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FRIEDEN, Jeffry A.

Capitalismo Global

Parte I – Os últimos melhores anos da Era do Ouro, 1896-1914

1 – Capitalismo global triunfante

 Queda dos preços agrícolas nos EUA


o Criação do Movimento Populista  eleição de legisladores estaduais, senadores e
membros do congresso
o Queriam o abandono do padrão-ouro
 Para eles esse era um esquema para enriquecer os banqueiros, investidores e
comerciantes internacionais à custa de produtos da agricultura e mineração
 EUA deveria adotar a prata a uma taxa de câmbio desvalorizada
 Candidato democrata à presidência (Bryan) era um forte ativista anti padrão-ouro
 Os EUA era a maior economia do mundo, o principal solicitador de empréstimos e o mais
importante destino de capital internacional e imigrantes
o Líderes financeiros da Europa preocupados com o possível fim do padrão-ouro nos EUA
 Descobertas de ouro  suprimentos de ouro aumentou  preços subiram  trigo subiu 
Bryan perdeu
 E assim terminou a Grande Depressão de 1873-1896. Em seu lugar, emergiu o grande feito da
Era de Ouro do capitalismo global: duas décadas de crescimento e globalização

O fortalecimento do padrão-ouro

 A hostilidade em relação ao padrão-ouro, às finanças internacionais e à economia global


desapareceu
o Até mesmo os conflitos militares e políticos entre as grandes potências se atenuaram.
 Quando o novo suprimento de ouro (descobertas) foi despejado nas reservas financeiras, o valor
do metal diminuiu. Já que ouro era dinheiro, um declínio no valor do ouro era o mesmo que um
aumento no preço dos produtos; uma redução pela metade no valor do metal significava a
duplicação dos preços dos produtos em termos de taxa-ouro. Dessa forma, novas reservas de
ouro levaram a um aumento generalizado dos preços.
 Gerava uma previsibilidade e uma estabilidade que facilitavam muito o comércio, os
investimentos, as finanças, a migração e as viagens internacionais
 Fazer parte do padrão-ouro dava um status de país economicamente confiável
 David Hume identificou esse processo regulador, que recebeu o nome de “modelo de fluxo de
moedas metálicas”, uma vez que mudanças nos preços levavam a fluxos específicos de moeda
(ouro) que tendiam a forçar os preços e as economias a recuperar o equilíbrio
o Os governos do padrão-ouro privilegiavam os laços internacionais em detrimento das
demandas internas, impondo austeridade e cortes de salários a uma população
relutante, a fim de aderir ao regime
 O estímulo do padrão-ouro ao comércio, investimentos e migração internacionais foi ajudado
por avanços tecnológicos nas áreas de transportes e comunicações, por condições

 macroeconômicas geralmente favoráveis, e pela atmosfera pacífica entre as grandes potências

Especialização e crescimento

 Os países que se lançaram na economia global desses anos dourados se remodelaram de acordo
com as novas posições que encontraram no mercado mundial.
o Cada região se especializou no que sabia fazer de melhor.
 Adam Smith – “A riqueza das nações” (1776)  a especialização (divisão do trabalho)é o ponto
central de sua teoria
o Contra a autossuficiência
 Custos
o O processo transformava economias e sociedades e, com frequência, destruía as formas
tradicionais de vida
o Produtores agrícolas europeus destituídos de suas terras eram despejados nas cidades
para trabalhar em fábricas repugnantes. Outros se mudavam para regiões do Novo
Mundo ou para outras áreas de colonização recente, as quais haviam desencadeado o
problema

Descontentes com o globalismo

 Abaixo da superfície já havia tensões e abusos no capitalismo global pré-1914. Uma das fontes
de insatisfação era a subjugação de povos e nações pobres.
o Mesmo que governos na Europa, nos Estados Unidos e no Japão celebrassem o poder
do mercado, eles usavam forças de diferentes tipos – artilharia, canhoneiras, infantaria
– para dominar centenas de milhões de novas colônias na África, Ásia e América Latina
 Nem todo mundo se beneficiava da integração econômica global.
o Muitas sociedades tradicionais se estagnaram ou se desintegraram. Mesmo nas regiões
do mundo que mais cresciam, os frutos do crescimento não eram distribuídos de forma
justa

2 – Os defensores da economia global

 Relato de Keynes falando as maravilhas nessa época: comprar coisas do mundo inteiro, investir
em qualquer lugar, usar o ouro para ir a qualquer lugar, transporte rápido...
o Inglês, rico  e para as populações empobrecidas da Ásia e África
 Por décadas, a economia mundial esteve, fundamentalmente, aberta à movimentação de
pessoas, dinheiro, capital e produtos.
o Os principais empresários, políticos e pensadores do momento consideravam uma
economia mundial aberta o estado natural das coisas.
o A proteção comercial, apesar de comum, era vista como uma exceção aceitável à regra,
causada pelas exigências de políticas domésticas ou internacionais de curto prazo
 As exigências eram grandes para fazer parte do “clube”:
o Compromisso com a abertura econômica, com a proteção do direito de propriedade
além-fronteiras, com o padrão-ouro e com uma intervenção limitada na macroeconomia

Apoio intelectual à Era de Ouro

 Acreditavam que seguro-desemprego, ajuda a agricultores em apuros e programas sociais


extensivos aos pobres impediriam os ajustes exigidos pelo padrão-ouro
 Papel dos governos: controlar as relações financeiras, a moeda, o comércio entre as nações,
aplicar o direito de propriedade (nacional e internacional)
 Adam Smith
 David Ricardo (banqueiro londrino)  Vantagem comparativa
o Comparação dos custos dos produtos dentro dos países e entre eles.
o Vinhos (Portugal) e tecidos (Inglaterra)
o Os países devem produzir aquilo que melhor sabem – não em comparação com outros
países, mas o que fazem de melhor em relação a outras atividades que desempenham
 Mesmo que a produção tanto de vinho quanto de tecidos da Inglaterra fosse
melhor que a de Portugal, o país deveria continuar produzindo apenas tecidos e
comprando todo o seu vinho de Portugal
o Contra proteção comercial
 O período glorioso do livre-comércio europeu veio cem anos após Smith ter demonstrado o
quão desejável seria essa atividade.
 Apenas a Grã-Bretanha e os Países Baixos praticavam o livre-comércio; todos os outros governos
eram protecionistas, em maior ou menor grau

Nathan Mayer Rothschild, 1840-1915

 Montou a Casa Rothschild (banco)


 Cada filho em uma filial/cidade: Viena, Nápoles, Paris e Londres  ele em Frankfurt
 Se tornou sinônimo de riqueza, conexões globais e influência diplomática
 Nathan Rothschild usou sua posição para reforçar os três principais pilares da economia
internacional da Era de Ouro: finanças internacionais (sua própria empresa), o padrão-ouro e o
livre-comércio.
 Mandou um funcionário (August Belmont) para EUA (país que + tomava empréstimos no séc.
XIX e início do XX)
o Se tornou um grande empresário
o Apoiou abertura dos EUA ao mundo
 Mas EUA abandonou padrão-ouro durante a Guerra Civil – usava papel-moeda
verde
 Até que conseguiu convencer o presidente americano (Grant) a adotar o
padrão-ouro
 Belmont e Rothschild forneceram mais da metade do dinheiro que o
governo necessitava para acumular reservas suficientes para fixar o
dólar no ouro
 S
 Movimento contra o padrão-ouro desestabilizou o país  teve que
pegar mais ouro nos Rothschild/Belmont
 Em outros países financiando a abertura econômica:
o Brasil – credora oficial do Brasil
o Grande influência no Chile
o Argentina  predomínio do Baring Brothers até o calote argentino em 1890 
intervenção de Nathan Rothschild
 Crise de 1907 causada pela política norte-americana  mais uma vez, rede de contatos e
influência fizeram dos Rothschild estabilizar os mercados financeiros e o padrão-ouro
 Interesse também na exploração de pedras e minérios preciosos no mundo
o Destaque para a África do Sul (ouro e diamante)

Os partidários do livre-comércio

 Os produtores para a exportação constituíam outro influente grupo favorável à integração


global.
o Para importar insumos e exportar seus produtos
 Os partidários do livre-comércio eram grupos tipicamente ligados a atividades econômicas
semelhantes às vantagens comparativas de seus países.
o Banqueiros de Londres, fabricantes alemães, criadores de gado argentinos e
seringueiros indochinos
o Se especializavam naquilo que de melhor ofereciam suas respectivas regiões, e
compartilhavam do interesse por uma ordem econômica que recompensasse quem se
concentrasse nas vantagens comparativas de suas nações
 Os consumidores também se beneficiavam de um comércio mais livre que reduzisse o custo de
vida, mas eles eram pouco organizados e mal representados
 Economistas clássicos argumentavam que a maior eficiência trazida pelo livre-comércio poderia
ser distribuída de forma a recompensar aqueles do lado perdedor, gerando mais ganhos para
todos.
o No entanto, tirar dos vencedores para dar aos perdedores nem sempre é algo viável do
ponto de vista político
 Os banqueiros internacionais da Europa queriam que os americanos e russos exportassem para
diminuírem suas dívidas
 Os fazendeiros dos países industrializados e os industriais das nações agrícolas queriam
proteção
 Protecionismos em diversos países
o Império austro-hungaro, França, Alemanha, Itália e outros produtores pouco eficientes
de grãos
o Brasil, México e Rússia protegendo indústria nascente
o EUA, Oceania, Canadá – protecionismo dos industrialistas
o China optou por não seguir completamente a integração econômica internacional
 Países + pobres não conseguiam aguentar a pressão pela abertura do comércio
o Alguns, como Pérsia e Sião, nem tinham o que proteger
 Colônias não tinham o que querer
o Exceto os territórios britânicos autogovernados ( Canadá, Austrália, Nova Zelândia e
África do Sul) – Índia também conquistou certe independência tarifária depois
 Sem dúvida, a abertura comercial contou com a assistência da solidez intelectual, da
estabilidade macroeconômica e dos avanços tecnológicos, mas sua verdadeira fonte fora o
poder político daqueles que se beneficiavam dela

Adeptos dos pilares dourados

 Tomadores de empréstimos e seus credores dependiam do capital europeu e consideravam o


ouro essencial para que o dinheiro continuasse a fluir.
 O governo que se comprometesse a fixar sua moeda no ouro não podia utilizar políticas
monetárias, como desvalorizar a moeda ou reduzir a taxa de juros, para contornar dificuldades
econômicas domésticas
o A pressão para o abandono do ouro parecia ser grande, principalmente diante do
pânico dos bancos, do desemprego em massa e da turbulência social
 Geralmente, essa era uma luta dos produtores agrícolas, que desejavam uma moeda
desvalorizada, contra os interesses internacionalistas, que por sua vez queriam a estabilidade
de uma moeda fixada no ouro
 O resultado dessa briga dependia da força dos interesses e de sua representatividade
o Os interesses pró-ouro nos países desenvolvidos eram particularmente importantes
devido a uma elite financeira e comercial influente
o Nos países em desenvolvimento, os proprietários de terras e mineradores dominavam
muitas dessas nações oligárquicas, e devido aos interesses dos setores primários –
agricultura e matérias-primas – ao longo do período de depressão, a maior parte desses
países passou mais tempo fora do que dentro do regime
 Os dois lados se enfrentaram de forma violenta nos campos de batalha altamente politizados
dos Estados Unidos, país que abrigava de um lado produtores agrícolas e mineradores
poderosos e, de outro, uma comunidade financeira igualmente forte –, além de uma
democracia eleitoral em funcionamento.

Redes globais para uma economia global

 Ligação entre grupos além das fronteiras


 As importações de um país tinham uma clara relação com as exportações de outro.
o Os exportadores britânicos de bens industriais queriam o algodão e o cobre sul-
americanos, ao passo que os produtores agrícolas e mineradores sul-americanos
desejavam o maquinário para agricultura e mineração dos britânicos
 Os produtores e credores europeus favoráveis ao livre-comércio encontraram aliados entre os
que exportavam matérias-primas e solicitavam empréstimos nos países em desenvolvimento
 Além do comércio, uma das principais fontes de energia do padrão-ouro era o extraordinário
poder da Grã-Bretanha.
o Ludwig Bamberger, banqueiro e político que ajudou a implantar o padrão-ouro na
Alemanha, disse certa vez: “Não optamos pelo ouro porque ouro é ouro, mas porque a
Grã-Bretanha é a Grã-Bretanha.”
 Nos Estados Unidos, assim como em outros lugares, o rápido crescimento do comércio
enfraqueceu os protecionistas e fortaleceu os que defendiam as trocas comerciais livres de
barreiras.  círculo vicioso
 A integração econômica global se autorreforçava

Migração internacional de indivíduos e capital

 A taxa média de lucros gerados pelos investimentos britânicos no exterior era de 70 a 75%
maior do que a produzida internamente.
o Essa diferença era ainda mais acentuada no todo-poderoso setor ferroviário, para o
qual se destinava metade de todo o investimento externo da Grã-Bretanha.
o Uma década antes de 1914, a Grã-Bretanha enfrentou um déficit comercial equivalente
a 6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, uma quantia considerável que era
compensada com alguma folga pelos ganhos líquidos dos investimentos externos de 7%
do PIB
 Falta de mão-de-obra  migração  apoio dos próprios governos
o No Brasil, após a abolição da escravatura, em 1888, os cafeicultores estavam tão
desesperados por trabalhadores que convenceram os governos local e nacional a
oferecer passagens de graça a europeus que quisessem vir trabalhar no país
 Nos países de onde o dinheiro escoava havia uma certa preocupação de que isso estaria
restringindo o fornecimento de fundos para empreendimentos domésticos rentáveis
 Imigração causava queda dos salários nos países que chegavam  receio dos que já estavam lá
o Enquanto que os empregadores os desejavam
o Restrições à imigração pela Austrália e oeste americano  principalmente asiáticos
 Países onde os trabalhares conseguiram + força

Globalização

 O capitalismo global do fim do século XIX e início do XX chegou perto do ideal clássico.
o Todos os elementos que o compunham – imigração, comércio ou investimentos
internacionais – gozavam de relativa liberdade e estavam unidos pelo bem-estabelecido
padrão-ouro
3 – Histórias de sucesso da Era de Ouro

 A Exposição Internacional de Paris de 1900 foi a maior que o mundo já viu


o Torre Eifel erguida para tal exposição
o Avanços industriais e científicos
 Telegrado sem fio, telescópio + potente, eletricidade (destaque)
o A liderança indústria começava a se distanciar da GB (e outros europeus) em sentido
aos EUA
 Mas Alemanha dominava feira
 Japão também estava ascendendo

A GB fica para trás

 1870: GB, BEL e FRA produziam quase metade da produção industrial do mundo
o 1913: não chegavam nem a 1/5
 Produção da ALE maior que da GB
 Produção dos EUA + que o dobro da GB
 Outros países se industrializavam rapidamente: ALE, EUA, CAN, AUS, ARG, JAP (Dinastia Meiji),
RUS
 A ciência alemã, a tecnologia americana e o poderio militar japonês ofuscaram o núcleo
industrial do mundo
 Muito países tornaram-se membros ativos do clube de cavalheiros da Era do Ouro da economia
mundial

Novas tecnologias e o novo industrialismo

 Mudanças nas bases manufatureiras promoveram a rápida propagação da industrialização.


o A difusão do uso de energia elétrica e de formas mais baratas de produção de aço,
além do desenvolvimento da indústria química moderna e de outras tecnologias,
transformaram a produção industrial
 Em meados de 1800, os manufaturados eram basicamente produtos têxteis, vestimentas e
calçados, mas no fim do século o foco passou para o aço, químicos, máquinas elétricas e
automóveis
 Produção e consumo em massa cresciam juntos
o Eletrodomésticos
 Indústria automobilística
o Henry Ford  linha de produção
 Produção de bens duráveis  automóveis era o mais proeminente
 Novas indústrias geravam fábricas/empresas muito maiores
 Os novos bens de consumo duráveis eram produtos caros que as pessoas compravam para
usar durante anos, de modo que a reputação de serviços e a confiabilidade tinham
importância.
o Importância da propaganda
o Domínio de poucas grandes empresas
 Singer, a Ford, a General Electric e a Siemens
 Os alemães, os norte-americanos e outros que se desenvolveram tarde puderam começar o
processo com instalações e equipamentos mais modernos, produzindo o que havia de mais
novo em fábricas imensas, utilizando tecnologia de ponta
 Os recém-industrializados dependiam de uma economia mundial aberta
 Financiamento por capital estrangeiro

Protegendo as indústrias nascentes

 Apesar de os países que desafiavam a supremacia industrial britânica contarem com acesso
a mercados, tecnologia, capital e fornecedores do exterior, eles também tendiam a utilizar
barreiras comerciais para proteger suas indústrias
 O mais conhecido dos primeiros teóricos da industrialização por meio do protecionismo foi
Friederich List, um economista político e ativista alemão do século XIX.
o List considerava o livre-comércio o objetivo final, mas argumentava que o
protecionismo comercial temporário era necessário para equalizar as relações entre
as grandes potências
 Necessidade de apoio do governo
 Níveis muito altos de proteção tendem à criação e à defesa de monopólios.
 Tarifas comerciais altas contribuem ainda para que a indústria seja dominada por
estrangeiros, já que as empresas europeias, impossibilitadas de vender para os mercados
russos (chegou a ter uma proteção de 84% sobre produtos manufaturados), contornavam
as barreiras tarifárias estabelecendo suas empresas dentro do Império
 A teoria clássica do comércio apontava para dois resultados indesejáveis das barreiras
comerciais:
o Por aumentar os preços, o protecionismo transferia renda dos consumidores para
os produtores
o O protecionismo fazia com que o país se desviasse de suas vantagens comparativas
 Criação de cartéis

Áreas de colonização recente

 Na década de 1890, os europeus, além de outros povos, já haviam se estabelecido em


grandes áreas de colonização recente e praticavam a agricultura, a mineração e outros tipos
de atividades
 Elas possuíam recursos naturais, mas a extração só se tornou economicamente viável com
as recentes transformações tecnológicas, migrações e exploração.
o parte, de Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Estados Unidos, África do Sul e do Cone
Sul da América Latina (Argentina, Uruguai, Chile e o sul do Brasil) foi invadida por
essa nova atividade
 Esses países se tornaram ricos por seus recursos naturais: a agricultura e a mineração
alimentaram um crescimento econômico mais amplo
o Uma coisa levava a outra
 Abatedouros, trabalhadores, casas, indústria.......
 Estímulo a imigração
 áreas de assentamento recente cresceram porque tinham
 Acesso aos mercados globais, e suas economias eram organizadas de forma a exportar para
a Europa
o A Era de Ouro da economia mundial foi uma das principais fontes para a
prosperidade alcançada por argentinos, canadenses, australianos e uruguaios

Crescimento nos trópicos

 Essas regiões eram tipicamente tropicais ou semitropicais e já estavam envolvidas no


comércio internacional. Suas exportações e atividade econômica de maneira geral foram
fortemente empurradas (ou puxadas!) pelos avanços tecnológicos e pelo crescimento
global
 México: minério e petróleo
 Brasil: café e borracha
o Auxiliada por altas tarifas, a produção industrial de 1915 incluía 122 milhões de
metros de tecido de algodão, muitos outros milhões de metros de tecido de seda, lã
e juta, assim como 5 milhões de pares de sapato e 2,7 milhões de chapéus
 Colômbia: se beneficiou dos altos preços do café no Brasil
 Capitalistas estrangeiros forneciam empréstimos para a construção de rodovias, ferrovias,
portos e outros tipos necessários de infraestrutura
 África
o O boom se concentrou nas quatro colônias mais prósperas, as britânicas Nigéria e
Costa do Ouro e as francesas Senegal e Costa do Marfim. Essas regiões já produziam
sementes (amendoim), óleo de palma e outros cultivos semelhantes
o O sistema colonial restringia as possibilidades de proteção comercial das
manufaturas locais, diferentemente do que ocorria na América Latina
 Ásia
o As áreas bem-sucedidas do sul e sudeste da Ásia também expandiram a produção
agrícola já existente ou iniciaram o cultivo de novas terras para lucrarem com o
mercado crescente das exportações
o Assim como na África ocidental, a indústria não cresceu de forma significativa.
Devido ao padrão de vida baixo da região, os mercados locais para os
manufaturados modernos eram pequenos, e as potências coloniais desestimulavam
o desenvolvimento industrial, de forma explícita ou implícita
 Os grupos dominantes de muitas das regiões em desenvolvimento estavam bastante
comprometidos em levar seus países ao mainstream da economia internacional
Heckscher e Ohlin interpretam a Era do Ouro

 Pós-1GM
o Heckscher e Ohlin acreditavam na teoria das vantagens comparativas – tanto como
uma prescrição do que os países deveriam fazer quanto uma descrição do que
geralmente faziam.
 O problema é que essa fórmula era quase tautológica: como se poderia
saber com antecedência o que um país produzia melhor senão observando
o sucesso ou o fracasso das exportações?
 Eles notaram que os países se diferenciavam quanto a fatores de produção:
o Alguns eram ricos em terra, outros possuíam mão de obra em abundância e
terceiros dispunham de capital.
o Esses fatores, supunham eles, determinariam as vantagens comparativas nacionais
e as importações e exportações dos diferentes países
 Um país exportará bens de uso intensivo dos recursos que possui em abundância
 Segundo eles, esperava-se que os países ricos em capital exportassem capital, e os ricos em
mão de obra exportassem mão de obra
 A teoria comercial de Heckscher e Ohlin ajuda a explicar o sucesso dos países que se
concentraram no uso de seus fatores abundantes na divisão internacional do trabalho. Os
países ricos em terras, que fizeram o que estava ao seu alcance para desenvolver a
agricultura, prosperaram; assim como fizeram os países ricos em capital, focados nos
investimentos externos.

4 – Desenvolvimentos fracassados

 Apesar da revolução econômica da Era de Ouro, a maior parte do mundo permaneceu


opressivamente pobre
o grande parte da da Ásia, África, do Oriente Médio e até mesmo áreas da Rússia, da
América Latina e do sul e leste da Europa caíam para degraus ainda mais baixos
 De fato, quase todas as partes do mundo cresceram, mas as disparidades nos índices eram
grandes
 a Europa ocidental, as áreas de colonização recente e a América Latina cresceram cerca de
quatro vezes mais rápido do que a Ásia e duas vezes mais devagar do que o sul e o leste da
Europa
 Muitos dos dominantes não podiam, ou não queriam, criar condições para um crescimento
econômico sustentado
o Por ex. colonizadores

O rei Leopoldo e o Congo

 Para as potências europeias que estavam dividindo toda a África, o novo Estado Livre do
Congo era uma nação-tampão útil por separar as colônias francesas, britânicas, alemãs e
portuguesas da região
 Rei Leopoldo se dizia contra a escravidão  mas só tinha discurso de defensor dos direitos
humanos  ele queria é lucrar com o comércio de borracha usando mão-de-obra
praticamente escrava, explorada, aterrorizada
 A borracha selvagem do Congo era um recurso muito conveniente para o rei ávido por
dinheiro vivo, uma vez que ela brotava naturalmente e não gerava custos de plantação. O
problema era que atingir os campos selvagens tornou-se difícil e doloroso: eles estavam
espalhados pela densa floresta tropical e, muitas vezes, a única forma prática de
transformar a seiva em borracha era o coletor espalhá-la em seu corpo, esperar secar e tirá-
la, com pelos e tudo. A coleta era tão difícil que os administradores de Leopoldo não
conseguiam voluntários congoleses para realizar a tarefa em troca de bens. Assim, o Estado
Livre optou pela força, impondo “taxas” aos congoleses a serem pagas em borracha.

Colonialismo e subdesenvolvimento

 Retiravam-se recursos valiosos sem que qualquer riqueza, tecnologia ou treinamento fosse
deixado para trás
 Eram uma volta ao mercantilismo europeu dos séculos XVII e XVIII
 concessão de terras a europeus para que fossem cultivados produtos rentáveis que
normalmente não eram produzidos pelos nativos
 O colonialismo suprimia o desenvolvimento a ponto de bloquear a integração econômica da
colônia com o resto do mundo, ou de impedir que os sujeitos coloniais participassem do
projeto

Má gestão e subdesenvolvimento

 Os governantes que se interessavam pelo crescimento econômico garantiam confiáveis


sistemas de transportes, comunicação e finanças.
 A má gestão era a principal barreira ao desenvolvimento econômico.
o Ela impedia que produtores agrícolas e mineradores levassem seus produtos aos
mercados mundiais

Estagnação na Ásia

 Os fracassos desenvolvimentistas mais notáveis foram a China, o Império Otomano e a


Índia.
 As classes dominantes dos três países temiam que o crescimento econômico provocasse
mudanças sociais que os tornassem ingovernáveis, ou ao menos ingovernáveis pela
administração vigente

Estagnação nas plantações intensivas

 As classes dominantes que precisavam de mão de obra para as plantações ou dependessem


de mineiros que aceitassem trabalhar por muito pouco perderiam a base de seus privilégios
caso a mão de obra migrasse para atividades mais lucrativas.
 O açúcar e o algodão podiam ser definidos como produtos “reacionários”, enquanto o café
e o arroz eram cultivos “progressistas”.
o Os primeiros eram produzidos em plantações intensivas e criaram as sociedades
mais desiguais e estagnadas do mundo; os últimos eram cultivados em pequenas
propriedades e geraram oportunidades para um crescimento econômico amplo.
 Café e arroz, por outro lado, eram cultivos ideais para as pequenas propriedades.
o No caso do café, isso podia ser explicado, em parte, pelo cuidado que a colheita do
produto exigia; os frutos não amadurecem ao mesmo tempo e o coletor precisa
prestar atenção no que está colhendo. A utilização de mão de obra intensiva, como
ocorria na produção de açúcar e algodão, não era algo prático. A economia de
escala nas produções de café e arroz era irrelevante, e os pequenos fazendeiros
dominavam a produção.
 O Nordeste do Brasil cultivava tanto algodão quanto açúcar, promovendo um duplo estrago
em sua estrutura social. A ordem econômica e política reforçava a posição dos proprietários
de terra ricos e dos comerciantes, oferecendo poucos motivos para melhoras na qualidade
do governo, infraestrutura ou escolas
 Uma das vantagens do café era permitir que os pequenos proprietários plantassem outras
culturas por entre as árvores, obtendo ao mesmo tempo alimentos básicos para suas
famílias e um produto rentável

Obstáculos ao desenvolvimento

 Muitos motivos geravam estagnação, declínio e fracasso nas regiões pobres do mundo
o Saqueio colonial era o culpado.
o Peso acumulado de anos de sociedades tradicionais asfixiava o crescimento
econômico moderno
o Produção mineral e agrícola intensiva criou uma elite forte, hostil ou indiferente às
medidas necessárias para a difusão do desenvolvimento.
o Existência de indivíduos focados na busca de seus próprios interesses obstruía as
vias para o desenvolvimento e destruía as expectativas econômicas da população

5 – Problemas da economia global

 Os principais desafios da Era de Ouro do capitalismo global vinham de dissidências no


centro do sistema, não das massas empobrecidas da Ásia e da África.
o Industriais britânicos contestavam o envolvimento do país com o livre-comércio e a
liderança da nação na economia global.
o Produtores agrícolas norte-americanos questionavam a vantagem do padrão-ouro.
o Organizações de trabalhadores e partidos socialistas na Europa se mobilizavam
contra problemas domésticos há muito tempo evidentes.

Comércio livre ou comércio justo?


 Na década de 1880, dissidentes da ortodoxia do livre-comércio britânico exigiam um
comércio justo: retaliações contra as barreiras protetoras ao redor do mundo.
o Protecionismo na Europa, EUA, América Latina e Ásia... Enquanto que produtos
destes países entravam livremente na GB
o As principais indústrias da Grã-Bretanha passaram a depender cada vez mais das
vendas dentro do Império, onde as empresas e os laços culturais lhes concediam
vantagens
 O movimento foi liderado por Joseph Chamberlain, um fabricante da área metalúrgica que
havia sido prefeito de Birmingham, líder do Ministério do Comércio e secretário das
Colônias
 Os financistas baseados na cidade de Londres se mobilizaram para defender a abertura
comercial da Grã-Bretanha, e encontraram apoio nos mercadores e nas indústrias
exportadoras bem-sucedidas
 Entre 1870 e 1913, o tamanho da economia britânica mais do que dobrou. Mesmo
considerando o crescimento populacional, o produto por pessoa do país cresceu mais de
50% durante o período. Não obstante, o abismo que existia entre a Grã-Bretanha e o resto
do mundo se estreitava continuamente.
 Os Estados Unidos e a Alemanha passaram a ser os dínamos manufatureiros do mundo. A
Grã-Bretanha mantinha a sua liderança apenas nos serviços, como atividades bancárias,
seguros e frete.
 O entusiasmo dos investidores britânicos por empreendimentos estrangeiros enfraqueceu a
economia britânica, ao passo que fortaleceu a dos países destino desse capital
 A crescente dependência dos produtos tradicionais britânicos dos mercados imperiais adiou
a modernização industrial ao facilitar a venda de bens que não exigiam mudanças
tecnológicas
 Críticos culpavam as escolas da nação pela atenção inadequada ao treinamento técnico,
excessiva rigidez classista e insuficientes princípios meritocráticos de promoção e avanço

Vencedores e perdedores do comércio

 Stolper e Samuelson mostraram que o comércio leva os proprietários nacionais de um fator


de produção abundante a melhores condições e os proprietários dos recursos escassos a
uma pior condição. Os detentores de recursos abundantes ganham com o comércio,
enquanto aqueles de recursos escassos perdem
 A proteção ajuda os que detêm um recurso nacional escasso; o comércio ajuda os que
detêm um recurso nacional abundante
 Os interesses protecionistas eram menos influentes do que os dos grupos internacionalistas
que dominavam a Era de Ouro: banqueiros e investidores internacionais, comerciantes,
industrialistas competitivos, produtores agrícolas e mineradores de exportação.
o Mas os protecionistas sempre estiveram presentes, e eles eram poderosos em
alguns lugares – como nos Estados Unidos e na Rússia – e épocas, como durante as
recessões
A prata ameaça o ouro

 Os produtores agrícolas e os mineradores que produziam para os mercados mundiais eram


os opositores mais ressonantes ao padrão-ouro.
o Isso ocorrera porque um país que estava sob o padrão-ouro não podia utilizar a
desvalorização monetária para proteger os exportadores das quedas de preço de
seus produtos
 S
 Quando os preços mundiais do trigo, café e cobre caíam, o valor dessas commodities na
Argentina, Colômbia ou Chile caía ainda mais, se o país tivesse aderido ao padrão-ouro
 Desvalorizações não faziam milagres. Quando a moeda era depreciada, os produtos
estrangeiros se tornavam mais caros. Ocasionalmente, esse aumento dos preços passava
para a economia doméstica e contribuía para a inflação
 Por esses motivos, a maior parte dos países exportadores de produtos agrícolas e de
mineração permaneceu fora do padrão-ouro, ou aderiu a ele apenas de forma provisória.
o As duas alternativas ao ouro eram o papel-moeda e a prata.
o A maior parte dos países da América Latina e do sul da Europa emitia papel-moeda
inconvertível, não intercambiável por ouro.
 Ou seja, o papel-moeda como o dos dias atuais, emitido pelo governo e
com valor definido nos mercados monetários.
 Nas décadas antes da Primeira Guerra Mundial, o preço da prata se desvalorizou em relação
ao do ouro, de forma a enfraquecer as moedas nela fixadas.
o Se o preço da prata caiu em 10%, o mesmo ocorreu com todas as moedas fixadas
nesse metal.
 Isso tinha o mesmo efeito de uma desvalorização, o que permitia que os
países da prata concedessem a seus exportadores uma posição competitiva
vantajosa nos mercados mundiais.

O trabalho e a ordem clássica

 Não se tratava apenas de uma oposição dos trabalhadores à integração econômica – de


fato, em muitos países, sindicatos e partidos socialistas defendiam, com veemência, o livre-
comércio –, mas as demandas trabalhistas se chocavam com os pilares do sistema clássico
liberal de salários flexíveis e governo mínimo
 Sindicatos – movimento operário
 A principal preocupação dos trabalhadores era a proteção contra o desemprego

Era dourada ou manchada?

 A ordem econômica resultante trouxe crescimento e mudanças sociais para grande parte
do mundo, além de produzir uma riqueza inimaginável para as nações desenvolvidas,
expandindo os benefícios do desenvolvimento industrial para as classes média e
trabalhadora e semear a esperança da modernidade em regiões há tempos mergulhadas na
pobreza
 Mas havia falhas na economia mundial clássica. Os países mais populosos do mundo, a
China e a Índia, se beneficiaram pouco do crescimento embriagador do fim do século XIX e
início do XX
 Partes significativas de Ásia, África e América Latina foram deixadas para trás
 Até nas regiões que se desenvolveram rápido, os frutos do crescimento foram distribuídos
de forma desigual
 Vie
 Veio a 1GM e acabou com essa liberdade e confiança toda e foi varrida de vez com a crise
de 1929

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