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6.2.

Critérios de definição de cidade

Os diversos conceitos existentes de cidade colocam-nos grandes dificuldades em defini-la. Apesar das
várias tentativas, mais ou menos generalizantes por parte dos geógrafos, sociólogos e historiadores,
etc., nunca se chegou a uma definição universal e satisfatória, pois as cidades assumem as mais variadas
formas no espaço e no tempo, sendo problemática a identificação de algumas características gerais que
as aproximam. Existem, pois, vários critérios para a definição de uma cidade, e vamos indicá-los de
seguida.

6.2.1. Critério demográfico

Este critério tem em conta um determinado número de habitantes e a densidade populacional.

Número total de habitantes

Em geral, as cidades possuem um número bastante elevado de habitantes; porém, há casos em que as
localidades com designação oficial de cidade têm um número reduzido de habitantes comparativamente
a outras com a mesma designação. Deste modo, para que um dado aglomerado urbano seja
considerado Cidade, deverá possuir um número inicial de habitantes. Porém, tal número é de tal modo
diferente de pais para pais, que só deve ser aceite no pais onde é aplicado.

É por isso que mesmo em diferentes países do mesmo continente, como na Europa, na América do
Norte e na Ásia, encontram-se aglomerados com estatuto de cidade e cujo total de população varia
imensamente. Nesta conformidade, a Islândia e a Dinamarca, consideram cidade um aglomerado que
possua 200 e 250 habitantes, respectivamente; o Canadá, 1000, a França e os EUA 2500, na Áustria 500,
na Grécia 10 000 e 30 000 pira o Japão. Isto levou à necessidade de os países tentarem concertar
posições por forma a encontrar consensos sobre o número padrão aplicável aos países de urna certa
região.

Deste modo, a conferência de estatística que teve lugar em Praga (ex-Checoslováquia) em 1966, sugeriu
que fossem consideradas cidades todas aquelas aglomerações que tivessem mais de 10 000 habitantes e
menos de 25% da sua população a trabalhar no sector agrícola. Assim, para países como a Nigéria, China
e Índia, com aglomerados com 50 a 100 mil habitantes, o princípio da Conferência europeia não é
aplicável pois nestes países tais aglomerados não são cidades, mas sim, simples aglomerados rurais.

Por outro lado, a Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda que os países considerem urbanos
os locais em que se concentrem mais de 20 mil habitantes. Por sua vez, a ONU organizou as suas
próprias estatísticas com base em padrões diferentes, tal como já evidenciámos acima.

Densidade populacional

O critério densidade populacional valoriza a de pessoas por unidade de superfície.

A densidade populacional é a medida que expressa a relação entre a e a superfície do território,


geralmente aplicada a seres humanos, mas também a outros animais. É geralmente expressa em km2.

A densidade populacional nas cidades é muito elevada devido ao facto das casas citadinas serem
pequenas e estarem muito próximas umas das outras, formando prédios com muitos andares, que
chegam a atingir dezenas de andares. Este critéri0, apesar de ser muito usual, apresenta grandes
disparidades, pois há cidades que apresentam densidades altas com cerca de 50 000 habitantes por km
(Nova Iorque e Moscovo, por exemplo), e outras com 10 000, ou mesmo abaixo destes valores.

6.2.2. Critério morfológico

O critério morfológico é aquele que tem em conta o tipo de edifícios, a densidade do tráfego e vias de
comunicação. Por outras palavras, a cidade apresenta, regra geral, um aspecto muito diferente do dos
povoados e regiões rurais. Nas cidades predominam os prédios com vários andares, ruas largas,
avenidas, grandes lojas, muita gente em circulação, transportes colectivos e privados, entre outros.

6.2.3. Critério funcional

O critério funcional tem por base o tipo de actividades e funções existentes na cidade.
Regra geral, na cidade predominam as funções dos sectores secundários e terciários variados,
escasseando pessoas com trabalho no sector primário (agricultura e pecuária, etc.). Contudo, existem
localidades que possuindo todas as características de cidade, nomeadamente a morfologia, quantidade
e densidade de habitantes, tem a maioria da sua população empregada nas tarefas do campo.

Por isso o critério funcional tem em conta a influência exercida pela cidade sobre as áreas envolventes e
o tipo de actividades a que a sua população se dedica.

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HISTÓRIA DAS CIDADES - EVOLUÇÃO DAS CIDADES

HOMEHISTÓRIA DAS CIDADES EVOLUÇÃO DAS CIDADES

A CIDADE ANTIGA

As primeiras cidades surgiram em função da Revolução Agrícola, que ocorreu, por volta de 3.000 a.C., no
Crescente Fértil, região compreendida entre a Mesopotâmia (atual Iraque) e o Egito. Nesse período, as
sociedades da área, além de adquirirem condições de alimentar os agricultores, passaram a ter
capacidade de abastecer os habitantes das cidades. Estes, agora, podiam se dedicar a atividades
propriamente urbanas: comércio e artesanato. Outro fato importante foi que as elites dirigentes se
fixaram nas cidades que se tornaram sedes do poder. Implantava-se a divisão de trabalho e funções
entre as zonas rurais e as cidades.

As cidades surgiram também na Mesopotâmia (região entre os rios Eufrates e Tigre), destacando-se Ur e
Babilônia. Para nossos padrões, cidades pequenas; porém, para a época, verdadeiras metrópoles. Com o
passar do tempo, outras cidades surgiram, sempre próximas aos rios, já que estes fertilizavam a terra, o
que favoreciam o abastecimento das cidades: Pequim e Hang-Chou, na China; Mohenjo-Daro, situada na
planície indo-gangética (Índia) e Tebas e Mênfis no Egito. Também na América, nasceriam cidades,
principalmente entre os astecas, importante civilização que ocupava o que hoje é o território mexicano.

Na Europa, duas civilizações, a grega e a romana, tiveram nas cidades seus centros de poder, onde
estavam a burocracia de estado civil e militar. Na Grécia clássica, a mais sofisticada forma política foi a
polis (cidade). De fato, todo o esplendor cultural grego brilhou nas ruas de Atenas. Na Península Itálica,
surgiu e evoluiu a mais importante cidade da Antiguidade: Roma, de onde partiram as tropas que
edificariam o maior dos impérios, o Império Romano. Realmente, na época "todos os caminhos levavam
a Roma". No século XV, quando Roma caiu em função das invasões germânicas, as cidades sofreram um
grande abalo, pois a Europa se "ruralizou", ao longo do período feudal.
A CIDADE MEDIEVAL

A Idade Média foi fundamentalmente uma civilização rural. Por essa razão, as cidades perderam sua
importância, Limitavam-se a ser sedes de bispados e reinados, num período no qual os reis
praticamente não tinham poder político. Durante o período medieval, não surgiram novas cidades e as
antigas se esvaziaram. As cidades medievais foram, na prática, simplesmente fortificações para
proteger igrejas, uma pequena população e alguns castelos. Elas não tinham qualquer função urbana.
Além disso, eram sujas, fétidas e suas casas de madeira eram presas fáceis dos incêndios. Dizia-se que
qualquer viajante percebia estar próximo a uma cidade, pelo mau cheiro que ela exalava. Somente o
capitalismo mercantil faria ressurgir o fenômeno urbano.

cidade medieval

A CIDADE RENASCE

Quando do capitalismo mercantil, período da acumulação primitiva de capital, o comerciante se tornou


o grande "herói" da história europeia. E o comerciante morava na cidade. Progressivamente, os
senhores feudais foram permitindo que as cidades ficassem livres, por meio da concessão de "cartas de
franquia". As cidades agora livres receberam diversas denominações, conforme os países onde elas
estavam situadas: na Alemanha eram chamadas de burgos; na França, comunas; por sua vez, na Itália
eram denominadas de repúblicas e na Península Ibérica existiam os concelhos. A medida que o
comércio foi se desenvolvendo, as cidades foram se espalhando por toda a Europa. Importantíssimas
foram as cidades comerciais da Itália, principalmente Gênova e Veneza, onde surgiu uma
prósperaburguesia comercial e financeira. Na Alemanha, Hamburgo era o centro de uma rede comercial
que chegava até a Rússia, rede esta conhecida pelo nome de Hansa Teutônica ou Liga Hanseática. Na
extremidade ocidental da Europa, onde se formou a rota comercial de Champagne, proliferaram
cidadesde grande importância: Paris, Bruxelas, Antuérpia e Amsterdã, dentre outras.

O renascimento urbano, fruto do renascimento comercial, foram sinais de que estava nascendo um
novo regime de produção: o capitalismo. O desenvolvimento das cidades, que passaram a ser os
motores do progresso, acelerou o êxodo rural: todo mundo queria morar nas cidades para se libertar da
dominação feudal. Um provérbio alemão da época dizia: "o ar da cidade faz o homem livre". Pouco a
pouco, as cidades ficaram superpovoadas. Na Idade Média, os núcleos urbanos eram cercados por
muros; agora, eles começaram a se desenvolver fora dos muros, nascia a especulação imobiliária. O
renascimento urbano teve também um impacto cultural: durante a Idade Média, a Igreja Católica
manteve o pensamento e a filosofia no interior dos mosteiros rurais, agora, em razão do aparecimento
da burguesia, o clero foi obrigado a ir para as cidades: surgiu as universidades, já que os burgueses
tinham sede de conhecimentos.

A INDÚSTRIA FAZ DA CIDADE O CENTRO DO MUNDO OCIDENTAL

A Revolução Industrial do século XVIII, que concentrou a mão de obra das atividades fabris nas cidades,
foi o grande fator do desenvolvimento urbano. O capitalismo não criou as cidades, surgidas ainda na
Antiguidade, mas as tornou o centro das atividades econômicas e culturais. Em função do capitalismo,
as cidades passaram a ter inúmeras funções: portuárias, comerciais, industriais, militares e político-
administrativas. Em resumo, o capitalismo industrial precisou, pela necessidade de produzir com custos
mínimos e concentrar os operários em áreas reduzidas do espaço terrestre, criar as condições para que
as cidades se tornassem metrópoles e megalópoles. Leia o texto abaixo com atenção:

"O resultado desse processo - a moderna unidade de produção, a fábrica - é necessariamente um


fenômeno urbano. Ela (a fábrica) exige, em sua proximidade, a presença de um grande número de
trabalhadores. O seu grande volume de produção requer serviços de infraestrutura (transportes,
armazenamento de energia, etc.) que constituem o núcleo da moderna economia urbana. Quando a
fábrica não surge já na cidade, é a cidade que se forma em volta dela. Mas é em ambos os casos uma
cidade diferente. Em contraste com a antiga cidade comercial, que impunha ao campo seu domínio
político, para explorá-lo mediante monopólios, a cidade industrial se impões graças à sua superioridade
produtiva. A burguesia industrial toma o poder na cidade em nome do liberalismo e varre para fora do
cenário histórico a competição das formas arcaicas de exploração. O capital comercial perde seus
privilégios monopolísticos e acaba se subordinando ao capital industrial (SINGER, Paul in "Economia
política da urbanização")

A CIDADE, HOJE

O capitalismo contemporâneo ampliou o fenômeno urbano. Se antes, havia cidades, atualmente há


megalópoles, onde a conurbação criou uma sofisticada rede de fluxo de capitais, informações,
mercadorias e serviços.
Tóquio, Japão

Tóquio, Japão

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Sumário

- A Cidade Antiga

- A Cidade Medieval

- A Cidade Renasce

- A Indústria faz da Cidade o Centro do Mundo Ocidental

- A Cidade, Hoje

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Bibliografia

MANSO, Francisco Jorge; VICTOR, Ringo. Geografia 12ª Classe – Pré-universitário. 1ª Edição. Longman
Moçambique, Maputo, 2010.

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