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AULA SISTEMATIZADA

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ESTE T E XTO ESTÁ NA BIBLIOTECA VIRTUAL "NOSSA BIBL IOT E CA"
ROCHA, JOSÉ MANUEL SACADURA.  SOCIOLOGIA JUR ÍDICA , 5ª
EDIÇÃ O .. [MINHA BIBLIOTECA].
KARL MARX
De Karl Heinrich Marx (1818-1883) pode-se não gostar, não
concordar com suas ideias, ou mesmo achar que suas afirmações
não se mostraram verdadeiras, mas não se pode negar sua
objetividade e seu brilhantismo em formular uma teoria social que o
coloca definitivamente entre os grandes pensadores da humanidade
KARL MARX
Para Marx, o capitalismo é um sistema produtivo específico,
construído historicamente pelos homens na luta pela sobrevivência.
Isto quer dizer que o sistema capitalista de produção é uma etapa do
desenvolvimento histórico da humanidade, que antes deste outros
sistemas produtivos lhe precederam e lhe deram origem, da mesma
forma que outros lhe sucederão.
KARL MARX
De um lado, a importância da obra de Marx é demonstrar
cientificamente esta realidade histórica e revolucionária da
humanidade na luta incessante pela sua existência material.
De outro lado, entender profundamente a essência deste estágio de
desenvolvimento produtivo, o sistema capitalista, quais as suas
determinações, suas origens e suas consequências. 
Estrutura Social
A explicação sociológica marxista começa pela produção, pelo
trabalho humano necessário à produção de bens e serviços
indispensáveis à sobrevivência dos homens. A esta base produtiva
Marx chamou de Estrutura.
A estrutura social é composta pelas forças produtivas e pelas
relações de produção subjacentes. Forças produtivas são as
ferramentas e os métodos de trabalho, que em um determinado
momento, o grupo social desenvolve e utiliza na produção desses
bens e serviços, necessários à sua sobrevivência. 
Materialismo Histórico
Faz-se necessário parar e entender melhor este Materialismo
Histórico, que é a base do pensamento marxista, e a sua explicação
estrutural do funcionamento social, com pena de se reduzir esta tese
a um determinismo economicista ainda aludido por quem faz uma
crítica vulgar a Marx.
Materialismo: produção concreta dos bens e serviços necessários à
existência humana.
Histórico: transformação permanente dessa produção pela revolução
incessante dos meios e formas de trabalho.
Marxismo e o Direito
Na visão marxista, o fundamento do modo capitalista de produção é
reproduzir permanentemente a existência dos homens como
fenômeno mercantil.
O fundamento do sistema capitalista é o mercado de livre
concorrência. O fundamento histórico da sociedade mercantil de
livre concorrência é transformar permanentemente produtos e
indivíduos em objetos passíveis de troca e realização de lucro.
Marxismo e o Direito
O caráter essencial deste sistema é, portanto, reinventar
inexoravelmente, sob as condições do capital, as formas de
dominação e exploração do trabalho humano para que a vida seja
toda ela colocada a serviço do lucro e acumulação de capital.
Marxismo e o Direito
Essa subjugação da sociedade à lógica de mercantilização do capital
fundamenta-se, segundo esta teoria, em alguns princípios basilares:
1) propriedade privada dos meios e formas de produção;
2) exploração da força de trabalho dos trabalhadores – não proprietários das
forças produtivas;
3) dominação jurídica no nível formal – sistema e norma, tanto quanto no nível
político –, dominação da classe burguesa do aparelho de Estado;
4) na capacidade de fornecer de forma acabada uma visão de mundo e um
projeto de vida em sociedade para a esmagadora maioria dos indivíduos – o
papel da filosofia burguesa. 
Marxismo e o Direito
Para começar, deve-se relembrar que segundo o Materialismo
Histórico é a Estrutura social – forças produtivas e relações sociais de
produção – que determinam a Superestrutura – o sistema jurídico
(elaboração da lei, execução e controle da lei, julgamento e punição) e
o Estado.
Ora, no âmbito da divisão do trabalho social, as forças produtivas se
encontram distribuídas de forma específica neste modo de produção
genuinamente capitalista, a visar a maximização do capital a cada
instante: divisão entre trabalho manual e trabalho intelectual, entre
capitalistas e trabalhadores de forma geral. 
Marxismo e o Direito
Existem outras divisões do trabalho, formas “especiais” que
adquirem maior ou menor importância num contexto histórico
determinado, nesta ou naquela sociedade, mas que se subordinam
de forma geral à divisão maior própria do capitalismo em seu estado
genuíno.
Marxismo e o Direito
Portanto, o sistema jurídico de forma geral só pode refletir estas
separações seja na formalidade e dogmatismo de suas leis, como
no modus operandis de suas estruturas operacionais de execução,
controle e punição. Em outras palavras, toda a estrutura jurídica no
âmbito do sistema capitalista original, tanto do ponto de vista formal
como operacional, é consequência das relações sociais e das formas
como as forças produtivas se encontram distribuídas no âmbito
concreto da produção material. 
Marxismo e o Direito
Se a divisão do trabalho coloca de forma real o trabalho intelectual
como superior ao trabalho manual, se é uma classe que domina os
instrumentos e as formas de trabalho, e se distribui conforme sua
conveniência e status quem faz o quê e qual a importância do
trabalho de cada um, a lei, o Direito, o sistema jurídico e o Estado
serão convertidos em instrumentos de reafirmação desta forma de
ser, podendo elaborar, executar, julgar e punir de acordo com os
interesses da classe dominante.
Marxismo e o Direito
Por isso, o marxismo jurídico vai ver sempre nas formas fenomênicas do
Estado a consolidação de uma desigualdade engendrada a partir das relações
sociais de produção em que a determinação de valores do trabalho, a partir de
sua divisão social, levará repetidamente a lei e o Direito a perpetuarem as
formas de dominação e exploração da força de trabalho humano.
Esta desigualdade já está posta nas formas de produção e nas relações sociais
correspondentes ao modo capitalista de produção.
O Direito, como Superestrutura, não pode, em princípio, revoltar-se e
revolucionar esta realidade e este caráter mercantil do valor trabalho e da
dominação de classes oriunda dele
Marxismo e o Direito
De certa forma, pode-se dizer que o Direito, em si mesmo, não é o
culpado pela desigualdade e pela injustiça social que tais
mecanismos estruturais fabricam incessantemente.
Igualmente, pode-se dizer que o Direito e o sistema jurídico como
um todo não têm mecanismos, na sociedade burguesa, que por si só
possam reverter esta situação de subordinação à dinâmica do capital
enquanto modo de produção genuíno determinado historicamente. 
Marxismo e o Direito
Se o Direito, o ordenamento jurídico, o aparelho judicial e o sistema
penitenciário aparecem injustos, ineficazes e ineficientes, se a
violência social de um lado e a truculência do Estado do outro só
fazem crescer nas sociedades modernas, a origem tem de ser
buscada nas condições de origem desse Direito e desse Estado. 

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