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Teoria Neoclássica:

-Está associada a 2 autores: Ohlin e Hecksher, fundadores do modelo económico


Heckscher-Ohlin, ou H-O;
-Tal como as teorias clássicas, também a teoria neoclássica se assume como uma teoria
explicativa do comércio internacional;
-Surgem como uma reação ao modelo Ricardiano. David Ricardo tinha analisado o
comércio internacional pelo lado da oferta, mas de uma perspetiva um tanto ou quanto
limitada, uma vez que, na teoria Ricardiana, se tinha em conta apenas 1 único fator de
produção: o trabalho. Ohlin e Hecksher mantém-se igualmente do lado da oferta, mas
vão afastar-se do modelo Ricardiano.

Características do modelo económico Heckscher-Ohlin:


➢ Modelo de tipo 2 x 2 x 2 – ou seja, é um modelo que pressupõe na sua análise 2
países, 2 produtos e 2 fatores de produção: o capital e o trabalho;
➢ Os fatores de produção são escassos, imóveis a uma escala internacional e
móveis a uma escala nacional;
➢ Nos mercados há concorrência perfeita;
➢ O espaço internacional é marcado pela liberdade e ausência de barreiras ao
comércio;
➢ Os gostos e preferências dos consumidores são semelhantes.

2 premissas desta teoria:


1º - Os países caracterizam-se por ter diferentes dotações fatoriais no seu interior (ou
seja, eles têm diferentes quantidades de fatores de produção no interior do território,
podendo, por exemplo, ter mais capital do que trabalho) – a isto, nós chamamos de
abundância fatorial dos países;
+
2º - Os produtos, na sua fase de produção, utilizam diferentes proporções dos vários
fatores de produção (ou seja, há produtos que precisam de mais capital para a sua
produção, outros que carecem de mais trabalho) - a isto, nós chamamos de intensidade
fatorial dos produtos;

Conclusão: os países devem produzir os produtos que carecem de fatores de produção


existentes abundantemente no interior do território e importar aqueles produtos que
carecem de fatores de produção existentes de forma escassa no interior do território.
Exemplo: O país "A" tem mais fatores abundantes para a produção de vestuário, já o país
"B" tem mais fatores abundantes para a produção de alimentos, nesse caso, o país "A"
deverá produzir mais vestuário e o país "B" deverá produzir mais alimentos.
A abundância do produto torna-o mais barato, e, portanto, é vantajoso para o país dar
ênfase a esse tipo de produto e se destacar no mercado internacional.

O paradoxo de Leontief: Leontief vai estudar a economia norte-americana e vai atender


ao modelo H-O. Sendo os EUA um país rico em capital e pobre em trabalho era
esperado que os resultados indicassem um comportamento por parte dos EUA de
produção e exportação de bens capital-intensivo (ou seja, produtos que consumissem
intensivamente na sua fase de produção do fator – capital) e um comportamento de
importação de bens trabalho-intensivo (ou seja, produtos que consumissem
intensivamente na sua fase de produção do fator – trabalho)
Os resultados não demonstraram isso! Os resultados demonstraram que existiam mais
importações de bens capital-intensivo e mais exportações de bens trabalho-intensivo. É
um resultado inesperado e contraditório.

Como é que Leontief veio justificar este resultado?


Veio justificar-se o resultado com base no facto dos trabalhadores norte-americanos
serem mais eficientes que os trabalhadores estrangeiros e que as empresas norte-
americanas apresentavam uma organização melhor face às empresas estrangeiras. 1
trabalhador norte-americano valia o mesmo que 3 trabalhadores estrangeiros.
Assim, os países mais avançados, como é o caso dos EUA, investiam mais capital para
treinar os seus cidadãos e, dessa forma, torná-los mais produtivos. Por serem mais
produtivos, eles conseguem conquistar uma vantagem competitiva sobre o resto do
mundo.
Principal crítica ao paradoxo de Leontief: Uma teoria não pode ser confirmada ou
demonstrada por via de um único estudo sobre um único país num determinado período
de tempo. Teria de ter sido realizado um estudo mais extenso, levando em consideração
um período de tempo mais longo.

Nova teoria do comércio internacional


-Associada à figura de Paul Krugman;
-Tal como a teoria clássica e neoclássica, também a nova teoria do comércio é uma
teoria explicativa do comércio internacional
-Não vem eliminar as teorias clássicas do comércio internacional, vem complementá-
las. Nas décadas que antecederam a 1º guerra mundial, havia muito comércio no mundo
e era um comércio que se baseava muito na teoria das vantagens comparativas:
comércio entre países muito diferentes, que exportavam produtos muito diferentes
(exemplo: troca de matéria-prima por produtos manufaturados). A este sistema
chamamos de comércio inter-ramo. No pós-guerra, quando o comércio voltou a
crescer veio a apresentar traços muito diferentes: tínhamos países com recursos
semelhantes que exportavam e importavam produtos similares (exemplo: troca de carros
Ford por carros Fiat entre o reino unido, por exemplo, e países da união europeia com
recursos semelhantes). A este sistema chamamos de comércio intra-ramo.
Nesse sentido, em 1979, Krugman publicou um artigo em que apresentou uma nova
teoria de comércio internacional que vai explicar o porquê dos países praticarem
comércio intra-ramo.
Para isso, ele vai incorporar na sua análise:
➢ A existência de concorrência imperfeita entre os mercados;
➢ A possibilidade de existir diferenciação de produtos, na medida em que os
consumidores gostam de ter diversidade no seu consumo;
➢ A existência de economias de escala internas e externas como formas de
otimização do processo produtivo.
O comercio internacional surge limitado pela dimensão do mercado, o que vai favorecer
que os vários países se unam para aumentar a dimensão efetiva dos seus mercados
internos e, consequentemente, a dimensão do mercado internacional. Esta união dos
países e a consequente realização do comércio internacional entre eles vai resultar no
surgimento de economias de escala, como formas de otimização do processo produtivo.
Porque é que economias de escala são boas? Porque a economia de escala pressupõe a
diminuição dos custos através da produção de um maior número de unidades de bens e
produtos, ou seja, aumentamos a produção e ao mesmo tempo, diminuímos ou
mantemos os custos a ela associados.

Economias de escala internas: dependem sempre da dimensão da empresa em particular


– ocorrem quando uma empresa aumenta a sua produção para reduzir os seus custos.
As economias de escala internas vão surgir como a principal causa para a existência de
comércio intra-ramo: ao invés de cada país produzir todo o tipo de bens e produtos, cada
país vai especializar-se num nicho, ou seja, vai produzir um número limitado de bens e
serviços. Se cada país produzir um número limitado de bens e serviços, eles podem
produzir cada um desses bens e serviços numa escala muito maior (podem produzir em
mais quantidade) e consequentemente de modo mais eficiente, ou seja, com menos
custos de produção do que se tentassem produzir todos os produtos ao mesmo tempo.
Associado ao conceito de economias de escala temos os chamados custos fixos e custos
variáveis.
Custos fixos: aqueles que são pagos independentemente do que se produza no final -
exemplos: os custos do aluguer, os salários dos funcionários do setor administrativo.
Custos variáveis: são aqueles que aumentam em proporção com o nível de produção.
Exemplos: matéria-prima utilizada na produção, energia e trabalho. Se aumentarmos a
produção aumentam os custos, no entanto como esses mesmos custos vão ser
distribuídos por um maior número de unidades produzidas, eles vão acabar por não
aumentar. Ao invés, vão diminuir ou manter-se.
Economias de escala externas: dependem da dimensão da indústria ou do setor de que a
empresa faz parte e não da dimensão da própria empresa em particular – ocorrem
quando um setor industrial expande as suas atividades e as empresas que atuam na área
passam a poder desfrutar de melhores condições, infraestruturas, redes de fornecimento
mais sofisticadas e mão-de-obra mais qualificada resultando em menores custos de
produção.
Quanto maior a dimensão da indústria, menores serão os custos médios das empresas
que nelas se integram. A proximidade e a capacidade de aglomeração que a dimensão
da indústria favorece traz consigo a possibilidade das empresas acederem a
fornecedores especializados e a mão de obra qualificada, além de permitir uma difusão
mais rápida e generalizada de conhecimento

Andreia Félix

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