Você está na página 1de 3

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS – CURSO DE CIENCIAS SOCIAIS.


DISCIPLINA: TEORIA SOCIOLÓGICA CLÁSSICA.
PROF. DR. ANDERSON M. RETONDAR.
1ª AVALIAÇÃO- 06/04/2022- VALOR: 10,00 PONTOS.
ALUNO (A): GABRIEL DE SOUZA COSTA.

1-) Faça uma apresentação do conceito de “fato social” tal qual proposto por
Durkheim.
O fato social, segundo Durkheim, consiste em maneiras de agir, de pensar e de
sentir coletivos, que uma determinada sociedade gera para um indivíduo, obrigando-os a
se adaptar às regras da sociedade onde vivem, uma realidade sui generis. Só que nem
tudo o que é realizado pelo indivíduo pode ser considerado um fato social, porque para
que seja um, deve atender a três conceitos estipulados por Durkheim: generalidade,
exterioridade e coercitividade. E Durkheim dizia que “o homem é uma animal que só se
humaniza pela socialização”. Um exemplo de fato social é a educação imposta aos
indivíduos (coercitividade), porque ela já tem uma existência imposta anteriormente aos
membros da sociedade antes deles a integrarem (exterioridade) e é um fator que ocorre
na totalidade da sociedade (generalidade).
A Exterioridade consiste a algo fora da consciência do indivíduo, uma vez que
ao nascer ele encontra uma sociedade padronizada, organizada, com leis, padrões
(estéticos, culturais e etc.), uma economia já montada e baseada em um sistema, e esse
indivíduo deve aprender como essa sociedade funciona para assim ser inserido nela,
exemplo disso são as leis, pois se um indivíduo não cumprir, ele é retirado da sociedade.
Por sua vez a Coercitividade está relacionada a força, ao poder, onde os padrões
culturais de uma determinada sociedade são impostos para os indivíduos que nela
habitam, e tem o papel de obrigá-los a cumprir as regras impostas, a escola é um
exemplo disso, pois ela introduz o aspecto da sociedade para o indivíduo, por meio da
educação, outro exemplo disso seria os padrões estipulados por uma sociedade, seja
esses padrões de beleza, culturais, artísticos, e etc., que alienam o indivíduo a segui-lo.
Já a Generalidade é o coletivo do meio social, da sociedade, de todos os
indivíduos, ou de um determinado grupo, ou seja, os fatos socias são coletivos, as
realidades são coletivas, exemplo disso é a escola, visto que todos que fazem parte da
sociedade passaram pela escola, e um exemplo disso dentro de um grupo, pode ser as
torcidas de futebol ou um fã clube de um determinado(a) artista, pois tem um interesse
em comum para todos que constituem esse grupo.
Quando um indivíduo vai de encontro as normas e regras socias, existem dois
pontos que geram uma consequência para esse indivíduo, que são as Sanções Jurídicas e
Morais, a primeira consiste no aspecto de leis, dentro da exterioridade, a segunda é vista
como algo que vive dentro da consciência do indivíduo, algo no qual ele carrega dentro
de si e convive consequentemente.
Para Durkheim existem dois tipos de fatos socias: normais e patológicos. Os
Normais estariam dentro dos padrões da sociedade, no limite da aceitação, sendo esses
duráveis, de agregação social e dentro do conceito de Coesão Social, já os Patológicos
partem de encontro aos normais, sendo assim, fora dos limites, transitórios, dentro de
um aspecto de desagregação social, produzindo uma Anomia Social.
Para termos uma Coesão Social, devemos indagar que a sociedade deve ser
idealizada como um corpo, e para funcionar é necessário que todos os órgãos estejam
em plena adequação, esses órgãos são os indivíduos, e quando esse corpo está dentro de
uma harmonia, ele resulta numa solidariedade social para os membros de um
determinado grupo. No caso de uma Anomia Social, se dá quando um determinado
indivíduo foge do padrão, onde ele comete uma fuga da lógica imposta, comete um
desvio da curva.
Por fim, Durkheim evidencia que o conhecimento científico é objetivo, desde
que não haja uma interferência nas crenças e valores por parte do Pesquisador, isso quer
dizer que, para um conhecimento ser objetivo, deve vir por parte do Pesquisador uma
Neutralidade, que por sua vez esse é um dos pressupostos do positivismo científico.

3-) Discuta a relação entre Suicídio e Sociedade segundo Durkheim.


Para Durkheim o suicídio está diretamente ligado a sociedade, visto que na
construção do seu livro “O Suicídio”, o mesmo apresenta três variações distintas da
forma de execução de um suicídio, porém com todas elas ligadas a sociedade, e visto
por ele como um ato/atitude/ação executado pela vítima de forma consciente e
elaborada, que resulta em sua morte, ele chega a conclusão de que os números de
suicídios de uma determinada sociedade sempre irão se manter dentro de um padrão, ou
seja, sempre irá manter uma regularidade, o que faz ele compreender que no próximo
ano irá morrer x pessoas e no próximo x ou algo bastante próximo e assim
sucessivamente, o que o faz relacionar o suicídio como algo que pertence a sociedade e
não apenas para quem o cometeu, e são os seguintes tipos de suicídios: egoísta, altruísta
e anômico.
O suicídio egoísta geralmente ocorre quando as relações entre os indivíduos e a
sociedade se afrouxam, o que acarreta nesse indivíduo a visão de sua vida não ter mais
sentido, de não ter razão para viver, onde nesse caso podemos enxergar claramente que
a partir do momento em que o indivíduo se sente socialmente isolado, abandonado, seja
ele se colocando em tal posição ou a sociedade o colocando, ele acaba partindo para sua
última ação em vida: pôr um fim nela. Exemplo disso seria um indivíduo que por ter
sido abandonado pelos pais, parentes ou pessoas próximas, acaba vendo nesses
abandonos uma quebra total nos seus vínculos sociais e a partir disso pode chegar a
ação de tirar sua vida, outro exemplo seria a de essa ligação social ser quebrada pelo
indivíduo, uma vez que ele dentro de uma relação social e afetiva, acaba gerando a
morte intencional de uma ou mais pessoas presentes em seu ciclo de convívio, e que no
final de tal ação acaba por cometer o ato do suicídio, visando que a partir do crime feito,
a sua relação social é completamente esvanecida e sua atitude sempre estará
marginalizada no ponto de vista moral e social.
O suicídio altruísta acontece quando o ego não pertence ao indivíduo,
geralmente é feito para reforçar um parâmetro social ou para reforçar uma ideia ou
ideologia existente em um determinado grupo social a qual o indivíduo pertence, pode
ser um ato voluntário, de disciplina ou então atrelado a força coercitiva. Exemplo disso
seria os Kamikazes na Segunda Guerra Mundial, que na defesa de seu país (Japão),
acabavam cometendo o ato de jogar o avião em um ponto estratégico de zona de guerra
e assim ter a possibilidade de levar uma conquista para seu país, e dentro desse
exemplo podemos analisar que esse ato pode ser voluntário e também um uso de força
coercitiva, visto que muitos desses soldados só possuíam o combustível necessário para
chegarem ao seu destino, outro exemplo de suicídio altruísta pode partir do adultério,
uma vez que o indivíduo presente nessa relação reforça a moral instituída pelo meio
social no qual ele está inserido, onde ele espera que seu ato seja passado como uma
mensagem social de que o adultério é algo errado e que pode acarretar no fim da vida de
uma pessoa, ou seja, tal ato é mais voltado para a preservação da moral social do que
para si mesmo.
O suicídio anômico é aquele que é gerado através de uma situação de anomia
social, podendo ser ele pela ausência de regras na sociedade, o que gera uma falta de
normalidade social, gerando um caos. Um exemplo disso é o aumento na taxa de
desemprego, gerado por uma crise econômica, que acaba refletindo numa desregulação
das regras normais dentro de uma sociedade, porque gera para certos indivíduos uma
situação inferior à que ele possuía antes, podendo em alguns casos levar esse indivíduo
a viver em situação de rua e diante de tal desordem, esse mesmo indivíduo acaba vendo
no ato de suicidar-se uma solução para tal problema imposto pela sociedade.

Você também pode gostar