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CURITIBA
2022
ARTIGO SOBRE UNIDADE II: SOCIOLOGIA DA POLÍTICA EM MARX E ENGELS
1. O IMPACTO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO CAPITALISTA NA FORMAÇÃO E
INDIVIDUALIDADE DO SUJEITO COMO ATOR POLÍTICO
Através dessa ótica, Marx está defendendo uma ideia de que naquela dada
sociedade inglesa no ápice de sua revolução industrial, os indivíduos são conectados por
meio de uma cadeia de relações sociais meramente formadas e já pré-determinadas pelos
meios de produção aos quais se faz necessário o sistema capitalista progredir, e o próprio
sistema só avançaria a partir da troca dessas relações.
Dessa forma, é construída a base econômica, a qual os valores éticos e morais, e
consequentemente todo o fazer jurídico e político, é condicionado a ser direcionado, ficando,
direta ou indiretamente, refém dessas relações arbitrárias que o ser acaba formando com o
social. Como finaliza Marx, a própria consciência do indivíduo é suplantada pelo
materialismo dessas relações, onde toda a sua vida e as suas formas de expressão, sejam
elas culturais, artísticas, intelectuais e, nesse caso principalmente, políticas, são
determinadas pela força dos modos de produção atuando no cerne do ser social.
Em seguida, podemos atrelar essa perca da subjetividade humana a outro conceito
que Marx atenua em seus escritos: a reificação. Como ele diz:
No capital-lucro, ou melhor capital-juros, terra-renda fundiária, trabalho-
salários, nesta Trindade econômica como conexão dos componentes de
valor e riqueza além e acima de suas fontes, completam a mistificação do
modo de produção capitalista, a reificação das relações sociais, a
incomensurável junção das relações de produção material com sua
determinação histórico-social [...] (MARX, 1969b, p. 838)
Nesse sentido, o autor frisa a forma de como a lógica trabalhista do capital induz à
alienação do indivíduo, com sua subjetividade sendo moldada pelo homem-economicus, isto
é, o ser humano que só conhece os valores da troca assimétrica, do ganho, da
produtividade (ROLO, 2012). Com esse mesmo espectro, ao revisitar os estudos da dialética
marxista, Georg Lukács é outro que atribuí a reificação como um sintoma dos modos de
organização do trabalho no capitalismo moderno:
Se perseguirmos o caminho desenvolvido pelo processo de trabalho
desde o artesanato, passando pela cooperação e pela manufatura, até a
indústria mecânica, descobriremos uma racionalização continuamente
crescente, uma eliminação cada vez maior das propriedades qualitativas
humanas e individuais do trabalhador. […] Com a moderna análise
“psicológica” do processo de trabalho (sistema de Taylor), essa
mecanização racional penetra até a “alma” do trabalhador. (LUKÁCS, 2003,
p. 201)
Já para Antonio Gramsci é um dos autores que acredita que deve haver um
momento de grande ênfase em que os alienados socialmente pela superestrutura em
questão, tomem consciência de sua vida política manipulada, como define ele ao chamar
esse evento de catarse:
Pode-se empregar a expressão ―catarse‖ para indicar a passagem do
momento meramente econômico (ou egoístico-passional) ao momento
ético-político, isto é, a elaboração superior da estrutura em superestrutura
na consciência dos homens. Isso significa, também, a passagem do objetivo
ao subjetivo e da necessidade à liberdade. (GRAMSCI, 2007, vol. 1, p. 314-
315).
Por sua vez, Lukács também crê em uma desalienação por meio de ações
revolucionárias, mas no sentido de os alienados compreenderem a dimensão e a totalidade
histórica que permitiu que chegassem aonde estão:
Justamente porque é impossível para o proletariado libertar-se
como classe sem suprimir a sociedade de classes em geral, sua
consciência, que é a última consciência de classe na história da
humanidade, deve coincidir, de um lado, com o desvendamento da essência
da sociedade e, de outro, tornar-se uma unidade cada vez mais íntima da
teoria e da práxis.(LUKÁCS, 2012, p. 174)
Assim sendo, se faz mister uma revisão acerca de como o debate político, a
divulgação dos agentes políticos e outras atividades inerentes entre as relações de poder
são representadas na atualidade. Para que uma sociedade possa continuar a crescer e
evoluir para o bem de seus cidadãos, assim como as instituições possam melhor administrar
seus papéis socialmente, a autonomia do ser deve ser amplamente valorizada para gerar
um ambiente não só mais singular e crítico, como também mais preocupado em libertar
seus indivíduos das amarras do sistema dominante.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS