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ECONOMIA para

NEGÓCIOS
PROF. DANIEL KAWAMURA
ENG. AGRIMENSOR
Aspectos gerais de macroeconomia
 Macroeconomia é o ramo da teoria
econômica que estuda a ação e influência de
atores globais como as empresas,
conglomerados e países na economia mundial.

 Para realizar suas análises, a Macroeconomia


utiliza os indicadores econômicos globais como
o PBI, o PNB, entre outros.
O termo "Macroeconomia" surgiu nos Estados Unidos, em 1930,
após a Crise de 1929.
A Macroeconomia se ocupa em analisar a economia como um conjunto.
Desta maneira, ela deve considerar as variáveis macroeconômicas como o
nível de desemprego, o PNB (Produto Nacional Bruto), o PIB (Produto Interno
Bruto), total de investimentos e gastos, etc.
A Macroeconomia busca definir como as grandes decisões vão impactar
na sociedade, na política de um país ou de um bloco econômico. Seu
objeto de estudo serão as empresas, os países, os grupos econômicos e,
desta maneira, avaliar a economia em dimensões regionais e nacionais.
Dentro deste quadro, vai explicar grandes temas como o
aumento/diminuição de exportação e importação, desemprego,
demanda, investimentos, inflação, etc. Para que seu estudo seja válido, a
Macroeconomia leva em conta os elementos da Microeconomia que
estuda o gasto dos indivíduos, famílias e do comércio varejista.
Segundo a Macroeconomia, o papel do governo é
fundamental e consistiria em manter uma boa política
monetária a fim de promover a estabilidade
econômica.
Igualmente, caberia ao governo evitar que se gaste
mais recursos que o arrecadado, distribuir a riqueza de
maneira a corrigir desigualdades e auxiliar as empresas
a manter em marcha a economia.
 Para mensurar se a macroeconomia de um país está
bem ou mal, a Macroeconomia utiliza uma série de
índices como por exemplo:
 PIB - Produto Interno Bruto
 PNB - Produto Nacional Bruto
 SCN - Sistema de Cotas Nacionais
 BP - Balanço de Pagamentos
 A Macroeconomia é um ramo da Economia
que chama a atenção pela sua diversidade.
Dessa maneira, muitos intelectuais que se
debruçaram sobre este campo de estudo.
Abaixo citamos alguns autores:
A macroeconomia, procura ter uma visão ampla
do funcionamento da economia, que estuda
temas como: crescimento econômico, inflação,
comércio exterior, desemprego, déficit público
etc. Aqui conhecendo como a economia analisa
as relações econômicas de um país com o
exterior por meio do registro do seu balanço de
pagamentos.
Economia externa
Temos certeza de que você já ouviu falar sobre
exportações, importações e câmbio, uma vez que esses
assuntos frequentemente estão presentes nas principais
notícias de vários jornais. Mas, você sabe o quanto eles
afetam a economia em geral e a nossa qualidade de
vida, em particular? Será que esses temas afetam o
desempenho econômico das empresas? E os empregos
oferecidos por elas? Talvez a empresa para a qual você
esteja trabalhando, atualmente, faça parte de um setor
que esteja ligado ao comércio internacional e você nem
tenha se atentado a isso!
O Brasil produz apenas parte do trigo que
consome, importando grande parte desse trigo
da Argentina. Ao mesmo tempo, boa parte do
minério de ferro consumido pela Argentina tem
origem no Brasil. Com isso, tanto os consumidores
argentinos quanto brasileiros têm acesso a trigo e
minério de ferro a preços menores se comparados
a um cenário em que os países não realizassem
comércio entre si.
Contudo, em muitas situações, um país pode ser melhor do que outro
em diversos produtos (alcançando custo de produção menor ou maior
qualidade, por exemplo), podendo parecer que ele não teria vantagem
em realizar comércio. Como ficaria essa situação? Para responder a esse
desafio, precisamos lembrar do conceito do custo de oportunidade, que
é basicamente o que um país deixaria de ganhar ao decidir produzir
determinado produto ao invés de outro. Podemos expressar esse conceito
com uma situação simples: imagine um neurocirurgião que também é um
excelente jardineiro. Se ele precisar desmarcar uma consulta para cuidar
do seu jardim, simplesmente porque poderia fazer um trabalho melhor do
que o jardineiro de sua vizinhança, estaria tomando uma boa decisão?
Certamente que não! O mesmo raciocínio se aplica aos países: eles
devem se concentrar em produzir os produtos nos quais são mais
competentes, pois seus recursos de produção são limitados (MANKIW,
2013).
Para os países de menos recursos, poder oferecer produtos
e serviços de menor custo para sua população resultará
em uma melhora na qualidade de vida. É por isso que a
maior parte dos economistas defende a redução das
barreiras comerciais entres os países como instrumento
para melhoria da qualidade de vida da população. Nas
palavras de Mankiw (2013, p. 53), “o comércio pode
beneficiar todos os membros da sociedade porque
permite que as pessoas se especializem em atividades nas
quais têm uma vantagem comparativa”.
Além disso, vale destacar que os países não conseguem produzir
internamente tudo o que precisam (existe a possibilidade, por
exemplo, de se produzir uma fruta tropical na Islândia ou extrair ferro
em um país que não tem esse metal em seu subsolo?). Com isso, o
comércio internacional sempre teve grande importância nas
transações econômicas dos países, sendo que, inclusive, ao longo dos
anos, foram criadas outras estratégias para facilitar as trocas
internacionais, como a formação de blocos econômicos (ou blocos
comerciais). Cabe destacar que alianças econômicas entre países
sempre existiram, contudo, uma das marcas do final do século
passado foi a multiplicação dos blocos econômicos pelo mundo.
As penalidades econômicas impostas à Alemanha no final
da Primeira Guerra Mundial impulsionaram o ambiente de
revolta que abriu espaço para o nazismo. Já no final da
Segunda Guerra, os Estados Unidos fizeram com que
Alemanha, Itália e o Japão, em especial, se tornassem
seus parceiros comerciais. Você acha que parcerias
comerciais que proporcionem ganhos para todos os
participantes podem funcionar como inibidoras de
guerras?
Todas as transações internacionais são pagas em moedas aceitas em
todo o mundo (como o dólar, por exemplo). Assim, se uma empresa
brasileira exporta seu produto para o Marrocos, ela vai receber em
dólar por essa venda. Já se uma empresa no Brasil importa matéria-
-prima do México, ela não vai pagar em reais (moeda brasileira) por essa
operação comercial, mas em dólar. Assim, imagine, inicialmente, que um país só
faça duas transações comerciais com o exterior: exportações para o Marrocos
no montante de 200 dólares e importações do México no valor de 100 dólares.
Isso vai fazer as reservas em moeda estrangeira do Brasil (chamadas de
reservas internacionais) aumentarem em 100 dólares. Agora, pense em uma
outra situação: as exportações para o Marrocos caírem para 100 dólares e as
importações do México subirem para 180 dólares. Esse déficit no balanço de
pagamentos de 80 dólares precisa ser pago em moeda aceita
internacionalmente, não poderá ser pago em reais, concorda? Por isso, será
necessário retirar 80 dólares das reservas internacionais do Brasil. Caso não
existisse reserva internacional suficiente (no caso, os 80 dólares), o Brasil teria de
pegar dólar emprestado com o FMI para honrar esses compromissos em moeda
estrangeira.
Para finalizarmos nossa abordagem da economia externa, vamos
falar de um tema indispensável: a taxa de câmbio. A palavra câmbio
quer dizer mudança, e esse sentido é mantido na análise econômica:
podemos considerar a moeda estrangeira (também chamada de
divisa, como o dólar, euro etc.) uma mercadoria e o preço para
trocá-la por moeda nacional (a taxa de câmbio) é definido pelas
forças de oferta e demanda. Outro aspecto importante é que,
apesar de ser muito comum as pessoas falarem que o dólar subiu ou
desceu, essa forma não é a mais adequada. A análise deve ser feita
sempre tendo como referência o comportamento da moeda do país
em relação à moeda estrangeira, ok?
Taxa de câmbio é o preço pago em moeda
nacional por uma unidade de moeda
estrangeira. Assim, se você ouve que a taxa de
câmbio do real em relação ao dólar está em 4,10,
isso significa dizer que são necessários R$ 4,10
(quatro reais e dez centavos) para a aquisição de
US$ 1,00 (um dólar).
Por isso, todas as vezes em que houver uma demanda por
dólares maior do que oferta (por exemplo, de forma simplificada,
quando tem mais gente importando mercadorias – que precisarão
ser pagas em dólar – do que exportando – que traria dólar ao país), o
seu preço (cotação) irá aumentar. Com isso, serão necessárias mais
unidades de real para comprar uma unidade de dólar, o que significa
que o real se desvalorizou frente ao dólar. No sentido
inverso, todas as vezes que o oferta de dólares for maior do que a
demanda (por exemplo, de forma simplificada, quando tem mais
gente exportando mercadorias – quem exportou recebe em dólar,
mas troca essa moeda por reais para fazer suas transações
econômicas dentro do Brasil – do que importando – que fará com
que haja demanda por dólares para o seu pagamento),
serão necessárias menos unidades de real para adquirir uma unidade
de dólar, ou seja, o real se valorizou.
Mudanças na taxa de câmbio afetam diversos setores
econômicos, em especial importadores e exportadores. Vamos
entender isso? Com a valorização da moeda nacional, a
quantidade de reais para comprar os produtos importados cairá.
Essa redução de custo será transmitida pelos importadores aos
preços dos produtos no Brasil, pressionando os produtores
nacionais a reduzirem os seus preços (o que colabora para a
redução da inflação do país). Ao mesmo tempo, as exportações
ficarão mais caras para o comprador internacional, o que
reduzirá a competitividade das empresas brasileiras que vendem
mercadorias no exterior, fazendo com que que a produção
diminua e o desemprego cresça.
Por sua vez, quando a moeda nacional se desvaloriza, as
exportações ficarão mais baratas (para o comprador
internacional) e as importações ficarão mais caras para
os brasileiros. O resultado é que as exportações irão
crescer, o que irá aumentar a atividade econômica e o
nível de emprego. Contudo, os produtos importados
ficarão mais caros, o que irá pressionar a inflação do
país.
Produtos importados ficam mais baratos com a
valorização da moeda nacional (o que ajuda a controlar
a inflação do país), mas as exportações ficam mais caras
(o que prejudica o crescimento da produção e do
emprego no país). Por outro lado, a desvalorização da
moeda nacional tende a aumentar a atividade
econômica e o nível de emprego (por causa do
aumento das exportações), apesar de ela dificultar o
combate à inflação (já que, com esse cenário, as
importações ficam mais caras).
O custo de viagens para o exterior está diretamente
relacionado à cotação da taxa de câmbio. Sempre que
o real se valoriza (conforme o cenário apresentado), as
viagens para o exterior tornam-se mais baratas em
relação às viagens dentro do Brasil. Por isso, se a
perspectiva é de valorização da moeda nacional, é
importante que Selma se prepare para um aumento na
demanda de viagens para o exterior.
Liberalismo econômico x
keynesianismo
Na história da humanidade, nem sempre os regimes
democráticos foram predominantes. Se colocada em
perspectiva, a democracia é algo relativamente
recente, pois podemos tomar a Revolução Francesa e
a Independência Americana, no final dos anos 1700,
como referências do início da hegemonia da
democracia no mundo.
Desde então, na maioria dos países onde ocorrem eleições
livres, acontece uma alternância de poder entre duas forças
políticas: aqueles que defendem uma maior intervenção do
Estado na economia, e os que defendem que ele tenha
menor participação direta nos assuntos econômicos. Por
exemplo, nos Estados Unidos, há os Republicanos e os
Democratas. Na Inglaterra, os Conservadores e os
Trabalhistas. Na Alemanha, a União Democrata Cristã e os
Social Democratas. Em outros países, podem ocorrer arranjos
mais complexos, mas a maior ou menor presença do Estado
costuma ser um elemento fundamental na estruturação das
forças políticas dos países.
Desde essa divisão tem origem na economia, pois a maior ou
menor presença do Estado como promotor do desenvolvimento
econômico está por trás das duas principais correntes
econômicas, associadas a dois dos maiores economistas de
todos os tempos: John Maynard Keynes e Adam Smith. É certo
que antes deles já havia discussões a respeito do papel do
estado, nível de impostos, etc., mas ainda muito focadas na
questão política. Contudo, a publicação, em 1776, de Uma
investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das
nações (ou simplesmente, A riqueza das nações – como ficou
conhecido) fez com que Adam Smith (1723-1790) passasse a ser
considerado o pai da economia moderna.
É fundamental perceber que a sua defesa pela
liberdade econômica pode ser associada às
demandas por liberdade política (a Revolução
Americana ocorreu no mesmo ano, e a Revolução
Francesa aconteceu pouco tempo depois), liberdade
religiosa (a Europa ainda lidava com os efeitos da
Reforma Protestante) e, consequentemente, liberdade
de pensamento. Além disso, a efervescência da
Revolução Industrial e a criação de riqueza em grande
escala aumentaram a força de suas ideias.
Adam Smith foi o primeiro a apresentar a ideia de que a busca
dos indivíduos de satisfazer seus próprios interesses traria benefícios
para toda a sociedade. Ao resumir suas ideias, Smith usou uma
expressão que ficou famosa, a qual dizia mais ou menos o
seguinte: não é pela benevolência do padeiro que eu como o
meu pão quentinho todo dia de manhã, mas pelo interesse dele
de ter lucro. Adam Smith quis ressaltar que, no processo produtivo,
ao focar na redução dos seus custos, na melhoria de sua margem
de lucro, etc., o vendedor acabará beneficiando toda a
sociedade, pois ele oferecerá produtos cada vez melhores e de
menor custo aos clientes. Da mesma forma, o consumidor, que
também agirá movido pelo egoísmo, premiará os melhores
produtos e serviços.
Adam Smith utilizou o processo de fabricação de alfinetes para demonstrar a
importância da especialização do trabalho. Ele exemplificou a fabricação
de um alfinete, que envolvia os seguintes processos: desenrolar, endireitar e cortar o
arame, fazer a ponta, esmerilhar, ajustar a cabeça, pratear e colocar o alfinete
finalizado na embalagem. Nessa produção, se um único trabalhador fizesse, sozinho,
todas essas etapas que compunham a produção do alfinete, ele teria uma produção
diária muito menor do que se a produção fosse dividida por vários trabalhadores, cada
um se especializando em uma etapa do processo (uma pessoa só desenrolaria o arame,
outro funcionário só endireitaria o arame, outro só cortaria o arame, e assim por diante).
Esse aumento de produtividade apareceria por três motivos:
1. A especialização faria cada funcionário ficar com maior destreza em sua função.
2. Seria perdido menos tempo na produção (essa perda é maior quando a mesma
pessoa passa de uma atividade para outra).
3. Seria inventado um grande número de ferramentas e máquinas especializadas que
abreviariam o trabalho.
Ao longo do século XIX, o liberalismo econômico foi implementado
em boa parte dos países mais importantes do mundo e, em
especial, nos Estados Unidos, após sua independência. Os ganhos
de produtividade da Revolução Industrial foram multiplicados pela
incorporação das ideias de Ford e Taylor, e as condições de vida
da população em geral melhoravam. Após o final da Primeira
Guerra Mundial, em 1918, e ao longo da década
de 1920, os Estados Unidos, já o país mais rico do mundo, passaram
a suprir a devastada Europa com manufaturas e alimentos, além de
conquistarem outros mercados, como a América Latina. O
aumento da produção trouxe crescimento e prosperidade ao país.
O governo, seguindo os preceitos do liberalismo, reduzia impostos e
regulamentos (VAN DEURSEN, 2018).
A economia vai muito além de números e teorias,
pois lida com a realidade das pessoas, os danos e
benefícios que elas sofrem, bem como suas
reações. Em que medida o entendimento das
razões e dos efeitos de questões econômicas
ajuda a compreender melhor os processos
históricos?
Para os keynesianos, a necessidade da intervenção governamental
decorria do fato de o capitalismo ser visto como um modo de
produção integrado, no qual o desenvolvimento de todos os setores
econômicos derivava do aumento do consumo, principalmente, dos
trabalhadores (CARVALHO, 2008). O sucesso econômico do New Deal
foi a referência para a implementação do Welfare State (um conjunto
de políticas de bem-estar social) na Europa devastada no pós-guerra:
o Estado assumia a responsabilidade de reduzir as desigualdades e
criar as infraestruturas necessárias para uma vida digna para a maioria
da população. O maciço investimento em saúde, educação,
infraestrutura, etc. colaborou para um grande crescimento
econômico na Europa e nos Estados Unidos nas décadas seguintes.
Esse sucesso ressaltou um dos pilares do keynesianismo, o
efeito multiplicador: para Keynes, era possível identificar o
aumento na atividade econômica gerado por uma
despesa adicional do governo. Ou seja, o aumento nos
gastos seria justificado pela criação de novos empregos e
pelo aumento nosinvestimentos de outras empresas
privadas.
Considere uma situação em que haja uma estagnação da
economia associada a um elevado desemprego e o governo
decida elevar o gasto público, por meio da realização de obras de
construção civil. Para realizar essas obras, o Estado comprará
máquinas e equipamentos e contratará novos funcionários. Dessa
forma, as empresas que produzem máquinas e equipamentos
precisarão adquirir os fatores de produção necessários e remunerá-
los (pagando lucro e salários). Os salários recebidos pelos
empregados contratados pelo governo e pelas empresas
fornecedoras de máquinas e equipamentos (bem como o lucro
distribuído entre os proprietários das empresas fornecedoras)
serão utilizados para adquirir bens e serviços variados (móveis,
automóveis, eletrodomésticos, vestuário, alimentação, etc.).
A produção desses bens e serviços variados (que serão adquiridos)
gerará uma nova renda pelo uso dos fatores de produção (as
empresas de móveis, vestuário, etc. precisarão contratar novos
funcionários e adquirir novas máquinas para conseguirem atender a
essa demanda), repetindo o ciclo. Com isso, perceba que há uma
expansão do gasto total – e, consequentemente, da atividade
econômica – a partir da decisão do governo de ampliar seus gastos
(com as obras públicas). A intensidade dessa expansão é o efeito
multiplicador de renda: o ciclo expansivo de consumo derivado de
um aumento do gasto público. Note que, quanto maior essa
expansão, maior será a contratação de novos funcionários, o que
reduzirá o desemprego involuntário
Contudo, na década de 1970, o mundo testemunhou uma
inversão de papéis, ainda que de forma menos intensa: uma
grave crise em diversos países que adotavam políticas
keynesianas não conseguiu ser superada por meio dos
mecanismos tradicionais. Como consequência, a década de
1980 foi marcada pela substituição da linha de pensamento
econômico hegemônico (do keynesianismo pelo neoliberalismo
econômico), com destaque para os Estados Unidos (com Ronald
Reagan como presidente entre 1981 a 1989) e a Inglaterra
(com Margaret Thatcher como primeira ministra entre 1979 e
1990).
Os conceitos principais do neoliberalismo podem ser
resumidos no Consenso de Washington, um conjunto de
dez regras formuladas por economistas de instituições,
como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o
Banco Mundial e o Departamento do Tesouro dos
Estados Unidos, em novembro de 1989, e que
constituíram o receituário a ser seguido pelos países
que buscavam recursos junto ao FMI para cobrir os seus
déficits públicos.
1. Disciplina Fiscal – o Estado não deve gastar mais do que arrecada
com os tributos, eliminando o déficit público.
2. Redução dos gastos públicos.
3. Reforma fiscal e tributária, para viabilizar o equilíbrio nas
contas públicas.
4. Abertura comercial e econômica, eliminando o protecionismo e
atraindo investimento estrangeiro.
5. Taxa de câmbio de mercado competitivo.
6. Liberalização do comércio exterior.
7. Eliminação das restrições ao investimento estrangeiro direto.
8. Privatização, com a venda das empresas estatais.
9. Desregulamentação, com afrouxamento das leis de controle
econômico e das relações trabalhistas.
10. Direito à propriedade intelectual.
Para concluir, vale a pena considerar as palavras de um dos
expoentes do pensamento liberal brasileiro que não poupa
elogios a Keynes (FRANCO, 2008, [s. p.]): Vale lembrar que as crises
financeiras existem desde sempre, e que invariavelmente são
combatidas por intervenções salvadoras dos governos, que
terminam fazendo o sistema mais robusto. John Maynard Keynes,
tão lembrado recentemente, foi um dos heróis na vitória sobre uma
grande crise e estava muito longe de ser hostil ao que hoje se
chama de neoliberalismo. [...] Na verdade, para os que acreditam
em mercados e no capitalismo, o pragmatismo se chama Keynes. É
dele que as pessoas falam quando é preciso inovar e produzir uma
‘resposta criadora’ diante de uma urgência grave e inesperada. [...]
Fica-se com a impressão de que ‘intervenções do Estado no
domínio econômico’ têm mais chances de funcionar
quando feitas por gente que acredita em mercados e que vê a
intervenção como exceção, não como regra.
Governo e o mercado
A atuação governamental é um elemento fundamental para o
comportamento dos indicadores macroeconômicos do país, não
é mesmo? Como o objeto de análise fundamental da
macroeconomia são as relações entre os agregados econô-
micos (taxas de juros, inflação, crescimento econômico,
desemprego, etc.), os ciclos econômicos e a influência da
atuação do governo sobre os resultados econômicos, existe uma
intensa interface entre as decisões econômicas do governo e as
questões políticas. É importante separar as preferências pessoais
das questões econômicas.
Da mesma forma que o preço e a quantidade de
equilíbrio de um determinado produto podem ser
encontrados por meio da interação das forças de
oferta e demanda, foram estabelecidos cinco mercados
macroeconômicos: i. de bens e serviços; ii. de trabalho –
esses dois primeiros compõem a parte “real” da
economia –; iii. monetário; iv. de títulos; e v. de divisas –
esses três últimos compõem a parte monetária da
economia.
No mercado de bens e serviços, são determinados o nível de
preços e o nível de produção do país, e o equilíbrio ocorre
quando a oferta (intenção de produção de todas as empresas do
país) e a demanda (intenção de compra de bens e serviços de
todos os agentes econômicos) agregadas se igualam. Nesse
mercado, são determinadas variáveis, como o Produto Interno
Bruto (PIB), a inflação e os agregados macroeconômicos
(consumo, poupança, gastos governamentais, investimentos,
exportações e importações).
No estudo da macroeconomia, ao falarmos de oferta e
demanda, temos que ter em mente que nos referimos à produção
de todas as empresas e à intenção de compra de todos os
consumidores do país, que acabam influenciando o nível médio
de preços de todas as mercadorias e serviços, ou seja, a análise
macroeconômica não é feita sobre apenas uma empresa, um
consumidor, ou uma mercadoria, mas sobre tudo o que compõe
a economia do país. Essa visão de totalidade vale para
todos os mercados que serão estudados nesta seção.
Já no mercado de trabalho, o equilíbrio ocorre quando a oferta e
a demanda de trabalho se igualam, sendo o nível de emprego e o
valor dos salários as variáveis determinadas nesse mercado. Nele,
as empresas demandam trabalhadores para produzirem bens e
serviços, ou seja, demandam trabalho, enquanto os trabalhadores
(os detentores do fator de produção “trabalho”) oferecem sua
mão de obra. Para os empresários, quanto menor for o salário,
mais trabalhadores serão demandados e, quanto maior for o
salário, menor será o interesse em contratar funcionários.
Já em relação aos trabalhadores, quanto maior for o salário, mais
pessoas se disporão a trabalhar e, quanto menor for o salário,
menos gente terá interesse em trabalhar. Com isso,
haverá um valor de salário que igualará o número de
trabalhadores demandados pelas empresas com a quantidade
de funcionários dispostos a trabalhar. Esse é o chamado salário de
equilíbrio do mercado. Sempre que a oferta de trabalho for maior
do que a demanda por trabalho (ou seja, sempre que
houver mais gente disposta a trabalhar do que emprego sendo
oferecido pelos empresários), a tendência é que haja uma
diminuição no valor do salário de equilíbrio pago nessa economia
(e vice-versa)
Se você analisar o que acontece no mercado de
trabalho, perceberá que existem fatores que podem
afetar esse equilíbrio. Menores níveis de tributação
sobre a folha de pagamento e melhores expectativas
para a economia do país, por exemplo, ampliarão a
demanda por trabalho por parte dos empresários e,
consequentemente, diminuirão o nível de desemprego,
ampliando o valor dos salários pagos no país.
A oferta e a demanda por moeda determinam a taxa
de juros no mercado monetário, a qual afetará a
produção, os preços e os investimentos externos. Por sua
vez, o mercado de títulos (que é analisado em conjunto
com o mercado monetário) existe porque a
transferência de recursos dos agentes econômicos
superavitários para os deficitários ocorre por meio de
títulos.
Você sabe como o governo financia boa parte dos problemas
financeiros nas contas públicas? Por meio da venda de títulos públicos.
Para entender isso, imagine que, neste mês, o governo tenha
arrecadado R$ 5.000.000,00 com a cobrança de tributos, mas gastou
R$ 5.800.000,00 com diversos pagamentos (funcionários públicos,
reforma de rodovias, construção de universidades, etc.), ou seja, ele
tem um resultado público deficitário de R$ 800.000,00 que precisa ser
pago. Para solucionar esse problema financeiro atual, o governo
tomará dinheiro emprestado na sociedade, vendendo “papéis”
(chamados de títulos públicos) no montante de R$ 800.000,00. Quem
compra esse título público (que pode ser eu, você, uma empresa, um
banco, outro governo, etc.) espera reaver o dinheiro gasto com ele, no
futuro (em 5, 10, 20 anos...), com o acréscimo de juros. Ou seja, com a
venda dos títulos públicos a R$ 800.000,00, entra dinheiro,
imediatamente, no caixa do governo, permitindo que ele pague
funcionários, obras públicas, etc. que venciam naquele mês.
No entanto, quando os títulos públicos vencerem (em 5, 10, 20
anos...), o governo precisará devolver o dinheiro para quem
comprou esses papéis, acrescidos de juros, ou seja, o financiamento
da dívida pública via venda de títulos posterga uma dívida
presente do governo, que precisará ser quitada no futuro (é como
se você, como pessoa física, tivesse uma dívida no Banco A, que
vence hoje, e pegasse dinheiro emprestado no Banco B, que só
será paga no próximo mês: a dívida continua existindo, mas seu
prazo de quitação foi postergado).
Por fim, o mercado de divisas (moedas estrangeiras) resulta das
transações de cada país com o resto do mundo. Seu equilíbrio
ocorre quando a oferta e a demanda de divisas se igualam. A
variável determinada nesse mercado é a taxa de câmbio, que sobe
ou desce de acordo com a demanda e a oferta de divisas no
mercado. A participação dos governos nesses cinco mercados pode
ser maior ou menor, de acordo com a ideologia político-econômica
(mais liberal ou menos liberal) de quem toma essas decisões.
 Funções
do
governo
na
economia
As metas econômicas podem ser produtivas
(crescimento do PIB e do emprego), inflacionárias
(manter a inflação sob controle), distributivas
(melhorar a distribuição de renda) e externas (equilibrar
a entrada e saída de divisas).
Existe uma padronização mundial da forma de cálculo
do PIB e, ainda que possam existir algumas diferenças
entre alguns países, o principal indicador dele é o seu
crescimento percentual. Isso quer dizer que, quando um
país tem um crescimento de 4% no PIB, a soma dos
produtos e serviços finais que foram produzidos naquele
ano é 4% superior à produção do ano anterior.
Outra observação importante é que o PIB representa a riqueza
gerada, pois, ao utilizar os fatores de produção (trabalho, capital
e terra) necessários para produzir alguma coisa, os donos deles
recebem remunerações (ou seja, recebem salário, lucro e
aluguel). Dessa forma, a riqueza de um país não é determinada
pelo seu estoque de matéria-prima ou de qualquer outro fator,
mas pela sua produção de bens e serviços finais (conceito
conhecido como Produto), que equivale às remunerações
geradas (conceito conhecido como Renda).
A inflação, ela é realmente algo que deva trazer
preocupação? Se você não sofreu de perto os danos de
uma inflação elevada (realidade vivida pelos brasileiros
até 1994), é muito importante que entenda os malefícios
que esse processo causa e a importância de combatê-
los. Porém, antes de tudo, vamos conceituar o que é
inflação? De uma forma bem simples, podemos
considerar inflação como o aumento persistente e
generalizado de preços.
A medida da inflação é uma média ponderada das alterações dos
preços, o que quer dizer que os produtos que pesam mais no
orçamento das famílias devem receber maior importância no cálculo
(ADVFN, [s. d.]). Dessa forma, o aumento de preço dos panetones no
Natal ou o fato de você pagar mais caro pelo tomate na entressafra
não causarão, necessariamente, aumento da inflação. A simples
existência da inflação não é um problema, pois uma inflação baixa tem
como objetivo sinalizar alterações na oferta e na demanda de bens e
serviços e promover correções de preços.
A inflação traz enormes prejuízos à economia de qualquer
país, e é considerada uma das maiores responsáveis pelo
aumento da desigualdade social no Brasil, ao longo dos
anos 1980. Por isso, o ideal é que esteja sempre sob
controle, mas, se algo acontecer, os danos que ela causa
são tão intensos que seu controle deve ser priorizado,
mesmo que isso signifique abrir mão de algum
crescimento econômico.
A inflação traz enormes prejuízos à economia de qualquer
país, e é considerada uma das maiores responsáveis pelo
aumento da desigualdade social no Brasil, ao longo dos
anos 1980. Por isso, o ideal é que esteja sempre sob
controle, mas, se algo acontecer, os danos que ela causa
são tão intensos que seu controle deve ser priorizado,
mesmo que isso signifique abrir mão de algum
crescimento econômico.
 Mas, que tipo de ações o governo pode utilizar para atingir as metas
(produtivas, inflacionárias, externas e distributivas) da economia do país?
A política fiscal tem duas dimensões: de um lado, os
recursos arrecadados pelo governo dos agentes
econômicos (por meio da cobrança de tributos), e de
outro, os gastos públicos que retornam para a população
na forma de bens e serviços prestados. Ampliando ou
reduzindo tributos (mudanças nas alíquotas e criação de
novos impostos) ou gastos públicos, o governo faz política
fiscal para atingir metas econômicas.
A política monetária tem como foco fundamental a
estabilidade da moeda (o controle da inflação) e utiliza
as taxas de juros e a oferta de moeda e de crédito com
o objetivo de promover o crescimento econômico, sem
perder o controle sobre a inflação. Por sua vez, na
política cambial, o governo influi nas condições do
câmbio, as quais, por sua vez, exercem um papel
fundamental para o comércio exterior, impactando as
exportações e as importações do país.
Na política de rendas, o governo tem como foco a melhoria da
distribuição de renda e utiliza tanto mecanismos de regulação do
mercado quanto gastos específicos para fazê-la. Para atingir as
suas metas, no Brasil, o governo optou pelo tripé
macroeconômico, termo que agrupa um conjunto de políticas
que ajudarão o país a alcançar a estabilidade econômica. Ele é
composto por: não intervenção no mercado de câmbio (referente
à política cambial do país), manutenção da disciplina fiscal
(referente à política fiscal do país) e estabelecimento de metas de
inflação (referente à política monetária do país).
O mercado de trabalho é um dos mercados que é analisado pela
macroeconomia, sendo representado pela quantidade de vagas e
pelo valor dos salários, que são determinados pelo equilíbrio entre a
oferta e a demanda de mão de obra. A decisão do governo de
diminuição da carga de impostos sobre a folha de pagamento das
empresas estimulará novas contratações, pois deslocará a curva de
demanda por trabalho (em economia, são as empresas que
demandam trabalho). Com isso, o número de contratações no país
aumentará, estimulando a demanda

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