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No capítulo intitulado modo de produção mundial o autor visa revelar e esclarecer a mecânica

do modo capitalista de produção, a dinâmica de suas correspondentes relações de produção,


com as “tendencias que operam e se lhe impõem com férrea necessidade”, conformando seu
devir.

Não há leis eternas e invariáveis. Cada período histórico possui suas próprias “leis” que regem
o nascimento, a existência, o desenvolvimento e a morte de um determinado organismo social
e sua substituição por outro de nível mais alto.

Toda formação histórica (da mais simples à mais complexa) possui sua maneira própria de
organizar a vida social, seu modo de produzir, cuja dinâmica interna, seja nas sociedades mais
modernas como nas mais antigas, está sempre condicionada (ainda que de forma não
unilateral) pelo grau de desenvolvimento das forças produtivas que, por sua vez, são, em si
mesmas, um produto histórico e social. Aquilo que os indivíduos são, a forma de ser e existir
de uma dada sociedade está sempre, necessária e primordialmente correlacionado com as
condições matérias básicas de sua produção; depende, em última instancia, tanto daquilo que
se produz como da forma que se produz. A combinação dinâmica e Inter determinante desses
elementos é o fator que confere identidade, singularidade e especificidade as várias formas de
manifestação da organização da vida social entre os diversos povos e civilizações ao longo da
história.

É valido lembrar que uma organização social nunca desaparece antes que se desenvolvam
todas as forças produtivas que ela é capaz de conter. Sendo o capitalismo a mais completa e
desenvolvida organização histórica de produção.

O modo capitalista de produção é, numa primeira dimensão, um modo de produção de


mercadorias. No entanto não é a produção de mercadorias, como tal, aquilo que distingue o
capitalismo de outros modos de produção, mas a circunstância da predominância desse
caráter mercantil da produção sobre outras formas possíveis.

AI ele fala sobre o dinheiro como um equivalente geral de troca, que se consolidou a partir das
relações generalizadas de troca.

No início a finalidade do comercio era a troca de mercadorias, o intercâmbio de valores de uso


expressa na formula M-D-M. passando a ser a aquisição do dinheiro propriamente dito,
surgindo a duplicação da tropa, a troca como função de consumo e da troca como função da
troca. D-M-D

Deixando evidente um tipo de dinâmica econômica onde o objetivo primordial inscrito na raiz
das operações de troca já é a busca e acumulação de riqueza, sintetizada na formula comprar
para vender.

E como resultado da intensificação e difusão do mercado, o dinheiro, além de meio de troca e


medida universal de valor, vai também assumindo uma terceira determinação, que o torna
cada vez mais autônomo em relação a própria circulação. Se tornando Fonte de acumulação
um meio para gerar e expandir riquezas, inaugura-se um novo ciclo D- M-D’.

Primeiramente isto é realizado no interior do próprio ato de troca, comprar para vender mais
caro. No entanto a simples dinâmica da circulação não é capaz de elucidar a permanente
acumulação de capital.
O autor passa da ANALISE DA esfera da circulação para a da produção, analisando como é
possível o capitalista obter no final do processo de produção, uma soma de valor superior
aquele que utilizou na origem do empreendimento. Isso só seria possível através de uma
mercadoria especial, o trabalho, que ao ser consumida, produz novas mercadorias, um novo
valor, que gera um valor total superior aquele que o capitalista antecipou e gastou com
matérias primas e com o pagamento da força de trabalho: um valor excedente, a mais valia,
que represente a possibilidade de renovação do ciclo produtivo, ora em escala ampliada, ora
com mais riqueza acumulada pelo proprietário dos meios de produção.

Dessa forma, o caráter básico do capitalismo é a apropriação do trabalho humano pelo capital
com o objetivo precípuo de sua permanente valorização. Logo as condições da produção são
simultaneamente as condições da reprodução, se a produção tem a forma capitalista, assim
será também sua reprodução. Reproduzindo-se tendencialmente sempre em escala ampliada.

A concorrência é a natureza interna do capital, a competição entre capitais joga, também um


papel decisivo na conformação da lei geral da acumulação capitalista.

Ainda mostra que nem sempre as altas taxas de mais valia correspondem a altas taxas de lucro
e como, dependendo da relação entre oferta e demanda, pequenas taxas de lucro contidas no
valor final de um produto convertem-se, muitas vezes, em superlucros para o seu dono.

No circuito do mercado e da concorrência, apenas os capitais mais competitivos, capazes de


oferecer seus produtos a preços mais vantajosos, tornam se aptos a prosperar, na medida em
que canalizam para si nas opções da demanda efetiva. A concorrência leva a concentração e
está, a eliminação progressiva dos mais débeis.

Na dinâmica do capitalismo, devido a concorrência, cada acumulação se torna meio para nova
acumulação. Sendo a centralização uma estratégia de aceleração da própria acumulação
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O movimento de concentração do capital desagua logica e historicamente na centralização de


capitais, demarcando um novo patamar da luta concorrencial entre capitais individuais, agora
sempre mais robustos e agigantados, sua fase monopolista. Redesenhando o mercado mundial
e a geopolítica de todo o sistema global na razão direta da busca pelo grande capital (industrial
me financeiro) de novas fontes de oxigenação.

O império do monopólio é governado pela “lei das selvas”, onde reinam os mais fortes,
vencem os capitais mais ativos e inovadores.

Concentração, centralização e reprodução ampliada do capital. O capitalismo se apresenta


como um modo de produção que, por sua própria dinâmica interna de auto expansão
constante (sua lei geral de acumulação), vai transformando, progressivamente, o planeta por
inteiro, numa única e gigantesca fabrica global de mercadorias e mais valia. Revela-se,
portanto, pouco a pouco não apenas como um modo de produção de mercadorias de mais
valia, mas também e essencialmente como um modo de produção mundial, sua terceira
dimensão.

Rosa Luxemburgo, característica singular do capitalismo que o distingue dos outros modos de
produção é a sua tendência a estender-se a toda a Terra e a expulsar qualquer outra forma de
sociedade antiga.
Desenvolvendo-se como uma teia que vai agregando cada canto da Terra a único, imenso e
entrelaçado organismo voltado à produção e circulação de mercadorias. Consolidando-se
como um sistema mundial fortemente articulado e interdependente ainda que de maneira
desigual, em cujo âmbito toda a dinâmica social vigente e suas manifestações fenomênicas
mais salientes já não constituem senão expressões dessa cadeia mais alargada e multifacetada
de interacionismo.

Mundialização não significa homogeneização.

O capitalismo pode ser vislumbrado desde as suas origens como um longo e gigantesco
processo gradativo e ininterrupto de surtos de mundialização.

1 Mundialização do comercio, com suas formas de institucionalização dos mecanismos de


acumulação originária, o comercio supranacional, intercontinental.

2 surto de mundialização revolução das bases produtivas capitalistas, passagem da manufatura


à grande indústria.

O século XX, apresenta-se como o cenário historicamente concreto e ilustrativo de toda essa
nova fase da processualidade mundializada do capital produtivo, ora metamorfoseado em
capital financeiro; primeiro o Imperialismo como etapa de mundialização horizontal das bases
produtivas do capital; mais recentemente, o globalismo como etapa de mundialização vertical
dessas mesmas bases via transnacionalização do capital produtivo/financeiro.

O globalismo é o momento histórico que se consagra como verdadeira etapa superior do


capitalismo.

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