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Perante a pandemia que estamos a viver, o PIB português, provavelmente vai descer este ano
5%, outras entidades falam em 8%, mas, de uma maneira geral, o que estamos a fazer é a
descrever um lado especifico da economia que é o PIB. Da mesma maneira que a taxa de
desemprego, provavelmente irá atingir valores acima de 2 dígitos, isto é Economia
Internacional Descritiva. Quando olhamos pela janela e vemos um centro comercial apenas
com uma loja aberta, naturalmente de bens essenciais, significa que a receita do centro
comercial será perto de 0%, isto é Economia Internacional Descritiva. Comparar taxas de
inflação, desemprego, PIB, isto tudo é descritivo.
Fatores determinantes do comercio internacional – Tem a ver com aquilo que os países vêm
que pode ser a vantagem inerente em envolverem-se no comercio internacional. Se o país não
vir vantagem não vai fazer comercio internacional pratica a autarcia (isolamento). A primeira
razão pela qual os países podem querer entrar no comercio internacional tem a ver com o
precisar de um bem mas não o conseguir produzir. Se um país precisa de trigo e não consegue
produzir precisa de importar. Outra razão pode ser o facto de um produto especifico ter
melhor qualidade do que o que é possível fazer internamente (coca-cola EUA ou vodka Rússia),
sendo mais barato importar do que produzir internamente, por uma questão de
especialização. No nosso caso, Portugal, seria melhor especializar-nos na produção de vinho,
onde temos mais valor. Ao especializar numa coisa, pode ser vendida no comercio
internacional, e com os termos de troca, trocar por outros produtos que não é viável produzir
internamente. Nos dias de hoje a qualidade prevalece sobre a quantidade, no seculo XVIII
dizia-se que os bens eram homogéneos.
Mercantilismo (1500-1750)
Objetivo do estado-nação é acumular metais preciosos numa logica do que um ganha com
o comercio, o outro perde. Ex: como se fosse um jogo de xadrez. Quem exporta ganha
porque acumula e quem importa perde porque despende (perde metais) – logica
mercantilista
Mercantilismo não é uma doutrina – não fundou nada (contrariamente aos clássicos que
fundaram uma ciência) – é uma corrente de pensamento da época que teve a sua
relevância (dominou o mundo) – apesar de não ser doutrina forma os primeiros a estudar
a troca entre nações
- Trocas comerciais aumentaram significativamente nesta época por causa das descobertas
marítimas (fortalecimento da classe mercantil) – viagens á India, descoberta do Brasil,
descoberta da América – encheu-se os mares de navios – classe emergente: burguesia
(classe mercantil) que consegue ter os reis na mão e financia-os e têm um nível de vida
elevado – grande acumulação de riqueza (metais preciosos da América) – a corrente de
pensamentos mercantilista não iria ocorrer se no fosse as grandes transformações da
época.
Depois do Mercantilismo e antedê de Davida Ricardo – Abordagem pré-Ricardo
Adam Smith é o pai dos clássicos e vem dizer algo diferente de David Hume explicando a
riqueza da nações depende estritamente da capacidade produtiva. Não é a acumulação de
ouro que causa a riqueza das nações, é a capacidade produtiva. A capacidade produtiva é
um país (rico) que é capaz de produzir muitos bens (se 2 pessoas tiverem uma exploração
de alfaces e por dia produziam 20 alfaces, a capacidade produtiva é 20 alfaces). Adam
Smith tem 2 virtudes nesta época, em primeiro lugar cria a ciência económica, e depois a
mão invisível (força omnipresente do mercado, regular-se a si próprio sem intervenção
externa) que contribui para uma profunda reorganização geopolítica (e social) dos Estados
da sua época, ao mostrar que podemos ter um Estado menos presente e mais capaz de
gerar a paz e cooperação.
Modelo clássico das trocas internacionais ou teoria dos custos comparados ou das
vantagens comparativas (modelo de Ricardo) (séc.XVIII)
- Existência de 2 bens 2 fatores de produção e 2 países – significa que esta gente trabalhou
numa espécie e tubo de ensaio, em que considerou 2 países (PT e ING), 2 bens (vinho e
tecido), e 2 fatores de produção (terra e trabalho)
- Existência de concorrência perfeita – não haver uma empresa que domina o mercado,
existem apenas pequenas empresas com muitos pequenos vendedores (oferta) e muitos
pequenos consumidores (procura). O controlo do mercado não é só da empresa que
produz, é também do lado dos consumidores. Na concorrência perfeita também se fala
nos bens homogéneos, são bens que não são diferenciáveis. Custos de transporte não
existentes (custos negligenciáveis). O acesso á informação é igual para todos.
- Bens idênticos e homogéneos – bens não diferenciáveis, não existe uma diferenciação
dos produtos numa mesma industria. Nesta época a qualidade do produto não era tida em
conta, ou seja, tem todos a mesma qualidade. O vinho português não se venderia mais que
o inglês, iria ser exportado por outras razoes, mas não pela qualidade.
Portugal Inglaterra
- O país melhor posicionado para produzir tecido é Inglaterra, são mais eficientes e tem uma
habilidade inata para produzir tecido
- O vinho é exatamente o mesmo que a anterior mas com Portugal, sendo a sua especialização
no vinho e Inglaterra, no tecido havendo comercio entre estas 2 nações existe comercio
internacional
- Imaginando por hipóteses que Inglaterra produzia tecido em 10 horas (custo absoluto do
tecido), Portugal passa a ser melhor exportador de tecido que Inglaterra, a necessidade que
Portugal tem de ir para comércio com Inglaterra é nula, uma vez que produz melhor vinho e
tecido (especialização) que Inglaterra. Portugal precisa de menos horas que Inglaterra para
produzir ambos os produtos. Era preferível a situação de autarcia para Portugal (país não teria
nenhuma vantagem em entrar em comercio internacional, ou seja, o país ficaria isolado)
- David Ricardo em 1817: Preços Relativos de Bens – Em termos relativos, Portugal, para
produzir tecido, tem o dobro do gasto de energia que necessita para produzir vinho.
Imaginemos que Portugal só tem 6 horas de trabalho, sendo assim, só poderá produzir 1
unidade de tecido, quanto ao vinho, poderia produzir 2 unidades. O custo relativo do vinho é
metade do custo relativo do tecido, porque quando Portugal dedica a sua mão de obra á
produção de vinho tem um dispêndio que é metade do dispêndio quando produz tecido. O
custo relativo só pode ser visto se tivermos 2 bens. Fazendo o mesmo para Inglaterra, o custo
relativo do tecido é metade porque só precisam de 4 horas para o tecido e 8 para vinho e vice-
versa. Se os preços (custos) relativos de 2 bens diferem de um país para outro ambos podem
beneficiar de uma troca de bens, comercio, com rácios intermédios de preços (termo de troca)
TT = 0,5<TT<2 desde que o preço esteja compreendido entre estes 2 valores, existe comercio
internacional entre os 2 países.
TT = 0,5 significa que no comercio se troca 0,5 unidades de vinho por 1 unidade de tecido
Portanto o comercio só é valido e útil para ambas as nações se o TT for maior que
0,50(max0,51) e menor que 2 (max1,99).
O custo relativo do tecido expressa quanto do outro bem (vinho) é necessário para obter 1
de tecido
O custo relativo do vinho expressa quanto do outro bem (tecido) é necessário para obter 1
de vinho
TT=1
Vamos imaginar que Portugal tem 30 horas de trabalho. Portugal está em Autarcia (durante
mercantilismo) e tinha de produzir vinho e tecido.
Sobravam 24 horas para produzir vinho ou seja produzimos 24/3=8 unidades de vinho
Agora vamos imaginar que Portugal já não é do mercantilismo mas sim do comercio, ou seja,
quer fazer comercio internacional
Se apenas produzirmos vinho, vamos produzir 10 unidades de vinho (30/3=10) porque temos
30 horas de trabalho, distribuímos essas horas apenas para produzir vinho (3 horas de
trabalho).
Admitindo que Portugal queria manter as mesmas unidades de vinho que tinha em autarcia
(8), reserva-as para consumo interno. Até agora o comercio ainda não deu lucro nenhum.
Sobram-nos 2 unidades de vinho para comercializar, então, com as 2 unidades que restam de
vinho vão ao comercio trocar com Inglaterra, ao trocar vamos receber 2 de tecido. O comercio
internacional rendeu porque quando estávamos em autarcia tínhamos 8 unidades de vinho e
apenas 1 de tecido, agora temos as mesma de vinho com 1 extra de tecido (comparado
quando estávamos em autarcia).
Aula 5
Dizer que Portugal ganha 1 unidade de tecido é o mesmo que dizer que Portugal tem um
ganho de 6 horas, porque para produzir tecido demorava 6 horas. Quando vamos para
comercio conseguimos consumir 2 unidades de tecido em vez de 1, que era a situação de
autarcia, o que acontece é que se nos tivéssemos de produzir essa unidade adicional de tecido
sem comercio, íamos gastar 6 horas (relembrando o quadro original). No final do dia Portugal é
como se tivesse com o comercio a 36 horas de trabalho (30 que já tinha + 6 horas que iria
demorar a produzir 1 unidade de tecido adicional). Para Portugal é indiscutível que há
vantagem em entrar em comercio do que estar em autarcia porque consome mais. Há um
aumento de 20% (+6 horas de trabalho – ganho de comercio – 6/30=20%). Dizer que o ganho
do comercio for + 1 unidade de tecido, 6 horas ou 20%, estão todas corretas.
Inglaterra: 60 horas de trabalho (apenas porque tem mais população que Portugal)
Autarcia:
5 unidades de vinho (precisa de 8 horas) => precisa de 40 horas para produzir 5 unidades (8x5)
Sobram 20 horas para produzir tecido (4 horas), então 20/4 = 5 unidades de tecido
Comercio Internacional:
Inglaterra vai querer reter em consumo interno 5 unidades de tecido, no caso, não estão a
ganhar nada
Uma vez que eles produziram 15 e so gastam 5 em consumo interno vão sobrar 10 para
exportar para Portugal, ganhando assim 10 de vinho pois o TT=1
Portugal ganhou com o comercio 1 unidade de tecido e Inglaterra ganhou 5 unidades de vinho,
não se pode comparar alhos com bugalhos, não podendo dizer que ganhou mais em comercio.
Podemos comparar as horas de trabalho, Portugal ganhou 6 horas de trabalho (20%) enquanto
Inglaterra ganhou 40 horas de trabalho (67%).
Portugal não vai ter ideia do custo de horas de trabalho de produzir tecido em Inglaterra, nem
Inglaterra tem ideia do custo de horas de trabalho de produzir vinho em Portugal, não sendo
grave do ponto de vista do comércio. O que Portugal consegue saber é que ganhou com o
comercio, nunca sabendo quanto a Inglaterra ganha e vice-versa, nem no séc.XIX nem
atualmente nas empresas. Portugal sabe que se mexer nos termos de trocas pode ganhar mais
do que já ganha, se diminuir o TT=1 para 0,5 vai diminuir a quantidade de vinho que tem de
entregar para obter tecido. Se pelo contrario aumentarem o termo de troca, se TT=1 passa a
entregar 1,5 ou 1,7 e vai ganhar menos.
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 Intervalo de TT > 0,5 OU <2 Portugal prefere ficar em autarcia
O TT=1 ambos estão satisfeitos Sublinhado a vermelho Portugal não quer mais ter comercio
Portugal não sabe o TT de Inglaterra mas só aceita ter comercio entre 0,5 e 2 mas sempre
tentando ficar o mais á esquerda possível enquanto Inglaterra tenta ficar o mais á direita.
O giro do modelo de David Ricardo é que se consegue mostrar que entre 0,5 e 2 há sempre
comercio, o ponto em que ambos vão ganhar igualmente será 1,25 (somando os extremos do
intervalo 2+0,5/2) mas existe comercio em qualquer parte do intervalo.
Portugal Inglaterra
Trocamos 2 unidades de vinho por 1 de tecido não havendo ganhos nem perdas no comercio,
se o TT=2 este é um ponto indiferente pois fica com as mesmas unidades de vinho e de tecido
(intervalo aberto). Valores acima de 2 Portugal não quer entrar em comercio.
Se os Ingleses têm 10 de tecido e o TT=2 vão obter 20 unidades de vinho, ganhando assim 15
unidades de vinho, porque ao invés de 5 têm 20 unidades de vinho, 15x8=120 horas de
trabalho ganhando assim 100%
Portugal Inglaterra
O que vimos no exemplo antes deste já Adam Smith tinha feito, num caso destes em que
Inglaterra tinha vantagem nos 2 bens, disse que não há comercio se um país tiver vantagens
absolutas nos 2 bens. Quem conseguiu demonstrar o contrario disto foi David Ricardo fazendo
através dos custos relativos (do tecido).
O intervalo passa a ser entre 0,5 e 0,6 e temos de entender o que Inglaterra vai produzir.
Antes era muito evidente que Portugal ia exportar vinho e Inglaterra tecido, mas agora vai
especializar-se no bem em que é “mais melhor que Portugal”.
Tem 2 horas a menos em ambos, mas uma coisa são 2 horas em 6 e outra coisa são 2 horas em
10, o padrão de especialização vai ser o mesmo, vinho para Portugal e tecido para Inglaterra.
Portugal não sabe que Inglaterra se vai especializar em tecido, mas sabe que o que os Ingleses
querem vender não é vinho, é tecido (mão invisível que vai naturalmente empurrar cada país
para aquilo que produz menos mal).
TT=0,55
Em autarcia Portugal necessita de 0,6 de vinho para obter 1 de tecido (sem comercio)
Em comercio Portugal vai necessitar de 0,55 pra obter 1 de tecido, ganhando (0,6-0,55=0,05), é
um ganho pequeno mas ganhou.
Inglaterra em autarcia obtém 0,5 de vinho por 1 unidade de tecido (sem comercio)
Em comercio Inglaterra obtém 0,55 de vinho porque produz tecido e Portugal vinho, ganha
exatamente a mesma coisa (0,55-0,5=0,05) de vinho por cada unidade de tecido vendida a
Portugal
Mesmo nesta situação extrema os ganhos vão ser possíveis para ambas as partes. Portugal vai
ser empurrado a produzir vinho (embora seja melhor a produzir tecido) porque os ingleses já
vao produzir tecido, e assim, não quereriam entrar em comercio connosco.
Aula 6
Conclusões da lei dos custos comparativos:
Notas finais:
EUR/USD = 1,1 significa que 1 euro vale 1,1 dólares (o euro é mais forte que o USD)
1 bem que é vendido a 100 euros => quanto é que custa nos EUA? 110 dólares
EUR/USD = 1,5 significa que 1 euro vale 1,5 dólares (o euro está mais forte que o USD)
Não depende das empresas, por vezes, depende dos mercados, que podem fazer com que os
TT aumentam ou diminuam e isto pode ser um problema, porque quando um relógio ou
telemóvel chegar aos EUA a 150 dólares, os americanos se tiverem la um relógio ou telemóvel
da Coreia a 120, mandam o europeu passear pois está a 150, nada mudou na Europa,
continuamos a produzir excelentes produtos mas artificialmente pela politica cambial o preço
aumentou.
Aula 7
Abordagem neoclássica do comercio internacional
Hipóteses adicionais face ao modelo clássico:
Dois bens, dois fatores de produção, dois países – embora nunca tenham escrito que
a terra não fosse um fator de produção, na pratica, quando tem uma função de
produção que o que lá têm é K e L, o que estão a fazer é ignorar a Terra (T).
Kindelberger (síntese) (1910 – 2003) explica como surge a troca em HO: “se o bem é
tecnologicamente melhor produzido com muito trabalho, comparativamente ao capital e á
terra, os países que tenham abundante mão-de-obra terão vantagem comparativas em
produzi-lo e poderão exportá-lo”.
Aula 8
Diferenças entre Ricardo e HO quanto aos fatores de que depende a especialização produtiva:
No Ricardo a especialização vai depender das horas que utilizamos para produzir um bem, e
por isso, quanto menos horas utilizamos mais competentes somos na produção e mais nos
vamos especializar num bem (está correto mas curto). Para Ricardo a verdadeira
condicionante da especialização é a habilidade inata dos trabalhadores (vinho de PT e tecido
de ING). A especialização nos neoclássicos dependia da abundancia fatorial (quantidade
relativa de trabalho e capital de um país).
Quando um país é muito forte em capital e em trabalho o país vai exportar bens intensivos em
ambos mas vai haver algo que é predominante entre eles. Wassily Leontief (decadad de 50-60)
tentou testar este modelo tendo como exemplo os EUA (onde estava) – testa o que HO dizem
quanto á especialização produtiva, utiliza os EUA como exemplo e chega á conclusão que
embora os 2 fatores sejam extremamente abundantes, o capital é predominante (primeira
potencia tecnológica do mundo).
K=1 l=5 k/l=0,2 - números abaixo de 1 significa que temos mais trabalho que capital
Leontief não compara verdadeiramente aquilo que os EUA exporta com o que importa,
porque não consegue fazer, nunca vamos saber o que os EUA compra á China ou Portugal
o que lá está de trabalho e capital, apenas com espionagem, tendo acesso apenas á
estrutura industrial dos EUA e as suas exportações. Leontief foi ver o capital inerente aos
sapatos (anos 50 por exemplo) exportados pela a América e chegava á conclusão que cada
par de sapatos tinha 2 dólares de capital incorporado e 1 de trabalho. Foi demonstrar que
se os EUA substituíssem estes sapatos por sapatos importados a quantidade de trabalho
que seria empregue nesse bem importado seria menor, ao invés de 1 dólar teríamos 0,5
dólares. Nas exportações americanas estava-se a incorporar mais trabalho do que aquilo
que seria incorporado se substituísse por importações dos EUA. O que ele está a dizer é
que estas exportações comparativamente têm mais trabalho do que se os EUA
substituíssem os sapatos feitos em casa por sapatos importados de Portugal, ou seja, os
EUA estavam a exportar bens mais intensivos em trabalho do que aquilo que seria os
substitutos das suas importações. Mesmo mantendo o perfil de exportador intensivo em
capital, estaria a exportar mais trabalho do que aquilo que seria aparentemente provável á
luz do modelo de HO. O que se trata é de mostrar que há mais trabalho nas exportações
americanas do haveria se substituíssemos isso por bens importados. Demonstrou que
afinal as exportações dos EUA utilizavam comparativamente mais trabalho por unidade
de capital do que a produção dos bens substituto das importações. Leontief consegue
comparar o teor em trabalho e em capital daquilo que os EUA exportavam com o teor
em trabalho e capital daquilo que seriam produções americanas para substituir as suas
importações. Isto é o paradoxo de Leontief.
Aula 9
Paradoxo de Leontief ou modelo input-output
Os lags (desfasamento):
B) Teoria do ciclo do produto (Raymond Vernon, 1966, e Hirsch, 1961 – Boa explicação do
porque de muitos países inovarem mas não conseguirem difundir essa inovação – Lógica
biológica do funcionamento dos seres vivos, função concava em que o produto cresce numa
função concava, estabiliza e decresce e fica invertida – pressupostos:
Acesso aos princípios científicos não garante a aplicação da inovação, pelo desinteresse do
mercado por exemplo;
O empresário terá de ver satisfeitas determinadas garantias => Existência de mercado – Quem
mete o dinheiro e pega na inovação tem de ter convicção que tem mercado, dos laboratórios
há realidade.
Ciclo do produto: País inovador pode não ser o país que se especifica de todas as formas do
mesmo produto
Tempo e espaço importantes – setor automóvel – Inovou-se nos EUA com a Ford – espaço do
inventor definido, tempo – Séc.XIX
Durante muitas décadas era o único produtor, até que começou a surgir no Japão e hoje os
EUA é dos que mais automóveis importam – pode não estar na 3 fase mas tá na segunda
garantidamente, mas chegará à terceira fase, ex. calças de ganga que começaram nos EUA e
agora são criadas globalmente. Tesla com motor elétrico é o mesmo produto? Não há
resposta. Pode haver recorrências, ex: setor automóvel com a tesla - Economias funcionam em
Ws e não Us
Recuperação VS Protecionismo – Ex: viagens livres entre os Bálticos, protecionismos não são
só comerciais mas t5ambem os fluxos de pessoas e se não as recuperarmos os países europeus
perdem até 15% do seu PIB – Como é que a recuperação se gera com protecionismo, com este
é muito mais complicado.
C) Teoria eclética da produção internacional (Dunning 1980) – Eclético por ter um conjunto de
fatores explicativos:
Trata-se de uma abordagem eclética porque avança com fatores que explicam
cumulativamente:
Ex: Opel com transferência de recursos americanos para os EUA conseguir exportar. – Não
precisavam de tecnologia nem mão de obra – Para terem mercado devido aos impostos
aduaneiros e defender os automóveis europeu tinham de transferir recursos
Vantagens especificas (ou de posse): Algo que um país pode ter e outro não, Detenção
de tecnologias (ex. Prestar um serviço que não está disponível a todos), economias em
escala (ex. Via verde nos EUA que se expandiria pelo mundo, algo que Portugal não
consegue fazer, diminuição de custos conforme a produção aumenta) , métodos de
gestão (ex. proximidade entre os chefes e os seus colaboradores – open space) e
organização produtiva (ex. funcionário da Colgate que decide alargar a boca da pasta
para se gastar mais pasta, tornou-se o mais bem pago – Incentivos) – País se tiver estas
pode estar nas linhas da frente tomando uma decisão mais assertiva quanto ao como
se organizar;
Vantagens de internalização: Não funcionamento da concorrência perfeita nos
produtos e nos fatores produtivos - Resultado de imperfeições nos mercados dos
fatores produtivos e dos produtos, através da diferenciação, dá vantagens à empresa
que o faz – É possível que fazer com que a mão de obra se desloque
internacionalmente – imperfeição à concorrência perfeita que dava como constante a
imobilidade dos fatores de trabalho e capital. – Quer nos produtos – Diferenciação,
quer nos fatores produtivos – com a mobilidade de capital e trabalho – Dá vantagens;
Vantagens de localização: Pode ser preferível investir no exterior devido a questões
fiscais, custo/qualificada de mão de obra, local onde a matéria prima está disponível. –
Impostos mais baixos em certos países, ou por a mão de obra ser mais barata ou
qualificada, ou por a matéria prima estar disponível nestes países (não há ouro em
Luxamburgo, mas sim no Ghana – Industria extrativa instalar-se-á neste) –
Investimento nestes países por estes fatores, daí mais vale Portugal investir em mão
de obra qualificada para atrair empresas estrangeiras a vir busca-las – Ex. médicos
portugueses a trabalhar pelo mundo
Mercados;
Materiais de base;
Mão de obra barata;
Tecnologias mais avançadas;
Estabilidade política;
Podem ser feitas via mercado de câmbios – Diminuição do défice dos EUA:
Cenário 2 – EUR/USD = 1,2 => 55000$ /1,2 = 45000 euros – Automóvel que se vende é o EUA
pela redução de défices – Dolar é desvalorizado de um 1 para um 2 – Se algum país tiver
défices crónicos – Uma solução é a desvalorização da sua moeda, mas a Alemanha a querer
vender automóveis também vai querer desvalorizar para continuar a exportar
Se um país pode evitar a catástrofe das balanças que o faça segundo o SMI
Financiar os défices: SMI deve ter possibilidade de financiar os país com os défices para evitar
fome nestes países mas para este país continuar no comercio internacional – se este revelar
incapacidade de atuar no comercio internacional o SMI tem de atuar ajudando mas também
para este não deixar o comercio internacional – Ex. Portugal quando a troika apareceu – com
Portugal com 12 mil milhões de défice – Incapacidade de comprar. TROIKA não veio porque
quis, nós posemos nos a jeito a pedir ajuda - Mas ao definir padrões ou regras estas tem
contrapartidas diabólicas.
Possibilidade de imitir papel que todo este tinha de ter conversão em ouro: Padrão-ouro:
Funcionamento prático:
Sistema de Bretton Woods (1944 – década de 70) – Factos: Era uma pequena cidade
americana de Newyorkshire – 1942 – Alemanha ainda a tomar conta de tudo na Europa
John White – Secretário do tesouro americano: “Ministro das finanças kb” - Eua, e John M.
Keynes – Enorme economista – Representante da Inglaterra, e alguns resistentes francesas.
Objetivo da reunião: Havia necessidade de estabilidade cambial que não existia – link entre
esta e o protecionismo – Se não existisse mão visível ou invisível que assegura-se a
estabilidade cambial, unilateralmente os países quereriam desvalorizar a sua moeda para
exportar o mais possível.
Isto era essencial para assegurar que os países não poriam entraves ao comércio internacional
pela desvalorização das moedas
Cumprir acordos internacionais para evitar o protecionismo era central – Questão, como faze-
lo? Como fomentar o comercio? Derrota de Keynes
Moeda central do sistema pela convertibilidade ao ouro passa a ser reserva internacional e
moeda de intervenção – Moeda de recurso em qualquer circunstância por as reservas do país
que quer aceder a essa reserva opta por ter dólares em vez da sua moeda – Todos queriam o
dólar pois era o único com convertibilidade em ouro pois esta pensava-se que não perderia
valor, única moeda para me safar, daí todos usarem o dólar, pré guerra era a libra.
Moeda de intervenção pois quando fosse preciso o FMI intervir, ex. Plano Marshal – usava o
dólar, papel internacional do dólar dava garantias de não perder valor.
Produção ou emissão do dólar sem limites, ao contrário do ouro – Produção do ouro é limitada
por necessitar de ser extraído e eventualmente acaba, o dólar não, podemos produzir mais
dólares do que o ouro que tenho;
Fim dos câmbios fixos (1973 a ?), sistema ordeiro, claro para todos e era um sistema centro-
periferia, centro – dólar, periferia todos os outros, – Origens da crise: Consequências:
Acordos de Smithonian-Washington
Agosto de 1971: Nixon (presidente dos EUA) suspende as vendas de ouro do Tesouro –
Reservas dos EUA tinham descido 1/3 nos primeiros 7 meses do ano – Quem tivesse ouro tava
seguro se o dólar desvaloriza-se, ainda não tinha desvalorizado, mais iria ter de cair. –
Venderam o dólar contra o ouro – Resumindo o mercado queria livrar-se do dólar que estava
instável para ser desvalorizado eventualmente tentam livrar se deste, protegendo-se com o
ouro (safeheaven) – 1º causa do fim do sistema
Março de 1973 – Mercados cambiais suspensos durante semanas – não é normal – 2º Mais
importante
Quando reabrem moedas podem flutuar de acordo com o mercado, dólar enfraqueceu 10% e
acabara a convertibilidade em ouro.
Acordos de Jamaica (1976) – Fim formal do sistema 3º mais importante fator do fim
Fim formal dos câmbios fixos e adoção de câmbios flutuantes/variáveis – Não é fachada
administrativamente, flutua com o mercado, se a perceção do mercado é de perder, ela baixa,
se é contante é porque o mercado entende que deve ser assim, de um dia para o ouro tudo
pode mudar;
Desmonetização do ouro – Não há mais admissão de que há ouro para toda a moeda – Ouro e
moeda deixam de estar ligados
Devolução e venda de ouro pelo FMI – Põe ouro no mercado que estava em falta;
Alteração das quotas do FMI – quando percebeu que as quotas já não traduziam a realidade
do final da 2GM porque economias como a Alemanha e o Japão tinham mais quota pois tinha
crescido muito – o problema é que o mesmo FMI que teve coragem de fazer alteração de
quotas foi o mesmo que não soube reconhecer isso a propósito dos asiáticos, e há um
momento em que quase que se criou condições para um cisma dentro do FMI (15 anos atrás) –
Ásia cresceu muito e o FMI não aumentou as quotas porque os EUA se opunham (1 quota
maior significa mais poder dentro do FMI).
Sistema é um erro humano, pois foi criado por este – Não da mão invisível
Aula 15
Bretton woods – a forma como o sistema foi construído em cima da força do dólar (única
moeda convertível em ouro); um sistema tendencialmente de câmbios fixos (porque deixava
as moedas flutuarem mas sempre do ponto de vista conjuntural); instituições muito fortes que
o sistema criou (FMI) – começa a ter problemas quando se percebe que o facto do dólar ser
uma moeda forte para o sistema e impossível de desvalorizar leva a perda de competitividade
da economia americana porque todos os outros estavam a desvalorizar as suas moedas, logo,
a tornar-se mais competitivos e o dólar não podia fazer isso (menos competitividade
americana) – o próprio sistema começa a causa dificuldades ao criador. A procura do dólar
deixa de existir e começa a corrida ao ouro – entrega dos dólares para receber ouro americano
– Nixon suspende as vendas de ouro dos EUA.
Com Bretton Woods tínhamos um sistema estruturado que evitava a anarquia e os excessos
dos países e depois de 1973 não há nada em termos de sistema organizado e depois de 73
houve uma sucessão interminável de crises cambiais:
Só não foi pior (guerras cambiais) porque felizmente tem havido uma sensatez de certos
países que não se querem envolver em guerras cambiais, porque se não fosse isso teríamos
tido uma recessão mundial profunda por causa de um sistema que não existe. Hoje vivemos
num conjunto de subsistemas em que cada um tem as suas regras com formas diferentes de
trabalhar no sistema internacional.
Países da dolarização – países que não afetam muito a economia e que se viraram para o dólar
como fonte cambial, ou seja, moeda nacional (adotam o dólar como seu – Panamá)
Euro – estranho porque é um sistema flexível e fixo ao mesmo tempo – flexível porque se
virmos o euro/dólar está a variar de micro segundo a micro segundo – o mercado determina
onde o euro vai – cambio que varia – em 1999 o euro foi criado na base câmbios fixos porque
houve uma conversão, por exemplo, do escudo para o euro na base dos 200.482 escudos em
euro, portanto é fixo rígido mas flexível porque o euro se valoriza ou desvaloriza em relação a
outras moedas.
Currency boards – não são câmbios fixos mas são câmbios onde há alguma intervenção
administrativa das autoridades monetárias – exemplo: porque se quer que a sua moeda esteja
pegada a outra moeda internacional porque não se quer que a nossa moeda se valorize muito
(sob pena de perder competitividade comercial) mas também não se quer por causa da
inflação. Para evitar estas 2 coisas tenta-se fazer um peg (pegada) ao dólar que é a moeda mais
forte no SI.
Há aqui um sistema que pelo facto de permitir Câmbios flexíveis e Currency boards está a
introduzir distorções no que deveria ser um sistema ordeiro – uns com mais restrições, outros
com menos, mas ainda assim todos permitem-se jogar no mercado cambial em funções dos
seus interesses – influenciar o mercado cambial pelos seus interesses – não é bom para
ninguém (as regras são diferentes uns para os outros).
Se o euro fosse mais fraco podíamos equilibrar as balanças comerciais, mas o euro para os
europeus (Alemanha por exemplo) é uma forma de se proteger da inflação. Se um país como a
China que tem como base de comércio as exportações, é imprescindível ter como base as
currency boards, não podem ter a sua moeda a valorizar muito porque senão não exportam.
Paradigma do NBER (National Bureau of Economic Research) – US based – pago por fundos
americanos
Há 25 anos que nos vem alertando para a necessidade de te rum sistema organizado, e fê-lo
sugerindo um novo sistema centro-periferia que fosse buscar aquilo que o sistema de Bretton
Woods tinha de bom e tenta-se afastar aquilo que teve de mau e provocou o seu colapso. O
centro periferia de Bretton Woods teve de mal foi estar um país sozinho no centro, então
porque não colocar no centro varias moedas, porque não por exemplo colocar os países que
mais peso têm no comercio, porque não colocar no centro o SDR – porque não a periferia ser o
resto. Isto permitiria países como a China, os EUA, o Japão, o Euro de estarem no centro e não
utilizarem a politica cambial para ganhar vantagem sobre os outros e ao mesmo tempo os
problemas que o centro tem e que se verificaram no Bretton Woods serem repartidos pelos
que estão no centro e não serem concentrados apenas nos EUA. As autoridades americanas
nunca estiveram interessadas em discutir este assunto.
Subsistema Euro
Houve um antecedente, o ECU (european currency unit) que foi criada no ano 1974 e que foi
um primeiro teste para aquilo que viria a ser o Euro (25 anos antes do aparecimento do euro).
O ECU tinha um conjunto de moedas e queria fixar o valor de cada uma a um câmbio central
para evitar grandes flutuações de câmbios. Mais tarde, 16 anos depois, criou-se a UEM (união
económica monetária) 1990 e só 9 anos depois é que aparece o euro. Pretendeu-se primeiro
liberalizar os movimentos de capitais (países europeus entre si), criou-se um mercado único
europeu, criou-se o Instituto monetário europeu (pai do BCE), criou-se o euro em 1999
(virtualmente não fisicamente), em janeiro de 2002 iniciou-se a circulação do euro em
conjunto com moedas nacionais (ordem cronológica).
Aula 16
FMI criado em Junho de 1994 e o primeiro objetivo era promover a cooperação monetária
internacional para evitar desvalorizações cambiais como aquelas que tinham contribuído para
a Grande Depressão dos anos 30. O segundo objetivo era facilitar o crescimento equilibrado
do comercio internacional – estamos no pós guerra e o objetivo era que o comercio
internacional crescesse sem tumultos. O terceiro objetivo era promover a estabilidade cambial
– evitar flutuações da câmbios instáveis. O quarto objetivo era criar um sistema multilateral de
pagamentos internacionais que envolvesse todos os países – pagar com dólares do outro lado
do mundo e com euros em qualquer lado do mundo.
Hoje em vez de 44 países o FMI tem 189 Estados-membros, tem seguramente os principais
países do mundo. Hoje o FMI tem 147 nacionalidades representadas no seu staff, há
portugueses também no FMI, hoje o FMI tem capacidade de emprestar aos Estados-membros
cujo limite global é de 1 bilião de dólares, 1 bilião de dólares na nossa língua é 1 milhão de
milhões. O FMI tem cerca de 36 acordos de landing (credito) ou seja a este bilião de dólares
que pode conceder pode ser concedido em função de 33 diferentes current landing
arrangements, para alem disso o FMI tem cerca de 300 milhões de dólares disponíveis para
technical advice, ou seja, formação e consultadoria aos países. Por outro lado o FMI para os
low income countries (países pobres) prevê apoio financeiro em que a taxa de juro é de 0,
podem ir buscar dinheiro ao FMI com 0% de juro.
Por ultimo FMI é constituído por 2 órgãos essenciais, um é o conselho dos governadores (topo
da estrutura – órgão que se reúne 1 vez por ano e é mais show off) – os países membros do
FMI são representados pelo governador do banco central ou pelo ministro das finanças, cada
um destes elementos são os representantes dos países junto do FMI no conselho dos
governadores (no caso português temos o Dr. Carlos Costa - Banco de Portugal), e aqui é 1
cabeça 1 voto.
Todavia o verdadeiro órgão de decisão do FMI que tem o poder, são os executive directors
(conselho executivo) e estes são apenas 24, são nomeados em função de critérios de quota, os
países com maior quota no FMI podem escolher 1 diretor executivo (desde que tenha 4,2% da
quota do FMI pode logo escolher 1 diretor e quem tenha 8,4% escolhe 2), na prática a única
forma dos países pequenos (Portugal) conseguirem ter um diretor executivo é juntar-se, na
pratica de muito em muitos anos é possível que haja um português como diretor executivo
(Portugal juntar quotas com o Brasil e os PALOP) – os EUA conseguem ter mais diretores
executivos que qualquer país.
Os EUA tem uma cota de 14,7% neste momento, a China uma quota de 12,8%, a Alemanha um
de 4,9%, o Reino unido de 3,6%, o Japão de 5,1% e a França de 3,1% - Brasil 2,1%. Os 10 países
com maior quota são EUA, China, Japão Alemanha, Reino Unido, Índia, França, Rússia, Itália e
Brasil em conjunto estes países detêm 54% das quotas do FMI. Se juntarmos uma variedade de
países com os EUA é muito fácil de imaginar que um conjunto muito restrito de países
conseguem ter um poder significativo no FMI – Portugal tem 0,36% de quota no FMI. Um país
com uma quota grande no FMI tem uma capacidade maior de influencia as decisões do FMI do
que um pequeno país.
O FMI teve 15, ultima das quais (dezembro de 2010) foi no sentido de duplicação das quotas e
de realinhamento das quotas, chamada de 14ª revisão. As quotas passaram para cerca de 777
mil milhões de dólares, mas, para alem disso, as quotas do FMI têm ainda uma outra
característica que é: uma coisa é a quota real do país e outra coisa é a quota que deveria
resultar da forma de calculo que o FMI define para as quotas – a quota real do país significa
aquilo que realmente o país tem dentro do FMI em quota, a quota que o país devia ter resulta
de uma fórmula (linha 197 do doc) que pesa o PIB, o grau de abertura de economia, as
reservas que o país tem etc. que permite calcular a quota em rigor do país, mas o que
acontece (coluna C comparar com H – coluna C tem a quota atual do FMI e a H tem a quota
que seria a calculada com os critérios do FMI) é que no caso dos EUA a quota calculada era
14,7% mas a real é 17,4%, no Japão a quota calculada é 5,1% mas a rela é 6,4%, na Alemanha a
calculada é 4,9% mas a real é 5,6% - o país que está em falta é a China com 12,9% e tem 6,4%
de quota real – não só há aqui um jogo de poder que faz com que agora se somarmos os EUA
com o Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Itália eles têm 41% do FMI e se juntarmos a
estes 6 o Canadá, Arábia Saudita, Espanha e Holanda ficamos com 50% e portanto a quota real
exponencia um eixo central de poder no FMI que tem como principal vértice os EUA. Os EUA
não querem que as quotas sejam revistas porque têm um PIB muito inferior ao de 2010 com a
14ª revisão.
Para que o FMI possa financiar países tem de ter fundos e esse fundos são chamados de
recursos do FMI:
Quotas dos países – as quotas do FMI representam 477 mil milhões de SDR’s e isto em
dólares é 661 mil milhões de dólares. A Arabia Saudita tem uma quota no FMI de 2,1%
(maior que a Espanha, Coreia do Sul e próxima da Rússia) – sempre teve um peso
desproporcionado face ao FMI, sempre teve mais quota do que a sua economia por
uma razão histórica que tem a ver com a segunda fonte de recursos do FMI falada no
ponto abaixo.
Credit arrangements – acordos entre o FMI e um grupo de Estados membro ou
instituições que poderão financiar o FMI em mais 253 mil milhões de dólares. Países
como Arabia Saudita e bancos internacionais de grande dimensão têm acordos com o
FMI que permitem ao mesmo ir buscar recursos no valor de 253 mil milhões de
dólares. Portanto 661 mil milhões de dólares em quotas + 253 mil milhões de dólares
em linhas de financiamento da 914 mil milhões. Existe ainda uma terceira fonte de
recursos indicada a baixo.
Compromissos que Estados membros assumem com o FMI que prevê acordos
bilaterais entre países e o FMI – mais 440 mil milhões de dólares
Com estas 3 linhas de recursos temos 1.35 biliões de dólares de recursos – o FMI tem cerca de
1 bilião de dólares para financiar Estados membros.
O FMI tem neste momento cerca de 2.700 funcionários e esses representam 147 países
Aula 17
FMI teve em Portugal 3 vezes, a primeira vez em 1977 e esta primeira intervenção aconteceu
num momento em que a nossa taxa de desemprego era muito elevado (superior a 7%)
aconteceu numa altura em que havia racionamento de bens, aconteceu num tempo em que a
politica era de governos de 100 dias e aconteceu num tempo em que havia o escudo que
estava sistematicamente a ser desvalorizado para podermos viver com uma industria muito
mão de obra intensiva e localizada no espaço (norte e centro) e que era favorecida por uma
politica de desvalorização do escudo.
Nesta primeira intervenção de 1977/78 a receita foi muito clara: conter salários,
nomeadamente da função publica e com esta receita isto implicou um agravamento da
conflitualidade social e a segunda parte da receita era desvalorizar o escudo. Uma receita a
dois níveis, primeiro a nível da despesa publica e a segunda a nível de fomentar as exportações
continuando a desvalorizar o escudo.
A segunda intervenção dá-se em 1983, ou seja, 6 anos depois o FMI volta com uma recessão
muito caótica em Portugal, onde se formou um governo de aliança liderado por Mário Soares e
que tinha o PS e o PSD nessa aliança, num contexto em que tínhamos desemprego elevado e
num contexto em que apesar da contenção de salários e despesas publicas e de
desvalorizações do escudo, a economia portuguesa não tinha reagido. A receita foi de novo a
mesma que a anterior.
Em 1986 deu-se a adesão de Portugal á CEE, marcou o inicio de um fluxo massivo de recursos
financeiros para Portugal. Durante décadas não necessitamos mais de auxilio e de intervenção
do FMI, até que em 2011, no âmbito de um programa chamado Programa de Ajustamento
Economico e Financeiro (AEF) uma coisa que ficou conhecida por Troika o FMI voltou a ser
chamado a Lisboa.
Programa foi acordado em maio de 2011 entre as autoridades portuguesas, União europeia,
FMI e participação do BCE. Desta vez o FMI não veio sozinho, não foi o único a trazer uma
receita. A estratégia era clara e visava sobretudo restabelecer a confiança dos mercados
financeiros internacionais porque por volta do final do ano de 2010 tinha começado a circular
que as contas portuguesas estavam desequilibradas e que o pais estava numa espiral
gastadora muito forte e que provavelmente o país ia ter dificuldade em honrar os seus
compromissos internacionais. Isto fez com que em abril de 2011 as agencias de rating
internacional, nomeadamente a Standard and Poors, tenham feito um downgrade (revisões
em baixa) da divida portuguesa – dizer aos investidores para terem cuidado com Portugal pois
estávamos numa situação menos vantajosa para pagar a divida. Conclusão: porque se
estabeleceu um clima de desconfiança em relação a Portugal nos mercados financeiros, o que
os investidores fizeram foi pedir juros altíssimos para a divida publica portuguesa, mais do que
10%.
Dizem que isto foi uma maneira de atacar o euro indiretamente, ao atacar um país da europa
que estava já enfraquecido. Independentemente das conspirações há uma coisa verídica,
Portugal em 2011 ia em muito anos de fraco crescimento do PIB e era imperativo mostrar aos
mercados que eramos capazes de crescer – necessidade de promover a competitividade e o
crescimento económico sustentável de Portugal.
O Pacote de Assistência previa 78 mil milhões de euros era o previsto injetar em Portugal,
desse dinheiro 50 mil milhões viria de mecanismos europeus (UE), e ao FMI caberia os 26 mil
milhões de assistência. Destes valores 12 mil milhões (15%) foram destinados ao mecanismo
de apoio ao setor bancário – este valor não chegou e foram postas sucessivamente mais
verbas.
O FMI quer periodicamente fazer revisões para ver se o país está a cumprir com o que foi
acordado. No âmbito deste PAEF(programa de ajustamento económico-financeiro) houve 12
missões de revisão, cada uma delas menos a ultima foram acompanhadas por desembolsos,
cada vez que o FMI cá vinha (semestralmente) olhava para a forma como o programa estava a
ser implementado por Portugal e se verificasse que sim tínhamos o dinheiro e caso não fosse
no bom caminho não havia dinheiro para ninguém. Como cumprimos tudo, nas 11 revisões
correu tudo bem e o dinheiro apareceu, na ultima revisão não houve necessidade de trancha
porque estávamos equilibrados e em 2014 o programa acabou.
Documento da Ultima Revisão – diz que Portugal fez tudo direito, porém David Lipton diz que
em muitas áreas as reformas ainda não se traduziram numa mudança efetiva, o que exige
uma estratégia medio-prazo para fazer face aos pontos de rigidez ainda resultantes dos
mercados, produtos e do trabalho e ao mesmo tempo melhorar o clima de negócios – este
parágrafo é o reconhecimento do próprio FMI, que 3 anos depois, do ponto de vista das
reformas estruturais, a coisa não estava ainda completa. O FMI faz os programas, acompanha,
revisa os mesmo e no final do dia diz que podia ter sido melhor e para se desenrascarem – isto
é muito complicado porque cria necessidade de recorrer outra vez ao FMI.
Monitorização pós programa: Portugal entra nesta fase apos o fim do programa – post
program monotoring – querem acompanhar a situação económica do país e este
acompanhamento está relacionado com o crédito ainda em divida ás instituições europeias e
ao FMI - a periodicidade foi semestral. Este programa serve também para avaliar até que
ponto a situação económica do país, neste caso Portugal, pode ou não influenciar negativa ou
positivamente a nossa capacidade de pagar o credito em divida. É uma avaliação pós programa
alicerçada na ideia de que estamos capazes de pagar a divida, pelo que a duração da fase de
post program está relacionada com os níveis de credito em divida, no momento em que deixa
de ter divida, cortamos relação com esta fase. Realizam-se as missões que são conjuntas
(Comissão europeia, BCE, FMI vão juntos) só que passam a vir de 3 em 3 meses. Há um papel
importante do Banco de Portugal e do IJCP. Estas intervenções externas estão longe de se
esgotar, naquilo que é a duração do programa, mas o post program ainda está vivo. Os países
só deixam de estar em post program quando pagam a divida total do PAEF.
Aula 18 e 19
Balanças de pagamentos
É o registo contabilístico de todas as operações económicas que vão havendo residentes e não
residentes – exemplos: significa que se a Empresa Braga vender roupa para Andorra esta
operação entra na balança de pagamentos – operação suscetível de entrar em balança de
pagamentos porque estamos a falar de alguém que é residente que vende a quem não é
residente. Se pelo contrario a Empresa de Braga vender para uma de Faro, esta operação já
não entra na balança de pagamentos porque estamos a falar de uma empresa residente em
Portugal e uma empresa que compra residente em Portugal. Da mesma forma que um turista
Alemão visitar Portugal ou um turista português visitar a Alemanha e se houver gastos
decorrentes desta visita, isto entra na balança de pagamentos. Se a embaixada alemã em
Portugal comprar resmas de papel a uma empresa portuguesa, entra na balança de
pagamentos. Há aqui milhares de operações sujeitas a balança de pagamentos – se a empresa
portuguesa fizer um investimento em Marrocos, isto é sujeito a balança de pagamentos. Quer
sejam operações de compra e venda, turismo, que envolvam empresas ou quer ainda um
cidadão português emigrado na Irlanda (repatria 1000 euros para Portugal – remessa de
emigrantes) isto tudo entra na balança de pagamentos.
Desde o 25 de Abril de 1974 esta rubrica (bens) esteve sempre sinal negativo em Portugal
derivado das mercadorias – estamos a falar de valores de 10 mil milhões de euros até 25 mil
milhões de euros por ano - ao longo destes anos todos, devemos ter tido de compensar com
outras rubricas.
Portugal é um dos 20 países do mundo que mais receitas de turismo recebe, é muito obvio que
esta rubrica (viagens e turismo - serviços) tem saldo positivo. Esta rubrica da balança de
serviços, quer pelo turismo, quer pelos transportes, acaba por compensar em parte aquilo que
são as nossas importações de bens. Por outro lado temos recebido transferências correntes
positivas (privadas ou publicas) e muitas das vezes o saldo da balança de rendimentos também
é favorável.
O facto de termos um défice brutal na balança de mercadorias (Portugal) faz com que a
balança de bens tenha défices brutais. Porque é que esta rubrica de mercadorias tem sempre
saldos negativos? Tem a ver com o aparelho produtivo português, ao longo do séc.XX na
ditadura ente 1926-74 tivemos um sistema corporativo fechado (orgulhosamente sós) que fez
com que a nossa industria fosse protegida e quando se abrir ia ser uma industria muito
desprotegida que dificilmente conseguiria concorrer a nível internacional – medida
protecionista. Quando veio 25 de Abril, depois do mesmo, tivemos o desvario do PREC
(período revolucionário em curso), aquilo que havia de bom, a extrema esquerda consegui
destruir, nacionalizaram varias coisas, destruíram parte da agricultura que funcionava
razoavelmente e com as ideias de tornar Portugal numa espécie de URSS destruíram parte do
que Salazar não tinha destruído antes. Em 1986 quando aderimos á CEE recebemos muitos
fundos, muitos deles que vieram para destruir aparelho produtivo, destruímos a nossa frota de
pesca (pagar ás pessoas para deixar de pescar), entrámos na PAC (fomenta o desperdício) e
tivemos 3 momentos em 1 seculo que não foram favoráveis á industria – o orgulhosamente
sós, o PREC e a adesão á Europa – ainda hoje sofremos as consequências destes momentos.
Apesar do saldo negativo da balança de bens, que resulta das mercadorias, a balança de
serviços tem tido um saldo positivo, o que significa que o saldo da balança corrente acaba por
ser menos negativo do que o saldo da balança de bens, ou seja, a balança de mercadorias tem
saldo catastrófico mas felizmente as outras 4 ao lado da mercadorias minimizam este saldo
negativo, por isso, quando passamos das mercadorias para a balança de bens o saldo continua
muito negativo mas é menos negativo do que o saldo das mercadorias. Quando olhamos para
a balança corrente (bens, serviços, rendimentos, transferências correntes) apesar dos saldos
negativos em todos os anos na balança de bens, como a balança de serviços tem valores
positivos na maioria dos anos, o saldo negativo da balança corrente é menor do que o saldo
negativo da balança de bens – á medida que descemos (balança corrente > balança de bens >
balança de mercadorias) os saldos negativos vão se agravando.
O primeiro processo que se usa para minimizar este problema é a balança de serviços porque
felizmente somos um país que nos transportes é forte e porque somos fortes em viagens e
turismo. A balança de pagamentos tem de ter saldo nulo, e o que estamos a dizer é que a
balança corrente, por via das mercadorias e dos bens, desde o 25 de Abril, só houve 5 ou 6
anos em que teve um saldo próximo de 0, nos outros 40 anos esta balança teve um saldo
negativo. O que compensa o saldo negativo da balança corrente é a balança capital
(transferências de capital) e financeira (investimento direto e carteira) juntamente com os
transportes e turismo. O problema é que o investimento não é infinito, e basta haver um
problema com o investimento direto ou de carteira, a partir do momento em que estagna ou
diminua temos um problema serio para financiar o défice das mercadorias.
Grande parte das transferências de capital são divida externa, é como se o país estivesse a
vender património (EDP,PT – paga as importações) e para alem do investimento direto e
carteira é que a dada altura estamos a endividarmo-nos no exterior com estas transferências
de capital. A balança de pagamentos no final do dia está estável mas á custa de rubricas
instáveis, se há um problema com o turismo, transporte, investimento direto estrangeiro
então ficamos “agarrados” – é insustentável, continuar com um saldo negativo na balança de
mercadorias, na de bens e na corrente – porque importamos grande parte do que
consumimos, endividamo-nos no exterior e esse endividamento leva-nos a que tenhamos
Troika.