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Sistemas e regimes econômico

Um sistema econômico é, pois, um conjunto de dependências econômicas reciprocamente


ligadas que, pelo fato de estarem vinculadas, surgem mais ou menos ao mesmo tempo e se
desfazem, também, aproximadamente no mesmo momento. Datar empiricamente a sua
aparição e desaparição é fixar os limites cronológicos de um dado sistema econômico. E
elaborar a teoria econômica de um sistema econômico dado é determinar (e ainda
empiricamente) a lista mais completa possível das relações de dependência que o mesmo
admite e determinar as vinculações recíprocas que fazem deste conjunto de relações um
sistema único.” (Kula, 1970: 47)

Em primeiro lugar, Kula admite falar em um “sistema econômico” como um conjunto maior
que integra de maneira coerente certos fatos econômicos que de outra maneira estariam
dispersos, ressaltando que este sistema possui uma historicidade definida - esta definida por
um conjunto de relações recíprocas que os fatos econômicos de determinado tipo
estabelecem entre si. Assim, do mesmo modo que surgem em uma determinada sociedade
historicamente localizada estas interações específicas de fatos econômicos, relacionadas a
certo padrão que pode ser identificado e decifrado por historiadores e economistas, estas
relações se desfazem a certa altura. Vale dizer, um sistema econômico não é uma realidade
nem estática e eterna - ele, de um lado, apresenta uma dinamicidade própria e uma tendência
a se transformar; e, de outro lado, as transformações podem conduzi-lo, a certa altura, a
adquirir uma outra identidade que já pouco tem a ver com a situação inicial do sistema. Em
uma palavra, um “sistema econômico” possui uma historicidade.

Uma racionalidade econômica não existe ou não existiu como algo dado, que pairava como
uma diretriz impositiva sobre determinada sociedade no tempo. A racionalidade econômica é
uma construção do historiador ou economista para entender determinada sociedade,
particularmente no que se refere aos seus aspectos econômicos e a outros que interferem ou
interagem com a economia. Por outro lado, está racionalidade econômica que vai sendo
construída pelo historiador deve se basear na apreensão da vida econômica de uma sociedade
através dos registros e indícios trazidos pelas fontes, buscando uma aproximação capaz de
perceber o essencial e o predominante que podem ser percebidos naquela sociedade. A
racionalidade econômica é construída na interação entre o pesquisador-pensador e o seu
objeto de estudos.

Tipos de sistemas econômicos

Existem dois sistemas político-econômicos praticados no mundo, denominados capitalismo e


socialismo. Esses se diferem pelas ideias e características totalmente distintas. Não procura-se
aqui definir “qual é o melhor”, mas buscar compreender algumas características fundamentais
de cada um dos sistemas. Cabe ainda frisar que o Comunismo não se fundamenta como
sistema econômico, mas sim uma ideologia política que se baseia no sistema econômico
socialista que será visto a seguir.
Capitalismo

O sistema capitalista vigora desde o século XVIII. Atualmente, há uma predominância


significativa do capitalismo - esse possui uma série de aspectos essencialmente ligados ao
capital produtivo e sua acumulação. São características clássicas do capitalismo:  Propriedade
privada: consiste no sistema produtivo vinculado à propriedade individual; Lucro: é o principal
objetivo capitalista, proveniente do resultado da acumulação de capital. Economia de
mercado: livre iniciativa da regulação do mercado, sem ou pouca intervenção do estado. Esse
processo ocorre por meio da oferta e da procura, que regula os preços e os estoques das
mercadorias. O Estado tem a responsabilidade de intervir somente em casos delicados e
também na implantação de medidas que garantem instabilidade econômica.  Divisão de
classes: esse é um dos pontos mais polêmicos do capitalismo. De um lado está uma minoria
denominada "capitalista" ou donos dos meios de produção e de capitais; e do outro lado a
maioria chamada "proletários", pessoas que vendem sua força de trabalho em troca de um
salário que garanta saúde, alimentação, transporte, lazer, etc. No entanto, é nesse ponto que
constitui a divisão das classes, uma vez que nem sempre o capitalista oferece uma
remuneração que seja suficiente para sanar todas as necessidades básicas da maioria dos
trabalhadores. Desse processo, o capitalista adquiriu a mais-valia, que corresponde aos lucros
oriundos do trabalho do proletário.

Socialismo

No século XIX, o capitalismo não estava agradando aos trabalhadores europeus, em razão da
condição de exploração em que viviam. Tal fato fez surgir no continente um sentimento de
mudança. A classe proletária pôde enxergar uma solução no socialismo, que figurava como um
acervo de ideias que tinha como objetivo a implantação de um modelo de sociedade mais
justa, para extinguir a sociedade de classes, na qual os capitalistas exploram os trabalhadores.
A insatisfação e o desejo de mudanças foram reforçados com as ideias de dois grandes
pensadores alemães, Karl Marx e Friedrich Engels, que dispuseram de um conjunto de ideias
necessárias para a instauração de uma sociedade plenamente socialista. Tais ideias surgiram
após um rigoroso estudo sobre o capitalismo. A implantação do socialismo ocorreu somente
no século XX, mais precisamente em 1917, quando o governo monarquista foi derrubado pela
revolução russa, dando origem à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Na
segunda metade do século XX o socialismo ganhou outros adeptos, como os países do Leste
Europeu, além da China, Cuba e algumas nações africanas e asiáticas. No entanto, com
configurações socialistas distintas. As características do socialismo são completamente
diferentes em relação ao capitalismo, a seguir veja os principais aspectos socialistas:  Meios
de produção socializados: no socialismo toda estrutura produtiva, como empresas comerciais,
indústrias, terras agrícolas, dentre outras, são de propriedade da sociedade e gerenciados pelo
Estado. Toda riqueza gerada pelos processos produtivos é igualmente dividida entre todos. 
Inexistência de sociedade dividida em classes: como os meios de produção pertencem à
sociedade, existe somente uma classe; a dos proletários. Todos trabalham em conjunto e com
o mesmo propósito: melhorar a sociedade. Por isso não existem empregados nem patrões. 
Economia planificada e controlada pelo Estado: o Estado realiza o controle de todos os
segmentos da economia e é responsável por regular a produção e o estoque, o valor do
salário, controle dos preços e etc. Configuração completamente diferente do sistema liberal
que vigora no capitalismo, no qual o próprio mercado controla a economia. Dessa forma, não
há concorrência e variação dos preços.
Sistemas econômicos Abstratos

Sistemas econômicos são tipos ideias de organização da economia, que correspondem aos
princípios que inspiram a organização e funcionamento da economia.

Estes sistemas geralmente procuram resolver os problemas do consumo, da produção e da


repartição, perante as três questões fundamentais da economia, designadamente: o que
produzir, como produzir e para quem produzir.

Podemos essencialmente encontrar dois grandes sistemas econômicos, nomeadamente o


sistema de direção central e o sistema de economia livre.

Sistema de Direção central

O sistema de direção central é um sistema econômico abstrato caracterizado pela existência


de uma autoridade central que determina previamente toda atividade econômica.

Nos sistemas de direção central o instrumento fundamental é o plano central obrigatório,


sendo que este define os tipos a produzir, as quantidades e os modelos de distribuição. Ou
seja, é a autoridade central que interpreta as necessidades dos sujeitos econômicos, quais os
tipos de bens a produzir, quais as prioridades de produção, e as quotas da produção que serão
distribuídas em cada região.

Este sistema teve aplicação pratica em economias feudais africanas e em regimes coletivos da
URSS. No entanto, a doutrina adverte o período da aplicação pura desse sistema as naturais
dificuldades de o Estado, considerada a autoridade central ter informações sobre a
necessidade e prioridade dos agentes econômicos. Por esta via este sistema dificilmente é
aplicado de forma pura nos atuais regimes políticos comunistas.

Sistemas de Economia de Mercado

É um modelo ou sistema econômico totalmente descentralizado, em que a resolução dos


problemas passa espontaneamente como se não houvesse Estado.

O consumo é determinado por cada consumidor que define as suas necessidades e prioridade,
confrontando-se as posições de todos através dos mercados livres; a repartição do produto é
feita através dos mercados de fatores de produção, em que uns vendem trabalho, capital,
terra ou técnica, e outros (as unidades de produção) compram esses bens com as receitas da
venda dos seus produtos do mercado.

Neste sistema o instrumento essencial de ajustamento da economia é o mercado. A doutrina


apresenta críticas no que tange a aplicação pura desse princípio, para Teodoro Watt a
aplicação pura deste pode provocar desequilíbrio e desigualdade que podem manter situações
de domínio, nomeadamente dos fatores de produção da empresa, pode implicar desperdício
de recurso, fomento do individualismo e da competição podem criar tensões e conflito, e por
fim este sistema pode implicar a submissão do poder político ao poder econômico. Neste
diapasão, a aplicação pura é ineficaz nas hodiemas formas de organização, podemos encontrar
por exemplo países como sistema de mercado\ capitalista que contam com um plano

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