Você está na página 1de 17

1.

NTRODUÇÃO
1 Homologia das cidades; a origem do capitalismo que nasceu
amanhã

A “homologia do espaço urbano” e sua definição no capitalismo, assume


um caráter histórico e geográfico deixando em larga escala padrões crescentes
de segregação espacial e assim, perpetuando as formações de cenários
extensos e complexos de acumulação de capital e trabalho humano.

Esse diásporo na cidade evidencia o contraste entre pobreza e riqueza,


e que se refletem em cada espaço físico das cidades atuais. Essa analogia
desses espaços, está direcionada às afinidades ou semelhanças de
descobertas entre diferentes lugares ao longo do tempo.

Segundo a Flavia Monaliza, cita em seu artigo sobre a acumulação e o


processo urbano, ela alega que o capitalismo carece de uma logística para sua
produção e assim envolvendo cada espaço da cidade e fazendo ela uma
mercadoria com preço elevado.

Para a autora Ana Fani, o espaço urbano assenta-se no interesse do


capitalismo e o desenvolvimento das forças produtivas concebe mudanças no
espaço urbano desde a antiguidade.

Outrossim, o conceito é que, apesar das diferenças históricas, culturais e


geográficas, existem certos elementos e padrões específicos comuns nas
cidades ao redor do mundo. Do mesmo modo, estes componentes podem
inserir uma organização espacial, estrutura social, atividade econômica,
instituições políticas e entre outros. Além disso, ao analisar a homologia das
cidades, podemos identificar moldes que se reprisam em diferentes períodos
históricos, incluindo a origem do próprio capitalismo.

Quando olhamos panoramicamente, fica evidente a coexistência de


duas realidades diferentes dentro da cidade, que o advento do capitalismo
trouxe para o espaço urbano. Portanto, essa dualidade se realça, como se
duas cidades diferentes compartilhassem o mesmo espaço.

1
As cidades que existiram antes do nascimento do capital foram cruciais
modificá-las para inserir a produção de excedentes e implementação efetiva de
suas atividades permanentes para ganhar mais lucros.

Dessa maneira, para entendemos toda estrutura e o funcionamento do


espaço urbano precisamos fazer todo percurso histórico, desde os primeiros
assentamentos que deram origem a sociedade moderna, sua urbanização,
produção e reprodução da cidade e a heterogeneidade dos modos de vida.

Ao explorar todo o percurso da história, será possível compreender


como as sociedades evoluem os ambientes urbanos que se formaram ao longo
do tempo e evidenciando a cidade como um local construído para produção e
reprodução do capitalismo. Dessa forma, a interconexão da história, cultura,
economia e geografia refletem tradicionalmente a formação do caráter do
homem e sua formação social.

Sendo assim, essas cidades de diferentes épocas se conectaram pelos


seus processos, estruturas, divisão de espaço e produção de excedentes,
vindo a exibir o processo do desenvolvimento do capitalismo nas vias urbanas
em nascimento e conceituando a cidade, a urbanização e espaço urbano.

Essa analogia contida nesses espaços urbanos e a origem do


capitalismo tem importante participação para a compreensão da ocupação dos
espaços urbanos, cidades, segregação e desenvolvimento socioeconômico.
Logo, esse contexto serve como parâmetro para reconhecer as continuidades e
descontinuidades da reprodução de capital nos aglomerados de uma cidade
moderna e, também, para analisar como as mudanças econômicas afetam o
desenvolvimento do espaço e retirar o direito a cidade dos trabalhadores.

Portanto essa transfiguração nos assentamentos pré-capitalistas


identificação padrões e estruturas que ajudaram a pavimentar caminho para o
princípio do capitalismo e a mudança do homem livre para assalariado. Assim,
modificando o homem livre e separando daquilo que é chamado de terra. Por
conseguinte, é notório que inicio da criação dos centros urbanos foi fruto de
segregação realçados pleno desenvolvimento econômico, formação de
relações comerciais e a divisão do trabalho dentro da própria cidade. Dessa

2
maneira, esses elementos desempenharam um papel fundamental na transição
para um sistema econômico baseado no capital.

Por fim, esses assentamentos das cidades pré-capitalistas tinham sua


estrutura baseada na própria sobrevivência do homem e no qual ele tinha
domínio de suas terras. Sendo assim, essas transformações históricas
ocorridas neste período datam o nascimento de um sistema, recriação e
aniquilamento, exibindo seu início e a evolução da segregação de uma classe
dominada.

1.1 Criação do espaço e relação do homem com a terra


Houve três grandes períodos que datam a construção históricas do início
daquilo que ia ser o urbanismo e das cidades atuais, que foram: paleolítico,
mesolítico e o neolítico. Essas fases exibiram características que
fundamentaram e foram essenciais para o conceito daquilo que entendemos
por espaço urbano.

No Período Paleolítico, não havia assentamentos humanos e a vida era


caracterizada pelo pastoreio nômade. Portanto, o individuo não tinha ainda
aquela relação de dependência fixa direta com solo.

É nesse período que surge a primeira relação do homem com a


‘moradia’: quando os nômades se preocupam em dar um lar aos mortos- seja
numa caverna ou em um monte de pedras e nesse processo somente as
pessoas falecidas tinham locais “fixos”.

O período paleolítico é marcado pela não fixação do homem,


pelo nomadismo enfim. Contudo, as suas primeiras
manifestações de interesse em se relacionar com algum lugar
são deste período (Encarnação, 1998, p.7).

Nesse primeiro período o homem desempenhava seus esforços para


sobrevivência e eram tidos como caçadores-coletores. Com a caça de animais
e a coleta de plantas, o homem produzira aquilo que fosse suficiente para si e
para sua família, sem excedentes. Portanto, esses grupos seguiam para locais
e migravam conforme suas escassezes.

O homem coletor habitava o planeta apenas tirando dele o necessário


para sua sobrevivência. Existia uma relação muito grande de

3
dependência do indivíduo em relação ao meio circundante. (Fani,
1992, p.30)

Para Maria Encarnação, esse primeiro período ainda não era


considerado, de fato, a porta de entrada para aquilo que é entendido como
urbanização, pois o indivíduo só se estabelecia em um local conforme pudesse
suprir dali suas necessidades biológicas. Desta maneira, esse primeiro período
foi uma semente para os estágios seguintes dentro do processo de surgimento
das cidades.

Observasse que desde o primeiro contato com a terra o homem sempre


supriu suas carências com o solo, dessa forma, essa relação homem-terra era
íntima e essencial na construção daquilo que futuramente poderia ser chamado
de sociedade. Além disso, sabe-se que esse processo do homem com o solo
construía também sua identidade naquele período.

Para a autora Ana Fani, essa relação do homem com a natureza criou e
recriou conexões que mudaram abertamente o espaço ao seu redor e exibido
geograficamente essas variações no decorrer da história e impactando
diretamente na atualidade.

Sendo assim, o segundo período que denominado como Mesolítico e


conhecido como uma ponte de transição do Paleolítico para o Neolítico,
ocorreu entre aproximadamente 10.000 AC. e 6000 AC. Ao longo deste
período, sucederam grandes mudanças na forma como os grupos humanos se
fixavam e se organizavam, lançando as bases para o surgimento das primeiras
cidades do futuro.

Se a "semente" fora lançada durante o paleolítico, é efetivamente no


período seguinte, mesolítico, que se realiza a primeira condição
necessária para o surgimento das cidades: a existência de um melhor
suprimento de alimentos através da domesticação dos animais, e da
prática de se reproduzirem os vegetais meio de mudas. (Encarnação,
1998, p.8).

Durante esse período, as comunidades humanas continuaram a ser


nômades, vivendo da caça, pesca e coleta de alimentos. No entanto, a
domesticação de animais e o cultivo de plantas gradualmente aumentaram e se
intensificaram durante o período Neolítico- que é o estágio seguinte.
4
Portanto, a fixação do homem pela terra baseava-se na domesticação
de animais e na necessidade de aprender técnicas agrícolas, pois o aumento
da natalidade (e da fertilidade) da época ocasionou na presença de várias
novas crianças nestes locais, e desembocando no surgimento das primeiras
aldeias.

Desse modo, esse período que de fato datou o surgimento das primeiras
cidades e introduziu toda a estrutura do que poderia ser de fato chamado de
espaço foi o neolítico, pois ele era marcado por uma vida fixa nas aldeias.
Portanto, este período é essencial na história, pois marcou uma grande
mudança na formação como as sociedades humanas viviam e se organizavam.

Para professora Fani, o homem ao produzir sua existência não só


reproduzi história, mas também o espaço e por essa ótica podemos observar
panoramicamente as grandes construções ao redor do mundo que existem e
transacionaram grandes formas de poder.
Desta maneira, essa transição dos assentamentos neolíticos e seus
excedentes sociais também produziram formas, ordem políticas, poderes e
líderes, e assim, exibindo uma cisão de trabalho por gênero, no qual as
mulheres ficavam na agricultura e o homem na caça e pesca. Assim, origina-se
o início da própria divisão do trabalho.

Esse período serviu para patentear a modificação nas sociedades mais


complexas e estruturadas baseadas na agricultura e na domesticação de
animais. Tais mudanças foram relevantes para o desenvolvimento da
civilização e o estabelecimento das bases da sociedade moderna.

Portanto, o contexto do princípio da própria cidade vai muito mais além


de que um acumulado histórico em um local fixo, mas todos os cenários
anteriores dos assentamentos serviram de premissas básicas para a iniciação
da construção do espaço ao longo desse processo.

A geografa Ana Fani estabelece um debate crucial no livro a cidade, no


qual ela relata que o espaço geográfico durante a época dos assentamentos
não existia, o homem tinha dependência passiva ao meio que vivia, então, sua
própria produção nao era por consequência criadora, transformadora, então,
não existia o espaço geográfico, porém existia vida no planeta terra.

5
A partir das relações por coletas para a sobrevivência que o homem
começar a modificar essa relação passiva com a terra. Para Fani, as
necessidades da sociedade estão conectadas ao que se determina entre o
homem e o solo que é o conciliador.
Nota-se que as configurações de áreas do princípio daquilo que vinha
ser nomeado de cidade era associado a terra e aos excedentes de produtos
que homem efetivava, dessa forma, percebesse que a estrutura daquela
sociedade foi assentada em escambo e divisão de trabalho.

A vista disso, todas as características que formaram as aldeias nesse


período iriam marcar todas as estruturas da urbanização. Porém, essas aldeias
jamais poderiam ser consideradas cidades, devido suas ligações com as
atividades primárias que são ligadas ao campo e, assim, mostrando,
nitidamente, que existiu uma diferença entre a cidade e o campo.

Ora, se estamos identificando a aldeia, enquanto aglomerado, com as


atividades do campo, estamos, por outro lado, contrapondo a cidade
ao campo, admitindo a diferenciação urbano x rural. E também a
necessidade de "acontecer" o urbano, para que esta diferenciação
ecológica apareça. O que há por trás desta diferenciação?
(Encarnação, 1998, p.10).

Para a maria encarnação, essas aldeias se diferenciam das cidades não


no tamanho do aglomerado, mas na sua complexidade essencial, por isso, uma
aldeia é simplesmente um agregado de camponeses fazendo o mesmo
trabalho, sem organização social. Dessa maneira fica claro que não poderia ser
chamada de cidade essas aldeias devidas sua ligação com campo.

Inclusive, segundo a própria autora, explica que essa diferença é


extremamente hermética, mas essencial para entendermos o surgimento dos
lugares urbanos e as cidades pré-capitalistas, pois, no decorrer do período
neolítico, houve diversas mudanças significativas no modo de vida das
pessoas, transições e divisões. Portanto, o homem no início de tudo tinha
domínio das próprias terras, sem nenhuma divisão e sendo notório que a
ligação do homem com a terra era considerada como uma divindade.

6
1.2 Para existirem as cidades
Como vimos anteriormente sobre os assentamentos e a relação do
homem com a terra antes do nascimento das primeiras cidades, aqui o
princípio da cidade vai além dos pré-requisitos necessários para sua origem.
Segundo Maria encarnação, vai explicitar que essa origem da cidade vai existir
uma diferença necessária que é aspecto social, no qual ela vai exibir uma
profundidade de organização social que só vai ser alcançada com a divisão do
trabalho.
Antes o indivíduo tinha elo com a terra em uma forma passiva e
dependia da mesma sem a produção excedentes e era subordinada pela sua
necessidade. Portanto, nessa circunstância, as aldeias tendiam a ser
minúsculas e autossuficientes, baseadas em princípios económicos de
subsistência e sem uma lógica social.
Interessante atenta-se que a organização social é acoplada com o
processo da divisão do trabalho. Esse processo, por sua vez, recria novos
espaços, assim, gerando uma superprodução que é nomeado como produtos
excedentes. Esses objetos essenciais e era guiado para o exercício de
qualquer sistema social.
Portanto, processo procriou a divisão do trabalho de uma forma simples
e objetiva, sendo assim, nos primeiros assentamentos era impossível ocorre
esse processo devido frugalidade das atividades econômicas.
Além disso, nesse processo evidenciou a relação de dominância que era
assegurada por a transferência dos produtos excedente em troca de outros
bens, muitas vezes imateriais, por exemplo, proteção e organização daqueles
lugarejos.
Para Maria encarnação (1988, p.15): “Alguns homens na aldeia, os
fortes caçadores, ficaram desobrigados de desenvolver atividades de produção
alimentar, em troca da proteção que ofereciam”. Repara-se que, o escambo de
produtos excedentes é um atributo essencial que estabeleceu ligeiramente uma
simbiose entre campo e futuras cidade, assim, deixando claro o nascimento
daquilo que futuramente seria conhecido com divisão de trabalho.
Então, essa divisão também levou ao surgimento de uma hierarquia.
Então, à medida que certas ocupações se tornam mais cruciais para a
sobrevivência e prosperidade da comunidade, essas pessoas ganham maior

7
visibilidade de status, influência. Portanto esses Líderes emergentes e figuras
de autoridade são os coordenaram aquele local.
Sendo assim, essas organizações eram baseadas por instituições religiosas e
estruturas de governanças daquele período que tomava decisões importante
para manter a ordem social daquelas comunidades em ascensão.
Vista disso, é interessante atenta-se que, a cidade vai surgir de forma
contrarias as expectativas, devido a fatores sociais e não econômicos que são;
a divisão do trabalho, divisão de classes e a dominação exercida por algumas
autoridades que foram elementos chaves na configuração e permitiram o
nascimento dessas cidades.

Para a geografa Maria encarnação, o princípio da cidade, a sua


estrutura social e hierárquica vai ser fruto da unificação entre as duas culturas:
neolítica e a paleolítica. Portanto, esses processos, nesses períodos, revelam
que suas características apresentam uma condição para explorar os
excedentes, seus produtores naquele período. sendo assim, esses aspectos
ressaltaram a origem da cidade como uma luta de classes, divisão do trabalho,
a cidade (seu entorno como centro de vida complexos) organização social
(escambo).

Nesse argumento, a autora Fani alega que: o homem nesse contexto, é


um ser social agente da vida econômica e da produção espaço, que tendo por
base as relações sociais.” (Ana Fani, 1992, p32)

Portanto, a cidade aparece não apenas em resposta a condições pré-


estabelecidas nos assentamentos humanos, porém como um resultado de uma
complexa interação social que envolveram elementos chaves. Desta maneira, o
nascimento das cidades está intimamente ligado aos produtos excedentes e à
medida que as sociedades humanas vinham progredindo ao longo da história,
desenvolveram sistemas mais complexos de produção e divisão do próprio
trabalho.

1.3 Espaço habitado, organização espacial e o urbano (a distinção do


urbano e o campo com nascimento do capitalismo

8
Na questão da ligação do homem com a terra para Roberto Lobato essa
relação é acionada por “diferenciações resultantes da presença de fenômenos
originados em tempos históricos diferentes coexistindo no tempo
presente. . .e no espaço.” (Corrêa, 200, p.23)

Nesse contexto do surgimento da cidade é essencial analisar os locais


habitados e como desempenharam uma atuação primordial em relação ao
nascimento do capital. Segundo Corrêa, existe uma concepção identificada nos
primórdios indistintos que provocava semelhança espacial resultado da ação
humana.

Portanto, esse fenômeno incerto exibiu com clareza a separação entre o


urbano e rural. Essa distinção, muitas vezes atribuída a características
econômicas, sociais e geográficas distintas, foi profundamente influenciada
pela ascensão do capitalismo.

Observa-se que as cidades das antiguidades seus processos foram


diversificados. Segundo lobato afirma que essa diferença implicou, “o
aparecimento da divisão social do trabalho, da propriedade da terra, dos meios
e das técnicas de produção, das classes sociais e suas lutas, tudo isto se deu
com enorme distância em termos espaço-temporais... (Correa 200, p.23).
Desta forma, se paramos para analisar a paisagem do espaço habitado na
atualidade é reflexo de um conjugado de histórias das antigas cidades. Para
Ana Fani, esse ambiente, a sua estrutura, as ruas, as vielas e toda a forma
física gera o espaço urbana da sociedade capitalista. Segundo a autora, alega
a equiparar como algo rápido e nota que a cidade e seus bairros trazem
tradições, formas antigas e diferentes, exibindo com clareza a desigualdade em
si.
Sendo assim, as cidades por volta de 3500 AC na região da Mesopotâmia,
conhecida como o berço da civilização, foi influenciado por uma interação
complexa de fatores naturais e sociais. Portanto, as condições geográficas
favoreciam a produção de excedentes alimentares devido a sua situação as
margens dos rios.

As cidades mesopotâmicas tinham uma natureza teocrática, onde a religião


desempenhava um papel central na organização social e política. Os

9
governantes, muitas vezes considerados divindades ou representantes dos
deuses, controlavam o excedente agrícola e desempenhavam funções
administrativas. Eles garantiam a distribuição equitativa dos recursos,
supervisionavam a construção de sistemas de irrigação, organizavam o
trabalho agrícola e lideravam a defesa da cidade contra possíveis invasões.

Sendo assim, essa organização social baseada na autoridade religiosa e


governantes divinos criou a estrutura necessária para controlar e distribuir os
excedentes, o que, por sua vez, permitiu o estabelecimento de comunidades
assentadas e o desenvolvimento de civilizações complexas na região da
Mesopotâmia.

Atenta-se, que as cidades da mesopotâmia a sua estrutura era assentada em


um sistema agrícola e religioso, portanto, a organização trazia traços fortes de
urbanização e posteriormente essas características para grandes centros
comerciais da atualidade. Portanto, esses atributos eram auxiliou para mais
produção de excedentes, divisão de trabalho, classes e um assentamento fixo
estabelecido em algumas regiões.

Os impérios também desempenharam um papel primordial na


urbanização da Europa, estimulando o crescimento, nascimento de cidades, os
processos políticos, econômicos e sociais. Então, durante aquele período que
ocorreu, o estabelecimento e a manutenção desses impérios auxiliaram no
aceleramento da urbanização em muitas partes do continente.

A princípio existia uma harmonia política que sob o domínio imperial


desempenhou um papel importante no processo de urbanização. Sendo, asso,
ao consolidar o poder e unir regiões, portanto, os impérios estabeleceram uma
divisão de trabalho entre os municípios. Isso significava que as cidades
assumiam funções especificas, com diferentes centros urbanos
desempenhando papéis específicos na economia imperial. Desta maneira,
algumas cidades tornaram-se importantes centros de comércio naquela época,
enquanto, as outras se especializaram na produção de bens ou serviços
específicos. Como afirma a autora Rosa Luxemburgo, o império desempenhou
um papel crucial na expansão capitalista e na acumulação de capital em busca
de mercados externos. Desta maneira, os romanos eram eficientes na

10
construção de infraestruturas urbanas, como estradas, aquedutos e edifícios
públicos e eles também promoviam, disseminava a cultura, a língua e os
costumes romanos nas regiões conquistadas, portanto, isso contribuiu para o
crescimento e a consolidação de várias cidades ao redor do Império Romano.

As cidades da idade média, com a crise no Império Romano, a Europa


Ocidental passou por um período de grande transformação e desafios para as
cidades. Isso resultou na deterioração das condições urbanas, com a falta de
preservação das leis comerciais, bem como a negligência na manutenção das
estradas e alguns portos.

A vista disto, a ausência de uma governança centralizada e eficiente nas


cidades medievais dificultava a garantia da segurança e da estabilidade
necessárias para o comércio florescer. Desta forma, a falta de leis e
regulamentações claras para proteger o comércio e os comerciantes levou à
insegurança e ao enfraquecimento das atividades comerciais nas cidades.

Além disso, a falta de investimento na infraestrutura urbana, causou uma


dificuldade nas estradas e portos e assim refreando o comercio de mercadoria.
Esses avanços islâmicos no Mediterrâneo Oriental e no norte da África
bloquearam o comércio marítimo, dificultando as atividades comerciais das
cidades costeiras europeias. Além disso, esse avanço gerou desafios
econômicos para as cidades que também enfrentaram ameaças e invasões
militares durante a Idade Média.

Ao longo da Idade Média, à medida que a Europa passava por mudanças


sociais, políticas e econômicas, as cidades gradualmente começaram a se
recuperar e a retomar sua importância. Sendo assim, com o surgimento do
feudalismo e o fortalecimento dos laços de vassalagem e proteção, as cidades
começaram a crescer como centros regionais, atraindo pessoas em busca de
segurança e oportunidades econômicas.

A principal característica do modo de produção feudal é sua base


econômica quase exclusivamente agrícola. A nível do econômico,
esse modo e produção tinha sustentação em dois “pilares”: a
mudança do caráter latifundiário e a instituição da servidão.
(Encarnação, 1998, p.27)

11
No decorrer da Idade Média, as cidades vivenciaram marcantes
transformações política, socias e econômicas em todas suas estruturas. Essa
transição pode ser entendida em termos como o processo que compôs “A
assim chamada acumulação primitiva” descrito por Karl Marx no capital I como
o nascimento do capitalismo, a abertura para um novo sistema econômico e
trilhas para o urbanismo atual.

Percebe-se que o nascimento do capitalismo surgiu nas carcaças do


feudalismo, exibindo evidente distinção entre classes e raças, e que
futuramente caminharia em direção a formações de centros e vias urbanas. O
surgimento do capitalismo é apontado com o declínio de um sistema feudal
para um sistema a assalariado, refletindo assim, as grandes transformações
sociais, econômicas e políticas ocorridas nesse período.

Diante disso, a história do feudalismo foi fortemente marcada por uma


dicotomia de espaços em que sua estrutura se efetivou nas condições de
libertação massiva dos camponeses. Dessa maneira, a narrativa do feudalismo
na Idade Média, estruturava-se em volta do modo de produção agrícola, a
relação do homem-terra e o solo sendo crucial para garantir a subsistência
daquela sociedade.

Nesse sentido, as atividades econômicas, mercantis e sociais das


cidades eram diretamente relacionadas à produção agrícola e à propriedade da
terra. Portanto, os senhores feudais eram os controladores da terra, exercendo
poder sobre a população rural e garantindo a produção dos produtos
excedentes.

As relações sociais nesse período eram baseadas em escambo que


sempre era associado a propriedade da terra e em um sistema vassalo, no qual
os camponeses trabalhavam nas terras desses senhores feudais em troca da
proteção e uso da terra.

No entanto, à medida que esse sistema feudal crescia, a agricultura, e o


domínio feudal também. Sendo assim, foram enfatizando esse processo que foi
caracterizado por uma rigidez social e hierárquica que era engatado, por uma
falta de mobilidade social que resultou nas transformações dos aglomerados
medievais, mas sem utilidade urbana.

12
Portanto, os processos mercantis, muitas vezes ligado a esse espaço,
perderam a sua importância em relação aos que possuíam terras e
controlavam a produção agrícola, sendo assim, agora a riqueza e poder vinham
da posse de terras, e as cidades agora eram vistas como meros locais de
produção fixas.

Nessa época, a Igreja teve um papel essencial para a importância da


agricultura como um meio de sobrevivência que era associado ao cultivo da
terra como às “bênçãos divinas”. Além disso, o ideal de pobreza como uma
“salvação” da Igreja diminuiu o incentivo para acumular riqueza nas cidades.

Segundo maria encarnação, essa nova economia que era unicamente


do campo sua estrutura social era baseada nas relações sociais da servidão e
assim envolvendo um tipo de divisão em classes que controlava o solo e tudo
produzido naquele espaço. Portanto, essa ligação com a servidão era essencial
para todo o funcionamento desse sistema feudal.

Consequentemente, esse processo de acumulação de riqueza e poder,


estava concentrado no campo e na posse de terras dos senhores feudais que
durante aquela época. Desta forma, montou-se um sistema econômico e
ideológico que surgiu da servidão da gleba do campo. Essa dinâmica,
colaborou para a diminuição da importância política e econômica das cidades
que se tornaram servil ao modo de produção agrícola e às relações feudais
dominantes.

No entanto, ao decorrer do tempo, houve mudanças que começaram a


desafiar e arruinar todo esse sistema feudal. E, um desses fatores, foi o
crescimento das cidades fora das muralhas e a emergência de uma nova
classe social. Esses locais que ficava ao redor das muralhas recebiam o nome
de foris-burgus, significa burgos dos arredores ou arrabaldes.

Ação da burguesia comercial (de burgos, porque aí moravam os


comerciantes) para se constituir como classe social- espaço que não
lhe era dado na organização social vigente-, foi muito importante para
a desestruturação do modo de produção feudal. (Encarnação, 1998,
p.33)

Desta forma, essa nova classe que era; os burgueses comerciantes, artesãos
e outros camponeses que fizeram uma busca incessante por liberdade

13
econômica e social além das restrições impostas pelo sistema feudal. Portanto,
nesse processo surgiu um aumento significativo de cidades que foram surgindo
dos arrabaldes do castelo.

À medida que o comércio foi se desenvolvendo as cidades também


cresciam ao redor e essa nova classe passaram a adquirir autonomia, riqueza
e poder econômico. Eles desejavam ter uma maior liberdade para realizar
operações comerciais e expandir seus negócios, porém batia nas limitações
que impostas pelo sistema feudal, como os privilégios e o controle dos
senhores feudais sobre a terra e as atividades. A fragmentação do poder feudal
e a ascensão da burguesia como nova classe econômica e política facilitaram o
desenvolvimento e a consolidação das cidades como centros de poder e
influência.

Desta maneira, durante os séculos do feudalismo, a sociedade era em


grande parte camponesa e a terra era para sobrevivência., concentrada em
assentamentos feudais que careciam do caráter de cidades. No entanto, o
curso da história está fadado a sofrer grandes mudanças. O renascimento da
cidade parte da raiz do próprio grupo de cidades feudais que, embora não
tenha a aspectos de uma cidade moderna, plantou as sementes da
urbanização futura.

A vista disto, percebe-se que a terra era considerada um meio essencial de


sobrevivência, e as comunidades camponesas trabalhavam duramente para
cultivá-la e colher os frutos de seu trabalho. Com o tempo, no entanto, a terra
avançou de uma simples base de subsistência para uma mercadoria valiosa.
Esse conceito de propriedade “privada da terra” impulsionou a transformações
para a urbanização em grande parte quando as pessoas perceberam a
necessidade de ir além dos limites de sua propriedade agrícola.

Sendo assim, a formação das cidades passou por grandes mutações


histórica marcada pelo nascimento crescente do comercio e o surgimento do
capitalismo, portanto, à medida que a urbanização ganha força, as cidades
antes protegidas por muros de defesa cresceram além das barreiras físicas.

A expansão das rotas comerciais e o desenvolvimento econômicos, que


facilitaram o comércio, desempenharam um papel essencial nessa

14
transformação. A troca de bens e ideias entre diferentes comunidades urbanas
facilitou a expansão dos centros urbanos, estimulou a diversificação econômica
e sucedeu em maior concentração populacional nas cidades.

Nota-se, desde o primeiro contato do homem com a terra no período


paleolítico, os humanos demonstraram uma tendência natural de formar
comunidades para melhor explorar os recursos disponíveis. Portanto, à medida
que a caça, a coleta e a pesca se tornaram atividades essenciais para a
sobrevivência, grupos humanos começaram a se organizar em lugares mais
permanentes, dando origem aos primeiros traços de formação urbana.

Segundo a maria encarnação, as cidades antigas partilhavam algo em


comum que poderia ser; a localização em fontes de recursos naturais, a divisão
espacial geográfica e dando abertura para segregação, sendo assim,
posicionando a elite no centro e a população mais abastada em lugares mais
distantes.
O autor Roberto Lobato realça que processo histórico das cidades
manifestou um desenvolvimento diferenciado, apontando nitidamente seus
progressos desiguais nas vias urbanas em ascensão. Portanto, essas
discrepâncias se tornaram perceptível à medida que a urbanização progredia.
Na sociedade atual, é possível observar essa diferença na paisagem
urbana, acesso a serviços e quaisquer outros bens, e sendo resultado de um
processo histórico que, para a Ana Fani, exibem diversos momentos
significativos na produção do espaço.
Portanto, anomalia social que o espaço urbano carrega revela que o
próprio conceito da cidade é associado a produção de mais valor e sua logica
organizacional é resultado de fragmentações passadas que reforçam cada vez
mais esfacelamento.

1.4 O conceito de cidade


As cidades são fenômenos complexos que transcendem suas meras
dimensões físicas e forma urbana, onde cada espaço reflete valor. Para
professora Ana Fani, a cidade é uma submissão do homem a carência de
reprodução do capitalismo; no qual o ser-humano é capturado pelas
necessidades de gastos e entretenimento. Desta forma, se observamos

15
panoramicamente cada viela ou aglomerado, nota-se que ele é um palco
crucial para atividades econômicas.
O questionamento sobre a cidade se refere a modificações de um território
que, outrora era destinado apenas à subsistência, agora se torna um espaço
de criação de mais valia e a terra agora se tornou um valor.
Segundo H. Lefebvre, na sua teoria sobre a cidade ela seria um lócus de
produção e reprodução da vida social. Para ele, a cidade é mais do que um
mero aglomerado de vias, construções ou local; é uma obra social e política,
moldada pelo convívio entre vários grupos que a habitam.
Nos estudos da geografa Ana Fani, seu conceito de cidade é pela ótica
Lefebvreviana, esse local é um espaço dinâmico de atividades econômica que
está diretamente ligado ao processo de produção do capital, que por sua vez
se concentra em determinados pontos. A partir daí, uma rede de circulação é
criada, na tentativa de acelerar o ciclo de produção. No entanto, Fani, destaca
que o uso do solo não ocorre sem conflitos, uma vez que os interesses do
capital e da sociedade como um todo são contraditórios.
Segundo Paulo Roberto Teixeira de Godoy, em seu artigo sobre a produção
do espaço, na teoria Lefebvre existe algumas indagações postas pelo autor
“quem
produze? para quem? O que é produz? No meio dos conflitos da cidade é
importante entender que existe alguns agentes modeladores do espaço.
Para roberto lobato, existem alguns agentes que moldam o espaço e fazem
ele valor de uso

Segundo david Harvey a logicas territorial e capitalista

16
Em suas análises, Lefebvre enfatiza a importância do "Direito à Cidade",
conceito que se refere ao direito dos cidadãos de participarem ativamente na
construção e transformação do espaço urbano, influenciando sua organização
e funcionamento.
A cidade é um cenário ativo, onde as relações sociais se abrem para as
atividades cotidianas se desenrolam e a identidade cultural se manifesta.
Desse ponto de vista, o ser humano em sua natureza, se relacionava como
produtor do seu próprio espaço.

17

Você também pode gostar