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A CIDADE GREGA

Dos séculos adiante importa a relação urbana estabelecida pelos

GREGOS / ROMANOS
PARA A CONSOLIDAÇÃO DE

PRINCÍPIOS URBANOS
As cidades gregas não ultrapassam os 20.000 habitantes. Exceção feita a Atenas,
que, no tempo de Péricles, chega a ter 40.000 habitantes.

Essa medida não é considerada um problema em si, mas, antes, a condição


necessária para um organizado desenvolvimento da vida civil.

A população deve ser suficientemente numerosa para formar um exército na


guerra, mas não tanto que impeça o funcionamento da assembléia, isto é, que
permita aos cidadãos conhecerem-se entre si e escolherem seus magistrados.

Assim, se ficar muito pequena, é de temer a carência de homens; se crescer


demais, não é mais uma comunidade ordenada, mas uma massa inerte, que não
pode governar a si mesma.

Os gregos se distinguem dos bárbaros do Oriente porque vivem como homens


em cidades proporcionais, não como escravos em enormes multidões.

Têm consciência de sua comum civilização, porém não aspiram à unificação


política, porque sua superioridade depende justamente do conceito de polis, onde
se realiza a liberdade coletiva do corpo social.
A cidade é um todo único, onde não existem zonas fechada e independentes.
Pode até ser circundada por muros, mas não subdividida.

As casas particulares são todas do mesmo tipo, e são diferentes pelo tamanho,
não pela estrutura arquitetônica; são distribuídas livremente na cidade, e não
formam bairros reservados a classes ou a estirpes diversas.

O espaço da cidade se divide em três zonas: as áreas privadas (moradias); as


áreas sagradas (os recintos com os templos dos deuses) e as áreas públicas,
destinadas às reuniões políticas, ao comércio, ao teatro, aos jogos desportivos,
etc.

No panorama da cidade, os templos se sobressaem sobre tudo o mais. Surgem


em posição dominante, afastados dos outros edifícios e seguem alguns modelos
simples e rigorosos
Exemplos de
casas gregas
de vários
períodos da
história antiga
A cidade no seu conjunto, forma um organismo artificial inserido no ambiente
natural, e ligada a este ambiente por uma relação delicada; respeita as linhas
gerais da paisagem natural, que em muitos pontos significativos é deixada
intacta, interpreta-a e integra-a com os objetos arquitetônicos.

A regularidade dos templos é quase sempre compensada pela irregularidade


dos arranjos circundantes, que se reduz depois na desordem da paisagem
natural. A medida deste equilíbrio entre natureza e arte dá a cada cidade um
caráter individual e reconhecível.

Justamente por estas características - a unidade, a articulação, o equilíbrio – a


cidade grega vale doravante como modelo universal; dá à convivência humana
uma fisionomia precisa e duradoura no tempo.
Planta do recinto sagrado de Olímpia, no fim do período clássico
Olímpia
Em Atenas, a Acrópole é o único dos montes na planície que oferece segurança,
graças a seus flancos íngremes e espaço suficiente para uma plataforma; foi a
sede dos primeiros habitantes da cidade .

A grande Atenas se forma quando os habitantes dos centros menores foram


persuadidos ou obrigados – por Teseu, segundo a lenda – a se concentrar em
torno da Acrópole. O centro da nova cidade é a depressão quase plana ao norte
da Acrópole, onde se forma a ágora.

Nasce assim um organismo diferenciado, onde cada elemento da natureza e da


tradição é utilizado para uma função específica. A cidade existe para unificar muitos
serviços diferenciados, local de refúgio de uma população bastante esparsa pelo
território.

A sistematização da cidade não corresponde a um projeto regular e definitivo: é


composta por uma série de obras que corrigem, gradualmente,o quadro geral, e se
inserem com discrição na paisagem originária, mas tem uma extraordinária unidade,
que deriva da coerência e do senso de responsabilidade de todos seus realizadores
Mesmo em plena cidade, as ruas, os muros, os edifícios monumentais não escondem
os saltos e as dobras do terreno; as rochas afloram em muitos lugares em estado
natural, ou então são cortados e nivelados com respeitosa medida.

Os edifícios antigos e arruinados são muitas vezes conservados e incorporados aos


novos. Deste modo, a natureza e a história são mantidas presentes e formam a base
do novo cenário da cidade
Atenas por volta da época de Péricles
Esquema geral da ágora ateniense
Modelo da ágora ateniense
Vista aérea das ruínas da ágora ateniense
Representação artística da antiga Atenas.
Planta da nova Atenas em 1842, depois do plano regulador de Leo von Klenze. A
cidade ainda se encontra – toda ela – ao norte da acrópole.
Os artefatos remanescentes da época são inspiradores de

DIVERSAS EXPERIÊNCIAS URBANAS


especialmente em razão da

RETOMADA CLÁSSICA OCORRIDA


NO RENASCIMENTO
O que coincide com as

GRANDES
NAVEGAÇÕES
E A CORRESPONDENTE IMPLANTAÇÃO DE REDES URBANAS
Os gregos, ainda que não tenham sido os inventores do
planejamento regulado, foram particularmente responsáveis pela

DISSEMINAÇÃO
DO CONCEITO DAS GRELHAS ORTOGONAIS
Além disso, respondem por um

GESTO DE
COLONIZAÇÃO
Com reflexo posteriormente nos

DESCOBRIMENTOS
Ademais, segundo GEDDES (1994, p. 39), Aristóteles foi o
FUNDADOR DOS ESTUDOS URBANOS, especialmente pela noção
de

METODOLOGIA
COMPARATIVAS
A relevância, especialmente, está na forma como se deu a ampliação
das fronteiras para além da Península Balcânica e a conformação da

MAGNA GRÉCIA
Colonizando o Mar Mediterrâneo, produtos do

AUMENTO POPULACIONAL
Magna Grécia
Fonte:<http://en.wikipedia.org
/wiki/File:Magna_Graecia_an
cient_colonies_and_dialects.
svg>
Vista aérea de Taranto
Cidade Medieval de Taranto
O fato implicou a FUNDAÇÃO DE DIVERSAS CIDADES na Itália,
Egito e Oriente Médio, trazendo à tona:
1 – A necessidade de AMPLIAÇÃO DOS ASSENTAMENTOS
PREEXISTENTES,
2 – A visão distinta entre as CIDADES METRÓPOLE E AS
CIDADES COLÔNIA, e
3 – A demanda por CONFIRMAR A POSSE de novos territórios por
meio do estabelecimento de colônias de povoamento. c
Compreendia o ponto de vista urbano grego a idéia de que uma
cidade teria um

TAMANHO MÁXIMO

SUPORTÁVEL
Tão logo o assentamento crescia além do NÍVEL ÓTIMO, grupos de
cidadãos partiam para

FUNDAR

NOVAS CIDADES
(um parênteses...)

A cidade jardim

Ebenezer Howard
Isto requeria um

PADRÃO FORMAL DE
PLANEJAMENTO
QUE RAPIDAMENTE FOSSE
REPLICADO

Paulatinamente, as cidades-sede se desenvolviam em

RITMO VORAZ
Portanto, a grande curiosidade do período foi a nítida distinção que
ocorreu entre os

ESPAÇOS METROPOLITANOS
E as

NEÁPOLIS
De forma que

A REGULAÇÃO DOS
ASSENTAMENTOS FUNDADOS
Opunha-se incisivamente ao crescimento urbano como o de

ATENAS (IRREGULARIDADE)
O fato ilustrou como uma mesma civilização poderia

CONVIVER
PADRÕES DISTINTOS

SEM QUE ISSO SIGNIFICASSE UMA


MELHOR OU PIOR
Situação para a EXCELÊNCIA DAS ATIVIDADES HUMANAS.
Em termos cronológicos, HAROUEL (2001) diz que as cidades
gregas, até o final do século VI a.C., apresentavam-se
principalmente à maneira de bairros residenciais caracterizados por
RUELAS ESTREITAS E TORTUOSAS, FECHADAS SOBRE SI
MESMAS, JUSTAPOSTAS OU DISPERSAS, estendendo-se ao pé
ou ao lado de uma colina íngreme onde se encontrava uma acrópole.
O que correspondia a um forte

CARÁTER
IRREGULAR
A partir do final do século VII a.C. e do século VI a.C. têm início as
PRIMEIRAS TENTATIVAS SISTEMÁTICAS DE REGULAÇÃO e
planejamento urbanos, fomentadas pela experiência de

MILETO
Hipódamo de Mileto é lembrado por Aristóteles como o autor de uma teoria política
e como inventor da “divisão regular da cidade”. Acredita-se que tenha projetado as
plantas das cidades de Mileto e Rodes.

Estas cidades – e outras fundadas na mesma época – são traçadas segundo um


desenho geométrico. Este desenho geométrico é uma regra racional, aplicada da
escala do edifício à escala da cidade. Todavia, é uma regra nova, que não
compromete, mas antes confirma e torna sistemática os caractéres da cidade grega.

As ruas são traçadas em ângulos retos, com poucas vias principais no sentido do
comprimento, que dividem a cidade em faixas paralelas. As ruas têm caixas
modestas, sem nenhuma pretensão de monumentalidade.

As dimensões dos lados menores são aquelas necessárias para a acomodação de


uma ou duas casas; a dimensão maior desenhada para uma fileira ininterrupta de
casas.

Os espaços especializados da vida civil e religiosa não comandam o resto da


composição, mas antes se adaptam à grade comum
A constância da grade – fixada pelas exigências das casas, não pelas exigências
dos templos e palácios – confirma a unidade do organismo urbano e a uniformidade
de todas as áreas e das propriedades particulares perante a regra comum, imposta
pelo poder público.

A elasticidade da relação entre os lados dos lotes retangulares permite que cada
cidade seja diferente das outras, não vinculada a um único modelo.

A complicação dos perímetros e a distância que os muros estão dos quarteirões


respeitam o equilíbrio entre a natureza e a obra do homem, e diminuem, em grande
escala, o contraste entre a cidade e a paisagem.
MAPA DA CIDADE DE MILETO, CONFORME PLANO DE HIPODAMO (século V a.C.)
Fonte: < http://www.ruhr-uni-bochum.de/milet/in/stadt-plan/stadt-pl.jpg >
MAPA DE MILETO – TURQUIA, Fonte: Google Earth
Stoa em Mileto
Fonte:<http://en.wikipedia.org/wiki/File:MiletusIonicStoa.jpg>
Teatro em Mileto
Fonte:<http://en.wikipedia.org/wiki/File:MiletusTheater6August2005.JPG>
Stadium em Mileto
Fonte:<http://en.wikipedia.org/wiki/File:Milet_stadtmitte_1997.jpg>
Na transição do século VI a.C. para o V, correspondente ao século
de ouro ateniense, se dá o surgimento dos

TRAÇADOS URBANOS
ORTOGONAIS E QUADRICULADOS
(Sicília e Mar Negro)
Mas é somente na primeira metade do século V, com a reconstrução
da cidade de Mileto, que se assiste à

CONSTRUÇÃO DE UM PLANO
ORTOGONAL
A partir da metade do século V, o emprego do plano ortogonal,
geralmente denominado

HIPODÂMICO
TORNA-SE HABITUAL
Tanto para a fundação de novas cidades quanto para a expansão e o
planejamento das cidades preexistentes (HAROUEL, 2001, p. 15).
Plano de Pireus
Vista de Priene
Planta de Priene
Planta e vista de Olintho
Planta da antiga Alexandria
Ilha Faro

A Alexandria contemporânea

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