Matrícula: 1458993 Livro: BRAUDEL, Fernand. A Dinâmica do Capitalismo. Lisboa: Editorial Teorema, 1985.
A dinâmica do capitalismo é um conjunto de conhecimentos sobre o
modo de atuação desse sistema, o compreendendo desde sua ascenssão ao controle dos Estados, com a quedas das nobrezas, até a economia moderna repleta de linhas de trocas e investimentos. Entretanto, para entender esse sistema é necessário entender o seu desenvolvimento ao fundo, enxergar como o próprio conceito de "capitalismo" foi se formando e da sua oposição à "economia de mercado". Daí, é fundamental que entendamos como esse sistema vai muito além do sentido monetário da questão, mas, fazendo uma analogia à posição dos burgueses nas cortes européias, também de um sentido social e civilizacional, impondo valores.
Ora, enquanto os burgueses almejavam a posse de um título para, com
o prestígio conquistado, conseguir um lugar de honra no meio da nobreza, estes também exerciam uma espécie de parasitismo dos bens e postos ocupados por aqueles que possuiam o "sangue azul". Mas para esse sistema se manter ele precisaria de algumas coisas fundamentais, e elas eram a sua abrangência e as "águas calmas", afinal, quanto mais longe o mercado abarcasse o cotidiano seria melhor, e essa vida desses capitalistas fossem mantidas, pois só assim eles conseguiriam realizar a acumulação de capitais. Partindo dessa explicação, se torna plausível o fato do capitalismo não ter seguido o mesmo curso na China do que na Europa. A China estabelecia um padrão de 10 vilas circundando um centro comercial, uma cidade, promovendo assim uma centralização da sua lógica de mercado, enquanto a Europa tinha um sucesso dentro do sistema por meio de suas instituições, bolsas de crétidos e seus instrumentos. Sendo assim, a modernidade apresenta um desfecho fundamental para o modo de funcionamento do capitalismo, tendo em vista a importância da moeda e das cidades no cotidiano, sendo a primeira uma abreviação da própria troca, e a segunda um ótimo condicionante para que elas acontecessem. Outro fator essencial para se atentar é a presença do indivíduo nesse processo, que pode estarinserido no mercado e distante da vida material, de forma em que o próprio sistema não se resumia a apenas comerciantes de produtos fábricados, adquiridos por eles ou por meio de revenda, mas também os que apostavam nas linhas de crédito.
É essencial que se entenda também a forma como o sistema funcionava
e se estruturava até o século XIX, voltado diretamente para a produção e consumo, entretando essa relação se tornou mais complexa, permitindo tanto uma economia de mercado baseado nas relações mais próximas, na qual percorria poucas distâncias e era rotineira, como uma que promove uma circulação diferenciada, permitindo um fornecimento de determinado produto de acordo com o interesse dos compradores, não se deixando limitar pela época em que se encontrava. Partindo desse ponto estrutural, se torna evidente as diferentes zonas de comércio e a atuação de diferentes tipos de comerciantes, o que só pode ser explicado como uma hierarquização do mundo do mercado, onde vão compreender-se nivelados as diferentes funções da sociedade, exceto a que habita o topo dessa cadeia de trocas, os negociantes.
Torna-se inevitável não lançar um olhar para a estrutura do capitalismo
nos dias de hoje, após fazer toda essa reflexão, afinal, se olharmos unicamente para os números iremos perceber que houve um crecimento desproporcional, entretanto, a raíz permanece a mesma, desigual e a qual permite que poucas famílias revezem o topo da camada produtiva por séculos.