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(1958) como referência para suas análises que tinham não só hipóteses inovadoras de
interpretação histórica, mas, sobretudo, pretensões globalizantes e estruturantes no sentido de
articular determinações de várias estruturas na explicação da história do sistema.11 Cada
estrutura tem seu próprio tempo e, se considerar que o sistema é complexo, devem-se
respeitar as continuidades de estruturas em meio a mudanças de outras estruturas. Nesse
sentido, a longa duração é a dimensão temporal adequada para análises da mudança em
sistemas históricos complexos. Se os autores da abordagem conseguem aplicar com êxito tal
método, isso é uma questão em aberto, mas o método da longa duração é uma referência.
Entretanto, há processos no sistema capitalista que não cabem incluir na “economia de
mercado”, pois se baseiam numa forma específica de conduzir os jogos da troca, em que
mecanismos de mercado e extramercado são utilizados para obter a maior parte do excedente.
Esses processos e essa forma de conduzi- -los dizem respeito à camada superior da estrutura
tripartida, ocupada pelo que Braudel (1995) chamou, especificamente, de capitalismo. Constitui
uma esfera de circulação diferenciada, que fica no topo da hierarquia das trocas. É onde se
encontram as trocas desiguais, em que a concorrência (característica essencial da “economia
de mercado”) tem um reduzido lugar. Nesse sentido, Braudel (1985) distingue dois tipos de
troca:
Para Braudel (1986) a economia mundial compreende-se como a economia do mundo globalizado(?), “um
mundo em si e para si”. Podendo ser definida como uma tripla realidade:
- Ocupa um determinado espaço geográfico, portanto possui limites que a explicam e a variam, podendo ocorrer
rupturas, como foi o caso da Rússia de 1689, quando Pedro, o Grande, abriu-se à economia europeia;
- Submete-se a um pólo/centro, composto por uma cidade dominante, uma grande capital econômica, Nova
Iorque nos EUA por exemplo. É possível existir dois centros em uma mesma economia-mundo, porém um dos
centros acaba sendo suprimido. Em 1929, a capital econômica passou de Londres para Nova Iorque;
- Dividem-se em zonas sucessivas, há o coração, sendo a zona em que se alonga em torno do centro, as zonas
intermédias em volta do eixo central e as zonas periféricas, as quais são subordinadas e dependentes.
Dito isso, percebe-se que do ângulo geopolítico e histórico, o crescimento chinês pode
ser visto como um convite para se desenvolver, em que os Estados Unidos contribuem
para a formação desse oponente, garantindo proveitos do antagonismo de um
reposicionamento das bases produtivas em direção à Ásia.
Em certa medida, é a rigidez salarial dos países centrais que historicamente torna
possível a mudança de status de países semi-periféricos para centrais em função de sua
estrutura salarial média
“desenvolvimento a convite”