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AULA SISTEMATIZADA

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ESTE T E XTO ESTÁ NA BIBLIOTECA VIRTUAL "NOSSA BIBL IOT E CA"
ROCHA, JOSÉ MANUEL SACADURA.  SOCIOLOGIA JUR ÍDICA , 5ª
EDIÇÃ O .. [MINHA BIBLIOTECA].
ANOMIA, NORMALIDADE E
COMPORTAMENTO PATOLÓGICO
Anomia é um termo cunhado pela Sociologia clássica para designar
a tendência das ações dos atores a se afastarem da média dos
comportamentos sociais tidos como desejáveis.
De qualquer forma, para a Sociologia, um comportamento não
desejável pela comunidade pode não ser, como muitas vezes
acontece, indesejável, pelo menos do ponto de vista do agente,
quando não do ponto de vista de algum grupo ou muitos agentes
isolados.
ANOMIA, NORMALIDADE E COMPORTAMENTO
PATOLÓGICO
Assim, a Anomia é apenas a contestação desta possibilidade de
atores apresentarem comportamentos disruptivos – essas ações
intencionais ou não intencionais são sentidas no corpo social como
perturbadoras, mas sociologicamente ainda podem ser consideradas
dentro da normalidade; se são reconhecidas (verdadeiramente ou
não) com potencial elevado de desorganização social naquele
momento específico, sofrerão sanções; caso contrário, passarão ao
largo das ações recriminatórias mais consensuais.
ANOMIA, NORMALIDADE E COMPORTAMENTO
PATOLÓGICO
Segundo Durkheim, a coercitividade é sempre no sentido de dirigir
os indivíduos para a linha média de comportamento. Assim, todo o
comportamento sofrerá sanções à medida que se afasta dessa média
comportamental esperada. Se o comportamento se afasta pouco,
pode estar dentro de certa tolerância permitida pela consciência
coletiva, e neste caso, pouca ou nenhuma sanção será observada.
Mas, à medida que o comportamento se afasta mais dessa linha
média, a Anomia se agrava e mais e mais a sanção se fará presente.
ANOMIA, NORMALIDADE E COMPORTAMENTO
PATOLÓGICO
Podemos distinguir dois tipos de sanção: a sanção espontânea –
aquela que o próprio grupo exerce sobre o comportamento
desviante, aquela exercida pela própria sociedade; e a sanção legal,
a que tem o peso da lei – para distinguir a espontânea da legal,
pode-se chamar esta última de punição. 
ANOMIA, NORMALIDADE E COMPORTAMENTO
PATOLÓGICO
Portanto, a sanção e a punição já estão presentes mesmo dentro da
normalidade, isto é, dentro dos limites da coercitividade possível, e
servem, na verdade, para regular as condutas anômicas de forma
que os comportamentos não se desviem muito do ponto médio;
dizendo de outra forma, as sanções, e as punições com peso da lei,
atributo do Estado, têm o papel de reforçar permanentemente a
consciência coletiva determinada de uma sociedade evitando que a
anomia se intensifique e espalhe. 
ANOMIA, NORMALIDADE E COMPORTAMENTO
PATOLÓGICO
Na verdade, pode-se até afirmar, e aí está a importância e atualidade
da teoria sociológica de Durkheim, que um comportamento
patológico já corresponde ao fracasso da coercitividade social e de
seus agentes e Instituições de Controle Social, porquanto o papel
destes e de seus mecanismos punitivos e controladores só se
justifica, no mínimo, se for para garantir que os indivíduos se
sociabilizem de forma a obterem sucesso em sua sobrevivência.
ANOMIA, NORMALIDADE E COMPORTAMENTO
PATOLÓGICO
Quer dizer: se a coercitividade não é arbitrária e agressiva por
definição, por outro lado, só não o é, ou só se torna plausível aceitar
tal argumentação e aceitar as sanções dos estatutos reguladores se
for para possibilitar a sobrevivência digna do ser humano; caso
contrário não existe contrapartida para a “violência” inerente à
necessidade intrínseca do convívio social em uma realidade que só
faz modernamente suscitar os indivíduos a condutas anômicas. 
ANOMIA, NORMALIDADE E COMPORTAMENTO
PATOLÓGICO
De alguma forma, o que Durkheim está mostrando é que aquela
perda de liberdade individual e a vigilância da consciência coletiva,
com as quais se é educado, devem ser compensadas com uma
existência que realize a potencialidade do ser humano e que este
seja respeitado como tal. 
ANOMIA, NORMALIDADE E COMPORTAMENTO
PATOLÓGICO
Ora, se o comportamento, por anomia, se desraigou demais do
comportamento médio esperado, até chegar a ir além do máximo que a
sociedade já estabeleceu como limite às estratégias de sobrevivência,
então algo fracassou em todo o processo de sociabilização e na agenda
que o grupo social impõe de comportamento aos seus membros, não só
pelo favorecimento da anomia, mas pela incompetência em desenvolver
alternativas à exclusão endógena da moderna divisão do trabalho social.
Neste sentido, diz-se que a solidariedade fracassou. E é aqui que de forma
fundamental o Direito é chamado a refletir sobre seu papel como estatuto
maior do Estado; o Estado e o Direito como Instituição de Controle Social.
COMPORTAMENTO ANÔMICO E COMPORTAMENTO
PATOLÓGICO

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