Você está na página 1de 30

Teoria do Urbanismo

Antonio Castelnou
Introdução
 Enquanto a prática profissional do
urbanista é bastante antiga – uma vez que
nasceu com a própria CIDADE –, a teoria
sobre esta prática ainda está em formação.
 Somente depois de meados do século XIX,
com as transformações trazidas pela
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (1750-1830) ,
que o pensamento urbanístico passou a se
desenvolver, tornando-se reflexivo e
crítico ao mesmo tempo.
 Desde a Antiguidade,
o homem viu o ESPAÇO
URBANO como campo
de intervenção,
projetando cidades
novas ou fazendo
modificações no traçado
das cidades antigas.
Porém, foi no século XIX
que surgiram teorias
científicas a seu
respeito, fazendo nascer
o URBANISMO.
Cidade da Babilônia
(Reconstituição: 2000 aC,
Mesopotâmia)
 Até a INDUSTRIALIZAÇÃO,
as experiências urbanísticas
eram fundamentadas
somente em questões
técnicas e estéticas, sem
terem uma visão social,
política e econômica ao se
abordar a questão urbana.
 Isto também ocorria na
criação dos planos urbanos
de expansão territorial,
conjuntos habitacionais e
remanejamentos de áreas
urbanas já existentes.
Cidade de Londres (Séc. XVIII)
Cidade de Mileto (Séc. V a.C.)

Cidade de Olinto (Séc. V aC)


Hipódamos de Mileto

 Até a Era Contemporânea, o URBANISMO era


visto como um conjunto de normas de
composição arquitetônica, baseado em critérios
funcionais, estéticos ou construtivos – definidos
em parte na Idade Antiga, por Hipódamos de
Mileto (arquiteto grego do séc. V a.C., criador da
planta ortogonal e do zoneamento funcional).
Paris Medieval
(século X d.C.)

 Esses critérios não tinham


a preocupação de explicar
a cidade enquanto um
fenômeno socioespacial,
como faziam historiadores,
filósofos e sociólogos.
 O processo crescente de
urbanização ocasionado
pela sociedade industrial
levou a problemas de
equilíbrio da própria ordem
social, o que originou e
promoveu o estudo do
ESPAÇO URBANO
(Benévolo, 2001).
Cidade de Paris (Séc. XVII)
Manhattan
(Nova York, EUA)

 Atualmente, a CIDADE
é vista como uma
entidade global; ponto
crítico das relações
sociais, econômicas e
políticas, que se
expressam a partir de
sua espacialização e
que é etapa de um
processo histórico
irreversível e dinâmico.

Miami
(Florida, EUA)
 O PLANEJAMENTO URBANO torna-a objeto
multidisciplinar, ou seja, da aplicação de
conhecimentos históricos, sociológicos,
econômicos, políticos e tecnológicos, enquanto o
DESENHO URBANO é o responsável pelas
propostas projetuais em nível físico-espacial.
 Recentemente, o
despertar ecológico
conduziu ao conceito da
cidade como
ORGANISMO VIVO, isto
é, um gigantesco animal
imóvel que consome
oxigênio, água, energia e
alimentos; e excreta
despejos orgânicos e
gases poluentes, o qual
não sobreviveria sem a
entrada dos recursos
naturais dos quais
depende.
Surgimento das cidades
 Historicamente, o surgimento das primeiras
cidades coincidiu com o início da CIVILIZAÇÃO
(civitas = ‘cidade’ em latim), o que representou
o aparecimento de novos valores de identidade
àqueles indivíduos que passaram a ser
denominados de cidadãos (ou civis).
 Estudar a HISTÓRIA DAS CIDADES é o
mesmo que estudar a história da civilização
humana, já que o homem passou a ser
considerado civilizado somente quando começou
a habitar em aglomerados urbanos.
 Emblematicamente, ao escolher os temas
para apresentar sua nova moeda,
o EURO, a União Européia optou em
utilizar a sucessão histórica de estilos
arquitetônicos; os valores imanentes que
expressam a civilização urbana.

Estilo Greco-romano
Estilo
Românico

Estilo
Gótico

Estilo
Renascentista
Estilo
Barroco

Estilo
Moderno

Estilo
Contemporâneo
choça

 Há mais de 10.000 anos


atrás, no Mesolítico, o ser
humano vivia em bandos
formados por não mais que
50 indivíduos, que se
abrigavam em cavernas ou
construções provisórias.
 Inicialmente nômade,
caçador e coletor de
alimentos, o homem pré-
histórico não construiu
cidades, o que se iniciou
somente com o
aparecimento da escrita e
da agricultura.
 A REVOLUÇÃO AGRÍCOLA
teve início em cerca de
8000 a.C., no Neolítico
(Barbárie), caracterizando-
se pelo surgimento do
cultivo de grãos e pela
domesticação de animais,
processos que conduziram
à sedentarização do
homem e, finalmente, ao
aparecimento das
primeiras ALDEIAS, ou
seja, um aglomerado
uniforme de casas.
ALDEIA METÁPOLE
(do árabe ad-daí) (do gr. meta;
assentamento; mudança da polis)
aldeamento rede (F. Ascher)
REVOLUÇÃO
DIGITAL (1950-)

VILA MEGALÓPOLE
(do latim villa) (do gr. megalon;
povoado; vilarejo gigantesca polis)
(setores 1º e 2º ) conj. metrópoles

REVOLUÇÃO
INDUSTRIAL
CIDADE (1750-1830) METRÓPOLE
(do latim civitas) (do gr. metropolis;
centro urbano; cidade-mãe)
urbe (+2.000 hab) área conurbada
 Os povos primitivos
demonstraram acentuada
predileção pela CURVA na
construção e disposição de
suas moradias (choças),
resultando em aldeias
geralmente circulares, tanto
por questões práticas
(proteção da comunidade por
cercas ou paliçadas) como
religiosas (fases cíclicas da
natureza, o movimento
circular de renovação da vida
e a localização central dos
rituais sagrados).
Stonehenge
(2000-1500 aC, Wiltshire GB)
 A configuração formal
em CÍRCULO das
primeiras aldeias
revela as relações de
parentesco (clãs),
fator determinante na
localização das
moradias, assim como
as interrelações do
grupo, baseadas na
propriedade comunal
(Guimarães, 2004).

taba
palafitas

 A REVOLUÇÃO
URBANA, ou seja, a
transformação das
aldeias em cidades
primitivas, ocorrida por
volta de 4000 a.C., não
se deu por crescimento,
mas sim pelo
estabelecimento de um
local aparelhado, mais
diferenciado e
privilegiado, que se
tornou sede da
autoridade de um
grupo que passou a ser
dominante em relação
a outro.
Alberobello
(Bari, Itália)

Nas cidades, o fabrico


de utensílios e demais
serviços não eram
realizados pelos
mesmos que cultivavam
a terra, assim como
apareceram classes
ligadas ao poder
espiritual e temporal,
os quais se tornaram
líderes religiosos e
nobres que definiam
as LEIS URBANAS.
Astypalaia
(Kastro, Grécia)
Cidade de Çatal Hüyük
(Reconstituição: 7000 aC, Anatolia)
Babilônia
(Reconstituição: 2000 aC
Mesopotâmia)

 As CIDADES são lugares


onde existe uma divisão
social do trabalho por
meio de atividades
especializadas, cujas bases
são econômicas (produção
agrícola intensiva,
extração de minerais,
industrialização, trocas
comerciais, prestação de
serviços ou símbolos do
poder temporal e/ou
religioso) (Childe, 1981).
Akhetaten-El Amarna
(Reconstituição: Egito)
Atenas
(Reconstituição: Grécia)

Tenochtitlan
(Reconstituição: México)

Essa nova forma de organização do trabalho


exigia uma maior densidade de ocupação do
território e sua diferenciação espacial
(aglomeração ou assentamento urbano), ao
mesmo tempo que mantinha uma forte relação de
dependência com o entorno próximo ou não.
Primeiras cidades
 Quando caçadores e coletores da Idade da
Pedra passaram a se fixar em colônias,
dedicando-se ao pastoreio e ao cultivo agrícola,
nasceram as primeiras aldeias, que se
transformaram em cidades primitivas.
Tradicionalmente, considera-se JERICÓ, em
Canaã (Cisjordânia), como a cidade mais antiga
do mundo, datada de cerca de 8000 a.C.
Contudo, a cidade original, muito citada na
Bíblia, foi destruída e abandonada várias vezes.
Atualmente,
restaram de JERICÓ
apenas algumas
ruínas, desabitadas,
como uma muralha
que comprova se
tratar de uma cidade Jericó
de 2.000 a 3.000
habitantes.
 Com o tempo, seu
centro urbano foi se
deslocando e a
cidade atual está a 2
km de suas origens.
Ruínas do antigo
Muro de Jericó
Cidade de Jericó
Cidade velha de Sanaa
(Atual capital do Iêmen)

 A maior parte das


cidades primitivas
desenvolveram-se por
volta de 4000 a.C.,
originadas de aldeias ao
leste das montanhas
sumerianas, entre os rios
Tigres e Eufrates, no
Oriente Médio.
 Entre as mais antigas,
estão as cidades de:
Nipur, Eridu, Uruk e Ur
(Iraque), Ombos (Egito),
Damasco (Síria), Byblos
(atual Líbano) e Sanaa
(atual Iêmen).
30o N Latitude

Trópico de Câncer

Equador

4000-3000 aC
3000-2500 aC
2500-1500 aC

 As primeiras civilizações urbanas nasceram


graças à agricultura, em regiões climáticas
similares (Trópico de Câncer e a 30º N Latitude)
e próximas a grandes rios, que ofereciam
condições de cultivo e transporte.
 Essas cidades
desenvolveram-se em
vales de rios, o que
garantia a fertilidade
do solo, a facilidade de
irrigação e a
possibilidade de
transporte, tornando-
se centros simbólicos e
locais para o comércio
e fabricação de
artefatos, além da
prestação de serviços
religiosos e militares
(Ferrari, 1991). Planície
irrigada
Eram geralmente
unidades políticas
independentes (cidades-
estado), baseadas em
uma organização familiar.
Seus integrantes
formavam associações de
caráter restrito, moldadas
em estruturas de
consangüinidade.
 Dominavam extensas
terras à sua volta e
administravam seus
negócios como nações
Cidade de Uruk independentes.
(Séc. IV-II aC, Mesopotâmia)

Você também pode gostar