Três elementos põem a História numa possibilidade de reinterpretação: Revisionismo,
política e conquista (hegemonia). Gramsci faz essa descoberta da singela combinação da História através do que poderíamos chamar de um marxismo revisado, renovado e revolucionário. A democracia de Gramsci está presente tanto nos Cadernos como nas obras pré- cárcere. Cria certo modo de ser, fundamentado numa determinada visão de mundo desde a idéia de organização até a concepção do partido passando pela questão da cultura e vida nacional. Todas suas análises têm finalidade de chegar à essência da questão social- democrática, pela vontade e pela luta política que faz criar um bloco histórico que altere as superestruturas da sociedade. Repensar as instituições operárias (sindicatos e conselhos de fábrica) articulando-lhe as diversas formas de organizações da classe era a tarefa de Gramsci. Gramsci pensa a natureza diferencial dos Estados capitalistas e socialistas. Para ele o Estado Socialista é fundamentalmente novo. Era necessário criar um Estado novo a partir das experiências associativas dos proletariados. Já o Estado Capitalista foi organizado par fins de livre concorrência. Não bastava assaltar o poder disse Gramsci. Era necessário um trabalho preparatório de sistematização e propaganda. Era necessário dar mais desenvolvimento e mais poderes as representações proletárias já existentes, fazendo surgir também nas aldeias, para que sejam constituídos comunistas conscientes de sua missão revolucionária. Não basta o poder, deve ir mais longe e realizar aquilo que a burguesia não fez em seu Estado. A criação de um novo Estado é difícil. E os sindicatos e os partidos não dão conta. Então tem um novo movimento que são as Comissões internas. Já que o Estado Socialista é novo, não basta dar novas ordens a velhos funcionários. Deve-se se criar uma nova civilização. A partir das comissões internas que virarão Conselhos de fábricas após a eliminação de limites capitalistas acabarão sendo a escola na qual os operários se tornarão consciente. O operário que é o instrumento de produção deve tomar consciência de sua situação enquanto classe. Perceber-se como produtor e não apenas como assalariado. A diferença essencial para Gramsci de sindicato e comissão é: o sindicato tem função mais comercial, e que consiste em uma valorização em um dado mercado burguês do trabalho para vendê-lo por um melhor preço. Já a comissão prepara os homens, conceitos e organismos para uma contínua ação pré-revolucionária. Para Gramsci o conselho de fábrica é instrumento e encarnará a ditadura proletária. Só conselhos eleitos, articulados agilmente nos locais de trabalho, coordenados e hierarquizados, local e nacionalmente, poderão tornar possível a democracia operária. Os sindicatos só têm valor na medida em que sejam revolucionários. A questão do poder está claramente colocada, os sindicatos perderam a capacidade de representação a partir de quando absorveram o estilo e conteúdo burguês. Agora este poder deve estar na mão dos comissários. Os conselhos eleitos pela massa operária e não indicados pelos sindicatos devem vigiar e diminuir o poder dos capitalistas. Devem também fazer com que os operários se qualifiquem cada vez mais. E o comissário que é intelectual da classe deve fazer com que cada operário seja outro intelectual da classe. O sindicato representa um operário organizado, porém não representa aqueles que não aderiram. O sindicato disciplina o mercado de trabalho, porém não tem função de acabar com o Capitalismo. Já o conselho de fábrica vive a vida diária do operário e está vivenciando as experiências da classe. Assalariado é o proletariado através da visão jurídica do trabalho. Já o produtor é o proletariado enquanto classe e não instrumento de trabalho. Conselho, ao contrário do sindicato consegue marcar diferenciação no interior da classe e promover a unificação. Sindicato se baseia no individuo e já o conselho funda no coletivo. Sindicato tende a melhoria do trabalhador dentro da ordem capitalista, mas não acaba com a propriedade privada, ordem de produção e exploração do homem. Não forma o trabalhador. Já o conselho visa liquidar esse processo de produção capitalista, a exploração e formar indivíduos conscientes. Visa transformar operários em produtores. O conceito de hegemonia apareceu primeiramente nos escritos de Plekhacov, depois por Axerold, Martov e Lênin no sentido de “primazia do proletariado”. Gramsci trabalha o conceito de hegemonia dando contraste entre as estruturas políticas do Oriente e Ocidente, nos marcos da relação entre Sociedade Civil e Estado. O objetivo de Gramsci era explicar a derrota da revolução no Ocidente. Gramsci não concebia o poder do Capital na formação social como resultado exclusivo de uma hegemonia cultural. Hegemonia = direção por consenso. Hegemonia é diferente de dominação. Hegemonia significa, para Gramsci, a relação de domínio de uma classe social sobre o conjunto da sociedade. O domínio se caracteriza por dois elementos: força e consenso. A força é exercida pelas instituições políticas e jurídicas e pelo controle do aparato policial-militar. O consenso diz respeito sobretudo à cultura: trata-se de uma liderança ideológica conquistada entre a maioria da sociedade e formada por um conjunto de valores morais e regras de comportamento. Segundo Gramsci, “toda relação de hegemonia é necessariamente uma relação pedagógica”, isto é, de aprendizado. A hegemonia de classe está com a burguesia porque eles detêm os meios de produção e a ideologia dominante, com isso, para Gramsci é preciso que as classes subalternas tomem consciência de que elas precisam unir-se para ganharem força e tornarem-se hegemônicos ideologicamente. hegemonia é a compreensão que ambos têm de que a sociedade é um todo orgânico e unitário, que se explica a partir da base econômica, mas que não pode ser reduzida inteiramente a ela. Fonte: http://pt.shvoong.com/social-sciences/1751464-gramsci-hegemonia/#ixzz1acTUYvYd