Você está na página 1de 6

Resumo de Economia Internacional para Prova 1

1) Surgimento das teorias de Comércio Internacional com Adam Smith

No século XVI, o mercantilismo era o pensamento econômico dominante e se baseava na ideia


que:

• A riqueza é fundamentada no acúmulo de riquezas


• O Estado possui função de intervir na economia para garantir bem-estar e estimular as
exportações (função protecionista)
• Uma balança comercial favorável gera um fluxo positivo de acúmulos de metais,
gerando acúmulo de riqueza
o Exportações beneficiam país, importações prejudicam país (fluxo de saída de
metais)

Adam Smith argumenta contrariamente em “A Riqueza das Nações”

• Troca pode beneficiar não apenas exportadores, mas importadores também


o Países tem produtividades diferentes em diferentes produtos (Teoria das
Vantagens Absolutas)
• Funções de produção e Coeficiente técnico:
o Função de produção: analisa a quantidade produzida com base no número de
trabalhadores (único fator de produção)
▪ Funções de produção:
• M = f(L) -> quantidade de produção industrial
• X = f(L) -> quantidade de produção agrícola
o Coeficiente técnico de produção: mostra a produtividade da produção de um
bem. É a quantidade de horas de trabalho necessárias para a produção de 1
unidade do bem
▪ Cálculo: I(M ou X) = L (fator trabalho – número de trabalhadores) / M
ou X (quantidade produzida)
▪ Quanto MENOR o coeficiente técnico, MAIOR a vantagem absoluta
• Teoria das Vantagens Absolutas
o Um país possui vantagem absoluta quando o seu coeficiente técnico de
produção de um bem é menor quando comparado a outro país
o Comércio internacional segundo a Teoria das Vantagens Absolutas
▪ 1) Países possuem vantagens absolutas em bens diferentes
▪ 2) Com especialização, os países alocam todos seus fatores na produção
do bem com menor coeficiente técnico (mais produtivo) ->
especialização completa
▪ 3) O comércio internacional gera uma cesta de bens de consumo maior
(e com maior utilidade) do que com a economia fechada
2) David Ricardo e a Teoria das Vantagens Comparativas

A crítica de Ricardo à teoria de Adam Smith é que ela não leva em conta o comércio internacional
de países mais pobres sem vantagem absoluta. De acordo com Smith, países pobres não teriam
vantagem em participar do comércio internacional. Ricardo através da Teoria das Vantagens
Comparativas mostra que é possível obter um comércio benéfico mesmo com produtividades
absolutas menores

Essa teoria se baseia no fato de que os custos de oportunidade relativos ou os preços relativos
da economia do país são diferentes entre si, possibilitando ainda um comércio vantajoso. Existe
duas formas de cálculo que sempre darão o mesmo resultado (qual bem que o país possui
vantagem absoluta e a recomendação e especialização)

• Custo Comparativo: compara o esforço na produção de um bem entre os dois países


o Fórmula de Cálculo do custo comparativo no país A (em relação ao país B) de
produção industrial (M)
▪ Custo Comparativo = Im em A/ Im em B
• Interpretação: O país A produz unidades de M utilizando Y
(resultado do custo comparativo) de esforço do país B
• Preço Relativo: calcula os custos de oportunidade de produção em relação aos bens
produzidos dentro do país (quantas unidades de X o país A deixa de produzir, ou
sacrifica, ao produzir uma unidade de M)
o Fórmula de cálculo do Preço Relativo no país A de produção industrial (M) em
detrimento da produção agrícola (X)
▪ Preço Relativo = Im em A / Ix em A
• Interpretação: O país A deixa de produzir Y (resultado do preço
relativo) unidades de X ao produzir uma unidade de M
o Obs: o resultado do Preço Relativo nos dá o preço do bem no mercado interno
do país
• Ao comparar o Custo Comparativo / Preço Relativo dos dois países, a recomendação de
especialização se dá no bem onde esses indicadores são menores
• O comércio internacional somente acontecerá, segundo a Teoria, se:
o Os países tiverem preços relativos / custos comparativos diferentes
o Os termos internacionais de troca forem favoráveis
• Obs: não existe possibilidade de redução dos coeficientes técnicos (produzir tecnologia)
no curto prazo. A maioria dos exercícios não levarão isso em conta.
• Obs2: A vantagem, segundo a teoria, vem dos diferentes níveis de tecnologia dos países
• Obs3: A especialização recomendada pelo modelo é completa. Isso significa passar a
produzir o máximo de um bem e nada do outro.
• Obs4: o custo de oportunidade é constante. Isso significa que sempre para produzir uma
unidade do bem X, terei que abrir mão de tantas unidades (valor fixo) de Y

Esboço de gráficos de análise das Vantagens Comparativas em Comércio Internacional


1) Após calcular o Custo Comparativo / Preço Relativo, comece a construção do gráfico
pelo país com vantagem comparativa no bem de maior valor nos termos de troca
internacionais
2) Esboce a curva de produção / consumo de uma economia fechada. Indique qual é a
cesta de bens que o país produz/ consume internamente (geralmente, é o ponto onde
metade dos fatores de produção, as horas de trabalho, é destinada ao bem 1 e a outra
metade ao bem 2)
3) Com a recomendação de especialização dada pelas vantagens comparativas, calcule a
produção recomendada
a. Quantidade a ser exportada = produção com especialização – consumo interno
(dado pela cesta do item 2)
4) Utilize os termos internacionais de troca para ver quantas mercadorias do outro bem o
país pode importar ao exportar a quantidade calculada no item 3. A partir disso, é
possível definir qual a cesta de consumo possível com a abertura da economia
5) Faça no gráfico a linha de consumo de uma economia aberta.
a. É a ligação de dois pontos:
i. O ponto de produção máxima da recomendação de produção. Se, por
exemplo, o país puder fabricar até 200 tratores e essa for a sua
recomendação de especialização, esse é o ponto que deve ser levado
em questão (200 tratores, 0 do outro bem)
ii. A cesta de consumo possível através da abertura da economia
6) Agora, comece a fazer o gráfico do país com vantagem comparativa no bem de menor
valor no mercado. Esboce sua curva de produção / consumo de uma economia fechada.
Geralmente, o exercício considera também que o consumo é da mesma forma que no
item 2, porém, caso ele não forneça essa informação, consideramos:
a. O consumo do bem importado no outro país igual a quantidade exportada no
país calculado no item 2. Por exemplo, se o país do qual fizemos o gráfico no
item 2 exporta 100 tratores, isso significa que na cesta de consumo em
economia fechada dessa economia deve constar 100 tratores
b. A cesta de consumo da economia fechada é o ponto na fronteira de produção
que possui a informação dada em a). No exemplo, a cesta do país em economia
fechada seria aquela que está na fronteira de produção e possui consumo de
100 tratores
7) Veja a especialização recomendada, calcule a quantidade exportada, a cesta de
consumo a partir da abertura da economia e o gráfico da economia aberta (Itens 3, 4 e
5)
8) No caso das duas cestas de consumo de economia aberta dos dois países forem de maior
utilidade (estarem em uma curva de indiferença superior) significa que o comércio
internacional foi benéfico para ambos. Se não, o comércio internacional não será
benéfico e assim não existirá

3) Teoria da Dotação Relativa dos Fatores (Modelo Hecksher-Ohlim e Hecksher-Ohlim-


Samuelson)
Esse novo modelo inova em relação ao modelo de Ricardo por agora considerar uma nova
variável em sua função de produção: o capital. Assim, a produção agora depende do montante
de capital em uma economia e o montante de trabalhadores.

O modelo leva e conta alguns pressupostos (hipóteses):

• Os dois países possuem a mesma tecnologia


o O modelo busca enfatizar os ganhos através de um uso intensivo dos fatores de
produção relativamente abundantes. Ele não nega que ganhos podem vir de
diferenças de tecnologia, mas quer mostrar que ganhos também vem de uma
locação inteligente de seus fatores
• Um bem é produzido utilizando intensivamente a mão-de-obra, outro é produzindo
utilizando intensivamente o capital
• Um país possui capital relativamente abundante, o outro possui mão-de-obra
relativamente abundante
• As preferências dos consumidores são iguais nos dois países

Além disso, o modelo possui diferenças com o modelo de Ricardo:

• Em Ricardo, a vantagem comparativa é obtida pela diferença relativa de tecnologia


(produtividade ou coeficiente técnico de produção), já no modelo de H-O e H-O-S a
vantagem comparativa é obtida através da dotação relativa dos fatores (abundância
relativa dos fatores)
o Por isso, no modelo de H-O e H-O-S a tecnologia é considera idêntica
• Em Ricardo, a fronteira de possibilidade de produção é uma reta, indicando custos de
oportunidade constantes. Já no modelo de H-O e H-O-S a fronteira de possibilidade de
produção é uma curva, indicando duas coisas:
o Se aproxima da realidade ao indicar que não é vantajoso nem possível uma
especialização completa
o Considera custos de oportunidade crescentes, ou seja, para produzir uma
unidade a mais de X cada vez mais abrirei mão de mais unidades de Y
• Em Ricardo, a recomendação indica uma especialização completa. No modelo De H-O e
H-O-S a recomendação de especialização é incompleta, recomendando assim uma
maior produção de X, mas sem parar de produzir Y

Vantagem Comparativa pela abundância relativa dos fatores de produção através de:

• Quantidades físicas relativas


o Tendo os números de capital (K) e trabalho (L) disponíveis de cada país, se divide
K/L e se verifica entre os países qual possui abundância relativa de qual fator
▪ Por exemplo, no País A a relação ficou 1/3, apontando que para cada
unidade de capital o país possui 3 unidades de trabalho. No País B a
relação ficou 1/1, apontando que para cada unidade de capital o país
possui uma unidade de trabalho.
▪ Podemos tirar como conclusão, ao comparar as relações entre os dois
países, que o País A possui abundância relativa de trabalho (pois possui
uma relação de capital/trabalho menor que o País B) e o País B possui
abundância relativa de capital (pois possui uma relação de
capital/trabalho maior que o País A)
• Remuneração dos recursos produtivos
o Tendo a informação dos preços dos salários (remuneração do recurso trabalho,
W) e remuneração do capital (r), se divide W/r e assim é possível observar a
relação de remuneração entre os recursos. Essa relação deve ser relativa (entre
os dois países)
▪ O recurso abundante é aquele que é pior remunerado, enquanto o
escasso é aquele que é melhor remunerado
▪ Por exemplo, no País A a relação W/r é de 1/3, podendo simplificar para
0,33/1. Significa que para cada 0,33 unidades de salário que o
trabalhador recebe, o capital recebe 1 unidade.
• No País B a relação W/r é de 1/2 ou 0,5/1. Significa que para
cada 0,5 unidade de salário que o trabalhador recebe, o capital
recebe 1 unidade.
• Podemos ver, em termos relativos, que no País A a
remuneração do trabalho é pior do que no país B (é menor a
relação W/r), sendo assim o País A possui trabalho abundante.
A mesma análise podemos fazer para o País B, que em termos
relativos, o capital possui remuneração relativa menor (maior
relação W/r), sendo assim abundante em capital
• O país deve se especializar no bem que necessite de uso intensivo de seu fator de
produção abundante

A montagem do gráfico é bastante subjetiva, não se baseia em números exatos, mas em uma
aproximação gráfica

• 1) Encontre as vantagens comparativas de cada país e a recomendação de


especialização
• 2) Forme um gráfico em formato de curva de cada país (fronteira de possibilidade de
produção), indicando com o formato da curva qual é a sua especialização
• 3) Mescle as duas fronteiras de produção e esboce uma curva de indiferença que
tangencia as duas fronteiras de produção (dos dois países). Esses pontos indicam a
produção / consumo de cada país em situação de economia fechada
• 4) Os termos de troca são representados por uma reta nesse gráfico. Caso essa reta
tangencie as duas fronteiras de produção, os dois países possuem ganhos com a
abertura da economia, podendo consumir uma cesta de bens de um ponto da reta
formada pelos termos de troca que possui utilidade superior a cesta de sua economia
fechada (ou seja, está em uma curva de indiferença maior do que na economia fechada).
Faça uma nova curva de indiferença que tangencia a reta dos termos de troca e indique
que ela é superior a curva de indiferença formada no item 3).

Teorema da Equalização dos Preços dos fatores de produção (Modelo H-O-S)


• É um acréscimo ao modelo H-O, que leva em conta que a abertura da economia
aumenta a demanda pelo fator abundante e diminui a demanda pelo fator mais escasso
o O fator abundante, devido o aumento da demanda, possui uma melhora da
remuneração com a abertura da economia (que antes possuía uma
remuneração pior)
o O fator escasso, devido a diminuição da demanda, possui uma piora da
remuneração com a abertura da economia (que antes possuía uma
remuneração melhor)
o Em outras palavras, melhora a remuneração do fator abundante em detrimento
da remuneração do fator mais escasso
• Ou seja, a remuneração dos fatores equaliza (ou melhor, se aproxima de uma maior
igualdade) a remuneração dos fatores de produção

Você também pode gostar