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MATEMÁTICA EMPRESARIAL

ROSVITA FUELBER FRANKE


2012
NOTA SOBRE A AUTORA

Rosvita Fuelber Franke é graduada em Licenciatura em Matemática pela Universidade


Luterana do Brasil e fez Mestrado em Matemática na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. É professora do curso de Matemática na Universidade Luterana do
Brasil desde 2001. Desde 2010 atua como professora de Matemática Empresarial na
ULBRA tendo atuado também como professora de Matemática Financeira no curso de
Administração à distância.

2
APRESENTAÇÃO

Neste livro apresentamos os diversos aspectos dos conteúdos que envolvem a disciplina
de Matemática Empresarial abordando os conceitos de função, apresentando como
exemplos principais as funções polinomiais, a construção e interpretação de gráficos, a
noção intuitiva de limites, a derivada de funções e também o conceito de integral. Em
cada capítulo procuramos trabalhar, além dos conceitos matemáticos, a aplicação dos
conteúdos desenvolvidos na área da economia e administração. Procuramos também
mostrar as aplicações e desenvolver o conteúdo com o auxílio de exemplos resolvidos e
a indicação de exercícios que possam servir de apoio para seus estudos.

3
SUMÁRIO

NOTAS SOBRE A AUTORA..........................................................................................2

APRESENTAÇÃO............................................................................................................3

SUMÁRIO.........................................................................................................................4

CAPÍTULO 1: Conjunto dos Números Reais e Plano Cartesiano......6


1.1. Números Reais............................................................................................................6
1.2. Plano Cartesiano.......................................................................................................11
1.3. Teste seus conhecimentos.........................................................................................14

CAPÍTULO 2: Conceito de Função ........................................................15


2.1. Funções ....................................................................................................................15
2.2. Teste seus conhecimentos.........................................................................................24

CAPÍTULO 3: Funções do 1º. Grau, Lei da Oferta e da Demanda e


Ponto de Equilíbrio de Mercado...................................26
3.1. Funções do Primeiro Grau........................................................................................26
3.2. Lei de Oferta e Demanda..........................................................................................31
3.3. Ponto de Equilíbrio de Mercado...............................................................................33
3.4. Teste seus conhecimentos.........................................................................................38

CAPÍTULO 4: Funções do 2º. Grau, Funções Custo, Receita, Lucro e


Break-even point............................................................39
4.1. Função Quadrática....................................................................................................39
4.2. Função Custo............................................................................................................43
4.3. Função Receita.........................................................................................................46
4.4. Função Lucro............................................................................................................47
4.5. Ponto de nivelamento (break-even point).................................................................48
4.6. Teste seus conhecimentos.........................................................................................55

CAPÍTULO 5: Funções Polinomiais, Potência, Exponencial


e Logarítmica...................................................................56
5.1. Funções Polinomiais... .............................................................................................56
5.2. Funções Potência......................................................................................................57
5.3. Função Exponencial.................................................................................................62
5.4.Função Logarítmica...................................................................................................64
5.5. Teste seus conhecimentos.........................................................................................68

CAPÍTULO 6: Aplicações das funções na economia e administração.70


6.1. Consumo e poupança................................................................................................70
6.2. Restrição Orçamentária............................................................................................72
6.3. Produção e Insumos..................................................................................................74

4
6.4.Custo médio e receita média......................................................................................76
6.5. Juros Compostos.......................................................................................................78
6.6. Curva Logística de Crescimento...............................................................................80
6.7.Teste seus conhecimentos..........................................................................................82

CAPÍTULO 7: Noção Intuitiva de Limites e o Conceito de Derivada.83


7.1. Ideia intuitiva de limites...........................................................................................83
7.2. Derivada como taxa de variação...............................................................................87
7.3. Regras de derivação..................................................................................................88
7.4. Crescimento/decrescimento e pontos críticos de uma função..................................92
7.5. Derivada de segunda ordem e suas informações sobre o gráfico da função............94
7.6. Teste seus conhecimentos.........................................................................................98

CAPÍTULO 8: Aplicações da Derivada na Economia e


Administração...............................................................100
8.1. Funções Marginais..................................................................................................100
8.2. Otimização..............................................................................................................103
8.3. Elasticidade - preço da demanda............................................................................105
8.4. Propensão marginal a consumir e a poupar............................................................108
8.5. Teste seus conhecimentos.......................................................................................110

CAPÍTULO 9: Integrais......................................................................111
9.1. Integrais Indefinidas e Primitivas...........................................................................111
9.2.Soluções Particulares...............................................................................................116
9.3. A Integral Definida e o Teorema Fundamental do Cálculo....................................117
9.4. Teste seus conhecimentos.......................................................................................122

CAPÍTULO 10: Aplicações da Integral na Área Econômica..............124


10.1.Aplicações das Integrais na Economia e Administração.......................................124
10.2. Excedente do consumidor.....................................................................................128
10.3. Excedente do produtor..........................................................................................131
10.4. Teste seus conhecimentos.....................................................................................135

Apêndice: Formulário básico de matemática empresarial..................136


Respostas dos testes de conhecimento...................................................138
Referências Bibliográficas......................................................................154

5
CAPÍTULO – I

Conjunto dos Números Reais e


Plano Cartesiano

Introdução
Neste capítulo apresentaremos alguns conceitos preliminares que são
importantes no estudo de funções. Antes de iniciarmos o conteúdo específico de
Matemática Empresarial é necessário que você se familiarize com algumas questões que
envolvem os números reais, com alguns tópicos de álgebra e também com a
representação de pares ordenados no plano cartesiano.

1.1. Números Reais


A grande maioria das aplicações matemáticas utilizam os números reais. No
curso de Matemática Empresarial é suficiente considerar um número real como um
3
decimal. Números reais são representados por símbolos, tais como: -4, 5 , , - 0,7489,
2

3
8 e  .
O conjunto dos números reais possui vários subconjuntos importantes, entre
eles, destacamos:

O Conjunto dos Números Naturais: ℕ = {0, 1, 2, 3, 4, 5,...};

O Conjunto dos Números Inteiros: ℤ = {..., -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4, 5,...};


O Conjunto dos Números Racionais: ℚ = {p/q | p, q ∈ ℤ e q ≠ 0}.
A forma decimal de um número racional pode ter uma quantidade finita de casas
1
após a vírgula, como por exemplo  0 , 25 , ou uma quantidade infinita, como por
4

1
exemplo  0 , 33333 ...  0 , 3 , neste caso, a barra sobre o 3 indica que o dígito se repete
3

infinitamente. Podemos ainda apresentar, como exemplos de Números Racionais, os


seguintes números:
7
a) 1,66666... b) -7 c) d) 0 e)-2,345345345... f) 16
5

6
1.1.1. Representações Decimais
A conversão de uma fração em decimais se faz dividindo o numerador pelo
denominador. Se o denominador da fração na sua forma irredutível só contiver os
fatores 2 e/ou 5, a decimal resultante será sempre finita; e é assim porque podemos
introduzir fatores 2 e 5 no denominador em número suficiente para fazer desse
denominador uma potência de 10. Observe os exemplos:
3 53 553 75 75
a)      0 , 75 ;
5 2 2 55 2 2
2
4 10 100

7 27 14
b)    1, 4 ;
5 25 10

39 5  39 195
c)    1, 95 ;
20 5  20 100

Conclusão: Uma fração se transforma em decimal finita se seu denominador não contém
outros fatores primos além de 2 e 5.
12
Agora qual é a representação decimal de ? Observe que ao dividirmos 12 por
7

7 obtemos 1,7142857142857142857... que é uma decimal infinita, denominada


periódica. Como os possíveis restos da divisão, não exata, por 7 são 1,2,3,4,5,6 iremos
encontrar os mesmos restos repetidamente, resultando no período 714285, que terá no
máximo 6 algarismos!
Um número real que não pode ser escrito na forma de uma razão, p/q com p e q
números inteiros, é dito um número irracional. Os números irracionais são os números
cuja escrita na forma decimal é infinita e não periódica. Exemplos de números
irracionais:
a) O número  (pi), que pode ser representado pela dízima não periódica
aproximadamente igual a 3,141592654.
b) O número de Euler (e) que pode ser representado pela dízima não periódica
aproximadamente igual a 2,718281828.
c) 2  1 , 414213562 ...

O símbolo  apresentado no exemplo anterior significa “aproximadamente


igual a”. Observe ainda, que sempre que usamos a calculadora estamos trabalhando com
números racionais, já que o visor de uma calculadora apresenta um número finito de

7
dígitos. Vale considerar ainda que nas atividades que serão apresentadas neste curso
usaremos o seguinte critério para arredondamentos:
 Se o algarismo da casa seguinte a ser arredondada for 0,1,2, 3 ou 4 deixaremos a
casa a ser arredondada como está, como por exemplo: 1,234231.... será
arredondado para 1,2342;
 Se o algarismo da casa seguinte a ser arredondada for 5,6,7,8 ou 9 aumentamos
uma unidade na casa a ser arredondada, observe o exemplo: 21,34269 será
arredondado para 21,3427.
Cabe ainda ressaltar que se o resultado obtido no problema envolve dinheiro
usaremos apenas duas casas decimais, pois nossa moeda não admite mais do que
centavos.

1.1.2. Representação de números reais


A todo número real corresponde um, e somente um, valor na reta real e todo
valor na reta real corresponde um, e somente um, número real. Entre dois valores reais
na reta existem infinitos números reais.

O conjunto dos números reais é um conjunto ordenado. Isto significa que dados
dois números reais, sempre é possível verificar se eles são iguais ou se um é maior ou
menor do que o outro.
Podemos comparar dois números reais quaisquer devido à seguinte propriedade
(denominada Lei da Tricotomia):
Sejam a e b dois números reais quaisquer. Somente uma das seguintes expressões é
verdadeira:
a  b, a  b ou a  b .
Geometricamente, a > b significa que a está à direita de b (ou de modo
equivalente, b está à esquerda de a) na reta dos números reais.
Desigualdades podem ser usadas para descrever intervalos de números reais.

8
1.1.3. Intervalos reais
Considere a seguinte situação:
No dia 15 de outubro de 2012, a temperatura máxima registrada na cidade de
Canoas foi de 27ºC e a temperatura mínima foi de 15ºC. Qual foi a variação de
temperatura nesse dia?
A variação de temperatura nesse dia foi de 12ºC. Considerando t a temperatura
registrada em um momento qualquer do dia, podemos dizer que t está no intervalo de
15ºC a 27ºC e podemos representar esta variação utilizando a desigualdade 15  t  27 .
Observe que a notação de intervalo se faz necessária, pois não podemos enumerar todos
os valores reais que estão entre 15 e 27, visto que são infinitos.
Na reta real temos a seguinte representação para o intervalo de variação de t:

No intervalo acima, as “bolinhas” (∙) indicam que os valores 15 e 27 pertencem


ao intervalo, o que também pode ser representado por [15,27].
Observe agora os tipos de intervalos reais que podemos ter:

1.1.3.1. Intervalos Limitados

1) Fechado: A={x ∈ ℝ| a ≤ x ≤ b} ou A=[a, b] temos que nesse caso os valores a e b


pertencem ao intervalo A.
Representação gráfica:

2) Aberto: B={x ∈ ℝ| a < x < b} ou B=]a, b[ nesse caso temos que a e b não
pertencem ao intervalo B.
Representação gráfica:

No intervalo acima, as “bolinhas” (◦) indicam que os valores a e b não


pertencem ao intervalo.

9
3) Intervalo fechado à direita e aberto à esquerda: C={x ∈ ℝ| a < x ≤ b}ou C=]a, b]
nesse caso temos que a não pertence ao intervalo C mas b pertence à C.
Representação gráfica:

4) Intervalo fechado à esquerda e aberto à direita: D={x ∈ ℝ| a ≤ x < b}ou D=[a, b[


nesse caso temos que a pertence ao intervalo mas b não.
Representação gráfica:

1.1.3.2. Intervalos não Limitados

1) Intervalo aberto: E={x ∈ ℝ| x > a}, E=]a, +∞[ nesse caso a não é elemento do
intervalo.
Representação gráfica:

2) Intervalo aberto: F={x ∈ ℝ| x < b} ou E=]-∞, b[ nesse caso temos que b não
pertence ao intervalo.
Representação gráfica:

3) Intervalo fechado à direita e aberto à esquerda: G={x ∈ ℝ| x ≤ b} ou G=]-∞, b]


nesse caso temos que b é um elemento do intervalo.
Representação gráfica:

4) Intervalo fechado à esquerda e aberto à direita: H={x ∈ ℝ| x ≥ a} ou H=[a, +∞[


nesse caso temos que a é um elemento de H.
Representação gráfica:

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Observações importantes:
a) Os números reais a e b são os extremos de cada intervalo;
b) Alguns autores utilizam o parênteses (,) para indicar que um intervalo, ou um
extremo do intervalo, é aberto. Assim podemos escrever (a,b) para indicar ]a,b[;

c) O Conjunto dos Números Reais também pode ser representado por ℝ=]-∞, +∞[

ou, como citado na observação anterior, ℝ=(-∞, +∞);


d) Os símbolos -∞ e +∞ não são números. De fato eles indicam que a reta real se
estende a uma distância infinita para a esquerda ou para a direita.

1.2. Plano Cartesiano


Dois números reais quaisquer formam um par e, quando a ordem desse par tem
significado e importância, dizemos que temos um par ordenado. A notação utilizada
para representar um par ordenado é (a,b) onde o número a é denominado primeira
coordenada e o número b é a segunda coordenada. Observe que os pares (4,5) e (5,4)
são pares ordenados diferentes, pois a primeira coordenada de um é diferente da
primeira coordenada do outro e o mesmo acontece com as segundas coordenadas.
Consideremos dois eixos perpendiculares que se interseccionam, determinando um
ponto chamado origem. O eixo horizontal (OX) é denominado de eixo das abscissas e
o eixo vertical (OY) é o eixo das ordenadas. Os dois eixos determinam um sistema de
eixos ortogonais denominado plano cartesiano.

11
A cada par ordenado corresponde um ponto do plano cartesiano e, reciprocamente,
a cada ponto do plano cartesiano corresponde um par ordenado. A primeira coordenada
do ponto é denominada abscissa do ponto e a segunda coordenada é chamada de
ordenada do ponto.
Os dois eixos dividem o plano em quatro regiões que denominamos quadrantes.
Estas regiões, quadrantes, são tomadas sempre no sentido anti-horário.

Utilizando uma unidade de comprimento podemos marcar números reais sobre os


eixos. Considerando no eixo das abscissas, os valores positivos à direita da intersecção e
os valores negativos à esquerda. No eixo das ordenadas, positivos acima da intersecção
e negativos abaixo de intersecção. Assim, podemos marcar no plano cartesiano, pontos
que correspondem a pares ordenados, como na figura abaixo:

12
Observações:

a) Para marcar um ponto no plano cartesiano consideramos as coordenadas


cartesianas do ponto onde a primeira coordenada corresponde a abscissa e a
segunda corresponde a ordenada;
b) Usamos a notação P(a,b) para o par ordenado ou ponto P do plano, mas no caso
dos números a ou b serem decimais, o par fica separado por ponto e vírgula.
Como, por exemplo, no par (-7; 4,21) que aparece no terceiro quadrante.

13
1.3. Teste seus conhecimentos
1. Com o auxílio de uma calculadora, encontre a forma decimal para cada número
racional. Verifique se o número tem finitas ou infinitas casas após a vírgula.
37 18 23 5 74 25 189
a)  b) c)  d) e)  f) g) 
8 99 6 27 25 10 19

2. Localize, na reta real, os seguintes números reais.


5 14
a = -3,678; b = 21 ; c = ; d = ; e= 3
64 ; f = 0,8177; g = 5
2 7

3. Escreva, usando a notação de intervalos, e represente na reta real cada conjunto


abaixo.
a) A é o subconjunto dos números reais formado pelos números reais maiores que 3.
b) B é o intervalo aberto à esquerda e fechado à direita de extremos -5 e 1.
c) C é o intervalo aberto de extremos -2 e 1.
d) D é o intervalo fechado de extremos 0 e 5.
4. Dê as coordenadas cartesianas de cada ponto do plano cartesiano abaixo:

5. Marque no plano cartesiano os seguintes pontos:


A(-1,3) B(-3,2) C(0,5;3) D(0,4) E(0,-2) F(-3,1) G(1,5;-3) H(0,25;0)

14
CAPÍTULO – II
Conceito de Função
Introdução
Em economia ou administração muitas vezes se faz necessário relacionar duas
variáveis como, por exemplo, quantidade e preço. As funções são ferramentas muito
importantes que nos auxiliam a descrever tais relações. Neste capítulo, desenvolvemos o
conceito de função e revisamos importantes operações algébricas que serão utilizadas
no desenvolvimento da disciplina.

2.1. Funções
Considere a seguinte situação:
Uma companhia de exportação espera obter durante um ano um lucro de, no
mínimo, 5 milhões de dólares. Se a cada mês o lucro é de 700 mil dólares, complete
a planilha para descrever o processo e determine o mês em que a empresa atingiu
sua meta.
Tempo em meses Lucro em milhões
1 0,7
2 1,4
3 2,1
4
5
6
7
8
9
10
11
12

A ferramenta matemática que nos permite modelar o problema motivador e


atribuir a ele uma lei matemática para expressar a relação que existe entre o tempo e
o lucro obtido recebe o nome de função. O conjunto de valores que atribuímos ao
tempo recebe o nome de domínio da função, enquanto o tempo é denominado
variável independente. O conjunto de valores que encontramos para o lucro é
chamado conjunto imagem da função e o lucro é denominado valor da função ou
variável dependente.
De maneira mais geral e formal podemos considerar a seguinte definição:

15
Uma função f é uma lei (ou uma regra) que associa a cada elemento x
do domínio (D(f)) exatamente um elemento do conjunto contradomínio
(CD(f)), tal elemento é representado por f(x) e denominado imagem de x pela
função f.

Considerando a situação anterior podemos representar a função da seguinte:

f : ℝ+ → ℝ+
y = f(x) = 0,7x

O símbolo f determina o “nome” da função e o símbolo ℝ+ (conjunto dos números


reais não negativos) antes da seta representa o domínio da função, conjunto no qual

devemos considerar os valores de x. Já o ℝ+ após a seta indica o contradomínio da


função, formado por todos os elementos que podem pertencer ao conjunto imagem da
função.
Quando completamos a segunda coluna da tabela (representada pelo lucro) estamos
determinando a imagem de cada um dos valores do domínio que estão representados na
primeira coluna (que no caso específico do exemplo é considerado como o tempo
transcorrido).
Assim, podemos calcular e preencher as linhas da tabela da seguinte forma:
Tempo em meses Lucro em milhões
1 f (1) = 0,7.1 = 0,7
2 f (2) = 0,7.2 = 1,4
3 f (3) = 0,7.3 = 2,1
4 f (4) = 0,7.4 = 2,8
5 f (5) = 0,7.5 = 3,5
6 f (6) = 0,7.6 = 4,2
7 f (7) = 0,7.7 = 4,9
8 f (8) = 0,7.8 = 5,6
9 f (9) = 0,7.9 = 6,3
10 f (10) = 0,7.10 = 7,0
11 f (11) = 0,7.11= 7,7
12 f (12) = 0,7.12 = 8,4
E, com base nos resultados obtidos, podemos concluir que a meta de lucro será
alcançada, e até ultrapassada, no oitavo mês.
A tabela também pode ser útil na hora de representarmos o problema na forma de
um gráfico. O gráfico de uma função descreve geometricamente a função, utilizando
um sistema de eixos coordenados xy. Observe que a cada valor de x do domínio
estamos relacionando um valor y = f (x) da imagem. O conjunto de todos os pares
ordenados (pontos) da forma (x,f(x)) forma uma curva no plano cartesiano, denominada
gráfico da função f.

16
Voltando ao problema inicial podemos considerar as seguintes representações:

Vamos agora apresentar alguns exemplos de situações que envolvem funções.


Exemplo 1: Seja f a função definida pela lei f(x) = - 2x+1. Qual é o domínio da função?
Calcule f(-1) e f(5).
Resolução: Observe inicialmente que a lei da função f(x) = - 2x+1 envolve operações
básicas de números reais como multiplicação e adição. Observe ainda que sempre é
possível multiplicar um número real por -2 e também é possível somarmos este número
a 1, obtendo como resultado um único número real. Por estas considerações podemos

assumir que o domínio da função é o conjunto dos números reais (ℝ).


Para encontrar o valor de f(-1) devemos substituir a variável independente x, por -1
em todas as ocorrências de x na lei f(x) = - 2x+1, assim temos:
f(-1) = - 2(-1)+1 = +2+1 = 3.
Da mesma forma, para encontrar o valor de f(5) devemos substituir a variável
independente x, por 5 em todas as ocorrências de x na lei f(x) = - 2x+1 e assim obtemos:
f(5) = - 2(5)+1 = -10+1 = -9.

Exemplo 2: Seja f a função definida pela lei f (x)  x 1 . Qual é o domínio da


função? Calcule f(-1) e f(3).
Resolução: A lei da função f (x)  x 1 envolve uma raiz de índice par (raiz
quadrada) onde x + 1 elemento real. Neste exemplo, devemos lembrar que não existe,
no conjunto dos números reais, uma raiz de índice par de números negativos, ou seja,
devemos considerar que o número x+1 não pode ser negativo. Assim, devemos ter
necessariamente x  1  0  x  1 . Isto significa que o valor de x deve ser maior ou

17
igual a -1 para que a possamos encontrar como resultado da função um número real.
Concluímos então que o domínio da função deve ser o intervalo [-1,+∞[.
Agora que sabemos que D(f(x))= [-1,+∞[ podemos então calcular f(-1), já que -1
pertence ao domínio da função. Assim temos:

f (  1)  (  1)  1  0  0

Da mesma forma, para encontrar o valor de f(3) devemos substituir a variável


independente x, por 5 em todas as ocorrências de x na lei e assim obtemos:
f (3)  31  4  2 .

Exemplo 3: No Brasil costumamos usar graus Celsius para expressar a temperatura mas
em alguns países a temperatura é expressa em graus Fahrenheit. A expressão
matemática que apresenta a temperatura y em graus Celsius em função da temperatura x
5 160
em graus Fahrenheit é y  x .
9 9

a) Você está em um país cuja temperatura ambiente é expressa em graus


Fahrenheit. No momento da sua chegada vê um termômetro que marca 77ºF.
Qual é a temperatura em graus Celsius?
b) A água entra em ebulição a 212ºF. Qual a temperatura correspondente em graus
Celsius?
Resolução: (a) Considerando que a lei que relaciona a temperatura em Fahrenheit com a
5 160
temperatura em graus Celsius é y  x para determinarmos a temperatura
9 9

fazemos x=77 e substituímos na lei:


5 160 5  77 160 385 160 385  160 225
y   77         25
9 9 9 9 9 9 9 9

Concluímos assim que a temperatura é de 25ºC.


(b) Se a água entra em ebulição a 212ºF temos que substituindo x por 212 na equação
temos:
5 160 5  212 160 1060 160 1060  160 900
y   212         100
9 9 9 9 9 9 9 9

Ou seja, a temperatura para a água entrar em ebulição é de 100ºC.

Exemplo 4: A variação do preço de um determinado produto no ano de 2011 pode ser


determinada pela seguinte lei P(t)=0,75t+5,59, onde t representa os meses do ano sendo

18
que t=1 é o mês de janeiro e P(t) o preço do produto no mês t. Construa uma tabela com
os valores mês a mês para mostrar a variação do preço. Marque os valores encontrados
em um gráfico cartesiano para representar a situação.
Resolução:
Mês(t) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Preço(R$) 6,34 7,09 7,84 8,59 9,34 10,09 10,84 11,59 12,34 13,09 13,84 14,59

Neste exemplo, você pode observar na tabela e também no gráfico, que conforme o
valor de t aumenta o preço também aumenta. Este tipo de variação caracteriza uma
função crescente.

Exemplo 5: Considere a função real f (x)   x  2 . Determine o seu domínio e


construa uma tabela apresentando no mínimo 5 valores diferentes de x e suas
respectivas imagens. Use os resultados da tabela para fazer um esboço do gráfico.
X 2 3 4 5 6 7
Y
Resolução: Novamente temos uma função cuja lei envolve uma raiz de índice par (raiz
quadrada) onde x - 2 é elemento real. Neste exemplo, devemos lembrar que não existe,
no conjunto dos números reais, uma raiz de índice par de números negativos, ou seja,
devemos cuidar para que o número x - 2 não seja negativo. Assim, devemos ter
necessariamente x2  0  x  2 . Isto significa que o valor de x deve ser maior ou
igual a 2 para que a possamos encontrar como resultado da função um número real.
Concluímos então que o domínio da função deve ser o intervalo [2,+∞[.
Atenção: ao completar a tabela você deve tomar cuidado com os sinais!!

19
x f (x)   x  2

2 f (2)   2  2   0  0

3 f (3)   3 2   1  1

4 f (4)   4  2   2   1 , 414213

5 f (5 )   5  2   3   1 , 7320501

6 f (6 )   6  2   4  2

7 f (7 )   7  2   9  3

Agora temos uma função que quando o valor de x aumenta a imagem f(x) diminui, o
que caracteriza uma função decrescente.

Exemplo 6: Uma loja paga uma comissão para seus vendedores de 6% em cada venda
de até R$1.500,00. Para vendas acima deste valor o vendedor recebe uma comissão de
2% mais um valor fixo de R$150,00. Considere que f(x) é a função que determina a
comissão de cada vendedor em função do valor da venda x.
a) Apresente a função f(x);
b) Qual a comissão de um vendedor que vendeu R$700,00?
c) Qual a comissão de um vendedor que vendeu R$ 2.700,00?
Resolução: (a) A lei de f(x) depende do valor vendido x. Se o valor da venda for de até
R$1.500,00 o vendedor recebe 6% do valor, ou seja, se 0  x  1500 temos que o valor
6
da venda deve ser multiplicado por  0 , 06 (6%). E então f(x) = 0,06x. Já se a venda
100

for maior do que R$1.500,00 a comissão será de 2% mais um valor fixo de R$150,00,
ou seja, se x  1500 temos que o valor da venda deve ser multiplicado por

20
2
 0 , 02 (2%) e acrescido de 150. Então f(x) = 0,02x+150. O domínio da função
100

consiste dos valores de x em um dos intervalos [0,1500] ou ]1500,+∞[. Em cada um


desses intervalos a função é definida por leis diferentes (esta é uma função definida
por partes):
 0 , 06 x se 0  x  1500
f (x)   .
 0 , 02 x  150 se x  1500

(b) A comissão do vendedor que vendeu R$700,00 será dada pela fórmula f(x) = 0,06x,
já que x = 700 está no intervalo 0  x  1500 . Então f(700) = 0,06.700 = 42. Assim a
comissão será de R$42,00.
(c) Já a comissão do vendedor que vendeu R$2.700,00 será dada pela fórmula
f(x)=0,02x+150, já que x = 2700 está no intervalo x  1500 .
Então f(2700) = 0,02.2700+150=54+150=204. Assim a comissão será de R$204,00.

Exemplo 7: Considere a função cujo gráfico está abaixo.


a) Qual é o valor de x quando y = 2?
b) Determine f(-1) e f(2).

Resolução: (a) Observe que o ponto do gráfico onde temos y = 2 devemos olhar para o
ponto onde a coordenada y é 2. Esse ponto possui coordenada x = 1.
(b) Para encontrar o valor de f(-1) olhamos a coordenada y do ponto onde x é igual a -1.
No gráfico vemos que (-1,-2) é o ponto do gráfico procurado, ou seja, f(-1) = -2. De
maneira semelhante encontramos o valor de f(2) que será 1 e assim temos f(2)=1.

21
Exemplo 8: O gráfico abaixo representa o valor (em R$) do preço de venda do quilo do
tomate em uma feira de produtos agrícolas no decorrer dos doze meses do ano,
considerando que x=1 representa o mês de janeiro, x=2 o mês de fevereiro, e assim
sucessivamente. Determine:

a) O valor do quilo do tomate em janeiro, março, maio e outubro.


b) O mês em que o valor do quilo do tomate atingiu R$5,00.
c) O mês em que o quilo do tomate assumiu o maior valor.
d) O mês em que o quilo do tomate assumiu o menor valor.
Resolução: (a) O valor de y apresentado em x=1(janeiro) é de 2,5. Assim temos que o
valor do quilo de tomate em janeiro foi de R$2,50. Para x=3 (março) temos y=3,5 e,
então o valor do quilo de tomate em março era de R$3,5. Para o mês de maio temos x=5
e y=3 e assim podemos afirmar que o preço do quilo do tomate em maio foi de R$3,00.
Por fim, no mês de outubro o valor do quilo de tomate, conforme o gráfico, foi de
R$5,50.
(b) O mês em que o quilo de tomate atingiu o valor de R$5,00 foi o mês x=8, ou seja, o
mês de julho.
(c) O valor do quilo de tomate atingiu seu maior valor em agosto. Nesse mês o preço foi
de R$6,00.
(d) O menor valor apresentado foi no mês de janeiro, quando o quilo de tomate custou
R$ 2,50.

22
Exemplo 9: A função custo unitário associado a produção de um determinado produto é
320
dado pela função c(q )   75 onde q é a quantidade produzida e c(q) o custo
q

relacionado com esta quantidade. Determine o domínio da função, complete a tabela


abaixo e faça um esboço do gráfico da função.
Quantidade(q) 10 20 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500
Custo(R$)
Resolução: Inicialmente observe que a lei apresenta uma fração com a variável
independente no denominador e devemos considerar que o número zero não pode fazer
parte do domínio da função, já que a divisão por zero não está definida no conjunto dos
números reais. Por este motivo o domínio da função real pode ser o conjunto dos

números reais menos o zero (ℝ*= ℝ-{0}). Mas agora observe que a função serve como
modelo para um problema da realidade e, neste problema a variável independente q
representa a quantidade produzida que não pode se negativa. Sendo assim o domínio da

função deve ser o conjunto dos números reais positivos (ℝ+).


Quantidade(q) 10 20 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500
Custo(R$) 107 91 81,4 78,2 77,13 76,6 76,28 76,07 75,91 75,8 75,71 75,64

Agora observe no gráfico que a medida que os valores de q aumentam o valor do custo
320
diminui se aproximando de 75(sem nunca chegar de fato a 75, já que a expressão
q

nunca será zerada). Este gráfico mostra uma função limitada inferiormente.

Exemplo 10: A receita de uma determinada empresa pode ser descrita pela função
 20
r (q )   25 onde q é a quantidade vendida e r(q) a receita associada a esta
q 1

23
quantidade. Determine o domínio da função, complete a tabela abaixo e faça um esboço
do gráfico da função.
Quantidade(q) 2 3 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Custo(R$)
Resolução: Novamente temos uma lei apresenta uma fração com a variável
independente no denominador e devemos considerar que o número um não pode fazer
parte do domínio da função, já que 1 - 1 = 0 e a divisão por zero não está definida no
conjunto dos números reais. Por este motivo o domínio da função real pode ser o

conjunto dos números reais menos o um (ℝ-{1}). Mas agora observe que a função serve
como modelo para um problema da realidade e, neste problema a variável independente
q representa a quantidade vendida que não pode se negativa. Sendo assim o domínio da
função deve ser o conjunto dos números reais maiores do que 1, ou seja, ]1,+∞[.
Quantidade(q) 2 3 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Custo(R$) 5 15 20 22,78 23,57 23,95 24,17 24,31 24,41 24,49 24,55 24,59

Agora observe no gráfico que a medida que os valores de q aumentam o valor da receita
 20
vai se aproximando de 25 (sem nunca chegar de fato a 25, já que a expressão
q 1

nunca será zerada). Este gráfico mostra uma função limitada superiormente.

24
2.2. Teste seus conhecimentos
1. Considere D = {-2,-1,0,1,2} o domínio da função f dada pela lei f(x)=2x-1 e o
conjunto dos números inteiros como contradomínio. Determine o conjunto
imagem da função. Marque os pontos de f(x) no plano cartesiano.
 x  3 , se x é par
2. Seja f: ℕ →ℕ definida por f (x)   . Calcular:
 2 x , se x é ímpar
f(5)= f(4)= f(0)= f(13)=

3. Determine o domínio da função definida pela lei f (x)  x  5 .

4. Numa rodovia, um carro mantém uma velocidade constante de 90km/h.


a) Construa uma tabela que indique a correspondência entre a quantidade de horas
(1,2,3,4,5) e a distância percorrida;
b) Apresente uma lei que associa o número de horas e a distância percorrida;
c) Se a viagem durasse 6 horas, quantos quilômetros seriam percorridos?
d) Se o carro percorreu 225km, quantas horas ele gastou?

5. Supondo que a quantia gasta com giz para as escolas públicas de uma cidade do
Brasil (em milhares de reais) possa ser modelada pela função
f ( t )  0 , 8 t  4 , 5 t  32 , 7 t  1256 , em que t representa o ano, com t=0
3 2

correspondendo a 2000, determine o que se pede.

a) Use o modelo matemático para completar a tabela abaixo


Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Despesas
b) Utilize o modelo para prever os gastos em 2013 e 2020.

25
CAPÍTULO – III
Funções do 1º. Grau, Lei da Oferta e da
Demanda e Ponto de Equilíbrio de Mercado

Introdução
Nesse capítulo vamos apresentar a função polinomial do primeiro grau, ou
simplesmente Função do 1º. Grau. Veremos também algumas aplicações importantes na
administração e economia, como a Lei de Oferta, Lei da Demanda e o Ponto de
Equilíbrio.

3.1. Funções do Primeiro Grau


Considere o problema abaixo, apresentado na atividade no capítulo II:
Numa rodovia, um carro mantém uma velocidade constante de 90km/h.
e) Construa uma tabela que indique a correspondência entre a quantidade de
horas (1,2,3,4,5) e a distância percorrida;
f) Apresente uma lei que associa o número de horas e a distância percorrida;
A tabela solicitada no problema apresenta os valores correspondentes ao tempo
transcorrido na primeira linha e a distância percorrida na segunda.

Tempo 1 2 3 4 5
Distância 90 180 270 360 450

Observe que a tabela apresenta uma variação proporcional. Este tipo de variação
caracteriza as funções polinomiais de primeiro grau.
A lei da função será dada por f(x) = 90x, onde a = 90 é a taxa de variação e pode ser
determinada pela razão distância/tempo. Este valor determina o acréscimo na distância
correspondente ao acréscimo de uma unidade no tempo.
Considere a função f: ℝℝ definida pela lei f ( x )  ax  b , onde a e b são dois

números reais quaisquer com a≠0.

26
A representação cartesiana desta função é uma linha reta.
O valor de a é denominado coeficiente angular da reta e representa a tangente
trigonométrica do ângulo que a reta forma com o sentido positivo do eixo dos x, medido
no sentido anti-horário, enquanto que o valor de b é o coeficiente linear da reta, sendo a
ordenada do ponto em que a ela corta o eixo dos y. O ângulo  é denominado
inclinação da reta.

Sendo a o coeficiente angular da reta, que pode ser determinado


y 2  y1
pela expressão a  tan   , e b coeficiente linear, que é a
x 2  x1

ordenada do ponto onde a reta corta o eixo y, obtemos a equação


reduzida da reta y  ax  b .

A equação da reta ainda permite analisar se a função é crescente ou decrescente.


Observe que se o coeficiente angular da reta for positivo a função cresce, isto é, o
gráfico cartesiano é inclinado para a direita, enquanto que se o coeficiente angular for
negativo a função decresce, isto é, o gráfico cartesiano é inclinado para a esquerda. Tais
situações são ilustradas nos gráficos abaixo:
a) y  2x  1, a=2>0 b) y  2 x  1 ,a=-2<0
A função é crescente. A função é decrescente.

27
Para determinarmos uma reta basta dois pontos. No caso da função polinomial de
primeiro grau os pontos importantes na determinação do gráfico são os cortes nos eixos
x e y (ou os interceptos).
Dada a equação reduzida da reta y  ax  b já sabemos que b é o intercepto do eixo
y e, o intercepto do eixo x é obtido quando consideramos x = 0. Assim, temos:
b
ax  b  0  ax   b  x   .
a

Exemplo 1: Considere a função de primeiro grau cuja lei é dada por f (x)  3x  2 .
Determine o coeficiente angular e o coeficiente linear da reta, os interceptos e construa
seu gráfico e verifique se a função é crescente ou decrescente.
Resolução: Da lei f (x)  3x  2 , temos:

Coeficiente Angular: a = 3>0


Função Crescente
Coeficiente Linear: b = - 2
2
Interceptos: x  e y  2
3

Corte no eixo x (y=0):


2
3x  2  0  3x  2  x 
3

Corte no eixo y (x=0):


y  3 .0  2   2

28
Exemplo 2: Uma empresa foi multada por jogar resíduos tóxicos em um rio. A multa
aplicada foi de R$45.000,00 mais R$1.500,0 por dia até que a empresa se ajustasse às
normas que regulamentam os índices de polução. Apresente a função que relaciona o
valor da multa com relação ao número x de dias que a empresa levou para se ajustar as
normas exigidas. Determine o valor da multa que a empresa deve pagar se levar 12 dias
para se ajustar as normas. Sabendo que a empresa pagou R$79.500,00 de multa,
determine quantos dias de fato ela levou para se ajustar as normas exigidas.
Resolução: Observe que temos uma parte da multa que é fixa (45.000,00) e outra parte
que vai variar conforme o número de dias x (1.500,00x). Então temos que a lei que
expressa a situação é f ( x )  1500 x  45000 .
Para determinar qual o valor que será pago ao final de 12 dias, devemos substituir x
por 12 na lei da função:
f (12 )  1500 . 12  45000  18000  45000  63000

Assim, concluímos que o valor pago após 12 dias é de R$63.000,00.


Agora, se a empresa pagou R$79.500,00 de multa, teremos f ( x )  79500 , ou seja,
devemos calcular o valor de x considerando que 1500 x  45000  79500 . Temos então:
1500 x  45000  79500

1500 x  79500  45000


1500 x  34500

34500
x 
1500
x  23

Isto significa que a empresa levou 23 dias para regularizar a sua situação.

Exemplo 3: Apresente a lei da função do primeiro grau que passa pelos pontos (4,-1) e
(6,-5).
Resolução: Como já foi colocado anteriormente, para determinarmos o gráfico de uma
reta são necessários apenas dois pontos. Considerando (6,-5) como ponto (x2 , y2 ) e (4,-
y 2  y1
1) como ponto ( x1 , y1 ) e, utilizando a igualdade a  que determina o valor do
x 2  x1

coeficiente angular da reta, temos:


y 2  y1  5  (  1)  5 1  4
a   a     2
x 2  x1 6  4 2 2

Assim, o coeficiente angular da reta é a = - 2 e temos uma função decrescente.

29
Para determinar o coeficiente linear utilizamos a equação reduzida da reta
y  ax  b , um dos pontos dados no problema e o valor de a calculado anteriormente.
Assim, obtemos:
y  ax  b

 1   2 .4  b

 1  8  b
1 8  b

7  b

Agora, sabendo que a = - 2 e que b = 7 temos equação reduzida da reta que passa
por (4,-1) e (6,-5) que é y  2 x  7 , lembre-se que esta equação também expressa a lei
da função procurada.

Exemplo 4: Um motorista de automóvel sabe que o custo mensal do uso de um carro


depende do número de quilômetros rodados. João observou que no mês de maio ele
gastou R$380,00 e percorreu 480km e, em junho, gastou R$460,00 para percorrer
680km. Considerando que o modelo linear é apropriado, expresse o custo mensal C
como uma função da distância percorrida d. Use o resultado obtido para determinar o
custo quando forem percorridos 2400km por mês.
Resolução: O modelo linear citado no problema faz referência à equação da reta, isto
significa que estamos procurando uma função polinomial do primeiro grau como
modelo para a situação. Neste problema é solicitado que o custo seja expresso em
função da distância, ou seja, C(d), onde d é a variável independente e C a variável
dependente. Note que temos dois pontos a considerar (480,380) e (680,460) e, para
expressarmos a função, devemos proceder como no exemplo 3, procurando a equação
da reta que passa pelos pontos dados. Assim, o coeficiente angular da reta é:
c 2  c1 460  380 80
a   a    0 ,4 .
d 2  d1 680  480 200

Para determinar o coeficiente linear fazemos:


c  ad  b

460  0 , 4 . 680  b
460  272  b

460  272  b
188  b

30
Agora, sabendo que a =0,4 e que b = 188 temos que a lei da função custo será
C ( d )  0 , 4 d  188 . Para determinar o custo quando forem percorridos 2400km
fazemos:
C ( 2400 )  0 , 4 . 2400  188  960  188  1148 .
Assim, temos que se o motorista percorrer 2400km seu custo mensal será de
R$1.148,00.

3.2. Lei de Oferta e Demanda


A função oferta é a função que descreve o comportamento do produtor,
relacionando preço e quantidade. É uma função crescente já que a predisposição para
oferta de um produto pelo produtor no mercado aumenta quando o preço aumenta, em
outros termos, podemos dizer que quando o preço de uma mercadoria aumenta, o
produtor oferta maior quantidade dessa mercadoria. Normalmente, denota-se o preço
por p e a função por S(p).
A função demanda relaciona preço à quantidade vendida, expressa o
comportamento do consumidor que, compra mais quando o preço do produto diminui e
compra menos quando o preço desse produto aumenta. Assim podemos dizer que a
função demanda é uma função decrescente. Usualmente a demanda é denotada por
D(p) ou Q(p) que representa a quantidade vendida ou demandada pelo preço p.

1
Exemplo 5: A oferta de um produto no mercado é dada pela função S ( p)  3  p ,
3

com o preço variando entre R$9,00 e R$30,00. Observe que p é o preço por unidade e S
é a correspondente oferta de mercado. Represente a função graficamente.
Resolução: Para fazermos o gráfico da função, que é uma reta, consideramos dois
pontos:
1
Primeiro fazemos p  9  S (9 )   3  .9   3  3  0 . Temos o ponto (9,0).
3

1
Agora, fazendo p  30  S ( 30 )   3  . 30   3  10  7 . Temos o ponto (30,7).
3

Assim, temos a reta:

31
Exemplo 6: Considere que função dada por D ( p )  15  ( 0 , 5 ) p , onde p é o preço por
unidade do produto e D(p) a quantidade demandada no mercado. Determine:
a) Intervalo da variação de p, ou seja, o domínio da função;
b) Intervalo de variação de D, ou seja, a imagem da função;
c) Representação gráfica.
Resolução: Considere inicialmente que a função demanda vista como uma função
polinomial do primeiro grau deve ter domínio e imagem real, porém neste caso a função
expressa uma situação real e o preço de uma mercadoria não pode ser negativo nem
pode ser negativa a quantidade demandada. Para melhor entender a situação vamos
observar o gráfico da função real abaixo:

Para determinar o domínio olhamos o eixo x, que neste caso representa o preço p.
Observe que quando x<0 indica preço menor do que zero, portanto a parte do gráfico
onde x é negativo não faz sentido. E, para x>30 temos como imagem (que neste caso
indica a quantidade) valores negativos, o que também não condiz com a realidade.
Sendo assim, concluímos que o domínio (valores do preço) deve variar no intervalo
entre 0 e 30.

32
Agora, fazendo a mesma análise para a imagem (que corresponde a quantidade
demandada) vemos que para 0  x  30 temos 0  y  15 . O que significa que
enquanto o preço p 0  p  30 a quantidade demandada está no intervalo 0  D  15 .
Assim, concluímos:
a) Intervalo da variação de p, ou seja, o domínio da função é [0,30]
b) Intervalo de variação de D, ou seja, a imagem da função é [0,15]
c) Representação gráfica.

3.3. Ponto de Equilíbrio de Mercado


Quando trabalhamos com duas funções diferentes, algumas vezes é importante
determinarmos se estas funções possuem pontos em comum. Tais pontos são
denominados pontos de intersecção. Dadas duas funções distintas f(x) e g(x)
encontramos, se existir, o(s) ponto(s) de intersecção resolvendo a equação f (x)  g (x) .
Em economia estes pontos possuem nomes específicos, conforme a situação.
Considerando as funções oferta e demanda, a primeira crescente e a segunda
decrescente, existe um ponto comum as duas (um ponto de intersecção), este ponto é
denominado ponto de equilíbrio de mercado. A coordenada x do ponto de equilíbrio
corresponde ao preço de equilíbrio de mercado (PE). A coordenada y do ponto de
equilíbrio é quantidade correspondente ao preço de equilíbrio é denominada
quantidade de equilíbrio de mercado (QE).

1
Exemplo 7: Considere a função de oferta do exemplo 5, S ( p)  3  p , e a função de
3

demanda do exemplo anterior, D ( p )  15   0 , 5  p . Encontre o ponto de equilíbrio de


mercado. Apresente o gráfico da situação.

33
Resolução: Para encontrar o ponto de equilíbrio fazemos S ( p)  D ( p) , resolvendo a
equação encontramos o valor de p que corresponde ao preço de equilíbrio. Observe:
S ( p)  D ( p)

1
 3 p  15  ( 0 , 5 ) p
3
1
p  ( 0 , 5 ) p  3  15
3
1 
3  p  ( 0 , 5 ) p   3 18 
3 
1 p  (1 , 5 ) p  54

( 2 , 5 ) p  54

54
p 
2 ,5
p  21 , 6

preço de equilíbrio

Substituindo esse valor na função oferta, ou na função demanda, encontramos o valor de


q que corresponde a quantidade de equilíbrio. Assim,
D ( p )  15   0 , 5  p

D ( 21 , 6 )  15  ( 0 , 5 )( 21 , 6 )

D ( 21 , 6 )  15  10 , 8

D ( 21 , 6 )  4 , 2

quantidade de equilíbrio

O ponto de equilíbrio é PE(21,6;4,2).


O gráfico é:

Exemplo 8: Considere as seguintes funções do primeiro grau f (x)  3x  1 e


g (x)  2 x  1 . Apresente o ponto de intersecção das funções e construa um gráfico
cartesiano apresentando as duas retas e o ponto encontrado.

34
Resolução: Para determinar a abscissa do ponto de intersecção das duas funções
devemos igualar as equações, ou seja, fazer f (x)  g (x) e, em seguida, substituir o
valor encontrado em f(x) ou g(x) para determinar a ordenada do ponto. Observe:
Inicialmente, calculamos a abscissa do O Gráfico fica:
ponto:
f (x)  g (x)
3x  1  2x  1

3x  2 x  1  1

x  2

Agora, calculamos a ordenada:


f (  2 )  3 .(  2 )  1
f (2)  6  1

f (2)  5

Assim obtemos o ponto de intersecção das


funções, ponto A(-2,-5), apresentado no
gráfico ao lado.

Exemplo 9: Dadas as funções demanda de mercado D ( p )  20  p e oferta


S ( p )   20  5 p , determine o preço de equilíbrio (PE) e a correspondente quantidade
de equilíbrio (QE) e represente-o graficamente.
Resolução:
Inicialmente, calculamos o preço de O Gráfico fica:
equilíbrio:
D ( p)  S ( p)

20  p   20  5 p

20  20  5 p  p

40  6 p

40
 p
6
p  6 , 67

Agora, calculamos a quantidade de


equilíbrio:

35
D ( 6 , 67 )  20  6 , 67
D ( 6 , 67 )  13 , 33

D ( 6 , 67  13 , 33

Assim obtemos o ponto de equilíbrio


PE ( 6 , 67 ;13 , 33 ) , apresentado no
gráfico.

Exemplo 10: Dada a equação 2D+3P- 60 = 0 com demanda (D) e preço (P), determine:
a) A lei da função preço.
b) A lei da função demanda.
c) Represente graficamente a demanda em função do preço.
d) Calcule a demanda quando P=10.
Resolução: (a) Para determinarmos a função preço vamos escrever o preço P em função
da demanda D, ou seja, isolamos P na equação:
2 D  3 P  60  0
3 P   2 D  60
 2 D  60
P 
3
2D 60
P   
3 3
2
P   D  20
3

(b) Para determinar a função demanda vamos escrever a demanda em função do preço
P. Assim, temos:
2 D  3 P  60  0

2 D   3 P  60

 3 P  60
D 
2
3P 60
D   
2 2
3
D   P  30
2

(c)

36
(d) A demanda para P=10 é obtida quando substituímos P por 10 na função demanda
encontrada no item (b).
3
D (10 )   (10 )  30
2
30
D (10 )    30
2
D (10 )   15  30
D (10 )  15

37
3.4. Teste seus conhecimentos
1) Considere a equação de reta y = - 2x + 3. Determine coeficiente linear,
coeficiente angular, se a reta é crescente ou decrescente e construa o gráfico da
função. Apresente também o valor de x para o qual a reta corta o eixo horizontal,
e o valor de y onde a reta corta o eixo y.

2) Encontre a equação da reta que passa pelos pontos (1,-3) e (0,-2).

3) Uma empresa pode vender 1000 unidades de um determinado produto pelo


preço unitário de R$30,00 e pode vender 2000 unidades deste produto se o preço
for R$25,00. Sendo linear a equação da demanda, determine:
a) A equação da demanda.
b) Faça o gráfico da demanda.
c) Determine a demanda se o preço baixar para R$20,00.

4) A tabela abaixo apresenta a oferta de mercado de um determinado produto


relacionada ao preço desse produto. Encontre a lei da oferta e represente a
função graficamente.
p – preço (R$) 10 20 30 40
S(p) – oferta 24 44 64 84

5) Considere as funções de oferta S ( p )  p  15 e demanda D ( p )   p  20 de


um determinado produto. Apresente o ponto de equilíbrio de mercado.

38
CAPÍTULO – IV

Funções do 2º. Grau, Funções Custo, Receita,


Lucro e Break-even point
Introdução
Nesse capítulo vamos estudar a função polinomial do segundo grau também
denominada Função Quadrática. Apresentaremos as funções Custo, Receita e Lucro
fazendo uma análise de gráficos dessas funções. Veremos também o conceito de break-
even point e sua aplicação na economia.

4.1. Função Quadrática


Uma função definida no conjunto dos números reais que a cada variável
y  ax  bx  c
2
independente x associa um valor y tal que com a, b e c números reais
tais que a  0 .

f : ℝ→ℝ

f ( x )  ax  bx  c
2

Na função quadrática observamos que:


 x: é a variável independente (eixo horizontal);
 y: é a variável dependente (eixo vertical);
 quando a > 0 a curva (denominada parábola) possui a concavidade voltada para
cima e quando a < 0 a parábola possui concavidade voltada para baixo;
 c: é a ordenada do ponto onde a curva corta o eixo vertical (ponto (0,c));
 o domínio da função é o Conjunto dos Números Reais, pois não há qualquer
restrição matemática para se efetuar o quadrado de um n.º, e/ou um produto,
e/ou uma soma algébrica;
 as raízes da função ou zeros da função quadrática são os valores da variável
y  ax  bx  c
2
independente x que anulam a equação . Existem vária maneiras
de encontrarmos as raízes de uma função quadrática, mas o método mais

39
comum, é usando a conhecida “Fórmula de Báskara”, ou seja, fazendo

 b   4 ac
2
b
x  .
2a

4.1.1. Gráfico da Função quadrática


O gráfico da função quadrática é representado por uma curva denominada
parábola. Para a construção do gráfico é importante que seja determinado o ponto do
gráfico chamado de vértice da parábola. O vértice da parábola é o ponto cujas
b  b 
coordenadas são xv   (que é a abscissa do vértice) e yv  f (xv )  f    (que é
2a  2a 

 b  b 
a ordenada do vértice) assim, o vértice é V   , f    . Quando a concavidade da
 2a  2a  

parábola é voltada para cima (a>0) o vértice é denominado ponto de mínimo da função
e, quando a concavidade é voltada para baixo (a<0) o vértice é o ponto de máximo da
função. O vértice da parábola também determina o conjunto imagem da função do 2º.
f ( x )  ax  bx  c Im( f )  [ y v ,  )
2
Grau. A imagem de será quando a curva é voltada

para cima (a>0) e será Im( f )  (  , y v ] quando a curva é voltada para baixo (a<0).
Para construirmos o gráfico de uma parábola podemos fazer uma tabela de valores onde
a partir do vértice escolhemos no mínimo mais dois números reais à esquerda (ou
menores) de xv e dois números à direita (maiores) de xv para termos simetria com

relação à reta x = xv .

Outros pontos importantes, e que podem auxiliar na construção do gráfico, são


os cortes nos eixos. Já sabemos que (0,c) será o ponto de corte no eixo y (vertical). Na
função quadrática, o corte no eixo x (horizontal) depende das raízes da função

 b   4 ac
2
b
quadrática, que, por sua vez, depende do valor encontrado em x  .
2a

Assim:
  4 ac  0
2
quando b temos duas raízes reais diferentes, ou seja, 2 (dois) pontos
de corte no eixo x;
  4 ac  0
2
quando b temos duas raízes reais iguais, ou seja,1 (um) ponto de
corte no eixo x;

40
 quando b
2
 4 ac  0 temos duas raízes complexas, ou seja, 0 (nenhum) ponto de
corte no eixo x.

y  2x  5x  3
2
Exemplo 1. Dada a função quadrática definida pela lei apresente o
domínio, a imagem, os zeros da função (se existirem), o vértice (ponto de máximo ou
mínimo da função quadrática) e faça um esboço do seu gráfico.
Resolução: Observe que o domínio da função quadrática sempre será o conjunto dos
números reais, salvo se a lei da função for aplicada a um problema da realidade.
Vamos começar determinando o vértice, sabendo que a  2, b  5 e c  3 .
b (5) 5
xv       1 , 25
2a 2 .2 4

y v  f ( x v )  f (1 , 25 )  2 (1 , 25 )  5 (1 , 25 )  3  3 ,125  6 , 25  3   0 ,125
2

E, encontramos V 1 , 25 ;  0 ,125 .
Como a  2  0 temos que a parábola possui concavidade voltada para cima e isso
indica que o vértice é um ponto de mínimo e ainda que Im( f )  [  0 ,125 ;  ) .

Vamos determinar os zeros da função, novamente observando que


a  2, b  5 e c  3 .

 (5)  (5)  4 .2 .3
2
b   4 ac 5 25  24 5 51
2
b 1
x     
2a 2 .2 4 4 4
51 6 5 1 4
x1    1, 5 x2   1
4 4 4 4

41
Temos agora os cortes nos eixos. No eixo y o corte será em (0,3), já que c = 3, e no
eixo x será nos pontos (1,5;0) e (1,0).
Para construirmos o gráfico vamos agora considerar a seguinte tabela:
X y  f (x)  2 x
2
 5x  3

0 3 (valor de c)
1 0 (zero da função)
x v  1 , 25 y v  f (1 , 25 )   0 ,125

1,5 0 (zero da função)


2 f (2)  2(2)
2
 5 ( 2 )  3  8  10  3  1

Agora, marcando os pontos no plano cartesiano e, unindo esses pontos, obtemos a


parábola.

y  x  3
2
Exemplo 2. Dada a função quadrática definida pela lei apresente o
domínio, a imagem, os zeros da função (se existirem), o vértice (ponto de máximo ou
mínimo da função quadrática) da função e faça um esboço do seu gráfico.
Resolução: Observe que o domínio da função quadrática é o conjunto dos números
reais.
Agora, temos que a   1, b  0 e c   3 . O vértice será V 0 ,  3  , pois:
b 0
xv      0 y v  f ( x v )  f (0 )   0  3  3
2
e .
2a 2 .(  1 )

Como a  1  0 temos que a parábola possui concavidade voltada para baixo e isso
indica que o vértice é um ponto de máximo e ainda que Im( f )  (  ,  3 ] .

42
Vamos determinar os zeros da função com a   1, b  0 e c   3 :

 (0)   4 .(  1 ).(  3 )
2
b   4 ac 0  0  12 0   12
2
b (0 )
x     .
2a 2 .(  1 )  2  2

Observe que não encontramos raízes reais, isto significa que não temos cortes no eixo x.
No eixo y o corte será em (0,-3), já que c = - 3, que é exatamente o vértice da função.
Para construirmos o gráfico vamos agora considerar a seguinte tabela:
X y  f (x)   x
2
 3

-2 f (2)   (2)
2
 3  4  3  7

-1 f (  1)   (  1)
2
 3  1  3  4

xv  0 y v  f (0 )   3

1 f (1 )   (1 )
2
 3  1  3  4

2 f (2)   (2)
2
 3  4  3  7

Agora, marcando os pontos no plano cartesiano e, unindo esses pontos, obtemos a


parábola.

4.2. Função Custo


Assim como no primeiro capítulo, apresentamos agora algumas funções
importantes da economia. A função custo descreve o custo de produção de determinado
bem e varia em função da quantidade produzida desse bem. Usaremos normalmente a
notação C(q) para apresentar o custo de produção de q unidades de certo artigo. Observe
que não tem sentido tratar com valores de q negativos, assim o domínio da função custo

43
estará sempre no intervalo [0,+∞). De modo geral, podemos dizer que a função custo
consiste de uma parte variável (que corresponde ao gasto com a produção, como compra
de matéria prima e mão-de-obra), denominada de custo variável, e de uma parte fixa
(que corresponde aos gastos fixos, como por exemplo a manutenção das instalações) ,
chamada de custo fixo. A função custo é obtida quando somamos o custo variável ao
custo fixo:

C = Cv+Cf

Exemplo 3: Uma empresa fabrica calças e seu custo de produção é dado, em relação a
C (q )   q  20 q  25
2
quantidade produzida, pela equação do custo .
a) Qual o custo para produzir 0(zero) unidades? Qual o significado disso?
b) Qual o custo para produzir 15 unidades de calças?
c) Qual a quantidade que deve ser produzida para que tenhamos custo máximo?
d) Faça um esboço do gráfico da função custo.
Resolução: (a) Para determinar o custo de 0 unidades devemos substituir 0 na variável
C (0 )   0  20 . 0  25  25
2
independente q, assim obtemos que indica que o custo
fixo de produção é $25.
(b) O custo para produzir 15 unidades será determinado por
C (15 )   (15 )  20 . 15  25  100
2
. Assim, o custo para produzir 15 unidades será de
$100.
(c) Para determinarmos a quantidade a ser produzida para obtermos custo máximo,
vamos observar que a lei do custo indica uma parábola com concavidade voltada para
baixo e, portanto o vértice será o ponto de máximo da função. Assim, basta
b 20
determinarmos as coordenadas do vértice: qv      10 e
2a 2 .(  1 )

C v  C ( q v )   (10 )  20 . 10  25  125 q v  10
2
. O valor é a quantidade produzida para

que o custo seja máximo e o valor C v  125 é o custo máximo de produção.


(d) Para construir o gráfico da função observamos inicialmente que a função é
quadrática. Outra observação importante é que o domínio da função, que neste caso
indica uma quantidade, deverá ser o conjunto dos números positivos já que não
podemos produzir uma quantia negativa de calças. Assim como nos exemplos 1 e 2

44
determinamos os cortes nos eixos e o vértice da parábola para nos auxiliar na
construção. Assim, considerando que a   1, b  20 e c  25 temos:
i) Vértice (já determinado no item (c)): q v  10 e C v  C ( q v )  125 .
ii) Raízes (corte no eixo x/quantidade):

 ( 20 )   4 .(  1 ).( 25 )
2
 b   4 ac  20  400  100  20  22 , 36
2
b ( 20 )
q    
2a 2 .(  1 )  2  2
q 1  21 ,18 e q 2   1 ,18 ( não tem sentido no problema )

iii) Corte no eixo y/Custo: O valor de c na equação quadrática é c=25 então o corte no
eixo do custo será no ponto (0,25);
iv) Tabela:
Q C (q )   q
2
 20 q  25

0 25
5 C (5 )   (5 )
2
 20 . 5  25  100

10 125
15 100
21,18 0
Assim, o gráfico fica:

É importante ressaltar que sendo o gráfico uma parábola e considerando que abscissa do
vértice é q v  10 observamos que para quantidades entre 0 e 10 o custo é crescente
(veja que conforme o valor de q aumenta o custo C também aumenta). Quando
chegamos a q=10 temos o custo máximo de produção que é C=125. Para valores de q
maiores do que 10 o custo é decrescente (o valor de q aumenta e o custo diminui).

45
4.3. Função Receita
A função receita descreve o total recebido pela venda de uma quantidade
variável de certo produto (a receita depende da quantidade vendida). Quando o preço
unitário de venda do produto é fixo (po) a função receita será definida pelo produto do
preço fixo (po) pela quantidade comercializada q, ou seja:
R= po.q
Nesse caso temos que a função receita é uma função do primeiro grau crescente
e que passa pela origem. Observe o exemplo 4, abaixo.

Exemplo 4: Considere que uma empresa que fabrica calças vende cada peça ao preço
unitário de R$8,00. Determine a função receita e o seu gráfico.
Resolução: Considerando que o preço é fixo temos que a receita será dada por R=8.q,
ou seja, a função receita será dada por R(q)=8q. Pelo estudado no capítulo anterior
observamos que a função é do primeiro grau e então marcamos dois pontos (0,0) e (1,8)
e traçamos a reta (crescente). Veja o gráfico:

Já quando o preço também varia de acordo com a quantidade vendida ou


demandada, a receita será obtida como produto do preço p (agora variável) pela
quantidade q correspondente.

R= p.q
R= p.q

46
Exemplo 5: Considere que a empresa que fabrica calças determinou que a sua demanda
p
variasse conforme o preço, de acordo com a função D ( p )    20 . Qual será sua
2

receita, em função da quantidade vendida? Faça um esboço do gráfico da receita.


Resolução: Agora estamos considerando a situação de que o preço é variável e que pode
ser obtido da função demanda isolando a variável preço (p). Observe:
p p
D    20    D  20  p  2 .(  D  20 )   2 D  40
2 2
p   2 D  40

Lembre-se que demanda é quantidade, assim podemos considerar que a função preço
fica relacionada com a quantidade da seguinte maneira:
p   2 q  40

Como a receita é obtida pelo produto do preço pela quantidade temos que:
R  p . q  (  2 q  40 ) q   2 q  40 q
2

R  2q  40 q
2

O gráfico da receita será uma parábola com concavidade voltada para baixo. Veja:

4.4. Função Lucro


A função lucro é obtida quando da receita (valor recebido pela venda) é
subtraído o custo, ou seja, a função lucro é definida pela diferença entres as funções
receita e custo, isto é:

L(q) = R(q) – C(q)

47
C (q )   q  20 q  25
2
Exemplo 6: Considerando a função custo, , e receita

R (q )  2q  40 q
2
, apresentadas nos exemplos anteriores, obtenha a função lucro.
Construa o gráfico da função lucro obtida.
Resolução: De acordo com a definição temos que L(q) = R(q) - C(q) então, neste caso
obtemos:
L (q )  2q  40 q  (  q  20 q  25 )   2 q  40 q  q  20 q  25   q  20 q  25
2 2 2 2 2

L (q )   q  20 q  25
2

Observe que a função lucro é quadrática e, portanto, seu gráfico será uma parábola.
Observe:

A função lucro do exemplo foi obtida a partir de uma função receita que varia conforme
a quantidade demandada e lembre-se que a função demanda varia em função do preço.
Assim quando o preço aumenta a demanda baixa e, consequentemente o lucro também.
No gráfico observamos que o lucro é crescente até q=10, onde temos o vértice (ponto de
máximo da função) a partir de q=10 o lucro decresce.

4.5. Ponto de nivelamento (break-even point)


Sejam C(q), a função custo associada à produção de um determinado produto, e
R(q), a função receita relativa à venda do mesmo produto. A quantidade qe para a qual
a receita e o lucro são iguais, isto é, R(q) = C(q), é denominada quantidade de
nivelamento e o ponto (qe,R(qe)) = (qe,C(qe)) é denominado ponto de nivelamento ou

48
break-even point. Observe que o break-even point é o ponto de intersecção das funções
receita e custo.

C (q )   q  20 q  25
2
Exemplo 7: Considerando a função custo, , e receita

R (q )  2q  40 q
2
, apresentadas anteriormente, obtenha o break-even point. Apresente
o gráfico das duas funções no mesmo sistema de eixos.
Resolução: Para determinarmos o break-even point fazemos:
R (q )  C (q )

 2q  40 q   q  20 q  25
2 2

 2q  40 q  q  20 q  25  0
2 2

 q  20 q  25  0
2

Obtemos agora uma equação do 2º. grau que pode ser resolvida pela fórmula de
“Báskara”, com a   1, b  20 e c   25 Observe:

 ( 20 )   4 .(  1 ).(  25 )
2
 b   4 ac  20  400  100  20 
2
b ( 20 ) 300
q    
2a 2 .(  1 )  2  2
 20  17 , 32  20  17 , 32
q1   1 , 34 q2   18 , 66
 2  2
Nesse exemplo obtemos dois valores para qe, quantidade de nivelamento e, portanto
teremos dois pontos de nivelamento. Observe que os valores encontrados são as
abscissas dos pontos. Para determinarmos as ordenadas devemos substituir os valores
encontrados na função receita ou na função custo. Assim, usando a função receita,
temos:
R ( q 1 )   2 (1 , 34 )  40 .( 1 , 34 )   3 , 5912  53 , 6  50 , 0088
2

R ( q 2 )   2 (18 , 66 )  40 .( 18 , 66 )   696 , 3912  746 , 4  50 , 0088


2

P1 (1 , 34 ; 50 , 0088 ) e P 2 (18 , 66 ; 50 , 0088 )

Observe os break-even points no gráfico das duas funções feitas no mesmo sistema de
eixos:

49
Considerando a função lucro (do exemplo 6) obtida a partir das funções custo e
receita do exemplo acima veja o que ocorre quando construímos o gráfico das três
funções no mesmo sistema de eixos:

Com os três gráficos no mesmo sistema de eixos é possível observar que as


abscissas dos pontos de intersecção das funções custo e receita (quantidade de
nivelamento q1 e q2) determinam um intervalo onde a função lucro está toda acima do
eixo horizontal, isto significa que o lucro é positivo.

50
Exemplo 8: Considere que em tempo de estiagem a produção de certo produto agrícola
depende da quantidade de adubo empregado. Pode-se considerar a seguinte expressão
P  9  8q  q
2
matemática para esta função ou dependência , onde q denota a
quantidade de adubo empregado em sacas e P a quantidade do produto colhido também
em sacas. Pede-se:
a) Esboce o gráfico cartesiano desta função.
b) Existe valor de q para que a produção seja máxima? E nula?
Resolução: Inicialmente vamos encontrar alguns pontos importantes para construir o
gráfico da parábola, onde a   1, b  8 e c  9 :
8
qv    4 Pv  P ( q v )  9  8 . 4  4  9  32  16  9  16  25
2
i) Vértice: e .
2 .(  1 )

Temos então V ( 4 , 25 ) .
ii) Raízes (corte no eixo x/quantidade de adubo):

 (8 )   4 .(  1 ).( 9 )
2
 b   4 ac 8 64  36 8  8  10
2
b (8 ) 100
q     
2a 2 .(  1 )  2  2  2
 18 2
q1   9 e q2    1 ( não tem sentido no problema )
 2  2

iii) Corte no eixo y/Produção (quantidade produzida): O valor de c na equação


quadrática é c=9 então o corte no eixo do custo será no ponto (0,9);
iv) Tabela:
q P (q )  9  8q  q
2

0 9
2 P ( 2 )  9  8 .2  2
2
 9  16  4  21

4 25
6 P ( 6 )  9  8 .6  6
2
 9  48  36  21

9 0
Assim, o gráfico fica:

51
(b) O valor de q para que a produção seja máxima é q = 4 (que é a abscissa do vértice).
Para que tenhamos produção nula a quantidade deve ser q = 9 (que é a raiz positiva).

Exemplo 9: Márcia e Artur investiram em ações de diferentes empresas. Ambos


compraram as ações por um preço unitário de R$2,00. As ações adquiridas por Márcia
subiram segundo a função A 1  0 , 25 x  2 . Já as ações adquiridas por Artur variaram

A 2  0 , 25 x  x  2
2
segundo a função . Nas duas funções x indica o tempo, em meses,
transcorrido a partir da data da compra das ações.
a) Determine os valores das ações de Márcia e Artur, mês a mês, em um período de
seis meses, a contar da data inicial x=0. Construa uma tabela indicando o tempo
e os valores encontrados;
b) Construa o gráfico das duas funções no mesmo sistema de eixos;
c) Qual foi a melhor aplicação, considerando os primeiros seis meses?
Resolução: (a) Vamos construir uma tabela com três colunas, x (tempo), A1 e A2.
x (tempo) A 1  0 , 25 x  2 (Márcia) A 2  0 , 25 x
2
 x  2 (Artur)

0 0 , 25  0  2  2 0 , 25  0
2
 0  2  2

1 0 , 25  1  2  2 , 25 0 , 25  1
2
 1  2  1 , 25

2 0 , 25  2  2  2 , 50 0 , 25  2
2
 2  2 1

3 0 , 25  3  2  2 , 75 0 , 25  3
2
 3  2  1 , 25

52
4 0 , 25  4  2  3 0 , 25  4
2
 4  2  2

5 0 , 25  5  2  3 , 25 0 , 25  5
2
 5  2  3 , 25

6 0 , 25  6  2  3 , 50 0 , 25  6
2
 6  2  5

(b) Levando em consideração os valores encontrados na tabela temos o seguinte gráfico:

(c) Observando a tabela e o gráfico podemos concluir que nos meses 1,2,3, e 4 da
aplicação as ações de Márcia foram mais rentáveis. No quinto mês o resultado foi o
mesmo para as duas e, a partir do sexto mês a aplicação de Artur possui melhor
desempenho.

R ( q )   0 ,5 q  4 ,5 q
2
Exemplo 10: Considere as funções C ( q )  0 , 4 q  1, 5 e receita e
apresente o que se pede em cada item.
a) A receita máxima;
b) O custo fixo;
c) Os pontos de intersecção entre a função custo e receita;
d) Apresente a lei da função Lucro;
e) O intervalo onde o lucro é positivo.
Resolução: Vamos ver item por item:
(a) Para determinar a receita máxima calculamos o vértice da função
R ( q )   0 ,5 q  4 ,5 q
2
, onde a   0 , 5 ,b  4 , 5 e c  0 . Então:
4 ,5
qv    4 ,5  R ( q v )   0 ,5 ( 4 ,5 )  4 , 5  4 , 5   10 ,125  20 , 25  10 ,125
2

2 (  0 ,5 )

E a receita máxima é R=10,125.

53
(b) O custo fixo é de Cf = 1,5.
(c) Para determinarmos os pontos de intersecção fazemos R (q )  C (q ) assim:
R (q )  C (q )

 0 ,5 q  4 , 5 q  0 , 4 q  1, 5
2

 0 ,5 q  4 , 5 q  0 , 4 q  1, 5  0
2

 0 ,5 q  4 ,1 q  1 , 5  0
2

Calculamos então as raízes da equação que serão:


q 1  0 , 38 e q 2  7 , 82

Substituindo esses valores na receito ou no custo, obtemos:


C ( 0 , 38 )  0 , 4  0 , 38  1, 5  1, 652

C ( 7 , 82 )  0 , 4  7 , 82  1, 5  4 , 628

Assim os pontos de intersecção entre as duas funções são: B1(0,38;1,652) e


B2(7,82;4,628).
(d) A função lucro é definida por L (q )  R (q )  C (q ) , sendo assim obtemos:
L (q )  R (q )  C (q )

L ( q )   0 ,5 q  4 , 5 q  ( 0 , 4 q  1, 5 )
2

L ( q )   0 ,5 q  4 ,1 q  1 , 5
2

(e) Para descrever o intervalo onde o lucro é positivo basta vermos quais são as
abscissas dos pontos de intersecção entre o custo e a receita, ou seja,
q 1  0 , 38 e q 2  7 , 82 . Assim temos que o lucro é positivo entre q = 0,38 e q = 7,82.

54
4.6. Teste seus conhecimentos
y  2 x  7 x  3
2
1. Dada a função quadrática definida pela lei apresente o domínio, a
imagem, os zeros da função (se existirem), o vértice (ponto de máximo ou mínimo da
função quadrática) da função e faça um esboço do seu gráfico.

2. Uma empresa constatou que existe uma relação entre a sua produção e o número de
P ( x )  36 x  2 x
2
funcionários expressa pela fórmula matemática onde P representa a
produção e x o número de funcionários. Pede-se:
a) Elabore uma tabela para obter a produção P a partir do número de
funcionários x. (Obtenha pelo menos até 18 contratações).
b) A produção é crescente ou decrescente?
c) Com que número de funcionários a produção da empresa será maior?
d) Esboce o gráfico cartesiano desta função com base na tabela feita no item
(a).

2
p p
C (q )  2q  48 q   20 q    36
2
3. Sejam ; ; , respectivamente, as funções
10 2

Custo, Oferta e Demanda para certo produto.


a) Determine o ponto de equilíbrio entre oferta e demanda e faça os gráficos dessas
funções, assinalando cortes nos eixos.
b) Determine a função receita e faça os gráficos da função receita e custo sobrepostos,
indicando o(s) break-even poit(s).

4. Sabe-se que o custo C, em reais, para produzir x unidades de um produto é dado pela
C (q )  q  90 q  4500
2
função . Qual deve ser a quantidade de unidades produzidas
para que o custo seja mínimo?

5. Construa o gráfico das funções custo, receita e lucro, apresentadas no exemplo 10


deste capítulo, em um mesmo sistema cartesiano.

55
CAPÍTULO – V

Funções Polinomiais, Potência, Exponencial e


Logarítmica
Introdução
Nos capítulos anteriores estudamos as funções polinomiais de primeiro e segundo graus
e suas aplicações na área econômica e administrativa. Nesse capítulo vamos apresentar
mais algumas funções matemáticas apresentando seus gráficos e discutindo seu domínio
para, no capítulo seguinte, apresentar as aplicações dessas funções na economia e
administração.

5.1. Funções Polinomiais


Uma função f é denominada função polinomial se
n n 1 n2 2
f (x)  an x  a n 1 x  an2 x  ...  a 2 x  a1 x  a o

onde n é um número inteiro não negativo e os números reais a 0 , a 1 , a 2 ,... a n são


constantes, chamadas de coeficientes. O grau de um polinômio é o maior expoente da
6 5 3 2
variável x cujo coeficiente não é zero. Assim temos f (x)  3x  x  x  7
4

como exemplo de função polinomial de grau. O domínio de uma função polinomial é


sempre o conjunto de todos os reais.
As funções de primeiro grau que estudamos no capítulo 3 e a função quadrática
que vimos no capítulo 4 são exemplos de funções polinomiais de grau 1 e 2.
A seguir apresentamos alguns gráficos de funções polinomiais. A construção
desses gráficos será trabalhada de forma mais clara no capítulo 7, fazendo uso da
ferramenta matemática denominada derivada da função. Você também pode construir os
gráficos das funções apresentadas nesse livro com o auxílio de softwares disponíveis na
internet. Dentre eles destaco o GeoGebra1, software livre de fácil uso e que foi usado na
construção de todos os gráficos desse livro.

1
O software pode ser encontrado e baixado de forma gratuita na internet no site http://www.geogebra.org

56
Exemplo 1: Gráficos de funções polinomiais.

4 2
f (x)  x
3
 2x
2
 x5 f (x)   x  3x  x  20

5 3
f (x)  5x  4x  x f (x)  3x
4
 4x
2
 x

5.2. Funções Potência


n
Uma função da forma f ( x )  kx , onde k e n são constantes, é denominada
função potência. Com relação ao expoente n podemos considerar três situações
diferentes.
Primeira Situação: O expoente n é um número inteiro positivo.
n
Quando o expoente da função f ( x )  kx é um número inteiro positivo, temos
uma função polinomial. Nesse caso o domínio é, novamente, o conjunto dos números
reais.

57
Exemplo 2: Observe os gráficos de funções potência para o caso de expoente inteiro,
positivo, par e ímpar.

n par n ímpar

Segunda Situação: O expoente n é um número fracionário, não inteiro, e positivo.


p
Nessa situação vamos considerar que n  com p  0 e q  0 , vamos também
q

lembrar que uma potência fracionária pode ser representada por meio de raízes, sendo
p 1 1
q q p 5
que x  x . Assim, por exemplo, temos x 5  x ou x2  x . No caso de termos
um expoente fracionário, para considerar o domínio da função, vamos avaliar que
1
5
quando tratamos de uma raiz com índice ímpar como em x5  x , o valor de x pode
assumir qualquer valor real, mas quando temos uma raiz de índice par como em
1

x2  x o domínio deve considerar que só é real a raiz de números não negativos.

Exemplo 3: Considere as funções f (x)  x , g (x)  x  3 e h(x)  x  3 .


Determine o domínio das funções, e construa o gráfico de cada uma, usando o auxílio
de uma tabela de valores.

58
f (x)  x

Domínio: [0,+∞)
x f (x)  x

0 0
1 1
4 2
9 3
16 4

g (x)  x  3

Domínio:[-3,+∞)
x g (x)  x  3

-3 0
-2 1
0 3

1 2
6 3

h(x)  x  3

Domínio: [3,+∞)
x h(x)  x  3

3 0
4 1
7 2
12 3
19 4

Considerando o gráfico inicial f (x)  x , observamos que os gráficos


seguintes possuem o mesmo comportamento, porém ao somarmos ou subtrairmos um
número no radical (argumento da função) deslocamos o gráfico para a direita ou
esquerda (no eixo horizontal) uma quantidade equivalente ao número somado ou
subtraído, mas atenção, quando somamos uma quantidade deslocamos o gráfico para a
esquerda e, quando subtraímos um valor, deslocamos o gráfico para a direita.
Chamamos esta situação de translação horizontal.
Observe o que ocorre nos gráficos abaixo, considerando como base a função
3
f (x)  x .

59
3 3 3
Exemplo 4: Considere as funções f (x)  x , g (x)  x 2 e h(x)  x2 .
Determine o domínio das funções, e construa o gráfico de cada uma, usando o auxílio
de uma tabela de valores.
3
f (x)  x

Domínio:(-∞,+∞)
x f (x) 
3
x

-8 -2
-1 -1
0 0
1 1
8 3

3
g (x)  x 2

Domínio:(-∞,+∞)
x g (x) 
3
x  2

-10 -2
-3 -1
-2 0
-1 1
6 2

3
h(x)  x2

Domínio:(-∞,+∞)
x h(x) 
3
x  2

-6 -2
1 -1
2 0
3 1
10 2

Terceira Situação: O expoente n é um número inteiro negativo.


n
Quando n é um número inteiro negativo temos que a expressão f ( x )  kx

k
passa a ser escrita da seguinte forma f (x)  com m = - n e, portanto positivo. O
m
x

domínio dessa função é o conjunto dos números reais não nulos, pois o denominador
não pode ser zero.

60
Exemplo 5: Vamos agora considerar duas situações especiais para a expressão
n
f (x)  x com n = -1 e n = - 2 e ver o comportamento do gráfico.

1 1 2 1
f (x)  x  g (x)  x  2
x x

Domínio: ℝ-{0} Domínio: ℝ-{0}

1 1
Nos gráficos das funções f (x)  e g (x)  2
o eixo y é chamado de assíntota
x x

vertical da função observe que, conforme o valor de x vai se aproximando de zero, o valor
de y vai aumentando ou diminuindo mas, como x não pode ser zero, o gráfico da função não
corta o eixo y. Já o eixo x é denominado de assíntota horizontal, conforme o valor de x vai
aumentando, ou diminuindo o gráfico se aproxima do eixo x, sem nunca tocar o eixo pois o
valor de y nunca será zero. As assíntotas podem ser deslocadas dos eixos, conforme a
função. Observe o exemplo abaixo, onde as assíntotas verticais são deslocadas para a
esquerda ou para a direita.

Exemplo 6: Com base nos exemplos anteriores, determine o domínio das funções
1 1
f (x)  e g (x)  e construa o gráfico de cada uma.
x  3 x  3

1
f (x)  , observe que o domínio é D(f) = ℝ-{-3}. A reta x= - 3 é a assíntota
x  3

vertical.

61
1
g (x)  , observe que o domínio é D(f) = ℝ-{3}. A reta x= 3 é a assíntota vertical.
x  3

5.3. Função Exponencial


Sejam a e b constantes reais, uma função exponencial em x é uma função que
pode ser escrita na forma f (x)  a  b
x
com a  0, b  0 e b  1. A constante a é obtida
quando x=0 e a constante b é denominada base do exponencial. O domínio da função
exponencial é o conjunto dos números reais. O gráfico de uma função exponencial
possui dois modelos básicos de comportamento, conforme a base do exponencial.
Considerando que a=1, temos:

62
f (x)  b 0  b 1
x
com
f (x)  b b 1
x
com
Função decrescente
Função crescente
x
 1
Curiosidade: O número e de Euler é definido por e  lim  1   e é a inicial
x  
 x

de último nome de Leonhard Euler (1707-1783), que foi quem introduziu a notação.
Não podemos calcular diretamente o número irracional e, mas podemos, utilizando a
definição, obter aproximações para e. Observe a tabela:
x 1 10 100 1000 10000 100000
x 2 2,5937... 2,7048... 2,716923... 2,718146... 2,7182682...
 1
1  
 x

x
1
f ( x )  2 .5 h(x)  e
x x
Exemplo 7: Esboce o gráfico das funções , g (x)    e ,
4

apresentando o domínio e a imagem, classifique as funções em crescente ou


decrescente.
f ( x )  2 .5 h(x)  e
x x x
, b = 5 > 1, 1 1 , b = e > 1,
g (x)    , b = < 1,
4 4 função decrescente.
função crescente. D(f)=ℝ e
função decrescente.
Im(f)=(0,+∞). D(f)=ℝ e Im(f)=(0,+∞).
D(f)=ℝ e Im(f)=(0,+∞).

63
Observe que nos gráficos do exemplo 7 temos que o eixo x é uma assíntota
horizontal.

Exemplo 8: Determine uma lei, da forma f (x)  a  b


x
, para a função exponencial cujo
gráfico é demonstrado na figura abaixo.

Resolução: Observe inicialmente que, o corte no eixo y ocorre em y=3, isso indica que
f (x)  3  b
x
a=3. Assim, queremos determinar a lei da função f de tal forma que e que

y  3 .b  6  3 .b  b  2  b   2  b 
x x x
quando x=2 temos y=6. Então: 2 .
Vale observar que o valor de b (base da exponencial) deve ser positivo de acordo, com a
definição da função exponencial. Concluímos então que a função procurada é
f (x)  3  (
x
2) .

5.4. Função Logarítmica


Seja b uma constante real positiva e diferente de 1 (b > 0 e b ≠ 1) e x um número
 x
y
real positivo (x>0). Chama-se logaritmo na base b de x o número y tal que b

escreve-se log b
x  y .

x  y  b  x
y
log b

 b é a base do logaritmo;
 x é o logaritmando;
 y é o logaritmo (ou expoente);
 para que exista o logaritmo, devemos considerar sempre que: b > 0, b ≠ 1 e x>0.

64
Consequências da definição e propriedades dos logaritmos:
1 0  b 1
0
a) log b

b 1 b  b
1
b) log b

c) Propriedade do Produto: log b


( xy )  log b
x  log b
y

 x 
d) Propriedade do Quociente: log    log x  log y
b   b b
 y 

 m log
m
e) Propriedade da Potência: log b
(x) b
x (esta propriedade será muito utilizada
nos problemas que envolvem a aplicação da função exponencial, pois nos permite isolar
uma variável que está no expoente).
Observações importantes:
1) Quando a base b = 10, costumamos escrever apenas log x ;
2) Quando a base b = e (número de Euler) escrevemos ln x ;
3) Para usar a calculadora em que temos base 10 ( log x ) ou base e ( ln x ) devemos

 log x
considerar a mudança de base para logaritmos  log x 
a
 , fazemos uso de uma
 b 
 log a
b 

log x ln x
das duas igualdades log b
x  ou log b
x  .
log b ln b

Função Logarítmica: Seja b um número real positivo e diferente de 1 (b > 0, b ≠ 1). A


função definida por f : ( 0 ,  )  R tal que f ( x )  log b
x é denominada função
logarítmica de base b, cujo gráfico pode ser crescente ou decrescente, conforme o valor
de b.
Crescente: b > 1 Decrescente: 0 < b < 1
f : ( 0 ,  )  R f : ( 0 ,  )  R

f ( x )  log b
x f ( x )  log b
x

65
Exemplo 9: Determine o domínio das funções f ( x )  ln( x ) e g ( x )  ln( x  2 ) e
construa o gráfico de cada uma.
Resolução: Observe que na função f ( x )  ln( x ) temos que a base é o número de Euler
(e) cujo valor é maior do que 1, sendo assim, o gráfico da função possui comportamento
crescente. Já na função g ( x )  ln( x  2 ) vale a mesma consideração, porém quando
somamos 2 ao argumento da função temos um deslocamento de duas unidades para a
esquerda, modificando o gráfico e, nesse caso também o domínio da função.
f ( x )  ln( x ) , base e >1, crescente. g ( x )  ln( x  2 ) , base e >1, crescente.

D(f) = (0,+∞) Im(f) = ℝ D(f) = (-2,+∞) Im(f) = ℝ

Observe que no gráfico de f ( x )  ln( x ) temos o eixo y como uma assíntota


vertical e, no gráfico de g ( x )  ln( x  2 ) a assíntota vertical é a reta y = - 2.

66
Exemplo 10: Determine o domínio das funções f ( x )  log 2
( x  8) e

g ( x )  log 1
( x  2) e construa o gráfico de cada uma.
2

Resolução: Observe que na função f ( x )  log 2


( x  8) temos que a base é b=2 que é
maior do que 1, sendo assim, o gráfico da função possui comportamento crescente,
observe ainda que o domínio da f será o conjunto D(f) = (8,+∞), indicando também um
deslocamento de oito unidades para a direita. Já na função g ( x )  log 1
( x  2) temos
2

1
que a base é que é um número positivo e menor do que 1, o que indica um gráfico
2

decrescente. Vale ainda observar que quando somamos 2 ao argumento da função temos
um deslocamento de duas unidades para a esquerda, modificando o gráfico e, nesse caso
também o domínio da função que será (-2,+∞).
f ( x )  log ( x  8) , base 2 >1, crescente. 1
2
g ( x )  log 1
( x  2) , base  1,
2
D(f) = (8,+∞) Im(f) = ℝ
2

decrescente. D(f) = (-2,+∞) Im(f) = ℝ

67
5.5. Teste seus conhecimentos
1
1. Construa o gráfico das funções abaixo, considerando como base a função f (x)  .
x

Observando, em cada caso, os deslocamentos verticais, o domínio e a imagem.


1 1
a) f (x)  b) f (x) 
x  5 5 x

2. Construa o gráfico das funções abaixo, considerando como base a função f (x)  x .
Observando, em cada caso, os deslocamentos verticais, o domínio e a imagem.

a) f (x)  x 4 b) f (x)  x 4

3. Construa o gráfico das funções abaixo, considerando como base a função


f ( x )  log 3
x . Observando, em cada caso, os deslocamentos verticais, o domínio e a
imagem.
a ) f ( x )  log 3
( x  1) b ) f ( x )  log 3
(x  4)

4. Observe o que ocorre com o gráfico da função f (x)  e


x
quando somamos 3
unidades, ou seja, quando fazemos f (x)  3  e
x
e quando subtraímos três unidades, isto
é, fazemos f (x)  3  e
x
. Com base na sua observação construa os gráficos de
f (x)  5  e
x
e de f (x)  5  e
x
. Indique o domínio e a imagem de cada função.
f (x)  e
x

f (x)  3  e
x

68
f (x)  3  e
x

5. Com o auxílio de uma calculadora científica calcule o valor de x em cada caso. Use
no mínimo 4 casas decimais para arredondamento.
x  e i) x  log
3 1
a) 1
(3)
e) x  (1 , 47 ) 2 2

x  0 ,5 
4
b)
x  (  1 , 35 ) x  log
5
f) j) 2
( 235 )

 2
1
c) x 
g) x  log 3
( 0 , 75 ) k) x  ln( 5)

x  ( 0 , 65 )
3
d) h) x  log( 13 ) l) x  log( 5)

69
CAPÍTULO – VI
Aplicações das Funções
na Economia e Administração

Introdução
Nos capítulos anteriores estudamos as funções matemáticas e muitas de suas aplicações
na economia e administração. Nesse capítulo temos por objetivo apresentar algumas
aplicações que ainda não foram discutidas, apresentando em cada um dos exemplos um
modelo diferente função.

6.1. Consumo e poupança


O consumo (C) e a poupança (S) são funções que dependem da renda y de uma
pessoa ou de uma população. As funções que modelam situações de consumo e
poupança, geralmente, são funções crescentes, pois, parte-se do pressuposto de que
aumentando a renda aumentamos o consumo e também a poupança. Podemos dizer que
a renda y será a soma do que é consumido com o que é poupado, ou seja,
y  C ( y)  S ( y) .

Exemplo 1: Um vendedor de uma loja de eletrodomésticos recebe um salário variável,


que depende das vendas que são feitas no mês. Suponhamos que seu consumo esteja
relacionado com a renda de acordo com a função C ( y )  0 , 6 y  120 . Apresente o que se
pede em cada item.
a) Qual o consumo quando a renda é nula? Qual seu significado?
b) Apresente a poupança em função da renda y.
c) Qual será o consumo e a poupança quando a renda for de R$1.400,00?
Resolução: Para responder ao item (a) vamos considerar que y=0 e substituir na função
consumo. Então C ( 0 )  0 , 6 . 0  120  120 assim, quando a renda é nula o consumo é de
R$120,00. Isso significa que independente da renda o vendedor tem um consumo fixo
de R$120,00. Para apresentar a poupança em função da renda (item (b)) vamos observar
que y  C ( y)  S ( y) , ou seja, S ( y)  y  C ( y) . Sendo assim, temos que:

70
S ( y)  y  C ( y)

S ( y )  y  ( 0 , 6 y  120 )

S ( y )  y  0 , 6 y  120

S ( y )  0 , 4 y  120

A poupança em função da renda é definida pela lei S ( y )  0 , 4 y  120 .


Para determinarmos o consumo e a poupança para uma renda de R$ 1.400,00 (item c)
substituímos y por 1400 nas duas equações, assim:
Consumo: Poupança:
C ( y )  0 , 6 y  120 S ( y )  0 , 4 y  120

C (1400 )  0 , 6 . 1400  120 S (1400 )  0 , 4 . 1400  120

C (1400 )  840  120 S (1400 )  560  120

C (1400 )  960 S (1400 )  440

Observe que devemos ter y  C ( y )  S ( y )  960  440  1400 .

Exemplo 2: Um corretor de imóveis possui uma renda variável que depende do valor da
venda x do imóvel. Supondo que a renda do corretor seja modelada pela função
y  0 , 02 x e que a poupança seja determinada por S ( y )  0 , 35 y  25 , apresente a
função poupança e a função consumo, em função do valor de venda x do imóvel.
Apresente também a renda, o consumo e a poupança do corretor quando vender um
terreno no valor de R$150.000,00.
Resolução: Nesse exemplo devemos reescrever a função poupança em função de uma
nova variável, o valor de venda do imóvel que é denotado por x. Assim, vamos começar
pela função poupança, que já foi apresentada no problema, observe:
y  0 , 02 x e S ( y )  0 , 35 y  25
S ( x )  0 , 35 . 0 , 02 x  25

S ( x )  0 , 007 x  25

Agora, para determinarmos a função consumo, vamos considerar que y  C ( y)  S ( y) ,

e então temos:
C ( y)  y  S ( y)

C ( y )  y  ( 0 , 35 y  25 )

C ( y )  y  0 , 35 y  25

C ( y )  0 , 65 y  25

Como no problema é solicitado que seja apresentado o consumo em função de x


fazemos ainda a troca de variável:

71
C ( y )  0 , 65 y  25
C ( x )  0 , 65 ( 0 , 02 x )  25

C ( x )  0 , 013 x  25

Agora temos as funções renda, consumo e poupança em função de x. Assim se o


corretor vender um terreno de R$150.000,00 teremos:
Renda: Consumo: Poupança:
y  0 , 02 x C ( x )  0 , 013 x  25 S ( x )  0 , 007 x  25

y  0 , 02 . 150000 C (150000 )  0 , 013 . 150000  25 S (150000 )  0 , 007 . 150000  25

y  3000 C (150000 )  1950  25 S (150000 )  1050  25

C (150000 )  1975 S (150000 )  1025

Vale observar que o último item do problema também poderia ter sido resolvido na
variável y, ou seja, usando nas funções consumo e poupança o valor de y, assim:
Renda: Consumo: Poupança:
y  0 , 02 x C ( y )  0 , 65 y  25 S ( y )  0 , 35 y  25

y  0 , 02 . 150000 C ( 3000 )  0 , 65 . 3000  25 S ( 3000 )  0 , 35 . 3000  25

y  3000 C ( 3000 )  1950  25 S ( 3000 )  1050  25

C ( 3000 )  1975 S ( 3000 )  1025

6.2. Restrição Orçamentária


Considere que uma pessoa ou empresa tenha um valor determinado, um
orçamento, para adquirir dois produtos diferentes, a quantidade destes produtos que
poderá ser comprada depende do preço de cada item, ou seja,
Valor Gasto com o item 1+Valor gasto com o item 2 = Orçamento.

Exemplo 3: Um jardineiro dispõe de R$300,00 para comprar flores e terra para fazer a
manutenção de um jardim. Cada muda de flor que o jardineiro pretende comprar custa
R$28,00 e cada saco de 10kg de terra custa R$8,00. Apresente o que se pede em cada
item:
a) A restrição orçamentária do jardineiro.
b) Construa o gráfico da restrição orçamentária.
c) Qual a quantidade de sacos de terra que poderão adquiridos se o jardineiro
comprar sete mudas de flor?

72
d) Qual a quantidade de mudas que poderão ser compradas se o jardineiro comprar
seis sacos de terra?
Resolução: Vamos inicialmente indicar a quantidade de cada um dos itens (muda de
flor e terra) com uma variável diferente, por exemplo, x = quantidade de mudas de flor e
y = sacos de terra. Assim, a restrição orçamentária do jardineiro será definida por:
28 x  8 y  300 .
Para construir o gráfico da restrição orçamentária vamos inicialmente isolar uma das
variáveis. Como geralmente, escrevemos y em função de x, vamos ter então:
 28 x  300
28 x  8 y  300  8 y   28 x  300  y    3 , 5 x  37 , 5
8
y   3 , 5 x  37 , 5

Observe que a quantidade de sacos de terra está em função da quantidade de mudas, de


acordo com uma função do primeiro grau, cujo gráfico é uma reta. Assim, temos:

Para respondermos ao item (c) vamos considerar a igualdade y   3 , 5 x  37 , 5 e


substituir x por 7. Assim, temos: y   3 , 5 . 7  37 , 5   24 , 5  37 , 5  13 .

No item (d) devemos determinar a quantidade de mudas que poderão ser compradas se
o jardineiro comprar seis sacos de terra, sendo assim, fazemos:
y   3 , 5 x  37 , 5 e y  6

6   3 , 5 x  37 , 5
6  37 , 5   3 , 5 x

 31 , 5   3 , 5 x

 31 , 5
 x
 3 ,5
9  x

73
Isso nos permite concluir que se o jardineiro comprar 6 sacos de terra só poderá
comprar 9 mudas de flor.

6.3. Produção e Insumos


A função produção dá a quantidade produzida na unidade de tempo como
função de um conjunto de fatores (gasto com matéria–prima, energia elétrica, mão-de-
obra) chamados insumos de produção. Supondo que q é quantidade de insumos
utilizados na fabricação de determinado produto podemos escrever a função produção
(quantidade produzida de determinado produto em função dos insumos) como P(q).

Exemplo 4: Para produzir um determinado produto observou-se que a quantidade


produzida P está relacionada com a quantidade de insumos q utilizados na produção
pela lei P ( q )  10 q .
a) Faça o gráfico da função produção.
b) A função produção é crescente ou decrescente?
c) O que acontece com a produção se a quantidade de insumos for quadruplicada?
Resolução: Para construir o gráfico da função produção vamos levar em consideração
que a função é uma função raiz quadrada cujo modelo de gráfico apresentamos no
capítulo 5. Vamos também construir uma tabela, apresentando alguns valores para q e
P(q), respectivamente, para facilitar nossa compreensão. Observe:
Tabela Gráfico:
q P ( q )  10 q

0 P ( 0 )  10 0  0

1 P (1 )  10 1  10

4 P ( 4 )  10 4  10 . 2  20

9 P ( 9 )  10 9  10 . 3  30

16 P (16 )  10 16  10 . 4  40

Observe que a construção do gráfico e da tabela também nos permite ver que a função
dada é uma função crescente.
Para responder a questão proposta no item (c) vamos considerar que se a quantidade de
insumos for quadruplicada teremos 4q ao invés de q o que nos dá

74
P ( q )  10 q

P ( q )  10 4q

P ( q )  10 4 q

P ( q )  10 . 2 . q

P ( q )  20 q

Assim, concluímos que, se a quantidade de insumos for quadruplicada, a produção será


duplicada.

Exemplo 5: Dois economistas, Cobb e Douglas, pesquisando a produção P como


função dos fatores trabalho (t) e capital (c) concluíram que existe entre eles uma relação
P  ac
m n
do tipo t , onde a, m e n são constantes positivas, com m+n aproximadamente
igual a 1. Considere então que para obter uma produção fixa de 350 unidades de certo
1 1

produto a relação entre trabalho e capital seja dada por 350  70 t c2 2


. Escreva t em
função de c e construa o gráfico da função trabalho em função do capital.
1 1

Resolução: Vamos considerar a equação dada 350  70 t c 2 2


e, para escrevermos o
trabalho em função do capital devemos isolar a variável t na equação. Temos então:
1 1

350  70 t 2 c 2

1 1 1 1
350
 t 2c 2
 t 2c 2
 5
70
2
2
 
 
1 1
5  5 
t 2
  t 2  
1    1 
   2 
c 2
c 
25
t 
c

25
Assim, o trabalho em função do capital será dado por t  . A função é uma função
c

cujo gráfico também foi apresentado no capítulo 5, mais precisamente nos exemplos 5 e
6. Vale lembrar que nesse exemplo as constantes t e c são positivas e, por esse motivo o
gráfico apresentado estará somente no primeiro quadrante. Também nesse caso faremos
uma tabela para facilitar a compreensão.

75
Tabela Gráfico:
C 25
t 
c

0,25 25
t   100
0 , 25

1 25
t   25
1

2,5 25
t   10
2 ,5

5 25
t   5
5

7,5 25
t   3 , 33
7 ,5

10 25
t   2 ,5
10

6.4. Custo médio e receita média


Considerando as funções custo e receita, estudadas nos capítulos anteriores,
podemos definir as funções custo médio e receita média. A função custo médio
apresenta o preço médio de custo ou preço por unidade e é obtida dividindo a função
custo pela quantidade produzida q. Da mesma forma definimos a função receita média.
Veja a tabela resumo:
Função Custo: C (q ) C (q )
Custo médio ou unitário: C me ( q ) 
q

Função Receita: R (q ) R (q )
Receita média ou unitária: R me ( q ) 
q

Exemplo 6: O preço unitário do custo de produção de certo produto é R$8,00 e o custo


fixo de produção é de R$60,00. O preço para este produto é dado pela relação
q
p  20  , onde q é a quantidade demandada. Apresente as funções custo, custo
10

médio, receita e receita média.


Resolução: Vamos inicialmente encontrar a função custo. Lembre-se que a função
custo é definida por uma parte variável C v (q ) , que será determinada pelo produto de q

76
(quantidade produzida) por 8, ou seja, C v (q )  8q e uma parte fixa, C f
(q ) , que, de

acordo com o problema, é igual a 60, assim a função custo será


C (q )  C v (q )  C f
( q )  8 q  60 .

Agora, podemos determinar a função custo médio que será


C (q ) 8 q  60 8q 60 60
C me ( q )      8 .
q q q q q

Para encontrarmos a receita vamos considerar que o preço é determinado por


q
p  20  e que a receita é obtida quando multiplicamos o preço pela quantidade.
10
2
 q  q
Assim, temos: R ( q )  p . q   20   q  20 q  . A função receita média é
 10  10

justamente a função preço apresentada pois quando dividimos a receita pela quantidade
q 
2
2
20 q    q
  2
R (q )  10  20 q 10 q 1 q
q, obtemos R me ( q )      20  .  20  .
q q q q 10 q 10

Exemplo 7: A função custo para produzir q unidades de brinquedos é dada pela


equação C ( q )  20 q  120 . Apresente a função custo médio e complete a tabela abaixo.
Construa o gráfico da função custo médio.
q 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
C me
(q )

Resolução: Inicialmente vamos determinar a função custo médio, sabendo que


20 q  120 120
C ( q )  20 q  120 , temos C me ( q )   20  . Concluímos então que a
q q

120
função custo médio é definida por C me ( q )  20  . Para completar a tabela vamos
q

substituir cada valor de q dado na função e, então teremos:


q 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
C me
(q ) 44 32 28 26 24,8 24 23,43 23 22,67 22,4

Com os dados da tabela construímos o gráfico da função custo médio.

77
6.5. Juros Compostos
Na matemática financeira você estuda o regime capitalização de Juros
Compostos onde os juros são capitalizados ao final de cada período, o que significa que
a taxa de juros incide sobre o capital inicial, acrescido dos juros acumulados até o
período anterior. Nesse regime, considerando que C é o valor inicialmente aplicado ou
capital, M o montante recebido após um período de tempo n e i a taxa de juros aplicada,
M  C (1  i )
n
temos a seguinte relação .

Exemplo 8: O montante de uma aplicação financeira no decorrer dos anos é dado por
M ( x )  300  (1 , 05 )
x
, onde x representa o mês após a aplicação e x=0 o momento em
que foi realizada a aplicação. Com base nestas informações apresente o que se pede em
cada item.
a) Qual o valor inicialmente aplicado?
b) Qual o montante da aplicação após 8 meses?
c) Qual o tempo, em meses, que deverá transcorrer para que tenhamos um
montante de, no mínimo, R$600,00 na aplicação?
d) Qual o tempo, em meses, que deverá transcorrer para que tenhamos um
montante de, no mínimo, R$1.200,00 na aplicação?
Resolução: De acordo com o problema, o montante gerado pela aplicação financeira é
M ( x )  300  (1 , 05 )
x
dado pela lei . Logo, se queremos determinar o valor aplicado
inicialmente, devemos considerar que x=0, na função. Assim, teremos:
M ( x )  300  (1 , 05 )  M ( 0 )  300 .( 1 , 05 )  300 . 1  300
x 0
.

78
Para encontrarmos o montante após 8 meses de aplicação fazemos x=8 e teremos:
M ( x )  300  (1 , 05 )  M ( 8 )  300 .( 1 , 05 )  300 .( 1 , 4775 )  443 , 25
x 8

Nos itens c e d nos é solicitado o tempo de aplicação, nestes casos devemos isolar o x na
função e, para isso, fazemos uso da função logarítmica e das propriedades dessa função
que foram apresentadas no capítulo anterior. Para facilitar os cálculos usaremos o
logaritmo natural que nas calculadoras científicas é determinado pela tecla ln.
Inicialmente vamos isolar a variável x, observe:
M ( x )  300  (1 , 05 )
x

M  300 (1 , 05 )
x

M
 (1 , 05 )
x

300
M

x
(1 , 05 )
300
 M 

ln (1 , 05 )
x
 ln  
 300 
 M 
x ln 1 , 05  ln  
 300 

 M 
ln  
 300 
x 
ln( 1 , 05 )

Agora que a variável x está isolada, vamos determinar o que é pedido no item (c), ou
seja, calcular o tempo, em meses, de aplicação para que tenhamos um montante de no
mínimo R$600,00. Assim:
 M   600 
ln   ln  
 300   300  ln( 2 ) 0 , 693147
x   x     14 , 20674 .
ln( 1, 05 ) ln( 1, 05 ) ln( 1, 05 ) 0 , 04879

Podemos concluir então que para obtermos um mínimo de R$600,00 o capital inicial
deve ficar aplicado por pelo menos 15 meses.
Agora vamos calcular o tempo, em meses, de aplicação para que tenhamos um montante
de no mínimo R$1.200,00.
 M   1200 
ln   ln  
 300   300  ln( 4 ) 1, 386294
x   x     28 , 4135 .
ln( 1, 05 ) ln( 1, 05 ) ln( 1, 05 ) 0 , 04879

Podemos concluir então que para obtermos um mínimo de R$1.200,00 o capital inicial
deve ficar aplicado por pelo menos 29 meses.

79
Exemplo 9: Em que prazo um empréstimo de R$3.500,00 pode ser quitado em um
único pagamento de R$15.049,37, se a taxa de juros composta contratada é de 20%aa?
Resolução: Considerando que C=3500 é o valor inicial ou capital, M=15049,37 o
montante que será pago após um período de tempo n e a taxa de juros que será aplicada
20
i   0 ,2 M  C (1  i )
n
é i=20%, ou seja, . Então, considerando a relação , temos:
100

M  C (1  i )
n

15049 , 37  3500 (1  0 , 2 )
n

15049 , 37
 (1 , 2 )
n

3500
 (1 , 2 )
n
4 . 29982

ln( 4 , 29982 )  ln( 1 , 2 )


n

ln( 4 , 29982 )  n ln( 1 , 2 )

ln( 4 , 29982 )
 n
ln( 1 , 2 )
1 , 458573161
 n
0 ,182321556
n  8

Assim temos que o prazo para pagamento será de 8 anos.

6.6. Curva logística de crescimento


O modelo de crescimento exponencial é adequado para descrever o crescimento
de vários tipos de população, porém é natural esperarmos que uma população não pode
crescer exponencialmente para sempre. A curva logística de crescimento é um modelo
de função exponencial que leva em consideração alguns efeitos do ambiente na
população. A equação para o crescimento logístico tem a seguinte forma geral
M
y   Mkt
onde B, M e k são constantes positivas, M indica a população limite e t é
1  Be

o tempo decorrido.

Exemplo 10: Suponha que 200 peixes sejam colocados em um tanque próprio para
criação e reprodução. Após quatro meses, a população de peixes está em 350. Um
estudo prevê que a quantidade de peixes que o tanque pode suportar é de 1.000 peixes.
Apresente uma equação para o número de peixes no tanque, t meses após os primeiros

80
200 peixes terem sido ali depositados. Aproximadamente quantos peixes teremos no
tanque após 6 meses?
M
Resolução: Considerando a equação y   Mkt
e os dados do problema, que
1  Be

indicam que M=1000 e que a quantidade inicial é 200 temos condições de calcular a
constante B, assim se t = 0 e y = 200 temos:
M 1000
y   200   200 (1  Be )  1000
0
 Mkt  1000 . k . 0
1  Be 1  Be
800
200  200 B  1000  200 B  1000  200  200 B  800  B   4
200

E agora sabemos que B = 4.


Sabendo que quando t=4 temos uma população y=350, podemos agora calcular o valor
da constante k:
M 1000  4000 k
y   Mkt
 300   1000 . k . 4
 300 (1  4 e )  1000
1  Be 1  4e
 4000 k  4000 k  4000 k  4000 k 700
300  1400 e  1000  1400 e  1000  300  1400 e  700  e 
1400
 4000 k  4000 k
e  0 , 5  ln( e )  ln( 0 , 5 )   4000 k ln( e )  ln( 0 , 5 )   4000 k  ln( 0 , 5 )

ln( 0 , 5 )  0 , 69314718
k    0 , 00017
 4000  4000
E, assim encontramos k = 0,00017.
1000
A equação pedida no problema é então y   0 ,17 t
. Para determinarmos a
1  4e

quantidade de peixes no tanque após 6 meses devemos substituir t por 6 na equação.


Assim temos:
1000 1000 1000 1000 1000
y   0 ,17 . 6
  1 , 02
    409 ,165
1  4e 1  4e 1  4 ( 0 , 361 ) 1  1 , 444 2 , 444

Podemos dizer então que após 6 meses teremos aproximadamente 409 peixes no tanque.

81
6.7 Teste seus conhecimentos
1. Suponha que a função consumo seja dada pela equação C ( y )  5  0 , 45 y  y onde
y é a renda de uma determinada pessoa. Determine a função poupança. Qual será o
consumo e a poupança se a renda for de R$2304,00?

2. Para produzir um determinado produto observou-se que a quantidade produzida P


está relacionada com a quantidade de insumos q utilizados na produção pela lei

P (q )  q  4 .
a) Faça o gráfico da função produção.
b) A função produção é crescente ou decrescente?

3. O montante de uma aplicação financeira no decorrer dos anos é dado por


M ( x )  30000  (1 , 03 )
x
, onde x representa o ano após a aplicação e x=0 o momento em
que foi realizada a aplicação.
a) Qual o valor aplicado inicialmente?
b) Qual o montante após 10 anos de aplicação?
c) Após quanto tempo o montante será de R$60.000,00?

4. A porcentagem P de peças defeituosas produzidas por um funcionário novo t dias


t  1525
após ele ter começado a trabalhar pode ser modelada por P  . Complete a
25 ( t  2 )

tabela abaixo e faça o gráfico da função. Com base na tabela, você diria que a função é
crescente ou decrescente?
T 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
P (t )

5. A função custo para produzir q unidades de brinquedos é dada pela equação


C ( q )  15 q  90 . Apresente a função custo médio e complete a tabela abaixo. Construa
o gráfico da função custo médio.
q 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
C me
(q )

82
CAPÍTULO – VII

Noção Intuitiva de Limites e o Conceito de


Derivada

Introdução
A derivada é um dos conceitos mais importantes do cálculo e possui grande aplicação
na economia, administração e contabilidade. Nesse capítulo estudaremos inicialmente a
ideia intuitiva de limites, dando ênfase à observação de gráficos. Nosso objetivo
principal é construir o conceito de derivada como uma taxa de variação instantânea.
Veremos também as técnicas de derivação que serão utilizadas na construção de
gráficos e, no capítulo 8, na resolução de problemas aplicados.

7.1. Ideia intuitiva de limites


Antes de trabalharmos a derivada vamos discutir um conceito importante na
definição de derivada: a noção de limites.
320
Considere a função Custo, c(q )   75 , apresentada no capítulo dois deste
q

livro:

Observando o gráfico da função vemos que, conforme o valor de q aumenta, o


valor referente ao custo vai se aproximando de 75, mas não chega a atingir o 75 pois o
320
valor de nunca será 0. Em uma função, y  f (x) , de variáveis reais x e y
q

83
podemos dizer que conforme a variável independente x vai tendendo a infinito, a
variável y vai tendendo a 75. Tal condição pode ser representada simbolicamente por
lim f ( x )  75 .
x  

 20
Na função receita, r (q )   25 , observamos que ocorre uma situação
q 1

parecida. Conforme q vai aumentando, R vai se aproximando de 25.

Considerando uma função, y  f (x) , de variáveis reais x e y podemos dizer que


conforme a variável independente x vai tendendo a infinito, a variável y vai tendendo a
25. Tal condição pode ser representada simbolicamente por lim f ( x )  25 .
x  

Vamos agora analisar mais situações, observando o gráfico e a notação


matemática.
Exemplo 1: Consideremos as funções reais e seus respectivos gráficos.
i) Vamos observar a função f (x)  2 x  1 e ver o que ocorre com valores de x
quando se aproximam de x=3 (escolha aleatória, pois poderíamos considerar
qualquer outro valor para a análise).

84
lim f (x)  7
x 3

Observe que nesta situação


temos que, conforme os valores
de x vão se aproximando de 3 os
valores de y vão se aproximando
de 7 e, ainda, quando x=3 temos
exatamente y=7. Esta função é
dita contínua em todo seu
domínio.

 16
2
x
ii) Observe agora a função f (x)  e ver o que ocorre com valores de x
x  4

quando se aproximam de x = 4 (aqui a escolha não é aleatória, observe que 4


não está no domínio da função pois teríamos denominador igual a zero).
lim f (x)  8
x 4

A função apresentada aqui não está definida


para x=4. Mas podemos considerar o que
ocorre para valores muito próximos de 4 e,
para estes valores temos uma imagem muito
próxima de 8. Dizemos que se x tende a 4
então y tende a 8. E, temos aqui uma situação
de descontinuidade removível. Temos
 16
2
x
também que a expressão pode ser
x  4

representada, de forma equivalente por


 16 ( x  4 )( x  4 )
2
x
  x  4, x  4 .
x  4 x  4

85
1
iii) Vamos considerar a função f (x)  e ver o que ocorre com o gráfico.
x  2

Observe que para valores de x se aproximando de 2 pela esquerda (valores próximos de


2 mas menores do que 2) temos que y tende a -∞ (os valores de y ficam cada vez
menores). Tal situação pode ser representada por lim f ( x )   . Já para os valores de

x 2

x se aproximando de 2 pela direita (valores próximos de 2 mas maiores do que 2) temos


que os valores de y vão ficando cada vez maiores, o que pode ser representado por
lim f (x)   . Como os limites, denominados limites laterais, da função para valores

x 2

próximos de 2 são distintos dizemos que o limite não existe. Temos neste caso uma
situação de descontinuidade infinita.
Outra situação que podemos avaliar é o que ocorre quando x tende a +∞ (valores cada
vez maiores) e o que ocorre quando x tende a -∞ (valores cada vez menores). Observe
1
na lei da função f (x)  que conforme o valor de x vai aumentando, o
x  2

denominador da fração também aumenta e, consequentemente o resultado da divisão de


1
vai ficando cada vez mais próximo de 0. Isso pode ser verificado também no
x  2

gráfico e descrito por lim f (x)  0 . Agora, fazendo x ficar cada vez menor
x  

1
(negativo), o denominador da expressão vai ficando cada vez menor (negativo),
x  2

mas em valor absoluto fica cada vez maior o que faz com que o resultado da fração
fique cada vez mais próximo de zero, assim temos lim f (x)  0 .
x  

86
x  1 se x 1
iv) Observe agora a função f (x)   e ver o que ocorre com
x 1
2
x se

valores de x quando se aproximam de x = 1 (sendo a função uma função


definida por partes, escolhemos analisar o que ocorre nos extremos dos
limites escolhidos para a variável independente).
lim f (x)  1 e lim f (x)  2
 
x1 x1

Observe que quando os valores


de x vão se aproximando de 1
pela esquerda (menores que 1)
os valores de y se aproximam de
1. Já quando os valores de 1 pela
direita (maiores do que 1) os
valores de y vão se aproximando
de 2. Essa situação indica que o
limite da função quando x se
aproxima de 1 não existe e
ocorre uma descontinuidade
em salto.
7.2. Derivada como taxa de variação
Observe o seguinte gráfico:

87
No gráfico da função f acima observamos que a variável independente varia de x
até x+h, esta variação h  x é denominada de incremento na variável x. Já a variável
dependente y varia de f(x) até f(x+h) e, a variação f (x  h)  f (x)  y é o incremento
na variável y. A taxa média de variação de y em relação a x no intervalo [x,x+h] é
f (x  h)  f (x) f (x  h)  f (x) y
dada pelo quociente   . A taxa instantânea de
x  h  x h x

y f (x  h)  f (x) ,
variação de y em relação a x é definida por lim  lim  f (x)
x 0 x h 0 h

e denominada de derivada da função f em x.


,
O processo de obter a função f (x) uma dada função f (x) é denominado
diferenciação ou derivação.

7.3. Regras de derivação


Para obtermos a derivada de cada função f (x) deveríamos calcular o limite
y f (x  h)  f (x) ,
lim  lim  f (x) . Tal processo é trabalhoso e pode ser
x 0 x h 0 h

repetitivo. Por este motivo vamos ver algumas regras de derivação, que são fórmulas,
para o cálculo das derivadas. A validade de tais regras pode ser demonstrada através do
limite, porém estas demonstrações serão omitidas, pois temos como objetivo maior a
aplicação das derivadas nas funções econômicas.
Considerando que f (x) e g (x) são funções diferenciáveis, temos:
7.3.1. Função Constante
y  f (x)  k , com k número real;
, ,
y  f (x)  0

7.3.2. Função Potência


n
y  f (x)  x , com n número real;
, , n 1
y  f ( x )  nx

7.3.3. Regra do múltiplo constante


y  k f (x) , com k um número real;
, ,
y  k f (x)

88
7.3.4. Regra da adição de funções
y  f (x)  g (x) y  f (x)  g (x)

, , , , , ,
y  f (x)  g (x) y  f (x)  g (x)

7.3.5. Função Exponencial


a) De base e: b) De base a (com a > 0):
x x
y  f (x)  e y  f (x)  a

, , x , , x
y  f (x)  e y  f (x)  a ln a

7.3.6. Função Logarítmica


a) De base e: b) De base a (com a ≠ 1 e a > 0):
y  f ( x )  ln x y  f ( x )  log a x

, , 1 1
y  f (x)  y
, ,
 f (x) 
x x ln a

7.3.7. Regra do produto


y  f (x)  g (x)

, , ,
y  f (x)  g (x)  g (x) f (x)

7.3.8. Regra do quociente


f (x)
y  , g ( x)  0,  x
g (x)

, ,
, f (x)  g (x)  g (x) f (x)
y 
2
[ g ( x )]

7.3.9. Regra geral do expoente – Função Composta


n
y  [ f ( x )]

, n 1 ,
y  n [ f ( x )] f (x)

7.3.10 Função composta geral – Regra da cadeia


Considere que y é uma função resultante da composição das funções f (x) e
, , ,
g (x) , representada por y  f ( g ( x )) . Então y  f ( g ( x ))  g ( x ) .
Exemplo 2: Use as regras de derivação de 7.3.1. à 7.3.3 para calcular a derivada das
seguintes funções.
i) y=3 iii) y = -7x-2
ii) y=x 1

iv) y = 4x 3

89
Resolução:
i) y = 3 (função constante)  y’= 0
ii) y = x (função potência, com n=1)  y’ = 1x1-1 = 1
iii) y = -7x-2  y’ = (-7).(-2)x-2-1 =14x-3
1 2
1
1 1 4 
iv) y = 4x  y’ = 4 .
3
x 3  x 3
3 3

Exemplo 3: Use as regras de derivação de 7.3.1. à 7.3.4 para calcular a derivada das
seguintes funções.
i) y=x+5 iii) y = -3x5 + 5x2 - 4x + 2
ii) y = -2x – 4 iv) y = -x4 + 4x3 -7x
Resolução:
i) y = x + 5 (função potência, com n=1, adição, função constante)  y’ = 1 + 0 = 1;
ii) y = -2x – 4  y’ = (-2).1x1-1 – 0 = -2;
iii) y = -3x5 + 5x2 - 4x + 2  y’ = -3.5.x4 +5.2x – 4.1 + 0 = -15 x4 + 10x – 4
iv) y = -x4 + 4x3 -7x  y’ = -1.4.x3 +4.3x2 – 4 = -4.x3 +12x2 – 7
Exemplo 4: Use as regras de derivação de 7.3.1. à 7.3.6 para calcular a derivada das
seguintes funções.
2 x
i) y  3x  4 x  ln( x ) iii) y  2  4 log 1 ( x )
2
7 x
ii) y  5x  e
iv) y  5 x  ln( x )  7

Resolução:
2 , 2 1 11 1 1
i) y  3x  4 x  ln( x )  y  3 .2 .x  4 .1 .x   6x  4 
x x

7 x , 7 1 x 8 x
ii) y  5x  e  y  5 .(  7 ) x  e   35 x  e

x , x 1 x 4
iii) y  2  4 log 1 ( x )  y  2 ln 2  4 .  2 ln 2 
x ln( 1 / 2 ) x ln( 1 / 2 )
2

11 1 1
iv) y  5 x  ln( x )  7  5 . 1 . x   0  5
x x

Exemplo 5: Use as regras de derivação de 7.3.1. à 7.3.8 para calcular a derivada das
seguintes funções.
3x 2
i) y= iii) y  (x  3 )(ln( x )  4 )
2
x 1

90
3 3 3
ii) y  (x  4 x )( 5 x  4) x  4x
iv) y 
x
e  7

Resolução:
2
3x ,  3x  3
i) y   y  Regra do quociente:
2 2 2
x 1 (x  1)

 f (x)  3x g (x)  x
2
1 2
 1)  2 x . 3 x  3x
2
 3
 3x , 3( x
y     y  
2 , , 2 2 2 2
x 1 
 f (x)  3 g (x)  2 x (x  1) (x  1)

3 3 , 2 3 2 3
ii) y  (x  4 x )( 5 x  4 )  y  (3 x  4 )( 5 x  4 )  15 x ( x  4 x ) Regra do produto:

 f (x)  x3  4 x g (x)  5x
3
 4
3 3 
y  (x  4 x )( 5 x  4)  
, 2 , 2
 f ( x )  3 x  4 g ( x )  15 x
, 2 3 2 3
 y  (3 x  4 )( 5 x  4 )  15 x (x  4 x)

2
2 , x  3
iii) y  (x  3 )(ln( x )  4 )  y  2 x ln( x )  8 x  Regra do produto:
x

 f (x)  x 2  3 g ( x )  ln( x )  4
2 
y  (x  3 )(ln( x )  4 )   1
, ,
 f (x)  2 x g (x) 
 x

, 1 2
y  2 x .(ln( x )  4 )  .( x  3)
x

3 2 x x 3
x  4x , (3 x  4 )( e  7)  e (x  4 x)
iv) y   y  Regra do quociente:
x x 2
e  7 (e  7)

 f (x)  x 3  4 x
3
 4x g (x)  e
x
 7 2
 4 )( e
x
 7)  e (x
x 3
 4 x)
x , (3 x
y     y 
x , 2 , x x 2
e  7 
 f (x)  3x  4 g (x)  e (e  7)
Exemplo 6: Use as regras de derivação de 7.3.1. à 7.3.10 para calcular a derivada das
seguintes funções.
2 4 2 3 x
i) y  (2 x  3x  4) iii) y  5x  e

ii) y  (e
x
 ln( x ))
6 iv) y  log 3 ( 4 x  3 )

Resolução:
2 4
i) y  (2 x  3x  4) Regra do expoente (função composta):
2 4 , 2 4 1 2 3
y  (2 x  3 x  4)  y  4 .(  2 x  3 x  4) .(  4 x  3 )  (  16 x  12 )(  2 x  3 x  4)
x 6
ii) y  (e  ln( x )) Regra do expoente (função composta):

91
x 6 , x 6 1 x 7
y  (e  ln( x ))  y   6 .( e  ln( x ))   6 (e  ln( x ))

2 3 x
iii) y  5x  e Regra da cadeia:
2 3 x , 2 1 3 x 11 3 x
y  5x  e  y  2 .5 . x  e (  3 .x )  10 x  e (  3)

iv) y  log 3 ( 4 x  3 ) Regra da cadeia:

, 1 11 4
y  log 3 ( 4 x  3 )  y  .( 4 x  0) 
( 4 x  3 ) ln 3 ( 4 x  3 ) ln 3

7.4. Crescimento/decrescimento e pontos críticos de uma função


A derivada é um excelente recurso quando desejamos saber a variação de uma
função, isto é, os intervalos onde a função é crescente, decrescente ou constante.
Sabemos que a derivada nos dá a taxa de variação da função sendo assim, podemos
dizer que se em um determinado intervalo temos a derivada positiva então a função será
crescente nesse intervalo, já se a derivada é negativa então a função será decrescente. Se
f’(x) = 0, então a função não é nem crescente e nem decrescente. Assim,
resumidamente, podemos dizer:
,
f ( x )  0  f ( x ) é crescente
,
f ( x )  0  f ( x ) é decrescent e

A derivada também indica a existência de pontos críticos em uma função, ou


seja, se existem valores máximos locais, mínimos locais ou pontos de inflexão de uma
função.
Diz-se que o ponto (xo,yo) é um ponto de máximo local quando f’(xo) = 0, e
quando x < xo temos y’= f’(x) > 0 e quando x > xo, y’= f’(x) < 0.
Diz-se que o ponto (xo,yo) é um ponto de mínimo local quando f’(xo) = 0, sendo
que y’= f’(x) < 0 quando x < xo e y’= f’(x) > 0 quando x > xo.
Diz-se que o ponto (xo,yo) é um ponto de inflexão quando f’(xo) = 0, porém a
curva não troca de sinal antes e depois do ponto. Neste caso a função muda de
concavidade, de côncava para cima para côncava para baixo ou vice-versa.
Nos gráficos abaixo apresentamos cada um dos casos de pontos críticos:

92
Máximo Local Mínimo Local

Ponto de Inflexão
Ponto de Inflexão
(nem máximo, nem mínimo)
(nem máximo, nem mínimo)

Exemplo 7: Considerando a função receita R(q) = -2q2 + 1800q. Calcule sua derivada e
apresente o intervalo onde a função é crescente ou decrescente. Verifique também se
existem pontos de máximo, de mínimo ou de inflexão ou nenhum deles. Construa o
gráfico da função receita.
Resolução: R = R(q) = -2q2 + 1800q  R’ = R’(q) = -4q + 1800 que tanto pode assumir
valores positivos quanto negativos. Assim, R(q) é crescente quando R’(q) > 0, ou seja,
devemos ter -4q + 1800 > 0, o que significa que q < 450. R(q) é decrescente quando
temos R’(q) < 0, ou seja, -4q + 1800 < 0 o que implica em q > 450. Como R’(450)=0
temos que em q=450 e ocorre um ponto crítico, que neste caso é de máximo local.
Concluímos então que a função receita é crescente até o valor de q = 450, atingindo um
ponto de máxima receita neste valor, e passando a decrescer para quantidades maiores
do que este valor. Com base no que foi concluído temos o seguinte gráfico:

93
Exemplo 8: Considere a seguinte função lucro L(q) = -q3. Calcule sua derivada e
apresente o intervalo onde a função é crescente ou decrescente. Verifique também se
existem pontos de máximo, de mínimo ou de inflexão ou nenhum deles. Construa o
gráfico da função lucro.
Resolução: L(q) = -q3  L’(q) = -3q2 < 0 para todos os valores de q, logo a função é
decrescente para qualquer valor de q. Quando q = 0 a função apresenta um ponto de
inflexão. A função lucro dada é sempre decrescente uma vez que a derivada da função
ou assume sempre valores negativos. Assim, conforme o que foi concluído, temos o
seguinte gráfico:

7.5. Derivada de segunda ordem e suas informações sobre o gráfico da


função
Do que foi feito até aqui, pode-se observar que a derivada de uma função
também é uma função e chama-se derivada de primeira ordem da função ou primeira
derivada. Chama-se derivada de segunda ordem ou derivada segunda de uma função
,
f à derivada da função f (x) , ou seja, a derivada da derivada primeira, denotada por
,,
f (x) .

94
Exemplo 9: Calcule a derivada de segunda ordem das funções abaixo apresentadas.
3 3x
i) y  x  4x  3 iii) y  e

ii) y  ln( x ) 5
iv) y  (3 x  2 )

Resolução:
3 , 2 ,,
i) y  x  4x  3  y  3x  4  y  6x

, 1 1 ,, 11 2 1
ii) y  ln( x )  y   x  y   1 .x  1x  
x 2
x

3x , 3x ,, 3x 3x
iii) y  e  y  3e  y  3 .3 e  9e

5 , 4 4
iv) y  (3 x  2 )  y  5 ( 3 x  2 ) . 3  15 ( 3 x  2 )

,, 3 3
 y  4 . 15 ( 3 x  2 ) . 3  180 ( 3 x  2 )

A segunda derivada também pode ser utilizada para construir o gráfico da


função, pois nos dá informações importantes com relação à função original.
Sabemos que se y = f(x) tem derivada y’(x) = f’(x) positiva num ponto ou
intervalo é porque a função y = f(x) é crescente neste ponto ou intervalo. Se a derivada
segunda da função for positiva ou negativa significará que a função primeira derivada é
crescente ou decrescente, respectivamente. Neste caso, afirma-se que a função y = f(x)
crescente a taxas crescentes ou decrescentes.
Se a derivada primeira for negativa num ponto ou intervalo é porque a função
original é decrescente neste ponto ou intervalo. Se a derivada segunda for positiva ou
negativa neste ponto ou intervalo, então dizemos que a função original decresce de a
taxas crescentes ou decrescentes, conforme o caso.
De forma resumida, podemos dizer que:
 y''  0  y cresce a taxas crescentes
y’ > 0  
 y'' 0  y cresce a taxas decrescent es

 y'' 0  y decresce a taxas crescentes


y’ < 0  
 y'' 0  y decresce a taxas decrescent es

De maneira mais resumida, quanto ao gráfico de f, podemos considerar que:


y’’ > 0  gráfico de y = f(x) tem a concavidade voltada para cima;
y’’ < 0  gráfico de y = f(x) tem a concavidade voltada para baixo.
3 2
Exemplo 10: Se f (x)   x  9x  15 x  2 determine o que se pede em cada item e,
com as informações obtidas, faça um esboço do gráfico.

95
a) Pontos críticos da função;
b) O(s) ponto(s) de máximo(s) e mínimo(s), caso existam;
c) Os intervalos onde f(x) é crescente e decrescente;
d) O(s) ponto(s) de inflexão, caso exista(m);
e) O(s) intervalo(s) onde a função possui concavidade para cima e/ou para baixo.
Resolução: Para encontrarmos os pontos críticos da função vamos, inicialmente,
calcular a derivada da função e as raízes (cortes no eixo x) da derivada. Assim, temos:
3 2 , 2
f (x)   x  9x  15 x  2  f ( x )   3 x  18 x  15 a derivada é uma função
quadrática, usamos Báskara para o cálculo das raízes e obtemos, x1  1 e x2  5 . De
posse desses valores, fazemos agora um estudo do sinal da função derivada, ou seja,
vemos qual o sinal da derivada para valores menores do que x1  1 e maiores do que
x1  1 e repetimos o processo para x 2  5 . Substituindo 0,3 e 6 na função derivada
obtemos os seguintes sinais:

Agora, sabemos que o ponto (1, f(1)) é um ponto de mínimo e o ponto (5, f(5)) é um
3 2
ponto de máximo. Sabemos também que a função f (x)   x  9x  15 x  2 é
decrescente nos intervalos (-∞,1) e (5,+∞) e é crescente no intervalo (1,5). Para
encontrarmos os pontos de inflexão usamos a derivada de segunda ordem, que é
,,
f ( x )   6 x  18 e cuja raiz é x = 3, e fazemos o estudo do sinal da derivada segunda:

Agora, temos que (3,f(3)) é ponto de inflexão e que no intervalo (-∞,3) a curva possui
concavidade voltada para cima e no intervalo (3,+∞) a concavidade é voltada para
baixo. Conclusão:

96
a) Pontos críticos da função; (1,-5)
e (5,27)
b) O(s) ponto(s) de máximo(s) e
mínimo(s), caso existam;
Mínimo Local em (1,-5) e
Máximo Local em (5,27)
c) Os intervalos onde f(x) é
crescente e decrescente;
f(x) é crescente no intervalo (1,5)
e f(x) é decrescente em (-∞,1) e
(5,+ ∞)
d) O(s) ponto(s) de inflexão, caso
exista(m);
PI(3,11)
e) O(s) intervalo(s) onde a função
possui concavidade para cima
e/ou para baixo.
Concavidade para cima em
(-∞,3) e Concavidade para baixo
em (3,+ ∞).

97
7.6. Teste seus conhecimentos
1. Observe o gráfico da função f e determine os limites, em cada caso.
a) lim f ( x )  ____________

x 0

b) lim f ( x )  ____________

x 0

c) lim f ( x )  ____________
x 0

d) f ( 0 )  ____________

e) lim f ( x )  ____________

x 4

f) lim f ( x )  ____________

x 4

g) lim f ( x )  ____________
x 4

h) f ( 4 )  ____________

i) f ( 3 )  ____________

j) f (  2 )  ____________

2. Apresente a derivada de primeira ordem das funções abaixo.


5 3 2 3 x
a) y  4x  4x  3x 9 f) y  x e

2 5
b) y  3x  x g) y  4x ln( x )

5 3
c) y  (3 x  4 ) 1 x
h) y 
x
4 e 8
d) y  3x  4x  5
3 x
2 x i) y 
e) y  log 3 ( x )  5 x 3 7
x

2 8
j) y  (3 x  4 x  5)

2
3. Considerando a função f (x)  2 x  4x  3 apresente o que se pede em cada
item:
a) A derivada de f(x)
b) Construa um gráfico com f(x) e sua derivada no mesmo sistema de eixos.

4. Considerando a função f ( x )  ln( x ) apresente o que se pede em cada item:


a) A derivada de f(x)
b) Construa um gráfico com f(x) e sua derivada no mesmo sistema de eixos.

98
f (x)  2 x  3x  36 x  14
3 2
5. Se determine o que se pede em cada item e, com as
informações obtidas, faça um esboço do gráfico.
a) Pontos críticos da função;
b) O(s) ponto(s) de máximo(s) e mínimo(s) local(is), caso existam;
c) Os intervalos onde f(x) é crescente e decrescente;
d) O(s) ponto(s) de inflexão, caso exista(m);
e) O(s) intervalo(s) onde a função possui concavidade para cima e/ou para
baixo.

99
CAPÍTULO – VIII

Aplicações da Derivada na Economia e


Administração

Introdução
Nesse capítulo vamos estudar as aplicações da derivada na área econômica e
administrativa. Vamos apresentar as funções marginais, o conceito de elasticidade e
discutiremos a propensão marginal a consumir e a poupar. Veremos também uma das
aplicações mais comuns da derivada, que é a determinação de valores ótimos (máximos
e mínimos).

8.1. Funções Marginais


Nos capítulos anteriores estudamos algumas funções importantes na economia e
administração. Agora vamos estudar o conceito de função marginal na economia.
Vimos no capítulo 7 que a derivada pode ser interpretada como uma taxa de variação
instantânea. Podemos dizer que uma função marginal mede, aproximadamente em cada
ponto, o acréscimo que ocorre na função inicial em correspondência ao acréscimo de
uma unidade na quantidade. Assim, se estamos estudando uma função custo, a função
custo marginal é interpretada como sendo o custo de produção para produzir uma
unidade adicional. De maneira semelhante podemos definir as funções receita
marginal e lucro marginal, ou seja, a receita marginal mede a razão entre a variação
da receita e a variação da quantidade em cada ponto e o lucro marginal nos dá a
variação no lucro correspondente ao aumento de uma unidade na venda do produto.
Assim, resumidamente, temos:
Função Função Marginal (derivada primeira)
C (q ) - Custo ,
C mg  C ( q ) Custo Marginal

R (q ) - Receita ,
R mg  R ( q ) Receita Marginal

L (q )  R (q )  C (q ) - Lucro , , ,
L mg  L ( q )  R ( q )  C ( x ) Lucro Marginal

100
3 2
Exemplo 1: Considere a função custo C ( x )  0,2 x  4x  48 x  100 e a função
3 2
receita R ( x )  0,2 x  5x  25 x . Apresente o que se pede em cada item:
a) Determine a função lucro;
b) Determine as funções custo, receita e lucro marginais.
Resolução: (a) A função lucro é determinada pela relação L(x)  R (x)  C (x) . Assim,
3 2 3 2 2
temos que L ( x )  0,2 x  5x  25 x  ( 0 , 2 x  4x  48 x  100 )  9 x  23 x  75 . (b)
As funções marginais são obtidas através do cálculo das derivadas, assim temos: custo
, 2
marginal C mg ( x )  C ( x )  0 , 6 x  8 x  48 , receita marginal

, 2 ,
R mg ( x )  R ( x )  0 , 6 x  10 x  25 e o lucro marginal é L mg ( x )  L ( x )  18 x  23 .

Exemplo 2: Um empresário produz e vende certo produto, cujo custo de fabricação é


2
determinado por C (q )  q  40 q  100 . Apresente as funções Custo Médio C me ,

Custo Marginal C mg e Custo Médio Marginal C memg . Apresente o gráfico das funções

custo e custo marginal no mesmo sistema de eixos.

Resolução: A função custo médio é dada por


2 2
C (q ) q  40 q  100 q 40 q 100 100
     q  40  . As funções marginais são
q q q q q q

,
dadas pelas derivadas, assim: custo marginal é C mg  C ( q )  2 q  40 e custo médio

, 11 100
marginal é C memg  C me ( q )  1  100 (  1 ) q 1 .
2
q

101
40
Exemplo 3: A função da demanda de um produto é dada por p  para x unidades.
x

A função custo é dada por C ( x )  0 , 4 x  400 . Determine os lucros marginais para


x=400, x=900 e x=1600.
Resolução: Inicialmente, vamos determinar a função receita, agora em função da
40 40 x
quantidade, fazendo R ( x )  px  x  . A função lucro será
x x

40 x 40 x
L(x)  R (x)  C (x)   ( 0 , 4 x  400 )   0 , 4 x  400 . A função lucro marginal
x x

será dada pela derivada do lucro e, para facilitar os cálculos vamos, inicialmente
1 1

1
reescrever a função lucro L ( x )  40 x x 2  0 , 4 x  400  40 x 2  0 , 4 x  400 . Assim,
1 1
1 1  20
11
teremos L mg ( x )  40 x2  0 ,4 .1 .x  400 . 0  20 x 2  0 ,4   0 ,4 . Agora
2 x

para determinarmos o lucro marginal para x=400, x=900 e x=1600, devemos substituir
20
estes valores na função lucro marginal, L mg ( x )   0 ,4 , ou seja, temos
x

20 20 2
L mg ( 400 )   0 ,4  1  0 ,4  0 ,6 , L mg ( 900 )   0 ,4   0 , 4  0 , 27 e
400 900 3

20 1
L mg (1600 )   0 ,4   0 , 4  0 ,1 .
1600 2

4 3
x 110 x 2
Exemplo 4: Seja L(x)     500 x uma função lucro. Determine os
4 3

intervalos de crescimento e decrescimento do lucro pela função lucro marginal.


3 2
Resolução: A função lucro marginal é L mg ( x )   x  110 x  1000 x . A função lucro

2
marginal pode ser escrita na forma L mg ( x )  x (  x  110 x  1000 ) e, desta forma

podemos encontrar, mais facilmente, as raízes da função (os valores de x que zeram a
função), basta fazermos  x  110 x  1000  0 e, usando a fórmula de Báskara, teremos
x 1  10 e x 2  100 . Assim as raízes da função lucro marginal são x=0, x=10 e x=100.
De acordo com o que vimos no capítulo anterior, temos que estes são os números
críticos da função lucro. Então agora, vamos fazer o estudo do sinal da função lucro
marginal, para vermos o crescimento e decrescimento da função lucro. Calculamos

102
então o lucro marginal para os pontos x=-5, x=5, x=50 e x=150 e observamos o sinal
do resultado:

Assim, concluímos que nos intervalos (-∞,0) e (10,100) a função lucro é crescente e,
nos intervalos (0,10) e (150,+∞) a função lucro é decrescente. Ainda, considerando o
que vimos no capítulo anterior podemos ver que quando x=0 e x=10 são máximos locais
mas, como x=0 não faz sentido no nosso estudo, consideramos que x=100 é a
quantidade que devemos considerar para termos lucro máximo e, quando x=10, temos
um lucro mínimo.

8.2. Otimização
Uma das aplicações mais importantes do conceito de derivada está na resolução
dos problemas de otimização, nos quais alguma quantidade deve ser maximizada ou
minimizada. A seguir apresentamos alguns exemplos desses problemas.

Exemplo 5: O lucro (em reais) de uma empresa depende da quantidade, q de unidades,


2
de produto vendido e pode ser modelado pela função L ( q )  400 q  ( 0 , 5 ) q . Determine
a quantidade que deve ser vendida para que tenhamos lucro máximo.
Resolução: Considerando que a função lucro apresentada no exemplo é uma função
quadrática cujo gráfico é uma parábola com concavidade voltada para baixo, podemos
determinar seu máximo calculando as coordenadas do vértice dessa função. Assim,
temos:
 400  400
qv    400
2 .(  0 , 5 ) 1

Concluímos então que a quantidade que deve ser vendida para que tenhamos lucro
máximo é q=400 unidades. Podemos ainda determinar o lucro máximo que será obtido
com a venda, calculando:
2
L ( 400 )  400 . 400  ( 0 , 5 )( 400 )  160000  80000  80000

103
Exemplo 6: Uma empresa estima que o custo (em reais) para produzir q unidades de
4 3 2
um produto pode ser modelado por C (x)  2 x  120 x  1800 x  8000 x . Determine
o nível de produção que minimiza o custo médio.

Resolução: Antes de procurarmos valores máximos ou mínimos, devemos encontrar a


função custo médio que é dada por
4 3 2
C (x)  2x  120 x  1800 x  8000 x 3 2
C me ( x )    2 x  120 x  1800 x  8000 .
x x

Nesse exemplo temos uma função polinomial do terceiro grau e, para determinarmos
máximos e mínimos locais fazemos uso da derivada de primeira ordem. Assim, temos:
, 2
C memg ( x )  C me ( x )   6 x  240 x  1800 . As raízes da função custo médio marginal

podem ser calculadas pela fórmula de Báskara e, teremos:


2
 240  ( 240 )  4 .(  6 ).(  1800 )  240  120  x 1  30
x     .
2 .(  6 )  12  x 2  10

Agora, fazendo um estudo do sinal da função custo médio marginal, obtemos:

Podemos concluir então que para x=10 temos um ponto de mínimo na função custo
médio. Concluímos que o nível de produção que minimiza o custo médio é x=10.
3 2
Assim, temos que C me (10 )   2 (10 )  120 (10 )  1800 (10 )  8000  0 e, portanto o
ponto (10,0) é o ponto de mínimo local da função custo médio.

Exemplos 7: Considerando que a receita de uma empresa, em função da quantidade


3 2
vendida, pode ser modelada pela função R ( x )   0 ,2 x  15 x , apresente a quantidade
que deve ser vendida para que a receita seja máxima.
Resolução: Para determinarmos a quantidade que deve ser vendida para que a receita
seja máxima devemos encontrar o ponto de máximo da função receita, assim vamos
inicialmente calcular a receita marginal e suas raízes. A receita marginal

104
, 2
é R mg ( x )  R ( x )   0 ,6 x  30 x e as raízes são x1  0 e x 2  50 . Fazendo o estudo

do sinal da função receita marginal temos:

Agora, observamos que para x=50 temos um valor máximo, ou seja, x=50 é a
quantidade que deve ser vendida para que tenhamos uma receita máxima.

8.3. Elasticidade - preço da demanda


Vimos no capítulo 3 que a função demanda relaciona preço à quantidade
vendida e que expressa o comportamento do consumidor que, compra mais quando o
preço do produto diminui e compra menos quando o preço desse produto aumenta.
Sendo f ( p) a função demanda de um determinado produto em função do preço p, a
elasticidade-preço da demanda (E) determina a variação percentual que sofre a
quantidade demandada quando o preço sofre uma variação percentual de 1%. Assim,
usamos a seguinte igualdade para determinarmos a elasticidade de demanda a um preço
p para a função f ( p) :

,
pf ( p)
E ( p) 
f ( p)

Exemplo 8: Considere que a demanda de certo produto é dada pela função


f ( p )  200  4 p . Obtenha a função que dá a elasticidade-preço da demanda para cada
preço p. Obtenha também a elasticidade para o preço p = 10, para o preço p = 25 e para
o preço p = 40. Interprete os resultados encontrados. Construa o gráfico da função
demanda no intervalo 0  p  50 .
,
pf ( p)
Resolução: A função que apresenta a elasticidade-preço será dada por E ( p)  e,
f ( p)

por esse motivo calculamos inicialmente a derivada da função demanda, que será
,
, pf ( p) p (4)  4p
f (x)  4 e, então temos E ( p)    . Agora, a
f ( p) 200  4 p 200  4 p

105
 4 . 10  40  40
elasticidade para p=10 será E (10 )      0 , 25 e isso
200  4 . 10 200  40 160

significa que quando o preço sofre uma variação de 1% a demanda irá diminuir 0,25%.
 4 . 25  100  100
Já, para o preço p=25 temos E ( 25 )     1 , o que
200  4 . 25 200  100 100

indica que quando o preço aumenta 1% a demanda cai 1%. Quando p = 40 temos
 4 . 40  160  160
E ( 40 )     4 e concluímos que um aumento de 1% no
200  4 . 40 200  160 40

preço acarreta em uma redução de 4% na demanda.


O gráfico da demanda é uma reta:

Nesse exemplo temos que para o preço p=10 a demanda cai 0,25% tal queda na
demanda é considerada pequena e indica que a demanda é “pouco sensível” com relação
a variação do preço. Os economistas costumam classificar essa situação como uma
demanda inelástica em relação ao preço. Para o preço p=25 temos uma elasticidade
igual a -1 e, nessa situação dizemos que a demanda possui uma elasticidade unitária
com relação ao preço. Já para o preço igual a 40 temos uma demanda reduzida em 4%,
isto é, a demanda é “mais sensível” com relação ao aumento do preço. Nesse caso
dizemos que a demanda é elástica em relação ao preço. Como, em geral, a elasticidade-
preço é negativa, para classificar a demanda usamos o valor absoluto, ou módulo e o
comparamos a 1, assim:
i) Se | E ( p ) | 1 a demanda é dita inelástica em relação ao preço;
ii) Se | E ( p ) | 1 a demanda é dita elástica em relação ao preço;
iii) Se | E ( p ) | 1 a demanda tem elasticidade unitária em relação ao preço.

106
Podemos ainda considerar que existe uma relação entre a demanda (quantidade)
e a renda. Na verdade, considerando a receita em função do preço e E ( p) a
elasticidade-preço da demanda, temos que, ocorrendo um pequeno aumento no preço:
i) A receita aumenta se | E ( p ) | 1 ;

ii) A receita diminui se | E ( p ) | 1 ;

iii) A receita permanece constante se | E ( p ) | 1 .

Exemplo 9: Para um produto, a demanda é dada pela função f ( p )  300  3 p , no


intervalo 0  p  100 . Apresente os intervalos de preço para os quais a demanda é
inelástica, elástica e tem elasticidade unitária. Apresente a função receita na variável
preço p e interprete os resultados encontrados. Construa o gráfico das funções receita e
demanda.
Resolução: Vamos inicialmente calcular a função derivada da demanda e, em seguida a
,
elasticidade-preço. f ( p )  300  3 p  f ( p )   3 , assim temos
,
pf ( p) p ( 3)  3p
E ( p)    . Para encontrarmos os intervalos de
f ( p) 300  3 p 300  3 p

elasticidade consideramos as três situações: | E ( p ) |  1 , | E ( p ) | 1 e | E ( p ) | 1 . Antes


 3p
de seguirmos, vamos observar a expressão no intervalo 0  p  100 . O
300  3 p

numerador  3p será sempre negativo, ou seja,  3p  0 , já o denominador 300  3 p

será sempre positivo, ou seja, 300  3 p  0 , então a elasticidade será sempre negativa.
Assim, para considerarmos o valor absoluto (módulo), sempre positivo, vamos avaliar a
 3p 3p
expressão com o sinal trocado   :
300  3 p 300  3 p

3p
i) | E ( p ) | 1   1  3 p  300  3 p  3 p  3 p  300  6 p  300  p  50 .
300  3 p

Para uma demanda de elasticidade unitária devemos considerar p=50.


3p
ii) | E ( p ) | 1   1  3 p  300  3 p  3 p  3 p  300  6 p  300  p  50 .
300  3 p

Para termos uma demanda inelástica, devemos considerar o preço p<50.


3p
iii) | E ( p ) | 1   1  3 p  300  3 p  6 p  300  p  50 . Para termos
300  3 p

uma demanda elástica, devemos considerar o preço p>50.

107
A função receita é dada pelo produto da demanda (quantidade) pelo preço p. Assim,
2
temos que R ( p )  p  q  p  f ( p )  p ( 300  3 p )  300 p  3 p é a função receita e,
considerando os cálculos anteriores podemos concluir que a receita aumenta quando o
preço variar no intervalo 0  p  50 , a receita irá diminuir se 50  p  100 e a receita
não sofre alteração quando p = 50. Veja nos gráficos abaixo os intervalos onde a receita
cresce e decresce.

8.4. Propensão marginal a consumir e a poupar


Como vimos no capítulo 6 o consumo e a poupança são funções da renda e,
acréscimos na renda proporcionam acréscimos no consumo e na poupança. Sendo o
consumo uma função da renda, é comum procurarmos avaliar a variação no consumo
que corresponde à variação da renda, ou seja, queremos encontrar a derivada da função
consumo em relação à renda, que é denominada de propensão marginal a consumir.
De modo semelhante, a taxa de variação da poupança em relação à renda, ou a derivada
da função poupança em relação à renda, é conhecida como propensão marginal a
poupar.

Exemplo 10: Para uma população, a função do consumo é dada por


1000
C ( y )  200  , onde y é a renda. Determine a função poupança, a propensão
y  20

marginal a consumir e a poupar.

108
Resolução: Para determinarmos a função poupança S ( y) , fazemos S ( y)  y  C ( y) .
Mas antes vamos reescrever a função custo, da seguinte forma: e
1000 200 ( y  20 )  1000 200 y  4000  1000 200 y  3000
C ( y )  200     .
y  20 y  20 y  20 y  20

Agora, a função poupança será


2
 200 y  3000  y ( y  20 )  200 y  3000 y  180 y  3000
S ( y )  y    
  .
 y  20  y  20 y  20

As funções propensão marginal a consumir e a poupar são obtidas através da derivada


2
200 y  3000 y  180 y  3000
das funções custo, C ( y)  , e poupança, S ( y)  . Assim,
y  20 y  20

temos a função propensão marginal à consumir:

200 y  3000  f  200 y  3000 g  y  20


C ( y)   ( regra do quociente )
y  20 ,
 f  200 g
,
1

, 200 ( y  20 )  1 ( 200 y  3000 ) , 1000


C ( y)   C ( y) 
2 2
( y  20 ) ( y  20 )

Temos também a função propensão marginal à poupar:


2
 180 y  3000  f  y 2  180 y  3000 g  y  20
y 
S ( y)   ( regra do quociente )
y  20 ,
 f  2 y  180 g
,
1
2 2
, ( 2 y  180 ). 1  1 .( y  180 y  3000 ) ,  y  182 y  2820
S ( y)   S ( y) 
2 2
( y  20 ) ( y  20 )

109
8.5. Teste seus conhecimentos
3 2
1. Considere a seguinte função custo C (q )  q  8q  5 q  65 . Faça uma análise
completa desta função (máximo, mínimo, ponto de inflexão) Faça um esboço do
gráfico com os dados encontrados.

2. Um empresário produz e vende certo produto, cujo preço médio de custo de


fabricação é dado por C me  q  3 . A demanda para esse produto obedece à
2
relação p (q )  9  6q  q .
a) Determine as funções Custo, Receita e Lucro;
b) Apresente as funções Custo Marginal, Receita Marginal e Lucro
Marginal.

2
q
3. Seja R me    4q  7 a função Receita Média para certo produto.
3

a) Determine a função Receita e trace seu gráfico assinalando pontos de


máximo, de mínimo ou inflexão, se houver;
b) Determine a função Receita Marginal e faça um esboço do gráfico.

4. Para um produto, a demanda é dada pela função f ( p )  600  2 p , considerando


que o preço varia no intervalo 0  p  300 . Apresente os intervalos de preço
para os quais a demanda é inelástica, elástica e tem elasticidade unitária.
Interprete os resultados encontrados considerando a função receita.

5. Para uma determinada população, a função do consumo é dada por


C ( y )  0 ,8 y  180 , onde y é a renda dos consumidores.
a) Determine a função poupança S ( y) ;

b) Determine a propensão marginal a consumir e a propensão marginal a


poupar;
c) Faça um esboço do gráfico das funções custo e poupança no mesmo
sistema de eixos.

110
CAPÍTULO – IX
Integrais

Introdução
Nesse capítulo iremos estudar as integrais, compreender a definição de primitiva, como
a função inversa da derivada, utilizar a notação e as regras básicas de integração para
encontrar funções primitivas bem como utilizar as condições para encontrar soluções
particulares de integrais indefinidas. Veremos também o conceito de integral definida e
o Teorema Fundamental do Cálculo que nos possibilita resolver as integrais definidas.

9.1. Integrais Indefinidas e Primitivas


Nos capítulos 7 e 8 concentramos nosso estudo na resolução de problemas em
que era necessário, a partir de uma dada função, encontrar sua derivada (ou sua função
marginal). Nesse momento vamos procurar estabelecer uma maneira de resolver o
problema inverso, ou seja, dada a derivada de uma função, ou uma função marginal,
como encontrar a função que deu origem a tal derivada. A operação de determinar a
função original a partir de sua derivada é a operação inversa da derivada, que é
denominada cálculo da primitiva, cálculo da anti-derivada ou, simplesmente,
integração.

Uma função F é uma primitiva de uma função f se, para

F (x)  f (x)
,
cada x no domínio de f , acontecer que .

Exemplo 1: Quais são as funções f, g e h cujas derivadas são as funções


f ( x )  5, g ( x )  2 x e h ( x )  4 x
, , , 3
, respectivamente?
Resolução: Pensando um pouco sobre cada função e lembrando o que foi estudado nos
capítulos anteriores, podemos concluir que:
f (x)  5
,
a) Se , então f (x)  5x . Observe que a derivada de f (x)  5x é

f (x)  5 f (x)  5
, ,
. Nesse caso temos que a primitiva de é f (x)  5x ;

g (x)  2 x g (x)  x g (x)  x


, 2 2
b) Se , então . Vale lembrar que a derivada de é

g (x)  2 x g (x)  2 x g (x)  x


, , 2
.Assim, a primitiva de é ;

111
h (x)  4 x  x h(x)  x h (x)  4 x
, 3 4 4 , 3
c) Para , temos que h ( x ) . A derivada de é .

h (x)  4 x h(x)  x
, 3 4
Dizemos então que a primitiva de é .
Avaliando mais atentamente o exemplo anterior, ainda podemos observar que
também é verdade que para cada função derivada que foi apresentada existem outras
g (x)  2 x g (x)  x
, 2
possibilidades de primitivas, veja o caso de . É claro que é uma

g (x)  2 x g (x)  x  3 g (x)  x  5


, 2 2
primitiva da função , mas não é a única já que ,
1
g (x)  x  g (x)  2 x
2 ,
ou ainda quando derivadas nos levam a , pois, como já
7

estudamos, a derivada da constante é zero. Podemos dizer que o processo de encontrar


uma primitiva nos leva, não a uma única função solução, mas a uma família de funções,
que são diferentes entre si somente por uma constante.
A notação  f ( x ) dx  F ( x )  C , onde C é uma constante arbitrária, indica que F

F (x)  f (x)
,
é uma primitiva de f. Ou seja, que para todo x no domínio da f. A

representação  f ( x ) dx indica uma integral indefinida.

Na notação apresentada temos que f (x) é o integrando e C é a constante de


integração. A diferencial dx na integral indefinida indica qual é a variável de integração,
isto é, o símbolo  f ( x ) dx denota a “integral de f em relação a x” assim como o

d [ f ( x )]
símbolo denota a “derivada de f(x) em relação a x”. Assim, podemos resumir:
dx

Exemplo 2: Usando a notação de primitivas ou integrais indefinidas, escreva os


exemplos apresentados no exemplo 1.
Resolução: a)  5 dx  5x  C b)  2 x dx  x
2
 C c)  4 x 3 dx  x
4
 C

112
A relação inversa entre as operações de integração e derivação pode ser
simbolizada da seguinte maneira:
d
 
f ( x ) dx  f ( x ) e  f ( x ) dx  f ( x )  C
,

dx
,
Podemos também dizer que: se temos f (x) integramos para encontrar f (x) e,
,
se temos f (x) derivamos para encontrar f (x) . Assim:

Além da questão simbólica fazemos uso da relação inversa entre integral e


derivada para a determinação de fórmulas e regras para o cálculo da integral, isto é, as
fórmulas de integração, são obtidas, diretamente das fórmulas de derivação, conforme
apresentamos abaixo.
9.1.1. Função Constante

 kdx  kx  C , onde k é uma constante.

9.1.2. Função Potência


n 1
x
 x dx   C
n
, com n  1.
n 1

9.1.3. Regra do múltiplo constante

 kf ( x ) dx  k  f ( x ) dx

9.1.4. Regra da adição de funções

f ( x )  g ( x ) dx   f ( x ) dx   g ( x ) dx

f ( x )  g ( x ) dx   f ( x ) dx   g ( x ) dx

9.1.5. Função Exponencial

e dx  e  C
x x

9.1.6. Função Logarítmica


1 dx
 x
dx   x
 ln | x |  C

113
Exemplo 3: Determine as integrais indefinidas.
7
a)  dx b)   3dx c)  dx
5

Resolução: Observamos que todas as integrais tem no integrando funções constantes,


assim, para todas usamos a regra da função constante, veja:
7 7
a)
5 dx 
5
x  C

b)
  3dx   3 x  C
c)
 dx   1dx  1x  C  x  C

Exemplo 4: Determine as integrais indefinidas.


1
 b)  c) 
4
a) x dx 5
dx x dx
x

Resolução: Nesse grupo de integrais temos integrandos que podem ser reescritos como
funções potência e, resolvidas, usando a regra da função potência.
4 1 5
x x
x dx   C   C
4
a)
4 1 5
 5 1 4
1 x x 1
x x
5
b) dx  dx   C   C    C
 51  4
5 4
4x
1 3
1
1 2 3
2 2
x x 2 x
c)
 x dx 
x dx   C   C   C
2

1 3 3
1
2 2

Exemplo 5: Determine as integrais indefinidas.


a)  ( x  4 ) dx b)  ( x 2  3 x  5 )dx c)  ( x  2 ) dx
2

Resolução: Neste exemplo apresentamos integrais onde aparecem soma e diferença,


devemos usar a regra 9.1.4 mas, também a regra da potência, da constante e do múltiplo
constante. Observe:
11 2
x x
a)
 ( x  4 ) dx 
 xdx 
 4 dx 
11
 4x  C 
2
 4x  C

114
 (x  3 x  5 ) dx 
x dx 
 3 xdx    5 dx   x dx  3
 xdx  5
 dx
2 2 2
b)

2 1 11 3 2 3 2
x x x x x 3x
  3  5x  C   3  5x  C    5x  C
2 1 11 3 2 3 2

 (x  2) dx 
 ( x  2 )( x  2 ) dx   ( x  4 x  4 ) dx 
x dx 
 4 xdx   4 dx
2 2 2
c)

2 1 11 3 2
x x x x

 x dx  4
 xdx 
 4 dx   4  4x  C   4  4x  C
2

2 1 11 3 2
3
x
  2x  4x  C
2

Nesses exemplos é importante ressaltar que mesmo tendo reescrito a integral inicial
como uma soma de duas ou mais integrais no final acrescentamos apenas uma constante
de integração.

Exemplo 6: Determine as integrais indefinidas.


1
a)  ( e x  4x  x ) dx b)  ( 3 x 2 
x
 8 ) dx c)
 ( 3 x  2 )( x  4 ) dx
Resolução: Nesse exemplo são utilizadas todas as regras, veja:
1

  4x  x ) dx 
 e dx 
 4 xdx 
  x dx 
 e dx  4
 xdx 

x x x
a) (e x 2 dx

1 3
1
11 2 2 2
x x x x
 e  4   C  e  4   C
x x

11 1 2 3
1
2 2
2 3
2 x
 e  2x   C
x 2

1 1 1
 (3 x   8 ) dx 
 3x dx 
 x dx   8dx  3
x dx 
 x dx  8  dx
2 2 2
b)
x
2 1 3
x x
 3  ln | x |  8 x  C  3  ln | x |  8 x  C
2 1 3
 x  ln | x |  8 x  C
3

 ( 3 x  2 )( x  4 ) dx   ( 3 x  12 x  2 x  8 ) dx 
 (3 x  10 x  8 ) dx
2 2
c)


 3x dx 
  10 xdx    8 dx  3
x dx  10
 x dx  8  dx
2 2

2 1 11 3 2
x x x x
 3  10  8x  C  3  10  8x  C
2 1 11 3 2
 x  5x  8x  C
3 2

115
9.2. Soluções Particulares
Vimos anteriormente que a solução de uma integral indefinida é, na verdade,
uma família de funções, que são diferentes entre si apenas por uma constante. Observe o
gráfico abaixo que mostra um exemplo das possíveis soluções para a
integral  2 xdx  x
2
 C (uma solução geral), no mesmo sistema de eixos:

Em alguns casos são apresentadas informações, denominadas condições iniciais,


que nos permitem encontrar uma solução particular para o problema de integração.
Nesse caso a solução passa a ser única.

Exemplo 7: Apresente uma função f que satisfaça as condições estipuladas, ou seja,


encontre a função f que é solução particular para cada um dos problemas dados abaixo.
f (x)  4 x  3 f (1 )  2
,
a) e

( x )  2; f (0 )  1 f (1 )  3
,, ,
b) f e

Resolução: No problema (a), temos que a derivada da função procurada é


f (x)  4 x  3
,
e, para encontrarmos a função f devemos integrar, ou seja, devemos
11
x
calcular  ( 4 x  3 ) dx  4  3x  C  2x
2
 3x  C . Assim, encontramos a solução
11

f (x)  2 x  3x  C
2
geral que é . Para encontrarmos uma solução particular, fazemos

116
uso da informação f (1 )  2 que nos permite calcular o valor da constante de integração,
veja:
f (x)  2 x  3x  C f (1 )  2  2 . 1  3 . 1  C  2  2  3  C  2  C  3
2 2
e

f (x)  2 x  3x  3
2
E, então a solução particular é a função .

(x)  2
,,
No problema (b), temos que a derivada segunda da função procurada é f e, para
encontrarmos a função f devemos repetir o procedimento utilizado no item (a) duas
vezes. Inicialmente calculamos  2 dx  2x  C e encontramos a derivada primeira. Com

f (0 )  1 ,
,
o resultado e com a informação de que encontramos o valor da constante de

f (x)  2 x  C f ( 0 )  1  2 .0  C  1  C  1 .
, ,
integração: e Temos então que

f (x)  2 x  1 .
,
Agora, repetindo o processo vamos encontrar a função f. Calculamos

 ( 2 x  1) dx  x  1x  C  x  x  C f (1 )  3
2 2
e, sabendo que calculamos a constante

f (x)  x  x  C f (1 )  3
2
de integração da segunda integral. Assim, como e temos

1  1  C  3  C  3  2  C  1. f (x)  x  x 1
2 2
Concluímos então que é a
solução particular procurada.

9.3. Integral Definida e o Teorema Fundamental do Cálculo


Se f for uma função definida no intervalo fechado [a,b], então a integral
b

definida de a até b é denotada por  f ( x ) dx , em que a é o limite inferior de integração


a

e b é o limite superior de integração. O Teorema Fundamental do Cálculo nos apresenta


a forma de calcular uma integral definida:
Teorema Fundamental do Cálculo: Se f é uma função contínua no intervalo fechado
[a,b] e F(x) é uma primitiva de f para todo x no intervalo [a,b], então
b

 f ( x ) dx  F ( b )  F ( a )
a

O teorema fundamental do cálculo apresenta uma forma de calcular uma integral


definida, não um método para calcular primitivas. Vale observar ainda que ao
calcularmos uma integral indefinida, obtemos como resultado um conjunto de funções
no qual cada elemento é uma primitiva. Já o resultado da integral definida é um número
real.

117
Para calcularmos uma integral definida usamos as mesmas fórmulas e regras
apresentadas para a integral indefinida. Vamos aqui listar as propriedades mais
importantes.
9.3.1. Função Constante
b

 kdx  k (b  a ) , onde k é uma constante.


a

9.3.2. Regra do múltiplo constante


b b

 kf ( x ) dx  k  f ( x ) dx
a a

9.3.3. Regra da adição de funções


b b b

f ( x )  g ( x ) dx   f ( x ) dx   f ( x ) dx
a a a

b b b

f ( x )  g ( x ) dx   f ( x ) dx   f ( x ) dx
a a a

Exemplo 8: Apresente o resultado de cada integral definida abaixo, usando o teorema


fundamental do cálculo.
3 2 1

a)  ( 2 x  3 ) dx b)  ( 3  x
e ) dx c)  ( x 2  2 x  1 ) dx
1 1 0

Resolução: Para calcularmos uma integral definida vamos inicialmente calcular a


integral indefinida e, em seguida usamos o Teorema Fundamental do Cálculo para
determinar o resultado final. Observe:
3 3
 11 
  2 


3
x x 3
a)  ( 2 x  3 ) dx   2  3x   2  3x   (x 2  3x)
 11    1
1 1
2
1
 

 (3  3 . 3 )  (1  3 . 1 )  0  (  2 )  2
2 2

Concluímos então que  ( 2 x  3 ) dx  2 .


1

 1  ( 3 . 2  e
2
2 1 1 1
 (3  e )dx  ( 3 x  e x ) )  ( 3 .(  1 )  e )  6 e  3 e  9 e 
x 2 2 2
b)
1
e

2
1
Temos então que  ( 3  e ) dx  9  e
x 2
 .
1
e

118
1 1
2 1 11
   3 2

1
x x x x
 (x  2 x  1 ) dx    2  1x     2  x
2
c)
0
 2 1 11
  0  3 2
  0
1
 x
3
2  1
 
3
 0
 1  1  

 0  0
3

   x  x
2 2
   
 3
  0  3   3 

1 1
    (0 ) 
3 3

1
1
Assim, temos que  ( x 2  2 x  1 ) dx  .
0
3

Considerando uma função f positiva no intervalo fechado [a,b], ou seja, f tem


todo seu gráfico acima do eixo x no intervalo fechado de a até b a integral definida
b

 f ( x ) dx corresponde à área da região entre o gráfico da função e o eixo x.


a

Área : A   f ( x ) dx
a

Exemplo 9: Construa o gráfico da função f (x)  x  1 . Calcule a área da região que


fica determinada entre o gráfico da função e o eixo x no intervalo [1,3]. Para o cálculo
da área utilize o teorema fundamental do cálculo e uma fórmula da geometria plana para
confirmar seu resultado.
Resolução: Inicialmente observamos que a função f (x)  x  1 é uma função polinomial
do primeiro grau, cujo gráfico é uma reta. Temos também que a região determinada pelo

119
eixo x e o gráfico da função no intervalo [1,3] é uma região triangular. A integral
3

definida que apresenta a área deste triângulo é  ( x  1 ) dx . Temos então que:


1

3 3
11
   2

3
x x
A   ( x  1 ) dx   11
 x     x 
1
 1  2
1
3  1 
2 2
9  1 
   3    1    3     1
   
 2   2  2  2 
9 1 9 1 8
  3 1  2   2  4  2  2
2 2 2 2

Assim, a área da região é A = 2u.a.


No estudo da geometria plana vemos que para
calcular a área do triângulo devemos fazer
base  altura 22
A    2 , o que confirma o
2 2

resultado encontrado através da integral definida.

f (x)  x  2x  1
2
Exemplo 10: Considere a função . Construa o gráfico da função.
Calcule a área da região que fica determinada entre o gráfico da função e o eixo x no
intervalo [-1,2].
f (x)  x  2x  1
2
Resolução: A função é uma função polinomial do segundo grau, cujo
gráfico é uma parábola. Observe abaixo o gráfico da função com a região entre o gráfico
da função e o eixo x no intervalo [-1,2] em destaque:

120
2

A integral que representa a área da região é  ( x 2  2 x  1 ) dx . Temos então que:


1

2
 3

2
2   (  1) 
3 3
x 2
A    2 x  1 ) dx    x  x    2  2    (  1)  (  1) 
2 2 2
(x
   
1
 3
  1
 3   3 

8   1  8   1 8 1 81 9
   4  2    1  1    6       6    6   6  3 6  9
3   3  3   3  3 3 3 3

Assim, concluímos que a área da região é igual a 9 u.a..


Vale observar que nesse exemplo a área da região não pode ser determinada através de
fórmulas da geometria plana.

121
9.4. Teste seus conhecimentos
1. Verifique que cada uma das igualdades é verdadeira, mostrando que a derivada da
função do lado direito da igualdade é igual ao integrando da integral que está à esquerda
na igualdade.
3
 3 
 x 
3 x
   2  dx   C  2 x  1 dx   x  x  C
2 2
a) b)
 x  x 3

4
3  3  x
    e  x  3  dx   3 ln | x |  e   3x  C
x 3 x
c) dx  2 x  C d)
x  x  4

2. Calcule cada integral indefinida abaixo e verifique seu resultado por meio da
derivação.

 (2 x  2 ) dx
  x  4x  4x  
2 3 2
a) b) x dx

1 x 
c)
 ( x  3 )( 2 x  4 ) dx d)
   e  dx
 x 

3. Apresente uma função f que satisfaça as condições estipuladas.


f (x)  4 x f (1 )  4
,
a) e

f (x)  x  3 f (0 )  5
, 2
b) e

4. Calcule as integrais definidas abaixo.


3 4

 ( x  2 x  4 ) dx
 4 x  
2
a) b) x dx
0 2

1 2
 1 
 ( 2 x  4 ) dx

2
c) d)   dx
 2x 
1 1

5
5. Construa o gráfico da função f : ℝ→ ℝ definida por f (x)   x  5 . A seguir faça o
4

que se pede em cada item.


a) Identifique no gráfico (pinte) a região que fica determinada pelo eixo x, o eixo y
e o gráfico de f.
b) Escreva uma integral definida que represente a área da região determinada no
item (a).

122
c) Calcule a integral definida que você apresentou no item (b).
Use uma fórmula da Geometria Euclidiana para confirmar o resultado
encontrado no item (c).

123
CAPÍTULO – X
Aplicações das Integrais
na Área Econômica

Introdução
No último capítulo deste livro vamos apresentar exemplos de algumas aplicações das
integrais indefinidas e definidas na área da economia e administração. Vamos estudar
também o conceito de excedente do consumidor e do produtor.

10.1. Aplicações das Integrais na Economia e Administração


No capítulo anterior estudamos um importante conceito matemático e de grande
aplicabilidade no cálculo, as integrais indefinidas e definidas. Vimos também que o
cálculo da integral indefinida nos permite determinar uma função a partir de sua
derivada. Agora, vamos apresentar alguns exemplos do uso de integrais na área
econômica, observando e relembrando alguns conceitos já estudados.

Exemplo 1: A função custo marginal é dada pela equação Cmg ( q )  2 q  9 . Determine


a função custo sabendo que o custo de produção de 5 unidades é igual a R$100,00.
Resolução: Inicialmente vamos observar que a função custo marginal é a derivada da
função custo. Assim, para determinarmos uma função custo devemos usar a integral.
Então:
2
q
 ( 2 q  9 ) dq  2  9q  C  q  9q  C
2
.
2

Para determinarmos a constante de integração e encontrarmos a função custo particular,


usamos a informação de que o custo de 5 unidades é R$100,00. Assim:
C (q )  q  9 q  C  C (5 )  5  9 . 5  C  100  C  100  25  45  30
2 2
.

C (q )  q  9 q  30
2
Podemos agora apresentar a função custo .

Rmg ( q )  12  9 q  q
2
Exemplo 2: Se a receita marginal é dada por encontre a função
receita.

124
Resolução: Da mesma forma como calculamos a função custo no exemplo anterior,
vamos agora determinar a função receita. Observe:
2 3
q q
 (12  9 q  q ) dq  12 q  9   C  12 q  4 , 5 q  0 , 33 q  C .
2 2 3

2 3

Como a função receita para quantidade igual a zero deve ser nula, temos que a constante
de integração da função receita deve ser sempre zero. Assim, a função receita particular
R ( q )  12 q  4 , 5 q  0 , 33 q .
2 3
será

Exemplo 3: Considerando as funções receita marginal, Rmg ( q )  9 q  45 , e custo


marginal Cmg ( q )  3 , 7 q , obtenha as funções receita, custo e lucro, sabendo que o custo
fixo de produção é de R$150,00.
Resolução: Nesse exemplo vamos determinar as funções custo e receita da mesma
forma como nos exemplos anteriores. Temos então:
2
q
 9 q  45  dq  9  45 q  C  R ( q )  4 , 5 q  45 q
2

2
2
q
 3 , 7 qdq  3 , 7  C  1 , 85 q  C  C ( q )  1 , 85 q  C
2 2

Para a função receita, como já dissemos antes, a constante de integração é nula. Para a
função custo devemos considerar que o custo fixo de produção é de R$150,00, ou seja,
quando a quantidade produzida é nula o custo é 150, assim temos:
C ( q )  1 , 85 q  C  C ( 0 )  1 , 85 q  C  150  C  150  C ( q )  1 , 85 q  150
2 2 2

R ( q )  4 ,5 q  45 q
2
Concluímos então que a função receita é e a função custo é

C ( q )  1 , 85 q  150
2
. Para encontrar a função lucro fazemos L (q )  R (q )  C (q ) e,
obtemos:
L ( q )  R ( q )  C ( q )  L ( q )  4 ,5 q  45 q  (1, 85 q  150 )
2 2

L ( q )  2 , 65 q  45 q  150
2

Exemplo 4: Em uma determinada empresa constatou-se que se x unidades de um


produto forem produzidas por mês, o custo marginal é dado por Cmg ( x )  0 , 5 x  10 ,
onde C (x) é a função custo para produzir x unidades por mês. Sabendo que o custo fixo
é de R$ 135,00 por mês e que, o preço de venda do produto está fixado em R$28,00,
determine a função lucro e o lucro máximo que pode ser obtido em um mês.
Resolução: Começamos procurando a função custo através do cálculo da integral, então:

125
2
x
 ( 0 , 5 x  10 ) dx  0 , 5  10 x  C  C ( x )  0 , 25 x  10 x  C
2

Sabendo que o custo fixo é de R$135,00, podemos concluir que a constante de


integração será igual a 135, assim temos que a função custo será
C ( x )  0 , 25 x  10 x  135
2
. Para determinarmos a função lucro devemos primeiramente
encontrar a função receita com a informação de que o preço de venda do produto é
fixado em R$28,00. Assim, podemos escrever R ( x )  28 x , que é a receita em função da
quantidade vendida x. Agora, sabendo a receita e o custo, podemos determinar o lucro:
L ( x )  R ( x )  C ( x )  L ( x )  28 x  ( 0 , 25 x  10 x  135 )
2

L ( x )   0 , 25 x  18 x  135
2

Agora, conhecendo a função lucro, podemos determinar o lucro máximo. Como a


função lucro é uma função quadrática de concavidade voltada para baixo o vértice é o
ponto de máximo da função. Assim fazemos:
b 18
xv    xv    36
2a 2 (  0 , 25 )

L ( x v )   0 , 25 ( 36 )  18 . 36  135   324  648  135  189


2

Então o lucro máximo que pode ser obtido no mês é de R$189,00.


Vale ainda lembrar que a derivada primeira igual a zero nos indica o ponto crítico da
função, que neste caso será o ponto de máximo.

No capítulo sete estudamos a derivada como uma taxa de variação, ou seja,


considerando a integral  f ( x ) dx  F ( x )  C o integrando f(x) apresenta a taxa de

variação da função F(x). Assim, para determinarmos a variação total da função F(x) no
b

intervalo a  x  b , calculamos a integral definida  f ( x ) dx  F ( b )  F ( a ) . Nos


a

exemplos abaixo apresentamos a aplicação desse conceito.

Exemplo 5: Para um determinado produto a receita marginal é dada pela função


Rmg ( q )   8 q  160 e o custo marginal é dado por Cmg ( q )  8 q . Para o intervalo
5  q  10 , obtenha:
a) A variação total da receita no intervalo 5  q  10 ;
b) A variação total do custo no intervalo 5  q  10 ;

126
c) A variação total do lucro no intervalo 5  q  10 ;
Resolução: (a) Para determinarmos a variação total da receita no intervalo 5  q  10 ,
fazemos:
10

10

2

 
q 10

 (  8 q  160 ) dq    8  160 q     4 q  160 q


2
  5
5  2  5


  4 (10 )
2
 
 160 . 10   4 ( 5 )
2
 160 . 5 
 (  400  1600 )  (  100  800 )

 1200  700
 500

(b) Para determinarmos a variação total do custo no intervalo 5  q  10 , fazemos:


10

10
 q
2

   4 q 
10

 8 qdq   8 2
2
 5
5   5

 4 (10 )  4 (5 )
2 2

 400  100

 300

(c) Para determinarmos a variação total do lucro no intervalo 5  q  10 , devemos


inicialmente considerar que o lucro marginal, que dá a variação do lucro, é dado pela
diferença entre a receita marginal e o custo marginal, ou seja,
L mg ( q )  R mg ( q )  C mg ( q )   8 q  160  8 q   16 q  160 . Agora fazemos:
10

10

2

 
q 10
  160 q     8 q
 (  16 q  160 ) dq   16  160 q
2
  5
5  2  5


  8 (10 )
2
 
 160 . 10   8 ( 5 )
2
 160 . 5 
   800  1600    200  800 
 800  600
 200

Exemplo 6: Para uma determinada população a propensão marginal a consumir é dada


por Cmg ( y )  0 , 6 , sendo o consumo C ( y) é dado em função da renda y dos
consumidores. Obtenha a função consumo sabendo que para uma renda de R$2.500,00
temos um consumo de R$1.930,00. Determine também a variação total do consumo
para renda no intervalo 1700  y  2300 .

127
Resolução: Vamos determinar inicialmente a função consumo, que será dada pela
integral indefinida C ( y)   0 , 6 dy  0 ,6 y  C . Com a informação de que quando a

renda é igual a R$2.500,00 o consumo é de R$1.930,00 vamos determinar o valor da


constante de integração, assim: C ( y )  0 , 6 y  C  0 , 6 . 2500  C  1930  C  430 .
Podemos concluir que a função consumo é C ( y )  0 , 6 y  430 . Para determinarmos a
variação total do consumo no intervalo 1700  y  2300 , devemos calcular a integral
definida
2300

  0 , 6 y 1700  0 , 6 . 2300  0 , 6 . 1700  1380  1020  360


2300

 ( 0 , 6 ) dy .
1700

Concluímos então que a variação total do consumo é de R$360,00.

Exemplo 7: Para uma determinada população a propensão marginal a poupar é dada por
Smg ( y )  0 , 3 , sendo a poupança S ( y) é dado em função da renda y dos consumidores.
Obtenha a função poupança sabendo que para uma renda de R$1.500,00 temos um
consumo de R$1.170,00. Determine a variação total da poupança para renda no
intervalo 1100  y  1600 .
Resolução: A função poupança será determinada pela integral indefinida
S ( y)   ( 0 , 3 ) dy  0 ,3 y  C , agora para determinarmos o valor da constante de

integração vamos observar que sendo a renda igual a R$1.500,00 temos um consumo
igual a R$1.170,00 e, portanto, a poupança será igual a R$330,00. Assim temos que
S ( y )  0 , 3 y  C  0 , 3 . 1500  C  330  C   120 , ou seja, S ( y )  0 , 3 y  120 .
Para sabermos a variação total da poupança no intervalo 1100  y  1600 vamos
calcular a integral definida
1600

 0 , 3 y 1100  0 , 3 . 1600  0 , 3 . 1100  480  330  150


1600

 ( 0 , 3 ) dy .
1100

Concluímos então que a variação total da poupança é de R$150,00.

10.2. Excedente do Consumidor


Nos capítulos anteriores estudamos a função demanda e vimos que ela relaciona
o preço de um produto à quantidade comprada, demandada, pelo consumidor. Vimos
também que a função demanda é, geralmente, uma função decrescente, pois conforme o
preço do produto aumenta a quantia demandada diminui. Observe abaixo o gráfico da

128
função demanda de certo produto onde consideramos como ponto A ( q 0 , p 0 ) determinado

por q0 (quantia demandada) quando o preço é o preço de mercado p0 (preço de


equilíbrio de mercado).

Os economistas denominam a área da região destacada no gráfico acima, que é


limitada pelo gráfico da função demanda, pela reta horizontal p = po e pela reta vertical
q=0, de excedente do consumidor. A área da região pode ser calculada pela integral
q0

definida  [ p ( q )  p 0 ] dq . Podemos dizer que o excedente do consumidor é a diferença


0

entre o que o consumidor está disposto a gastar e o que ele realmente gasta.

p  q  36
2
Exemplo 8: Seja a função demanda para certo produto. Faça o que se
pede em cada item.
a) Faça o gráfico da função demanda e assinale a área que representa o excedente
do consumidor quando o preço do produto é p=20.
b) Determine o excedente do consumidor para p=20.
c) Determine o excedente do consumidor para p=27.
Resolução: Começamos inicialmente fazendo o item (a) que solicita o gráfico da função
demanda, que é quadrática e, portanto seu gráfico é uma parábola com concavidade
voltada para baixo, já que a= - 1. Vamos também determinar a quantidade demandada
para quando o preço é p=20. Nesse caso fazemos
 q  36  20   q  20  36   q   16  q  16  q   4
2 2 2 2
. Como q=-4 não
faz sentido no nosso problema temos que q deve ser igual a 4. Assim temos o seguinte
gráfico:

129
No item (b) devemos calcular o excedente do consumidor para o preço igual a 20, ou
seja, a área da região apresentada no gráfico. Para calcularmos a área da região fazemos
q0

uso da integral  [ p (q )  p 0 ] dq que nessa situação fica:


0

q0 4

 [ p (q )  p 0 ] dq   [(  q  36 )  20 ] dq
2
. Assim, temos:
0 0

4 4 4

3
q
 [(  q  36 )  20 ] dq   (  q  16 ) dq    16 q 
2 2

0 0
3 0

 4   0 
3 3
64
   16 . 4      16 . 0     64
   
 3   3  3

 64  192 128
   42 , 67
3 3

Concluímos então que o excedente do consumidor para preço p=20 é de 42,67.


Para determinarmos o excedente do consumidor para p=27, item (c), calculamos a
q0 3

integral  [ p ( q )  p 0 ] dq   [(  q
2
 36 )  27 ] dq . Observe que se o preço é p=27
0 0

obtemos q=3. Assim:


3

3 3
 q
3

 [(  q  36 )  27 ] dq   ( q  9 ) dq     9q 
2 2
 
0 0  3  0

 3   0 
3 3

   9 .3      9 .0 
   
 3   3 
27
   27   9  27  18
3

Concluímos então que o excedente do consumidor para preço p=27 é de 18.

130
10.3. Excedente do Produtor
Estudamos anteriormente a função oferta e vimos que ela relaciona o preço de
um produto com a disposição do produtor de oferecer o produto. Vimos também que a
função oferta é, geralmente, uma função crescente, pois conforme o preço do produto
aumenta a quantia ofertada pelo produtor também aumenta. Observe abaixo o gráfico da
função oferta de certo produto onde consideramos como ponto A ( q 0 , p 0 ) determinado

por q0 (quantia ofertada) quando o preço é o preço de mercado p0 (preço de equilíbrio


de mercado).

Os economistas denominam a área da região destacada no gráfico acima, que é


limitada abaixo pelo gráfico da função oferta, acima pela reta horizontal p = po e pela
reta vertical q=0, de excedente do produtor. A área da região pode ser calculada pela
q0

integral definida  [ p 0  p ( q )] dq . Podemos dizer que o excedente do produtor é a


0

diferença entre o valor real obtido na venda do produto pelo produtor e o mínimo que o
produtor está disposto a receber na venda do produto.

p  q  6
2
Exemplo 9: Seja a função oferta para certo produto. Faça o que se pede em
cada item.
a) Faça o gráfico da função oferta e assinale a área que representa o excedente do
consumidor quando o preço do produto é p=15.
b) Determine o excedente do produtor para p=15.
Resolução: Começamos inicialmente fazendo o item (a) que solicita o gráfico da função
oferta, que é quadrática e, portanto seu gráfico é uma parábola com concavidade voltada
para cima, pois agora a=1. Vamos também determinar a quantidade ofertada para

131
quando o preço é p=15. Nesse caso fazemos
 6  15  q  15  6  q  9  q  3
2 2 2
q . Como q= - 3 não faz sentido no nosso
problema temos que q deve ser igual a 3. Assim temos o seguinte gráfico:

No item (b) devemos calcular o excedente do produtor, ou seja, a área da região


apresentada no gráfico. Para calcularmos a área da região fazemos uso da integral
q0 q0 3

[ p  p ( q )] dq que nessa situação fica:  [ p 0  p ( q )] dq   [15  (q  6 )] dq


2
0
. Assim,
0 0 0

temos:
3 3 3

3
q
 [( 15  (q  6 )] dq   (  q  9 ) dq    9q
2 2

0 0
3 0

 3   0 
3 3
27
   9 .3      9 .0     27
   
 3   3  3

  9  27  18 .

Concluímos então que o excedente do produtor para p=15 é 18.

Exemplo 10: Para um determinado produto temos que a função demanda é dada por
p   0 ,5 q  6 e a função oferta é dada por p  0 .1q  3 . Com base nesses dados faça o
que se pede em cada item.
a) Construa o gráfico das duas funções no mesmo sistema de eixos.
b) Determine o ponto de equilíbrio de mercado.

132
c) Calcule o excedente do consumidor para o preço de equilíbrio.
d) Calcule o excedente do produtor para o preço de equilíbrio.
Resolução: Para construir o gráfico vamos observar que as duas funções são
polinomiais do primeiro grau, assim o gráfico da oferta e da demanda são retas. Temos
então que:

Quando construímos o gráfico das funções já encontramos o ponto de equilíbrio de


mercado que é o ponto de intersecção das duas retas. O ponto é E(5:3,5), ou seja, o
preço de equilíbrio é 3,5 e a quantidade de equilíbrio é 5. Para determinarmos o
5 5

excedente do consumidor fazemos:  [  0 , 5 q  6  3 , 5 ] dq   [(  0 , 5 q  2 , 5 )] dq . Então:


0 0

5

5
 0 ,5 q
2

 [  0 , 5 q  2 , 5 ] dq    2  2 ,5 q  

0   0

 0 ,5 . 5   0 ,5 . 0 
2 2

   2 ,5 . 5      2 ,5 . 0 
   
 2   2 
12 , 5
   12 , 5   6 , 25  12 , 5  6 , 25
2

Concluímos então que o excedente do consumidor para preço p=3,5 é de 6,25.


Para calcular o excedente do produtor fazemos:
5 5

 [ 3 , 5  ( 0 ,1 q  3 )] dq   [(  0 ,1 q  0 , 5 )] dq .
0 0

133
5

5
 0 ,1 q
2

 [ 3 , 5  ( 0 ,1 q  3 )] dq   (  0 ,1 q  0 , 5 ) dq     0 ,5 q  
 
0  2  0

 0 ,1 . 5   0 ,1 . 0 
2 2

   0 ,5 . 5      0 ,5 . 0 
   
 2   2 
2 ,5
   2 , 5   1 , 25  2 , 5  1 , 25
2

Assim temos que o excedente do produtor para preço p=3,5 é de 1,25.

134
10.4. Teste seus conhecimentos
1. Considerando as funções receita marginal, Rmg ( x )   3 x  15 , e custo marginal
Cmg ( x )  3 x , obtenha as funções receita, custo e lucro, sabendo que o custo fixo de
produção é de R$120,00.

2. Em uma determinada empresa constatou-se que se x unidades de um produto forem


produzidas por semana, o custo marginal é dado por Cmg ( x )  1, 5 x  15 , onde C (x) éa
função custo para produzir x unidades por semana. Sabendo que o custo fixo é de R$
50,00 por semana e que, o preço de venda do produto está fixado em R$12,00,
determine a função lucro e o lucro máximo que pode ser obtido em uma semana.

3. Para uma determinada população a propensão marginal a consumir é dada por


Cmg ( y )  0 , 7 , sendo o consumo C ( y) é dado em função da renda y dos consumidores.
Para a mesma população tem-se que a propensão marginal a poupar é dada por
Smg ( y )  0 , 3 , sendo a poupança S ( y) é dado em função da renda y dos consumidores.
Obtenha as funções consumo e poupança sabendo que para uma renda de R$1.000,00
temos um consumo de R$820,00.

4. Para um determinado produto a receita marginal é dada pela função


Rmg ( q )   4 q  50 e o custo marginal é dado por Cmg ( q )  4 q . Para o intervalo
4  q  8, obtenha:
a) A variação total da receita no intervalo 4  q  8 ;
b) A variação total do custo no intervalo 4  q  8 ;
c) A variação total do lucro no intervalo 4  q  8 ;

5. Considere as funções de demanda e oferta apresentadas nos exemplos 8 e 9


respectivamente. Calcule o ponto de equilíbrio e determine o excedente do consumidor
e do produtor para o preço de equilíbrio.

135
Apêndice

Formulário Básico de Matemática Empresarial

Função do primeiro grau (reta): y  ax  b

y 2  y1
Variação (coeficiente angular): a 
x 2  x1

2
Função do segundo grau: y  ax  bx  c

2  b  
Fórmula de Báskara:   b  4 ac x 
2a

b  
Vértice: xv  yv 
2a 4a

Função Custo: C  Cv  C f Função Receita: R  q p Função Lucro: L  RC

C R L
Custo médio: C me  ; Receita Média: R me  ; Lucro Médio: L me 
q q q

Regras de derivação

Função Constante: y  f (x)  k , com k número real ⇒ y , ,


 f (x)  0 ;

Função Potência: y  f (x)  x


n
, com n número real ⇒ y , ,
 f ( x )  nx
n 1
;

Regra do múltiplo constante: y  k f (x) , com k um número real ⇒ y ,  k f (x) .


,

Regra da adição de funções:

y  f (x)  g (x) ⇒ y, ,
 f (x)  g (x)
,

y  f (x)  g (x) ⇒ y, ,
 f (x)  g (x)
,

Função Exponencial

a) de base e: y  f (x)  e
x
⇒ y, ,
 f (x)  e
x

b) de base a (com a > 0): y  f (x)  a


x
⇒ y, ,
 f (x)  a
x
ln a

136
Função Logarítmica
1
a) de base e: y  f ( x )  ln x ⇒ y, ,
 f (x) 
x

1
b) de base a (com a ≠ 1 e a > 0): y  f ( x )  log a x ⇒ y, ,
 f (x) 
x ln a

Regra do produto: y  f (x)  g (x) ⇒ y, ,


 f (x)  g (x)  g (x) f (x)
,

, ,
f (x) f (x)  g (x)  g (x) f (x)
Regra do quociente: y  , g ( x)  0,  x ⇒ y, 
g (x) 2
[ g ( x )]

Regra geral do expoente (composta): y  [ f ( x )]


n
⇒ y,  n [ f ( x )]
n 1 ,
f (x)

Função composta geral – Regra da cadeia: y  f ( g ( x )) ⇒ y


, , ,
 f ( g ( x ))  g ( x ) .

Regras de Integração

Função constante ( k e c constantes reais):  kdx  kx  C

n 1
x
Função potência:  x dx 
n
 C ; n  1.
n 1

Múltiplo constante:  kf ( x ) dx  k  f ( x ) dx

Adição:  [ f ( x )  g ( x )] dx   f ( x ) dx   g ( x ) dx

 [ f (x)  g ( x )] dx   f ( x ) dx   g ( x ) dx
Função Exponencial:  e x dx  e
x
 C

1 dx
Função Logarítmica:  dx    ln | x |  C
x x

q0

Excedente do Consumidor:  [ p ( q )  p 0 ] dq
0
q0

Excedente do Produtor:  [ p 0  p ( q )] dq
0

137
Respostas dos testes de conhecimento

Capítulo 1
1.
37
a)    4 , 625 número finito de casas após a vírgula.
8

18
b)  0 ,1818181818 18 ... número infinito de casas após a vírgula.
99

23
c)    3 , 8333333333 33 .... número infinito de casas após a vírgula.
6

5
d)  0 ,1851851851 85 .... número infinito de casas após a vírgula.
27

74
e)   2 , 96 número finito de casas após a vírgula.
25

25
f)  2 ,5 número finito de casas após a vírgula.
10

189
g)    9 , 947368421 ... número infinito de casas após a vírgula.
19

2.

3.
a) A=]3,+∞[

b) B=]-5,1]

c) C=]-2,1[

d) D=[0,5]

138
4. A(2,0) B(0,4) C(-3,4) D(-2,-3) E(0,2) F(-5,0) G(4,-3) H(2,4)
5.

Capítulo 2
1. Para determinar o conjunto imagem calculamos a imagem de cada um dos elementos
do domínio (que é finito): f(-2) = - 5, f(-1) = - 3, f(0) = -1, f(1) = 1, f(2) = 3. Assim,
Im(f ) = {-5,-3,-1,1,3}.

2. f(5) = 2.5 = 10; f(4) = 4 + 3 = 7; f(0) = 0 + 3 = 3; f(13) = 2. 13 = 26

3. D(f) =[-5,+∞[

4. a)
Tempo 1 2 3 4 5
Distância 90 180 270 360 450

139
b) f(x) = 90x
c) f(x) = 90.6 = 540km
225
d) 90 x  225  x   2 ,5 horas
90

5. a)
Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Despesas 1256 1285 1309,80 1335,20 1366 1407

b) Para t = 13 temos R$ 2.678,20 e para t = 20 temos R$ 6.510,00

Capítulo 3
1.

Coeficiente Angular: a = - 2;
Coeficiente Linear: b = 3;
Como a<0 a reta é decrescente;
Corte no eixo x em x = -1,5;
Corte no eixo y em y = b = 3.

2. y = - x – 2

3.
a) Equação: D(p) = - 200p+7000 g) Gráfico
c) D(20) = 3000

140
4.
Equação: S(p) = 2p+4 Gráfico:

5. Ponto de Equilíbrio: (2,5;17,5)

141
Capítulo 4
1.
a) D(f)=ℝ; e) Gráfico

b) Im( f )  (  ; 3 ,125 ] ;

c) Zeros da função (pontos de corte


no eixo x): (0,5;0) e (3,0);
d) Vértice: V (1, 75 ; 3 ,125 )

2.
(a)Tabela:

x- 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
funcionários
P-produção 0 34 64 90 112 130 144 154 160 162 160 154 144 130 112 90 64 34 0

(b) De x=o até x=9 a produção é crescente e, de x=9 até x=18 é decrescente.

142
(c) Com 9 funcionários.
(d) Gráfico:

3. Ponto de Equilíbrio PE(10,39;30,8)

(a) Função Receita: R ( q )   2 q 2  72 q


Break-even point B1(17,31;647,04) e B2(0,69;48,96)
Gráfico:

4. 45 unidades

143
5.

Capítulo 5
1.
a) f (x) 
1
D(f)=ℝ-{5} Im(f)= ℝ-{0}
x  5

1
b) f (x)  D(f)=ℝ-{-5} Im(f)= ℝ-{0}
5 x

144
2.
a) f (x)  x 4 D(f)=[-4,+∞) Im(f)= [0,+∞)

b) f (x)  x 4 D(f)=[4,+∞) Im(f)= [0,+∞)

3.
a ) f ( x )  log 3
( x  1) D(f) = (1,+∞) Im(f) = ℝ

b ) f ( x )  log 3
( x  1) D(f) = (-1,+∞) Im(f)= ℝ

145
4.
a) f (x)  5  e
x
D(f) = ℝ Im(f) = (5,+∞)

b) f ( x )  5  e
x
D(f) = ℝ Im(f) = (4,+∞)

5.
a) x  20 , 0855 e) x  1, 2124 i) x   1, 5849

b) x  16 f) x   4 , 4840 j) x  7 , 8765

c) x  0 , 7071 g) x   0 , 2619 k) x  0 , 8047

d) x  0 , 2746 h) x  1,1139 l) x  0 , 3495

Capítulo 6
1. S ( y )   5  0 , 55 y  y

S ( 2304 )  1214 , 2

C ( y )  1089 ,80

2.a)

146
A função é crescente.

3. a) R$30.000,00
b) R$40.317,49
c) Aproximadamente 24 anos

4.
t 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
P (t ) 30,5 20,35 15,27 12,22 10,19 8,74 7,66 6,81 6,13 5,58 5,12
A função é decrescente

5.
90
C me ( q )  15 
q

147
q 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
C me
(q ) 33 24 21 19,5 18,6 18 17,57 17,25 17 16,8

Capítulo 7
1.
a) lim f (x)  0 f) lim f (x)  4
 
x 0 x 4

b) lim f (x)  0 g) lim f (x) não existe



x 0 x 4

c) lim f (x)  0 h) f (4)  2


x 0
i) f (3)  3
d) f (0)  0
j) f (2)  4
e) lim f (x)  1

x 4

2.
a) y ,  20 x
4
 12 x
2
 6x f) y ,  3x e
2 x
 x e
3 x

1
b) y ,  6x  g) y ,  20 x
4
ln( x )  4 x
4

2 x
2 x x 3
, (3 x )( e  8 )  e (1  x )
h) y 
c) y ,  15 ( 3 x  4 )
4
x 2
(e  8)
x x
d) y ,   12 x
3
 4 , 7  (3  x )7 ln 7
i) y 
x 2
(7 )
, 1 x
e) y   10 x  3 ln 3 , 2 7
x ln 3 j) y  ( 48 x  32 )( 3 x  4 x  5)

3.
a) ,
f (x)  4 x  4
b)

148
4.
, 1
a) f (x) 
x
b)

5.

149
a) (-2,58) e (3,-67)
b) Máximo local: (-2,58)
Mínimo Local: (3,-67)
c) f(x) é crescente em (-∞,-2) e
(3,+ ∞) e é
decrescente em (-2,3)
d) O ponto de inflexão é
1 9 
 , 
 2 2
e) A concavidade é voltada
1 
para cima em  ,   e
 2 
voltada para baixo em
 1 
 , 
 2

Capítulo 8
1.
1 
Máximo local:  ; 65 , 81 
3 
Mínimo Local: (5,15)
C(q) é crescente em
 1
 ,  e (5,+ ∞) e é
 3

1 
decrescente em  ,5 
3 
O ponto de inflexão é
 1 1091 
 , 
3 27 
A concavidade é voltada
8 
para cima em  ,   e
 3 
voltada para baixo em
 8
 ,  .
 3

150
2 2 3
2. a) Custo C (q )  q  3q ; Receita R (q )  9q  6q  q ;
3 2
Lucro L (q )  q  7q  6q
2 2
h) C mg ( q )  2 q  3 ; R mg ( q )  9  12 q  3 q ; L mg ( q )  3 q  14 q  6

3. a) Função receita
3
q 2
R (q )    4q  7
3

Máximo (7; 32,67)


Mínimo (1;-3,33)
Inflexão (4;14,67)

b) Receita Marginal
2
R mg ( q )   q  8q  7

Máximo (7; 32,67)


Inflexão (4;14,67)

4. Para obtermos demanda inelástica devemos considerar | E ( p ) | 1  p  150 ,


neste caso se houver um pequeno aumento no preço a receita aumenta. Para
demanda com elasticidade unitária devemos ter | E ( p ) |  1  p  150 e, neste
caso a receita se mantém constante. Para termos demanda elástica devemos ter
| E ( p ) |  1  p  150 e então a receita irá diminuir.
5. a) Função Popança: S ( y )  0 , 2 y  180 .
b) Função Propensão Marginal a Consumir: C , ( y )  0 ,8 , isto significa que o
aumento de uma unidade na renda determina um aumento de 0,8 unidades no
consumo. Função Propensão Marginal a Poupar: S , ( y )  0 , 2 , isto significa
que o aumento de uma unidade na renda determina um aumento de 0,2
unidades na poupança.
c) Gráfico: Observe no gráfico que quando temos renda igual a y=900 temos
que a poupança é nula, ou seja, todo valor recebido será para consumo.

151
Podemos também considerar que para valores de renda inferior a 900 a
poupança é negativa, o que indica um consumo maior do que a renda e, para
renda superior a 900 temos poupança positiva, indicando que existe valor
que excede a renda e que é poupado.

Capítulo 9
1. Nesta questão basta apenas derivar a função à direita e ver que o resultado está no
integrando, à esquerda.
3
2x
2. a)  2x  C
3

4 3 3
x 4x 2 x
   2x   C
2
b)
4 3 3

3
2x
 8x  12 x  C
2
c)
3

ln | x |  e  C
x
d)

f (x)  2 x  2
2
3. a)
3
x
b) f (x)   3x  5
3

 ( x  2 x  4 ) dx  12
2
4. a)
0

b)
 4 x  
x dx  27 , 45
2

 (2 x  4) dx  36
2
c)
2

152
2
 1 
d)
  2 x  dx  0 , 35
1

5. a)

4
 5x 
b)
   4
 5  dx

0

4
 5x 
c)
 
 4
 5  dx  10

0

base  altura 45 20


d) Fórmula da área do triângulo retângulo: área     10 .
2 2 2

Capítulo 10

  1, 5 x  15 x ; C ( x )  1, 5 x  120 L(x)  3x  15 x  120


2 2 2
1. R ( x ) e .

 12 x ; C ( x )  0 , 75 x  15 x  50 L ( x )   0 , 75 x  27 x  50
2 2
2. R ( x ) e . O lucro
máximo será de R$193,00 por semana.
3. C ( y )  0 , 7 y  120 e S ( y )  0 , 3 y  120

8 8 8

4.a)  (  4 q  50 ) dq  104 b)  ( 4 q ) dq  96 c)  (  8 q  50 ) dq  8
4 4 4

5.Ponto de equilíbrio: (3,87;21)


Excedente do consumidor: 38,73
Excedente do produtor: 38,73

153
Referências Bibliográficas

DANTE, Luiz R. Matemática contexto e aplicações. 3 ed. São Paulo: Editora Ática,
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contabilidade. 8 ed. Porto Alegre: Bookman, 2000.
LARSON, Ron. Cálculo Aplicado. 1 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011.
LEITHOLD, Louis. Matemática Aplicada à Economia e Administração. São Paulo:
Editora Harbra Ltda., 2001.
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administração, economia e contabilidade. São Paulo: Pioneira Thomson Learning,
2004.
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WEBER, Jean E. Matemática para economia e administração. 2 ed. São Paulo: Harbra,
1986.

154

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