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Prezado (a) aluno (a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso
já é o inicio de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora.
Proponho, junto com você construir nosso conhecimento sobre os fundamentos
do comércio internacional. Além de conhecer seus principais conceitos e
definições vamos explorar fatos históricos e as mais diversas situações do
comércio internacional presentes entre as nações.
Depois, nas unidades III e IV vamos tratar especificamente das taxas de câmbio,
regimes cambiais e das políticas macroeconômicas internacionais. Ao longo da
unidade III, vamos destacar as diferentes taxas de câmbio, os regimes cambiais
e como isso influencia o comércio com os demais países e, por fim, será
apresentado o balanço de pagamentos e sua relação com as políticas
comerciais. Na unidade IV, vamos entender o papel da política macroeconômica
internacional, das regulamentações econômicas e dos diferentes tipos de
empresas no mundo globalizado.
Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta
jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos
abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento
pessoal e profissional.
Plano de Estudo:
• Conceitos de comércio internacional, teorias de comércio e sua evolução.
• Vantagens absolutas.
• Vantagens comparativas.
• Fatores específicos e modelo de Hecksher-Ohlin.
Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar as teorias de comércio internacional.
• Compreender os tipos de teorias de comércio internacional.
• Estabelecer a importância das teorias de comércio internacional.
INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno (a), bem vindo (a) a primeira unidade do livro.
Vamos dar início ao estudo sobre os fundamentos do comércio internacional. Essa
é uma área do conhecimento que estuda as teorias do comércio internacional. As teorias
do comércio internacional tem grande importância por compreender as decisões de
comércio dos países. No entanto, antes de iniciar o estudo das teorias do comércio
internacional, foi abordado o período que antecede as teorias tradicionais do comércio
internacional, período esse conhecido como Mercantilismo.
Com o propósito de atingir o crescimento econômico da nação, o Mercantilismo foi
um período no qual os países adotavam políticas de comércio internacional que tentavam
proporcionar maiores ganhos com o comércio internacional. Após as ações verificadas
no Mercantilismo, foram criadas as teorias desenvolvidas por autores clássicos. A
primeira teoria foi desenvolvida por Adam Smith, a sua teoria foi chamada de teoria das
vantagens absoluta, essa teoria falava basicamente que, os países deveriam produzir o
bem mais barato e importar o bem que era mais caro para produzir.
A partir da teoria de vantagens absolutas, David Ricardo buscou melhorar essa
teoria, criando a teoria das vantagens comparativas. Segundo essa teoria, os países
deveriam se especializar na produção de bens em que possuíam vantagens
comparativas, ou seja, os países deveriam produzir bens em que apresentavam maior
produção ou menor custo relativamente.
Em seguida, serão apresentadas as teorias neoclássicas, ou seja, as teorias mais
modernas do comércio internacional, sendo o Teorema de Hechscher-Ohlin e, por fim,
as extensões da teoria da vantagem comparativa, que foi abordada a economia de escala
e a concorrência imperfeita no mercado internacional.
Desejamos um ótimo estudo a todos!
1 CONCEITOS DE COMÉRCIO INTERNACIONAL, TEORIAS DE COMÉRCIO E SUA
EVOLUÇÃO
Olá caro (a) aluno (a), neste tópico foi abordado conceitos sobre o comércio
internacional, e antes de iniciar o estudo sobre o as teorias do comércio internacional, é
importante conhecer o período anterior à criação das teorias tradicionais do comércio
internacional, com o intuito de saber como se deu a origem das teorias de comércio
internacional, esse período é conhecido como Mercantilismo, portanto, vamos conhecer
mais sobre esse período.
A economia internacional teve início juntamente com o começo do Estado nacional
moderno. O movimento de união das regiões e municípios nos Estados nacionais levou
a uma integração política e econômica. A integração política contribuiu para o surgimento
dos Estados absolutistas, ou seja, que centraliza o poder nas mãos de uma pessoa,
assim as decisões eram tomadas pelos monarcas sem considerar a opinião da
população. A união econômica deu início às práticas realizadas entre os Estados
nacionais conhecidas como Mercantilismo (GONÇALVES, et. al, 1998).
Segundo Salvatore (2000) o Mercantilismo surgiu entre os séculos XVII e XVIII,
por meio de ensaios e panfletos que continham um tipo de filosofia econômica, escrita
por banqueiros, comerciantes, filósofos e funcionários públicos. Desse modo, o
Mercantilismo foi um período no qual os países praticavam políticas de comércio
internacional na tentativa de obter maiores ganhos com o comércio internacional, assim,
a partir desses preceitos, os Estados buscavam atingir o crescimento econômico da
nação.
Para facilitar o entendimento de como funcionava as normas estabelecidas pelos
mercantilistas, Brue (2006) apresenta algumas definições que representam esse período,
sendo: o ouro e a prata como riqueza; a política protecionista; o nacionalismo; a
colonização e a monopolização do comércio; a relevância de contar com uma grande de
mão de obra; eram contrários a impostos ou qualquer outra restrição interna sobre o
transporte de bens.
Portanto, os mercantilistas consideravam que as nações ricas apresentavam uma
grande quantidade de ouro e prata, ou seja, quanto maior o volume de metais preciosos,
maior era a riqueza do Estado nacional. Além disso, adotavam políticas protecionistas,
cobravam taxas de importação de matérias-primas e manufaturas que poderiam ser
produzidos internamente e as importações de matérias primas que não poderiam ser
produzidas internamente era isenta de taxas.
Para ser uma nação poderosa, a mesma deveria acumular riqueza por meio da
exportação aos países próximos, pois assim poderiam colonizar outras nações para se
tornar uma nação mais poderosa. Sendo que, os benefícios adquiridos pelas colônias
eram propriedade do país colonizador.
Os mercantilistas também não eram a favor de cobranças de taxas internas ou
outras restrições, essas cobranças poderiam prejudicar as empresas levando ao
aumento de preços das exportações, e consequentemente, a nação se tornaria menos
competitiva no mercado internacional.
Outra característica que os mercantilistas consideravam importante era uma
grande população de trabalhadores, pois quanto maior a população maior era produção
de bens para a exportação, e, considerando os baixos salários dos trabalhadores, a
nação apresentava significativos ganhos no comércio internacional com acumulação de
metais preciosos advindo dos superávits que a nação apresentava devido às condições
aqui apresentadas.
Desse modo, conforme Gonçalves (1998), a política mercantilista tem o intuito de
defender a presença de um monarca absoluto e contribuir com a integração econômica,
jurídica e administrativa nacional e procura proteger o Estado nacional contra as ameaças
externas.
Os mercantilistas entendiam que para uma nação ficar rica e poderosa era
necessário vender mais para outras nações do que comprar, ou seja, a exportação
deveria ser maior que a importação. Com o superávit da balança comercial, apresentaria
maior entrada de ouro e prata na nação, pois acreditavam que quanto mais acumulassem
de metais preciosos (ouro e prata), mais ricos e poderosos seria a nação. Contudo,
devido a limitação da existência de ouro e prata, não existiria a possibilidade de todas as
nações apresentarem ganhos no comércio internacional, para que uma nação
acumulasse metais preciosos, outra nação deveria perder (SALVATORE, 2000).
2 VANTAGENS ABSOLUTAS
Países
A B Total
Soja 10 5 15
Produção por trabalho hora Trigo 8 2 9
Total 13 11 24
Quadro 1 – Produção de soja e trigo nos países A e B
Fonte: Adaptado de Salvatore (2000, p. 20).
Quando é verificada a quantidade que cada país produz de cada bem, deve ser
calculada a produtividade relativa de cada bem para cada país. Para a soja, a
produtividade relativa do país A (PRSA) é a relação entre a produção de soja por trabalho
hora do país A (PSA) e a produção de soja por trabalho hora do país B (PSB). Para o
trigo, a produtividade relativa do país B (PSA) é a relação entre a produção de trigo por
trabalho hora do país B (PTB) e a produção de soja por trabalho hora do país A (PTA).
Para o país B é o inverso. Portanto, o procedimento foi apresentado abaixo.
Países
Alfa Beta Total
Algodão 8 4 12
Trabalho hora necessário para a
Tecido 15 6 21
produção de uma unidade
Total 23 10 33
Quadro 3 – Custo para a produção de algodão e tecido nos países Alfa e Beta
Fonte: Adaptado de Salvatore (2000, p. 22).
A partir das estimações realizadas, verificamos que o menor custo relativo do país
Alfa é de tecido e o menor custo relativo do país Beta, consequentemente, é de algodão.
Portanto, os países Alfa e Beta devem se especializar na produção de tecido e algodão,
respectivamente. Sendo assim, no Quadro 4, foram apresentados os custos de produção
de cada país com as suas respectivas especializações nos custos de produção dos bens.
Países
A B Total
Algodão 16 - 12
Trabalho hora necessário para a
Tecido - 12 16
produção de uma unidade
Total 16 12 28
Quadro 2 – Produção de soja e trigo nos países A e B considerando suas especializações
Fonte: Elaborado pelo autor.
O artigo está disponibilizado nos anais do Encontro Nacional de Economia por meio do
link: <http://www.anpec.org.br/novosite/br/encontro-2010>.
#SAIBA MAIS#
REFLITA
#REFLITA#
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro (a) aluno (a), chegamos ao final da unidade conhecendo sobre as teorias do
comércio internacional. Vimos os conceitos, a teoria e evolução do comércio
internacional, como se deu a origem das teorias de comércio internacional. O período
anterior ao Mercantilismo, e assim, foi possível avaliar os fatos que ocorreram nesse
período e como isso acarretou no início das teorias de comércio internacional.
O início das teorias de comércio internacional se deu por meio de Adam Smith com
a teoria das vantagens absolutas. Segundo o autor, as nações deveriam produzir bens
em que tinham custos de produção mais barato, ou seja, as nações devem exportações
produtos que são mais baratos para produzir e importar produtos mais caros para
produzir.
Outro autor da escola clássica, David Ricardo apresentou também uma importante
contribuição para a teoria do comércio internacional com uma nova teoria que seria um
avanço da teoria de Adam Smith, ele desenvolveu a teoria das vantagens comparativas.
Segundo David Ricardo os países deveriam se especializar na produção de bens em que
possuíam maior vantagem relativa. Desse modo, as nações deveriam exportar bens que
possuem maiores vantagens relativas e importar bens que possuem menores vantagens
relativas.
E, por fim, o modelo de Heckscher-Ohlin da escola neoclássica, em que
apresentou uma teoria mais moderna em relação às teorias apresentadas anteriormente.
Essa teoria não considera apenas o fator de produção trabalho na produção de bens dos
países, ela considera também a terra. Assim, é possível avaliar como os produtores
escolhem a alocação dos fatores produtivos internamente e para o comércio
internacional.
Assim, chegamos ao final da unidade, esperamos que tenham gostado, ótimo
estudo a todos!
LEITURA COMPLEMENTAR
LIVRO
Editora: Atlas.
Ano: 2014
Ano: 2004.
Sinopse: Em 1989, pouco antes da queda do muro de Berlim, a Sra. Kerner (Katrin
Sab) passa mal, entra em coma e fica desacordada durante os dias que marcaram
o triunfo do regime capitalista. Quando ela desperta, em meados de 1990, sua
cidade, Berlim Oriental, está sensivelmente modificada. Seu filho Alexander (Daniel
Brühl), temendo que a excitação causada pelas drásticas mudanças possa lhe
prejudicar a saúde, decide esconder-lhe os acontecimentos. Enquanto a Sra. Kerner
permanece acamada, Alex não tem muitos problemas, mas quando ela deseja
assistir à televisão ele precisa contar com a ajuda de um amigo diretor de vídeos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Plano de Estudo:
• Políticas comerciais
• Abertura econômica para países em desenvolvimento
• Formação de blocos econômicos e sua taxonomia
Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar as políticas e estratégias comerciais
• Compreender os tipos de políticas e estratégias comerciais
• Estabelecer a importância das políticas e estratégias comerciais
INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno (a), bem vindo (a) a esta unidade do livro.
Nesta unidade será estudado sobre as políticas comerciais e a formação dos
blocos econômicos internacionais e sua taxonomia. Essa é uma área do conhecimento
que aborda sobre como os países se comportam no comércio internacional e quais suas
decisões.
Inicialmente, foram estudados os diferentes tipos de instrumentos de política
comercial, sendo as tarifas de importação, as cotas de importação, os subsídios às
exportações e as restrições voluntárias às exportações. Cada uma das políticas possui
suas especificidades, porém, todas apresentam o mesmo objetivo, de proteger a indústria
nacional por meio da restrição de importações para o doméstico.
Em seguida, será apresentado como se deu a abertura econômica nos países em
desenvolvimento e sua relação com as políticas comerciais. Passando pelo período das
economias primário-exportadoras, seguindo para o Processo por Substituição de
Importações até chegar ao período de abertura comercial dos países em
desenvolvimento.
Por fim, vamos estudar sobre os blocos econômicos e sua taxonomia. Sendo que,
as estratégias comerciais realizadas pelos países podem ser divididas em regionalismo,
integração econômica e multilateralismo. Serão abordadas as especificações de cada um
dos diferentes tipos de blocos econômicos.
Desejamos um ótimo estudo a todos!
1 POLÍTICAS COMERCIAIS
Supondo uma política de tarifas sobre a soja no país doméstico, um aumento dos
preços de P¹ para P² (preço com a tarifa) leva há uma queda da quantidade demandada
e estimula o os produtores a aumentar a oferta. A partir disso, as importações sofrem
redução. As consequências para o mercado mundial é que com o aumento do preço da
soja, há uma queda da quantidade de Q¹ para Q².
Além disso, a adoção da política contribui não apenas para o aumento do preço
do país doméstico, mas também para a redução do preço no país estrangeiro. E assim,
há um aumento das exportações e uma redução das importações. Neste cenário, a Figura
6 mostra os custos e os benefícios que a política de tarifa causa para os consumidores e
produtores da economia doméstica.
Figura 6 – Excedente do consumidor e do produtor
Fonte: Krugman e Obstfeld (2005).
Tabela 2 – Produto Interno Bruto e Produto Interno Bruto per capita, 2017
MAIORES ECONOMIAS ECONOMIAS MAIS RICAS
País PIB(em PIB per capita País PIB(em PIB per capita
bilhões $) ($) bilhões $) ($)
Estados Unidos 19.485,2 60.054,9 (12º) Liechtenstein 6,1 (153º) 166.021,7
China 12039,0 8.682,2 (90º) Mônaco 6,4 (151º) 165.421,0
Japão 4.838,1 38.219,7 (31º) Luxemburgo 56,5 (75º) 106.805,8
1
PIB per capita é o valor total do PIB dividido pela população.
Alemanha 3.333,0 44.976,4 (22º) Bermuda 6,5 (150º) 102.192,1
Reino Unido 2.346,9 39.757,7 (28º) Suíça 657,8 (20º) 801.01,2
Índia 2.331,4 1.923,3 (162º) Noruega 354,2 (30º) 75.295,3
França 2.301.2 38414,9 (30º) Islândia 21,4 (109º) 73.060,2
Brasil 1.771,8 9821,4 (85º) Irlanda 311,0 (35º) 69.603,9
Fonte: IBGE.
Existem muitos trabalhos na literatura científica que falam sobre políticas e/ou
estratégias comerciais, um exemplo é o artigo intitulado de “A Rodada Doha, as
mudanças no regime do comércio internacional e a política comercial brasileira”, de
autoria de Susan Elizabethth Martins Cesar e Eiiti Sato, em que discutem os atuais
desafios do multilateralismo tradicional no comércio, presentes nos impasses da Rodada
Doha, diante das novas realidades do comércio internacional globalizado.
O artigo está disponibilizado nos anais do Encontro Nacional de Economia por meio do
link: <https://www.redalyc.org/pdf/358/35823357011.pdf>.
#SAIBA MAIS#
REFLITA
A presente unidade mostrou as relações comerciais que cada país pode ter com
o resto do mundo, com diferentes políticas e estratégias comerciais. Pautado nos
conhecimentos adquiridos, o Brasil poderia adotar alguma ação diferente em relação ao
comércio internacional para contribuir com a retomada do crescimento econômico?
#REFLITA#
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro (a) aluno (a), chegamos ao final desta unidade conhecendo sobre as políticas
comerciais e as estratégias do comércio internacional. Foi estudo na unidade sobre os
instrumentos de política comercial, que acarretam em um aumento do preço dos produtos
importados para o favorecimento da indústria nacional.
Foi verificado que existem custos e benefícios da política comercial, os custos
podem ser medidos pela perda do excedente do consumidor e os benefícios podem ser
medidos pelos ganhos do excedente do produtor. Pois com o aumento dos preços o
produtor apresenta ganhos, enquanto que, os consumidores apresentam prejuízos, pois
devem pagar os bens mais caros. Além disso, o governo também ganha com a
arrecadação.
Os outros instrumentos de política comercial também resultam no aumento de
preços das importações, porém, existem outras diferenças. As cotas de importações
apenas limitavam as importações no país doméstico, assim, diferente do que ocorria com
a política de tarifa, o governo não arrecadava. Na política de subsídios às exportações,
além do governo não arrecadar, ainda arcava com os pagamentos de subsídios às
empresas. E a política de restrições voluntárias às exportações, diferente das demais,
não era adotada pelo país doméstico, era realizada pelo país estrangeiro, no entanto,
geralmente essa política era adotada a pedido do país doméstico, desse modo, a
arrecadação era destinada ao país estrangeiro.
Por último, foi estudo sobre a criação dos blocos econômicos e suas
especificações. Sendo que, os blocos podem ser classificados em regionalismo,
integração econômica e multilateralismo. Além disso, foi verificado que a integração
econômica mais avançada que existe é a União Europeia.
Assim, chegamos ao final da unidade, esperamos que tenha gostado ótimo estudo
a todos!
LEITURA COMPLEMENTAR
LIVRO
Editora: Saraiva.
Ano: 2017.
.
Título: Babel.
Ano: 2006.
Plano de Estudo:
• Taxas de câmbio.
• Regimes cambiais e sua influência no fluxo comercial e na economia como um todo.
• O balanço de pagamentos e sua relação com as políticas comerciais.
Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar a taxa de câmbio, regimes cambiais e o balanço de
pagamentos.
• Compreender os tipos de regimes cambiais e o balanço de pagamentos.
• Estabelecer a importância dos regimes cambiais e do balanço de pagamentos.
INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno (a), bem vindo (a) a terceira unidade do livro.
Nesta unidade, vamos conhecer mais alguns aspectos relevantes sobre a
economia internacional. Nesse contexto, será abordado mais afundo sobre as transações
entre os países no comércio internacional e como são contabilizadas essas transações.
Como já vimos, o comércio em uma escala mundial gera ganhos para a economia
mundial. No entanto, algumas economias podem se beneficiar, enquanto outros podem
apresentar prejuízos no comércio internacional. Inicialmente, foram apresentados os
conceitos e definições das taxas de câmbio, como interfere nas transações no comércio
internacional e quais os tipos de taxas de câmbio e quais suas utilidades.
Em seguida, será abordado o que são e como funcionam os regimes cambiais nas
nações, sendo que são adotados como um tipo de política econômica, em que depende
dos objetivos do governo. Além disso, foi verificado como os regimes cambiais impactam
na economia e quais os impactos para a economia mundial.
Por fim, vamos conhecer a estrutura do Balanço de Pagamentos que representa
um registro contábil de todas as transações internacionais realizadas de um país com o
resto do mundo, ou seja, as transações entre residentes e não residentes. E ainda, qual
a importância de conhecer essas contas e identificar qual a real situação financeira de
uma nação no comércio internacional, para que assim, o governo tome as melhores
decisões em termos de políticas comerciais.
Desejamos um ótimo estudo a todos!
1 TAXAS DE CÂMBIO
𝑃
𝑒=
𝑃∗
Em que,
● 𝑒: representa a taxa nominal de câmbio;
● 𝑃: representa o preço do país doméstico;
● 𝑃∗ : representa o preço do país estrangeiro.
Em relação à taxa real de câmbio, é a taxa em que se podem realizar trocas de os
bens e serviços de um país pelos bens e serviços de outro país. Portanto, a taxa de
câmbio real compara os preços de bens domésticos e importados na economia
doméstica, ou seja, em moeda local. A taxa real de câmbio depende da taxa nominal de
câmbio estrangeiro e dos preços dos bens nos dois países medidos em moedas locais.
Assim, a equação da taxa real de câmbio pode ser expressa por:
𝐸 . 𝑃∗
𝑒𝑅 =
𝑃
No qual,
● 𝑒𝑅 : representa a taxa real de câmbio
● 𝐸: representa a taxa nominal de câmbio estrangeiro;
● 𝑃: representa o preço do país doméstico;
● 𝑃∗ : representa o preço do país estrangeiro.
A taxa real câmbio, diferente da taxa nominal, ela compara o preço de bens e
serviços entre dois países na moeda do país local. Enquanto a taxa nominal de câmbio
apresenta o preço em unidades de moeda doméstica em relação a uma unidade da
moeda estrangeira. Para uma melhor compreensão, segue uma aplicação prática.
No comércio de notebooks entre Brasil e Estados Unidos, sabendo que o Brasil é
o país doméstico, vamos considerar que um notebook custa R$ 3.000,00 no Brasil e nos
Estados Unidos esse mesmo notebook custa US$ 1.500, sendo que a taxa nominal de
câmbio para os Estados Unidos é de R$ 0,25 US$/R$. Vamos identificar qual a taxa mais
depreciada para o país doméstico, ou seja, para o Brasil.
Inicialmente, devemos identificar qual a taxa nominal de câmbio, sabe-se que a
taxa nominal de câmbio para os Estados Unidos é R$ 0,25 US$/R$, portanto, sabemos
que, enquanto o preço local (P) é R$ 1,00, o preço do país estrangeiro é US$ 0,25, então
temos que a taxa nominal de câmbio é:
𝑃 1,00
𝑒= ∗
= = 𝑅$ 4,00/𝑈𝑆$
𝑃 0,25
𝑒 . 𝑃∗ 4,00 . 1500
𝑒𝑅 = = = 𝑅$ 2,00/𝑈𝑆$
𝑃 3000
Diante desse cenário, verificamos que a taxa real de câmbio é mais apreciada que
a taxa nominal de câmbio. O que influencia a taxa real de câmbio é o nível de preços dos
bens e serviços de uma economia em relação à outra. Considerando Brasil e Estados
Unidos, quanto maior a inflação no Brasil, ceteris paribus1, mais depreciada fica a taxa
1
Ceteris paribus é uma expressão do latim que significa “tudo o mais é constante”, ou seja, as demais
variáveis permanecem inalteradas.
real de câmbio, e assim, os bens e serviços brasileiros ficam mais baratos que os bens e
serviços nos Estados Unidos, desestimulando as importações.
Ao mesmo tempo em que, há uma apreciação taxa real de câmbio nos Estados
Unidos, sendo que para eles é mais vantajoso importar do Brasil que consumir os bens
e serviços no seu país, visto que os bens e serviços ficam mais caros nos Estados Unidos.
Com um aumento de preços no país estrangeiro (Estados Unidos) ocorre o efeito é ao
contrário.
2 REGIMES CAMBIAIS E SUA INFLUÊNCIA NO FLUXO COMERCIAL E NA
ECONOMIA COMO UM TODO
Neste tópico foi abordado acerca dos regimes cambiais, como já foi visto no tópico
anterior, podemos verificar como realizamos a conversão de uma moeda para outra, a
fim de, realizar uma compra ou mesmo para comprar moeda estrangeira. Além disso,
aprendemos também como comparar os preços de bens e serviços entre dois países.
As nações possuem estratégias para atender suas necessidades econômicas,
sendo uma das mais importantes, a política externa, especialmente em economias
abertas. A política cambial apresenta impacto direto na taxa de câmbio, influenciando os
agentes econômicos que participam do comércio internacional.
Segundo Gonçalves (1998), os três principais tipos de regimes cambiais, o regime
de câmbio fixo, o regime de câmbio flutuante e o regime de bandas cambiais, também
conhecido como flutuação suja. No regime de câmbio fixo, a taxa de câmbio é definida
pelo governo, e o Banco Central, deve mantê-la por meio de intervenções no mercado
de divisas2, comprando ou vendendo divisas.
Como já foi estudo anteriormente, o que determina a taxa de câmbio é a oferta e
demanda por moeda estrangeira. Desse modo, o Banco Central utiliza as reservas
internacionais para manter a taxa de câmbio inalterada. Quanto há uma depreciação
cambial, os agentes estão demandando mais moeda estrangeira, então o governo vende
divisas, com o aumento da oferta de divisas o câmbio se aprecia.
Caso houver uma apreciação cambial, o governo deve comprar moeda
estrangeira, assim haverá um aumento da demanda por divisas, fazendo com que a taxa
de câmbio volte ao seu patamar fixado por meio da depreciação cambial. Diante desse
cenário, o governo não pode alterar a oferta de moeda doméstica.
Desse modo, podemos perceber que uma das desvantagens do regime de câmbio
fixo é a perda de política monetária. Além disso, com um câmbio apreciado as empresas
2
Divisas se refere a moeda estrangeira.
se tornam menos competitivas no comércio internacional, com o menor ganho, pois os
bens e serviços ficam mais baratos.
Por outro lado, quanto às vantagens do comércio internacional, as empresas que
importam matéria-prima contam com preços mais atrativos. E ainda, com o câmbio fixado,
pode contribuir para o controle da inflação por meio de uma âncora cambial. Com o preço
de bens e serviços do exterior mais competitivo no mercado doméstico, as empresas
nacionais tendem reduzir os preços, resultando em um controle do nível de preços.
Como exemplo para o controle do nível de preços é o caso do Brasil, na
implementação do Plano Real em 1994, um real valia um dólar dos Estados Unidos. Isso
também foi possível pela abundante quantidade de reservas internacionais, o primeiro
semestre deste ano, a inflação estava em torno de 40% e 50% ao mês. Sendo que no
primeiro mês com a nova moeda, a inflação foi de 10% e no final do ano chegou a 1%,
mostrando o resultado dessa política naquele momento (ABREU e WERNECK, 2014).
Quanto ao regime de câmbio flutuante, a taxa de câmbio é definida pelo mercado
de divisas, sem a intervenção do governo, ou seja, é dado pela oferta e demanda de
divisas. Sendo assim, a taxa de câmbio flutua de acordo com os movimentos do mercado,
um aumento da demanda por divisas aumenta a taxa de câmbio, ou seja, ocorre uma
depreciação da taxa de câmbio. Enquanto o aumento da oferta de divisas resulta em uma
apreciação da taxa de câmbio.
Esse regime cambial também apresenta vantagens e desvantagens para uma
economia. Com a moeda nacional desvaloriza os agentes exportadores se beneficiam
com a maior competitividade no comércio internacional, além disso, o governo não
intervém no mercado de divisas, ficando livre para direcionar as políticas monetárias para
atender outros objetivos, como estimular a atividade econômica.
As desvantagens do regime de câmbio flutuante é que, a taxa de câmbio pode ser
tornarem muito voláteis, apresentando oscilações bruscas. Desvalorizações elevadas
podem interferir no nível de preço do país, e ainda, prejudica os importadores, com o
aumento de preços de bens e serviços.
Em relação ao regime de bandas cambiais, pode-se dizer que está entre o regime
de câmbio fixo e o regime de câmbio flutuante. As alterações da taxa de câmbio, assim
como no regime de câmbio flutuante, são determinadas pelo mercado de divisas, porém,
é determinado um limite máximo e mínimo em que a taxa de câmbio pode flutuar, caso
ocorra uma situação de ultrapassar esse limite o governo de intervir no mercado cambial
comprando ou vendendo divisas para que a taxa de câmbio retorne ao intervalo
estabelecido.
3 O BALANÇO DE PAGAMENTOS E SUA RELAÇÃO COM AS POLÍTICAS
COMERCIAIS
#SAIBA MAIS#
REFLITA
Fonte: o autor.
#REFLITA#
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro (a) aluno (a), chegamos ao final da unidade com conhecimentos sobre taxas
de câmbio e Balanço de Pagamentos. Vimos os conceitos e a teoria das taxas de câmbio
e como são apresentadas as contas de transações comerciais internacionais. Assim,
podem ser verificados os mais diversos tipos de transações entre uma economia e o resto
do mundo.
Inicialmente, foi apresentado como são realizadas as trocas entre mercadorias por
meio da taxa de câmbio, e a influência de uma depreciação/desvalorização cambial ou
de uma apreciação/valorização cambial no preço. Além disso, foram apresentadas, a taxa
de câmbio nominal e a taxa de câmbio real, no qual foi mostrando a diferença entre elas,
além de suas utilizações especificas.
Posteriormente, foram evidenciados os regimes cambiais, no qual podem ser
utilizados como uma política econômica do governo. Desse modo, verificou-se que a taxa
de câmbio pode influenciar na economia, sendo para estimular a atividade econômica ou
para contribuir para o controle da inflação, devido à mudança nos preços de bens e
serviços que são comercializados em transações internacionais.
No último tópico foram abordados aspectos relacionados às transações comerciais
de uma economia com o resto do mundo. Sendo assim, aprendemos como é estruturado
o Balanço de Pagamentos de uma economia e o conceito de cada conta, e ainda, a
especificação de como cada conta é lançada. Além disso, foi estudo como avaliar o saldo
do Balando de Pagamentos, evidenciando as contas mais importantes, com o intuito de
colaborar para que o governo adote as melhores políticas comerciais.
Assim, chegamos ao final da unidade, esperamos que tenha gostado, ótimo estudo
a todos!
LEITURA COMPLEMENTAR
Ano: 2017.
Editora: Saraiva.
Ano: 2010.
Sinopse: Em 2008, uma crise econômica de proporções globais fez com que
milhões de pessoas perdessem suas casas e empregos. Ao todo, foram gastos mais
de US$ 20 trilhões para combater a situação. Através de uma extensa pesquisa e
entrevistas com pessoas ligadas ao mundo financeiro, políticos e jornalistas, é
desvendado o relacionamento corrosivo que envolveu representantes da política,
da justiça e do mundo acadêmico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Plano de Estudo:
• A política macroeconômica internacional.
• A regulamentação econômica internacional e os organismos internacionais.
• A globalização, a empresa no mundo globalizado e a internacionalização de empresas.
Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar política macroeconômica internacional.
• Compreender os tipos de regulamentações econômicas internacionais e os organismos
internacionais.
• Estabelecer a importância da globalização, da internacionalização de empresas e das
empresas multinacionais e transnacionais.
INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno (a), bem vindo (a) a esta unidade do livro.
Nesta unidade será estudado sobre as políticas macroeconômicas internacionais,
regulamentações econômicas, globalização e as empresas no mundo globalizado. Essa
área do conhecimento aborda sobre como os países adotam suas políticas
macroeconômicas internacionais e como isso pode afetar a economia internacional.
Inicialmente, serão apresentados os principais objetivos dos países, sendo eles
internos e externos e suas diferentes formas de desenvolvimento. Sendo que, os países
sempre estão em busca do desenvolvimento, mas cada nação tem suas peculiaridades,
o que não torna uma tarefa fácil, países como o Brasil apresentava características que
propiciavam se tornar uma nação agroexportadora, devida suas condições geográficas
favoráveis para o plantio.
Em seguida, será estudado como se deu a abertura econômica nos países em
desenvolvimento e sua relação com as políticas comerciais. Passando pelo período das
economias primário-exportadoras, seguindo para o Processo por Substituição de
Importações até chegar ao período de abertura comercial dos países em
desenvolvimento. Além do contexto histórico, serão apresentadas as mudanças das
políticas ocorridas a partir do avanço da globalização e abertura econômica no final do
século XX.
Posteriormente, será apresentada a importância das regulamentações
econômicas internacionais e o papel organismos internacionais, especialmente a partir
do fim do século XX. Vamos verificar como esses organismos internacionais contribuíram
para melhorar as relações internacionais, dadas pelas regras estabelecidas, podendo
esse organismo ser a nível mundial ou regional.
Por fim, vamos estudar a globalização, a empresa no mundo globalizado e a
internacionalização das empresas. Será abordado o conceito de globalização e a
importância das empresas no mundo globalizado, além de entender como funcionam as
empresas multinacionais e transnacionais. Desejamos um ótimo estudo a todos!
1 A POLÍTICA MACROECONÔMICA INTERNACIONAL
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Fatores de produção ou recursos produtivos se referem a todos os elementos necessários para a
produção em uma econômica, no qual são representados pelas máquinas, equipamentos, matéria-prima e
mão de obra.
No cenário internacional, as nações estão em busca do desenvolvimento
econômico. Na economia mundial os países são classificados como economias
desenvolvidas e economias em desenvolvimento. São consideradas economias
desenvolvidas os países que apresentam alta renda per capita, enquanto as economias
em desenvolvimento tem baixa renda per capita. Outro indicador que pode avaliar mais
precisamente o desenvolvimento é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o qual
considera além da renda, indicadores de saúde e de educação.
Conforme Salvatore (2000), no comércio internacional, as economias em
desenvolvimento ou mais pobres tendem a exportar mais produtos básicos, por outro
lado, as nações desenvolvidas exportam mais produtos industrializados, devido a maior
eficiência nas produções dessas mercadorias, respectivamente. E ainda, deve ser
ressaltado que, as economias sempre estão procurando se desenvolver. Considerando
esse aspecto, se pode verificar que, com o passar do tempo houve mudanças na política
macroeconômica internacional, especialmente em países em desenvolvimento.
Com destaque para o Brasil, até a década de 1920 o país apresentava
especialização em um produto, o café, sendo que, devido a grandes produções que
ocorriam, as autoridades monetárias brasileiras adotava uma política de defesa de preço
do café, no qual chegou a situações de não apenas comprar o excedente de café, mas
também queimar uma parte do estoque do café. Em 1927 houve uma produção recorde
da safra de café, em 1929, houve outro recorde na produção, ano da Grande Depressão,
que fez a demanda dos países industrializados por produtos básicos reduzirem. Desse
modo, os preços caíram para um terço do valor no início do ano e ao longo do ano os
preços do café apresentaram um colapso (FRITSCH, 2014).
De acordo com Krugman e Obstfeld (2005), não apenas o Brasil, mas outros
países em desenvolvimento apostaram em uma nova política internacional. Foi o início
de um processo em que, os países menos desenvolvidos procuraram substituir suas
importações, no qual teve início na década na Segunda Guerra Mundial até a década de
1970. Nesse processo as nações em desenvolvimento tinham como objetivo produzir
produtos manufaturados em vez de importar.
No caso do Brasil, foi adotado o Processo de Substituição de Importações (PSI).
O argumento mais importante do PSI era o argumento da indústria nascente. Esse
argumento dizia que, países em desenvolvimento tem uma vantagem comparativa
potencial na manufatura, porém, as novas indústrias manufatureiras não podem
concorrer com as sólidas manufaturas dos países desenvolvidos. Ou seja, segundo esse
argumento os países apresentavam potencial para desenvolver suas indústrias no longo
prazo, mas no início precisavam de proteção, pois não conseguiriam com competir com
as indústrias dos países desenvolvidos.
Essa nova política seria uma alternativa para os países em desenvolvimento não
sofrerem tanto com as crises externas, como na Grande Depressão, os mesmos
procuravam industrializar o país para atender a demanda interna e não ficar mais
vulnerável a choques externos. Para isso, o país concedia subsídios à produção de
manufaturas e subsídios à exportação de alguns bens manufaturados.
Contudo, alguns economistas alertavam para problemas que poderiam ocorrer
com o argumento da indústria nascente, sugeriram que deveria ser tomadas algumas
precauções ao adotar essa política de industrialização no país. Para adotar o argumento
da indústria nascente, seria necessário ir além do conceito de que as indústrias sempre
devem ser protegidas quando novas, de modo que, a nação poderia apresentar duas
falhas de mercado que inviabilizaria a adoção dessa política, apresentar mercados
imperfeitos de capitais e/ou apresentar o problema de apropriabilidade.
O país não poderia apresentar mercados imperfeitos de capitais, ou seja, o país
deveria possuir instituições financeiras que permita que a poupança de setores
tradicionais, seja utilizada para financiar novos investimentos. Portanto, os ganhos
adquiridos com os setores tradicionais devem ser utilizados para financiar novos setores
industriais.
Outra falha de mercado que o país não pode apresentar é o problema de
apropriabilidade, essa falha pode assumir diversas formas, no entanto, todas possuem a
ideia em comum de que uma nova indústria gera benefícios sociais pelos quais não são
compensadas. Ou seja, o custo inicial de uma empresa industrial pioneira, seja de
instalações, tecnologias, adaptações, entre outros, não será recompensado, de modo
que, as novas empresas da indústria entraram no mercado sem precisar arcar com esses
custos iniciais, o qual foi custeado pela empresa pioneira.
Além disso, a substituição de importações pode promover o dualismo econômico.
Uma economia dual apresenta a divisão de uma economia em dois setores com níveis
de desenvolvimento muito diferentes. As políticas comerciais adotadas podem levar ao
dualismo econômico, no qual pode ser explicado por dois argumentos, o primeiro é que
as empresas oferecem salários elevados na indústria para reduzir a rotatividade e
aumentar o esforço no trabalho e o segundo se refere à adoção de cotas de importação,
com o comércio mais livre os salários seriam menores (KRUGMAN e OBSTFELD, 2005).
A nação com dualismo econômico apresenta algumas características na sua
economia, sendo elas:
● O valor do produto por trabalhador é muito maior no setor moderno do que no resto
da economia.
● Além do produto por trabalhador, o salário também é mais elevado.
● Retornos do capital não são necessariamente maiores.
● Maior intensidade de capital no setor manufatureiro do que na agricultura.
A partir da década de 1980, houve uma mudança na política internacional, como
foi visto anteriormente, o argumento da indústria nascente possuem falhas. Krugman e
Obstfeld (2005) relatam o exemplo da Coréia do Sul, mais especificamente da indústria
automobilística. Na década de 1980 o país se tornou exportador de automóveis. Porém,
foi uma época em que apresentavam boas condições para desenvolver essa indústria,
talvez não fosse possível desenvolver essa indústria na década de 1960, devida a falta
de trabalho qualificado e de capital.
No Brasil, na década de 1970 houve a inserção do agronegócio2 no Sul do país. E
ainda é criada uma empresa de pesquisa, a Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), que favoreceu ainda mais o agronegócio brasileiro. Entretanto,
essa mudança na estrutura produtiva surtiu efeitos para a população, que vivia
principalmente no campo.
As consequências da entrada do agronegócio no Brasil foi o fechamento de postos
de trabalho no campo em função das máquinas que faziam o trabalho, assim, os
trabalhadores ficaram sem emprego no campo, o que resultou no êxodo rural. Sendo que,
uma parte dos pequenos proprietários de commodities também foi para a cidade,
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O agronegócio vai desde o plantio até a manufatura/industrialização do produto.
enquanto a outra parte dos pequenos proprietários foi para outros lugares. Alguns foram
para o Paraguai, pois o país tinha interesse nas terras próximas a Itaipu, que foi
inaugurada em 1984, então vendia terras baratas para plantio e outros foram para o
Cerrado que era o destino de quem não tinha dinheiro, pois a região estava sendo
preparada para o plantio.
A abertura comercial entre os países a partir da década de 1990 mudou a forma
com que as nações consideravam a política macroeconômica internacional. Agora, além
da inserção da tecnologia no campo, favorecendo a agroindústria, os países também
diversificaram os produtos destinados ao comércio internacional.
As mudanças ocorridas na política macroeconômica internacional proporcionaram
transformações significativas em alguns países. Inicialmente podemos falar da maior
economia do mundo, os Estados Unidos, de 1970 até 20173 o país apresenta o maior
Produto Interno Bruto (PIB) do mundo (UNSD, 2019).
No entanto, quando é observado o comportamento da riqueza nesse período
medido pelo Produto Interno Bruto per capita (PIBpc), os Estados Unidos da posição de
3º como país mais rico em 1970, para a posição de 12º. Isso pode ser explicado pelo
desenvolvimento de países menores no período, em que foram beneficiados pela
globalização e pela maior interação comercial entre os países (UNSD, 2019).
Deve ser ressaltado que, os países de Liechtenstein e Mônaco ficaram entre os
dois países mais ricos do mundo medido pelo PIBpc no período. Isso se deve
especialmente à população desses países, estando entre as menores populações do
mundo, ambas não chegaram a 40 mil habitantes em 2017, assim, mesmo o PIB total
não apresentando um valor elevado, quando dividido pela população, apresenta um valor
elevado (UNSD, 2019).
Outro indicador que pode ser verificado para comparar o desenvolvimento é o
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O IDH teve início em 1990, indicador que
considera além da renda, dimensões de saúde e educação. Três países que podem se
destacar com altos níveis de desenvolvimento são: Noruega, Suíça e Austrália, países
nos quais apresentaram em 2017 os maiores níveis de desenvolvimento,
respectivamente (UNDP, 2019).
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Período de disponibilidade de dados.
No caso do Brasil, apesar da melhora na comparação com outros países,
considerando o PIB e o PIBpc entre 1970 e 2017 e o IDH entre 1990 e 2017, ainda tem
muito a se desenvolver. O país apresentou em 2017 o 7º maior PIB do mundo, contudo,
apresentou o 76º maior PIBpc, e ainda, ficou na posição de 79 quando comparado o
indicador de desenvolvimento dos país (IDH) (UNSD, 2019; UNDP, 2019).
O caso mais extremo, no que se refere à influência das políticas macroeconômicas
internacionais foi a China. Em 1970, o país apresentava o 7º maior PIB do mundo e em
1990 era a 11º maior economia do mundo. Devido as grandes mudanças ocorridas nas
relações internacionais entre os países, em 2017 a China se tornou a 2º maior economia
do mundo, quanto ao PIBpc, de 1970 a 2017, a posição da China passou de 71º para 5º
maior PIBpc do mundo (UNSD, 2019).
Em termos de desenvolvimento econômico (IDH), também houve uma melhora,
porém, em 2017 a China apresenta o 86º maior desenvolvimento entre os países.
Mostrando que, é essencial o crescimento econômico das nações, mas não é suficiente
para o desenvolvimento econômico. Desse modo, é possível verificar que, para uma
economia se desenvolver é essencial investir em outras áreas como saúde e educação
(UNDP, 2019).
Como pode ser verificado em alguns casos, o período em que ocorreram o avanço
da globalização e a maior abertura comercial pode ter contribuído com o crescimento
econômico de algumas nações, e até com o desenvolvimento econômico. Essas
mudanças variaram de país para país conforme a política adotada em cada nação.
2 A REGULAMENTAÇÃO ECONÔMICA INTERNACIONAL E OS ORGANISMOS
INTERNACIONAIS
Entre 2000 e 2005 o IED apresentou redução e o PIB per capita crescimento,
sendo assim, pode-se falar que houve uma menor integração entre as economias
mundiais, enquanto a o IED reduziu 30%, houve crescimento da economia mundial de
1,81%. Por outro lado, nos períodos entre 2005 e 2010 e entre 2010 e 2015 ocorreu um
aumento do IED maior que o PIB per capita, nesse caso houve maior integração entre as
economias mundiais, o IED cresceu 44% e 49% nos períodos, respectivamente, sendo
que o crescimento da economia mundial foi de 1,01% e 1,53%, respectivamente.
Desse modo, a integração produtiva das economias nacionais resulta na
internacionalização produtiva, em que acontece quando os residentes de um
determinado país podem adquirir bens e serviços produzidos em outros países. De
acordo com Culpi (2016), as nações apresentavam diferentes padrões de consumo, fato
que se modificou com o processo de globalização, hoje diversos países apresentam
padrões de consumo semelhantes devidos à facilidade de acesso a bens e serviços, que
rompeu com as barreiras geográficas.
Assim, a internacionalização produtiva está relacionada ao acesso de produtos de
vários países. Por exemplo, os brasileiros podem consumir produtos produzidos na
China, dada pela facilidade do comércio internacional, nas quais são oferecidas relações
contratuais e pelos IEDs, tendo como principais agentes as empresas, por isso,
apresentam maior importância para o sistema econômico internacional.
Nas relações contratuais as empresas estrangeiras do país local a produção
apresenta origem no país doméstico. Por outro lado, no IED a atuação das empresas
estrangeiras nos países locais é por meio de filiais/franquias. Ou seja, essa
internacionalização da produção diz respeito à facilidade de acesso de pessoas físicas e
organizações entre os países.
As organizações que realizam IED são empresas denominadas de transnacionais
ou multinacionais. Segundo Culpi (2016), com o avanço da globalização os indivíduos e
o governo deixaram de serem os principais agentes econômicos, sendo agora as
empresas transnacionais, mas que não possuem responsabilidade com os países,
buscando apenas benefícios econômicos para se instalar.
Portanto, as empresas do país de origem e das filiais podem apresentar interesse
econômicos divergentes. Atualmente, grande parte das empresas internacionais é
transnacional, das quais podem ser citadas algumas das principais sendo, a Nestlé,
Microsoft e Ford, que apresentam origem brasileira são: grupo JBS, Natura, Gerdau e
Tigre.
Além das empresas transnacionais, outro importante agente econômico no
comércio internacional é representado pelas empresas multinacionais, que conforme
Culpi (2016, p. 62), pode ser definida como “corporações localizadas em mais de três
países e que controlam as atividades estrangeiras por meio do arranjo da firma”.
Com a globalização, houve um expressivo avanço tecnológico, novas formas de
fabricação, diversificação de produtos e redução de custos. Desse modo, as empresas
multinacionais foram influenciadas a aumentar sua produção, com uma empresa matriz
e outras filiais pelo mundo, no qual seguem as recomendações da empresa do país de
origem.
Diante disso, é possível diferenciar as empresas multinacionais e transnacionais.
Enquanto as empresas multinacionais são formadas por um grupo de empresas, no qual
apresenta uma matriz no país de origem que direciona as diretrizes para as demais, as
empresas transnacionais também possui uma empresa matriz no país de origem, porém,
as empresas dos demais países possuem interesses próprios, podendo até entrar em
conflito com os interesses do país de origem. Assim, nas empresas multinacionais as
decisões das empresas são tomadas pelo país de origem, e nas empresas
transnacionais, as empresas possuem poder de decisão em seus respectivos países.
SAIBA MAIS
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REFLITA
Fonte: o autor.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro (a) aluno (a), chegamos ao final da unidade conhecendo sobre as políticas
macroeconômicas internacionais. Foi verificado nesta unidade as políticas
macroeconômicas internacionais, regulamentações econômicas, globalização e as
empresas no mundo globalizado. Com essa teoria podemos entender como seu deu as
transformações nas políticas macroeconômicas entre as nações.
Primeiro, verificamos que os países sempre buscam se desenvolver, para isso,
procuram adotar as melhores políticas econômicas. Até o início do século XX os países
se especializam na fabricação de produtos manufaturados, enquanto países menos
desenvolvidos se especializavam na fabricação de commodities. Depois da crise de 1929
houve uma mudança na política internacional, especialmente nos países desenvolvidos
devido à queda da demanda mundial. No final desse século, com a globalização e a maior
abertura comercial, houve uma nova mudança na política macroeconômica internacional,
e ainda verificamos indicadores para identificar o crescimento e/ desenvolvimento dos
países.
Em seguida, foi apresentado a importância das regulamentações econômicas
internacionais e como os organismos internacionais influenciam nessas
regulamentações. Vimos que esses organismos internacionais estabelecem normas que
contribui para a melhora das relações internacionais a nível mundial ou regional, e assim,
os países tenham condições de se desenvolver.
Por fim, estudamos a globalização, a empresa no mundo globalizado e os tipos de
internacionalização das empresas. Foi abordado o conceito de globalização e a
importância das empresas no mundo globalizado, além de verificar como as empresas
multinacionais e transnacionais podem contribuir para o desenvolvimento das nações por
meio de investimentos externos.
Assim, chegamos ao final da unidade, esperamos que tenha gostado, ótimo estudo
a todos!
LEITURA COMPLEMENTAR
CARNEIRO, J. DIB, L. A. Avaliação comparativa do escopo descritivo e explanatório dos
principais modelos de internacionalização de empresas. Revista Eletrônica de
Negócios Internacionais, v. 2, n. 1, p. 1-25, 2007.
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Ano: 2015
Ano: 2012.