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O padrão ouro surge em 1870 quando os países estabeleceram o ouro como a base para seus
meios de pagamento, estabelecendo o câmbio fixo baseado no padrão ouro. Ainda que no
século XIX muitos países tivessem adotado o padrão bimetálico de prata e ouro, com o tempo
ele foi sendo substituído completamente pelo padrão ouro devido a certas inconsistências
desse modelo e questões econômica-políticas.
Enquanto a Grã-Bretanha emerge como maior potência industrial e comercial do mundo, tendo
adotado o padrão ouro, a França, líder do bimetalismo europeu, é derrotada na guerra Franco-
Prussiana, tornando a Grã-Bretanha o principal refúgio monetário estável da Europa, tornando
o padrão-ouro mais atrativo para realização de comércio e acordos financeiros. Além disso,
com a Revolução Industrial foi eliminado o principal obstáculo técnico referente à cunhagem
com as máquinas a vapor.
A Primeira Guerra Mundial acabou por definitivamente abalar o padrão ouro e causar
mudanças drásticas na economia e no sistema. A guerra deslocou a prioridade europeia da
conversibilidade para a emissão de moeda para financiar a guerra, gerando por fim o abandono
da conversibilidade e desvalorização da moeda. Apenas o dólar manteve sua conversibilidade.
Futuramente, devido a experiência hiperinflacionária decorrente da guerra, os países voltaram
para o padrão-ouro.
A Grã-Bretanha volta ao padrão ouro em 1925 com objetivo de retornar à paridade anterior à
guerra de 4,86 dólares por libra. Os Estados Unidos, entretanto, buscando esfriar sua economia
e aumentar as reservas de ouro optou por políticas deflacionárias, o que forçou a Grã-Bretanha
por sua vez a elevar juros a níveis altíssimos provocando problemas no mercado exportador,
aumento do desemprego e depressão econômica, gerando um enfraquecimento econômico
vital para o abandono completo em 1931.
Devido a Grande Depressão de 1929 uma série de países passaram a sofrer não apenas com
recessões, mas também com crises de liquidez bancárias e corrida aos bancos, iniciada na
Áustria e Alemanha, com efeitos sistêmicos por toda a Europa. A Grã-Bretanha novamente
abandona a conversibilidade em 1931, com outros países acompanhando a sua decisão
também atrelando suas moedas à libra e adotando juntamente com a Grã-Bretanha o sistema
de controles cambiais, enquanto os Estados Unidos são o único país que mantem o padrão-
ouro.
Em decorrência de políticas de acúmulo de ouro por parte da França, aumento dos juros da
Alemanha e políticas contracionistas estadunidenses com objetivo de acúmulo de ouro elevou
a pressão sobre outros bancos centrais, gerando um aumento generalizado de taxas de juros e
aperto de crédito, fatores que agravaram algumas das economias chave para manutenção do
padrão-ouro. Devido essas políticas, os movimentos de estabilização do fluxo de ouro,
proposto por Hume, não aconteciam. Enquanto alguns países registravam superávits
persistentes e entrada de ouro, outros registravam déficits persistentes e saída de ouro.
Devido também a questões políticas os Estados Unidos também abandona o padrão ouro e se
volta a políticas expansionistas devido a vitória de Roosevelt nas eleições americanas. A
América Latina e a Europa Oriental acompanham a decisão dos Estados Unidos.
Todo o sistema monetário, assim, se voltou para uma flutuação cambial administrada pelo
Estado. Com o rompimento do vínculo com o padrão ouro, governos e bancos centrais
passaram a possuir maior liberdade de políticas independentes. Os países que optaram mais
cedo pela desvalorização da moeda tiveram uma recuperação mais rápida vinda do mercado
externo, assim o autor afirma que a desvalorização foi parte da solução para a Grande
Depressão. Através do Acordo Tripartite as desvalorizações foram coordenadas gerando
estabilidade cambial e sustentação de um comércio durável. O centro financeiro do mundo é
deslocado da Europa para os Estados Unidos, que emerge como uma potência mundial.