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26/09
A cidade é um polo centralizador de atividade humana, e pode por si ser estudado de formas
distintas, tendo em conta diferentes aspetos e vertentes, características que a compõem.
História Urbana é a área de estudo da história que se dedica à explicação dos fenómenos de
atividade humana relativos à cidade como polo de atividades políticas, económicas, sociais e
culturais.
O sistema bottom-up, é um sistema que constrói um tecido urbano numa lógica de gestão e
tomada de decisão por múltiplas vontades e interações (tradições, costumes, uma cultura
coletiva), descentralizadas e desconexas. Um espaço que faz uso deste tipo de sistema é
orgânico, aditivo e informal, um espaço que se constrói às peças formando um todo, um ato
insconsciente, mas comunitário de “fazer cidade”.
O sistema top-down, é um sistema que constrói um tecido urbano numa lógica de gestão e
tomada de decisão por um promotor (poder público ou privado, singular ou comunitário) de
forma intenciona, formal e pré-determinada, uma ação prevista e pré-concebida que afeta
todos, é um ato consciente de “fazer cidade”.
A cidade como objeto de estudo das mais diversas áreas requer instrumentos de estudo
próprios que facilitam uma compreensão e análise própria das suas condições e características.
28/09
Urbanismo grego.
A Grécia, zona peninsular parte do Balcãs no sudueste europeu, tem uma geografia e clima
específico que acabou por determinar e influenciar a cultura grega como a conhecemos hoje
em dia. Do ponto de vista da geografia, é sobretudo composto por relevos acidentados, com
muitos relevos montanhosos e vales, mas com poucos espaços planos. Do ponto de vista do
clima, a grécia tem um clima mediterrâneo, geralmente os verões são quentes e secos, e
invernos rigorosos e chuvosos. Todas estas condições, embora sintéticas, combinadas com o
facto de na sua maioria terem terras inférteis, faz com que não seja um espaço muito propício
para a agricultura e pecuária. Como solução, desde cedo, os habitantes da grécia, viraram-se
para uma cultura predominantemente marítima, buscando recursos e matérias primas pelo
mar.
Na Antiguidade, sobretudo a partir do segundo milénio a.C., a Grécia era constituída por
territórios ao longo da Anatólia e Ásia Menor, como também ilhas no Mar Egeu (por exemplo,
Creta e as ilhas cíclades) e Mediterrâneo. A Grécia continental, é dividida em três partes, a
grécia da parte peninsular, mais a Norte, a península da Ática, e mais a sul, passando o estreito
de Corinto, a península do Peloponeso, e uma grande ilha próxima ao continente, Eubeia.
Por volta do séc. XII a.C., a civilização micénica começa a entrar em declínio, ainda hoje sem
explicações e motivos claros. Apesar desta nebulosidade do ponto de vista explicativo, são
conhecidas algumas hipóteses dadas pelo recolhimento de dados arqueológicos, evidenciando
possíveis sucessivos desastres naturais, como terramotos, e invasões por povos ditos como
“bárbaros” vindos do Norte, como os Dórios. No entanto, alguns grupos resistiram e migraram
para a Ásia Menor, assegurando a sobrevivência da cultura micénica. No entanto, no
Peloponeso e pelo resto da Grécia continental, entrou-se num período de declínio,
denominado de Idade das Trevas.
Pouco se sabe sobre a Idade das Trevas. É um período altamente escasso de informações e de
vestígios arqueológicos.
1
O nome minóico deriva de uma referência ao mítico rei Minos, concedido pelo arqueólogo inglês do
séc. XX, Arthur Evans.
Extensão territorial: cidade/campo. Acrópole/Astu.
Uma perspetiva necessária para abordar a cidade grega, é a sua extensão. A extensão de uma
cidade grega, a sua integridade, a sua totalidade, até que ponto a cidade se expande. Esses
limites são altamente bem delineados. A cidade grega é unitária, é caracterizada por funcionar
como um todo, mas existe uma natural simbiose dualista entre o que esta é. Naturalmente
nasce de um ponto mais alto, de um ponto necessário e pragmático de defesa e proteção, a
acrópole, para proteger tanto os cidadãos como os outros elementos da sociedade, e à medida
que vai crescendo, vai-se expandindo para o campo, desenvolvendo a cidade baixa, a astu, que
com o tempo vai ganhar uma cintura muralhada.
Pensar acerca da polis, envolver refletir sobre o carácter sistémico e organizacional para a
sociedade helénica. A polis, a cidade-estado, era a comunidade de famílias relacionadas por
ancestrais comuns que se organizavam num ponto comum. Era constituída por uma sociedade
hierarquizada. Diferenciando-se através dos diferentes níveis de direitos individuais de cada
indivíduo, no topo estavam os cidadãos. Eram os elementos mais importantes e prestigiados
socialmente, com mais direitos, mas também mais deveres sociopolíticos. Subdividiam-se em
três grupos geralmente, aristoi (ἄριστοι), aristocratas; perioikoi, camponeses; e
mercadores/comerciantes. Com menos prestígio e direitos havia os metecos (metoikos,
μέτοικος), estrangeiros de outros polis. Sem direitos, estavam as crianças, mulheres e escravos
(douloi).
Nas cidades da Hélade, os cidadãos eram a minoria2 da população absoluta das polis gregas, e
a estes convinha o dever de participar ativamente na vida sociopolítica da sociedade grega,
através da política. O resto da sociedade não podia participar na vida ativa política. Apesar da
variedade de sistemas políticos (como a tirania, oligarquia, etc), a democracia3 foi o sistema
mais original, criado pelos gregos no séc. VI-V a.C. em Atenas. A democracia grega era direta e
plesbicitária, e não representativa como nos dias atuais.
PLATÃO, LEIS: NÃO HÁ MAIOR BEM NUM ESTADO QUE O DE SERMOS CONHECIDOS UNS DOS
OUTROS.
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Como prova desta questão, em Atenas em 430 a.C., dos 300 000 habitantes, cerca de 10% eram
cidadãos, havendo 120 000 familiares (mulheres e crianças), 50 000 metecos e 100 000 escravos.
3
Do grego demos (δῆμος), povo ou assembleia, e kratia (κρατία), poder ou regra.
A polis, a cidade-estado grega como uma comunidade restrita era altamente condicionada e
preservada. Os gregos eram bastante conscientes da importância da manutenção do tamanho
da cidade bem como da população, para a preservação do sistema democrático direto.
Teóricos e políticos bem como governantes sempre tiveram essa preocupação presente, com
promulgações de leis4 por exemplo.
Platão, na sua obra Leis dá-nos a conhecer um parâmetro definindo o número ideal de 5 040
cidadãos para o bem-estar da pólis. O mesmo autor fala-nos da importância do conhecimento
dos membros da politeia pelo comum cidadão, tendo assim em conta uma melhor escolha não
para o governo da polis, para a comunidade.
Aristóteles fala num tamanho ideal nas suas obras Ética a Nicómano e Política, citando que
10 000 habitantes era considerado o número ideal de cidadãos, a denominada pólis myriandos
de Hipodamo, que não seria possível formar uma pólis com 10 cidadãos nem com 100 000
cidadãos. Tais números tanto em pequeneza quanto em grandeza, ameaçam a autarcia própria
da sociedade helénica, com pouca capacidade para formar uma própria pólis, ou por outro
lado, ameaçando a subsistência e abastecimento de necessidades básicas.
A DEMOCRACIA PURA EXIGE O ENCONTRO FACE A FACE PARTICIPAÇÃO NOS ACTOS PÚBLICOS,
INSTITUIÇÕES E CERIMÓNIAS RELIGIOSAS.
PAUSANIAS: PÓLIS IDENTIFICADA COM ÁGORA, GINÁSIO, TEATRO: equipamento onde se forma
o espírito e o carácter dos cidadãos.
Pausanias foi um autor grego, nascido durante o séc. II d.C. na Ásia menor, viajou durante parte
da sua vida pela Grécia, e escrevendo o livro Descrição da Grécia. Obra de extrema importância
para o conhecimento da história e arqueologia da Antiguidade Clássica.
Muitas vezes o ideal foi ultrapassado, o sistema entrava em rutura por variadas razões. Uma
das principais razões era o ultrapassar do número ideal de cidadãos, desregulando o
funcionamento dos regimes políticos e afetando outros setores da sociedade. A partir desse
ponto era usada uma solução a partir do sistema original, a criação de colónias (neopolis). A
partir da polis original (paleopolis), eram enviados um grupo de colonizadores para ter uma
acão de ex nihilo, criando uma colónia num outro ponto. Eram movimentos civilizadores,
expedições liderados por oikistés (οἰκιστής, pl. οἰκισται), em direção a uma apoikia (ἀποικία),
uma colónia, que normalmente tinham como condições a proximidade ao mar e/ou rio, com
um sítio facilmente defensável, uma paisagem relativamente com valor estético5. O programa
4
Sólon formula uma lei,dificultando a promoção para o estatuto de cidadão, condicionando o estatuto a
cidadão ateniense quem fosse filho de pai e mãe ateniense.
5
O enquadramento de uma paisagem com valor estético, era uma característica relevante para a cultura
grega na generalidade. Havia uma valorização pelo estético, pelo belo (kálos, καλός, o bonito). Era
importante para a religião, para o enquadramento nos rituais religiosos.
de colonização transmitia os valores da sociedade grega, culturais (língua6, escrita, religião),
políticos (instituições e formas de administração), mas não sendo subsidiárias, acabando por
ser tratadas como autónomas e independentes. Como resultado foi criada uma rede de
colónias, um império informal.
Sabe-se que já se praticava desde o séc. VIII a.C. De origem top-down, o plano urbano de
fundação grego era ortogonal e regrado e caracterizado por ter zooning funcional, subdividido
entre espaços públicos, espaços religiosos e espaços residenciais.
O exemplo de Megara Hyblaea (2ªmetade do séc. VIII a.C.), na Magna Grécia (atual Sicília),
provavelmente fundada por colonizadores vindos de Megara (na zona da Ática, Grécia). Junto à
costa numa enseada protegida por encostas escarpadas, e junto a um rio, concedendo espaço
para um possível porto natural. Com o tecido urbano ortogonal, com duas vias mais extensas e
largas perpendiculares. O tecido residencial, formado por parcelamentos regularizados,
proporcionais. Os edifícios religiosos estão no ápice da enseada, separados do resto da cidade.
Com espaço muralhado que protege a vinda de inimigos por terra, e que deixa espaço para o
crescimento da cidade.
O exemplo de Poseidonia (finais do séc. VI a.C.), no sul de Itália, fundada por colonizadores de
Síbaris. Próximo da costa, a menos de 1km. Duas extensas e largas avenidas horizontalmente
(sentido N-S), e uma terceira menor horizontalmente, cruzadas por duas avenidas
verticalmente (sentido E-O) que subdivide por zonas a cidade. A zona pública está na zona
central, a zona religiosa com o templo de Neptuno e Ceres ao lado a oeste.
O exemplo de Metapontum (séc. VI a.C.), no sul de Itália, fundada por colonizadores de Síbaris
e Crotone. Entre dois rios, protegida e muralhada, com dois eixos principais que subidividem
funcionalmente a cidade, colocando ao centro as funções religiosas e civis, sendo ladeadas
pelas funções residenciais.
O exemplo de Selinous (séc. VI a.C.), na Magna Grécia (atual Sicília), fundada por colonizadores
de Megara. Junto ao mar Mediterrâneo, com uma encosta rochosa que protege dos ataques e
formula um ponto elevado, para construir a acrópole. A acrópole é dividida numa área civil e
religiosa. Circundada por uma cidade. Três eixos dividem a cidade, um vertical a partir da porta,
outros horizontais, que subdividem e definem as áreas residenciais.
O exemplo de Arkagas (c. 580 a.C.), na Magna Grécia (atual Sicília), fundada por colonizadores
de Gela7. É um exemplo máximo do modelo grego. Manipulação dos recursos hídricos para
intuitos utilitários e estéticos, fazendo a cidade estar rodeada de rios e aproveitando para
efeitos estéticos e de beleza. A cidade está sobre um planalto, utilizando as vantagens
topográficas locais. Divisão entre zona religiosa numa posição mais elevada e esteticamente
apelativa (visão dos templos por níveis) visivel da zona pública mais abaixo, e zona residencial
no centro do planalto.
A importância de Mileto.
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Estes movimentos de colonização foram essenciais na expansão e transmissão da língua grega ao longo
da bacia do Mar Mediterrânea e Negro.
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Gela por sua vez foi fundada por colonizadores de Rodes e Creta.
Na região da Jónia (Anatólia), atualmente parte da Turquia, fica a antiga grande e importante
cidade da Grécia Antiga de Mileto. É uma importante cidade para a história do urbanismo da
Grécia Antiga, visto que marca uma cisão e uma rutura na forma como conhecemos os
processos de re-urbanização das cidades gregas.
Este processo insere-se num contexto muito amplo de instabilidade política, social, económica,
mas sobretudo militar. Na Anatólia, as tensões entre os diferentes pólos civilizacionais iam
aumentando, resultando nas guerras meso-persas. Consequentemente, de 494 a.C. a 479 a.C.
foram destruídas várias cidades gregas ao longo da Jónica, incluindo a cidade de Mileto.
Em 479 a.C., após a expulsão dos persas pelos gregos, iniciou-se um esforço de reconstrução de
Mileto. Associado a este feito está a mítica figura de Hipódamo de Mileto. Denominado por pai
do planeamento urbano, era uma figura multifacetada sendo matemático, geómetra,
agrimensor, teórico e meteorologista, responsável pelo desenvolvimento do plano hipodâmico.
Ao longo dos tempos tem sido considerada uma personalidade controversa, mitografado por
alguns autores, como Aristóteles na sua obra Política como “o homem que inventou a arte de
planejar cidades”q1, mas hoje em dia desacreditado e desmitificado. Pensa-se ter planeado
Thourioi, o porto de Pireu (construído meados do séc. V a.C.) e Rodes (construído em 408). A
verdade no entanto, é que o espectro temporal de construção destas cidades é de 80 anos,
sendo altamente improvável que o tenha feito na totalidade.
A cidade grega era constituída por três tipos de equipamentos urbanos: domésticos, civis e
religiosos.
Os equipamentos urbanos domésticos na Grécia Antiga é a típica casa grega, a casa pátio.
A ágora
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Zonas distintamente marcadas por marcos de pedra, denominados de horoi.
O buleutério, era um edifício público concebido especificamente para albergar a bulé, as
reuniões do conselho da pólis. Definido por um ediífico de tamanho variável (variava consoante
o tamanho da cidade), mas suficiente para conseguir albergar a grande maioria dos cidadãos
da pólis, e portanto não standardizado. O modelo mais comum, tem dois espaços
quadrangulares numa base retangular, num primeiro, com um pórtico de entrada para um
pátio com um altar, e um segundo espaço coberto com fileiras de bancos em formas de U, com
um pódio e altar para o orador.
Os templos
Mausolo de Halicarnasso.
A Alta Idade Média e um Ocidente ruralizado. Das invasões germânicas às invasões do século X
(Húngaros, Normandos e Muçulmanos).
O Ano mil: uma paz relativa; alterações climatéricas; inovações técnicas; introdução de novas
plantas. Uma Europa rejuvenescida que, de atacada passa ao ataque. As cruzadas, a
Reconquista, os novos territórios. O papel da igreja (cruzadas, ordens monástico-militares, paz
de Deus, etc) e do rei. A centralização do poder e a cidade como instrumento.
Cidade e fortificação.
Ao longo do séc. XIII esta conjuntura começa a mudar. Por volta dos meados do séc. XIII chega à
Europa receitas de como fazer pólvora. Ao longo desse mesmo século os usos da pólvora vão
sendo testados, aprimorados e conhecidos, sendo criados os primeiros engenhos
pirobalísticos. Desde inícios do séc. XIV são conhecidos usos em ambiente bélico, como na
batalha de Stanhope Park (1326) e na Guerra dos Cem Anos (1337-1453).
“(…) e El-Rey partio de Samtarem e foromsse caminho Devora (…), e alli mandou fazer
emgenhos, e carros e bombardas e outros percebimentos de guerra.” Fernão Lopes, Crónica do
Senhor Rei Dom Fernando, Capítulo CXXXIV.
A partir de meados do séc. XIV e pelo prolongar do século XV e inícios do séc. XVI no Ocidente,
por conta dos efeitos causados pelos engenhos pirobalísticos, vai despoletar uma alteração nas
estruturas militares que estavam agora em risco e não estavam adaptadas para esta realidade.
Surge um interesse em renovar as estruturas e um momento de experimentação e
investimento dedicado a encontrar novos modelos de defesa. São possíveis identificar duas
fases de adaptação.
Numa primeira fase, adaptações breves, pontuais e económicas, sobretudo utilitárias, mas que
não alteraram a estrutura dos edifícios militares de índole medieval. Alterações como a
introdução de troneiras (aberturas para inserção de trons), sejam cruzadas ou recruzetadas.
Primeiramente na Europa central ainda na segunda metade do séc. XIV, como em 1365 na
fortificação do mosteiro inglês de Quarr (Wight), em França no Mont Saint-Michel em finais do
séc. XIV, em Espanha em meados do séc. XV, no castelo de Zafra (1441) e castelo de Nogales
(1458) segundo os relatos de D. Luís de Mora Figueroa. Terá acontecido em Portugal ainda no
reinado de D. Afonso V, e estendido-se pelo reinado de D. João II e parte do reinado de D.
Manuel I, por exemplo nas adaptações do castelo de Porto de Mós (1449-1450).
Em Portugal, antes das intervenções nos castelos, regista-se a importante decisão de D. Manuel
I ter mandado Duarte de Armas percorrer o Norte de África e obter desenhos das fortalezas do
Norte de África (Azamor, Mamora, Sale e Larache) entre 1507-1508, e mandar percorrer o
reino e realizar o livro de Duarte de Armas (c.1509-1510), registando os castelos da raia seca.
Uma decisão bem ponderada, ajudando a estabelecer um balanço geral das estruturas
militares de defesa do reino, sabendo o quão bem o reino estava munido. A primeira
intervenção do ponto de vista cronológico foi a construção da Torre de Belém.
Um olhar para a denominada Idade Moderna tendo em conta estes princípios é difícil
estabelecer a arte característica da Idade Moderna como “moderna”. Uma denominação mais
correta é então pensar como um primeiro modernismo, uma primeira fase de modernidade
definitivamente estabelecida.
Nos inícios da primeira modernidade, há uma rutura nas conceções de urbanismo, na ideia de
A atual Praça da República de Elvas (1511), antiga Praça Nova, mandada reestruturar por D.
Manuel I, amplia o espaço e liberta o espaço, criando um espaço liberto e amplo, novo com
Casa da Câmara, uma Sé em estilo manuelino (1517). Um fachadismo, uma imagem que
representa o rei e o seu poder, mais uma vez representados no espaço.
A cidade e o urbanismo na 1ª Modernidade: fortificação e cidade ideal.
As utopias
Antonio di Pietro Averlino “Filarete”, escreve o seu Trattato di architecttura10 (1464), dividido
em 25 partes. O “edifício do Vício e da Virtude” descrito no livro XVIII, edifício de planta
centrada que é uma definição de arquitetura por si, e um ideal de ensino. Poderá representar
as sete salas que devem ser atravessadas para aprender as sete artes liberais, e sete pisos
significando as três virtudes cardinais e as três virtudes teológicas (a própria estátua no topo
do edifício significa a virtude), ou até os sete pecados. Deveria estar no centro da Sforzinda.
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Este tratado foi dedicado ao Duque de Sforza.
A capital, do latim caput, a cabeça, um lugar de centralidade, de importância e relevância
distinta começa a ser construído a partir da 1ª Modernidade, apesar do conceito
contemporâneo nascer só no séc. XVIII.
Surge associada à ideia de estado, à dissociação entre o rei como centro do poder e
transferência desse poder para um centro administrativo.
Dissocicação entre o espaço onde está o rei e o espaço onde está administrativamente o
estado.
Roma.
Francisco I em 1527 está de novo em Paris. Vai residir no Louvre, renovando a antiga praça
medieval com um novo palácio e formando novos bairros residenciais articulando-se no tecido
urbano. O palácio articula-se com o rio Sena, que também ganha novos encanamentos e um
novo cais.
Henrique IV
Henrique IV
Investe em Paris sobre a forma de praças reais, a place royale. Resignifica as formas da
Antiguidade, a ideia de espaço aberto monumental e a estatuária como evocação de poder,
tornando-as em formas de dignificar e glorificar o monarca.
Portugal, estatuária pública só surge nos finais do séc. XVIII com D. José I, ex. praça do
comércio.
Perspetiva monumental, praças grandes, cenários monumentais.
O exemplo da Place Royale de Vosges. É a praça mais antiga de Paris, junto da Bastilha de Paris,
começou a ser construída em 1605 no reinado de Henrique IV e inaugurada em 1612 em
celebração do casamento de Luís XIII e Ana de Áustria. Um espaço quadrangular fechado,
acessível por uma entrada, absolutamente simétrico, uniforme na linguagem arquitetónica
(classicismo francês, arquitetura tricolor). Um vazio de monumentalidade, uma espacialidade
que se destaca pelo cuidado. Em 1639 teve uma estátua equestre de Luís XIII, oferecida por
Richelieu. Nos finais do séc. XVIII começou a ter árvores e a ser transformado em jardim.
O exemplo da Praça do Delfim. Na parte norte da Île de la Cité em Paris, articulado com a Pont
Neuf, posiciona-se uma estátua equestre do rei a olhar para um espaço triangular segmentado,
a Place Dauphine. Mandada construir em 1607 por Henrique IV para o delfim (infante, e futuro
rei) Luís XIII (nasceu em 1601). É um exemplo de monumentalidade e de glorificação do rei
como absoluto, ao se impor na sociedade e na cidade de forma top-down, pensada e com uma
imagem uniformizada, uma ordem e linguagem própria (fachadismo11 e classismo francês,
arquitetura tricolor), a arquitetura de programa que se sobrepõe e destaca do resto do tecido
urbano, como espaço aberto e cuidado, ao contrário da cidade à época, de cariz medieval,
bottom-up e pouco cuidado.
Richelieu vai fundar a Vila Nova de Richelieu em 1633, projetada por Jacques le Mercier.
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O fachadismo como perspetiva arquitetónica em que se dá maior importância à fachada nas
estruturas.
Faz lembrar as bastilles francesas.
Praças
Desenho do território como todo. Paisagem, pays sage, visão do território. A ideia de um
território ordenado, de ordenação urbana e vegetal.
Nicolas Fouquet, ministro das finanças de Luís XIV, em 1657 manda construir a sua própria
residência fora de Paris, sendo terminada em 1661, havendo uma grande festa com os seus
súbditos. Um mês depois, Luís XIV, acusa este de usurpar os recursos financeiros, mas no
entanto, em final de contas, era um palácio maior e mais sumptuoso e faustoso que Versailles.
É considerado a principal inspiração para Versailles, é um ensaio para o que Luís XIV iria
mandar construir logo de seguida.
Originalmente um pavilhão de caça modesto quando foi construído em 1624, sendo o lugar
favorito de Luís XIII. Ainda dentro o mesmo reinado, em 1631-1636 fora ampliado criando
canteiros geométricos com o castelo como eixo central.
A mais significativa ampliação deu-se em 1661 por Luís XIV, sucessor de Luís XIII quando
assume o poder do reino, quase em resposta ao que tinha acontecido com Nicolas Fouquet,
usando a mesma equipa que trabalhou em Vaux-le-Vicomte em 1657-1661. O projeto de
transformação ficaria encarregado de Louis Le Vau como arquiteto, por Charles Le Brun como
decorador de interiores, de André Le Nôtre como arquiteto paisagista, tratando do
planejamento dos jardins com fontes ns, articulado com a hidráulica mecânica de Marly.
O modelamento da paisagem e do terreno, o jardim como elemento de disciplina do visual, e o
paisagismo como racionalidade aplicada ao espaço, gerando monumentalidade no plano
visível.
Criação do microcosmos.
O primeiro livro que aparece no termo capital, é uma crítica feroz a Versailles.
Paris.
Malha urbana medieval existente, se se inserir um elemento inovador, poderá acontecer uma
regeneração urbana a partir desse momento.
Arquitetura tipificada.
O exemplo da Plaza Mayor em Madrid. Espaço aberto já pré-existente, mas que no contexto de
tornar Madrid na capital espanhola, Felipe II vai em 1561 encarregar Juan de Herrera de
projetar a praça, sendo terminada em 1619 durante o reinado de Felipe III com Juan Gómez de
Mora. Com arqui
Arquitetura de programa.
A arquitetura e urbanismo são pensadas como um só. Pensar o espaço, é pensar em tudo.
Salamanca 1729-1756?
Turim.
Palácio tardo-medieval com uma fachada moderna. Barroquização, um cenário que se integra.
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A diferença entre praça e fórum é sobretudo em dinâmicas de espacialidade, a praça é um elemento
dinâmico, naturalizado com o tecido urbano, que tem uma transição suave, mas em contraste, o fórum é
um espaço pensado em ser mais fechado, com introdução de entradas próprias (como portas por
exemplo).
Em Portugal, a evolução urbanística de Lisboa na época moderna.
Deixa de ser o estreito exercício de obras pontuais (por exemplo, abertura de “ruas direitas” ou
“ruas novas”), mas trata-se agora de uma ação programática arquitetural, estruturada e
pensada dentro de uma lógica articulada a uma específica funcionalidade, estruturado acerca e
a partir das margens do Tejo, previsto em 1498-1499.
No Terreiro do Paço, além do Paço Real, estavam os principais tribunais da Corte. Tribunal da
Fazenda, Tribunal da Suplicação, Conselho de Estado, Desembargo do Paço, Mesa da
Consciência e Ordens. Além da Casa da Moeda.
A abertura da Rua do Cano Nova ou Rego, estendida e aberta como Rua Nova d’El Rei, grande
eixo urbano que atravessava a baixa lisboeta, ligando a Ribeira ao Roçio a par São Domingos
(Rossio). A denominação para este troço urbano tem claramente uma conotação ideológica, ao
associar o poder real e a imagem do rei às grandes transformações urbanas.
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CARITA, Helder – Lisboa Manuelina e a formação de modelos urbanísticos da época moderna (1495-
1521), p.54
lisboeta, como como centro de um Império. Numa nova conjuntura política e socioeconómica
era necessário novos equipamentos administrativos-comerciais portuários para suportar as
novas necessidades comerciais. Alfândega Nova, Armazéns Reais, Casa de Contos, Paço de
Madeira e Tercenas da Porta da Cruz são os novos edifícios, tendencialmente funcionalistas,
desprovidos de acentuações iconográficas. Igreja da Misericórdia No entanto, há
reestruturação de outros edifícios,.
Numa zona exterior à muralha fernandina, a Vila Nova de Andrade (também chamado de
arrabalde de Santa Catarina e mais tarde, Bairro Alto de São Roque). Em duas das propriedades
de um dos judeus mais ricos do período de D. Afonso V, Guedelha Palaçano, vai decorrer um
processo de urbanização iniciado em 1498 com a compra das propriedades à viúva e seguinte
urbanização e aforamento em 1513.
Lisboa.
Expansão do Bairro Alto. Loteamento privado. Intenção top-down. Lote de 30x60 com
arquitetura estabilizada. Programa porta, janela, balcão uniforme com escalas definidas e
proporções.
Durante D. João III há intervenções de pequena escala. Sobretudo uma continuidade nas
políticas de D. Manuel I. Por exemplo, na construção das Tercenas, Ferrarias e Fundições de
Cataquefarás, da Casa da Pólvora e das Portas da Cruz, junto da Praça da Ribeira.
Cartas à filha. Não acredita que tem um palácio ao pé do rio, mas que não o consegue ver.
Constroi o torreão.
Felipe II
D. João V
Vai reformar na mesma linha de Paris. Lisboa renovada.
Regularizar a Rua Nova del Rei (Rua do Ourives dOuro). Demolidas fachadas e a serem
construídas fachadas novas, um popular, toma atenção na ordem urbana, na desruptura de um
prédio com andares de altura diferentes.
Iluminismo à portuguesa.
30/11
Contexto de finais do séc. XVIII e séc. XIX, pelo prolongar dos inícios do séc. XX.
O exemplo de Paris.
Uma cidade que representa o sucesso da burguesia, a nova elite social que sai da Revolução
Francesa.
Les Grands Magazin, Galeries La Fayette
Grandes espaços privados de utilização pública, uma extensão do espaço público para o
interior de um edifício.
Os equipamentos públicos.
O exemplo de Bruxelas.