotação para esquerda.
tuá(un
60

rio
40
Uma redução no preço
do alimento para R$ 0,50
muda a inclinação da linha
ida 20 do orçamento e causa sua
rotação.
L3 L1 L2
(PA= 2) (PA= 1) (PA= 1/2)
0 20 40 60 R$
80
Alimentos
des (unidades por semana)

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.

por
Podemos concluir que o consumidor sempre tenta
fazer a escolha ótima de consumo de acordo com a renda
limitada que possui, os preços de mercado, as suas expec-
tativas e gostos de consumo.

A escolha do consumidor
Vimos, ao longo deste capítulo, como o nosso consumidor
se comporta de acordo com as suas preferências, como se
localiza ao longo das curvas de indiferença e o que está dis-
posto a deixar de consumir de uma mercadoria para con-
sumir outra (taxa marginal de substituição) e, por último,
as restrições orçamentárias, isto é, como a renda interfere
no consumo, assim como as mudanças nos preços.
O problema que tentaremos resolver agora se rela-
ciona com a escolha do consumidor. O que vai proporcio-
nar maior grau de satisfação ao consumidor, ou seja, como
pode escolher a curva de indiferença mais alta possível
80
dada certa restrição orçamentária? Em síntese, neste item,
pretendemos compreender como a teoria da escolha do
consumidor descreve a tomada de decisões por parte dos
consumidores. Essa parte da teoria explica por que o con-
sumidor elege entre comprar um produto ou outro.
O ponto de escolha não pode ser abaixo da restrição
orçamentária, porque pontos abaixo da restrição orçamen-
tária são pontos que mostram que a renda não está sendo
consumida totalmente, isto é, o consumidor, nesse ponto,
pode atingir uma curva de indiferença mais alta ou mais
à direita. Pontos acima da restrição orçamentária são o
que todo consumidor almeja consumir, ou seja, ele sem-
pre espera se localizar no ponto mais alto de consumo,
obtendo, assim, o maior grau de satisfação. Isso se relaciona
com as premissas do consumo “quanto mais melhor” e as
necessidades infinitas dos consumidores, como demons-
trado a seguir na Figura 4.11:

Figura 4.11 – Maximização da satisfação do consumidor dada sua restrição


orçamentária

PV = R$ 2 PA = R$ 1 I = R$ 80
Ves

A cesta de mercado D
tuá(un 40
não pode ser consumida
dada a restrição
D orçamentária do
rio 30 consumidor

20
U3
ida

10
Linha do orçamento

des
0 20 40 60 80 81
Alimentos
(unidades por semana)

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.

por
O ponto ótimo do consumidor será aquele que deverá
estar sobre a linha de orçamento; não poderá se situar nem
à direita nem à esquerda da restrição orçamentária. A cesta
de consumo que vai maximizar a escolha do consumidor
deverásemser a sua combinação preferida de bens e serviços,
o que se relaciona com a escolha apropriada de combina-
ções de bens sobre a linha do orçamento. Concluindo, o
consumidor poderá escolher somente uma cesta com com-
ana
binações de produtos que esteja localizada sobre a linha de
orçamento, como demonstrado na Figura 4.12:

)
Figura 4.12 – Maximização do consumo

Ves PV = R$ 2 PA = R$ 1 I = R$ 80

tuá(un 40 No ponto A, a linha do orçamento e a curva


de indiferença são tangentes, e nenhum nível
mais elevado de satisfação pode ser obtido.
rio 30

A
20 No ponto A: TMS = PA/PV = 0,5
ida

10 U
Linha do orçamento

des 0 20 40 60 80
Alimentos
(unidades por semana)

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.

82
por
Na Figura 4.12, observamos que o ponto máximo que o
consumidor pode atingir de acordo com sua restrição orça-
mentária é o ponto A.
Certamente, o consumidor preferiria um ponto locali-
sem
zado numa curva acima da do ponto A, mas sua restrição
orçamentária o impede de obter essa combinação.
A escolha do consumidor será maximizada no ponto
onde a taxa marginal de substituição será igual à razão
ana
entre os preços:

TMS = PA/PV

)
A utilidade (U) que um consumidor oferece a um deter-
minado bem quando o consome também é determinante
no momento da escolha de consumo. As preferências pelo
consumo de determinado bem estaria relacionada com a
utilidade que esse bem dá ao consumidor. Dessa forma, o
conceito de utilidade se relaciona com a satisfação que um
consumidor consegue com o consumo de um conjunto de
bens. Não é apenas aquilo que é útil, auxiliar ou prático.
Utilidade pode ser considerada a percepção do consumi-
dor. O que denominamos utilidade é uma ordenação das
preferências do consumidor.
Teoricamente, as curvas de indiferença mais elevadas
proporcionam mais utilidade para o consumidor, pois ele pre-
fere sempre pontos elevados de consumo. Além disso, todos
os conjuntos de cestas ao longo da mesma curva de indife-
rença proporcionam a mesma utilidade ao consumidor.
Ainda nessa análise, podemos observar dois aspectos
relacionados com o consumo e com a sua utilidade: a utili-
dade marginal (Um) e a utilidade marginal decrescente.
Nesse sentido, a primeira análise é focada na utili-
83
dade que o consumidor tem ao consumir uma unidade a
mais de um determinado produto, chamada de utilidade
marginal. Por exemplo, qual é a utilidade de comprar um
segundo par de sapatos?
A segunda análise se relaciona com a utilidade margi-
nal decrescente, em que o consumo chega num ponto que
não traz tanta satisfação para o consumidor, como no caso
anterior. Teoricamente, pressupõe-se que a maioria dos
bens tem utilidade marginal decrescente. Ainda, voltando
ao exemplo do sapato, poderíamos avaliar a utilidade de
comprar três pares de sapatos.
Resumindo: Na teoria econômica, a palavra marginal
sempre se refere à taxa por meio da qual um total está se
alterando. A utilidade marginal é definida como a mudança
na utilidade total devida ao acréscimo de uma unidade na
taxa de consumo do bem em questão.
A função de utilidade pode ser assim definida:

U = f(Q1, Q2)

Na Figura 4.13, são apresentadas duas cestas de con-


sumo e a restrição orçamentária do consumidor. De acordo
com a teoria do consumidor, este sempre vai escolher a
cesta mais à direita, que vai oferecer maior satisfação no seu
consumo. Dessa forma, esse consumidor deveria mudar da
cesta atual para a cesta ideal para ter maior satisfação.

Figura 4.13 – Ponto ótimo do consumidor

Ali

me
84 Cesta ideal

nto

Cesta atual

Vestuário

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.

Essa figura representa o ponto ótimo do consumidor.


(.)
Ponto final
Vimos, ao longo deste capítulo, a teoria do comportamento
do consumidor. Buscamos compreender como o consumir
se comporta e como realiza as suas escolhas de consumo.
Vimos as curvas de indiferença, as suas propriedades e os
mapas de indiferença do consumidor.
Além disso, procuramos, por meio da curva de
demanda, entender como o consumidor se comporta em
relação ao consumo de acordo com as suas preferências,
expectativas e restrições orçamentárias. Os aspectos teóri-
cos desenvolvidos ao longo deste capítulo nos auxiliam a
entender a realidade que procuramos explicar.
Resumindo: dadas as informações disponíveis dos
preços vigentes e da renda do consumidor, elaboramos
85
a restrição orçamentária – que tem como objetivo prático
apresentar as escolhas do consumidor, respeitando suas limi-
tações de renda –, bem como apresentamos um conjunto de
alternativas possíveis de consumo.

Indicações culturais
MANKIW, G. N. Princípios de microeconomia. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2006.

PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6 ed.


São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.

No capítulo 21 da obra de Mankiw (2006) e no capítulo 2 da


obra de Pindyck e Rubinfeld (2006), o leitor poderá saber
um pouco mais sobre o assunto proposto neste capítulo.
Atividades
1. Segundo Vasconcellos (2001), quais são as quatro premissas
básicas sobre as preferências individuais? Explique o que
cada uma delas significa.
2. Baseando-se na obra de Vasconcellos (2001), trace uma
linha do orçamento e, em seguida, uma curva de indife-
rença para ilustrar a escolha maximizadora da satisfação
associada a dois produtos.

86
(5)

Comportamento do consumidor –
elasticidades
Jacqueline A. H. Haffner

( )

A elasticidade é um conceito importante na teoria


do consumidor, pois refere-se à forma de medir a sensibi-
lidade de uma variável à variação de outra. Esta análise
pode dar uma resposta mais precisa de como compradores
e consumidores se comportam no mercado.
Na tomada de decisões, os profissionais se encon-
tram em situações em que é fundamental fazer uma aná-
lise das elasticidades para ter uma ferramenta a mais para
deliberar sobre alguma mudança a ser implementada na
empresa, tanto do ponto de vista da demanda quanto da
oferta de mercado.
Se houver interesse em saber como aumentar uma fatia
de mercado por meio da redução dos preços de um pro-
duto e avaliar o impacto dessa redução sobre a quantidade
demandada do produto, devemos calcular a elasticidade-
preço da demanda.
Por outro lado, podemos nos interessar em saber a
resposta da demanda para uma variação na renda. Para
responder a essa questão, teríamos que analisar a elastici-
dade-renda da demanda. Outra análise que pode ser feita
é com relação aos preços, ou seja, nosso foco de análise
poderia estar em avaliar como a variação no preço de um
bem afeta o outro. Para obter essa informação, temos que
calcular a elasticidade-preço cruzada da demanda.
No que se refere à oferta de mercado, também pode-
90 mos calcular as elasticidades, que são o resultado de uma
variação nos preços na oferta de mercado.

(5.1)
Elasticidades da
oferta e da demanda
Nos capítulos anteriores, observamos que, por meio das
leis da oferta e da procura, é possível apontar a direção de
uma resposta em relação à mudança de preços. Tal análise
ocorre de acordo com parâmetros determinados na pró-
pria análise em questão, mas não informa o quanto a mais
os consumidores demandarão ou os produtores oferecerão
quando acontecem mudanças no mercado.
Dessa forma, quando ocorrem alterações no mercado,
tanto do lado da demanda quanto da oferta, temos interesse
de saber qual será a resposta do mercado a essas mudanças.
As elasticidades são uma medida da sensibilidade de uma
variável em relação a outra e nos apresentam informações
de como a variação percentual de uma variável influenciará
em outra em resposta a uma variação de 1%.

(5.2)
Elasticidades da demanda
O que denominamos de elasticidade-preço da demanda (EP) é
a medida que mostra como a quantidade comprada é afe-
tada por mudanças nos preços do bem ou do serviço; ela
mede a reação dos consumidores às mudanças no preço. 91

O coeficiente de elasticidade-preço é definido como a


variação da percentagem na quantidade comprada dividida
pela variação no preço do produto. Em termos algébricos:

EP = (%ΔQ)/(%ΔP)

Em que:

▪ %ΔQ = variação percentual da quantidade demandada


▪ %ΔP = variação percentual do preço

Ou, segundo Pindyck e Rubinfeld5:

ΔQ/Q P ΔQ
EP = =
ΔP/P Q ΔP

▪ Se EP é negativa, dizemos que o bem é comum.


▪ Se EP é positiva, dizemos que o bem é de Giffen.
Para aplicar a teoria, podemos utilizar o seguinte exem-
plo: avaliar um aumento no preço do café. Vamos descre-
ver uma mudança de preço do café de R$ 2,00 para R$ 2,20.
Qual seria a elasticidade-preço da demanda por café se a
quantidade demandada de café é de 85 mil quilos por ano,
quando o preço é R$ 2,20, e é de 100 mil quilos por ano
quando o preço é R$ 2,00.
Segundo Stamford:

A mudança absoluta na quantidade foi de 15 mil quilos


(100 – 85) para baixo. Em termos percentuais isso equivale
a 15%, pois a quantidade era de 100 mil quilos a R$ 2,00
no preço inicial. Quando o preço aumentou para R$ 2,20
houve uma queda na quantidade demandada de 15% [100(85
– 100)%/100].
92
A mudança absoluta no preço foi de R$ 0,20 (2,20 – 2,00)
para cima. Em termos percentuais isso equivale a 10%, pois
o preço inicial era R$ 2,00 e aumentou para R$ 2,20 houve
um aumento de 10% [100(2,20 – 2,00)%/2,00].6

O percentual da variação pode ser calculado com o


seguinte raciocínio: se a quantidade era 100 e caiu para 85,
temos uma queda de 15. Então, se 100 equivale a 100%, a
quanto equivalerá 15?

100 100%

15 x%

O que resulta em: 100x = 100 . 15 x = 1.500/100 x = 15%.


Se o preço aumentou de R$ 2,00 para R$ 2,20, o
acréscimo foi de R$ 0,20. Se R$ 2,00 era 100% do preço,
quanto seria R$ 0,20?
R$ 2,00 100%

R$ 0,20 x%

O que resulta em: 2x = 100.0,20 x = 20/2 x = 10%.


Assim, a elasticidade será calculada da seguinte forma:

Elasticidade-preço da demanda (EP) = 15%/10% = 1,5

Interpretação do coeficiente de elasticidade-preço da


demanda:
A elasticidade, nesse caso, foi de 1,5. Isso significa que,
93
dado um aumento de 10% nos preços de determinado
bem ou serviço, haverá um decréscimo de 15% da quan-
tidade procurada. Esses resultados nos apontam para um
bem elástico, ou seja, uma pequena variação no preço vai
alterar a sua demanda. Definiremos esse aspecto no item
seguinte, quando trataremos interpretação dos resultados
das elasticidades.

As elasticidades e os seus resultados


De acordo com os resultados das elasticidades, teremos
comportamentos diferentes por parte dos consumidores,
como explicado por Stamford a seguir:

a) Se a elasticidade-preço do bem for menor que 1%, dizemos


que a demanda por esse bem é inelástica. A variação percen-
tual na quantidade é menor que a variação percentual no
preço. Ou seja, os consumidores são relativamente insensí-
veis a variações no preço.
b) Se a elasticidade-preço do bem for maior que 1%, dizemos
que a demanda por esse bem é elástica. A variação percen-
tual na quantidade excede a variação percentual no preço.
Ou seja, os consumidores são bastante sensíveis a variações
no preço.
c) Se a elasticidade-preço do bem for igual a 1%, dizemos que
a demanda por esse bem é de elasticidade unitária. A varia-
ção percentual na quantidade é igual à variação percentual
no preço. A demanda de uma mercadoria tem elasticidade
unitária quando um aumento de 1% no preço ocasiona um
decréscimo de 1% na quantidade demandada.7

Esses dados estão organizados na Tabela 5.1 a seguir:

Tabela 5.1 – As elasticidades e sua interpretação


94
Intervalo Nomenclatura

ε=0 Perfeitamente inelástica

0<ε<1 Inelástica

ε=1 Elasticidade unitária

1<ε<∞ Elástica

ε=∞ Perfeitamente elástica

Fonte: SARAIVA, 2008.

Na Figura 5.1, podemos observar os dados apresenta-


dos anteriormente. O preço e a quantidade e a relação des-
tes com a demanda de mercado; entre os pontos A e C a
demanda é elástica, entre os pontos C e B a demanda é ine-
lástica e no ponto C a demanda é unitária.
Figura 5.1 – Representação gráfica das elasticidades

P
D
Perfeitamente inelástica

A
Segmento AC = elástica
Segmento CB = inelástica
Ponto C = elasticidade unitária

C
Perfeitamente elástica

B D´

95
Podemos concluir que as curvas de demanda são
classificadas de acordo com a sua elasticidade. A elastici-
dade-preço da demanda nos traz informações sobre como
a demanda se comporta em relação a mudanças no preço.
Dessa forma, podemos considerar que a inclinação da
curva se relaciona absolutamente com os preços, ou seja,
quanto maior for a elasticidade-preço da demanda, mais
horizontal será a curva de demanda.
Na Figura 5.2, a seguir, observamos uma curva de
demanda totalmente elástica, inteiramente horizontal. Isso
ocorre à medida que a elasticidade-preço da demanda se
aproxima do infinito e a curva de demanda se torna horizon-
tal, refletindo o fato de que mudanças muito pequenas do
preço levam a grandes variações na quantidade demandada.
Figura 5.2 – Curva perfeitamente elástica

Pre

ço

P D
EP = ∞

Quantidade

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.

96

No caso inverso, se a curva de demanda for muito verti-


cal, menor será a elasticidade-preço da demanda. Nesse caso,
a demanda se mantém a mesma qualquer que seja o preço.
Na Figura 5.3, a curva de demanda é perfeitamente
inelástica:

Figura 5.3 – Curva perfeitamente inelástica

Pre

ço

EP = 0

Q
Quantidade

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.


Disponibilidade de substitutos próximos
Os consumidores sempre estão buscando atingir o
máximo grau de satisfação. Assim, no momento em que
aumenta o preço de um produto, eles procuram um substi-
tuto próximo que ofereça o mesmo grau de satisfação. Por
esse motivo, podemos dizer que a elasticidade-preço da
demanda é fortemente influenciada pela possibilidade de
encontrar bens substitutos. Se existirem muitos produtos
substitutos, mais elástica é a demanda e se não existirem
bens que possam substituir o bem originalmente preten-
dido, a demanda é inelástica.
Isso acontece porque os bens que têm substitutos pró-
ximos podem ser trocados com maior facilidade pelos con-
sumidores. Um exemplo de bens elásticos seriam as fitas
97
cassete e os DVDs, que podem ser substituídos rapida-
mente pelos consumidores devido à proximidade que existe
entre os dois produtos. Se houver um aumento no preço dos
DVDs, o consumidor poderá adquirir fitas cassete, supondo
que o preço se mantenha constante, e assistir ao mesmo
filme que assistiria em DVD, o que produziria uma dimi-
nuição no consumo desse produto. Um exemplo contrário
ao apresentado anteriormente é o consumo de sal, que é um
produto que não tem substitutos próximos e por isso apre-
senta uma demanda muito menos elástica que a do DVD.

Outros determinantes da elasticidade


Conforme Stamford, os outros determinantes da elastici-
dade são:

Tempo: Elasticidade no curto-prazo e elasticidade no longo-


prazo. Quanto mais tempo os consumidores tiverem para
procurar substitutos para os produtos que quiserem consu-
mir, maior será a intensidade de sua reação. No longo prazo
os bens apresentam uma demanda mais elástica. Já no curto
prazo acontece o contrário.
Espaço: A elasticidade do mercado é diferente da elasticidade
de uma única firma. A elasticidade do mercado diz quanto
a quantidade global mudará se o preço geral mudar, mas se
uma única empresa muda seu preço a elasticidade não é alta-
mente influenciada.
Participação no orçamento: Se um bem representa pouco no
orçamento total do consumidor a reação será menor a uma
variação no preço.
Bens necessários “versus” bens supérfluos: Para bens essen-
ciais como pão, arroz, feijão, etc. a demanda é mais inelástica.
Para bens de luxo a demanda é mais elástica. Os bens neces-
sários tendem a ter demanda inelástica, enquanto a demanda
98 por bens de luxo (supérfluos) tende a ser elástica.8

Na Tabela 5.2, são apresentados alguns exemplos de


elasticidades:

Tabela 5.2 – Exemplos de elasticidades

Produto Ed

Sal 0,1

Água 0,2

Café 0,3

Cigarros 0,3

Calçados 0,7

Habitação 1,0

Automóveis 1,2

Refeições em restaurantes
2,3

(continua)
(Tabale 5.2 – conclusão)

Viagens de avião 2,4

Cinema 3,7

Marcas específicas de café 5,6

Fonte: STAMFORD, 2006.

(5.3)
Receita total e elasticidade-preço
da demanda
Outra análise que deve ser realizada em relação às elasti-
cidades diz respeito aos efeitos de mudanças na oferta e 99
na demanda da receita total, que nada mais é que a quan-
tidade paga pelos compradores e recebida pelos vendedo-
res de um bem.

Receita total = P · Q (preço do bem · a quantidade vendida)

A elasticidade-preço da demanda pode nos auxiliar


no entendimento dos movimentos ao longo da curva de
demanda e dos efeitos dessas mudanças na receita total.
Quando a receita total muda com os preços, a demanda é
inelástica. Nessa situação, um aumento no preço provoca
uma diminuição proporcionalmente menor na quantidade
demandada e, dessa forma, a receita total aumenta.
Destacamos agora regras gerais da receita total e da
elasticidade-preço da demanda, segundo Mankiw:

a) Quando a demanda é inelástica (elasticidade-preço da


demanda menor do que 1), o preço e a receita total movem-se
na mesma direção.
b) Quando a demanda é elástica (elasticidade-preço da
demanda maior do que 1), o preço e a receita total movem-se
em direções opostas.
c) Se a demanda tem elasticidade unitária (elasticidade-preço
da demanda igual a 1), a receita total permanece constante
quando o preço varia.9

(5.4)
Outras elasticidades
da demanda
Para concluir a nossa análise das elasticidades da demanda,
100
vamos apresentar, neste item, a elasticidade de renda da
demanda e a elasticidade-preço cruzada da demanda, que
complementam a discussão realizada até aqui.

a. Elasticidade de renda: A elasticidade de renda da


demanda expressa a variação percentual na quanti-
dade procurada de um bem resultante de uma variação
percentual na renda disponível do consumidor, tudo o
mais permanecendo constante. Evidentemente, a rela-
ção que une essas duas variáveis é de natureza direta;
assim, a tendência é de que as quantidades e renda
variem no mesmo sentido. É utilizada para medir a
reação dos consumidores a mudanças na renda.

Para bens normais, há uma relação positiva entre


renda e quantidade demandada; logo, a elasticidade-renda
é positiva.
Para bens inferiores, há uma relação negativa entre
renda e quantidade demandada, logo a elasticidade-renda
é negativa.
Diz-se que a renda é elástica se a elasticidade renda é
maior que um, e renda é inelástica se maior que um.
O cálculo da elasticidade-renda é realizado da seguinte
forma, segundo Pindyck e Rubinfeld10:

ΔQ/Q I ΔQ
EI = = ·
ΔI/I Q ΔI

Em que:
ΔQ = variação percentual da quantidade demandada
∆I = variação percentual da renda

b. Elasticidade-preço cruzada da demanda: É utilizada


para medir a reação dos consumidores às mudanças
de preços de bens afins. É definida como a variação
101
percentual na quantidade demandada de um produto
em particular (X) dividida pela variação percentual no
preço de um bem afim (Y). Assim:
▪ Para bens substitutos, h{ uma relação positiva entre
quantidade demandada do bem e variação de preço
do substituto; logo, a elasticidade cruzada de bens
substitutos é positiva.
▪ Para bens complementares, h{ uma relação nega-
tiva entre quantidade demandada do bem e preço
do bem complementar; logo, a elasticidade cruzada
é negativa.

Em termos algébricos, a elasticidade-preço cruzada


da demanda pode ser calculada, segundo Pindyck e
Rubinfeld11, pela seguinte equação:

ΔQa/Qa Pb ΔQa
EQaPb = = ·
ΔPb/Pb Qa ΔPb
Em que:
ΔQ = variação percentual da quantidade demandada
∆P = variação percentual do preço

Também pode ser destacado o seguinte esquema:


Elasticidade-preço cruzada da demanda = ∆ percen-
tual da quantidade demandada do bem 1/∆ percentual do
preço do bem 2.

(5.5)
A elasticidade-preço da oferta

102 A elasticidade-preço da oferta (Eo) mede a reação dos vende-


dores às mudanças no preço. Como a quantidade ofertada
responde a tais mudanças, as variações na oferta estarão
condicionadas à flexibilidade que os vendedores possuem
para mudar a quantidade do bem que produzem. Essa rea-
ção é calculada pela razão entre dois percentuais, isto é, a
variação percentual na quantidade ofertada dividida pela
variação percentual no preço.

variação percentual na quantidade demandada


Eo = variação percentual no preço

O período de tempo que está sendo avaliado é deter-


minante na análise da elasticidade da oferta, pois a elasti-
cidade de curto prazo será, em geral, diferente da de longo
prazo. Assim, ao longo do tempo, quando as firmas têm
possibilidade de reagir mais intensamente às variações de
preço, a curva de oferta se tornam cada vez mais elástica.
Um exemplo de uma oferta inelástica são os terrenos
na montanha, já que esse bem já está predeterminado pela
natureza e é impossível aumentar a sua oferta.
Por outro lado, roupas, sapatos e perfumes possuem
oferta elástica, porque as empresas podem adequar a pro-
dução a um aumento de preços. Isso acontece em razão de
que a oferta geralmente é mais elástica a longo prazo que
a curto prazo.
São determinantes da elasticidade-preço da oferta:

a. disponibilidade de recursos produtivos (mais elástica


quanto mais opções de recursos);
b. tempo considerado (mais elástica no longo prazo);
c. custo de estocagem (quanto maior o custo, menos
elástica).

Apresentamos agora um exemplo de elasticidade da 103


oferta apontado por Mankiw:

Vamos supor um aumento no preço do leite de $ 2,85 para


$ 3,15 por litro que provocasse um aumento da produção por
parte dos fazendeiros de 9 mil para 11 mil litros por mês, que
irá refletir os seguintes resultados:
a. Variação percentual do preço = (3,15 – 2,85 ) / 3 x 100 = 10%.
b. Variação percentual da quantidade ofertada = (11.000 –
9.000) / 10.000 x 100 = 20%.
c. Elasticidade-preço da oferta = 20% / 10% = 2,0
d. Neste exemplo, uma elasticidade de 2 reflete o fato de que
a variação da quantidade ofertada é proporcionalmente duas
vezes maior que a variação do preço.12

Na Figura 5.4, podemos observar como se comportam


as elasticidades da oferta, na qual se encontram o preço e
a quantidade e a relação destes com a oferta de mercado.
Entre os pontos A e B a oferta é elástica, entre os pontos B e
c a oferta é inelástica e no ponto BO a oferta é unitária.
Figura 5.4 – Elasticidades da oferta

Perfeitamente inelástica

Segmento AB = elástica
Perfeitamente elástica Segmento BC = inelástica

E Elasticidade unitária
A

0
Q
104

(5.6)
Elasticidades no
curto e no longo prazo
Ao longo deste capítulo, fizemos uma análise geral das
elasticidades. Neste item, vamos trabalhar as elasticidades
de longo prazo em três perspectivas:

▪ Demanda
▪ Renda
▪ Oferta
Elasticidades da demanda
Avaliam o comportamento do consumidor quando acon-
tece uma mudança nos preços. Nesse sentido, podemos
dividir a análise em duas partes, a curto e a longo prazo.
No exemplo da Figura 5.5, temos as curvas de demanda
por combustível no curto e no longo prazo.

Figura 5.5 – Elasticidade da demanda no curto e no longo prazo

Pre
DCP No longo prazo, as pessoas
ço tendem a dirigir automóveis
menores e que consumam
menos combustível.

105

DLP

Gasolina

Quantidade

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.

Segundo Pindyck e Rubinfeld13, para a maioria dos


bens e serviços, a elasticidade de curto prazo é menor que
a elasticidade de longo prazo (ex.: gasolina, médicos).
Para outros bens (duráveis), a elasticidade de curto
prazo é maior que a elasticidade de longo prazo (ex.: auto-
móveis).
Na Figura 5.6, temos um exemplo de demanda por
automóveis, em que as curvas se invertem pelo tipo de
bem que está sendo analisado (um bem durável).
Figura 5.6 – Elasticidade da demanda no curto e no longo prazo

Pre
As compras de carros novos
ço DLP podem ser adiadas, mas no longo
prazo os carros mais velhos pre-
cisam ser substiuídos.

DCP

Automóveis

Quantidade

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.


106

Elasticidades da renda

As elasticidades da renda também se alteram com as mudan-


ças nos preços e acontecem ajustes tanto a longo quanto a
curto prazo à medida em que a renda se modifica.
Os bens e os serviços com menor valor agregado têm
uma elasticidade de renda maior a longo prazo do que a
curto prazo.
Já para os bens duráveis com maior valor agregado as
elasticidades da renda são menores a longo prazo do que
a curto prazo.

Elasticidades da oferta
Ainda segundo Pindyck e Rubinfeld14, para a maioria dos
bens e serviços, as elasticidades-preço da oferta são maio-
res no longo prazo do que no curto prazo.
Para os bens duráveis e recicláveis, as elasticidades do
preço da oferta são menores no longo prazo do que no curto
prazo, como apresentado nas Figuras 5.7 e 5.8 a seguir.

Figura 5.7 – Elasticidade da oferta no curto e no longo prazo 1

Pre
Cobre primário: SCP
curvas de oferta no
ço
curto e no longo prazo
SLP

No curto prazo, as empresas


estão limitadas por restrições
de capacidade. No longo
prazo, elas podem ampliar sua
capacidade e produzir mais.

Quantidade 107

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.

Figura 5.8 – Elasticidade da oferta no curto e no longo prazo 2

Pre Cobre primário: SLP SCP


curvas de oferta no
ço curto e no longo prazo

Aumentos de preço incentivam


a conversão de sucata em nova
oferta de cobre. No longo prazo,
o estoque de sucata e a oferta de
cobre secundário caem.

Quantidade

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.


(.)
Ponto final
O conceito de elasticidade é usado para medir a reação
das pessoas perante mudanças em variáveis econômi-
cas. Por exemplo, para alguns bens, os consumidores têm
uma grande reação quando o preço aumenta ou dimi-
nui e, para outros, a demanda praticamente se mantém a
mesma quando o preço sobe ou desce. No primeiro caso, a
demanda é elástica e, no segundo, é inelástica. Do mesmo
modo, os produtores também têm suas reações, e a oferta
pode ser elástica ou inelástica.
Nos capítulos anteriores, vimos como, por meio das
108 leis da oferta e da procura, é possível apontar a direção de
uma resposta em relação à mudança de preços e o possí-
vel comportamento dos consumidores a essas alterações
de mercado. No próximo capítulo, começaremos a estudar
a teoria da produção, que é a análise do lado da oferta e do
produtor na teoria microeconômica.

Indicações culturais
MANKIW, G. N. Princípios de microeconomia. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2006.

PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6. ed.


São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006

No capítulo 5 da obra de Mankiw (2006), e no capítulo 2 da


obra de Pindyck e Rubinfeld (2006) o leitor poderá saber
um pouco mais sobre o assunto proposto neste capítulo.
Atividades
1. Explique a relação entre a elasticidade-preço da demanda
e a receita total.
2. Qual a relação entre a elasticidade-renda e os conceitos de
bens superiores e bens inferiores?
3. A elasticidade-preço da oferta costuma ser maior a curto
ou a longo prazo? Por quê?
4. Explique graficamente o que é uma demanda perfeita-
mente elástica e uma demanda totalmente inelástica, mos-
trando as conseqüências para os consumidores.

a. Demanda perfeitamente inelástica: elasticidade igual a 0

109
b. Demanda perfeitamente elástica: elasticidade infinita

110

5. Apresente a elasticidade-preço da demanda da seguinte


questão e explique o resultado.

Um aumento de 25% no preço de cigarro x quantidade


de cigarro causa uma queda de 35% na quantidade com-
prada. Qual a elasticidade da demanda e como ela deverá
ser calculada?
(6)

Teoria da produção
no curto prazo
Jacqueline A. H. Haffner

( )

Neste capítulo, vamos abordar a teoria da produ-


ção de curto prazo. Este constitui um período de tempo no
qual a função produção não consegue alterar todos os fato-
res de produção. Dessa forma, fatores fixos permanecem
imutáveis nesse período de análise e os fatores variáveis
mudam à medida que os níveis de produção se alteram. O
curto prazo é o período em que o insumo capital é fixo e o
insumo trabalho é variável.
A importância da teoria da produção, segundo Breve,
reside em:

que os princípios da produção constituem elemento funda-


mental na análise do preço e emprego dos recursos, da distri-
buição de recursos entre empregos alternativos na economia
e da distribuição do produto. Sob muitos aspectos, a teoria
da produção é paralela à teoria da demanda do consumidor.
A grande diferença que temos entre as duas análises é que a
unidade econômica analisada é a firma individual em vez do
consumidor individual.15

114 A teoria da produção tem duas finalidades. A primeira


é servir de base para a análise das relações entre produção
e custos de produção, que interfere na formação de preços
em função da tecnologia disponível. Já a segunda relacio-
na-se com a procura por melhores alternativas na análise
dos fatores de produção e vai se reverter na melhor aloca-
ção desses fatores.
Neste capítulo, vamos verificar que a atividade produ-
tiva principal de uma firma é transformar insumos em pro-
dutos. Buscaremos entender, da mesma forma que na teoria
do consumidor, como são tomadas as decisões no âmbito
da produção. Por exemplo, uma fábrica de colchões utiliza
espuma, energia, mão-de-obra ou insumos de produção
para produzir um produto: o colchão. Podemos pensar em
outro exemplo: uma financeira que utiliza como insumos
móveis, equipamentos, mão-de-obra e conhecimento para
produzir um produto de intermediação financeira.
Assim, neste capítulo, vamos estudar a parte da oferta
de mercado, que é a base da teoria da firma, a qual é divi-
dida em teoria da produção e teoria dos custos de produ-
ção, como exemplificado a seguir na Figura 6.1.
Figura 6.1 – Origem da teoria da produção

Curva de oferta

Teoria da firma

Teoria da Teoria dos custos


115
produção de produção

(6.1)
Tecnologia de produção
A tecnologia de produção da empresa nos fornece infor-
mações de como acontece o processo produtivo. É a forma
como os insumos são combinados para serem transforma-
dos em produtos, os quais podem ser denominados fatores
de produção.
Como exemplo de processo produtivo, podemos citar
a produção de sorvete. Nela são utilizados os insumos
necessários à produção que estão compostos, em primeiro
lugar, pela mão-de-obra e, em segundo, pelas matérias-pri-
mas, como leite, além do capital investido nas máquinas
misturadoras.
Segundo Pindyck e Rubinfeld16, podemos classificar
da seguinte forma os itens que participam do processo
produtivo:

▪ Insumos de trabalho – Trabalhadores especializados


(carpinteiros, engenheiros) e não especializados (tra-
balhadores agrícolas), bem como os esforços empreen-
dedores dos administradores da empresa.
▪ Matérias-primas – Aço, plástico, eletricidade, água e
quaisquer outros que a empresa transforme em pro-
duto final.
▪ Capital – Edificações, equipamentos e estoques.
116

A empresa define as questões relativas a o que, quanto,


quando, como e onde produzir em função de sua previ-
são de vendas ou carteira de pedidos; assim, as alterações
na produção ocorrem em função de variações apresenta-
das na demanda. Essas decisões podem também ser res-
tringidas por outros fatores, como os sistemas econômico
e financeiro.
Na produção, existe uma restrição técnica na combi-
nação dos fatores de produção e, por esse motivo, é impor-
tante saber como devem ser combinados os insumos de
uma forma mais eficiente. Aquela que define a relação
entre os insumos de produção, o processo produtivo e o
resultado dessas combinações é a função de produção.
Portanto, a função de produção indica o máximo de
produto que se pode obter com as quantidades dos fato-
res, uma vez escolhido determinado processo de produção
mais conveniente.
A função de produção pode ser assim definida:

Q = F(K, L)
Em que:
Q = volume de produção
K = capital
L = trabalho

Um exemplo clássico de produção com diferentes pro-


porções de fatores é a produção de vinho, que pode ser rea-
lizada com:

a. uso intensivo de trabalho – trabalhadores;


b. uso intensivo de capital – máquinas.

117
(6.2)
Análise da teoria da
produção no curto prazo
No curto prazo, vamos analisar a produção com um
insumo variável; nesse caso, será o fator trabalho. Vamos
avaliar uma situação na qual o capital seja fixo, mas o tra-
balho seja variável. Os aumentos na produção somente
acontecerão quando houver um aumento na quantidade
de trabalho utilizado.
Podemos tomar como base uma fábrica de sapatos. Na
capacidade instalada da empresa, há uma determinada
quantidade de equipamentos, porém mais trabalhadores
poderiam ser contratados ou poderia ocorrer a diminuição
da mão-de-obra para operar as máquinas.
Para aperfeiçoar a produção, será necessário saber em
que medida o volume de produção Q aumenta à medida que
o insumo de trabalho L cresce. Nesse caso, será preciso deci-
dir sobre a quantidade de trabalho que terá de disponibilizar
na indústria e a quantidade de sapatos que terá de produzir.
Consideremos uma função de produção com apenas
dois fatores de produção: um fixo (que não varia com a rea-
lização do processo produtivo) e outro variável.

q = f(x1, x 2)

Em que:
q = quantidade de produto
X1 = fator variável
X2 = fator fixo

No exemplo apresentado por Pindyck e Rubinfeld 17,


temos a seguinte escala de produção:

Tabela 6.1 – Produção com um insumo variável (trabalho)

Quantidade Quantidade de Produto Produto médio Produto


trabalho (L) capital (K) total (Q) (Q/L) marginal
(ΔQ/ΔL)

0 10 0 – –

1 10 10 10 10

2 10 30 15 20

3 10 60 20 30

4 10 80 20 20

5 10 95 19 15

6 10 108 18 13

7 10 112 16 4

8 10 112 14 0

9 10 108 12 –4

10 10 100 10 –8

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.


As primeiras três colunas apresentam o volume de
produção que pode ser gerado em um mês, com diferen-
tes quantidades de trabalho e mantendo-se o capital fixo
em dez unidades.
Quando o insumo trabalho é zero, o volume de pro-
dução também é zero. O volume de produção é elevado à
medida que o insumo trabalho vai aumentando, até chegar
à quantidade de oito unidades. Além de tal ponto, a pro-
dução diminui.
Inicialmente, cada unidade de trabalho é capaz de
obter uma vantagem cada vez maior dos equipamentos
e das instalações disponíveis; após determinado ponto, 119
quantidades adicionais de trabalho não podem mais ser
utilizadas.

(6.3)
Produto total, médio
e produto marginal
O produto total representa a quantidade total de produ-
tos obtidos num determinado período de tempo, por meio
de uma determinada combinação de fatores de produção.
Produto total do fator variável é a quantidade do produto
que se obtém da utilização do fator variável, mantendo-se
fixa a quantidade dos demais fatores. O produto total do
fator variável é o q = f(X1), que se modifica em função de
cada nível em que for fixado o fator fixo X2.
Na Figura 6.1, podemos observar a curva do produto
total.
Figura 6.1 – Produção no curto prazo (um insumo variável) do produto total

Pro D
112

Produto total
C
duç

60
B

ãom A: inclinação da tangente = PMg(20).


A B: inclinação de OB = PM (20).
120 C: inclinação de OC = PMg e PM.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
ens Trabalho mensal

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.

al
O produto médio (PML) apresenta a relação entre o
produto total obtido pela empresa com um determinado
fator de produção. O PML pode ser interpretado também
como a quantidade de produtos que é fabricada por cada
unidade de fator utilizada. A produtividade média do fator
variável é o quociente da quantidade total produzida pela
quantidade utilizada do fator variável.

PML = produto total/insumo trabalho = Q/L

O produto marginal (PMGL) representa o acréscimo


na produção total quando agregada uma unidade do
fator, permanecendo os demais fatores constantes. A pro-
dutividade marginal do fator variável é a relação entre as
variações do produto total e as variações da quantidade
utilizada do fator variável, ou seja, é o acréscimo de pro-
duto total advindo do uso de uma unidade adicional do
fator variável.

PMGL = Variação do produto total/


variação do insumo trabalho = ΔQ/ΔL

Na Figura 6.2, podemos apreciar as curvas do produto


médio e do produto marginal:

Figura 6.2 – Produção no curto prazo (um insumo variável) do produto médio
e marginal
121

Observações:
À esquerda de E: PMg > PM e PM crescente.
À direita de E = PMg < PM e PM decrescente.
E: PMg = PM e PM máximo.
port
Pro
30 Produto médio

rab E
duç 20 Produto marginal

alha10
ãom

dor
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
ens Trabalho mensal

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.

al
Resumindo: o produto total é a representação da
quantidade total de produtos obtidos. O PML mede a
produtividade do trabalhador médio e o PMGL mede a
produtividade de uma unidade a mais de produção. Essas
curvas estão intimamente ligadas.
As três curvas de possibilidades de produção podem
ser mais bem observadas na Figura 6.3, a seguir.

Figura 6.3 – Possibilidades de produção

Produto Total
Produto Marginal
Pro
Produto Médio
250
duç
200

150
ão
100

122 50

50 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Mão-de-obra
100

Fonte: Adaptado de RIANI, 1998.

(6.4)
Rendimentos de
escala no curto prazo
A análise dos rendimentos de escala procura mostrar as
relações entre as taxas de crescimento da quantidade de
fatores utilizados e as taxas de crescimento na produção.
Existem três hipóteses de relações:

a. Rendimento crescente de escala: ocorre quando o per-


centual de acréscimo dos fatores de produção é inferior
ao percentual de acréscimo na produção.
b. Rendimento constante de escala: ocorre quando o
aumento percentual de acréscimo dos fatores de produ-
ção for igual ao percentual de acréscimo na produção.
c. Lei dos rendimentos decrescentes: refere-se à quanti-
dade de produção extra que é obtida quando se adi-
cionam sucessivamente unidades extras iguais de um
fator de produção variável e uma quantidade fixa de
outro fator. Tais unidades adicionais acrescentam
níveis positivos na produção até alcançar um valor
máximo numa combinação ótima de fatores.

Na maioria dos processos produtivos acontece o pro-


duto marginal decrescente do trabalho. À medida que 123

aumenta o uso de um determinado insumo, mantendo-se


fixos os demais insumos, chega-se a um ponto em que a
produção adicional decrescerá.
A lei dos rendimentos decrescentes se aplica comu-
mente no curto prazo, já que nesse período pelo menos um
dos insumos permanece inalterado. No longo prazo tam-
bém podemos fazer esta análise, avaliando a alteração de
um ou mais insumos.
Por último, é importante ressaltar que na análise dos
rendimentos decrescentes se pressupõe que todos os insu-
mos de trabalho têm a mesma qualidade e essa lei só é
válida se for mantido um fator fixo (portanto, só vale no
curto prazo).
(.)
Ponto final
Neste capítulo, abordamos a teoria da produção. Vimos
como a empresa, ou firma, é uma unidade de produção
que atua de forma racional, com o objetivo de maximizar
os resultados em termos de produção e lucro.
Os fatores de produção são os bens ou os serviços que
transformam os produtos em bens primários (sem trans-
formação prévia) ou bens secundários (que passaram por
124 um processo de transformação).
Assim, a produção consiste na transformação dos fato-
res adquiridos pela empresa em produtos para a venda no
mercado.
Quando estudamos a produção, tentamos resolver
alguns problemas, como, por exemplo, como influenciar a
produção? Questionamos se seria melhor a contratação ou
demissão de empregados. Deveríamos pagar horas extras
ou reduzir a jornada de trabalho? Deveríamos formar esto-
ques? Como poderíamos influenciar a demanda? Por meio
de propaganda ou de promoções e preços diferenciados?
Enfim, tentamos dar todas as respostas inerentes ao pro-
cesso produtivo.

Indicações culturais
MANKIW, G. N. Princípios de microeconomia. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2006.

PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6. ed.


São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.
No capítulo 13 da obra de Mankiw (2006), e no capítulo 6
da obra de Pindyck e Rubinfeld (2006) o leitor poderá saber
um pouco mais sobre o assunto proposto neste capítulo.

Atividades
1. Descreva a lei dos rendimentos físicos marginais decres-
centes.

2. Complete a tabela a seguir e, depois, faça o gráfico das cur-


vas de produto total e de produtividade média e marginal.

Mão-de-obra 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160

Produto total 50 240 510 850 1270 1700 2120 2530 2920 3300 3630 3900 4100 4200 4200 4100

Produtividade
média

Produtividade
marginal
(7)

Teoria da produção
no longo prazo
Jacqueline A. H. Haffner

( )

Quando analisamos o processo produtivo


de uma firma, observamos que a quantidade utilizada de
alguns insumos pode mudar rapidamente, como, por exem-
plo, energia e mão-de-obra. Já outros insumos são mais difí-
ceis de mudar muito rápido, como o capital físico e o prédio
no qual a empresa está instalada. Num prazo mais longo
ainda, a instituição pode entrar no mercado ou sair dele.
A conseqüência é que o conjunto de produção da firma
depende do prazo que ela tem para ajustar seus insumos.
Para entender esse fenômeno, é importante distinguir
a tecnologia da empresa nos períodos de curto, médio e
longo prazos.
A curto prazo, como foi apresentado no capítulo anterior,
alguns insumos são fixos. A médio prazo, todos os insumos
são fixos, mas o número de firmas no mercado é variável. A
longo prazo, o mercado é variável e os insumos também.
Alguns autores distinguem apenas o curto e o longo
prazo. Para eles, o que chamam de longo prazo é o que defi-
130
nimos como médio prazo e não fazem referência ao número
de empresas no mercado.
Neste capítulo, vamos considerar que todos os fatores
de produção são variáveis, ou seja, vamos fazer a análise
da produção levando em conta períodos de longo prazo.

(7.1)
Isoquanta
Podemos definir isoquanta como uma linha na qual todos
os pontos representam combinações dos fatores de produ-
ção que indicam uma mesma quantidade do produto.
É o conjunto de combinações de insumos que podem
produzir no máximo y, ou seja:

I = {x | f(x) = y}

As propriedades das isoquantas são três:

▪ são decrescentes da esquerda para a direita;


▪ são convexas com relação | origem dos eixos cartesianos;
▪ não se cruzam nem se tangenciam.
O conceito de isoquanta na teoria da firma é análogo ao
conceito de curva de indiferença na teoria do consumidor.
Dessa forma, podemos definir a isoquanta como uma curva
que representa todas as possíveis combinações de insumos
derivados na mesma quantidade de produção 18. Essas infor-
mações estão apresentadas a seguir na Figura 7.1:

Figura 7.1 – Isoquanta

131

Fat

orb

b’

b”

a’ a”
Fator a

Fonte: Adaptado de RIANI, 1998.

Existem infinitas isoquantas num determinado mapa


de produção. Teoricamente, cada uma delas representa
níveis de produção diferentes. As curvas de isoquantas
não se interceptam, pois cada curva representa um nível de
produção. Podemos fazer uma analogia, nesse ponto, com
as curvas de indiferença que têm os mesmos princípios.
Assim, as isoquantas da produção podem ser descri-
tas como as várias combinações de insumos necessários
para que a empresa possa obter um determinado volume
de produção (produto).
Como definido, um conjunto de isoquantas, ou mapa
de isoquantas, descreve a função de produção da empresa,
como podemos observar a seguir na Figura 7.2.

Figura 7.2 – Mapa das isoquantas

132 b
NP
NP’
NP”

Fonte: Adaptado de RIANI, 1998.

(7.2)
Isocustos
Como definido anteriormente, a partir de agora vamos
considerar na nossa análise que todos os fatores de produ-
ção são variáveis. Vamos trabalhar a teoria da produção no
longo prazo. Dessa forma, para aprimorar a nossa análise
da teoria da produção, temos que entender, primeiramente,
o funcionamento das isoquantas que nos apresentam
dados sobre as combinações possíveis na produção. Em
segundo lugar, precisamos compreender como funcionam
os isocustos, que nos oferecem as diferentes combinações
de fatores de produção que a empresa pode adquirir, con-
siderando o preço deles e a disponibilidade ou capacidade
que a firma tem em obter recursos financeiros.
133
Composição do isocusto:

DT = (qa · pa) + (qb · pb)

Em que:
DT = disponibilidade financeira
pa = custo do fator a
pb = custo do fator b
qa = quantidade máxima do fator a = DT/pa
qb = quantidade máxima do fator b = DT/pb

Na Figura 7.3, são apresentadas as possibilidades de


produção entre o fator A e B, de acordo com os recursos
da empresa. Na Tabela 7.1, temos informações sobre as
alternativas de produção em relação aos investimentos e
às quantidades de fatores que podem ser adquiridas com
essas restrições.
Figura 7.3 – Isocustos

Fat
Possibilidade de aquisição de Fatores de produção
orb

60

50

40
134
30

20

10

0 20 40 60 80 100 120

Fator a

Fonte: Adaptado de RIANI, 1998.

Ao observarmos essa figura, entendemos que, com


as informações disponíveis dos preços dos fatores, se a
empresa aumenta a contratação de um fator, deverá redu-
zir a aquisição de outro e, assim, poderá manter constan-
tes os recursos disponibilizados para a produção. Por isso,
a inclinação da curva é negativa.
No caso da Tabela 7.1, a restrição de recursos da
empresa é de 10 mil. Assim, todas as combinações de fato-
res devem ter como valor máximo 10 mil e todas as alter-
nativas de produção devem atender a esse limite para não
exceder o orçamento da empresa.
Tabela 7.1 – Combinações de fatores

Distribuição dos Quantidades


recursos financeiros adquiridas possíveis
Alternativas

Fator a Fator b Fator a Fator b

a 10000 0 100 0

b 8000 2000 80 10

c 6000 4000 60 20
135
d 4000 6000 40 30

e 2000 8000 20 40

f 0 10000 0 50

Fonte: Adaptado de RIANI, 1998.

(7.3)
Taxa marginal de substituição
técnica (TMST)
A taxa marginal de substituição técnica apura a quantidade
de um determinado fator que será compensada por uma
unidade adicional do outro fator, tal que o nível de pro-
dução não se altere. Isso quer dizer que, ao analisar as iso-
quantas, podemos observar o movimento da curva e como
os fatores de produção estão se alocando, isto é, como uma
quantidade de fator de produção vai sendo substituída por
outra quantidade de outro fator.
Podemos definir assim a taxa de substituição técnica:

TMST ba = PMg a/PMg


Em que:
▪ PMg = variação na quantidade produzida decorrente
da variação de uma unidade na quantidade de fator
variável;
▪ PMg a = variação na quantidade produzida decorrente
da variação em uma unidade do fator A.

Na Figura 7.4 a seguir, observamos a taxa de substitui-


ção técnica de capital por trabalho.
136
Figura 7.4 – Taxa marginal de substituição técnica

As isoquantas têm inclinação


negativa e são convexas, assim
como as curvas de indiferença.
Cap
5
2

4
ital
3 1

1 1
2 q3
2
por /3 1
1
1 /3
q2
1
q1
mês
0 1 2 3 4 5

Trabalho por mês

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.


(7.4)
Rendimentos de
escala no longo prazo
É um conceito que pode ser definido apenas na análise de
longo prazo, quando se supõe que todos os fatores de produ-
ção sejam variáveis. Dado um nível de tecnologia, denomi-
namos de rendimentos de escala a variação do produto final, 137

devido à variação da utilização dos fatores de produção.


Neste item, veremos como é importante analisar a
escala de produção de longo prazo.

Rendimentos decrescentes
Dizemos que uma função de produção tem retornos
decrescentes de escala se a produção aumenta numa pro-
porção menor que o aumento dos insumos. Nos rendimen-
tos decrescentes, as isoquantas se apresentam cada vez
mais afastadas umas das outras, como mostra a Figura 7.5.

Figura 7.5 – Rendimentos decrescentes

Rendimentos decrescentes: as isoquan-


tas decrescentes situam-se cada vez mais
Cap afastadas.

ital(hor
A

4
3
as-

2
2
máq
1

0 5 10
Trabalho (horas)

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD,


uin 2006.

a)
Rendimentos constantes
Rendimentos constantes de escala significam que, dobrando
todos os insumos, se duplica a produção. Dizemos que uma
função de produção tem retornos constantes de escala se
a produção aumenta em proporção maior que os insumos.

Figura 7.6 – Rendimentos constantes

138
Rendimentos constantes: as
Cap isoquantas são espaçadas
igualmente.
A
ital(hor
6
30

as- 4

20

má 2

10

0 5 10 15
qui Trabalho (horas)

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.

na)

Rendimentos crescentes
Rendimentos crescentes de escala ocorrem quando os insu-
mos são duplicados, ao passo que uma função de produção
tem retornos crescentes de escala se a produção aumenta
numa proporção maior que os insumos.
Figura 7.7 – Rendimentos crescentes

Cap

ital(hor

as-

139
30

má 20

10

qui Trabalho (horas)

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.

na)
Podemos analisar os rendimentos de escala pelos seus
resultados na escala de produção, os quais podem variar
de acordo com os diferentes setores produtivos ou pela
empresa em questão.
Espera-se que em firmas maiores os resultados na
esfera da produção sejam superiores aos das empresas de
menor tamanho, o que se explica pela escala de produção.

(.)
Ponto final
Neste capítulo, abordamos a teoria da produção a longo
prazo. Vimos que a avaliação sob esse viés pressupõe que é
possível alterar todos os fatores de produção, de modo que,
teoricamente, todos eles sejam variáveis.
A longo prazo, há a possibilidade de a empresa alterar
todos os fatores de produção (desde o número de funcioná-
rios até a capacidade produtiva e expansão física).
Do ponto de vista teórico, o equilíbrio na produção
pode ser determinado quando são utilizados conjunta-
mente os conceitos de isoquanta e isocustos. Podemos dizer
ainda que o equilíbrio da produção é alcançado quando o
produtor consegue obter o máximo de produto dentro de
140
suas restrições de recursos financeiros.

Indicações culturais
MANKIW, G. N. Princípios de microeconomia. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2006.

PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6. ed.


São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.

No capítulo 13 da obra de Mankiw (2006), e no capítulo 6


da obra de Pindyck e Rubinfeld (2006) o leitor poderá saber
um pouco mais sobre o assunto proposto neste capítulo.

Atividades
1. Explique a relação entre isoquanta e isocusto.
2.
Descreva e exemplifique o conceito de retornos crescentes
de escala.

3.
Descreva e exemplifique o conceito de retornos constantes
de escala.

4.
Descreva e exemplifique o conceito de retornos decrescen-
tes de escala.
(8)

Custos de produção
no curto prazo
Jacqueline A. H. Haffner

( )

No último capítulo, examinamos a tecnolo-


gia de produção da empresa, ou seja, a relação que mostra
como os insumos podem ser transformados em produtos.
Agora, veremos de que forma a tecnologia de produ-
ção, com base nos preços dos insumos, determina o custo
de produção da empresa. É necessário primeiro conhecer a
tecnologia de produção da instituição para depois decidir
como produzir.
Vimos anteriormente que os produtos podem ser com-
binados de diferentes maneiras para que uma mesma quan-
tidade de produto seja obtida. Neste capítulo, veremos o
modo como é escolhida uma combinação ótima (minimi-
zadora de custos) de insumos. Veremos também de que
forma os custos da empresa dependem de sua produção e
como podem variar com o decorrer do tempo.

144
(8.1)
O que é custo de
produção no curto prazo?
Para realizar a produção, o empresário precisa adquirir os
fatores de produção, pagando por eles um determinado
preço. Assim, se calcularmos os gastos com os fatores de
produção, obteremos os custos de produção, ou custo total.
Mas, primeiramente, devemos entender claramente
qual é o objetivo da empresa, ou seja, por que ela entra no
mercado?
A instituição sempre que toma decisões está pensando
somente em como obter mais lucro, e somente entra no
mercado com o objetivo de obter lucro por meio dos negó-
cios que realiza.
A empresa obtém lucro quando ganha mais do que
gasta. A quantia que ela recebe pela venda de sua produ-
ção é denominada receita total e a quantidade que gasta
para adquirir insumos é chamada custo total.
O lucro pode ser assim definido:

Lucro = receita total – custo total

A Figura 8.1 a seguir traz informações sobre as deci-


sões econômicas principais de que trata a teoria da firma.
Figura 8.1 – Decisões da firma

Definições
da firma

145
Restrições Escolha dos
Tecnologia
de custo insumos

Custos de oportunidade
Na análise econômica dos custos, é muito importante dife-
renciar custo contábil, custo econômico e custo de opor-
tunidade, sendo que estes últimos, geralmente, não são
considerados, já que correntemente são observados somente
os custos contábeis.
O custo de oportunidade de alguma coisa é tudo
aquilo de que se abre mão para adquiri-la. Por exemplo, se
alguém gasta R$ 10,00 para comprar carne, esses R$ 10,00
são o custo de oportunidade, porque não pode ser inves-
tido na compra de outro produto. Dentro dos custos de
oportunidade, temos os custos implícitos e explícitos, que
veremos a seguir.
Quando abrimos uma empresa, temos que comprar
matérias-primas, pagar os custos de manutenção, con-
tratar trabalhadores etc.; estes são os custos explícitos da
empresa, isto é, são os custos que aparecem.
O custo de oportunidade implícito é diferente, é um
custo que não requer desembolso monetário. Nessa aná-
lise, devemos considerar, por exemplo, o custo de investir
um capital ou deixá-lo no banco rendendo juros.
Podemos assim diferenciar lucro econômico e lucro
contábil. O primeiro seria o resultado da receita menos
os custos explícitos e implícitos. Já o segundo refere-se ao
resultado da receita e dos custos explícitos.
A Figura 8.2 a seguir elucida essas informações.

146 Figura 8.2 – Diagrama dos custos de produção

Custo total

Custos explícitos
Custos de oportunidade
(desembolso monetário)

Custos implícitos
(não exigem desembolso
monetário)

(8.2)
Custo total
O primeiro custo que analisaremos será o custo total da
produção, que tem dois componentes: o custo fixo (CF) e o
custo variável (CV).
A curto prazo, os custos fixos não se alteram em decor-
rência de mudanças nas quantidades produzidas. Por
exemplo: em unidades por mês, por exemplo, as quantida-
des produzidas podem ser de zero ou mil e os custos fixos
não vão se alterar. Já os custos variáveis se modificam em
função das quantidades produzidas.
O custo total é assim definido:

CT = CF + CV

Em que: 147

▪ Custo fixo (CF): Deriva do emprego de fatores fixos e


não depende do volume de produção, isto é, incorre-se
neles ainda que nada se produza, ou seja, tais custos
serão pagos mesmo que não haja produção.
▪ Custo vari{vel (CV): É dado pelos fatores vari{veis de
produção e varia de acordo com ela. Tal custo aumenta
à medida que o volume produzido aumenta.

A Figura 8.3 a seguir são apresentadas as curvas do


custo fixo, variável e total.

Figura 8.3 – Composição do custo fixo

CT
Cus
O custo total é a soma vertical de CF e CV.
to 400
O custo variável aumenta com o nível de
(d[o CV
produção a uma taxa que varia dependendo
da ocorrência de rendimentos crescentes ou
300 decrescentes.

lare
200

100
spo
50 O custo fixo não varia com o nível de produção. CF

Produção
ran

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.

o)
Os custos fixos e os variáveis variam de acordo com o
tempo. A curto prazo, num horizonte temporal de um ou
dois meses, a maior parte dos custos é fixa. Nesse período de
tempo, a empresa tem compromissos assumidos a cumprir.
Na Figura 8.4 a seguir é apresentada a composição do
custo fixo.
148
Figura 8.4 – Custo fixo

Custo fixo

Custos fixos Custos variáveis


(não variam (variam com
com o nível de o nível de
produção) produção)

No exemplo apresentado a seguir na Tabela 8.1 por


Pindyck e Rubinfeld19, podemos observar os custos de uma
empresa, em que o custo fixo é de R$ 50 e o custo variável
vai se modificando com a produção. Dessa forma, o custo
total cresce à medida que a produção aumenta.
Tabela 8.1 – Custos a curto prazo

Custo total médio


Nível de produção

Custo fixo médio


Custo variável

Custo variável
Custo marginal
Custo total
Custo fixo

(CVMe)6

(CTMe)7
(CFMe)5
(CMG)4

médio
(CV)2
(CF)1

(CT)3
0 50 0 50 – – – –

1 50 50 100 50 50 50 100

2 50 78 128 28 25 39 64

3 50 98 148 20 16,7 32,7 49,3

4 50 112 162 14 12,5 28 40,5

5 50 130 180 18 10 26 36

6 50 150 200 20 8,3 25 33,3

7 50 175 225 25 7,1 25 32,1

8 50 204 254 29 6,3 25,5 31,8

9 50 242 292 38 5,6 26,9 32,4

10 50 300 350 58 5,0 30 35

11 50 385 435 85 4,5 35 39,5

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006, p. 222.


(8.3)
Custo marginal (CMG)
O aumento ocorrido nos custos totais em decorrência da
produção de uma unidade adicional de produto é repre-
150
sentado no custo marginal.
O custo marginal está presente na quarta coluna da
tabela. Trata-se de um dos mais importantes conceitos teó-
ricos do custo. Representa o custo no qual a empresa incorre
para produzir uma unidade adicional. No nível zero de
produção, incorreria num custo fixo de R$ 50,00. Ao pas-
sar desse nível para uma unidade produzida, o custo fixo
permanece inalterado, mas a instituição despende mais
R$ 50,00 com recursos variáveis, perfazendo R$ 100,00 de
custo total. Em outras palavras, para aumentar a produção
de zero para uma unidade, incorre-se em um custo margi-
nal de R$ 50,00. Em decorrência do comportamento típico
do custo fixo e variável, o custo marginal decresce até certo
nível de produção, depois volta a crescer, alcançando ele-
vadas taxas de expansão. Esses dados podem ser aprecia-
dos na Tabela 8.1 (p. 151).
O custo marginal é calculado como definido a seguir:

CMg = ΔCV/ΔQ = ΔCT/ΔQ

(8.4)
Outros custos de produção
Ainda na análise de custos temos dois importantes elementos
que complementam a avaliação dos custos no curto prazo:
a. Custo médio (CMe) – Mede o custo por unidade de
produto.
b. Custo total médio (CTMe) – Mede a produção média
da empresa. É calculado pela divisão do custo total e o
nível de produção.

CTMe = CT/Q 151

Como exemplo, podemos analisar um nível de produ-


ção de duas unidades (na Tabela 8.1). O custo total médio
será de R$ 64, ou seja, o custo unitário para um nível de
produção de duas unidades de produto será de R$ 128/2.
O CTMe é composto de dois componentes: o custo fixo
médio (CFMe) e o custo variável médio (CVMe).

▪ CFMe é o custo fixo dividido pelo nível de produção:

CFMe = CF/Q

▪ CVMe é o custo vari{vel dividido pelo nível de


produção:

CVMe = CV/Q

Analisando os custos apresentados anteriormente,


observamos que o custo variável médio, geralmente, é
acrescido do aumento da produção por causa do compor-
tamento do produto marginal decrescente.
Já o custo fixo médio cai ininterruptamente com o
acréscimo da produção, porque os custos fixos são distri-
buídos por um número maior de unidades.
No que se refere aos custos marginais, eles aumentam
com a quantidade produzida. Isso acontece por causa do
produto marginal decrescente. Quando a quantidade pro-
duzida é grande, pode se tornar mais cara.
Os custos marginais e os custos médios de produ-
ção devem ser analisados criteriosamente, já que são dois
importantes conceitos para se avaliar as decisões tomadas
pela empresa para se alcançar um nível de produção que
152 traga maior lucro para ela.
Na Figura 8.5 a seguir são apresentadas as curvas de
custo marginal, custo total médio, custo variável médio e
custo fixo médio.

Figura 8.5 – Curvas de custos da empresa

Cus

to 100 CMg
(dól

75

ares
50 CTMe
CVMe

por 25

CFMe

Produção
ano
(unidades/ano)

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006, p. 222.

)
Segundo Pindyck e Rubinfeld20, as curvas apresen-
tadas na Figura 8.5 permitem-nos observar uma impor-
tante relação entre o custo total médio e o custo marginal.
Sempre que o custo marginal é menor do que o custo total
médio, significa que o custo total médio está em queda.
Sempre que o custo marginal é maior que o custo total
médio, o custo total médio está aumentando. Essa caracte-
rística das curvas de custo não é uma coincidência decor-
rente dos números usados nesse exemplo, ela se aplica a
todas as empresas. Essa relação entre o custo total médio e
o custo marginal reflete uma importante regra: a curva de
custo marginal corta a curva de custo total médio no ponto 153

de escala eficiente, ou seja, em baixos níveis de produção,


o custo marginal é inferior ao custo total médio, de modo
que o custo total médio está em queda. Mas depois de as
duas curvas terem se cruzado, o custo marginal sobe mais
que o custo total médio. A partir desse ponto, se a empresa
insistir em aumentar o volume de produção, fatalmente
incorrerá em custos totais médios ou custos unitários mais
elevados, o que pode comprometer sua lucratividade.

(.)
Ponto final
Do ponto de vista da empresa, as receitas são uma contra-
partida dos custos, e estes uma decorrência inevitável do
processo produtivo.
Neste capítulo, vimos como a teoria microeconômica
básica diferencia os custos da empresa a partir de seus
comportamentos típicos em relação às quantidades produ-
zidas. A curto prazo, diferenciam-se entre fixos e variáveis.
A longo prazo, todos os custos, em princípio, variam, quer
em decorrência de alterações nas dimensões da empresa,
quer por mudanças nas tecnologias de produção, quer em
função de modificações de suprimentos e preços dos fato-
res produtivos. Porém, no curto prazo, há custos que se
mantêm fixos e que independem das quantidades produ-
zidas. Outros são variáveis e se modificam em função do
quanto a empresa produz.
O volume de produção de uma instituição será maior
ou menor dependendo do volume de recursos emprega-
dos por ela. Assim, os custos incorridos estão fortemente
154 ligados ao seu processo produtivo e à sua função de pro-
dução. Uma parte dos recursos empregados na produção
varia diretamente em função do volume da própria pro-
dução: são os recursos variáveis. Outra parte, todavia,
não varia em período de curto prazo: são os custos fixos.
Estes incluem imobilizações (edificações, equipamentos,
e outros bens de capital) e parte do pessoal empregado
(notadamente os envolvidos em atividades gerenciais de
suporte). Nas variáveis incluem-se os insumos necessários
para a produção (matérias-primas e outros materiais inter-
mediários), o pessoal mobilizado diretamente no processo
produtivo, a energia usada e outras categorias de gastos
exigidos nas operações de produção.

Indicações culturais
MANKIW, G. N. Princípios de microeconomia. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2006.

PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6. ed.


São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.

No capítulo 13 da obra de Mankiw (2006), e no capítulo 7


da obra de Pindyck e Rubinfeld (2006), o leitor poderá saber
um pouco mais sobre o assunto proposto neste capítulo.
Atividades
1. Sobre os custos de curto prazo, marque (V) para as propo-
sições verdadeiras e (F) para as falsas:
( ) Alguns dos insumos de produção de uma empresa
são fixos, porém outros podem sofrer variações à
155
medida que a instituição altera sua produção.
( ) Os custos são fixos porque a empresa, nesse período
de tempo, é obrigada a receber e pagar pela entrega
de matéria-prima e não pode dispensar temporaria-
mente os seus trabalhadores.
( ) Os custos fixos podem incluir gasto com manuten-
ção da fábrica, seguro e talvez um número mínimo
de funcionários.
( ) Nesse período de tempo, os fatores de produção são mais
facilmente adaptáveis às necessidades da produção.

2. Complete a tabela a seguir, considerando que:

▪ o aluguel do prédio (custo fixo) é de R$ 1.000/mês;


▪ o sal{rio por trabalhador é de R$ 100/mês.
marginal
Produto

médio
variável

variável

médio
Custo

Custo

Custo

Custo

Custo

Custo

Custo
médio
obra

total

total

total

total
fixo

fixo
Mão-
de-

10 50

20 240

30 510

40 850

50 1.270

60 1.700

(continua)
(conclusão)

70 2.120

80 2.530

90 2.920

100 3.300

156 110 3.630

120 3.900

130 4.100

Mi
140 4.200

150 4.200

cro 160 4.100

3.
Você está pensando em instalar um quiosque de venda de
eco
suco de frutas. O quiosque custa R$ 250. Os ingredientes
para cada copo de suco custam R$ 0,50.

a.
Qual é o custo fixo do negócio?
no Qual é o custo variável por copo de suco?
b.
c.
Monte uma tabela mostrando o custo total, o custo total
médio e o custo variável para níveis de produção até 4
mi copos.

a
(9)

Custos de produção
no longo prazo
Jacqueline A. H. Haffner

( )

A capacidade produtiva da empresa no lon-


go prazo é muito mais flexível que no curto prazo. Mesmo
assim, apresenta custos totais médios crescentes a partir de
um determinado volume produtivo. Como no longo prazo
é mais fácil adequar a produção de modo a obter maior efi-
ciência, os seus custos devem ser administrados da forma
mais racional para não cair no erro de produzir grandes
volumes de produção a um custo unitário elevado.
Em um horizonte de tempo mais longo, de dois ou três
meses, a maioria dos custos é variável. A longo prazo, a
firma pode reduzir a sua produção, pode diminuir o nú-
160 mero de trabalhadores e reduzir as compras de matérias-
primas.

(9.1)
O que é custo de produção
no longo prazo?
Os custos de produção variam no curto e no longo prazo.
As decisões voltadas à produção devem levar em conside-
ração uma avaliação clara dos custos. Essa questão é muito
importante porque, a curto prazo, alguns custos são fixos
e, a longo prazo, variáveis. A longo prazo, a produção trará
maior flexibilidade para as decisões a serem tomadas pela
empresa.
Por esse motivo, as curvas de custo de curto prazo são
diferentes das de longo prazo. O motivo é que a empresa
tem maior dificuldade para adequar a produção no curto
prazo e também porque no curto prazo é mais difícil rea-
locar os trabalhadores e os investimentos.
É complexo saber quanto tempo a instituição vai demo-
rar para chegar ao longo prazo. Isso depende muito do
tipo de produção. Uma empresa de vestuário, por exemplo,
pode levar meses para montar sua fábrica, isto é, a constru-
ção de um local para a produção, a compra de equipamen-
tos e contratação de trabalhadores.
Uma outra empresa que venda produtos mais fácies
de produzir pode adequar a sua produção mais facilmente.
Podemos pensar, nesse caso, no produto “cachorro-quente”,
cujo produtor pode comprar os seus insumos mais facil-
mente e adequá-los rapidamente a uma mudança no
mercado. 161
Embora as curvas de custo médio e as de longo e de
curto prazo tenham o mesmo formato em u, elas diferem
porque o formato a curto prazo se deve à lei dos rendimen-
tos decrescentes (ou custos crescentes), a uma dada planta
ou tamanho, enquanto o formato da curva de longo prazo
se deve aos rendimentos de escala, quando varia o tama-
nho da empresa.
A Figura 9.1 a seguir nos apresenta as curvas de curto
e de longo prazo. Nela, podemos verificar que a curva de
custo total médio no longo prazo tem formato de u e é
muito mais plana do que as curvas de curto prazo. Essas
propriedades se devem ao fato de as empresas terem flexi-
bilidade maior no longo prazo.

Figura 9.1 – Custos de produção no curto e no longo prazo

Cus
Lei dos rendimentos decrescentes
(curto prazo)
tos( CMeLP

$)

qótimo q

Fonte: VASCONCELLOS, 2001.


Nas curvas apresentadas na Figura 9.1, a empresa tem
economias de escala em baixos níveis de produção, retornos
constantes de escala em níveis intermediários de produção
162 e deseconomias de escala em altos níveis de produção.

(9.2)
Economias e
deseconomias de escala
O comportamento do custo total médio no longo prazo
contém informações importantes em relação à tecnologia
aplicada à produção de um bem.
Segundo Pindyck e Rubinfeld21, a curva de custo mar-
ginal de longo prazo (CMgLP) é determinada a partir
da curva de custo médio de longo prazo, a qual mede a
mudança nos custos totais de longo prazo à medida que
a produção é aumentada incrementalmente. Dessa forma,
podemos fazer a seguinte análise do custo marginal de
longo prazo e do custo médio de longo prazo:

▪ Se CMgLP < CMeLP, CMeLP está diminuindo.


▪ Se CMgLP > CMeLP, CMeLP está aumentando.
▪ Logo, CMgLP = CMeLP no ponto de mínimo do CMeLP.

Quando o CTM de longo prazo declina enquanto a pro-


dução aumenta, diz-se que existem economias de escala.
Quando o CTM de longo prazo aumenta enquanto a produ-
ção aumenta, diz-se que existem deseconomias de escala.
Quando o custo total médio de longo prazo não varia com
o nível de produção, diz-se que existem retornos constan-
tes à escala.
As economias de escala podem ser calculadas assim:

Ec = variação percentual do custo resultante de um aumento de


1% na produção 163

Logo:

EC < 1: CMg < CMe = economias de escala


EC = 1: CMg = CMe = economias constantes de escala
EC > 1: CMg > CMe = deseconomias de escala

Economias de escala
Quando a curva do custo total médio de longo prazo
decresce com o aumento da produção, dizemos que há eco-
nomias de escala; isso acontece porque o custo médio de
longo prazo cai com o aumento da quantidade produzida.
O que facilita o surgimento de economias de escala é
a especialização. Numa grande escala de produção, os tra-
balhadores geralmente se são mais especializados e usu-
fruem de toda a capacidade produtiva da empresa.
Quando há economias de escala, a produção torna-se
mais eficiente, há uma maior especialização, flexibilidade
na organização e compras mais eficientes, como podemos
observar a seguir, na Figura 9.2.
Figura 9.2 – Economias de escala

Economias de escala
164

Especialização

Flexibilidade de organização

Compras mais eficientes

Deseconomias de escala
Quando a curva do custo total médio se eleva com a pro-
dução, dizemos que há deseconomias de escala, que ocorrem
porque o custo total médio de longo prazo aumenta com o
aumento da quantidade produzida. Nas deseconomias de
escala, ocorre sobrecarga no sistema produtivo, os custos
de coordenação aumentam e há restrição na oferta dos pro-
dutos, como apresentado a seguir, na Figura 9.3.
Figura 9.3 – Deseconomias de escala

Economias de escala
165

Sobrecarga do sistema
produtivo

Custos de coordenação

Restrição de oferta

Retornos constantes de escala


Quando o custo total médio de longo prazo não varia com
o nível de produção, dizemos que há retornos constantes
de escala. Elas se referem à propriedade segundo a qual
o custo total médio de longo prazo se mantém constante
enquanto a quantidade produzida varia.
Na Figura 9.4 a seguir, temos um resumo do que apre-
sentamos até aqui.
Figura 9.4 – Economias e deseconomias de escala

Economias e deseconomias de escala


166

Economias de escala:
O CTM no longo prazo cai
com o aumento do volume de
produção

Deseconomias de escala:
O CTM no longo prazo
aumenta com o aumento do
volume de produção

Retornos constantes de escala:


O CTM no longo prazo perma-
nece constante com o aumento
do volume de produção

(.)
Ponto final
Na análise dos custos de longo prazo, devemos diferen-
ciar os custos fixos dos custos variáveis. Os custos a curto
e a longo prazos são relevantes na determinação do tama-
nho ótimo da fábrica. A longo prazo, as empresas se carac-
terizam, inicialmente, por retornos crescentes de escala e,
mais tarde, por retornos decrescentes, de modo que as cur-
vas de custo apresentam formato de u.
Figura 9.5 – Resumo dos custos no curto e no longo prazo

Custos a curto e
longo prazos 167

Curto prazo As curvas de curto


(alguns custos são e longo prazos são
fixos) diferentes

Longo prazo
(todos os custos são
variáveis)

Indicações culturais
MANKIW, G. N. Princípios de microeconomia. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2006.

PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6. ed.


São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.

No capítulo 13 da obra de Mankiw (2006), e no capítulo 7


da obra de Pindyck e Rubinfeld (2006) o leitor poderá saber
um pouco mais sobre o assunto proposto neste capítulo.

Atividades
A curva de custo marginal é no trecho
1.
em que se verifica a lei dos rendimentos
.
horizontal – decrescentes
a.
crescente – decrescentes
b.
c. crescente – constantes
d. decrescente – decrescentes
e. decrescente – constantes
168
2. Qual é a diferença entre o curto e o longo prazo na análise
de custos na microeconomia?

3. Aponte a alternativa incorreta, conforme Mankiw (2006):


a. A longo prazo, não existem custos fixos.
b. Uma curva de custo médio de longo prazo cons-
tante indica a existência de rendimentos constantes de
escala.
c. A isoquanta representa infinitas combinações de mão-
de-obra e de capital que representam o mesmo custo
total de produção.
d. Rendimentos decrescentes de escala têm o mesmo signi-
ficado de deseconomias de escala.
e. Os custos de longo prazo representam horizontes de
planejamento e não os custos efetivamente incorridos.

4. Considere a seguinte tabela de custo total de longo prazo


de três empresas diferentes:

Quantidade 1 2 3 4 5 6 7

Empresa A 60 70 80 90 100 110 120

Empresa B 11 24 39 56 75 96 119

Empresa C 21 34 49 66 85 106 129

Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.

Analise se cada uma dessas empresas apresenta econo-


mias ou deseconomias de escala.
( 10 )

Estruturas de mercado
Jacqueline A. H. Haffner

( )

No último capítulo deste livro, vamos observar


o comportamento dos diferentes mercados e as suas cate-
gorias na microeconomia. São eles: mercados competitivos,
monopólio e oligopólio.
As análises que realizaremos serão sucintas, já que não
é nosso objetivo aqui aprofundar esses assuntos teóricos,
mas sim dar noções gerais dos mercados.
Iniciaremos com a análise dos mercados competitivos.
Em seguida, será apresentado o monopólio de mercado e,
por último, as noções de oligopólio.
É importante estudar os mercados porque em alguns
172
negócios a competição perfeita pode não ser a melhor alter-
nativa para essa estrutura. Um estudo de decisão em mer-
cados não-competitivos é, portanto, importante. Assim,
o estudo do monopólio e do oligopólio torna-se bastante
relevante.

(10.1)
Mercados competitivos
Conforme Mankiw, Pindyck e Rubinfeld, “a idéia de con-
corrência pressupõe a existência de grande número de pro-
dutores atuando livremente no mercado de um mesmo bem
ou serviço, de modo que tanto a oferta quanto a procura se
originem em condições de razoável eqüidade, sem influên-
cia ilegítima principalmente sobre o preço do produto” 22.
Nesse tipo de mercado, as empresas podem livremente
entrar no mercado e sair dele.
O mercado competitivo, por vezes chamado de mercado
perfeitamente competitivo, tem duas características:

▪ h{ muitos compradores e vendedores no mercado;


▪ os bens oferecidos pelos diversos vendedores são em
grande escala.

Por esses motivos, as ações individuais não têm impacto


significativo sobre os preços de mercado. Os compradores
e vendedores dos mercados competitivos precisam aceitar
o preço que o mercado determina.
O resumo das características do mercado competitivo
se encontra na Figura 10.1 a seguir.
Figura 10.1 – Mercados competitivos
173

Mercado competitivo

Mercado com muitos


produtores e compradores.

Os preços dos mercados


competitivos sempre estão
próximos do custo de
produção do bem.

Se a empresa for competitiva


e maximizadora de lucros, o
preço será igual ao seu custo
marginal de produção.

Ainda nos mercados competitivos, temos que avaliar a


lucratividade de se manter no mercado ou dele sair. Essa
análise deve ser separada no curto e no longo prazo, como
apresentado a seguir.

Decisão temporária de curto prazo


A decisão da empresa de suspender as atividades no curto
prazo depende da receita. Se a receita é menor do que seus
custos variáveis de produção, ela deverá paralisar as suas
atividades.
Ou seja:
174

Se RT < CV ou
Se P < CVM

Se o preço não cobrir o custo variável médio, a empresa


ficará em melhor situação se suspender a sua produção.

Decisão de longo prazo


A decisão da empresa de entrar em um mercado ou dele
sair depende da receita, ou seja, se a receita que obtém com
a produção é menor que seus custos totais, ela deverá sair
do mercado.
Ou seja:

Se RT < CT ou
P < CTM

A empresa deve optar por sair do mercado quando o


preço do bem for inferior ao custo total médio ou entrará
no mercado se isso for lucrativo, o que acontece quando o
preço do bem supera o custo total médio de produção.
Ou seja:

Se P > CTM

Dessa forma, entendemos que os critérios para ava-


liar a entrada e a saída nos mercados competitivos têm um
raciocínio totalmente diferente ou oposto.
(10.2) 175

Monopólio
Em linhas gerais, monopólio significa ausência de con-
corrência e existência de um único fornecedor. Segundo
Mankiw, Pindyck e Rubinfeld:

No monopólio, o fornecedor de produtos pode impor qual-


quer preço às suas mercadorias ficando, entretanto, sujeito ao
nível de vendas dele decorrente. Como geralmente o mercado
compra menos quanto maior for o preço, o monopolista fixa
o preço que lhe dá maior lucro tendo em vista a relação entre
custo e produção.23

Mas isso não significa que o monopolista possa cobrar


um preço tão alto quanto desejar. Na qualidade de único
produtor de um determinado produto, o monopolista
encontra-se em uma posição singular. Mesmo se decidir
elevar o preço do produto, ele não precisará se preocupar
com concorrentes que poderiam capturar uma fatia maior
de mercado. Isso porque o monopolista é o próprio mer-
cado, e tem completo controle sobre a quantidade de pro-
duto que será colocada à venda. Nesse sistema de mercado
existem barreiras à entrada de outras empresas.
As características do monopólio estão especificadas a
seguir na Figura 10.2.
Figura 10.2 – Características do monopólio
176

Monopólio

Única empresa produtora do


bem ou serviço.

Ausência de produtos substi-


tutos próximos.

Existência de
barreiras de entrada a
empresas concorrentes.

Maximização de lucros no monopólio


Poderemos avaliar o tamanho do domínio de mercado do
monopólio sabendo o número de empresas que competem
nesse mercado.
Nos casos de monopólio puro, a força do monopólio
dependerá inteiramente da elasticidade da demanda do
mercado. Quanto menor for a elasticidade da demanda,
maior será o poder de monopólio da empresa.
Quando existirem várias instituições, o poder de mo-
nopólio também dependerá de como elas interagem entre
si. Quanto mais agressiva for a competição, menor será o
poder de monopólio de cada empresa.
Existem ainda monopólios criados pelo governo, que sur-
gem porque o governo concede a uma só pessoa ou empresa
o direito exclusivo de vender algum bem ou serviço.
Existem também os monopólios naturais, que aconte-
177
cem quando uma empresa consegue ofertar um bem ou
serviço a um mercado inteiro a um custo menor do que
duas ou mais empresas.

(10.3)
Oligopólio
O último mercado que vamos estudar é o oligopólio, que
pode ser definido como um mercado com poucos vendedo-
res ofertando os mesmos produtos ou produtos similares.
Segundo as idéias de Mankiw, Pindyck e Rubinfeld:

Nos oligopólios há poucos fornecedores e cada um detém uma


parcela grande do mercado, de forma que qualquer mudança
em sua política de vendas afeta a participação de seus con-
correntes e os induz a reagir. Por exemplo, se um fornecedor
reduzir o preço abaixo do nível geral do mercado, ele atrai os
clientes dos concorrentes. Se os poucos concorrentes baixa-
rem seus preços na mesma proporção, de modo que nenhum
deles fique em vantagem em relação aos demais, provavel-
mente o nível geral de lucro se reduzirá. Por isso, numa oli-
garquia às vezes acontece de os fornecedores fazerem “acordos
de cavalheiros” (cartel) e fixarem os mesmos preços, como se
fosse um monopólio.24

Em parte desses mercados, algumas ou todas as empre-


sas auferem lucros substanciais a longo prazo, já que as
barreiras de entrada dificultam ou impossibilitam a entrada
de novas companhias no mercado. Os setores industriais
mais representativos de mercados em oligopólios são os
de automóveis, aço, alumínio, petroquímica, equipamen-
178
tos elétricos e computadores. Quanto maior o número de
empresas de um oligopólio, mais próximos dos níveis
competitivos ficam a quantidade e o preço de mercado.
Na Figura 10.3 a seguir, temos informações sobre mer-
cados em oligopólio e suas características.

Figura 10.3 – Mercados em oligopólio

Oligopólio

Gostariam de agir como


monopólios.

Mas o interesse próprio os


aproxima da competição

(.)
Ponto final
Neste capítulo, foram apresentados três tipos de mercados:
concorrência perfeita, monopólio e oligopólio.
No primeiro caso, o de concorrência perfeita, observa-
mos um mercado com muitos produtores e compradores.
Vimos também que os preços dos mercados competitivos
sempre estão próximos do custo de produção do bem. Por
último, verificamos que, se a empresa for competitiva e
179
maximizadora de lucros, o preço será igual ao seu custo
marginal de produção.
Já em relação ao mercado em monopólio, que se trata
de um mercado com uma única empresa produtora de
bem ou serviço, não existem produtos substitutos pró-
ximos e, ainda, existem barreiras de entrada a empresas
concorrentes.
Por último, vimos os mercados em oligopólio, que é
um tipo de mercado com poucos fornecedores que detém
grande parcela do mercado e impede a entrada de outras
empresas. Podemos afirmar que o oligopólio é muito com-
petitivo e que o número de organizações que atuam nesse
mercado determina o grau de competição nessa estrutura.

Indicações culturais
MANKIW, G. N. Princípios de microeconomia. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2006.

PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6. ed.


São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.

Nos capítulos 14, 15 e 16 da obra de Mankiw (2006) e nos


capítulos 9, 10 e 12 da obra de Pindyck e Rubinfeld (2006),
o leitor poderá saber um pouco mais sobre o assunto pro-
posto neste capítulo.

Atividades
1. Considere o custo total e a receita total dados na tabela a
seguir:
180 Quantidade 0 1 2 3 4 5 6 7

Custo total 8 9 10 11 13 19 27 37

Receita total 0 8 16 24 32 40 48 56

a. Calcule o lucro para cada quantidade.


b. Quanto a empresa deve produzir para maximizar o
lucro?

2. A cantora Britney Spears detém o monopólio de um recurso


escasso: ela mesma. Ela é a única pessoa capaz de produ-
zir um show da Britney Spears. Isso significa que o governo
deveria regulamentar os preços de seus shows? Por quê?

3.
No que se refere à organização dos mercados, é correto
afirmar que:

I.
Na competição perfeita, é livre a entrada e a saída de
fatores de produção, os produtos são idênticos e existem
muitas empresas no mercado.

II.
No oligopólio, há somente um pequeno número de ven-
dedores. Esse mercado maximiza o seu lucro total, for-
mando um cartel e agindo como se fosse um monopólio.

III.
O monopólio é uma empresa que é a única vendedora
de um produto para o qual não existem substitutos
próximos.
Assinale a única resposta correta:
a. I
b. II
c. III
d. I, II e III
e. II e III
Referências numéricas

1 DIAS; SILVA, 2007. 15 BREVE, 2008.


2 VASCONCELLOS, 2006. 16 PINDYCK; RUBINFELD, 2006, p. 187.
3 PINDYCK; RUBINFELD, 2006, p. 57. 17 PINDYCK; RUBINFELD, 2006.
4 PINDYCK; RUBINFELD, 2006. 18 PINDYCK; RUBINFELD, 2006, p. 189.
5 PINDYCK; RUBINFELD, 2006. 19 PINDYCK; RUBINFELD, 2006, p. 222.
6 STAMFORD, 2003. 20 PINDYCK; RUBINFELD, 2006, p. 227.
7 STAMFORD, 2003. 21 PINDYCK; RUBINFELD, 2006, p. 236.
8 STAMFORD, 2003. 22 MANKIW, 2006; PINDYCK;
9 MANKIW, 2006, p. 96. RUBINFELD, 2006
10 PINDYCK; RUBINFELD, 2006. 23 MANKIW, 2006; PINDYCK;
11 PINDYCK; RUBINFELD, 2006. RUBINFELD, 2006
12 MANKIW, 2006. 24 MANKIW, 2006; PINDYCK;
13 PINDYCK; RUBINFELD, 2006. RUBINFELD, 2006
14 PINDYCK; RUBINFELD, 2006.
Referências

ABREU, J. Microeconomia: uma abordagem jul. 2008.


introdutória. São Paulo: Makron, 1995. DIAS, N. D.; SILVA, E. da. Sociologia,
BREVE, F. A. Teoria da produção. Instituto de história e economia: um diálogo pro-
Ciências Matemáticas e de Computação, missor. Em Tese – Revista Eletrônica dos
São Carlos. Disponível em: <http:// Pós-Graduandos em Sociologia Política
www.icmc.usp.br/~fabricio/trabalhos/ da UFSC, Santa Catarina, v. 3, n. 2, p.
teoriaproducao.pdf>. Acesso em: 25 jul. 182-196, jan./jul. 2007. Disponível em:
2008. <http://www.emtese.ufsc.br/vol3_2art5.
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nível em: <http://www.bls.gov/>. Acesso FERGUSON, C. E. Microeconomia. Rio de
em: 25 jul. 2008. Janeiro: Forense Universitária, 1999.
COUTINHO, P. C. Microeconomia: equilíbrio GARÓFALO, G. L.; CARVALHO, L. C. Teoria
parcial em mercados competitivos. microeconômica. São Paulo: Atlas, 1995.
Microeconomia para finanças, Brasília, p. GAZETA MERCANTIL, São Paulo. Dispo-
21-36. Disponível em: <http://www.unb. nível em: <http://www.gazetamercantil.
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Disponível em: <http://www.uepg.br/ SALVATORE, D. Microeconomia. São Paulo:
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IE-AULA%2015-%20Teoria%20da%20 manda. Brasília: Grupo Educacional
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MANKIW, G. N. Princípios de microeconomia. br/marcelo_menezes/material/Econo-
São Paulo: Pioneira Thomson Learning, mia%20II%20-%20Apostila2.pdf>. Acesso
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MANSFIELD, E.; YHOE, G. W. Microeco- STAMFORD, A. Departamento de Economia
nomia: teoria e aplicações. São Paulo: da UFPE. Notas de aula. Economia I.
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Hall, 2006. VARIAN, H. R. Microeconomia: princípios
PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. básicos. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
de. (Org.). Manual de economia. 3. ed. São VASCONCELLOS, M. A. S. Economia micro
Paulo: Saraiva, 2002. e macro. São Paulo: Atlas, 2001. Livro do
RIANI, F. Economia: princípios básicos mestre.
e introdução à microeconomia. São VASCONCELLOS, M. A. S.; OLIVEIRA, R. G.
Paulo: Pioneira, 1998. de. Microeconomia. São Paulo: Atlas, 1996.

184
Gabarito

Capítulo 1 5. Análise positiva descreve o mundo


como ele é a normativa descreve o
1. O método científico de investigação se
mundo como deveria ser.
utiliza na economia para explicar os
diferentes fenômenos que nela ocorrem.
Dessa forma, como o método cientifico
é utilizado para explicar as teorias
de como funciona o mundo podemos
afirmar que a economia é uma ciência.
2. Simplesmente porque elas são capazes
de simplificar o mundo complexo em
que vivemos e torná-lo mais fácil de
entender.
3. Não, os modelos simplificam a reali-
dade para que possamos entendê-la
melhor.
4. A economia se preocupa com a escassez
de recursos.
Capítulo 2

1. Pelo aumento da demanda de sorvete,


Capítulo 4
o preço, mantidas as outras condições
constantes, aumentaria. 1. a. As preferências são completas, indi-
2. Um aumento no preço da margarina: cando que dois consumidores poderiam
a curva de demanda se desloca para a comparar e ordenar todas as cestas de
esquerda (diminui o consumo). mercado.
d) Um aumento no preço do leite: a b. As preferências são transitivas, tal
curva de demanda se desloca para a premissa assegura que as preferências
esquerda (diminui o consumo). do consumidor sejam racionais.
e) Uma redução nos níveis de renda c. Todas as mercadorias são boas, isto
média: a curva de demanda se desloca é, desejáveis, de tal forma que, não se
para a esquerda (diminui o consumo). levando em consideração os preços, os
3. Redução da renda dos argentinos sobre consumidores sempre preferem quanti-
o mercado de turismo catarinense: cai a dades maiores de uma mercadoria, em
demanda por hospedagem em hotéis. vez de menores.
a. Efeito da doença da “vaca-louca” 2. Figuras 4.11 e 4.13.
sobre a demanda pela carne bovina bra-
sileira: aumento da demanda da carne Capítulo 5
brasileira por estar livre desta doença.
1. Quando a receita total muda com os
b. Efeito da compra da Varig pela
GOL sobre o mercado de aviação civil: preços a demanda é inelástica. Com
aumento da oferta de passagens aéreas. uma curva de demanda inelástica, um
c. Intensificação do uso de irrigação nas aumento no preço provoca uma dimi-
lavouras de soja: aumento da oferta de nuição proporcionalmente menor na
soja. quantidade demandada, desta forma, a
4. c receita total aumenta.
5. b 2. Para bens normais há uma relação
positiva entre renda e quantidade
Capítulo 3 demandada, logo a elasticidade-renda é
positiva.
1. a. V Para bens inferiores há uma relação
b. F negativa entre renda e quantidade
c. F demandada, logo a elasticidade renda é
2. a. O preço de equilíbrio: 80
186 b. O preço deveria aumentar, pois se
negativa.
3. Para a maioria dos bens e dos serviços
encontra abaixo do ponto de equilíbrio. as elasticidades do preço da oferta é
maior no longo prazo do que no curto
prazo porque no longo prazo as empre-
sas podem ampliar a sua capacidade e
produzir mais.
4. a. Figura 5.3;
b. Figura 5.2.
5. Elasticidade-preço da demanda =
variação percentual da quantidade de demanda
variação percentual do preço
Elasticidade-preço da demanda =
35%/25% = 1,4 (neste caso o produto é
elástico)
Capítulo 6 valor máximo, numa combinação ótima
de fatores.
1. Refere-se à quantidade de produção
Na maioria dos processos produtivos
extra que é obtida quando se adicionam acontece o produto marginal decres-
sucessivamente unidades extras iguais cente do trabalho. À medida que
de um fator de produção variável e uma aumenta o uso de um determinado
quantidade fixa de outro fator. Estas insumo, mantendo-se fixos os demais
unidades adicionais acrescentam níveis insumos, chega-se a um ponto em que
positivos na produção até alcançar um a produção adicional decrescerá.

2. Substituir pelo arquivo em anexo

Mão-de-Obra
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160
(L)

Produto Total
240 510 850 1270 1700 2120 2530 2920 3300 3630 3900 4100 4200 4200 4100
(Q) 50

Produtividade
5 12 18 21,2 25,4 28,3 30.2 32 32,4 33 33 32,5 31,5 30 28 25,6
Média (Q/L)

Produtividade
Marginal 0 24 51 85 127 170 212 253 292 330 363 390 410 420 420 410
(ΔQ/ΔL)

Capítulo 7 a produção aumenta numa proporção


1. Isoquanta pPode ser definida como maior que o aumento dos insumos.
3. Rendimentos constantes de escala signi-
uma linha na qual todos os pontos
ficam que, dobrando todos os insumos,
representam combinações dos fatores
obtém-se uma duplicação da produção;
de produção que indicam uma mesma
quantidade do produto. Isocusto nos
dizemos que uma função de produção 187
tem retornos constante de escala se a
apresentam as diferentes combinações
produção aumenta na proporção maior
de fatores de produção que a empresa
que o aumento dos insumos.
pode adquirir, considerando o preço
4. Dizemos que uma função de produção
destes fatores e a disponibilidade ou
tem retornos decrescente de escala se
capacidade que a empresa tem em obter
a produção aumenta numa proporção
recursos financeiros para a obtenção
menor que o aumento dos insumos. Nos
desses fatores.
rendimentos decrescentes as isoquantas
2. Rendimentos crescentes de escala
se apresentam cada vez mais afastadas
ocorrem quando os insumos são dupli-
umas das outras.
cados, ao passo que uma função de pro-
dução tem retorno crescente de escala se
Capítulo 8
1. a. V; V; V; F
2.

(L) (Q) Tot Cu Var Tot Mé(CF CuVar (CT CuMa ΔC


Mã Pro Cu Cu (Cf Cu Mé Cu ΔC
al sto al sto sto
dio/Q) /Q)
10 50 1.000 iáv
1.000 +C
2.000 20 iáv
20 40 rgi - T/Δ
sto sto sto V/
20 240 1.000 2.000 3.000 4,16 8,33 12,50
sto 5,26
o- dut
el V) el dio
30 510 1.000 3.000 4.000 1,96 5,88 7,84 3,70
nal Q
40 850 Fix
1.000 4.000 5.000 Fix1,17 4,70 5,88 2,94
Tot ΔQ
50 1.270 1.000 5.000 6.000 0,78 3,93 Mé
4,72 2,38
de- oT (C
60 1.700 1.000
o 6.000 7.000 o 0,58 3,52 4,11 2,32
al =
70 2.120 1.000 7.000 8.000 0,47 3,30 3,77 2,38
dio
80 2.530 1.000 8.000 9.000 0,39 3,16 3,55 2,43
Ob otal V/
90 2.920 1.000 9.000 10.000 0,34 3,08 3,42 2,56

100 3.300 1.000 10.000 11.000 0,30 3,03 3,33 2,63

ra110 3.630 1.000 11.000 12.000 0,27 3,03 3,30 3,03


Q)
120 3.900 1.000 12.000 13.000 0,25 3,07 3,33 3,70

130 4.100 1.000 13.000 14.000 0,24 3,17 3,41 5

140 4.200 1.000 14.000 15.000 0,23 3,33 3,57 10

188 150 4.200 1.000 15.000 16.000 0,23 3,57 3,80 –

160 4.100 1.000 16.000 17.000 0,24 3,90 4,14 –

Observação: a partir da mão-de-obra de 150 o custo marginal cresce de forma


indeterminada.

3.

Copos Custo Fixo Custo Variável Custo Total Custo Total Marginal
0 250 0,00 250,00 –

1 250 0,50 250,50 250,50

2 250 1,00 251,00 125,50

3 250 1,50 251,50 83,83

4 250 2,00 252,00 63,00

Capítulo 9 são fixos e, no longo prazo, variáveis.


1. b A produção no longo prazo irá trazer
maior flexibilidade as decisões a serem
2. Os custos de produção variam no curto
tomadas pela empresa.
e no longo prazo. As decisões a serem
3. a
tomadas no que se refere à produção
4. Empresa A: Economia de escala,
deve levar em consideração uma avalia-
empresa B: deseconomias e empresa C:
ção clara dos custos. Esta questão é muito
as duas.
importante porque quando avaliamos a
produção no curto prazo, alguns custos
Capítulo 10
1. a.

Quantidade 0 1 2 3 4 5 6 7
Custo Total 8 9 10 11 13 19 27 37

Receita Total 0 8 16 24 32 40 48 56

Lucro 0 -1 6 13 19 21 21 19

b. 6 unidades
2. Não. Porque não é um monopólio natural, ela é dona da sua própria voz.
3. d

189

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