Você está na página 1de 2

Estado em visão marxista

Nesse ponto de vista, até mesmo por Marx, estado não é necessariamente algo ruim ou indesejável.
Marx aponta que uma sociedade onde os meios de produção estão com os trabalhadores, com
consciência de classe e organização poderiam existir em uma sociedade onde o estado, dinheiro,
propriedade privada e classe não existiria ou seria necessário. Ele considera o estado “… como o
grande organismo no qual deve ser realizada a liberdade jurídica, moral e política e onde o cidadão
individual, obedecendo às leis do Estado, obedece apenas às leis naturais de sua própria razão, da
razão humana.”
Marx enfatiza primeiro a liberação política do que a individual, onde o homem é ainda limitado das
restrições do estado. Por liberação política se refere a emancipação das ideias bourgeois que se
permeiam na população, e que foram integradas no sistema atual nas formas do estado e democracia
burguesa, onde esses sistemas políticos são utilizados pela classe econômica que possui os meios de
produção para manter o controle sobre a população, produção, leis e funcionamento geral da
sociedade. É apenas quando transcendemos a sociedade bourgeois que a emancipação humana do
estado pode ocorrer.
A ideia de uma ditadura do proletariado é essencial para teoria marxista. Esse seria o estado, onde,
após a revolução e subversão do estado bourgeois capitalista, a classe trabalhadora exercerá sua
vontade e tomar os meios de produção, sendo assim uma ditadura de classe. A mesma é vista como
uma transição para uma sociedade socialista, onde a sociedade se livrará dos ideais bourgeois, a
expropriação dos meios de produção e coletivização, e o movimento geral em direção a uma
sociedade socialista.
As ideias de como uma ditadura de proletariado deve ser implantada variam por setores e estilos de
pensamento marxistas. A vanguarda, um termo popularizado por Lenin, seria um grupo de
intelectuais proletariados que tomariam posse e fronte da revolução, e liderariam a classe
trabalhadora para o caminho certo. Essa classe tomaria o poder do estado e se organizaria junto com
a população em um sistema democrático de um partido liderado por um congresso dos sovietes,
sovietes sendo concelhos de trabalhadores onde um grupo dos mesmos poderiam escolher entre si
diretamente um representante para os representar no congresso. A questão de não incluir nenhum
outro partido seria por conta que os outros, ao não serem marxistas com ideias socialistas, seriam
apenas para a classe bourgeois ser representada e ter influência política novamente, enfraquecendo a
ditadura do proletariado e dando mão a uma outra divisão de classe.
Essa visão da vanguarda, porém, não é a única. Ela foi sim a que foi mais posta em prática por
aqueles que se chamavam marxistas ou socialistas, mas outros modelos de transição para socialismo
também foram desenvolvidos. Marxistas liberais rejeitam a ideia de um estado de apenas um
partido centralizado, junto com uma ideia de vanguarda, ela sendo rejeitada por conta que não
representa a classe proletariado como um todo, onde invés de aumentar a democracia que os
trabalhadores têm sob seus meios, acaba apenas a reduzindo.
Marx afirmou que em uma sociedade gerida pelo proletariado o Estado deveria controlar os
“produtos do trabalho” (isto é, todos os alimentos e produtos produzidos) e tirar deles o que era
“uma necessidade econômica”, ou seja, o suficiente para substituir “os meios de produção
esgotados”, uma “parcela adicional para expansão da produção” e “fundos de seguro” para serem
utilizados em situações de emergência, como desastres naturais. Além disso, ele acreditava que o
Estado deveria então arrecadar o suficiente para cobrir os custos administrativos, fundos para o
funcionamento dos serviços públicos e fundos para aqueles que eram fisicamente incapazes de
trabalhar. Uma vez que o suficiente para cobrir todas essas coisas tivesse sido retirado do “produto
do trabalho”, Marx acreditava que o que restava deveria ser dividido entre os trabalhadores, com
cada indivíduo recebendo bens no valor equivalente de quanto trabalho eles tinham investido.

Estado em visão capitalista


A visão mais comum do Estado capitalista entre os marxistas é vê-lo simplesmente como uma
superestrutura, como algo externo ao sistema econômico capitalista. O capitalismo, nessa visão,
consiste na busca de lucros pelas empresas (ou, mais precisamente falando, na autoexpansão de
capitais) independentemente de onde elas estejam geograficamente localizadas. O Estado, ao
contrário, é uma entidade política com base geográfica, cujas fronteiras atravessam as operações
dos capitais individuais.
O Estado pode ser uma estrutura que se desenvolveu historicamente para fornecer os pré-requisitos
políticos para a produção capitalista – proteger a propriedade capitalista, policiar as relações dos
diferentes membros da classe dominante uns com os outros, fornecer certos serviços que são
essenciais para a reprodução do sistema, e realizar as reformas necessárias para fazer com que
outros setores da sociedade aceitem o regime capitalista, mas não deve ser identificado com o
próprio sistema.
Essa visão do Estado afirma ser baseada no Manifesto Comunista: 'O executivo do Estado moderno
é apenas um comitê para administrar os assuntos comuns de toda a burguesia.'
A ideia da democracia burguesa também é comum, onde todo o sistema democrático é manipulado
e construído com o benefício da mesma em mente. Nela as vontades econômicas são feitas de
formas privadas pelos capitalistas e são impostas na população.

Trabalho em socialismo e capitalismo


Trabalho sob capitalismo é hereditariamente explorativo na visão socialista. A teoria do mais-valia
mostra que o lucro ganho de um trabalhador de um produto é apropriado para suprir os desejos da
classe capitalista. É enfatizada a natureza contraditória do capitalista “necessidade de organizar as
forças e relações de produção de uma forma que desenvolve a produtividade social do trabalho
tanto quanto a aliena”. Como a produção de valor vem da capacidade física e mental combinada do
trabalho, o capital nunca pode subordinar totalmente o trabalho, mas deve, na prática, permitir que o
trabalho mantenha algum controle sobre o processo de trabalho.

Você também pode gostar