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A Cidade Capital
Qual a causa (e efeito) do surgimento Cidades Capitais? O que motivou esse processo, que
se muda um sistema social, uma estrutura urbana, que seguia o mesmo modelo a vários
anos? Segundo o historiador americano Lewis Mumford (1895-1990) – Livro: The city in
history, edição lançada em 1961, esses sintomas do surgimento de uma cidade
caracterizada como as capitais de uma nação ocorreriam séculos antes do período barroco,
por volta do século XIV. Até então, os reinos da Alta Idade Média se organizavam em
pequenos feudos, sob o comando de um senhor feudal, que, repetidas vezes, ia ao auxílio
das regiões de seu domínio. Dessa forma, assim como foi dito acima, não era
exclusivamente do rei essa necessidade de transição, mas, também, de toda a corte. Logo,
esse domínio era inexoravelmente móvel (MUMFORD, 1989, p. 353). Entretanto, com o
crescimento territorial e populacional que ocorreu no século XIV, esse modelo itinerante de
organização fica inviável. O que exige uma nova estrutura urbana, onde um núcleo de poder
domine e lidere toda a sua nação. Reinos, às vezes, muito distantes entre si, passariam a
fazer parte de um único Estado. Com isso, a administração pública necessita de um grande
aparato de funcionários, formando agora, uma corte bem maior do que antes, onde era
delegado aos membros da corte acorrer aos reinos vizinhos.
Desse modo, para Argan, a cidade capital é, em suma, barroca. Se na Idade Média e no
Renascimento, com a formação das primeiras capitais, as cidades que exerciam domínio,
absorveriam toda a cultura do território europeu, na Cidade Capital barroca, ela seria o
centro da cultura, da arte do poder de todo o continente.
E é óbvio que se tratando de barroco, essas capitais deveriam exprimir, de forma
deslumbrante e exuberante, o poder do soberano, que implicava em grandes
transformações, como por exemplo, Paris, que falaremos posteriormente. A imensa
concentração do poder político, decorrente da administração absolutista dos novos Estados,
contribui para que seja possível financiar esses projetos de cidade monumental.
As cidades de menor destaque, que não ascenderam ao ponto de se tornar uma “cidade
capital” ficariam à periferia do prestígio social e político. Algumas vezes passariam por
intervenções mais simplórias, nada muito complexo, além do que já tivesse sido testado nas
sedes. De modo que, os investimentos realizados nas capitais, seriam de cunho global,
expondo com extravagância o poder excessivo dos governos barrocos.
Classicismo
O Classicismo Barroco romano e o que se espalhará por outras regiões da península e por
outros países da Europa seria diferente comparado com aquele em formação do período
renascentista. Um dos mais importantes aspectos dessa diferença, não só com o
renascimento, mas também com a fé protestante, seria a confiança no agir humano como
meio para a salvação. Contudo, com o clássico retornando esse “equilíbrio existencial”, no
final do século XVI e início do XVII, isso não ocorreria apenas no que se tratava de fé, mas
também na política com a consolidação dos grandes Estados nacionais e a monarquia
absoluta. Desse modo, o Humanismo atingiu países como a França, produzindo uma
arquitetura e um espaço urbano de alto teor clássico, porém, com uma linguagem e a
monumentalidade típicas do Barroco. Então, tanto o Estado quanto a Igreja exerceram o
mesmo papel: reformuladores do projeto humanista oferecendo uma nova concepção, a da
estética barroca. Esta prática de organização da cidade em busca da ostentação e da
magnificência – herdeira direta da ideia de um Classicismo barroco – poderia ser
denominada como a Grand Manner.
Paris
Roma
Considerações finais
As cidades capitais são um marco do período barroco, onde não só exprimem uma
transformação de grande relevância no espaço e na concepção urbana, que inclusive, são
modelos que usamos direta ou indiretamente até hoje, mas que também é mais uma forma
de se ver como era o pensamento daquela época, afinal, gastamos tempo, energia e
recurso no que acreditamos ser.