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Aula 1

 Dentro da Economia Internacional há desde logo esta divisão: Economia internacional


teórica e Economia internacional descritiva.

Economia internacional descritiva

Perante a pandemia que estamos a viver, o PIB português, provavelmente vai descer este ano
5%, outras entidades falam em 8%, mas, de uma maneira geral, o que estamos a fazer é a
descrever um lado especifico da economia que é o PIB. Da mesma maneira que a taxa de
desemprego, provavelmente irá atingir valores acima de 2 dígitos, isto é Economia
Internacional Descritiva. Quando olhamos pela janela e vemos um centro comercial apenas
com uma loja aberta, naturalmente de bens essenciais, significa que a receita do centro
comercial será perto de 0%, isto é Economia Internacional Descritiva. Comparar taxas de
inflação, desemprego, PIB, isto tudo é descritivo.

Economia internacional teórica


Teoria monetária – os bancos, face á pandemia, e outras entidades, injetam dinheiro na
economia com créditos e empréstimos para a população

Teoria pura do comercio internacional – o comercio internacional foi o tema fundador da


ciência económica, ou seja, se faz sentido falar em economia foi porque em algum momento
tudo começou com algo, esse algo foi comercio internacional. Quando no séc.XVIII homens
como Adam Smith, David Ricardo, Stuart Mill e outros contribuíram para o nascimento e
consolidação da ciência económica, fizeram em torno deste tema de comercio internacional.
Esta teoria é uma pureza de conceitos, claramente iniciado por Adam Smith, sendo uma
tentativa de explicação do que era o comercio internacional.

A teoria pura pretende analisar 3 fatores: determinantes do comercio internacional, os termos


de troca e os efeitos do crescimento económico, no comercio, na produção e no consumo. O
dinheiro não tem de entrar na matéria, os economistas conseguiam trabalhar sem olhar para a
teoria monetária, e isto aplica-se á economia pura.

Termos de Troca (empresas) – exemplo: o custo de 10 toneladas de borracha é capaz de ser


igual ao preço de venda de um bocadinho pequeno de ouro (3 gramas). No final do dia, o que
isto significa, é que, um país que está especializado, que produz borracha vai ter um termos de
troca, em relação a um país que extrai ouro, vai ter um termo de troca distorcido. É preciso o
trabalho de milhares de pessoas na empresa que produz a borracha, para que essa borracha
possa permitir ao país comprar um bocadinho de ouro, para que depois no comercio
internacional, o dinheiro feito pela venda de borracha, possa ser utilizado para comprar
mascaras cirúrgicas, por exemplo, ou seja, tenho de produzir muito de um bem, porque os
preços nos mercados internacionais são muito baixos, para que depois possa obter pouco de
bens cujo preço no mercado internacional é mais alto. Os termos de troca expressam as claras
diferenças entre diferentes bens que depois fazem a diferença entre os países, tornam os
países mais pobres e outros menos pobres, e isto é geopolítica. A escassez também influencia
os termos de troca, mas nem sempre é uma questão de escassez, é politica, diplomacia, poder
das empresas sobre o mercado e etc. Nem sempre foi fácil que os poderes instituídos
percebessem o interesse do comercio internacional, esse caminho foi aberto no séc.XVIII por
Adam Smith, até então o comercio era visto de maneira assimétrica. É preferível existir
comercio com trocas injustas do que não existir comercio de todo pois prejudicaria tudo.
Países mais fortes economicamente conseguem mante ruma posição mais assertiva nos
termos de troca em relação a países mais fracos a nível de produção e afins. O ambiente em
que esta teoria é desenvolvida é muito hostil porque a corrente doutrinal dominante era o
mercantilismo, o que significava que o objetivos dos Estados-Nação era acumular metais
preciosos, e para acumular metais era preciso exportar o mais possível e importar o menos
possível, e portanto, a corrente mercantilista que pautou este seculo, era contraria ao
comercio, fomentava a exportação. Termos de troca distorcidos – 1 borracha por 2 lapiseiras,
não significando que isto não seja justo.

Fatores determinantes do comercio internacional – Tem a ver com aquilo que os países vêm
que pode ser a vantagem inerente em envolverem-se no comercio internacional. Se o país não
vir vantagem não vai fazer comercio internacional pratica a autarcia (isolamento). A primeira
razão pela qual os países podem querer entrar no comercio internacional tem a ver com o
precisar de um bem mas não o conseguir produzir. Se um país precisa de trigo e não consegue
produzir precisa de importar. Outra razão pode ser o facto de um produto especifico ter
melhor qualidade do que o que é possível fazer internamente (coca-cola EUA ou vodka Rússia),
sendo mais barato importar do que produzir internamente, por uma questão de
especialização. No nosso caso, Portugal, seria melhor especializar-nos na produção de vinho,
onde temos mais valor. Ao especializar numa coisa, pode ser vendida no comercio
internacional, e com os termos de troca, trocar por outros produtos que não é viável produzir
internamente. Nos dias de hoje a qualidade prevalece sobre a quantidade, no seculo XVIII
dizia-se que os bens eram homogéneos.

Efeitos do crescimento económico, no comercio, na produção e no consumo


Se existir um crescimento económico, estas três definições aumentam.

Teorias explicativas do comercio:

 Abordagem clássica: para os clássicos o comercio era explicado pelas diferenças de


produtividade de um dos fatores produtivos, os clássicos reconheciam 2 fatores, terra
e trabalho, mas explicavam o comercio pelas diferenças de produtividade do trabalho.
Vamos imaginar que para produzir um automóvel, na Alemanha precisamos de 10
trabalhadores durante 10 dias, e em Portugal 100 trabalhadores durante 100 dias, a
produtividade dos Alemães é maior em relação á de Portugal. Os clássicos achavam
que a produtividade dependia da habilidade dos trabalhadores, ou seja, já nascia com
eles, portanto, por exemplo, Portugal especializar-se-ia na produção de vinho por
naturalmente os portugueses são melhores nisso. O mesmo para os Ingleses e o
tecido.
Aula 2
 Abordagem neoclássica: novos clássicos porque estes cientistas pegam nos
pressupostos clássicos e aplicam-nos na sua essência para explicar o comercio
internacional com base nos mesmos. John Stuart Mill e Alfred Marshall olham para o
comercio pelo lado da especialização da procura (consumidores e procura a
determinar o padrão de especialização). Portugal especialista em vinho porque a
procura do mesmo é exigente – modelo da procura. Hecksher, Ohlim e Samuelson
olham para os fatores produtivos, dotações fatoriais – aquilo que um país tem de
trabalho, capital, terra (e mais recentemente os sistemas de informação e novas
tecnologias). Há semelhança entre os clássicos – modelo da oferta
 Abordagem neo-fatoriais e tecnológicas: trabalhos que já foram desenvolvidos ate a
ultima parte do seculo XX e inícios do séc.XXI. Deixam cair a hipótese fundamental dos
clássicos e dos neoclássicos – teoria existência da concorrência perfeita – existência de
um grande numero de pequenos vendedores e a existência de um grande numero de
pequenos compradores. Passa a haver modelos de concorrência imperfeitos:
 Neofatoriais (novos fatores): influencia artificial, comunicação através da tecnologia
 Modelos tecnológicos: país em determinado momento tem vantagem tecnológica que
mais nenhum dispõe

Mercantilismo (1500-1750)

Objetivo do estado-nação é acumular metais preciosos numa logica do que um ganha com
o comercio, o outro perde. Ex: como se fosse um jogo de xadrez. Quem exporta ganha
porque acumula e quem importa perde porque despende (perde metais) – logica
mercantilista

Fortalecimento do Estado, nomeadamente na fiscalização do comercio

Forma de agir do Estado – fiscalizar o comercio e se fosse necessário impedia as


importações e fomentava as exportações – resultava a parte fiscal: os impostos que o
Estado cobrava quando se importava e quando se exportava – fortalecimento do Estado

Mercantilismo não é uma doutrina – não fundou nada (contrariamente aos clássicos que
fundaram uma ciência) – é uma corrente de pensamento da época que teve a sua
relevância (dominou o mundo) – apesar de não ser doutrina forma os primeiros a estudar
a troca entre nações

Época de grandes transformações

- Contexto da época é fundamental para perceber os trabalhos dos cientistas

- Trocas comerciais aumentaram significativamente nesta época por causa das descobertas
marítimas (fortalecimento da classe mercantil) – viagens á India, descoberta do Brasil,
descoberta da América – encheu-se os mares de navios – classe emergente: burguesia
(classe mercantil) que consegue ter os reis na mão e financia-os e têm um nível de vida
elevado – grande acumulação de riqueza (metais preciosos da América) – a corrente de
pensamentos mercantilista não iria ocorrer se no fosse as grandes transformações da
época.
Depois do Mercantilismo e antedê de Davida Ricardo – Abordagem pré-Ricardo

David Hume – relação entre a acumulação de metais preciosos e o excesso de oferta da


moeda e o aumento dos preços e por ultimo a menor competitividade do país.

Adam Smith – riqueza da nação depende da capacidade produtiva (e não da acumulação


do ouro) – 1776 David Ricardo torna-se aluno de Adam – Adam quebrou com a corrente
mercantilista (primeiro), pode provocar menor competitividade de um país e por isso
menos forte no comercio internacional – menos Estado – mão invisível
Aula 3 e 4
David Hume coloca um problema ao mercantilismo, o mercantilismo faz uma relação
muito forte entre acumulação de metais e riqueza da nações, um país era tao mais rico
quanto mais fosse capaz de ter metais preciosos. David Hume vem estabelecer uma logica
interessante, logica sequencial – vamos assumir que de facto a acumulação é proveitosa
do ponto de vista nacional, mas a acumulação de metais preciosos vai gerar uma
consequência, sendo essa o excedente comercial (provoca acumulação de metais
preciosos). Imaginando que o dinheiro é um bem e que nos temos oferta e procura, o que
vai acontecer é que se há mais exportação que importação e se acumulamos metais
acumulamos dinheiro, e portanto vai haver excesso de oferta de moeda, é como se a
curva da oferta positivamente inclinada se deslocasse para a direita, havendo excesso de
oferta (não estamos a produzir mais bens, estamos a acumular mais moeda, ou sejam, os
preços aumentam). No final do dia este excesso de oferta tem uma consequência, se ao
invés de 10 garrafas de agua e 10 euros, tivermos 10 garrafas e 100 euros, isto leva ao
aumento dos preços com o excedente de oferta da moeda, se os preços dos produtos em
Portugal aumentarem (caso da agua) e se noutros países manterem constantes, temos
menos exportações e menor competitividade das empresas = menor crescimento
económico. Afinal a acumulação de metais preciosos, vai gerar menor crescimento
económico.

Adam Smith é o pai dos clássicos e vem dizer algo diferente de David Hume explicando a
riqueza da nações depende estritamente da capacidade produtiva. Não é a acumulação de
ouro que causa a riqueza das nações, é a capacidade produtiva. A capacidade produtiva é
um país (rico) que é capaz de produzir muitos bens (se 2 pessoas tiverem uma exploração
de alfaces e por dia produziam 20 alfaces, a capacidade produtiva é 20 alfaces). Adam
Smith tem 2 virtudes nesta época, em primeiro lugar cria a ciência económica, e depois a
mão invisível (força omnipresente do mercado, regular-se a si próprio sem intervenção
externa) que contribui para uma profunda reorganização geopolítica (e social) dos Estados
da sua época, ao mostrar que podemos ter um Estado menos presente e mais capaz de
gerar a paz e cooperação.

Modelo clássico das trocas internacionais ou teoria dos custos comparados ou das
vantagens comparativas (modelo de Ricardo) (séc.XVIII)

- Existência de 2 bens 2 fatores de produção e 2 países – significa que esta gente trabalhou
numa espécie e tubo de ensaio, em que considerou 2 países (PT e ING), 2 bens (vinho e
tecido), e 2 fatores de produção (terra e trabalho)

- Existência de concorrência perfeita – não haver uma empresa que domina o mercado,
existem apenas pequenas empresas com muitos pequenos vendedores (oferta) e muitos
pequenos consumidores (procura). O controlo do mercado não é só da empresa que
produz, é também do lado dos consumidores. Na concorrência perfeita também se fala
nos bens homogéneos, são bens que não são diferenciáveis. Custos de transporte não
existentes (custos negligenciáveis). O acesso á informação é igual para todos.

- Trabalho – A oferta do fator trabalho é limitada porque não conseguimos multiplicar o


fator por 3 ou por 4 (nada tem a ver com a qualificação da mão de obra). Se alguém quiser
ter 20 mil milhões de pessoas a trabalhar no mundo vai ter de esperar (pessoas disponíveis
para trabalhar), a oferta de pessoas disponíveis para trabalhar é limitada. Procura de
trabalho é o que é feito pelas empresas, os trabalhadores oferecem-se para trabalhar.

- Mobilidade perfeita dos produtos – Vinho português pode ser vendido em


Londres/Tecido inglês pode ser comprado por Portugal. Podia não haver mobilidade dos
produtos e então o vinho português tinha de ser vendido em Portugal e o tecido Inglês em
Inglaterra, não é isto que é dito.

- Imobilidade internacional dos fatores de produção – Trabalho, por exemplo, um


trabalhador português só poderia trabalhar em Portugal, o mesmo para um inglês. Este
modelo á luz da época é muito restritivo em termos de emigração (não sendo o mais
amigável nos fluxos migratórios).

- Bens idênticos e homogéneos – bens não diferenciáveis, não existe uma diferenciação
dos produtos numa mesma industria. Nesta época a qualidade do produto não era tida em
conta, ou seja, tem todos a mesma qualidade. O vinho português não se venderia mais que
o inglês, iria ser exportado por outras razoes, mas não pela qualidade.

- Economia a funcionar em pleno emprego – desemprego voluntario (ganhar o


euromilhões/um casal tem um filho e despedem-se para tratar do filho/cuidar dos pais). Se
há pessoas que não querem trabalhar, na verdade estas pessoas vão ser desempregados
voluntários, não podendo achar que o pleno emprego é taxa de desemprego = 0%.
Também temos as pessoas sem-abrigo, que estão á margem da sociedade ou por outros
motivos como cognitivos. O pleno emprego não é todos com emprego, há uma parte da
população desempregada. Antes da pandemia, em Portugal estávamos perto do pleno
emprego.

- Objetivo do produtor era maximizar o rendimento - se puder vender 20 e ganhar 2, vai


ser preferível do que vender 15 e ganhar 1. O produtor olha por si próprio e pelo facto de
maximizar o seu interesse/rendimento vai contribuir para o bem-estar social.

- O valor de um bem depende do trabalho nele empregue – um bem se precisar de mais


trabalho, tem mais valor, se um bem, para ser produzido necessitar de menos trabalho
tem menos valor. O valor do trabalho é medido em horas, um bem que precisa de 10 horas
de trabalho para ser produzido tem mais valor do que um que apenas precisa de 5. Para os
clássicos só há 2 fatores de produção (terra e trabalho – a importância dos pressupostos
em ciência é crucial). Se um bem x precisa de 10 horas e um bem y precisa de 5 horas,
entrega se 2 do bem y para obter 1 do bem x.

- Não existência de custos de transporte.

Se os preços relativos de 2 bens diferem de um país para o outro os 2 países podem


beneficiar de uma troca de bens com ratios intermédios de preços – “Hino ao comercio
internacional” (desabafo do prof) por David Ricardo – com esta frase David diz que o
comercio internacional pode e deve ser útil para todos os países envolvidos e para os
países que exportam.

Custo absoluto do tecido 6 HORAS DE TRABALHO 4 HORAS DE TRABALHO


Custo absoluto do vinho 3 HORAS DE TRABALHO 8 HORAS DE TRABALHO

Custo relativo do tecido 6/3=2 4/8=0,5

Custo relativo do vinho 3/6=0,5 8/4=2

Portugal Inglaterra

- As 6 horas de trabalho é o tempo que demora a produzir tecido em Portugal, em Inglaterra 4


horas

- As 3 horas de trabalho é o tempo que demora a produzir vinho em Portugal, em Inglaterra 6


horas

- O país melhor posicionado para produzir tecido é Inglaterra, são mais eficientes e tem uma
habilidade inata para produzir tecido

- O vinho é exatamente o mesmo que a anterior mas com Portugal, sendo a sua especialização
no vinho e Inglaterra, no tecido havendo comercio entre estas 2 nações existe comercio
internacional

- Imaginando por hipóteses que Inglaterra produzia tecido em 10 horas (custo absoluto do
tecido), Portugal passa a ser melhor exportador de tecido que Inglaterra, a necessidade que
Portugal tem de ir para comércio com Inglaterra é nula, uma vez que produz melhor vinho e
tecido (especialização) que Inglaterra. Portugal precisa de menos horas que Inglaterra para
produzir ambos os produtos. Era preferível a situação de autarcia para Portugal (país não teria
nenhuma vantagem em entrar em comercio internacional, ou seja, o país ficaria isolado)

- David Ricardo em 1817: Preços Relativos de Bens – Em termos relativos, Portugal, para
produzir tecido, tem o dobro do gasto de energia que necessita para produzir vinho.
Imaginemos que Portugal só tem 6 horas de trabalho, sendo assim, só poderá produzir 1
unidade de tecido, quanto ao vinho, poderia produzir 2 unidades. O custo relativo do vinho é
metade do custo relativo do tecido, porque quando Portugal dedica a sua mão de obra á
produção de vinho tem um dispêndio que é metade do dispêndio quando produz tecido. O
custo relativo só pode ser visto se tivermos 2 bens. Fazendo o mesmo para Inglaterra, o custo
relativo do tecido é metade porque só precisam de 4 horas para o tecido e 8 para vinho e vice-
versa. Se os preços (custos) relativos de 2 bens diferem de um país para outro ambos podem
beneficiar de uma troca de bens, comercio, com rácios intermédios de preços (termo de troca)

TT = 0,5<TT<2 desde que o preço esteja compreendido entre estes 2 valores, existe comercio
internacional entre os 2 países.

TT = 1 significa que no comercio se troca 1 unidade de vinho por 1 unidade de tecido

TT = 2 significa que no comercio se troca 2 unidades de vinho por 1 de tecido

TT = 0,5 significa que no comercio se troca 0,5 unidades de vinho por 1 unidade de tecido

Portanto o comercio só é valido e útil para ambas as nações se o TT for maior que
0,50(max0,51) e menor que 2 (max1,99).
O custo relativo do tecido expressa quanto do outro bem (vinho) é necessário para obter 1
de tecido

O custo relativo do vinho expressa quanto do outro bem (tecido) é necessário para obter 1
de vinho

TT=1

Vamos imaginar que Portugal tem 30 horas de trabalho. Portugal está em Autarcia (durante
mercantilismo) e tinha de produzir vinho e tecido.

Produzir 1 unidade de tecido gastando 6 horas

Sobravam 24 horas para produzir vinho ou seja produzimos 24/3=8 unidades de vinho

Em conclusão, sem comercio, Portugal está a produzir 8 unidades de vinho e 1 unidade de


tecido esgotando a capacidade produtiva que tem.

Agora vamos imaginar que Portugal já não é do mercantilismo mas sim do comercio, ou seja,
quer fazer comercio internacional

Portugal especializa-se apenas em vinho, só produz vinho.

Se apenas produzirmos vinho, vamos produzir 10 unidades de vinho (30/3=10) porque temos
30 horas de trabalho, distribuímos essas horas apenas para produzir vinho (3 horas de
trabalho).

Admitindo que Portugal queria manter as mesmas unidades de vinho que tinha em autarcia
(8), reserva-as para consumo interno. Até agora o comercio ainda não deu lucro nenhum.
Sobram-nos 2 unidades de vinho para comercializar, então, com as 2 unidades que restam de
vinho vão ao comercio trocar com Inglaterra, ao trocar vamos receber 2 de tecido. O comercio
internacional rendeu porque quando estávamos em autarcia tínhamos 8 unidades de vinho e
apenas 1 de tecido, agora temos as mesma de vinho com 1 extra de tecido (comparado
quando estávamos em autarcia).

Aula 5
Dizer que Portugal ganha 1 unidade de tecido é o mesmo que dizer que Portugal tem um
ganho de 6 horas, porque para produzir tecido demorava 6 horas. Quando vamos para
comercio conseguimos consumir 2 unidades de tecido em vez de 1, que era a situação de
autarcia, o que acontece é que se nos tivéssemos de produzir essa unidade adicional de tecido
sem comercio, íamos gastar 6 horas (relembrando o quadro original). No final do dia Portugal é
como se tivesse com o comercio a 36 horas de trabalho (30 que já tinha + 6 horas que iria
demorar a produzir 1 unidade de tecido adicional). Para Portugal é indiscutível que há
vantagem em entrar em comercio do que estar em autarcia porque consome mais. Há um
aumento de 20% (+6 horas de trabalho – ganho de comercio – 6/30=20%). Dizer que o ganho
do comercio for + 1 unidade de tecido, 6 horas ou 20%, estão todas corretas.

Inglaterra: 60 horas de trabalho (apenas porque tem mais população que Portugal)

Autarcia:

5 unidades de vinho (precisa de 8 horas) => precisa de 40 horas para produzir 5 unidades (8x5)

Sobram 20 horas para produzir tecido (4 horas), então 20/4 = 5 unidades de tecido

Em autarcia Inglaterra produz 5 unidades tanto em tecido como vinho em autarcia

Comercio Internacional:

Especialização em tecido dedicando as 60 horas ao tecido – 60/4=15 unidade de tecido

Inglaterra vai querer reter em consumo interno 5 unidades de tecido, no caso, não estão a
ganhar nada

Uma vez que eles produziram 15 e so gastam 5 em consumo interno vão sobrar 10 para
exportar para Portugal, ganhando assim 10 de vinho pois o TT=1

Inglaterra ganha em comercio 5 unidades de vinho , ganham 40 horas de trabalho ou 67%


com o comercio (60+40 horas = 100 horas => 40/60=67%)

!Tanto Inglaterra como Portugal vão querer entrar em comercio!

Portugal ganhou com o comercio 1 unidade de tecido e Inglaterra ganhou 5 unidades de vinho,
não se pode comparar alhos com bugalhos, não podendo dizer que ganhou mais em comercio.
Podemos comparar as horas de trabalho, Portugal ganhou 6 horas de trabalho (20%) enquanto
Inglaterra ganhou 40 horas de trabalho (67%).

Portugal não vai ter ideia do custo de horas de trabalho de produzir tecido em Inglaterra, nem
Inglaterra tem ideia do custo de horas de trabalho de produzir vinho em Portugal, não sendo
grave do ponto de vista do comércio. O que Portugal consegue saber é que ganhou com o
comercio, nunca sabendo quanto a Inglaterra ganha e vice-versa, nem no séc.XIX nem
atualmente nas empresas. Portugal sabe que se mexer nos termos de trocas pode ganhar mais
do que já ganha, se diminuir o TT=1 para 0,5 vai diminuir a quantidade de vinho que tem de
entregar para obter tecido. Se pelo contrario aumentarem o termo de troca, se TT=1 passa a
entregar 1,5 ou 1,7 e vai ganhar menos.

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 Intervalo de TT > 0,5 OU <2 Portugal prefere ficar em autarcia
O TT=1 ambos estão satisfeitos Sublinhado a vermelho Portugal não quer mais ter comercio

Portugal não sabe o TT de Inglaterra mas só aceita ter comercio entre 0,5 e 2 mas sempre
tentando ficar o mais á esquerda possível enquanto Inglaterra tenta ficar o mais á direita.

O giro do modelo de David Ricardo é que se consegue mostrar que entre 0,5 e 2 há sempre
comercio, o ponto em que ambos vão ganhar igualmente será 1,25 (somando os extremos do
intervalo 2+0,5/2) mas existe comercio em qualquer parte do intervalo.

Portugal Inglaterra

Custo absoluto do tecido 6 HORAS DE TRABALHO 4 HORAS DE TRABALHO

Custo absoluto do vinho 3 HORAS DE TRABALHO 8 HORAS DE TRABALHO

Custo relativo do tecido 6/3=2 4/8=0,5

Custo relativo do vinho 3/6=0,5 8/4=2

TT=2 (sempre em relação ao custo relativo de tecido)

Portugal = 30 horas (tudo igual em autarcia e comercio)

Trocamos 2 unidades de vinho por 1 de tecido não havendo ganhos nem perdas no comercio,
se o TT=2 este é um ponto indiferente pois fica com as mesmas unidades de vinho e de tecido
(intervalo aberto). Valores acima de 2 Portugal não quer entrar em comercio.

Inglaterra = 60 horas (tudo igual em autarcia e comercio)

Se os Ingleses têm 10 de tecido e o TT=2 vão obter 20 unidades de vinho, ganhando assim 15
unidades de vinho, porque ao invés de 5 têm 20 unidades de vinho, 15x8=120 horas de
trabalho ganhando assim 100%

Custo absoluto do tecido 6 HORAS DE TRABALHO 4 HORAS DE TRABALHO

Custo absoluto do vinho 3 HORAS DE TRABALHO 8 HORAS DE TRABALHO

Custo relativo do tecido 6/3=2 4/8=0,5

Custo relativo do vinho 3/6=0,5 8/4=2

Custo absoluto do tecido 6 HORAS DE TRABALHO 4 HORAS DE TRABALHO

Custo absoluto do vinho 3 HORAS DE TRABALHO 8 HORAS DE TRABALHO

Custo relativo do tecido 6/3=2 4/8=0,5


Custo relativo do vinho 3/6=0,5 8/4=2

Custo absoluto do tecido 6 HORAS DE TRABALHO 4 HORAS DE TRABALHO

Custo absoluto do vinho 10 HORAS DE TRABALHO 8 HORAS DE TRABALHO

Custo relativo do tecido 6/10=0,6 4/8=0,5

Custo relativo do vinho 10/6=1,6 8/4=2

Portugal Inglaterra

O que vimos no exemplo antes deste já Adam Smith tinha feito, num caso destes em que
Inglaterra tinha vantagem nos 2 bens, disse que não há comercio se um país tiver vantagens
absolutas nos 2 bens. Quem conseguiu demonstrar o contrario disto foi David Ricardo fazendo
através dos custos relativos (do tecido).

O intervalo passa a ser entre 0,5 e 0,6 e temos de entender o que Inglaterra vai produzir.

Antes era muito evidente que Portugal ia exportar vinho e Inglaterra tecido, mas agora vai
especializar-se no bem em que é “mais melhor que Portugal”.

Tem 2 horas a menos em ambos, mas uma coisa são 2 horas em 6 e outra coisa são 2 horas em
10, o padrão de especialização vai ser o mesmo, vinho para Portugal e tecido para Inglaterra.
Portugal não sabe que Inglaterra se vai especializar em tecido, mas sabe que o que os Ingleses
querem vender não é vinho, é tecido (mão invisível que vai naturalmente empurrar cada país
para aquilo que produz menos mal).

TT=0,55

Em autarcia Portugal necessita de 0,6 de vinho para obter 1 de tecido (sem comercio)

Em comercio Portugal vai necessitar de 0,55 pra obter 1 de tecido, ganhando (0,6-0,55=0,05), é
um ganho pequeno mas ganhou.

Inglaterra em autarcia obtém 0,5 de vinho por 1 unidade de tecido (sem comercio)

Em comercio Inglaterra obtém 0,55 de vinho porque produz tecido e Portugal vinho, ganha
exatamente a mesma coisa (0,55-0,5=0,05) de vinho por cada unidade de tecido vendida a
Portugal

Mesmo nesta situação extrema os ganhos vão ser possíveis para ambas as partes. Portugal vai
ser empurrado a produzir vinho (embora seja melhor a produzir tecido) porque os ingleses já
vao produzir tecido, e assim, não quereriam entrar em comercio connosco.
Aula 6
Conclusões da lei dos custos comparativos:

 Um país pode importar mercadorias que poderia produzir a um custo inferior;


 Um país pode ter interesse em produzir um bem cujo custo é superior (desvantajoso
aparentemente…) com a condição de obter pelo comércio, pela troca, mercadorias
cuja produção lhe sairia ainda mais onerosa.

Notas finais:

A importância destes trabalhos para o chamado Termo de Troca

 O conceito foi muito importante para explicar no início dos anos 50 o


subdesenvolvimento (terminologia da época) do Terceiro Mundo – os países estariam
a sofrer uma deterioração dos termos de troca.
 MAS: para analisar a competitividade de um país não se pode apenas atender aos
termos de troca, tendo que se verificar nomeadamente a taxa de cobertura das
importações pelas exportações (se as exportações representarem 100% das nossas
importações temos um cenário, se representarem apenas 10% temos outro
completamente distinto).

Os termos de troca podem evoluir devido:

 À oscilação nas intensidades da procura exterior de bens nacionais, ou da procura


nacional por bens produzidos no exterior. Por exemplo, se a procura nacional por bens
produzidos no exterior aumentar, os termos de troca podem deteriorar-se para os
bens produzidos em Portugal.
 O próprio desenvolvimento/melhoria da atividade produtiva pode levar à baixa dos
custos dos bens e à descida consequente dos preços das exportações (prejudicando os
termos de troca nacionais) => “Aperfeiçoamento, a capacidade de produzir melhor
pode levar a uma descida dos preços e portanto dos termos de troca”.
 A política cambial, nomeadamente a valorização da moeda nacional, faz aumentar o
preço dos bens exportados, logo cria artificialmente termos de troca mais favoráveis.

EUR/USD = 1,1 significa que 1 euro vale 1,1 dólares (o euro é mais forte que o USD)

1 bem que é vendido a 100 euros => quanto é que custa nos EUA? 110 dólares

EUR/USD = 1,5 significa que 1 euro vale 1,5 dólares (o euro está mais forte que o USD)

1 bem que é vendido a 100 euros => custa 150 dólares

Não depende das empresas, por vezes, depende dos mercados, que podem fazer com que os
TT aumentam ou diminuam e isto pode ser um problema, porque quando um relógio ou
telemóvel chegar aos EUA a 150 dólares, os americanos se tiverem la um relógio ou telemóvel
da Coreia a 120, mandam o europeu passear pois está a 150, nada mudou na Europa,
continuamos a produzir excelentes produtos mas artificialmente pela politica cambial o preço
aumentou.

Aula 7
Abordagem neoclássica do comercio internacional
Hipóteses adicionais face ao modelo clássico:

 Introdução do fator de produção novo: o capital. O capital não estava presente na


abordagem clássica (terra e trabalho), o capital é introduzido aqui para explicar que a
especialização produtiva resultaria de um binómio, de uma articulação em equilíbrio
daquilo que são os recursos humanos (labour=trabalho) e aquilo que são recursos
financeiros (kapital=capital).
 Funções de produção idênticas para o mesmo bem dos 2 países. A função de produção
é uma combinação de fatores produtivos, quando falamos de funções de produção
estamos a falar: da forma como o bem é produzido; da combinação dos fatores
produtivos que estão nesse bem (capital e trabalho para os neoclássicos). Quando nós
temos um determinado bem, a forma como o produzimos, a utilização dos fatores de
produção é idêntica (bmw e mercedes têm os mesmo fatores produtivos utilizado em
combinação idêntica) - 1 bem nos 2 países do modelo terá uma função de produção.
Idêntica. Se entre 2 países não existe diferentes funções de produção, seria estranho
se houvesse uma diferente função de produção dentro do mesmo país (mercedes e
audi, ambas alemãs).
 Custos de oportunidade crescente (a fronteira de possibilidades de produção é
concava não reta). Os custos de oportunidade são crescentes e apontam para as
funções de produção concavas (FPP) – quando abdicamos a produção de 1 bem a
quantidade que obtemos de outro bem é sucessivamente menor (abdicar de bons
produtores de pão para ter não tao bons produtores de leite).

Modelo de Hecksher-Ohlin (HO):

 Dois bens, dois fatores de produção, dois países – embora nunca tenham escrito que
a terra não fosse um fator de produção, na pratica, quando tem uma função de
produção que o que lá têm é K e L, o que estão a fazer é ignorar a Terra (T).

 Mercado em concorrência perfeita - existência de um grande numero de pequenos


vendedores e a existência de um grande numero de pequenos compradores.

 Funções de produção idênticas i=F(Ki:Li) i=bem k=capital l=trabalho F=expressão de


função de produção; sendo que Ki é o capital incorporado na produção do bem e o Li
é o trabalho incorporado no bem i. A função diz-nos que quando estamos a produzir o
bem i estamos a utilizar uma determinada incorporação de trabalho (horas) e uma
determinada incorporação de capital (dinheiro).

 Não existe reversibilidade nas intensidades fatoriais:


Se eu tenho um automóvel produzido na BMW em que 90% do automóvel resulta
de capital (robos, fabricas etc.) e só 10% resulta de trabalho então este bem tem
uma fortíssima intensidade de capital. Se pelo contrario eu tenho um campo de
alfaces e se não tenho maquinas praticamente nenhumas, e tenho 20 pessoas com
enxada na mão prontas para trabalhar, então as alfaces terão uma fortíssima
componente de trabalho e uma mais fraca componente de capital. A intensidade
fatorial pode-se medir pela proporção de capital em relação ao trabalho ou pela
proporção de trabalho em relação ao capital. Se (K/L) de A > (K/L) de B então esta
situação irá manter-se independentemente da variação de preços (A e B são 2
bens (duas industrias) diferentes). K/L é a intensidade fatorial, de onde quanto
maior for este rácio maior é a intensidade capitalística. Se A e B são 2 bens ou 2
industrias (automóvel e alface), e se K/L em A é maior que o K/L em B o que
estamos a dizer é que a intensidade capitalística em A é maior que a intensidade
capitalística em B. O que se diz com a não existência de reversibilidade é isto: se A
for o automóvel e B forem alfaces, e assumirmos que a intensidade capitalística
dos automóveis é maior do que a intensidade capitalística das alfaces então isso
será assim sempre independentemente da oscilação do preço dos automóveis e
das alfaces, por muito que o preço suba ou desça em ambos os bens, se os
automóveis tiverem mais capital e se a alface tiverem menos capital, então isso
mantém-se sempre, não podendo acontecer por variação de preços isto (K/L) de A
< (K/L) de B, isto seria reversibilidade nas intensidades fatoriais, de repente o bem
A passaria a ser menos capitalístico do que o bem B porque os preços variavam e
isso o modelo não assume.
 Não existem custos de transporte – o eventual custo de transporte não afeta a
competitividade dos países
 Cada país tem dotações relativas de fatores diferentes – os países terão todos capital
e trabalho, só que em alguns países o peso do capital é maior e noutros o peso do
trabalho é menor – relacionar esta Hípotes com hipóteses das intensidades fatoriais.
Um país como a Suíça pode ter 70% de capital mas um país como o Bangladesh teria
esses 70% em trabalho.
 A função de produção para o mesmo produto é igual em todos os países
 Oferta de fatores limitada independentemente dos preços – fatores são trabalho e
capital; a oferta desse fatores são as pessoas que estão dispostas a trabalhar e o
dinheiro (capital) que existe na economia; o trabalho humano e o capital humano são
limitados e portanto não podemos dizer por exemplo, que em Portugal queremos 100
milhões de trabalhadores porque não somos 100 milhões, ou dizer que vamos meter
dinheiro na economia danço 100 mil euros a cada português, não da, o capital é
limitado.
Ao ser limitada, é independente dos preços, se eu tiver uma fabrica que quer
instalar-se em Portugal e quiser ter 12 milhões de trabalhadores, por muito que
ofereçam um salario de 10 mil euros, não conseguem porque não existem 12
milhões de trabalhadores, independentemente da oferta dada aos trabalhadores,
os trabalhadores são limitados, sendo assim independente dos preços
 Fatores de produção móveis no país, imóveis a nível internacional – os fatores de
produção serem moveis no país quer dizer que o trabalho e o capital podem passar do
Porto para Lisboa ou de Faro para Portalegre, são moveis dentro de um país mas
imoveis a nível internacional, o trabalho e o capital não podem passar de Londre para
Lisboa por exemplo.
 Gostos e preferências iguais nos 2 países

As 2 versões do modelo HO:


 Versão bens: cada país tenderá a exportar o bem que utiliza, em termos relativos,
mais intensivamente o fator de produção que é relativamente mais abundante (cada
país tenderá a exportar o bem mais intensivo no fator d e produção que é mais
abundante no país – em Portugal seria o trabalho o fator de produção mais abundante
– devendo produzir e exportar bens mais intensivos em trabalho – azeite por exemplo
– se assumirmos que a produção de um avião é intensiva em capital, Portugal não
poderá exportar aviões).
Os preços dos fatores tenderão a igualizar-se nas duas industrias e nos 2 países (salario
para remuneração do trabalho e remuneração do capital em juros ou dividendos).
A abundancia de um fator de produção implica a produção do bem intensivo nesse
fator.
CORRULÁRIO: Igualização dos preços dos fatores – o salario deveria ser igual na
mesma industria, no mesmo país e a remuneração do capital (juro/dividendo) deviam
também ser iguais nos 2 países nas mesmas industrias.
 Versão conteúdo de fatores (versao Vanek): o país exporta dos serviços os fatores
relativamente abundantes no país (país com mais cientistas no mundo é a Índia, sendo
o fator mais abundante o trabalho, é provável que se veja universidades com Harvard
cheias de cientistas indianos) e importa os menos abundantes (alargou a teoria
neoclássica dos bens aos serviços)

Kindelberger (síntese) (1910 – 2003) explica como surge a troca em HO: “se o bem é
tecnologicamente melhor produzido com muito trabalho, comparativamente ao capital e á
terra, os países que tenham abundante mão-de-obra terão vantagem comparativas em
produzi-lo e poderão exportá-lo”.
Aula 8
Diferenças entre Ricardo e HO quanto aos fatores de que depende a especialização produtiva:

No Ricardo a especialização vai depender das horas que utilizamos para produzir um bem, e
por isso, quanto menos horas utilizamos mais competentes somos na produção e mais nos
vamos especializar num bem (está correto mas curto). Para Ricardo a verdadeira
condicionante da especialização é a habilidade inata dos trabalhadores (vinho de PT e tecido
de ING). A especialização nos neoclássicos dependia da abundancia fatorial (quantidade
relativa de trabalho e capital de um país).

Quando um país é muito forte em capital e em trabalho o país vai exportar bens intensivos em
ambos mas vai haver algo que é predominante entre eles. Wassily Leontief (decadad de 50-60)
tentou testar este modelo tendo como exemplo os EUA (onde estava) – testa o que HO dizem
quanto á especialização produtiva, utiliza os EUA como exemplo e chega á conclusão que
embora os 2 fatores sejam extremamente abundantes, o capital é predominante (primeira
potencia tecnológica do mundo).

Testes empíricos ao modelo HO:

 O modelo é estático e dificilmente se aplica ás alterações na estrutura do comércio


internacional, nomeadamente o peso crescente na Ásia e o seu aparecimento. Não
consegue captar as alterações de estrutura de comércio, isto é, pode-se aplicar se
medirmos o comercio na altura em que o modelo é feito, mas depois desse modelo,
ela alterou-se radicalmente. Ex: uma coisa é testar vacinas em ratos de laboratório e
dizer que funciona, é uma abordagem estática, porque não sabemos se quando
projetarmos isto ao organismo do ser humano que é muito mais complexo, que evolui
em função de muita coisa e que dependendo de muitos hábitos alimentares e afins se
transforma, damos dinamismo ao modelo, e isso torna-se complicado (condições
ideais).
 Pelo modelo o comercio entre as economias avançadas (abundantes em capital) e os
mercados emergentes (abundantes em trabalho) deveria ser ao longo dos últimos 60
anos e não foi…e o motivo não é só a proximidade geográfica. Temos de um lado
economias avançadas com abundancia em capital e do outro com abundancia em
trabalho, originando comercio entre eles, por logica. Acontece que isto não é verdade,
em tese seria verdade mas na prática não, “não é verdade que o comercio
internacional seja maioritariamente entre o norte capitalista e o sul emergente”, os
fluxos de comercio internacional não mostram que o comércio é preponderante entre
estes os 2, ou seja, maioritariamente, as economias avançadas fazem comercio entre si
e as economias emergentes fazem comercio entre si. Ainda que países com economias
avançadas exportem para outras avançadas maioritariamente, cada um desses países
pode ter um produto em que se especializam, e assim, que haja um comércio
abundante e favorável entre os mesmos (Carros entre Alemanha e EUA).
 O principal teste foi o trabalho de Leontief que em 1953 aplicou o modelo aos EUA
tentando demonstrar que: (K/L)M (importações) < (K/L)X (exportações)ou seja, que a
intensidade capitalista das importações norte-americanas deveria ser inferior á
intensidade capitalista das exportações. A intensidade capitalista das importações
americanas devia ser inferior ás exportações porque são abundante em capital. Os
bens que os EUA exporta deviam ser intensivos em capital e que os bens que importa
deviam ser em trabalho.

K=5 l=1 k/l=5 - o capital é 5 vezes o trabalho

K=1 l=5 k/l=0,2 - números abaixo de 1 significa que temos mais trabalho que capital

Leontief não compara verdadeiramente aquilo que os EUA exporta com o que importa,
porque não consegue fazer, nunca vamos saber o que os EUA compra á China ou Portugal
o que lá está de trabalho e capital, apenas com espionagem, tendo acesso apenas á
estrutura industrial dos EUA e as suas exportações. Leontief foi ver o capital inerente aos
sapatos (anos 50 por exemplo) exportados pela a América e chegava á conclusão que cada
par de sapatos tinha 2 dólares de capital incorporado e 1 de trabalho. Foi demonstrar que
se os EUA substituíssem estes sapatos por sapatos importados a quantidade de trabalho
que seria empregue nesse bem importado seria menor, ao invés de 1 dólar teríamos 0,5
dólares. Nas exportações americanas estava-se a incorporar mais trabalho do que aquilo
que seria incorporado se substituísse por importações dos EUA. O que ele está a dizer é
que estas exportações comparativamente têm mais trabalho do que se os EUA
substituíssem os sapatos feitos em casa por sapatos importados de Portugal, ou seja, os
EUA estavam a exportar bens mais intensivos em trabalho do que aquilo que seria os
substitutos das suas importações. Mesmo mantendo o perfil de exportador intensivo em
capital, estaria a exportar mais trabalho do que aquilo que seria aparentemente provável á
luz do modelo de HO. O que se trata é de mostrar que há mais trabalho nas exportações
americanas do haveria se substituíssemos isso por bens importados. Demonstrou que
afinal as exportações dos EUA utilizavam comparativamente mais trabalho por unidade
de capital do que a produção dos bens substituto das importações. Leontief consegue
comparar o teor em trabalho e em capital daquilo que os EUA exportavam com o teor
em trabalho e capital daquilo que seriam produções americanas para substituir as suas
importações. Isto é o paradoxo de Leontief.
Aula 9
Paradoxo de Leontief ou modelo input-output

A intensidade capitalística das importações norte-americanas devia ser inferior á intensidade


capitalística das importações (provar que as exportações americanas deveriam incorporar mais
capital do que aquele capital que vinha nas suas importações). Não o fez totalmente porque
não teve acesso ás matrizes de importação dos EUA. Conseguiu demonstrar que um bem que
os EUA importava, se fosse produzido internamente, tinha mais trabalho por unidade de
capital do que as exportações americanas.

Alternativa: Os EUA utilizarem comparativamente menos capital por unidade de trabalho do


que a produção dos bens substitutos das importações.

Conclusão: O que Leontief comparou foi a intensidade capitalística das exportações


americanas com a intensidade capitalística dos bens que poderiam se reproduzidos nos EUA
substituindo as importações americanas.

Explicações para o paradoxo:

 Diferenças internacionais na produtividade do fator trabalho: os trabalhadores dos


EUA seriam mais produtivos do que os de outros países. Ex: ao fim de um tempo um
bloco operatório consegue fazer 5 cirurgias, no outro lado do mundo, o mesmo tipo de
operação, um bloco operatório consegue fazer 10 (nas mesmas condições)
(organização do trabalho, é um exemplo que afeta as diferenças, a responsabilidade
pode ser dos trabalhadores mas também tem haver com questões relacionadas ao
capital e á organização do trabalho). Um país acaba por ser mais competitivo porque
produz mais.
 Reversibilidade nas intensidades fatoriais: os bens importados poderiam ser capital-
intensivo no exterior e trabalho-intensivo nos EUA. Hoje um bem pode ser capital-
intensivo nos EUA e amanhã deixar de o ser. Pode mudar no tempo e no espaço. Ex:
um automóvel produzido na Alemanha pode ser capital-intensivo e num outro país
pode não ser assim; na produção de trigo nos EUA pode ser capital-intensivo mas na
Indonésia ser trabalho-intensivo. Isto poderia explicar o paradoxo de Leontief porque
então os bens que os EUA estariam a importar poderiam ser capita-intensivo no
exterior e trabalho-intensivo nos EUA, ou seja, quando os EUA fossem tentar perceber
porque razão as substituições das importações, quando iriam produzir os bens-
substitutos das importações, eram capital-intensivos ou trabalho-intensivos, poderia
ser não por problema deles, mas porque no exterior aqueles bens eram intensivos em
capital ou trabalho. Os EUA iriam conseguir fazer com trabalho o que os outros teriam
de usar capital, também porque o trabalho americano é muito qualificado.
 Papel dos recursos naturais: trata-se de um bem muito importado nos EUA e que é
capital-intensivo. Boa parte dos recursos naturais são intensivos em capital, os EUA é
muito dependente da importação destes recursos, porque não os tem e quer ter ou
porque tem recursos mas quer preservá-los (petróleo). Os EUA estão a importar bens
intensivos em capital, e isto chocava com HO porque dizia que o ideal era exportar
bens intensivos em trabalho. Parte dos recursos naturais é muito capital-intensivo.
 Diferenças dos gostos e preferências: o aumento de preços gerado pela forte procura
de bens capital-intensivos nos EUA geraria vantagens comparativas nos bens trabalho-
intensivos. Como há muito nos bens capital-intensivos, o preço destes bens tenderia a
aumentar, havendo um segundo momento por causa da procura destes bens sendo
mais competitivos porque o seu preço aumentou. Derivado ao aumento de preços dos
bens capital-intensivo, os consumidores poderiam começar a adquirir bens trabalho-
intensivo por serem mais baratos, e portanto os EUA iam começar a produzir mais
bens trabalho-intensivo para competir com os de capita-intensivo.
 Investigação e desenvolvimento: maior capacidade e formação nos trabalhadores
norte-americanos (logo, seriam melhor pagos). Porque há uma maior capacidade
investimento dos americanos em termos de investigação e desenvolvimento os
trabalhadores americanos seriam melhor formados. Quando se fala em euros e
incorporação monetária, não é porque um trabalhador trabalha mais que outro, é
porque é mais bem pago que o outro.
 Estrutura tarifária norte-americana: penaliza as importações intensivas em trabalho.

Teorias contemporâneos das trocas internacionais: trata-se essencialmente de teorias de


comportamento oligopolitico, ou seja, consideram violada a hipótese de existência de
concorrência perfeita. O exemplo da borracha, há meia dúzia de empresas produtoras de
pneus que dominam o mercado da borracha, os preços são feitos por eles (monopólio do lado
da procura/consumidor).

Teoria do gueto tecnológico (Michael Posner 1961)

 A tecnologia não está igualmente disponível para todas as empresas/países.


 A investigação levou a novos produtos, e ao fazerem são pioneiros e têm monopólio
até que o imitem, perdendo assim o monopólio, mas até isso são detentores de
monopólio e pioneiros (quebra da concorrência perfeita).

Os lags (desfasamento):

 Lag da imitação – tempo entre o aparecimento do produto no país A e as empresas no


país B estarem preparadas para o fabricarem;
 Lag da reação externa (ou lag da procura) – tempo entre o sucesso do produto e a
compreensão dos outros do que ele é efetivamente bom;
 Lag da reação interna – ao nível das empresas do país inovador, que tendem a imitar o
inovador. Microsoft inventa a teams nos EUA que permite aparecer pasteis de nata
reais, havendo uma reação interna até que as outras empresas internas imitem o que
a Microsoft fez.

Período de aprendizagem – para as empresas do país não inovador

Trata-se de uma boa explicação para o desfasamento entre a produção e a difusão da


informação.
Aula 10
Empresas quase virtuais hoje não visadas por Posner - critica, mas há realmente um período
longo entre a inovação e a sua difusão

B) Teoria do ciclo do produto (Raymond Vernon, 1966, e Hirsch, 1961 – Boa explicação do
porque de muitos países inovarem mas não conseguirem difundir essa inovação – Lógica
biológica do funcionamento dos seres vivos, função concava em que o produto cresce numa
função concava, estabiliza e decresce e fica invertida – pressupostos:

Acesso aos princípios científicos não garante a aplicação da inovação, pelo desinteresse do
mercado por exemplo;

O empresário terá de ver satisfeitas determinadas garantias => Existência de mercado – Quem
mete o dinheiro e pega na inovação tem de ter convicção que tem mercado, dos laboratórios
há realidade.

Ciclo do produto: País inovador pode não ser o país que se especifica de todas as formas do
mesmo produto

1. Aparecimento e crescimento da produção e das exportações – Consegue exportar


conforme o tempo que se acentua conforme o que vendemos ao exterior – parte de
cima do invertido;
2. Fraco crescimento e diminuição posterior das exportações – Base do invertido –
semireta pois o mercado exige menos do que quer importar do bem no pais inovador
3. Importação do produto até aí exportado – O país que inovou passa a importar –
deslocalização da produção do inovador para o imitador

Tempo e espaço importantes – setor automóvel – Inovou-se nos EUA com a Ford – espaço do
inventor definido, tempo – Séc.XIX

Durante muitas décadas era o único produtor, até que começou a surgir no Japão e hoje os
EUA é dos que mais automóveis importam – pode não estar na 3 fase mas tá na segunda
garantidamente, mas chegará à terceira fase, ex. calças de ganga que começaram nos EUA e
agora são criadas globalmente. Tesla com motor elétrico é o mesmo produto? Não há
resposta. Pode haver recorrências, ex: setor automóvel com a tesla - Economias funcionam em
Ws e não Us

Recuperação VS Protecionismo – Ex: viagens livres entre os Bálticos, protecionismos não são
só comerciais mas t5ambem os fluxos de pessoas e se não as recuperarmos os países europeus
perdem até 15% do seu PIB – Como é que a recuperação se gera com protecionismo, com este
é muito mais complicado.
C) Teoria eclética da produção internacional (Dunning 1980) – Eclético por ter um conjunto de
fatores explicativos:

Paradigma OLI – Ownership; Location; Internalization – Em português, especificas ou posse,


localização e internalização

Trata-se de uma abordagem eclética porque avança com fatores que explicam
cumulativamente:

 Exportações; - País vende um bem ou presta serviço a um não residente


 Transferência de recursos; - Empresa transfere um recurso para outro país – por ex.
China free gorgess comprar a EDP não é o mesmo que a Volkswagen criar a
Autoeuropa – Maior empresa industrial no território português – IDE diferente da
transferência de recursos

Ex: Opel com transferência de recursos americanos para os EUA conseguir exportar. – Não
precisavam de tecnologia nem mão de obra – Para terem mercado devido aos impostos
aduaneiros e defender os automóveis europeu tinham de transferir recursos

 Investimento direto estrangeiro. – Contraditório muitas vezes das exportações, uma


empresa com um conjunto de capitais desloca a capacidade produtiva para o exterior
– criando uma unidade de raiz
 IDE surge quando uma empresa quer ultrapassar obstáculos que surgem das
exportações
Aula 11
Fatores explicativos

 Vantagens especificas (ou de posse): Algo que um país pode ter e outro não, Detenção
de tecnologias (ex. Prestar um serviço que não está disponível a todos), economias em
escala (ex. Via verde nos EUA que se expandiria pelo mundo, algo que Portugal não
consegue fazer, diminuição de custos conforme a produção aumenta) , métodos de
gestão (ex. proximidade entre os chefes e os seus colaboradores – open space) e
organização produtiva (ex. funcionário da Colgate que decide alargar a boca da pasta
para se gastar mais pasta, tornou-se o mais bem pago – Incentivos) – País se tiver estas
pode estar nas linhas da frente tomando uma decisão mais assertiva quanto ao como
se organizar;
 Vantagens de internalização: Não funcionamento da concorrência perfeita nos
produtos e nos fatores produtivos - Resultado de imperfeições nos mercados dos
fatores produtivos e dos produtos, através da diferenciação, dá vantagens à empresa
que o faz – É possível que fazer com que a mão de obra se desloque
internacionalmente – imperfeição à concorrência perfeita que dava como constante a
imobilidade dos fatores de trabalho e capital. – Quer nos produtos – Diferenciação,
quer nos fatores produtivos – com a mobilidade de capital e trabalho – Dá vantagens;
 Vantagens de localização: Pode ser preferível investir no exterior devido a questões
fiscais, custo/qualificada de mão de obra, local onde a matéria prima está disponível. –
Impostos mais baixos em certos países, ou por a mão de obra ser mais barata ou
qualificada, ou por a matéria prima estar disponível nestes países (não há ouro em
Luxamburgo, mas sim no Ghana – Industria extrativa instalar-se-á neste) –
Investimento nestes países por estes fatores, daí mais vale Portugal investir em mão
de obra qualificada para atrair empresas estrangeiras a vir busca-las – Ex. médicos
portugueses a trabalhar pelo mundo

Três cenários - De Duning:

 Se existirem apenas vantagens especificas/posse: Indiferente para a empresa a decisão


de internacionalização ser as exportações, a transferência de recursos ou o IDE – “Não
há tema” – Nada a puxar a empresa para exportar, transferir recursos ou fazer IDE;
 Se existirem vantagens especificas e internalização – A empresa ou exporta ou realiza
IDE – Não há interesse em investir em empresas, trabalhadores e transferir recursos,
 Se existirem vantagens especificas, vantagens de internalização e de localização: A
impresa vai dar preferência a realizar IDE – Empresa deixa de ter interesse em exportar
– Vantagens de localização em causa – incentiva as empresas a fazerem IDE e não a
praticar as exportações.

Multinacionais podem procurar

 Mercados;
 Materiais de base;
 Mão de obra barata;
 Tecnologias mais avançadas;
 Estabilidade política;

Vantagens competitivas de multinacionais

 Economias de escala e dimensão;


 Gestão e marketing;
 Capacidade de diferenciação dos produtos – Nestlé papas de leite e sem ele – Vão dar
todas as papas ao mesmo.

Diamante de Porter: Competitividade do mercado doméstico/interno se é mais elevada terá


mais robustez e levará à capacidade de se internacionalizar

 4 pontas do diamante – Fatores essenciais à competitividade das empresas no


mercado doméstico, internaliza-se por ser forte e robusta quanto à competitividade,
se não tem competitividade/está tranquila não vai procurar fortalecer-se e
internalizar-se, ex. novos mercados que se fizeram à vida devido à crise em Portugal
por não conseguirem vender.
 Competitividade pode não ser por ter empresas a competir comigo mas porque o
mercado mudou.
 Internacionalização para não fechar, ex. Setor automóvel americano que investe na
europa e cria a Opel

Quando se sentem mais fortes tendem a internacionalizar-se.

1. Estratégia e estrutura empresa;


2. Condições Procura;
3. Industrias associadas;
4. Fatores produção.
Aula 12
1. Estratégia e estrutura da empresa – Aquilo que queremos para a empresa, não é
forçoso a internacionalização;
2. Condições de procura – Quando a mão de obra não é qualificada não teremos
vantagens competitivas desde logo nas industrias tecnológicas - pois não temos
vantagens tecnológicas para ser mais robustos, com mais qualificação a empresa torna-
se mais forte e é mais expectável que se internalize
 Tem a ver com a qualidade da procura e como a medimos, como a podemos
ver quanto ao grau de exigência (importa pouco um barulho insuportável que
aparece no nosso automóvel – não vai afetar a empresa a ter uma produção
de qualidade forte nem um controlo de qualidade.
 Mas se houver uma procura sofisticada (coisas novas) e exigente mais
facilmente se internalizam e seja mais robusta.
3. Industrias associadas – O beneficio das empresas resulta das industrias mais avançadas
próximas, e por isso beneficiam da experiencia umas das outras. – Ex. motores
automóveis podem ser aproveitados para pequenos eletrodomésticos – Ex. Tagus Park
rodeado de empresas poderem beneficiar uns dos outros – alunos do técnico e
empresa de compressores – basta uma reunião para surgirem ideias, não
beneficiaríamos disto se tivéssemos isolados na torre da serra da estrela;
4. Fatores de produção – Estratégias de controlo das empresas – capital caro e barato
(taxas das empresas) – Se o acesso ao mercado for mais barato e pode haver
confluência entre esta e a estrutura da empresa – por muita tentação em produzir
foguetões, mas se não houver condições dificilmente é possível;
Quantidade e qualidade destes são fundamentais, assim como o controlo de perceber
se há repetição não necessária, onde cortar custos, onde investir.

Sistema monetário internacional – SMI, acordo de Bretton-Woods e Fundo minetário


internacional

SMI: Fundamental desde 1816 que evoluiu desde então

Como o vemos hoje:

 Conselho económico e social das NU:


 “O SMI tem por objeto assegurar o equilíbrio das trocas entre países e permitir
realizar ajustamentos tão rápidas quanto possíveis, das balanças”
 Manifestamente tem quanto ao seus objetivos: o ajustamento das balanças e o
equilíbrio das trocas
 Um país com brutais excedentes comerciais – China – e outro com brutais défices
comerciais – EUA – Não é desejável pelo SMI;
 Equilíbrio das trocas não é Exportações = Importações
 Equilíbrio de trocas é que não haja países com défices ou excedentes
crónicos/estruturais. – SMI sugere que estes possam existir mas que o
desequilíbrio causado pelas exportações diferentes das Importações – Objetivo
que este desequilíbrio não seja grande (dimensão estrutural) e que seja rápido
(duração temporal) – Valores muito altos por muitos anos.
 Como é que se visa compensar este? Que países como Portugal visem uma
situação de atenuação o máximo possível dos défices – Ajustamentos das
balanças, se possíveis para exemplo os Chineses importarem mais:

Podem ser feitas via mercado de câmbios – Diminuição do défice dos EUA:

 Automóvel alemão – 55000$


 Automóvel alemão – 50000 euros
 Eur/USD = 1,1 – Preço é igual

Cenário 2 – EUR/USD = 1,2 => 55000$ /1,2 = 45000 euros – Automóvel que se vende é o EUA
pela redução de défices – Dolar é desvalorizado de um 1 para um 2 – Se algum país tiver
défices crónicos – Uma solução é a desvalorização da sua moeda, mas a Alemanha a querer
vender automóveis também vai querer desvalorizar para continuar a exportar

 Se um país pode evitar a catástrofe das balanças que o faça segundo o SMI

Financiar os défices: SMI deve ter possibilidade de financiar os país com os défices para evitar
fome nestes países mas para este país continuar no comercio internacional – se este revelar
incapacidade de atuar no comercio internacional o SMI tem de atuar ajudando mas também
para este não deixar o comercio internacional – Ex. Portugal quando a troika apareceu – com
Portugal com 12 mil milhões de défice – Incapacidade de comprar. TROIKA não veio porque
quis, nós posemos nos a jeito a pedir ajuda - Mas ao definir padrões ou regras estas tem
contrapartidas diabólicas.

 Oferta de moeda internacional: Bancos no nosso país conseguem arranjar moedas de


um país para onde queremos viajar – é possível pelo sistema internacional entre
bancos de troca de moeda muito valioso para o comércio internacional.

SMI com especial intervenção do sistema de Bretton-Woods.

Possibilidade de imitir papel que todo este tinha de ter conversão em ouro: Padrão-ouro:

 Reminiscências da corrente ideológica – Mercantilismo – Mias ouro – mais moeda;


 Só termina no séc. XX com reversibilidade de moeda em ouro – Ex. 20 escudos em
ouro – Ideia do valor para os Bancos de Portugal;
 Não havia estado no Sistema monetário internacional – nada podia fazer quanto ao
que emitia – ou tinha mais ouro e emitia mais ou não tinha tanto e não emitia tanto

Consequências 1816 – 1913:

 Sem fluxo cambial como hoje – Câmbios fixos;


 Papel- moeda e ouro com o mesmo valor em todo o lado;
 Automatismo de fixação de câmbios.

Funcionamento prático:

 Se o dólar fosse conversível em ouro na produção de 20 USD por onça e o marco na de


25 marcos por onça, o marco deveria valer 0,8 dólares – (20/25) – Valor de troca do
marco face ao dólar;
 A moeda só poderia crescer pelos governos que os detêm e daí a importância das
elevadas reservas de ouro – Ex. Salazar não querer entrar na guerra para proteger as
reservas;
 Falta de ouro em circulação tudo preocupado com o que tinha sido a I GM (1922-1944)
– e por isso começou se a entregar ouro em barra – todas as faltas de convertibilidade
do papel moeda em ouro, falta de liberdade de cunhagem do ouro e falta de
circulação do ouro;
 Padrão-ouro suspenso durante a I GM;
 Isto levou a fortes quedas das moedas mais fracas;
 Período desorganizado mas a partir desta altura as autoridades monetárias começam a
centralizar a gestão das reservas de ouro – Pelos bancos centrais e ministérios das
finanças, ex. Portugal com reservas de ouro que fazem parte dos bancos de Portugal;
 Ouro é da nação confiado ao Banco de Portugal – Que já fez vendas de ouro com
Portugal envolvido a outros países por ter excedentes da reserva – Se um país tem
reservas de ouro e a população a morrer à fome claro que pode vender a sua reserva
de ouro – medida de ultimo recurso – por ser o ultimo recurso que o país tem caso
seja impossível fazer outra coisa – Muito difícil tê-lo de volta – Mais vale pedir
empréstimos;
 Período entre guerras do padrão ouro causou um reduzido crescimento do comercio
internacional;
 Instabilidade quando ocorre a II GM da intensidade cambial
Aula 13
Pela primeira vez quem tem as reservas de um país é um banco central – Mudança radical

Sistema-Padrão Ouro em barra – consequências:

 Elevada volatilidade – movimentos muito abruptos do preço do ouro ou das moedas;


 Esta leva à vontade de regresso ao padrão ouro;
 Período entre guerras (1922-1944) do padrão ouro causou um reduzido crescimento
do comercio internacional;
 Padrão-ouro suspenso durante a I GM;
 Isto levou a fortes quedas das moedas mais fracas;
 Europa ainda o centro do mundo – Alemanha intervêm – Queda do marco alemão
pelas condições da sua derrota na I GM – Desvalorização do marco alemão,
hiperinflação e população com condições económicas inimagináveis – Território
propicio para os populistas – Hitler;
 Trouxe algo marcante na historia económica – Receio alemão da inflação ainda hoje
perdura, memoria coletiva do que pode significar uma hiperinflação;
 Na prática os especuladores induzia fortes quedas das moedas consideradas mais
fracas pela sua venda;
 Causa da maioria das moedas deixar de ser convertível em ouro;
 Período entre guerras – consequências;
 Grande instabilidade cambial – quando ocorre a II GM;
 Reduzido crescimento do comércio internacional;
 Ambas estas tornaram previsivel

Sistema de Bretton Woods (1944 – década de 70) – Factos: Era uma pequena cidade
americana de Newyorkshire – 1942 – Alemanha ainda a tomar conta de tudo na Europa

Americanos (White), Ingleses (Keynes) e resistência francesa pretenderam criar um sistema


monetário que vigorasse no pós-Guerra – Reúnem se, sendo muito evidente para estes
senhores que demorasse a guerra o que demorasse era fundamental evitar que os países
fossem para o protecionismo.

John White – Secretário do tesouro americano: “Ministro das finanças kb” - Eua, e John M.
Keynes – Enorme economista – Representante da Inglaterra, e alguns resistentes francesas.
Objetivo da reunião: Havia necessidade de estabilidade cambial que não existia – link entre
esta e o protecionismo – Se não existisse mão visível ou invisível que assegura-se a
estabilidade cambial, unilateralmente os países quereriam desvalorizar a sua moeda para
exportar o mais possível.

Isto era essencial para assegurar que os países não poriam entraves ao comércio internacional
pela desvalorização das moedas

Cumprir acordos internacionais para evitar o protecionismo era central – Questão, como faze-
lo? Como fomentar o comercio? Derrota de Keynes

Interesses opostos entre:

 Britânicos: Desejavam um banco central na Europa – Não haver um banco mundial


controlado pelos EUA – Não foi avante ;
 Norte-americanos: Ajudar países na reconstrução do pós-guerra, ajuda a países com
problemas na balança de pagamentos (FMI) e na balança cambial, e para a
reconstrução pós-guerra (Banco Mundial). – John White ganha com a sua ideia que
perdura ainda hoje ainda que multilaterais era controladas pelos EUA, estas têm sedes
nos EUA apesar de que necessita de ajuda ser a Europa

Sistema de Bretton Woods – características:

 Paridades fixas – tendencialmente a relação de troca entre duas moedas (cambio)


deveria manter-se fixo – Podia mudar mas teriam de ser muito ocasionais, se um
precisa-se de o fazer necessitava de permissão do sistema do SMI. – Moeda particular
que não teria essas desvalorizações, paridade fixa absoluta dos dólares, não poderia
desvalorizar.
 No sentido de evitar protecionismos excepto momentos esporádicos – aconteceu
algumas vezes com os marcos, com os yens, etc.
 Ouro como referência (embora não existisse obrigatoriedade de trocar as moedas por
ouro)
 Dólar como moeda de referência única com convertibilidade ao ouro – Não era
desvalorizável por ser a única moeda que mantinha a convertibilidade ao ouro – Ouro
mantinha-se como referencia – moeda forte torna-se o dólar americano – Hegemonia
económica americana – Regime de centro e periferia – criado em Bretton-Woods
 Hoje Bretton-woods não existe, o euro vale mais que o dólar, do ponto de vista do
SMI, que num certo sentido foi vantajoso ao EUA – Hegemonia do dólar mas não
pagarem o preço desta hegemonia.

Gestão de paridades de Bretton-Woods

 Cada país podia decidir a cotação da sua moeda face ao dólar


 Intervalo de variação muito limitado, tendencial de câmbios fixos, inicialmente de 1%
mais tarde de 2,25% - Hoje 1% pode acontecer em um dia
 1 onça de ouro = 35 dólares
 FMI – nasce a querer ser o instrumento ao serviço do SMI para assegurar a correção
dos desequilíbrios das balanças de pagamentos e desenvolvimento do comércio – Em
caso de extrema necessidade um país poderia desvalorizar a sua moeda mas teria de
os contactar primeiro e acima de 10% de desvalorização só com autorização expressa
do FMI

Bretton-Woods – Papel do dólar e do ouro: Não dólar/ouro, não são o mesmo

Moeda central do sistema pela convertibilidade ao ouro passa a ser reserva internacional e
moeda de intervenção – Moeda de recurso em qualquer circunstância por as reservas do país
que quer aceder a essa reserva opta por ter dólares em vez da sua moeda – Todos queriam o
dólar pois era o único com convertibilidade em ouro pois esta pensava-se que não perderia
valor, única moeda para me safar, daí todos usarem o dólar, pré guerra era a libra.

Moeda de intervenção pois quando fosse preciso o FMI intervir, ex. Plano Marshal – usava o
dólar, papel internacional do dólar dava garantias de não perder valor.

Sucesso de Bretton-Woods por durante vários anos evitar a especulação. – Sistema


tendencialmente de cambio fixo, daí a dificuldade de especulação – Diz-se aos especuladores
para descansarem até perceberem que algo estava mal onde Bretton-Woods caí

Produção ou emissão do dólar sem limites, ao contrário do ouro – Produção do ouro é limitada
por necessitar de ser extraído e eventualmente acaba, o dólar não, podemos produzir mais
dólares do que o ouro que tenho;

 Decisivo para o fim do sistema


 O ouro: Instrumento de reserva e de pagamento entre os bancos centrais.
 Quiseram muito usar o ouro em termos de reserva.

Questão do FMI – Bretton-Woods:

 Entidade que supervisionaria todo o sistema e com a missão:


 Fazer respeita os acordos
 Ser órgão consultivo dos governos
 Prestar assistência financeira (conceder credito contra o pagamento de uma taxa de
juro, principalmente em países que correm o problema de não conseguirem importar
mais) a países com problemas nas balanças de pagamentos
 Detem uma unidade de conta (moeda) – Direitos de Saque Especiais (DSE ou SDR em
inglês) – 1969 – Simultaneamente uma reserva internacional
 Calculado através das moedas dos 54 países/áreas membros do FMI com maiores
exportações.
 USD, EUR, GBPound, JPYen, CNYen (juntou-se para se aproximar da SN, com interesses
geopolíticos e estratégicos) – Yuan ou renmimbi chinês – moeda própria do sistema
monetário internacional.
 Faz se um ponderador para calcular o SDR – em que este vale um determinado
numero de dólares – Na altura, um dólar valia 0,63 SDR
 Mostrado no site do FMI – Todas as moedas com pesos diferentes onde o dólar
continua a ser a que tem mais peso.
Aula 14
Enquadramento do fim: financeiro Internacional: FMI

 Dólar dava hegemonia financeira aos EUA, é a parte de um projeto de construção de


uma superpotência – Que a URSS nunca teve

Fim dos câmbios fixos (1973 a ?), sistema ordeiro, claro para todos e era um sistema centro-
periferia, centro – dólar, periferia todos os outros, – Origens da crise: Consequências:

 Défices da balança comercial dos EUA – Exportações menores que as importações:


Mais ou menos previsível pelo funcionamento dos mercados – EUA perdia a
competitividade por ser o único que não podia desvalorizar a sua moeda, prejudicava
o setor produtivo americano que não conseguia exportar quanto aos países que saem
da Guerra que ganham industria poderosa, algumas até mais poderosas que as
americanas;
 Défices tão elevados que tiveram de largar o sistema;
 Todos os países queriam ter dólares como moeda de reserva, acabando este por estar
muito apreciado.
 Défices igualmente da balança de capitais: Pagam importações pagando dólares ao
estrangeiro, empresas americanas perceberam que não valia a pena estarem nos EUA
por não conseguirem vender nada – Ex. Ford muda-se para a Europa e forma a Opel.
 Défices comerciais induziram saída de capitais dos EUA.
 Receio quanto à capacidade dos EUA em assegurar a convertibilidade da sua moeda
em ouro – Ponta do iceberg que leva ao falhar do sistema – EUA pela saída de capitais
e balança comercial tiveram de emitir mais dólares enquanto o ouro se mantinha
constante e com défices e saídas de capitais foram produzidos ainda mais dólares –
Mercado percebe que esta imissão sem limite (provoca nos especuladores a ideia de
que irá ter de se desvalorizar o dólar), os EUA não podiam assegurar a convertibilidade
do dólar face ao ouro – Gera pressão sob o dólar, Dólar forte central posto em causa;
 Sistema tinha fundamentação da força do dólar ser fixo, mau para o sistema
desvalorização das outras moedas já eram frequentes, se a moeda central se
desvalorizasse Bretton-Woods desaparecia, quando aconteceu, fim dos câmbios fixos
era uma evidência.
 Crise petrolífera – Barril de petróleo passa a 3,5 dólares prejudica o sistema, EUA
muito dependente deste, que com a subida, balança comercial americana sofre, e
inflação generalizada de todos – Omnipresente
 Saída de ouro e dólares dos EUA;
 Especulação no mercado cambial (em particular no marco, perante a ascensão da
Alemanha e do Japão – Yen) – Porquê que estas moedas não sobem, daí pressiona
todos, contraria aos câmbios tendencialmente fixos dos acordos, marco e Yen deviam
estar mais fortes do que estavam e o dólar baixar;
 Intensificação dos controlos cambiais – O anterior leva a isto, aos países controlarem
fortemente as suas moedas, gera clima negativo para o mercado cambial
 Mercado paralelo do Ouro – Tinha mercado oficial, passa a ter mercado paralelo,
ninguém acreditava no valor das moedas umas contra as outras – Status quo – deixa
de ter sentido, estabilidade desaparece.
 Fim dos câmbios fixos (1973 a ?) – Tentativas de salvar o sistema: Sem sucesso por
sistema já estar sem pernas

Acordos de Smithonian-Washington

 1 onça passa a valer 38 dólares;


 Nova banda de flutuação de cada moeda face ao dólar (2,25%), Défices da balança
comercial
 Fevereiro de 1973: 1 onça passa a 42,22 dólares

Fim dos câmbios fixos – colapso do sistema:

 Crise do Petróleo e forte aumento da inflação;


 Fim da convertibilidade do dólar;
 Recessão económica.
 Cronologia do colapso do sistema:

Agosto de 1971: Nixon (presidente dos EUA) suspende as vendas de ouro do Tesouro –
Reservas dos EUA tinham descido 1/3 nos primeiros 7 meses do ano – Quem tivesse ouro tava
seguro se o dólar desvaloriza-se, ainda não tinha desvalorizado, mais iria ter de cair. –
Venderam o dólar contra o ouro – Resumindo o mercado queria livrar-se do dólar que estava
instável para ser desvalorizado eventualmente tentam livrar se deste, protegendo-se com o
ouro (safeheaven) – 1º causa do fim do sistema

Final de 1971 – Quase todas as moedas se tinham valorizado face ao dólar

Fevereiro de 1972 – Dólar deprecia-se 10% face ao ouro

Março de 1973 – Mercados cambiais suspensos durante semanas – não é normal – 2º Mais
importante

Quando reabrem moedas podem flutuar de acordo com o mercado, dólar enfraqueceu 10% e
acabara a convertibilidade em ouro.

Acordos de Jamaica (1976) – Fim formal do sistema 3º mais importante fator do fim
Fim formal dos câmbios fixos e adoção de câmbios flutuantes/variáveis – Não é fachada
administrativamente, flutua com o mercado, se a perceção do mercado é de perder, ela baixa,
se é contante é porque o mercado entende que deve ser assim, de um dia para o ouro tudo
pode mudar;

Desmonetização do ouro – Não há mais admissão de que há ouro para toda a moeda – Ouro e
moeda deixam de estar ligados

Devolução e venda de ouro pelo FMI – Põe ouro no mercado que estava em falta;

Alteração das quotas do FMI – quando percebeu que as quotas já não traduziam a realidade
do final da 2GM porque economias como a Alemanha e o Japão tinham mais quota pois tinha
crescido muito – o problema é que o mesmo FMI que teve coragem de fazer alteração de
quotas foi o mesmo que não soube reconhecer isso a propósito dos asiáticos, e há um
momento em que quase que se criou condições para um cisma dentro do FMI (15 anos atrás) –
Ásia cresceu muito e o FMI não aumentou as quotas porque os EUA se opunham (1 quota
maior significa mais poder dentro do FMI).

Sistema é um erro humano, pois foi criado por este – Não da mão invisível
Aula 15

Bretton woods – a forma como o sistema foi construído em cima da força do dólar (única
moeda convertível em ouro); um sistema tendencialmente de câmbios fixos (porque deixava
as moedas flutuarem mas sempre do ponto de vista conjuntural); instituições muito fortes que
o sistema criou (FMI) – começa a ter problemas quando se percebe que o facto do dólar ser
uma moeda forte para o sistema e impossível de desvalorizar leva a perda de competitividade
da economia americana porque todos os outros estavam a desvalorizar as suas moedas, logo,
a tornar-se mais competitivos e o dólar não podia fazer isso (menos competitividade
americana) – o próprio sistema começa a causa dificuldades ao criador. A procura do dólar
deixa de existir e começa a corrida ao ouro – entrega dos dólares para receber ouro americano
– Nixon suspende as vendas de ouro dos EUA.

Três períodos importantes :

 1971 - Nixon suspende as vendas de ouro


 1973 - Mercados cambiais suspensos, reabre passado umas semanas mas o dólar
enfraquece brutalmente e acaba a convertibilidade em ouro
 1976 - Acordos da Jamaica (fim do Bretton Woods formalmente)

Com Bretton Woods tínhamos um sistema estruturado que evitava a anarquia e os excessos
dos países e depois de 1973 não há nada em termos de sistema organizado e depois de 73
houve uma sucessão interminável de crises cambiais:

 America Latina em 1982


 Asia em 1997
 Russia 1998
 Brasil 1999
 Argentina 2000
 Europa do Leste 2001/2004

Só não foi pior (guerras cambiais) porque felizmente tem havido uma sensatez de certos
países que não se querem envolver em guerras cambiais, porque se não fosse isso teríamos
tido uma recessão mundial profunda por causa de um sistema que não existe. Hoje vivemos
num conjunto de subsistemas em que cada um tem as suas regras com formas diferentes de
trabalhar no sistema internacional.

Mais ou menos aceitáveis:

Países da dolarização – países que não afetam muito a economia e que se viraram para o dólar
como fonte cambial, ou seja, moeda nacional (adotam o dólar como seu – Panamá)

Euro – estranho porque é um sistema flexível e fixo ao mesmo tempo – flexível porque se
virmos o euro/dólar está a variar de micro segundo a micro segundo – o mercado determina
onde o euro vai – cambio que varia – em 1999 o euro foi criado na base câmbios fixos porque
houve uma conversão, por exemplo, do escudo para o euro na base dos 200.482 escudos em
euro, portanto é fixo rígido mas flexível porque o euro se valoriza ou desvaloriza em relação a
outras moedas.

O que não é aceitável:

Câmbios flexíveis - onde o euro também se enquadra no contexto de moeda europeia, os


países deixam a sua moeda valorizar em função do mercado

Currency boards – não são câmbios fixos mas são câmbios onde há alguma intervenção
administrativa das autoridades monetárias – exemplo: porque se quer que a sua moeda esteja
pegada a outra moeda internacional porque não se quer que a nossa moeda se valorize muito
(sob pena de perder competitividade comercial) mas também não se quer por causa da
inflação. Para evitar estas 2 coisas tenta-se fazer um peg (pegada) ao dólar que é a moeda mais
forte no SI.

Há aqui um sistema que pelo facto de permitir Câmbios flexíveis e Currency boards está a
introduzir distorções no que deveria ser um sistema ordeiro – uns com mais restrições, outros
com menos, mas ainda assim todos permitem-se jogar no mercado cambial em funções dos
seus interesses – influenciar o mercado cambial pelos seus interesses – não é bom para
ninguém (as regras são diferentes uns para os outros).

Se o euro fosse mais fraco podíamos equilibrar as balanças comerciais, mas o euro para os
europeus (Alemanha por exemplo) é uma forma de se proteger da inflação. Se um país como a
China que tem como base de comércio as exportações, é imprescindível ter como base as
currency boards, não podem ter a sua moeda a valorizar muito porque senão não exportam.

Paradigma do NBER (National Bureau of Economic Research) – US based – pago por fundos
americanos

Há 25 anos que nos vem alertando para a necessidade de te rum sistema organizado, e fê-lo
sugerindo um novo sistema centro-periferia que fosse buscar aquilo que o sistema de Bretton
Woods tinha de bom e tenta-se afastar aquilo que teve de mau e provocou o seu colapso. O
centro periferia de Bretton Woods teve de mal foi estar um país sozinho no centro, então
porque não colocar no centro varias moedas, porque não por exemplo colocar os países que
mais peso têm no comercio, porque não colocar no centro o SDR – porque não a periferia ser o
resto. Isto permitiria países como a China, os EUA, o Japão, o Euro de estarem no centro e não
utilizarem a politica cambial para ganhar vantagem sobre os outros e ao mesmo tempo os
problemas que o centro tem e que se verificaram no Bretton Woods serem repartidos pelos
que estão no centro e não serem concentrados apenas nos EUA. As autoridades americanas
nunca estiveram interessadas em discutir este assunto.

Subsistema Euro

Houve um antecedente, o ECU (european currency unit) que foi criada no ano 1974 e que foi
um primeiro teste para aquilo que viria a ser o Euro (25 anos antes do aparecimento do euro).
O ECU tinha um conjunto de moedas e queria fixar o valor de cada uma a um câmbio central
para evitar grandes flutuações de câmbios. Mais tarde, 16 anos depois, criou-se a UEM (união
económica monetária) 1990 e só 9 anos depois é que aparece o euro. Pretendeu-se primeiro
liberalizar os movimentos de capitais (países europeus entre si), criou-se um mercado único
europeu, criou-se o Instituto monetário europeu (pai do BCE), criou-se o euro em 1999
(virtualmente não fisicamente), em janeiro de 2002 iniciou-se a circulação do euro em
conjunto com moedas nacionais (ordem cronológica).
Aula 16
FMI criado em Junho de 1994 e o primeiro objetivo era promover a cooperação monetária
internacional para evitar desvalorizações cambiais como aquelas que tinham contribuído para
a Grande Depressão dos anos 30. O segundo objetivo era facilitar o crescimento equilibrado
do comercio internacional – estamos no pós guerra e o objetivo era que o comercio
internacional crescesse sem tumultos. O terceiro objetivo era promover a estabilidade cambial
– evitar flutuações da câmbios instáveis. O quarto objetivo era criar um sistema multilateral de
pagamentos internacionais que envolvesse todos os países – pagar com dólares do outro lado
do mundo e com euros em qualquer lado do mundo.

Hoje em vez de 44 países o FMI tem 189 Estados-membros, tem seguramente os principais
países do mundo. Hoje o FMI tem 147 nacionalidades representadas no seu staff, há
portugueses também no FMI, hoje o FMI tem capacidade de emprestar aos Estados-membros
cujo limite global é de 1 bilião de dólares, 1 bilião de dólares na nossa língua é 1 milhão de
milhões. O FMI tem cerca de 36 acordos de landing (credito) ou seja a este bilião de dólares
que pode conceder pode ser concedido em função de 33 diferentes current landing
arrangements, para alem disso o FMI tem cerca de 300 milhões de dólares disponíveis para
technical advice, ou seja, formação e consultadoria aos países. Por outro lado o FMI para os
low income countries (países pobres) prevê apoio financeiro em que a taxa de juro é de 0,
podem ir buscar dinheiro ao FMI com 0% de juro.

Por ultimo FMI é constituído por 2 órgãos essenciais, um é o conselho dos governadores (topo
da estrutura – órgão que se reúne 1 vez por ano e é mais show off) – os países membros do
FMI são representados pelo governador do banco central ou pelo ministro das finanças, cada
um destes elementos são os representantes dos países junto do FMI no conselho dos
governadores (no caso português temos o Dr. Carlos Costa - Banco de Portugal), e aqui é 1
cabeça 1 voto.

Todavia o verdadeiro órgão de decisão do FMI que tem o poder, são os executive directors
(conselho executivo) e estes são apenas 24, são nomeados em função de critérios de quota, os
países com maior quota no FMI podem escolher 1 diretor executivo (desde que tenha 4,2% da
quota do FMI pode logo escolher 1 diretor e quem tenha 8,4% escolhe 2), na prática a única
forma dos países pequenos (Portugal) conseguirem ter um diretor executivo é juntar-se, na
pratica de muito em muitos anos é possível que haja um português como diretor executivo
(Portugal juntar quotas com o Brasil e os PALOP) – os EUA conseguem ter mais diretores
executivos que qualquer país.

Os EUA tem uma cota de 14,7% neste momento, a China uma quota de 12,8%, a Alemanha um
de 4,9%, o Reino unido de 3,6%, o Japão de 5,1% e a França de 3,1% - Brasil 2,1%. Os 10 países
com maior quota são EUA, China, Japão Alemanha, Reino Unido, Índia, França, Rússia, Itália e
Brasil em conjunto estes países detêm 54% das quotas do FMI. Se juntarmos uma variedade de
países com os EUA é muito fácil de imaginar que um conjunto muito restrito de países
conseguem ter um poder significativo no FMI – Portugal tem 0,36% de quota no FMI. Um país
com uma quota grande no FMI tem uma capacidade maior de influencia as decisões do FMI do
que um pequeno país.

O FMI teve 15, ultima das quais (dezembro de 2010) foi no sentido de duplicação das quotas e
de realinhamento das quotas, chamada de 14ª revisão. As quotas passaram para cerca de 777
mil milhões de dólares, mas, para alem disso, as quotas do FMI têm ainda uma outra
característica que é: uma coisa é a quota real do país e outra coisa é a quota que deveria
resultar da forma de calculo que o FMI define para as quotas – a quota real do país significa
aquilo que realmente o país tem dentro do FMI em quota, a quota que o país devia ter resulta
de uma fórmula (linha 197 do doc) que pesa o PIB, o grau de abertura de economia, as
reservas que o país tem etc. que permite calcular a quota em rigor do país, mas o que
acontece (coluna C comparar com H – coluna C tem a quota atual do FMI e a H tem a quota
que seria a calculada com os critérios do FMI) é que no caso dos EUA a quota calculada era
14,7% mas a real é 17,4%, no Japão a quota calculada é 5,1% mas a rela é 6,4%, na Alemanha a
calculada é 4,9% mas a real é 5,6% - o país que está em falta é a China com 12,9% e tem 6,4%
de quota real – não só há aqui um jogo de poder que faz com que agora se somarmos os EUA
com o Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Itália eles têm 41% do FMI e se juntarmos a
estes 6 o Canadá, Arábia Saudita, Espanha e Holanda ficamos com 50% e portanto a quota real
exponencia um eixo central de poder no FMI que tem como principal vértice os EUA. Os EUA
não querem que as quotas sejam revistas porque têm um PIB muito inferior ao de 2010 com a
14ª revisão.

Para que o FMI possa financiar países tem de ter fundos e esse fundos são chamados de
recursos do FMI:

 Quotas dos países – as quotas do FMI representam 477 mil milhões de SDR’s e isto em
dólares é 661 mil milhões de dólares. A Arabia Saudita tem uma quota no FMI de 2,1%
(maior que a Espanha, Coreia do Sul e próxima da Rússia) – sempre teve um peso
desproporcionado face ao FMI, sempre teve mais quota do que a sua economia por
uma razão histórica que tem a ver com a segunda fonte de recursos do FMI falada no
ponto abaixo.
 Credit arrangements – acordos entre o FMI e um grupo de Estados membro ou
instituições que poderão financiar o FMI em mais 253 mil milhões de dólares. Países
como Arabia Saudita e bancos internacionais de grande dimensão têm acordos com o
FMI que permitem ao mesmo ir buscar recursos no valor de 253 mil milhões de
dólares. Portanto 661 mil milhões de dólares em quotas + 253 mil milhões de dólares
em linhas de financiamento da 914 mil milhões. Existe ainda uma terceira fonte de
recursos indicada a baixo.
 Compromissos que Estados membros assumem com o FMI que prevê acordos
bilaterais entre países e o FMI – mais 440 mil milhões de dólares

Com estas 3 linhas de recursos temos 1.35 biliões de dólares de recursos – o FMI tem cerca de
1 bilião de dólares para financiar Estados membros.

Países com mais financiamentos do FMI: Argentina, Ucrânia, Grécia e Egito

Em 2016 as consultadorias prestadas pelo FMI foram 132

Há 24 diretores no FMI representando um país ou um grupo de países

O FMI tem neste momento cerca de 2.700 funcionários e esses representam 147 países

Aula 17
FMI teve em Portugal 3 vezes, a primeira vez em 1977 e esta primeira intervenção aconteceu
num momento em que a nossa taxa de desemprego era muito elevado (superior a 7%)
aconteceu numa altura em que havia racionamento de bens, aconteceu num tempo em que a
politica era de governos de 100 dias e aconteceu num tempo em que havia o escudo que
estava sistematicamente a ser desvalorizado para podermos viver com uma industria muito
mão de obra intensiva e localizada no espaço (norte e centro) e que era favorecida por uma
politica de desvalorização do escudo.

Nesta primeira intervenção de 1977/78 a receita foi muito clara: conter salários,
nomeadamente da função publica e com esta receita isto implicou um agravamento da
conflitualidade social e a segunda parte da receita era desvalorizar o escudo. Uma receita a
dois níveis, primeiro a nível da despesa publica e a segunda a nível de fomentar as exportações
continuando a desvalorizar o escudo.

A segunda intervenção dá-se em 1983, ou seja, 6 anos depois o FMI volta com uma recessão
muito caótica em Portugal, onde se formou um governo de aliança liderado por Mário Soares e
que tinha o PS e o PSD nessa aliança, num contexto em que tínhamos desemprego elevado e
num contexto em que apesar da contenção de salários e despesas publicas e de
desvalorizações do escudo, a economia portuguesa não tinha reagido. A receita foi de novo a
mesma que a anterior.

Em 1986 deu-se a adesão de Portugal á CEE, marcou o inicio de um fluxo massivo de recursos
financeiros para Portugal. Durante décadas não necessitamos mais de auxilio e de intervenção
do FMI, até que em 2011, no âmbito de um programa chamado Programa de Ajustamento
Economico e Financeiro (AEF) uma coisa que ficou conhecida por Troika o FMI voltou a ser
chamado a Lisboa.
Programa foi acordado em maio de 2011 entre as autoridades portuguesas, União europeia,
FMI e participação do BCE. Desta vez o FMI não veio sozinho, não foi o único a trazer uma
receita. A estratégia era clara e visava sobretudo restabelecer a confiança dos mercados
financeiros internacionais porque por volta do final do ano de 2010 tinha começado a circular
que as contas portuguesas estavam desequilibradas e que o pais estava numa espiral
gastadora muito forte e que provavelmente o país ia ter dificuldade em honrar os seus
compromissos internacionais. Isto fez com que em abril de 2011 as agencias de rating
internacional, nomeadamente a Standard and Poors, tenham feito um downgrade (revisões
em baixa) da divida portuguesa – dizer aos investidores para terem cuidado com Portugal pois
estávamos numa situação menos vantajosa para pagar a divida. Conclusão: porque se
estabeleceu um clima de desconfiança em relação a Portugal nos mercados financeiros, o que
os investidores fizeram foi pedir juros altíssimos para a divida publica portuguesa, mais do que
10%.

Dizem que isto foi uma maneira de atacar o euro indiretamente, ao atacar um país da europa
que estava já enfraquecido. Independentemente das conspirações há uma coisa verídica,
Portugal em 2011 ia em muito anos de fraco crescimento do PIB e era imperativo mostrar aos
mercados que eramos capazes de crescer – necessidade de promover a competitividade e o
crescimento económico sustentável de Portugal.

Criaram-se 3 pilares para atingir os objetivos da confiança dos mercados e crescimento


económico:

 Consolidação orçamental – ter orçamentos equilibrados, ter orçamentos do


estado em que o que se gasta não é superior á receita que se tem (objetivo
conseguido – por volta de 2012 e 2013 tivemos saldos orçamentais primários
positivos – saldos que resultam da diferença e dos gastos, não incluem juros da
divida). Quando a divida acumulada é muito alta, para ter um equilíbrio entre a
receita total e os custos totais (incluindo os juros da divida) – isto é chamado
de saldo orçamental puro - este equilíbrio é mais difícil e só foi conseguido em
2019 pela 1ª vez – objetivo da consolidação foi conseguido.
 Estabilidade do sistema financeiro – verão de 2014 o Banco espirito santo
teve dificuldades e foi obrigado a uma medida de resolução, mostra que um
dos maiores bancos portugueses e o sistema financeiro estavam com
problemas. Portanto havia necessidade de injetar dinheiro na economia
portuguesa para assegurar a estabilidade do sistema financeiro português. Este
objetivo foi conseguido e hoje o Sistema Financeiro português está mais solido
do que em 2011.
 Transformação estrutural da economia portuguesa – grande duvida se esta
transformação foi feita, aparenta não ter acontecido

O Pacote de Assistência previa 78 mil milhões de euros era o previsto injetar em Portugal,
desse dinheiro 50 mil milhões viria de mecanismos europeus (UE), e ao FMI caberia os 26 mil
milhões de assistência. Destes valores 12 mil milhões (15%) foram destinados ao mecanismo
de apoio ao setor bancário – este valor não chegou e foram postas sucessivamente mais
verbas.

O FMI quer periodicamente fazer revisões para ver se o país está a cumprir com o que foi
acordado. No âmbito deste PAEF(programa de ajustamento económico-financeiro) houve 12
missões de revisão, cada uma delas menos a ultima foram acompanhadas por desembolsos,
cada vez que o FMI cá vinha (semestralmente) olhava para a forma como o programa estava a
ser implementado por Portugal e se verificasse que sim tínhamos o dinheiro e caso não fosse
no bom caminho não havia dinheiro para ninguém. Como cumprimos tudo, nas 11 revisões
correu tudo bem e o dinheiro apareceu, na ultima revisão não houve necessidade de trancha
porque estávamos equilibrados e em 2014 o programa acabou.

Houve 2 instituições importantes: o Banco de Portugal e o IJCP

Documento da Ultima Revisão – diz que Portugal fez tudo direito, porém David Lipton diz que
em muitas áreas as reformas ainda não se traduziram numa mudança efetiva, o que exige
uma estratégia medio-prazo para fazer face aos pontos de rigidez ainda resultantes dos
mercados, produtos e do trabalho e ao mesmo tempo melhorar o clima de negócios – este
parágrafo é o reconhecimento do próprio FMI, que 3 anos depois, do ponto de vista das
reformas estruturais, a coisa não estava ainda completa. O FMI faz os programas, acompanha,
revisa os mesmo e no final do dia diz que podia ter sido melhor e para se desenrascarem – isto
é muito complicado porque cria necessidade de recorrer outra vez ao FMI.

Monitorização pós programa: Portugal entra nesta fase apos o fim do programa – post
program monotoring – querem acompanhar a situação económica do país e este
acompanhamento está relacionado com o crédito ainda em divida ás instituições europeias e
ao FMI - a periodicidade foi semestral. Este programa serve também para avaliar até que
ponto a situação económica do país, neste caso Portugal, pode ou não influenciar negativa ou
positivamente a nossa capacidade de pagar o credito em divida. É uma avaliação pós programa
alicerçada na ideia de que estamos capazes de pagar a divida, pelo que a duração da fase de
post program está relacionada com os níveis de credito em divida, no momento em que deixa
de ter divida, cortamos relação com esta fase. Realizam-se as missões que são conjuntas
(Comissão europeia, BCE, FMI vão juntos) só que passam a vir de 3 em 3 meses. Há um papel
importante do Banco de Portugal e do IJCP. Estas intervenções externas estão longe de se
esgotar, naquilo que é a duração do programa, mas o post program ainda está vivo. Os países
só deixam de estar em post program quando pagam a divida total do PAEF.
Aula 18 e 19
Balanças de pagamentos

É o registo contabilístico de todas as operações económicas que vão havendo residentes e não
residentes – exemplos: significa que se a Empresa Braga vender roupa para Andorra esta
operação entra na balança de pagamentos – operação suscetível de entrar em balança de
pagamentos porque estamos a falar de alguém que é residente que vende a quem não é
residente. Se pelo contrario a Empresa de Braga vender para uma de Faro, esta operação já
não entra na balança de pagamentos porque estamos a falar de uma empresa residente em
Portugal e uma empresa que compra residente em Portugal. Da mesma forma que um turista
Alemão visitar Portugal ou um turista português visitar a Alemanha e se houver gastos
decorrentes desta visita, isto entra na balança de pagamentos. Se a embaixada alemã em
Portugal comprar resmas de papel a uma empresa portuguesa, entra na balança de
pagamentos. Há aqui milhares de operações sujeitas a balança de pagamentos – se a empresa
portuguesa fizer um investimento em Marrocos, isto é sujeito a balança de pagamentos. Quer
sejam operações de compra e venda, turismo, que envolvam empresas ou quer ainda um
cidadão português emigrado na Irlanda (repatria 1000 euros para Portugal – remessa de
emigrantes) isto tudo entra na balança de pagamentos.

Uma balança é um T, ou seja, tenho um debito e um credito – tenho um sinal negativo e um


positivo – a balança de pagamento são as partilhas dobradas, isto é, do ponto de vista da
balança de pagamentos portuguesa, há um sinal negativo e positivo (entrada e saída) – a
entrada (de quando a empresa A vende roupa para Andorra) é capital, a saída é os bens (roupa
por exemplo) – a quase totalidade das operações são isto, se registamos um sinal negativo, há
um positivo. Porque em todas as operações existe um sinal positivo e um negativo isto significa
que o saldo da balança de pagamentos é 0 porque cada bem que sai no valor de 100 entra
dinheiro no valor de 100. Os saldos das balanças significativas podem ser positivos e nesse
caso há um excedente ou negativos e nesse caso há um défice.

Existem varias balanças significativas e estas são essencialmente as seguintes: balança


corrente e de capitais, balança financeira e erros de emissões (saldo conjunto = 0 e sempre
0) – as balanças funcionam em arvore (varias ramificações – balança corrente -> balança de
bens -> exportações -> calçado).

 Balança corrente e de capitais – tem os pagamentos e os recebimentos resultantes de


transações com não residentes em bens, serviços, rendimentos e transferências
correntes:
 Bens: tem todos os bens moveis (casas não – imoveis) que sejam objeto de uma
transferência de propriedade, que passem de um residente para não residente ou
vice-versa – esta rubrica inclui mercadorias (alface vendida por Espanhóis a tugas),
bens para transformação (matéria prima – exportar pedra para a China), reparação de
bens (navios), compras de bens nos portos pelos transportadores e ouro não
monetário (joelharia). Os bens são fundamentais mas são só os bens moveis.
 Serviços: transações associadas á prestação de serviços entre residentes e não
residentes, a diferença dos bens é que nos bens enquanto são compras e vendas de
bens moveis, nos serviços falamos de prestação de serviços (técnico português
conceituado em computação prestar serviço a empresa irlandesa, então temos sinal
positivo na rubrica de serviços – se uma empresa estrangeira prestar um serviço a
Portugal temos sinal negativo).
 Rendimentos: do trabalho e do investimento – do 1º são um português que estamos a
trabalhar em PT , somos contratados, mas mantemo-nos em Lisboa a fazer um flyer
para uma empresa alemã, gera um rendimento que nos vai ser pago por não
residente; do 2ª é um conjunto de portugueses que se junta e fazem uma compra de
uma empresa em Andorra dedicada ao Ski, quando a empresa tiver lucros e esse
dinheiro vier para Portugal é um rendimento de investimento.
 Transferências correntes:
 Balança Financeira:
 Erros e omissões: compensar eventuais saldos que não dão 0 em função de uma das 3
balanças significativas (números pouco significativos). Ás vezes não é 0 porque há
omissões ou erros – uma empresa portuguesa quando comunica ao INE as suas
vendas, engana-se e em vez de meter 20 milhões de euros para a Irlanda e 10 milhões
para Portugal, diz o contrario, isto significa que as nossas exportações vão estar com
menos 10 milhões do que na verdade aconteceu. Outro erro pode ser Portugal mandar
vir automóveis em dezembro de 2019 da Alemanha e eles só chegam a janeiro de
2020, nós declaramos a compra em 2019 mas a Alemanha declara entregue em 2020 e
temos aqui um erro. Isto é 0,01% do dinheiro envolvido.

Desde o 25 de Abril de 1974 esta rubrica (bens) esteve sempre sinal negativo em Portugal
derivado das mercadorias – estamos a falar de valores de 10 mil milhões de euros até 25 mil
milhões de euros por ano - ao longo destes anos todos, devemos ter tido de compensar com
outras rubricas.

O impacto negativo na balança corrente de um saldo negativo na balança de bens – saldo


negativo da balança de bens existiu sempre nos 46 anos desde o 25 de Abril, também tirando 5
ou 6 anos o saldo da balança corrente foi sempre negativo. Algures entre a balança de
serviços, a de rendimentos e a corrente, estão mecanismos que permitem atenuar os saldos
negativos da balança de bens e em alguns casos os saldos destas 3 balanças são tão positivos
que não só atenuaram o saldo negativo da balança de bens como fizeram com que no global a
balança corrente fosse positiva. Infelizmente foi muito raro, porque no geral estes saldos são
tão negativos que a balança de serviços, a de rendimentos e a corrente não consegue
compensar o saldo negativo da balança de bens.

Portugal é um dos 20 países do mundo que mais receitas de turismo recebe, é muito obvio que
esta rubrica (viagens e turismo - serviços) tem saldo positivo. Esta rubrica da balança de
serviços, quer pelo turismo, quer pelos transportes, acaba por compensar em parte aquilo que
são as nossas importações de bens. Por outro lado temos recebido transferências correntes
positivas (privadas ou publicas) e muitas das vezes o saldo da balança de rendimentos também
é favorável.
O facto de termos um défice brutal na balança de mercadorias (Portugal) faz com que a
balança de bens tenha défices brutais. Porque é que esta rubrica de mercadorias tem sempre
saldos negativos? Tem a ver com o aparelho produtivo português, ao longo do séc.XX na
ditadura ente 1926-74 tivemos um sistema corporativo fechado (orgulhosamente sós) que fez
com que a nossa industria fosse protegida e quando se abrir ia ser uma industria muito
desprotegida que dificilmente conseguiria concorrer a nível internacional – medida
protecionista. Quando veio 25 de Abril, depois do mesmo, tivemos o desvario do PREC
(período revolucionário em curso), aquilo que havia de bom, a extrema esquerda consegui
destruir, nacionalizaram varias coisas, destruíram parte da agricultura que funcionava
razoavelmente e com as ideias de tornar Portugal numa espécie de URSS destruíram parte do
que Salazar não tinha destruído antes. Em 1986 quando aderimos á CEE recebemos muitos
fundos, muitos deles que vieram para destruir aparelho produtivo, destruímos a nossa frota de
pesca (pagar ás pessoas para deixar de pescar), entrámos na PAC (fomenta o desperdício) e
tivemos 3 momentos em 1 seculo que não foram favoráveis á industria – o orgulhosamente
sós, o PREC e a adesão á Europa – ainda hoje sofremos as consequências destes momentos.

Apesar do saldo negativo da balança de bens, que resulta das mercadorias, a balança de
serviços tem tido um saldo positivo, o que significa que o saldo da balança corrente acaba por
ser menos negativo do que o saldo da balança de bens, ou seja, a balança de mercadorias tem
saldo catastrófico mas felizmente as outras 4 ao lado da mercadorias minimizam este saldo
negativo, por isso, quando passamos das mercadorias para a balança de bens o saldo continua
muito negativo mas é menos negativo do que o saldo das mercadorias. Quando olhamos para
a balança corrente (bens, serviços, rendimentos, transferências correntes) apesar dos saldos
negativos em todos os anos na balança de bens, como a balança de serviços tem valores
positivos na maioria dos anos, o saldo negativo da balança corrente é menor do que o saldo
negativo da balança de bens – á medida que descemos (balança corrente > balança de bens >
balança de mercadorias) os saldos negativos vão se agravando.

O primeiro processo que se usa para minimizar este problema é a balança de serviços porque
felizmente somos um país que nos transportes é forte e porque somos fortes em viagens e
turismo. A balança de pagamentos tem de ter saldo nulo, e o que estamos a dizer é que a
balança corrente, por via das mercadorias e dos bens, desde o 25 de Abril, só houve 5 ou 6
anos em que teve um saldo próximo de 0, nos outros 40 anos esta balança teve um saldo
negativo. O que compensa o saldo negativo da balança corrente é a balança capital
(transferências de capital) e financeira (investimento direto e carteira) juntamente com os
transportes e turismo. O problema é que o investimento não é infinito, e basta haver um
problema com o investimento direto ou de carteira, a partir do momento em que estagna ou
diminua temos um problema serio para financiar o défice das mercadorias.

Grande parte das transferências de capital são divida externa, é como se o país estivesse a
vender património (EDP,PT – paga as importações) e para alem do investimento direto e
carteira é que a dada altura estamos a endividarmo-nos no exterior com estas transferências
de capital. A balança de pagamentos no final do dia está estável mas á custa de rubricas
instáveis, se há um problema com o turismo, transporte, investimento direto estrangeiro
então ficamos “agarrados” – é insustentável, continuar com um saldo negativo na balança de
mercadorias, na de bens e na corrente – porque importamos grande parte do que
consumimos, endividamo-nos no exterior e esse endividamento leva-nos a que tenhamos
Troika.

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