13/09/2023

ECONOMIA POLÍTICA I
Conceitos essenciais de Economia, em especial a Microeconomia

JOSÉ NEVES CRUZ (josec@direito.up.pt)

BIBLIOGRAFIA PRINCIPAL

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I. Conceitos essenciais de Economia:

Conceitos
• Falácias no raciocínio económico
• Post-hoc – o que acontece antes nem sempre é causa do que acontece depois
• Ceteris paribus – esquecer que a análise do impacto de uma variável,
pressupõe que todas as outras estão constantes
• Falácia da composição – o que é válido para uma parte, nem sempre é válido
para o todo (melhoria do rendimento de um vs. melhoria rendimento de
todos)

• O objetivo central da ciência económica é a melhoria das condições

de vida das pessoas nas suas vidas do dia-a-dia.

I. Conceitos essenciais de Economia:

Conceitos
• Método científico
• Observação – Teoria– Mais observação
• Os economistas usam a observação e a formulação de teorias, procurando testá-las,
mas têm uma dificuldade que é a realização de experiências.
• É difícil manipular a realidade para gerar resultados.
• No entanto, tem-se desenvolvido um campo novo de economia experimental, em que se
fazem testes de laboratório a indivíduos para ver as suas reações em determinadas condições
previamente preparadas.
• Os economistas estabelecem pressupostos para simplificar o mundo real
• Por exemplo: assumir a existência de apenas dois bens ou de apenas dois países,
considerando todos os demais elementos que não estão em observação como constantes
(ceteris paribus).
• Os economistas produzem modelos económicos
• Diagramas, equações que representam mapas de comportamentos ou interações.
• Um mapa das estradas simplifica a realidade, mas qual seria a utilidade de um mapa
do tamanho do mundo real?

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I. Conceitos essenciais de Economia:

Conceitos
• Representação da
investigação em
economia

Fonte: Mochón, p. 27

CONCEITOS
• Bem: algo que satisfaz uma necessidade humana.
• Recurso: algo que serve para produzir bens, mas não
satisfaz diretamente uma necessidade humana.
• Escassez: os recursos disponíveis são limitados e as
• necessidades são ilimitadas.
• Consumo é a utilização de bens para a satisfação das
necessidades.
• A finalidade do comportamento económico é a satisfação
das necessidades humanas através do consumo de bens.

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I. Conceitos essenciais de Economia:

Conceitos
• Escassez e eficiência
• Necessidades infinitas e recursos limitados (capital, terra, trabalhadores,
bens, dinheiro, tempo).
• Eficiência de Pareto: a economia usa os recursos de tal forma que já não é
possível melhorar a situação de alguém sem piorar a de outrem.
• Bem económico: bem escasso.
• Bem livre: bem disponível em quantidades ilimitadas.

I. Conceitos essenciais de Economia:

Conceitos
• Microeconomia e macroeconomia
• Microeconomia: Voltada para as decisões individuais - “Mão Invisível” (Adam
Smith) cada um procurando o que é melhor para si (seguindo o interesse
próprio) e interagindo com os outros num mercado concorrencial acabam por
levar a economia a uma solução socialmente eficiente.
• Macroeconomia: Voltada para o funcionamento global da economia – John
Maynard Keynes - General Theory of Employment, Interest and Money -
preocupação com os ciclos económicos, o desemprego e a inflação
conjuntural.

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I. Conceitos essenciais de Economia:

Conceitos
• Dada a escassez de recursos, surge o “Problema Económico”:
• É necessário escolher as necessidades a satisfazer, os bens a produzir e os
recursos a utilizar.
• Três problemas de organização económica
• Que mercadorias produzir e em que quantidades?
• Como são produzidos os bens?
• Para quem são produzidos os bens?
• Há diferentes sistemas económicos que respondem de forma
diferente a estas questões: economia de direção estatal vs. economia
de mercado.

I. Conceitos essenciais de Economia:

Conceitos
• Possibilidades de produção
• Inputs e outputs
• Inputs (fatores de produção): Bens e serviços usados para produzir os bens, com uma
determinada tecnologia – terra ou recursos naturais, trabalho e capital.
• Outputs: Bens e serviços que resultam da produção e são usados em consumos ou
incorporados na produção de outros bens.

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I. Conceitos essenciais de Economia:

Conceitos
• A fronteira de possibilidades de produção
• Da escassez resulta que ter mais de um bem significa ter menos de outro.
• Num mundo de escassez os indivíduos são obrigados a fazer escolhas.
(Economia = “Ciência da Escolha”)
• Exemplo: Economia que só produz dois bens: manteiga vs. armas.
• Usando todos os seus recursos a produzir manteiga, há um limite máximo de
produção de manteiga, o mesmo acontecendo com as armas.
• Usando todos os recursos, podem ser escolhidas n combinações de manteiga
e armas, sendo que a opção por aumentar a produção de manteiga implica
reduzir a produção de armas, desviando inputs da produção de armas para a
produção de manteiga.

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I. Conceitos essenciais de Economia:

Conceitos
• A fronteira de possibilidades de produção

A fronteira de possibilidades de produção [PPF

(inglês) ou FPP (português)] representa a
máxima quantidade de bens que podem ser
produzidos de forma eficiente numa economia,
dada a sua tecnologia e conhecimentos e a
Fonte: Samuelson e Nordhaus, pp. 10-11.
quantidade disponível de fatores de produção.

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I. Conceitos essenciais de Economia:
Conceitos
• A fronteira de possibilidades de produção
Fonte: Samuelson e Nordhaus, pp.
11-12.
Efeito do crescimento dos inputs e da mudança tecnológica.
I. Conceitos essenciais de Economia:
Conceitos Num mundo de escassez a escolha de Eficiência na produção: a
algo implica abdicar de alguma outra
• Custo de oportunidade coisa. O custo do que se escolhe é
medido pelo valor do que melhor se
perde.
Na passagem de C para D o custo de
oportunidade de aumentar a
produção de manteiga (2 para 3) é
medido em termos da quantidade de
armas que se deixa de produzir. (12-
9=3)
Outros exemplos:
1. Uma hora de trabalho, em termos
de lazer perdido;
2. A compra de uma televisão em
termos da viagem que deixa de
ser feita.
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economia está sobre a
fronteira de possibilidades
de produção (U não é um
ponto eficiente). Isso
significa que a economia
não pode produzir mais de
um bem sem deixar de
produzir menos do outro.
Como se vê em cima da CPP
há muitas combinações
produtivas que são
igualmente eficientes.
Quando há desemprego de
recursos a economia não
está num ponto eficiente.
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Custo de oportunidade crescente

• Para aumentar a produção de um bem, devem ser transferidos para
essa atividade os recursos com maiores aptidões para essa atividade.
• Assim, aumentos progressivos na produção de um bem implicam o
uso de recursos cada vez menos aptos para a produção desse bem
(custos de oportunidade cada vez mais elevados).
• Isto implica que a CPP tenha uma forma côncava relativamente à
origem.

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Escolha racional
• As escolhas devem ser racionais
• Um agente económico deve exercer uma ação apenas se o benefício dela
decorrente é superior ao custo de a empreender (princípio custo-benefício);
• O excedente económico é a diferença entre o benefício e o custo de uma
ação;
• O decisor racional procura maximizar o excedente económico.
• Entre duas alternativas o decisor racional escolhe aquela que proporciona um
maior excedente económico.
• Como os recursos são escassos a escolha de satisfação de uma necessidade
implica a não satisfação de outra(s).
• Custo de oportunidade inclui o valor da melhor alternativa que se sacrificou
quando se realizou uma determinada escolha.

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Custo de Oportunidade

• Custo de oportunidade = valor (benefício-custo financeiro) da melhor

alternativa que se sacrifica por se ter feito uma dada escolha + o
custo financeiro da alternativa escolhida.
• O custo de oportunidade pode não ser medido em dinheiro;
• Por exemplo: se o melhor uso alternativo dos recursos usados na produção de uma
bicicleta (trabalho, alumínio, etc.) fosse produzir 4 cadeiras, então o custo de
oportunidade de produzir uma bicicleta seria 4 cadeiras, que não foram produzidas
porque se produziu a bicicleta.

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Custo de Oportunidade

• Custos de oportunidade medido em dinheiro

• pode ser diferente do valor pago pela opção escolhida (custo explícito).
• O custo de oportunidade é o “sacrifício” realizado (tendo em conta a melhor
alternativa rejeitada) por ter feito uma determinada opção.
• Na avaliação do custo de oportunidade de uma dada escolha, devo incluir:
• O valor máximo que estou disposto a pagar pelo bem alternativo (preço de reserva
desse bem) – benefício que sacrifico associado à melhor alternativa não escolhida;
• Subtraindo os custos de obter a alternativa (que não escolhi e por isso não incorri nesse
dispêndio).
• Todos os custos associados à aquisição do bem escolhido (por exemplo, o preço de
compra mais o valor que atribuo ao tempo gasto na sua aquisição);

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Um exemplo
• Os meus pais deram-me a possibilidade de comprar um de dois bens: um
livro ou ir ao teatro. Embora os bens impliquem custos de acesso
diferentes, se escolher o que tem custos mais baixos, não me dão a
possibilidade de ficar com o dinheiro remanescente. Estou indeciso entre
comprar um livro ou ir ao teatro:
• Tendo em conta a minha satisfação, o máximo que estou disposto a pagar
pelo livro são 50 € (preço de reserva = benefício do bem).
• O preço de mercado do livro é 30 € e o e tempo de deslocação à livraria
está avaliado em 10 €.
• O que estou disposto a pagar pela peça de teatro é 30 € (preço de reserva
da peça de teatro)
• O custo do bilhete de teatro é 15 € e os gastos de deslocação 8 €.
• O que devo fazer?

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Um exemplo
• Custo de oportunidade por comprar o livro – valor do “sacrifício” de obter o livro (o que
gasto para obter o livro adicionado do que perco por perder a segunda melhor
alternativa):
• 30 € (benefício do teatro) – (15 € + 8 €) (custos do teatro) + (30 € + 10 €) (custos do livro) = 47€
• Custo de oportunidade por ir ao teatro – valor do “sacrifício” de ir ao teatro:
• 50 € (benefício do livro) – (30 € + 10 €) (custos do livro) + (15 € + 8 €) (custos do teatro) = 33€
• Qual escolher?
• Excedente Económico do livro = Benefício (preço de reserva) - Custo de oportunidade = 50 € - 47
€=3€
• Excedente Económico do teatro = Benefício (preço de reserva) – Custo de oportunidade = 30 € -
33 € = -3 €
• Solução: Devo comprar o livro
• (nota 1: é importante saber medir bem o benefício que me proporciona cada alternativa; nota 2:
se pudesse ficar com a diferença entre o custo de aquisição do livro e o custo de aquisição da peça
de teatro, a decisão poderia ser diferente, porque poderia ser comprado outro bem com os 17€ de
diferença entre as duas alternativas.)
• A comparação entre opções da diferença entre o preço de reserva e os custos de obtenção de
cada opção indica também qual a melhor opção, sendo a diferença entre os resultados o valor do
excedente económico.

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Exemplo com oferta gratuita

• Os meus pais disponibilizaram-me 1000 € para gastar numa semana de férias, o que deu
muito jeito, dado que tinha pouco dinheiro para o efeito.
• Estava a pensar ir ao “Vodafone Paredes de Coura” gastando 200 € no bilhete completo.
• A deslocação e alimentação durante o festival custar-me-iam 600 €.
• O custo da tenda para acampar durante o festival é de 200 €.
• Entretanto, venci um concurso e recebi uma viagem de ida e volta a Nova Iorque,
exatamente nos mesmos dias do festival, no valor de 1000 €, sendo que o bilhete não
poderia ser trocado para outras datas.
• A estadia e despesas em Nova Iorque seriam de 1000 €
• O máximo que estava disposto a gastar com a ida ao festival era 2000 €.
• O máximo que estaria disposto a pagar numa viagem a Nova Iorque era 1800 € (incluindo
o custo de viagem).
• O que devo fazer?

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Exemplo com oferta gratuita

• Custo de oportunidade por ir ao festival
• 1800 € – 1000 € + (600 € + 200 € + 200 €) = 1800 € (não se inclui o valor grátis do
bilhete, pois inclui-se todo o benefício atribuído à viagem a Nova Iorque)
• Custo de oportunidade por ir a Nova Iorque
• 2000 €– (600 € + 200 € + 200 €) + 1000 € = 2000 €
• Excedente económico da ida ao festival
• 2000 € - 1800 € = 200 €
• Excedente económico da ida a Nova Iorque
• 1800 € - 2000 € = -200 €
• Solução: apesar de perder um bilhete de viagem grátis de ida e volta a
Nova Iorque escolho ir ao “Vodafone Paredes de Coura”.

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