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O FIM DA IDADE MÉDIA

©2018 Copyright ©Católica EAD. Ensino a distância (EAD) com a qualidade da


Universidade Católica de Brasília

Apresentação
Olá, seja muito bem-vindo(a)!

Nesta Unidade, abordaremos como as cidades se expandiram, o surgimento das guildas e


sua importância para dar origem às universidades.

Além disso, vamos discutir as várias crises que assolaram a Baixa Idade Média, como a
peste negra, a Guerra dos Cem Anos, entre outras. Outro importante fato, e determinante,
para o fim desse período foi a invasão e destruição do Império Bizantino, pelos Turcos.

Por fim, apresentaremos uma breve exposição sobre as transformações econômicas


ocorridas na Baixa Idade Média, que foram importantes para o aparecimento de um novo
sistema econômico - o Capitalismo.

Esta Unidade está organizada em quatro seções que abordam, na sequência, os seguintes
conteúdos:

● Expansão urbana e universidades.


● As crises da Baixa Idade Média.
● A invasão do Império Bizantino.
● As transformações econômicas do fim da Idade Média.

Bons estudos!

Objetivos

● Descrever as mudanças que levaram às novas dinâmicas econômicas no fim da


Idade Média.
● Caracterizar o processo de urbanização e surgimento das universidades no período
Medieval.
● Compreender o processo de crises pelo qual a Baixa Idade Média passou e suas
consequências.
● Expor a invasão dos Turcos no Império Bizantino e seu esfacelamento.

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Desafio
Leia o artigo - “O Renascimento do Direito Romano e a Gênese do Estudo Científico do
Direito no Ocidente Medieval”, de Letícia P. Pimenta, publicado pela revista AEDOS. Com
base na leitura, relate o que tornou possível o surgimento do Direito Medieval e cite qual
foi a sua importância para a herança jurídica do Ocidente. Escreva no máximo 20 linhas e
poste no AVA.

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Conteúdo

Expansão Urbana e Universidades

Descrever o fenômeno urbano no sistema feudal significa se debruçar não só sobre o


crescimento das cidades, mas também sobre como uma nova função econômica está no
meio de um movimento urbano Medieval.

Junto com as cidades e o processo urbano advêm as novas atividades essenciais para a
vida nas cidades, fazendo deste sistema um dos impactos que contribuiu para suplantar o
sistema socioeconômico baseado na agricultura.

Assim, essa é uma seção que tenderá a debater o renascimento das cidades, a expansão
urbana, suas características culturais e econômicas e, principalmente, a relação das
cidades com o Feudalismo.

Nos séculos XII e XIII, o sistema econômico é essencialmente agrícola. Segundo Le Goff
(1992), o setor de produção inscreve-se naquilo que os marxistas denominariam de modo
de produção feudal e outros, como Georges Duby, nomeariam como senhorial.
De todo modo, com o dinheiro obtido dos camponeses, e também da comercialização dos
produtos da terra, os senhores passam a adquirir os bens necessários, bens estes, cuja
necessidade somente aumenta com o custo do equipamento militar em períodos bélicos
e com os gastos necessários para manter uma vida de nobreza.

O mercado, portanto, é uma necessidade para comprar e para vender produtos que se
deseja. Em contrapartida, de acordo com Le Goff (1992) - “o senhor, e o mínimo de bens
de que precisa, e que ele não produz, compra e vende, também ele, no mercado” (LE GOFF,
1992, p. 55).

Neste contexto de exploração e de expansão urbana nos feudos, o mercado urbano se


transforma num fator de importância. Tanto pode ser a fonte de lucro dos senhores,
cobrando sobre venda e transporte de mercadorias em suas terras, como também taxas,
pedágios e outros direitos. Porém, há um fator de importância para compreender a
dinâmica dessas relações - embora possua diversos direitos sobre as mercadorias, o
senhor não deve permitir que o habitante da cidade perca sua integralidade de direitos e
de lucros, ou seja, o habitante deveria se sentir “livre”, inclusive, em sua capacidade de
exploração da terra e dos camponeses, havendo limites para a intrusão do habitante nos
assuntos da nobreza.

Ainda de acordo com Le Goff (1992), os burgueses, habitantes da cidade, têm três
preocupações: o direito de enriquecer; o direito de administrar e o direito de dispor de mão
de obra. Os burgueses, portanto, são citadinos, que assumem ao lado do senhor ou dos
senhores, um lugar de privilégio nesta sociedade.

Os habitantes da cidade devem se sentir “livres”, ao passo que os burgueses devem ser,
igualmente, livres para administrar seus negócios, reunir-se com outros burgueses e
controlar a vida econômica e administrativa da cidade. Também aos habitantes é
permitido que obtenha mão de obra sem nenhuma coação senhorial. Com este sistema
bem organizado, os burgueses não temem o modo de produção senhorial, uma vez que
compram matéria-prima a preço baixo e têm poucos custos no comércio e artesanato.
Segundo Le Goff (1992):

[…] Portanto, se houve, durante o período de formação da comunidade, choques mais ou


menos violentos entre os habitantes que lutavam por uma certa autonomia e os senhores
desejosos de renunciar apenas o mínimo possível aos seus direitos e lucros, se, uma vez
constituídas e reconhecidas a cidade e a burguesia no sentido jurídico, ainda existem
conflitos latentes e abertos, no mais das vezes senhores e habitantes das cidades chegaram a
acordos que satisfaziam a ambas as partes, fossem eles mais ou menos voluntariamente
concedidos pelos senhores ou arrancados pelos habitantes das cidades. As relações foram
ruins sobretudo entre senhores eclesiásticos — bispos e abades — e citadinos, porque esses
prelados, senhores principais ou exclusivos das cites mais importantes da Alta Idade Média,
tinham mais a perder em face das exigências dos habitantes e porque, persuadidos de que a
ordem econômica e social da qual eram herdeiros era de direito divino, consideravam as
pretensões dos citadinos como sacrilégios (LE GOFF, 1992, p. 57).
Estas circunstâncias nos faziam compreender que os senhores aceitavam as cidades e
estas estavam cada dia mais adaptadas ao modo de produção senhorial. Porém, é bem
verdade que a cidade Medieval podia minar por dentro o sistema Feudal para mudá-lo e
transformá-lo em Capitalista. Os fatores que nos fazem compreender isso se devem ao
fato de que a lógica econômica estava fundada mais no dinheiro do que em laços de terra,
por um sistema de valores que fazia frente ao ideal de hierarquização vertical
aristocrática, impondo outra concepção, isto é, de hierarquia horizontal, cujo fator de
importância se centralizava no tempo, no trabalho e no cálculo. Isto é, havia tudo para nos
levar a pensar nesse progresso como a assunção de um sistema capitalista, mas seria
preciso esperar, ainda, pela Revolução Industrial.

Economicamente, os mercadores praticavam o comércio de bens manufaturados e não


apenas de alimentos e de matérias-primas. Então, um mercador que dependia da
matéria-prima de determinado artesão, podia investir nesta tarefa uma parte considerável
de seu tempo de trabalho, e de seus investimentos, com o fim de tornar-se um empresário
artesão de tempo parcial ou integral.

Neste contexto, as grandes cidades, que possuem uma grande população, se destinavam
ao cultivo de grãos para a alimentação. A economia Medieval, por seu turno, dedicava-se
tanto a produção de tecido como objeto para ser utilizado na grande indústria, como
também no comércio. De tal maneira, dada a expansão econômica, o comércio destas
cidades europeias não se contentava em atingir somente as regiões circunvizinhas, como
os países bálticos, a Itália ou a Inglaterra. Ao final do século XII, atingiriam o Oriente.

É preciso lembrar, ademais, que o século XIII na Europa foi marcado pela expansão das
cidades e, também, no contexto urbano, das escolas e das universidades. Com o ensino
primário e secundário, a Europa já possuía uma base essencial para o ensino e, as
chamadas escolas superiores, marcam o que seria a criação de uma base espetacular e
também de uma tradição.

As escolas superiores são as ditas universidades. Ao final do século XII, tais escolas
receberam o nome de studium generale, ou seja, escola geral, sinalizando, através do
nome, uma espécie de status superior no nível de ensino. Sempre situadas em ambientes
de organização dos ofícios nas cidades, eram corporações como os outros ofícios. O
termo universidade somente foi cunhado em 1221, em Paris, para nomear uma
comunidade que reunia mestres e estudantes parisienses.

Segundo Le Goff (2007), havia dois modelos de corporações universitárias da Idade


Média. Segundo o modelo de Paris, mestres e estudantes eram uma só comunidade; já
em Bolonha, somente os estudantes constituíam, em termos jurídicos, a “universitas”.

Nos dias atuais, vigora o modelo parisiense. Ainda segundo os registros históricos, a
figura do mestre universitário era - na Europa do século XIII, em si, comparável ao
mercador, uma vez que o mercador vendia seu tempo (que não pertencia a outro senão a
Deus), também o mestre universitário vendia um bem que pertence a Deus, isto é - a
ciência, algo justificável também aos alunos, que podiam lhe pagar pelas lições. Ou seja,
ao lado do desenvolvimento mercantil, considerado pré-capitalista, desenvolvia-se
também a Europa do trabalho intelectual, ladeada pela Europa do trabalho comercial.

Também a organização das universidades remete ao seu vínculo, à época, com a igreja.
De que maneira? Ora, segundo Le Goff (2007):

universitários eram regidos por reitores eleitos pelos mestres e supervisionados pelo
chanceler, em geral nomeado pelo bispo do lugar, e cuja importância se apagou, adquirindo
os universitários, pouco a pouco, uma autonomia quase completa (LE GOFF, 2007, p. 174).
Vê-se que autonomia constituía um termo importante para as universidades nessa época
e eles não deixavam de escapar, portanto, à ingerência e da dominação das cidades ou
das monarquias. Por serem instituições da igreja, as universidades não se livraram da
influência das intervenções pontifícias, ainda que estas fossem leves. Registra-se,
entretanto, alguma censura por parte dos bispos, constituindo-se como um fato notável, a
condenação pelo bispo de Paris - Estevão Tempier, de aspectos extraídos do ensino de
certos mestres parisienses, inclusive, Tomás de Aquino, no ano de 1270 e, posteriormente,
em 1277.

Aristóteles, segundo Le Goff (2007), foi muito estudado no século XIII nessas
universidades, principalmente nas parisienses. Somente nesse século se descobriu, nas
traduções latinas recém-concluídas, sua metafísica, ética e política. Graças a isso,
pode-se falar de um aristotelismo latino medieval que, por volta de 1260, tornou-se uma
moda no ensino universitário.

Outro mestre - Tomás de Aquino, fora um de seus introdutores nas universidades. Foi
Estêvão Tempier, o bispo referido acima, que condenou o aristotelismo, por volta de 1270,
ao defender uma perspectiva do pensamento filosófico mais mística e menos racionalista.

As universidades, por seu turno, constituíam-se em disciplinas dentro das faculdades, de


modo que uma faculdade podia se sobrepor em ordem de importância a outras, mesmo
que houvesse quatro delas completando o que se conhece como universidade.

Em Bolonha, por exemplo, a primeira foi uma universidade de Direito, em Paris - uma
universidade de teologia. Com tal diversidade, era difícil não pensar em uma hierarquia
sutil pelo lugar no currriculum e pela dignidade entre, segundo Le Goff (2007), “uma
faculdade de base propedêutica, a faculdade das artes em que se ensinavam as artes do
trivium (gramática, retórica e, sobretudo, dialética), e as artes do quadrivium (aritmética,
geometria, astronomia e música” (LE GOFF, 2007, p. 176).

Do ponto de vista social, havia uma diversidade de estudantes jovens e poucos ricos, uma
vez que poucos deles seguiam para uma faculdade superior. Nesta época, acima das
faculdades das artes, havia as de maior proeminência, enquanto estudos superiores: a
faculdade de Direito, a faculdade de Medicina e, acima de todas, impunha-se - a de
Teologia.
Em termos históricos, a primeira universidade que se registra é a de Bolonha, mesmo
tendo recebido seu status do papa em 1252, porém, desde 1154, o Imperador - Frederico
Barba Ruiva, já havia concedido tal mérito a mestres e estudantes. Da mesma maneira,
mestres e estudantes receberam mérito semelhante em 1174 pelas mãos do Papa
Celestino III e do rei da França - Filipe Augusto, em 1200, dentre outras.

O vínculo das universidades com a Igreja era tal que o salário dos professores provinha do
terço dos dízimos da Diocese, por exemplo - de Salamanca, cuja universidade foi fundada
como estabelecimento real em 1218-1219.

Mas, o ensino de Teologia não parece ter vingado, tendo a universidade, na segunda
metade do século XIII, que se desenvolveu, particularmente, no domínio do direito. Entre
alguns recursos das universidades novas, legadas do século XIII à Europa, está o recurso
à greve, registrando-se que uma das mais famosas foi a de mestres e estudantes
parisienses. Esta greve durou de 1229 até 1231, devido à hostilidade do bispo e da rainha
Branca de Castela e outro legado seriam as férias no verão, inseridas no calendário dos
cursos - adentrando o calendário da Europa como uma tradição quase litúrgica.

Em plena cristandade, do século XIII, as universidades tornavam mestres e estudantes


itinerantes, possivelmente acostumados ao internacionalismo da Igreja. Portanto, era
comum mudar-se de um país para o outro, em busca do saber no estrangeiro, graças à
reputação de uma universidade ou de um mestre. Talvez isto tenha garantido o sucesso
das universidades na Idade Média.

É importante deixar claro que essa foi uma das novas bases da futura Europa, como deixa
registrado Le Goff (2007). Obtinha-se uma série de diplomas se o estudante tinha
recursos e capacidades, um dos mais prestigiados - o mestrado em Teologia, obtido ao
fim de anos de estudos.

Os estágios dos estudos compunham-se de: bacharelato, o diploma essencial


(equivalente à licenciatura) e o terceiro e último - o doutorado, fazendo de seus
beneficiários mestres. Alguns títulos eram somente conferidos pelo papa às
universidades, por exemplo, o direito de dispor do título de licenciado para seus
formandos. O mestrado universitário podia ser de acesso dos nobres e dos não nobres,
por exemplo, um dos mestres universitários mais ilustres é Roberto de Sorbon - célebre
desde sua época, e fundador do mais célebre dos colégios parisienses - a Sorbonne.

As universidades e os colégios constituíram, a partir do século XIII, um papel relevante na


Europa, na qual se presenciava a expansão urbana e o êxito das universidades, seja no
panorama intelectivo, seja no científico, da época.

As Crises da Baixa Idade Média


Nesta seção, discutiremos o colapso da ordem medieval. Afinal, entre os séculos XIV e XV
ocorreram fatos que marcaram este período e são exemplos: as crises alimentares, a
crise do Papado, a Guerra dos Cem Anos, a peste negra, dentre outros.

Alguns historiadores se referem a este período como “Outono da Idade Média”/ “Crise do
sistema feudal” e tais expressões parecem apropriadas se pensarmos que em 1347 a
peste negra foi responsável pela morte de, pelo menos, um terço da população da Europa
Ocidental, de outro lado a Guerra dos Cem Anos, entre 1337 e 1453, que também marcou o
suposto Outono ou Crise do Sistema Feudal.

Todavia, é importante destacar que os séculos XIV e XV também foram séculos de


recuperação e renovações, uma vez que a Europa Ocidental soube como reagir às crises
com inovações no âmbito do comércio, metalurgia, atividades têxteis, gestão de bens, etc.
Saindo do campo da recuperação econômica, essa renovação também se deu em outras
searas: o processo de maior racionalização do indivíduo em relação às suas próprias
necessidades e bens, o desenvolvimento das monarquias, o sistema fiscal, dentre outros,
constituindo-se como uma resposta da Europa à crise demográfica, advinda dos
resultados infaustos da peste negra.

Diante de tanta atribulação, vamos nos adentrar ainda nos principais fatores que
marcaram esta época e, iniciemos esta caminhada, por discutir o que seria a conjuntura
de 1300. Segundo Marcelo Cândido da Silva (2019), nem sempre se entendeu de maneira
aprofundada o período em que se responsabilizou a peste negra pela estagnação da
economia senhorial, tendo sido pelas mãos de historiadores como Georges Duby e
Michael Postan, que este período passaria a ser revisto - por volta de 1950.

Até aqui, a peste negra, de 1347, teria atingido populações combalidas pela crise
alimentar e a estagnação em termos econômicos. Muitas teorias advieram a essa
conclusão. Uma delas, com o fim de explicar a escassez de alimentos para uma
população em franco crescimento, se vale de analisar a estagnação dos meios técnicos
para suprir esta demanda cada dia mais crescente, outra perspectiva se centraliza na
situação do campesinato, dependente da aristocracia senhorial. Logicamente, a primeira
explicação tem origem nas teorias de Thomas Malthus (1766-1834), que previra a
inevitabilidade da crise alimentar, uma vez que a população cresceria em proporção
geométrica e os alimentos em uma proporção aritmética.

Vejamos que tal tese é assumida por Michael Postan, dentre os dois historiadores citados,
enfatizando a indisponibilidade dos meios técnicos para atender à subsistência da
população. A segunda, por sua vez, tem por inspiração as teorias de Karl Marx, sobre
como o campesinato dependente ficou refém da dominação da aristocracia senhorial,
tomando, por exemplo, o que ocorreu na Inglaterra e na França, com a responsabilidade da
crise, recaindo sobre o bloqueio econômico o resultado de ausência de meios técnicos
para a produção, ausência de terras e taxas, cobradas aos camponeses, no primeiro caso,
e o empobrecimento da aristocracia senhorial, no segundo caso.
As teses de Malthus, para analisar o período, caem por terra quando se percebe que,
mesmo com a diminuição da população, a carestia e a epidemia continuavam levando a
população à miséria.

Já na perspectiva do empobrecimento da aristocracia senhorial francesa, a produtividade


das terras, mesmo com sua ampla diversidade, não era a mesma das terras que já foram
utilizadas para a atividade agrícola. A produtividade, como não podia ser diferente, iria
reduzindo com o tempo, e isso impactou na vida dos camponeses, com a piora dos meios
de vida e a crise alimentar, o que por si só, potencializaram o impacto que a peste, e
demais endemias, tiveram sobre a população.

Por obra de tudo que esteve acontecendo, podemos imaginar que essa crise seria uma
crise sistêmica do Feudalismo. Porém, segundo historiadores ingleses, a Europa Ocidental
conseguiu se recuperar desse clima de desgraça, graças ao protagonismo dos
camponeses, como agentes do desenvolvimento econômico. Segundo Silva (2019), a
revisão deste período, de 1300, pôde ser feita a partir do processo de observação das
dinâmicas da economia camponesa, principalmente, na comercialização de produtos
têxteis, artesanais e agrícolas.

Atuando como artífices do desenvolvimento econômico, durante os séculos XIII e XIV, o


novo enfoque permite rever os pressupostos anteriormente colocados, tanto dos
neomalthusianos, como da perspectiva marxista para os anos de 1300. Tais evidências
investigaram atos de compra e venda, além do que se chamaria “arqueologia do habitat”
(SILVA, 2019, p. 119).

Assim, supõe-se que a análise desses registros nos permite entender que a carestia teve
efeitos distintos em diferentes regiões: atingiu de forma mais intensa o Norte da Europa
do que o Sul da Europa. Ao contrário do Norte, no Sul da Europa as condições físicas e
climáticas foram globalmente favoráveis para as atividades agrícolas, e se havia algo que
limitava o acesso aos alimentos, este fator era, por exemplo, o preço dos cerais, o que nos
permitiu concluir que a fome se deveu bem mais aos aspectos “pré-capitalistas” da
comercialização do que à carestia. Assim, como demonstra o autor:

A Grande Fome, ao contrário do que se pensava, não foi o resultado das contradições ou dos
limites da economia senhorial, mas fruto de fenômenos climáticos drásticos (intempéries e
inundações), porém circunscritos. A maioria dos observadores contemporâneos notou a
devastação material causada pelas chuvas e pelas inundações que se seguiram, a destruição
de plantações e pastos, o apodrecimento de grãos, o rompimento de diques, etc. (SILVA,
2019, p.119).
As situações de fome foram diferentes, conforme a circunstância de cada lugar, porém,
outros efeitos advieram como causas para a impressão de miséria da população e de
escassez de recursos. Estes fatores, como dissemos, giram em torno da comercialização
e seus efeitos sobre as crises alimentares. Tais crises alimentares não seriam, portanto,
resultantes da superpopulação (na lógica neomalthusiana) ou de esgotamento dos solos,
mas, possivelmente, uma consequência do processo de restabelecimento mercantil.
A fome, desta maneira, resultou de fatores comerciais, baseados na proeminência de uma
economia continental do mercado de cereais, não necessariamente, do sintoma de uma
economia em crise.

Ora, algumas inovações técnicas marcam a assunção deste período. Por exemplo,
pode-se constatar, nos registros trazidos por Silva (2019), o desenvolvimento do aço
como resultado de novos tipos de fornos, além da relação imbricada entre inovações
técnicas e a transformação do mundo rural. Desenvolveu-se tanto a produção de metal
como a rede siderúrgica, da extração do mineral ao produto acabado. Tais inovações
refletem a mudança histórica instilada pelos fatores já abordados nesta seção.

Um dos indícios constatados dessa “economia camponesa” seria, igualmente, a “escrita


pragmática”, caracterizada pelo registro de atos de compra e venda, registros de
contabilidade, documentos jurídicos, dentre outros. A partir desse registro, por exemplo,
foi possível verificar que camponeses na Inglaterra geriram a produção de mais de 8
milhões desses registros inscritos. Além de tudo, a escrita pragmática é um indício do
processo de letramento no âmbito rural e urbano.

A peste negra foi o resultado de uma infecção, cuja causa é o bacilo Yersinia pestis,
apresentando-se em três formas: a septicêmica, a bubônica e a pulmonar. A última forma
é a mais contagiosa, com taxa de mortalidade de até 100%. Cada um destes tipos é
transmitido por formas diferentes: a septicêmica - de um agravamento das outras duas, a
bubônica - através de picada de pulgas e a pulmonar - através da saliva e de gotículas
projetadas no ar por infectados.

Registros indicam que, entre 1348 e 1670, houve surtos da doença todos os anos, em
diversas regiões da Europa, agindo de forma diferente, cada região onde surgia. Com
esses dados, presume-se que a peste e suas complicações ao longo dos séculos XIV e XV
constituíram uma catástrofe demográfica na história europeia.

Somemos a isso o fato de que outros problemas acompanhavam o ritmo da peste, a


exemplo de epidemias de sarampo, difteria, rubéola, além da fome e da escassez, o que
nos leva a constatar, ainda, que as cidades enfrentavam, igualmente, diferentes condições
de saneamento (sobretudo em relação ao campo) e de acesso a recursos, o que pode ter
contribuído com o agravamento das consequências da peste.

Frente a esses dois fatos também surgiu, no período demarcado, entre os séculos XIV e
XV, a emergência de um Estado moderno com a proeminência das monarquias,
principalmente na França, Inglaterra e península ibérica.

Pode-se pensar que, nesta época, a máquina administrativa do Estado abarcava uma boa
quantidade de funcionários, burocratas, soldados, oficiais, dentre outros, aumentando o
custo do sustento do próprio Estado.

A obtenção dos recursos para a gerência da folha salarial e organizacional advinha do


confisco de bens, impostos e guerras, tendo estas contribuído, seja em vitórias ou
momentos de paz, com recursos vultosos, não apenas para o poder central, como ainda
para a aristocracia senhorial.

Por esta emergência, da forte presença do Estado, também aumenta a percepção fiscal,
ou seja, um instrumento de racionalização administrativa e normativa para as cidades.
Porém, as consequências tanto da emergência do Estado moderno, como do
desenvolvimento do sistema fiscal, fizeram com que as próprias transações mercantis,
antes reguladas por cada cidade, adquirissem uma nova institucionalidade, permitindo
tanto o desenvolvimento mais eficaz de mercados e de feiras comerciais, como ainda
implementando uma nova maneira do poder central lidar com as cidades.

Outro dos mecanismos de consolidação do Estado moderno, adveio do seu conflito com o
Papado e suas próprias pretensões universalistas. Essa disputa desencadeou em um dos
mais longos e fatídicos conflitos do fim da Idade Média: a Guerra dos Cem Anos.

O nome pelo qual tal conflito ficou conhecido, nascido no século XIX, designa uma
sucessão de guerras entre a França e a Inglaterra no intervalo entre 1337 e 1453. Segundo
Silva (2019):

A raiz da disputa entre os dois reinos estava na lógica da dominação senhorial, que fazia do
rei inglês vassalo do rei francês em razão das terras que o primeiro possuía na Aquitânia.
Essa situação se agravou quando, após a morte do rei francês Carlos IV, em 1328, o rei
inglês Eduardo III reivindicou o trono da França, pois era descendente da irmã do rei
falecido. Como a França foi palco da maior parte das operações militares, seu território
concentrou boa parte dos danos. A monarquia francesa foi a maior beneficiária, pois a
expulsão dos ingleses permitiu a unificação do país. Ambas as identidades nacionais saíram
reforçadas dessa longa série de conflitos (SILVA, 2019, p. 129).
Em termos sociológicos, a relação dos homens com a morte ganhou novas conotações,
muitas vezes também constatada para externar o impacto da crise do século XIV, que ia
além de questões econômicas ou políticas.

É nesta época, por exemplo, que advieram as procissões de flagelantes, que utilizavam o
flagelo como forma de autoproibição de grupos, que consideravam a peste castigo divino
e, também, porque não a compreendiam, sobretudo, em sua difusão. Então, houve uma
grande quantidade de comportamentos em massa, devido a essa incompreensão da
peste como castigo divino, comportamentos que redundaram em linchamentos, fugas,
procissões de flagelantes, etc. Tanto é que se assistiu nos séculos XIV e XV a um
aumento da perseguição a judeus, leprosos e hereges, certos de que a peste seria um
castigo divino, para punir a humanidade pelos “desviantes”.

Neste período, surgiram ordens mendicantes nos meios urbanos, sobretudo a Ordem
Franciscana, uma ordem que santificava a pobreza e a privação nas ações de caridade.
Também seria esperado que os estados adotassem, para conter o comportamento em
massa, ações repressivas para controlar a população, que crescia em razão de
contingências sanitárias, econômicas e sociais.
Um aspecto interessante, todavia, adveio com a maior tomada de consciências dos
homens da própria modernidade. Por exemplo, entre 1360 e 1380, constatou-se um
aumento dos testamentos, que dispunham sobre o destino do corpo depois da morte, a
escolha da sepultura, o cortejo fúnebre, assim como o que fazer com a herança e os
proventos a serem dedicados às missas ao defunto.

O desenraizamento, segundo Cândido (2019), que se formou com a urbanização,


migração e peste, levou a um processo de desenvolvimento do indivíduo, preocupado
consigo mesmo, inclusive, com sua própria morte. Além de tudo, a racionalização dos
bens a serem legados, mostram o desenvolvimento de uma disposição contábil dos
homens no período medieval. Este, por fim, é um dos aspectos que nos leva a pensar num
fim “racionalizado” da Idade Média.

A Invasão do Império Bizantino

Nesta seção final, compreenderemos o que foi a queda de Constantinopla, por muitos
nomeada - decadência do Império Bizantino.

A queda de Constantinopla marca o fim da Idade Média para muitos historiadores do


século XIX. Para os otomanos, a região conhecida como Balcãs era considerada parte
integrante da Rumélia, de tal maneira que com o sultanato de Mehmet II, os otomanos
passaram a atribuir o título de ‘governantes dos romanos’, segundo João Gouveia Monteiro
(2017). Ou seja, os otomanos se consideravam os herdeiros dos domínios de
Constantinopla e de Roma, uma conquista já sonhada pelos governantes islâmicos do
Próximo Oriente que, como vimos, estiveram na capital bizantina em diversas situações.

Uma vez que os territórios bizantinos serviam de base naval para suas rivais marítimas
dos Otomanos - em Gênova e Veneza, podemos compreender que há muito os otomanos
ambicionavam a conquista da cidade de Constantinopla, dando-lhes talvez o pretexto
ideal para as Cruzadas - lideradas pelo rei da Hungria.

Assim entendemos, já de início, que a fragmentação do território no Império Bizantino e o


insucesso do governo em concentrar os interesses militares do Império, juntamente com
os interesses geopolíticos, influenciaram para a decadência de Bizâncio, transformada
agora num “vassalo” do sultão (como eram chamados os subordinados do imperador).
Porém, nem sempre a conquista de Constantinopla foi evidente para a determinação do
sultão – essa determinação foi se incorporando à medida que esse voltou ao poder, com a
morte do seu pai, em 1451.

Mehmet II, ao assumir o trono, busca eliminar focos de resistência para o seu governo:
nomeia conselheiros próximos em cargos de alto prestígio da corte, simultaneamente, vai
solapando alguns adversários políticos, mesmo não conseguindo afastar autoridades que
ofertavam algum risco ao seu poder, como o vizir Çandarli Halil.
A ascensão de Mehmet II ao trono, porém, foi considerada benéfica para o império e os
estadistas bizantinos. Constantino XI exigiu-lhe que cedesse territórios que, outrora
pertenciam a Bizâncio, observando, que por ser jovem e considerado inexperiente, o sultão
detinha certa fragilidade política. Sob a ameaça de apoiar, numa futura guerra civil
otomana, o príncipe Orhan, Mehmet II possuía uma fortaleza política a seu favor, mesmo
com suas competências militares e diplomáticas. Assim, ele resolve o problema ao
estabilizar a região sudeste da Anatólia e retornar à Europa com o desígnio de conquistar
Constantinopla.

Vários sinais viriam a ser dados de que Mehmet II ousava conquistar Constantinopla, seja
em edificações (como a Fortaleza) ou em atitudes, que desafiavam a corte bizantina
como verdadeiras declarações de guerra.

Para efetivar seu plano - Mehmet II, utilizou-se de alguns expedientes, dentre eles: o
reposicionamento seguro dos territórios otomanos na Ásia Menor e Turquia, além do
isolamento de Constantinopla, que teve seu abastecimento marítimo e terrestre
prejudicado. Para além deste fato, Mehmet II também controlaria o acesso marítimo do
estreito, com uma alfândega a embarcações cristãs que objetivassem atravessar o mar
Egeu e o mar Negro.

Em 2 de abril de 1453, após uma série de troca de hostilidades e preparação dos


exércitos, começava o cerco final de Constantinopla, com os primeiros bombardeios
marítimos de embarcações otomanas.

Liderados por Mehmet II, o exército e os soldados avançaram nas linhas de cerco, mesmo
com uma parte do exército mantida na reserva. É interessante abordar a crônica
contemporânea sobre o exército otomano nesta guerra, uma vez que algumas fontes
apontavam para 200.000 homens, sendo que outras afirmavam não possuir mais do que
80.000, sendo a maioria entre cavaleiros que combatiam pelas vias terrestres.

No dia 6 de abril, iniciou-se o bombardeio às muralhas terrestres pela artilharia otomana,


porém, o primeiro “assalto” à cidade, segundo Monteiro (2017), teria ocorrido no dia 7 de
abril daquele ano, sendo as muralhas terrestres sido invadidas pelas tropas irregulares ou
mal equipadas e também por voluntários, integrantes da vanguarda do exército de
Mehmet II.

Após uma semana, entre os dias 17 e 18 de abril, as muralhas terrestres continuaram


sendo alvo dos ataques otomanos, somente repelidos depois de quatro horas de
combate. Alguns reveses sofreram a armada otomana, ao conseguirem os soldados de
bizâncio, romperem o isolamento marítimo e forneceram aos seus exércitos: armas,
soldados e alimentos. Este fato impactou enormemente o ritmo dos acontecimentos.

A extensão do conflito e suas vicissitudes são narradas, dentre muitos fatos, da seguinte
forma:
O bombardeamento das muralhas terrestres manteve-se durante estas operações anfíbias,
intensificando-se a partir do dia 2 de maio, com a reutilização do famoso basilicão de
Urbano. A abertura de novas brechas na muralha da cidade, nos dias subsequentes,
possibilitou um assalto noturno, realizado no dia 7 de maio e que quase culminaria na
debandada generalizada das tropas bizantinas (caso Giovanni e o imperador Constantino,
entre outros notáveis da cadeia de comando, não tivessem acorrido ao local). Uma nova
brecha na muralha, adjacente ao portão de Kaligaria (fora aberta no dia 8 de maio e
alargada nos dias seguintes), possibilitou um novo assalto (a 12 de maio), com invasão do
palácio imperial antes de ser repelido. Simultaneamente, os sapadores sérvios enviados pelo
respetivo déspota que tinham integrado a hoste otomana, liderados por Zaganos Pasha,
procuravam abrir uma brecha na muralha de Blachernes; este objetivo foi contrariado por
uma contramina bizantina, escavada sob a direção de João Grant. Outra tentativa
malograda seguir-se-ia no dia 21 de maio, com a maior parte das minas a acabarem por ser
inundadas e extintas (...) (MONTEIRO, 2017, p.401).
Mesmo com a resistência do exército local, a moral bizantina ia, aos poucos, cedendo,
provocando a potencialização das tensões com as populações residentes no território
bizantino, entre pedidos do sultão para que o imperador se retirasse e entregasse a
cidade, porém Constantino ainda tinha esperança de receber ajuda externa dos Húngaros
e dos Venezianos, o que o levou a recusar a proposta e declarar que preferiria morrer na
cidade.

Este fato faz Mehmet II convocar o conselho de guerra, o que foi fundamental para a
organização de uma operação decisiva, um cerco definitivo que poria fim ao domínio de
Constantino. Após este conselho, o sultão inspecionou as tropas e havia decidido que o
assalto terrestre e marítimo final se daria no dia 29 de maio. A moral do otomano, vale
destacar, era elevada, de tal maneira que se organizaram eventos nos últimos dias do
cerco, em que os oficiais religiosos relembravam aos soldados a dimensão e o símbolo da
conquista da capital de Bizâncio e assim descreve-se o final do conflito:

A organização defensiva de Constantinopla havia colapsado, os soldados gregos ou se


rendiam ou protegiam as suas próprias habitações, enquanto os estrangeiros tentavam a todo
o custo fugir da cidade: o príncipe Orhan tentou escapar disfarçado de monge, mas acabou
por ser capturado, sendo posteriormente reconhecido e executado; o cardeal Isidoro teve
melhor sorte, conseguindo fugir para Gálata (disfarçado de escravo), enquanto Giovanni
Longo, apesar de ferido, tentou chamar os seus homens com recurso à trombeta – este
general acabaria por escapar, morrendo porém durante o regresso a casa; Alvise Diedo
chegou igualmente a transpor o Corno de Ouro em direção a Gálata, liderando a fuga dos
barcos cristãos (após dois marinheiros terem logrado quebrar a corrente de ferro), tendo as
restantes embarcações que permaneceram em Constantinopla sido capturadas por Hamza
Bey. O imperador Constantino XI morreria no decorrer das últimas escaramuças, tendo,
segundo alguma documentação, transposto a principal brecha da muralha de São Romano e
sucumbido dignamente em combate (MONTEIRO, 2017, p. 406-407).
Após o conflito final, Constantinopla resistiu aos primeiros saqueadores que adentraram a
cidade, com o posterior rendimento às tropas do sultão. Após a derrota, a Igreja Ortodoxa
permaneceu, mesmo tendo sofrido com a invasão, como um sinal de tolerância do
vencedor, além de haver transformado Santa Sofia na principal mesquita da cidade.

Os saques e os acontecimentos posteriores já eram, de certa maneira, previstos pelo


sultão. Mesmo com a morte de Constantino XI, neste momento, três outros membros da
família ainda mantinham o título de imperador de Bizâncio, mas, como destaca Monteiro
(2017), a conquista de Constantinopla e, por extensão, da Segunda Roma, pelos Turcos
Otomanos, assinalou o nascimento de um novo império, deixando o anterior em ruínas -
um império, por extensão, muito influente para a cultura do sudeste europeu na Idade
Moderna.

Dentre as consequências do cerco, o impacto da queda de Constantinopla pelas mãos do


Império Otomano afetou: a cultura, a política, a economia, aspectos administrativos,
dentre outros.

A guerra religiosa se centralizaria bem mais na figura do sultão contra os vizinhos


cristãos, ao contrário de estar focalizada em líderes autônomos em fronteiras dispersas.

A construção de uma nova capital já era objeto dos sonhos de Mehmet II, sobretudo
quando este mandou reparar muralhas, repovoar a cidade com gregos, turcos e demais
etnias, atraídos, por sua vez, por privilégios fiscais e outras vantagens. Iniciaram-se obras
públicas, a exemplo da construção de um novo palácio, abrigos, complexos cultuais,
hospitais, dentre outros. Mediante o sonho de transformar Constantinopla num lugar para
todas as religiões constantes do livro sagrado, criou-se, em outras palavras, um centro
para culturas da Europa e da Ásia se encontrarem.

No afã de tamanho sonho - Mehmet II adquirira o título de herdeiro legítimo do Império


Bizantino e Romano, com a iminente ambição por outros territórios para além de suas
fronteiras. Colônias foram despovoadas até passarem para o domínio otomano,
quebrou-se o comércio dos cristãos e, além de tudo, a queda de Constantinopla também
havia provocado a fuga da elite bizantina para Estados que, por uma mera questão de
tempo, também viriam a ser incorporados ao Império Otomano, de modo que todas os
domínios latinos na Grécia sucumbiriam. Na região dos Balcãs, o domínio otomano
afirmou-se de tal maneira que dois Estados dos Balcãs, como Valáquia e Moldávia,
chegariam a se tornar vassalos do Império Otomano. Diante da perplexidade dos
humanos europeus, a expansão europeia avançou muito, sobretudo, após a conquista da
Grécia e dos Balcãs.

As transformações econômicas do fim da Idade Média

Nesta seção, vamos refletir sobre a passagem da sociedade feudal à sociedade


capitalista. Para tanto, assumimos que esta não é uma abordagem tão simplista quanto
parece. Esta passagem não deve ser vista de uma maneira definitiva e acabada, uma vez
que cada país vivencia esta passagem de uma forma distinta. Aqui, vamos nos demorar
em refletir, segundo Pierre Vilar (2003), “os fatores que preparam, desde longo essa
mudança de natureza”.

De iníciotemos de refletir sobre um aspecto: a necessidade de pensar o modo de


produção, as relações de produção e os instrumentos de produção, segundo a abordagem
marxiana. Isto implica em pensar, por exemplo, que “todo elemento contrário ao princípio
de produção feudal prepara sua destruição” (VILAR, 2003, p. 37).

Por modo de produção, entende-se a forma como as mercadorias eram produzidas e


circulavam pela sociedade, atendendo as necessidades particulares e circunstâncias
estruturais distintas de cada época - por relações de produção, entende-se como as
relações estabelecidas entre quem produzia as mercadorias, fruto do trabalho, e como
essas relações se davam desde a produção até sua troca ou comercialização.

Os instrumentos ou meios de produção se referem à posse das ferramentas necessárias à


produção e circulação de mercadorias. Para Vilar (2003), o princípio que prepararia a
destruição da sociedade feudal, se refere à propriedade da terra (meio de produção), em
diferentes graus, emulando um tipo de sociedade na qual aquilo que era produzido,
enquanto produto, não chegava ao consumo de camponeses e classes feudais, ou seja, o
princípio se refere ao fato de que a produção era feita para atender a outros interesses.
Ainda segundo Vilar:

As trocas exteriores perturbam este circuito, a circulação monetária desenvolve-se, a


propriedade absoluta progride (em lugar de retroceder) diante da propriedade feudal, os
homens livres (ricos ou pobres) são cada vez mais numerosos que aqueles ainda vinculados
às relações feudais, a cidade adquire uma grande importância ao lado dos campos,
constituem-se fortunas imobiliárias, os impostos dos Estados vêm competir com os tributos
senhoriais: todos estes atos são ameaças à pureza do regime feudal e preparam sua
desagregação (VILAR, 2003, p. 37).
Diante dessa passagem progressiva, descrita pelo autor, também há divergências de
épocas em que começou a se desenvolver esse tipo de relação. Alguns destes aspectos
surgem desde o século XI, podendo intuir-se que aí já começava um modo de produção
capitalista, segundo Vilar (2003), porém, para Marx esse processo ocorria em cidades
italianas no século XIV. Mas, ainda segundo Vilar (2003), somente podemos falar sobre
essa passagem do feudalismo ao capitalismo de fato quando presenciamos o
desenvolvimento e a mudança social em relação a regiões extensas, e que reflitam
relações e modos de vida completamente novos gestados pelo capitalismo. Ou seja, as
meras relações de comércio não distinguem o início do capitalismo, mas o modo de vida
que se organiza em torno dele. E neste processo, torna-se importante verificar que
mudanças políticas e jurídicas propiciam a mudança na estrutura das relações de classes
entre si e, sobretudo, com um aspecto que as domina, isto é, o Estado.
Ainda que impulsionada pela ação “consciente” da burguesia, o processo de
desenvolvimento perdura por séculos, fazendo com que a instalação do Capitalismo seja
percebida de maneira mais rápida do que a do Feudalismo.

Em primeiro lugar, temos de refletir sobre a formação da burguesia e a mudança de ares


com essa passagem de uma realidade para outra. Para Vilar (2003), devemos evitar o uso
do termo “burguesia” e “capitalismo”, quando estes não se referirem à sociedade
moderna, na qual a produção de mercadorias materializa a exploração do trabalho
assalariado, realizada por aqueles que são os donos dos meios de produção.

Sabemos que a produção industrial à época do Feudalismo acontecia sob a forma


artesanal e corporativa, de modo que não se verifica a separação entre meios de produção
e o produtor, não se verificando uma simplificação das relações sociais a mera obtenção
de dinheiro. Portanto, intuímos que nessa relação não havia Capitalismo.

É certo, todavia, que os historiadores percebem que havia um certo “caráter fechado” na
economia feudal, com o mínimo de trocas e de contratos financeiros, e que, segundo Vilar
(2003), mesmo nos séculos XVII e XVIII, essas trocas permaneceram, dado que a
sociedade rural, surgida do Feudalismo, viveu por muito tempo fechada em si mesma.
Ainda assim, a comercialização do produto agrícola na economia feudal, para estas
fontes, sempre foi muito “parcial”, já no Capitalismo, tudo vira mercadoria e, porventura,
lucro com valor agregado. Partindo deste princípio, portanto - podemos falar de
“Capitalismo” no século XV, ou, possivelmente, no século XVIII francês?

Sabe-se que nas cidades existia o mínimo de atividade urbana, que era constatada já
antes do século III, com as cidades romanas cercadas por muralhas. Podemos remeter o
período de surgimento do modo de produção feudal a um momento em que a marca
distintiva do estilo de vida rural, no cotidiano econômico e social, era uma marca
correspondente a um período que vai do século IV ao século X.

Somente algumas cidades na Itália praticavam o comércio com outras localidades desde
o século IX. Seja em um papel militar ou já comercial, algumas cidades já proviam um
papel considerável na vida comercial, com a redistribuição de produtos preciosos ou de
moedas adquiridas, nas chamadas razias, e na venda de escravos, principalmente cidades
entre a Espanha muçulmana e a cristã.

A generalização da atividade comercial somente pôde ser percebida a partir do século XI,
combinada com o crescimento da produção local, cujo fim era o próprio mercado, com a
substituição das oficinas e sua fabricação de produtos a serem utilizadas no uso corrente
pelas oficinas urbanas.

Refletindo de acordo com o texto de Vilar (2003), a oposição cidade-campo, desta


maneira, inaugura, do ponto de vista historiográfico, uma discussão sobre a origem da
especulação econômica. Ora, ainda que as cidades estivessem submissas aos seus
senhores, sua estrutura lhes legava maior força do que as aldeias para fazer frente a seus
senhores, com a possibilidade de rebelar-se e impor o que se chamou “carta de
franquias”.

Em seu território, ou seja, no espaço dentro das muralhas, os cidadãos sentiam-se livres e
tinham algum tipo de participação coletiva, o que nos faz pensar que mesmo vinculadas
ao sistema feudal, as cidades possuíam maior soberania sobre seus senhorios. Tanto que
cartas do mesmo gênero das “cartas de franquia” tiveram de ser concedidas às “vilas
novas”, povoações originadas para vigiar as fronteiras, ocupar territórios e reforçar a
proteção às encruzilhadas.

O rápido surgimento de cidades livres teria um alcance limitado, segundo Vilar (2003),
uma vez que estas não alteram o modo e as relações de produção da população ainda
camponesa. Sua principal vantagem foi servir como exemplo e influência para muitas
comunas rurais se libertarem e fomentar, no asilo que ofereciam aos servos fugitivos,
uma fonte de pensar e materializar um ideal primeiro de liberdade.

No interior dessas cidades, nobres, mercadores e corporações artesanais, têm no objeto


da disputa do poder municipal uma forma de levá-los a firmar compromissos. E é em
cidades como Veneza, que surge o poder militar, naval e político, ampliados, uma vez que
a cidade concentrava aristocratas mercadores.

Já de parte de cidades mediterrâneas, a exemplo de Flandres, a produção têxtil passou a


ser destinada à exportação, adquirindo o que seria um começo mais próximo do
Capitalismo, mesmo historicamente ainda não sendo determinante, ou seja, ainda não
implementava uma transformação estrutural ampla dos modos de vida, meios de
produção e relações envolvidas.

A crise geral do Feudalismo, nos séculos XIV e XV, é acompanhada por algum crescimento
urbano e também por fortunas mercantis. Acompanhou essa época a prevalência
progressiva do luxo, das construções vistosas, dos mecenas no campo das artes, mas
ainda não significaria o apogeu no campo da produção.

Torna-se frequente a compra de terras feudais, o fato de famílias burgueses enriquecidas


viverem de renda e, consequentemente, de nessa atitude, imitarem os grandes senhores
feudais. Porém, no interior das cidades e das comunidades, as relações se radicalizam: as
lutas entre as classes potencializam-se e os sistemas representativos - oligárquicos,
transmudam-se pouco a pouco para verdadeiras tiranias. Até ali, sustentava esse modelo
de sociedade os senhores burgueses, aristocracias e, claro, o poder político e militar que
cresceu consigo.

Por seu turno, as pioneiras das repúblicas mercantis, cidades do mediterrâneo, com o
passar dos anos vão a uma decadência relativa, uma vez que os mares do Oriente foram
conquistados pelos turcos, com seu triunfo sobre as rotas comerciais do Atlântico. Com
esse fato consumado, o progresso para a transformação do Ocidente europeu recai sobre
os “ombros” da Região de Flandres, Inglaterra, Portugal e Espanha, que tinham seus
portos como os grandes responsáveis pela expansão comercial do ocidente.
Assim, a primeira etapa de formação do Capitalismo, após passadas as crises do século
XIV e XV, observou-se um amplo avanço das forças produtivas ocorridas em meados do
século XV e XVI.

Este período, não por menos, foi marcado pelo modo como as forças produtivas, ou seja,
os próprios instrumentos de produção viriam a se modificar com os avanços da ciência e
da tecnologia e, claro, com a crise geral do Feudalismo. Conforme esperado, no século
XVII, o número de inventos foi maior do que no século XV. Por exemplo, o uso da artilharia
impulsionou a produção de metal para esta necessidade, ainda que o primeiro forno para
estes fins, dentre outros, datasse do século XV.

Com a invenção da prensa de Gutemberg, a difusão do pensamento, de uma ideia de


nação para os países, bem como dos limites territoriais de cada país e suas
características, adveio junto com o desenvolvimento da ciência da navegação. Simbólica e
historicamente, esta época também marca o começo do progresso das técnicas
industriais e das técnicas de comunicação ultrapassando a técnica agrícola. Um novo
mundo se formava. A indústria passa a ser o primeiro plano do progresso.

Ainda que este período estivesse açodado pelo desenvolvimento fabril e comunicacional,
a agricultura demonstrava ter sua força na Itália, com a horticultura e a viticultura. Mas, do
rendimento da agricultura não sentiria um progresso antes do século XVIII, e as colheitas
seriam irregulares dentre carestias periódicas. Não parecia mais ser o momento do cultivo
e do plantio, muito embora ainda se praticasse. Concomitantemente, observa-se um
crescimento comercial da indústria têxtil, o que eleva a Inglaterra e Castela a serem polos
produtores de carneiros, concorrendo com a agricultura em alguns setores e despovoando
os campos.

Segundo Vilar (2003), o advento do capitalismo também é marcado pela diminuição da


quantidade de alimentos disponíveis. Houve terras abandonadas na França, como em
outros lugares, ao sinal de que a fome do século XIV e os períodos de guerra assolaram a
população desses países e os sinais de sua recuperação foram percebidos a partir dos
anos de 1460-1470. Um aumento demográfico se observou, superado esse problema,
fomentando, através da proletarização, as forças de produção necessárias para o
comércio e, principalmente, a indústria.

Devido à expansão marítima e colonial, foi observada no final do século XV uma


ampliação das riquezas dos comerciantes. Neste período, observa-se a circunavegação
da África, a rota da Índia, descoberta por Vasco da Gama e a da América, por Colombo.

Também se registra a volta ao mundo por Magalhães, fazendo-nos perceber a elevação


do nível científico e tecnológico à época e a ampliação da concepção do mundo na
Europa. Segundo Lilia Moritz Schwarcz (2012), era um mundo de intensas descobertas e
mundos desconhecidos, que empolgavam aos homens e os levavam a aventuras,
estimulados por relatos da época sobre terras desconhecidas, lendas e mitos. Sobre tal
época, destaca Pierre Vilar (2003):
Mas ao mesmo tempo o grande comércio de produtos exóticos, de escravos e metais
preciosos – a verdadeira finalidade dos “descobridores” – voltava a ser aberto e
extraordinariamente ampliado. Uma nova era abria-se para o capital mercantil, mas fecunda
que a das repúblicas mediterrâneas da Idade Média, porque desta vez constituía-se um
mercado mundial e seu impulso afetava todo o sistema produtivo europeu, e porque grandes
Estados, e não mais simples cidades, daí iriam aproveitar-se para se constituírem (VILAR,
2003, p. 41)
Como se pode ver, caracterizam esta época a exploração cada vez maior do trabalho
humano, resultado da alta geral dos preços, das grandes fortunas engendradas com o
ouro (do Brasil, inclusive) e, dentre múltiplos fatores, e tudo isso ocasionou uma
diminuição do salário individual real, do qual o capital aproveita-se para fomentar ainda
maiores lucros.

Assim, os operários trabalhavam mais, além de mulheres e crianças serem postas para
trabalhar, com o aumento do salário sendo até o mínimo para a subsistência. De outro
lado, a revolução agrícola e a liberdade do comércio de grãos possibilitam que sejam
alimentadas mais pessoas, muito embora se tirasse proveito das crises de alimentação. A
partir daí, vemos de que maneira o capital industrial pode se transformar em
simplesmente Capitalismo, substituindo modalidades primitivas da formação de capital,
encerrando assim o período de mil anos que diz respeito à Idade Média.

Finalizando a Unidade

Na primeira seção, vimos como a Europa se transformou, urbanamente, com a ascensão


do comércio, dos comerciantes e dos burgueses. Vimos ainda como era importante o
significado do homem livre para a expansão comercial e de que maneira um tipo de
Capitalismo ainda incipiente, embora não se pudesse chamar desta maneira, se instituía à
medida que as cidades foram crescendo e as atividades econômicas se diversificando.

Por sua vez, as universidades tiveram seu início nos colégios. Era a Europa que se
escolarizava. Por esta época, surgiram as grandes universidades, ainda fortemente
atreladas ao viés religioso. Embora o ensino fosse de acesso a todos, havia aqueles que
pagavam e só havia condições de prosseguir, verdadeiramente, nos estudos, aqueles que
pudessem ter condições de seguir pagando por eles.

Esta também foi a época das relações entre mestres e estudantes, que incluíam
peregrinações para universidades famosas e também as primeiras reivindicações por
liberdade nas universidades. Também uma época, como vimos, de disputas em torno do
legado aristotélico e da liberdade de pensamento.

Ne segunda seção, vimos como se deu o chamado “Outono da Idade Média” ou,
simplesmente, “Crise do sistema feudal”, com a carestia de alimentos, que atingiu uma
parte considerável da Europa; a peste negra que varreu pelo menos um terço da
configuração populacional da Europa e a Guerra dos Cem Anos entre a França e a
Inglaterra.

Também marcou essa época o protagonismo dos camponeses na dinâmica econômica; a


tomada de consciência dos homens da modernidade, a fome - que resultou de fatores
comerciais, e não exatamente físicos e geográficos; o surgimento de inovações técnicas;
o enfrentamento a peste negra e suas repercussões em perseguições e crenças de um
castigo divino; a proeminência das monarquias - da percepção fiscal e a lógica da
dominação senhorial, que redundou na Guerra dos Cem Anos.

Na terceira seção, descrevemos a queda de Constantinopla e a decadência do Império


Bizantino, que viria, pelas mãos do sultão Mehmet II, com os otomanos, considerando-se
herdeiros naturais dos domínios de Constantinopla e Roma, instilados, pois, pelo fato de
que o Império Bizantino constituía território estratégico para a expansão marítima.

Em uma intrincada questão política e cultural do Oriente com o Ocidente, vimos que este
impacto afetou a cultura, a política, a economia e os mais diversos âmbitos do antigo
Império Bizantino.

Finalmente, na quarta seção, refletimos sobre a passagem da sociedade feudal para a


capitalista, pensando a mudança nas relações de produção, ao passo que a produção
passaria a atender a determinados interesses. Alterou-se, contudo, o papel das cidades e
as relações da população com a dominação senhorial; a generalização da atividade
comercial; a suposta oposição cidade-campo neste processo; o surgimento de
construções vultosas e o desenvolvimento do campo das artes.

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Dica do Professor
Leia mais em:

História da vida privada, 2: da Europa feudal à Renascença. Organização Georges Duby.


Tradução Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
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Saiba Mais
Leia o artigo: “Do mosteiro à universidade: considerações sobre uma história social da
medicina na Idade Média”, de Cybele Crosseti de Almeida, publicado na revista AEDOS e
amplie seu conhecimento a respeito da importância das universidades para o
desenvolvimento da medicina.

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Referências
● LE GOFF, Jacques. Para um novo conceito de Idade Média, tempo, trabalho e
cultura no Ocidente. Tradução de Maria Helena da Costa Dias. Lisboa: Estampa,
1979.
● LE GOFF, Jacques. O Deus da Idade Média. Conversas com Jean-Luc Pouthier.
Tradução de Marcos de Castro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.
● MONTEIRO, João Gouveia; Gonçalves, Gustavo; Nisa, João; Paiva, João; Gomes,
Rodrigo. O Sangue de Bizâncio: ascensão e queda do Império Romano do Oriente.
Vol. 3. Portugal, Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2016.
● SILVA, Marcelo Cândido da. História Medieval. São Paulo: Contexto, 2019.
● SCHWARCZ, Lilia Moritz. Nem preto nem branco, muito pelo contrário: cor e raça na
sociabilidade brasileira. 1 ed. São Paulo: Claro Enigma, 2012
● VILAR, Pierre. A transição do Feudalismo ao Capitalismo. In: Do feudalismo ao
capitalismo: uma discussão histórica. Organização e Introdução, Theo Santiago. 9.
ed. São Paulo: Contexto, 2003.

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