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Escola de Formação Complementar do Exército

ESFCEX
Comum as áreas dos Curso de Formação de Oficiais do Quadro
Complementar (CFO/QC) e Curso de Formação de Capelães
Militares (CF/CM: Administração; Ciências Contábeis; Comunicação
Social; Direito; Informática; Magistério – Matemática; Magistério
– Português; Capelão Católico e Capelão Evangélico

JH082-19
Todos os direitos autorais desta obra são protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/12/1998.
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OBRA

Escola de Formação Complementar do Exército - ESFCEX

Comum as áreas dos Curso de Formação de Oficiais do Quadro Complementar (CFO/QC) e Curso de Formação de
Capelães Militares (CF/CM: Administração; Ciências Contábeis; Comunicação Social; Direito; Informática; Magistério –
Matemática; Magistério – Português; Capelão Católico e Capelão Evangélico

Portaria Nº 0252 - EME, de 30 de Outubro de 2018

AUTORES
Geografia do Brasil - Profª Silvana Guimarães
História do Brasil - Profª Silvana Guimarães
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Elaine Cristina
Leandro Filho

DIAGRAMAÇÃO
Danna Silva
Elaine Cristina

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA DO BRASIL
A Organização do Espaço Brasileiro. A integração brasileira ao processo de internacionalização da economia; o
desenvolvimento econômico e social; e os indicadores sociais do Brasil. O processo de industrialização brasileira,
os fatores de localização e as suas repercussões: econômicas, ambientais e urbanas. A rede de transportes
brasileira e sua estrutura e evolução. A questão urbana brasileira: processos e estruturas. A agropecuária, a
estrutura fundiária e problemas sociais rurais no Brasil, dinâmica das fronteiras agrícolas e sua expansão para
o Centro-Oeste e para a Amazônia. A população brasileira: evolução, estrutura e dinâmica. A distribuição dos
efetivos demográficos e os movimentos migratórios internos: reflexos sociais e espaciais. A divisão regional do
trabalho: o Centro-Sul como pólo dinâmico da economia nacional ............................................................................................ 01
A Questão Regional no Brasil. A regionalização do país: sua justificativa sócio-econômica e critérios adotados pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); as regiões e as políticas públicas para fins de planejamento.
As regiões brasileiras: especializações territoriais, produtivas e características sociais e econômicas .............................. 20
O Espaço Natural Brasileiro: seu aproveitamento econômico e o meio ambiente. Geomorfologia do território
Brasileiro: O território brasileiro e a placa sul americana; as bases geológicas do Brasil; as feições do relevo; os
domínios naturais e as classificações do relevo brasileiro. A questão ambiental no Brasil. Os recursos minerais.
As fontes de energia e os recursos hídricos. A biosfera e os climas do Brasil .......................................................................... 23

HISTÓRIA DO BRASIL
Brasil Colônia: administração, economia, cultura e sociedade. As Capitanias Hereditárias e Governos Gerais. As
atividades econômicas e a expansão colonial: agricultura, pecuária, comércio e mineração. Os povos indígenas;
escravidão, aldeamentos; ação jesuítica. Os povos africanos escravizados no Brasil. A conquista dos sertões;
entradas e bandeiras. O exclusivo comercial português. Os conflitos coloniais e os movimentos rebeldes de livres
e de escravos do final do século XVIII e início do século XIX. A transferência da Corte portuguesa para o Brasil e
seus efeitos; o período joanino no Brasil ................................................................................................................................................ 01
O Brasil Monárquico A independência do Brasil e o Primeiro Reinado. A Constituição de 1824. Militares: a Guarda
Nacional e o Exército. A fase regencial (1831-1840). O Ato Adicional de 1834. As revoltas políticas e sociais das
primeiras décadas do Império. A consolidação da ordem interna: o fim das rebeliões, os partidos, a legislação,
o fortalecimento do Estado, a economia cafeeira, a tributação. Modernização: economia e cultura na sociedade
imperial. A escravidão, as lutas escravas pela liberdade, O movimento abolicionista e a abolição. A introdução do
trabalho livre. Política externa: as questões platinas, a Guerra do Paraguai e o Exército. O movimento republicano
e o advento da República ............................................................................................................................................................................... 10
A República brasileira a. A Constituição de 1891, os militares e a consolidação da República. A “Política dos
governadores”. O coronelismo e o sistema eleitoral. O movimento operário. O tenentismo. A Revolução de 1930.
O período Vargas (1930-1945): economia, sociedade, política e cultura. O Estado Novo. O Brasil na II Guerra
Mundial. O período democrático (1945-1964): economia, sociedade, política e cultura. A intervenção militar,
sua natureza e transformações entre 1964 e 1985. As mudanças institucionais durante o período. O “milagre
econômico”. A redemocratização. Os movimentos sociais nas décadas de 1970 e 1980: estudantes, operários
e demais setores da sociedade. A campanha pelas eleições diretas. A Constituição de 1988. O Brasil de 1985 a
2013: economia, sociedade, política e cultura ...................................................................................................................................... 20
SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA

Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados ....................................................................................................... 01


Reconhecimento de tipos e gêneros textuais ....................................................................................................................................... 11
Domínio da ortografia oficial ...................................................................................................................................................................... 12
Emprego da acentuação gráfica. ................................................................................................................................................................ 12
Domínio dos mecanismos de coesão textual . Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição,
de conectores e de outros elementos de sequenciação textual ..................................................................................................... 18
Emprego de tempos e modos verbais ..................................................................................................................................................... 24
Domínio da estrutura morfossintática do período. Emprego das classes de palavras ........................................................... 24
Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração .............................................................................................. 66
Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração ............................................................................................ 66
Emprego dos sinais de pontuação ........................................................................................................................................................... 75
Concordância verbal e nominal ..................................................................................................................................................................... 78
Regência verbal e nominal ............................................................................................................................................................................... 85
Emprego do sinal indicativo de crase ........................................................................................................................................................ 90
Colocação dos pronomes átonos .............................................................................................................................................................. 92
Reescrita de frases e parágrafos do texto ............................................................................................................................................... 92
Substituição de palavras ou de trechos de texto ................................................................................................................................... 92
Análise do Discurso: pressupostos, subentendidos e implícitos..................................................................................................... 98
ÍNDICE

GEOGRAFIA DO BRASIL

A Organização do Espaço Brasileiro. A integração brasileira ao processo de internacionalização da economia; o


desenvolvimento econômico e social; e os indicadores sociais do Brasil. O processo de industrialização brasileira, os
fatores de localização e as suas repercussões: econômicas, ambientais e urbanas. A rede de transportes brasileira e
sua estrutura e evolução. A questão urbana brasileira: processos e estruturas. A agropecuária, a estrutura fundiária
e problemas sociais rurais no Brasil, dinâmica das fronteiras agrícolas e sua expansão para o Centro-Oeste e para
a Amazônia. A população brasileira: evolução, estrutura e dinâmica. A distribuição dos efetivos demográficos e os
movimentos migratórios internos: reflexos sociais e espaciais. A divisão regional do trabalho: o Centro-Sul como pólo
dinâmico da economia nacional .......................................................................................................................................................................... 01
A Questão Regional no Brasil. A regionalização do país: sua justificativa sócio-econômica e critérios adotados pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); as regiões e as políticas públicas para fins de planejamento. As
regiões brasileiras: especializações territoriais, produtivas e características sociais e econômicas .......................................... 20
O Espaço Natural Brasileiro: seu aproveitamento econômico e o meio ambiente. Geomorfologia do território Brasileiro:
O território brasileiro e a placa sul americana; as bases geológicas do Brasil; as feições do relevo; os domínios naturais
e as classificações do relevo brasileiro. A questão ambiental no Brasil. Os recursos minerais. As fontes de energia e os
recursos hídricos. A biosfera e os climas do Brasil ....................................................................................................................................... 23
A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO BRASILEIRO. A INTEGRAÇÃO BRASILEIRA AO PROCES-
SO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA ECONOMIA; O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E
SOCIAL; E OS INDICADORES SOCIAIS DO BRASIL. O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO
BRASILEIRA, OS FATORES DE LOCALIZAÇÃO E AS SUAS REPERCUSSÕES: ECONÔMICAS,
AMBIENTAIS E URBANAS. A REDE DE TRANSPORTES BRASILEIRA E SUA ESTRUTURA E
EVOLUÇÃO. A QUESTÃO URBANA BRASILEIRA: PROCESSOS E ESTRUTURAS. A AGROPE-
CUÁRIA, A ESTRUTURA FUNDIÁRIA E PROBLEMAS SOCIAIS RURAIS NO BRASIL, DINÂ-
MICA DAS FRONTEIRAS AGRÍCOLAS E SUA EXPANSÃO PARA O CENTRO-OESTE E PARA
A AMAZÔNIA. A POPULAÇÃO BRASILEIRA: EVOLUÇÃO, ESTRUTURA E DINÂMICA. A
DISTRIBUIÇÃO DOS EFETIVOS DEMOGRÁFICOS E OS MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS IN-
TERNOS: REFLEXOS SOCIAIS E ESPACIAIS. A DIVISÃO REGIONAL DO TRABALHO: O CEN-
TRO-SUL COMO PÓLO DINÂMICO DA ECONOMIA NACIONAL.

O Brasil é um país organizado em forma de República Federativa e está localizado na América do Sul, sendo o maior
país dessa região continental, com uma área de 8.515.767,049 km². Politicamente, o território brasileiro é subdividido
em 26 estados e o Distrito Federal, cuja capital é a cidade de Brasília.
A área territorial do Brasil faz com que esse país seja o quinto maior do mundo, atrás somente de Rússia, Canadá,
China e Estados Unidos. Por essa razão, é caracterizado como um país continental ou país com dimensões continen-
tais, uma vez que o tamanho de sua área é muito próximo ao de um dos continentes, no caso a Oceania.
No total, o Brasil ocupa 47% da América do Sul – quase a metade, portanto – e não faz fronteira somente com dois
países sul-americanos: Equador e Chile. A leste, o Brasil é banhado em uma vasta extensão pelo Oceano Atlântico, com
um litoral que percorre um total de 7.367km², o que coloca o país como o 16º no ranking mundial de maiores áreas
litorâneas.
A população brasileira, de acordo com estimativas recentes divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), é de 202.033.270 habitantes, a quinta maior do planeta, atrás de China, Índia, Estados Unidos e Indo-
nésia. Desse total, a maior parte concentra-se nas áreas litorâneas, principalmente na região Sudeste. Como as taxas de
crescimento demográfico são baixas atualmente, é possível que nas próximas décadas o Brasil seja ultrapassado por
Paquistão e Nigéria.
Os aspectos físicos do Brasil indicam a presença de três principais formas de relevo: as planícies, os planaltos e as
depressões relativas, não havendo depressões absolutas (abaixo do nível do mar) nem montanhas, apenas serras. Em
uma dessas serras, a do Imeri, encontra-se o ponto mais alto do país, o Pico da Neblina, que possui uma altitude de
2.994 m acima do nível do mar.
Em geral, essas características são resultantes do fato de o relevo brasileiro ser geologicamente antigo e também
por não se encontrar nas áreas de encontro entre duas placas tectônicas, o que explica a não ocorrência de vulcões e
de grandes e frequentes terremotos. Pelo mesmo motivo, o território do Brasil abriga apenas dois tipos de províncias
geológicas: as bacias sedimentares e os crátons (plataformas continentais e escudos cristalinos), não existindo os do-
bramentos modernos.
Uma característica marcante do Brasil em termos naturais é a grande diversidade em termos de fauna e flora. No
país, existe uma grande variedade de florestas, classificadas em seis grupos principais (Amazônica, Cerrado, Mata Atlân-
tica, Caatinga, Araucárias e Pampa) e três residuais (Pantanal, Mata de Cocais e os Manguezais). Em número de espécies
de animais, o Brasil também se destaca, o que o classifica como o território de maior biodiversidade do planeta.
Quanto aos aspectos econômicos do Brasil, destaca-se o fato de o país possuir um dos maiores PIBs (Produto In-
terno Bruto) do mundo, com US$ 2,2 trilhões. No entanto, o seu PIB per capita, que é o valor dividido pela população,
ainda é menor do que uma grande quantidade de países. Em termos gerais, a economia brasileira é caracterizada como
de perfil subdesenvolvido emergente, compondo o grupo de países que, eventualmente, podem apresentar um maior
grau de desenvolvimento. O país também faz parte do grupo das economias em desenvolvimento altamente industria-
lizadas, embora a maior parte dessas indústrias pertença a empresas estrangeiras.
Em termos culturais, o Brasil apresenta uma imensa diversidade em costumes, folclores, religiões e tradições. Essa
complexidade cultural também representa a grande miscigenação étnica existente no país, muito embora existam, em
grande escala, problemas concernentes à intolerância e ao preconceito.
GEOGRAFIA DO BRASIL

O Brasil alcançou um papel de destaque no mundo nos últimos dez anos. A nação é uma das mais importantes
dentro do bloco dos países emergentes e tem dado muitas demonstrações de força econômica e social.
O Brasil melhorou economicamente, conseguiu reduzir a desigualdade social e tirou milhões de pessoas da extrema
pobreza desde o governo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano
(RDH), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) 2013, a previsão é de que o Brasil, juntamente
com China e Índia, responda por 40% da riqueza global em 2050.

1
O destaque do Brasil como emergente também pos- chegada da família real (1808) e a Abertura dos Portos
sibilitou que o país conseguisse eleger o diplomata Ro- às Nações Amigas, o Brasil continuou dependente do
berto Azevêdo para o posto de diretor-geral da Organi- exterior, porém, a partir deste momento, dos produtos
zação Mundial do Comércio. Esse fato demonstra que o ingleses.
país tem uma boa reputação internacional, pois essa é a
primeira vez na história que um latino-americano alcança História do início da industrialização
o posto máximo da organização. Foi somente no final do século XIX que começou o
Outro ponto de destaque para o Brasil diz respeito a desenvolvimento industrial no Brasil. Muitos cafeiculto-
sua influência no cenário internacional. Os avanços so- res passaram a investir parte dos lucros, obtidos com a
ciais e econômicos do Brasil levaram o país a desenvolver exportação do café, no estabelecimento de indústrias,
uma imagem positiva no exterior. principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro. Eram fá-
A ONU também tem destacado o papel do Brasil na
bricas de tecidos, calçados e outros produtos de fabrica-
diminuição do índice de pobreza mundial. A nação foi
ção mais simples. A mão de obra usada nestas fábricas
elogiada por ter elevado seus índices de educação e por
ter aumentado o salário mínimo nos últimos anos. era, na maioria das vezes, formada por imigrantes ita-
Dessa forma, o Brasil vem garantindo sua inserção so- lianos.
berana no mundo e tem alcançado um protagonismo na
América do Sul. Era Vargas e desenvolvimento industrial
Foi durante o primeiro governo de Getúlio Vargas
Industrialização no Brasil (1930-1945) que a indústria brasileira ganhou um gran-
A industrialização no Brasil foi historicamente tardia de impulso. Vargas teve como objetivo principal efetivar
ou retardatária. Enquanto na Europa se desenvolvia a Pri- a industrialização do país, privilegiando as indústrias
meira Revolução Industrial, o Brasil vivia sob o regime de nacionais, para não deixar o Brasil cair na dependência
economia colonial. externa. Com leis voltadas para a regulamentação do
mercado de trabalho, medidas protecionistas e investi-
Fatores da Industrialização no Brasil
mentos em infraestrutura, a indústria nacional cresceu
significativamente nas décadas de 1930-40. Porém, este
desenvolvimento continuou restrito aos grandes centros
urbanos da região sudeste, provocando uma grande dis-
paridade regional.
Durante este período, a indústria também se benefi-
ciou com o final da Segunda Guerra Mundial (1939-45),
pois, os países europeus, estavam com suas indústrias ar-
rasadas, necessitando importar produtos industrializados
de outros países, entre eles o Brasil.
Com a criação da Petrobrás (1953), ocorreu um gran-
de desenvolvimento das indústrias ligadas à produção de
gêneros derivados do petróleo (borracha sintética, tintas,
Vários fatores contribuíram para o processo de indus-
plásticos, fertilizantes, etc.).
trialização no Brasil:
• a exportação de café gerou lucros que permiti-
ram o investimento na indústria; Período JK
• os imigrantes estrangeiros traziam consigo as Durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956
técnicas de fabricação de diversos produtos; -1960) o desenvolvimento industrial brasileiro ganhou
• a formação de uma classe média urbana consu- novos rumos e feições. JK abriu a economia para o capi-
midora, estimulou a criação de indústrias; tal internacional, atraindo indústrias multinacionais. Foi
• a dificuldade de importação de produtos in- durante este período que ocorreu a instalação de mon-
dustrializados durante a Primeira Guerra Mundial (1914- tadoras de veículos internacionais (Ford, General Motors,
1918) estimulou a indústria.
A passagem de uma sociedade operária para uma ur- Volkswagen e Willys) em território brasileiro.
bano industrial, mudou a paisagem de algumas cidades
brasileiras, principalmente de São Paulo e Rio de Janeiro. Últimas décadas do século XX
Nas décadas 70, 80 e 90, a industrialização do Bra-
Resumo das fases do desenvolvimento industrial sil continuou a crescer, embora, em alguns momentos
GEOGRAFIA DO BRASIL

brasileiro de crise econômica, ela tenha estagnado. Atualmente o


Brasil possui uma boa base industrial, produzindo diver-
Mais de trezentos anos sem indústrias sos produtos como, por exemplo, automóveis, máquinas,
Enquanto o Brasil foi colônia de Portugal (1500 a
roupas, aviões, equipamentos, produtos alimentícios in-
1822) não houve desenvolvimento industrial em nosso
país. A metrópole proibia o estabelecimento de fábricas dustrializados, eletrodomésticos, etc. Apesar disso, a in-
em nosso território, para que os brasileiros consumissem dústria nacional ainda é dependente, em alguns setores,
os produtos manufaturados portugueses. Mesmo com a (informática, por exemplo) de tecnologia externa.

2
Dados atuais - Recursos Renováveis: madeira, peixes, vegetais –
- Felizmente, o Brasil está apresentando, embora pe- podem ser finitos, a depender do seu grau de utilização
quena, recuperação na produção industrial. De acordo - Recursos Não-Renováveis: petróleo, gás, demais
com dados do IBGE, divulgados em 1 de fevereiro de minérios – podem ser recuperados, porém em escalas de
2019, a indústria brasileira apresentou crescimento de tempo sobre-humanas.
1,1% em 2018. Como podemos perceber analisando o breve esque-
ma acima a maioria dos recursos naturais, mesmo os
Economica dos recursos naturais renováveis, podem não ser inesgotáveis, principalmente
A economia dos recursos naturais é o ramo da econo- se forem utilizados de maneira irresponsável e em lar-
mia que lida com os aspectos da extração e exploração ga escala. Com isso, talvez o maior desafio, não somente
dos recursos naturais ao longo do tempo, e a sua opti- dos gestores ambientais, mas de toda a espécie huma-
mização em termos económicos e ambientais.[1] Procura na, seja justamente o de conciliar o desenvolvimento
compreender o papel dos recursos naturais na economia, econômico com a preservação e conservação do meio
a fim de desenvolver métodos de gestão mais sustentá- ambiente.
vel destes recursos para garantir a sua disponibilidade E uma boa alternativa pode ser, realmente, a utili-
para as gerações futuras. zação de fontes de energia limpas, baratas e econo-
O que se conhece por “economia dos recursos natu- micamente viáveis, para que sejam atendidas todas as
rais” é um campo da teoria microeconômica que emerge necessidades energéticas da humanidade, porém, sem
das análises neoclássicas a respeito da utilização das ter- prejudicar nem esgotar as reservas naturais, preservan-
ras agrícolas, dos recursos minerais, dos peixes, dos re- do-as e conservando-as para as próximas gerações que
cursos florestais madeireiros e não madeireiros, da água, estão por vir.
todos os recursos naturais reprodutíveis e os não repro- Diversas soluções criativas e viáveis vêm surgindo, dia
dutíveis. (Maria Amélia Enriquez) após dia, em todo o mundo. Painéis solares à base de
- Renováveis - São recursos compatíveis com o hori- garrafas PET, biodigestores, moinhos e cataventos ge-
zonte de vida do homem. radores de energia eólica, geradores de energia a par-
Ex: solos, ar, águas, florestas, fauna e flora. tir das ondas do mar, carregadores de celular à base de
energia solar, carros movidos à energia elétrica ou solar,
- Não Renováveis - São recursos que necessitam de
computadores que funcionam movidos a pedais de bici-
eras “geológicas” para sua formação.
cleta, enfim, uma verdadeira infinidade de ideias inova-
Ex: Os minérios em geral e os combustíveis fósseis doras que, com investimento e, sobretudo, boa vontade,
(petróleo e gás natural). podem perfeitamente ajudar a solucionar boa parte dos
problemas ambientais, nesse caso, suprir nossas necessi-
“Um recurso que é extraído mais rápido do que é dades energéticas de locomoção e bem-estar.
renovado por Processos naturais é um recurso não re-
novável. Um recurso que é Reposto tão rápido quanto Estrutura fundiária do Brasil
é extraído é certamente renovável” (Irene Domenes Za- A estrutura fundiária corresponde ao modo como as
pparoli). propriedades rurais estão dispersas pelo território e seus
O principal critério para a classificação dos recursos respectivos tamanhos, que facilita a compreensão das
naturais é a capacidade de recomposição de um recur- desigualdades que acontecem no campo.
so no horizonte do tempo humano. Um recurso que é A desigualdade estrutural fundiária brasileira configu-
extraído mais veloz do que é renovado por processos ra como um dos principais problemas do meio rural, isso
naturais é um recurso não-renovável. Um recurso que é por que interfere diretamente na quantidade de postos
reposto tão rápido quanto é retirado é certamente um de trabalho, valor de salários e, automaticamente, nas
recurso renovável. condições de trabalho e o modo de vida dos trabalha-
dores rurais.
Em relação a Economia dos Recursos Naturais temos No caso específico do Brasil, uma grande parte das
a atual classificação: terras do país se encontra nas mãos de uma pequena
- Renováveis: solos, ar, águas, florestas, fauna e flora parcela da população, essas pessoas são conhecidas
no geral. como latifundiários. Já os minifundiários são proprietá-
- Não renováveis, ou exauríveis, esgotáveis ou não re- rios de milhares de pequenas propriedades rurais espa-
produtíveis: minérios, combustíveis. lhadas pelo país, algumas são tão pequenas que muitas
O estudo da economia dos recursos naturais tem vezes não conseguem produzir renda e a própria subsis-
adquirido importância crescente em várias correntes do tência familiar suficiente.
pensamento econômico, mas a abordagem dominante Diante das informações, fica evidente que no Brasil
ocorre uma discrepância em relação à distribuição de
GEOGRAFIA DO BRASIL

ainda é a da economia neoclássica (também chamada de


terras, uma vez que alguns detêm uma elevada quan-
economia convencional).
tidade de terras e outros possuem pouca ou nenhuma,
esses aspectos caracterizam a concentração fundiária
Existem basicamente 4 tipos de Recursos Naturais: brasileira.
É importante conhecer os números que revelam
- Recursos Minerais: água, solo, ouro, prata, cobre, quantas são as propriedades rurais e suas extensões:
bronze; existem pelo menos 50.566 estabelecimentos rurais infe-
- Recursos Energéticos: sol, vento, petróleo, gás; rior a 1 hectare, essas juntas ocupam no país uma área de

3
25.827 hectares, há também propriedades de tamanho volvidos nas regiões que englobam os estados de São
superior a 100 mil hectares que juntas ocupam uma área Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Para-
de 24.047.669 hectares. ná, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso
Outra forma de concentração de terras no Brasil é do Sul. Nesse contexto, destacam-se a produção de soja,
proveniente também da expropriação, isso significa a a carne para exportação e também a cana-de-açúcar, em
venda de pequenas propriedades rurais para grandes
razão do aumento da necessidade nacional e internacio-
latifundiários com intuito de pagar dívidas geralmente
geradas em empréstimos bancários, como são muito pe- nal por etanol.
quenas e o nível tecnológico é restrito diversas vezes não Na região Sul do país, a produção agrícola é carac-
alcançam uma boa produtividade e os custos são eleva- terizada pela ocupação histórica de grupos imigrantes
dos, dessa forma, não conseguem competir no mercado, europeus, pela expansão da soja voltada para a exporta-
ou seja, não obtêm lucros. Esse processo favorece o sis- ção nos últimos decênios e pela intensiva modernização
tema migratório do campo para a cidade, chamado de agrícola. Essa configuração é preponderante no oeste do
êxodo rural. Paraná e de Santa Catarina, além do norte do Rio Grande
A problemática referente à distribuição da terra no do sul. Além da soja, cultivam-se também, em larga esca-
Brasil é produto histórico, resultado do modo como no
la, o milho, a cana-de-açúcar e o algodão. Na pecuária, a
passado ocorreu a posse de terras ou como foram con-
cedidas. maior parte da produção é a de carne de porco e de aves.
A distribuição teve início ainda no período colonial Na região Sudeste, assim como na região sul, a me-
com a criação das capitanias hereditárias e sesmarias, canização e produção com base em procedimentos in-
caracterizada pela entrega da terra pelo dono da capita- tensivos de alta tecnologia são predominantes. Embora
nia a quem fosse de seu interesse ou vontade, em suma, seja essa a região em que a agricultura encontra-se mais
como no passado a divisão de terras foi desigual os re- completamente subordinada à indústria, destacam-se os
flexos são percebidos na atualidade e é uma questão ex- altos índices de produtividade e uso do solo. Por outro
tremamente polêmica e que divide opiniões. lado, com a maior presença de maquinários, a geração
de empregos é limitada e, quando muito, gerada nas
Agricultura no Brasil atual agroindústrias. As principais culturas cultivadas são o
Atualmente, a agricultura no Brasil é marcada pelo café, a cana-de-açúcar e a fruticultura, com ênfase para
processo de mecanização e expansão das atividades em os laranjais.
direção à região Norte.
A atividade do setor agrícola é uma das mais impor-
tantes da economia brasileira, pois, embora componha
pouco mais de 5% do PIB brasileiro na atualidade, é res-
ponsável por quase R$100 bilhões em volume de expor-
tações em conjunto com a pecuária, segundo dados da
Secretaria de Relações Internacionais do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SRI/Mapa). A pro-
dução agrícola no Brasil, portanto, é uma das principais
responsáveis pelos valores da balança comercial do país.
Ao longo da história, o setor da agricultura no Brasil
passou por diversos ciclos e transformações, indo desde
a economia canavieira, pautada principalmente na pro-
dução de cana-de-açúcar durante o período colonial, até
as recentes transformações e expansão do café e da soja.
Produção cafeeira em Alfenas, Minas Gerais
Atualmente, essas transformações ainda ocorrem, sobre-
tudo garantindo um ritmo de sequência às transforma- Na região Nordeste, por sua vez, encontra-se uma
ções técnicas ocorridas a partir do século XX, como a me- relativa pluralidade. Na Zona da Mata, mais úmida, pre-
canização da produção e a modernização das atividades. domina o cultivo das plantations, presente desde tempos
A modernização da agricultura no Brasil atual está coloniais, com destaque novamente para a cana, voltada
diretamente associada ao processo de industrialização atualmente para a produção de álcool e também de açú-
ocorrido no país durante o mesmo período citado, fator car. Nas áreas semiáridas, ressalta-se a presença da agri-
que foi responsável por uma reconfiguração no espaço cultura familiar e também de algumas zonas com uma
geográfico e na divisão territorial do Brasil. Nesse novo produção mais mecanizada. O principal cultivo é o de
panorama, o avanço das indústrias, o crescimento do se- frutas, como o melão, a uva, a manga e o abacaxi. Além
GEOGRAFIA DO BRASIL

tor terciário e a aceleração do processo de urbanização disso, a agricultura de subsistência também possui um
colocaram o campo economicamente subordinado à ci- importante papel.
dade, tornando-o dependente das técnicas e produções Já a região Centro-Oeste é a área em que mais se
expande o cultivo pela produção mecanizada, que se
industriais (máquinas, equipamentos, defensivos agríco-
expande em direção à Amazônia e vem pressionando a
las etc.).
expansão da fronteira agrícola para o norte do país. A Re-
Podemos dizer que a principal marca da agricultura volução Verde, no século passado, foi a principal respon-
no Brasil atual – e também, por extensão, a pecuária – é a sável pela ocupação dos solos do Cerrado nessa região,
formação dos complexos agrícolas, notadamente desen-

4
pois permitiu o cultivo de diversas culturas em seus solos Expansão de um regime associativo:
de elevada acidez. O principal produto é a soja, também Com a capitalização do campo, as relações de traba-
voltada para o mercado externo. lho tradicionais tendiam a desaparecer mais, porque são
substituídas pelo trabalho assalariado, no entanto, para
diminuir custo e encargos, as grandes empresas desen-
volveram uma nova forma de trabalhar no campo, incen-
tivando o pequeno e o médio produtor a produzir para
eles.

Agricultura Familiar x Agricultura Comercial


A produção agrícola no Brasil está organizada basi-
camente em dois modelos. A agricultura familiar repre-
senta boa parte do estabelecimento agrícolas brasileiros,
e se dedica basicamente à produção de alimentos que
abastecem o mercado interno. Nesse tipo de agricultu-
ra, as técnicas empregadas são em geral rudimentares,
ou seja, sem um elevado grau tecnológico. São utiliza-
das técnicas que não contribuem para elevada produti-
vidade, como por exemplo as queimadas, ou mesmo a
rotação de culturas e pousio. Esse agricultores contam
Produção mecanizada de soja no Mato Grosso com o apoio de programas de acesso ao crédito, como
o “Pronaf”, contudo ainda tem dificuldades na aquisição
Por fim, a região Norte é caracterizada por receber, dos insumos agrícolas, como fertilizantes e maquinário.
atualmente, as principais frentes de expansão, vindas do Por outro lado, a agricultura comercial, também co-
Nordeste e do Centro-Oeste. A região do “matopiba” nhecida como agronegócio, baseia-se na produção em
(Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), por exemplo, é a larga escala das chamadas COMMODITIES agrícolas,
área onde a pressão pela expansão das atividades agrá- principalmente de grãos como a soja, milho e café. Esses
rias ocorre mais intensamente, o que torna a região Nor- produtos tem grande demanda mundial, e tem seus valo-
te como o futuro centro de crescimento do agronegócio res definidos por ela. São produzidos em grandes exten-
brasileiro. As atividades mais praticadas nessa região ain- sões de terra, uma vez que a abundância delas no Brasil
da são de caráter extensivo e de baixa tecnologia, com reduz seu valor. Como esses agricultores detêm elevado
ênfase na pecuária primitiva, na soja em expansão e em poder econômico ocorre a aquisição de largas faixas do
outros produtos, que passam a competir com o extrati- território brasileiro, com destaque para as regiões Cen-
vismo vegetal existente. tro-Oeste e mais recentemente Norte e Nordeste (oeste
da Bahia, Tocantins, Piauí e Maranhão).
Em termos de tecnologia, a agricultura comercial faz
uso intensivo de maquinário, fertilizantes químicos, pes-
ticidas, ou mesmo organismos geneticamente alterados
(OGM`s). O emprego da tecnologia garante a esses pro-
dutores agrícolas grande eficiência na produção, o que
também repercute em lucros elevados. As lavouras tam-
bém são restritas a um único tipo de cultivo, as chamadas
“monoculturas de exportação”. É importante destacar
que essas lavouras respondem por 22% do PIB brasilei-
ro e que promovem crescimento econômico também no
setor secundário, por meio da produção de máquinas e
equipamentos utilizados no plantio/colheita, bem como
no setor terciário, uma vez que dependem do armazena-
mento, transporte e comércio de sua produção.
Em resumo, enquanto a agricultura familiar é marca-
da pela diversidade de cultivos, a agricultura comercial
está diretamente a atrelada a elevada produção de ape-
Pecuária extensiva na área de expansão agrícola da região nas um gênero agrícola.
Norte
GEOGRAFIA DO BRASIL

A Geografia dos conflitos fundiários no Brasil


As relações de trabalho no campo Os conflitos fundiários são disputas pela posse da
terra presentes ao longo de toda a história brasileira. Eles
Diminuição do sistema de parceria: estão ligados basicamente a grande abundância desse
Com a capitalização do campo, as relações de traba- fator produtivo (a terra), aliada aos processos concentra-
lho tradicionais vão desaparecendo porque são substi- dores, bem como a consolidação de um cenário de gran-
tuídas pelo trabalho assalariado, ou porque o proprietá- de desigualdade social no campo. Em 1850, a promulga-
rio prefere deixar a terra ociosa á espera de valorização. ção da Lei de Terras, estabeleceu a compra como único

5
meio de obtenção desse importante recurso produtivo. agropecuária se consolidava nessa porção do território
Dessa forma, as elites agrárias foram beneficiadas, dado brasileiro, as empresas agrícolas, detentoras de capital, e
que elas dispunham do poder econômico, o que lhes tecnologia de ponta, passaram a se estabelecer no espa-
conferiu grande vantagem na aquisição de vastas áreas. ço antes ocupados por pequenos e médios agricultores.
Ao mesmo tempo, os pequenos agricultores, destituídos
do poder econômico (e também político), acabaram por Êxodo rural
se manter a margem da aquisição de terras.
O êxodo rural corresponde ao processo de migração
em massa da população do campo para as cidades, fe-
nômeno que costuma ocorrer em um período de tempo
considerado curto, como o prazo de algumas décadas.
Trata-se de um elemento diretamente associado a várias
dinâmicas socioespaciais, tais como a urbanização, a in-
dustrialização, a concentração fundiária e a mecanização
do campo.
Um dos maiores exemplos de como essa questão
costuma gerar efeitos no processo de produção do espa-
ço pode ser visualizado quando analisamos a conjuntura
do êxodo rural no Brasil. Sua ocorrência foi a grande
responsável pela aceleração do processo de urbanização
em curso no país, que aconteceu mais por valores repul-
sivos do que atrativos, isto é, mais pela saída de pessoas
do campo do que pelo grau de atratividade social e fi-
nanceira das cidades brasileiras.
O êxodo rural no Brasil ocorreu, de forma mais inten-
sa, em apenas duas décadas: entre 1960 e 1980, man-
tendo patamares relativamente elevados nas décadas
seguintes e perdendo força total na entrada dos anos
2000. Segundo estudos publicados pela Embrapa (Em-
presa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o êxodo ru-
ral, nas duas primeiras décadas citadas, contribuiu com
quase 20% de toda a urbanização do país, passando para
3,5% entre os anos 2000 e 2010.¹
De acordo com o Censo Demográfico de 2010 divul-
gado pelo IBGE, o êxodo rural é, realmente, desacelerado
nos tempos atuais. Em comparação com o Censo ante-
rior (2000), quando a taxa de migração campo-cidade
por ano era de 1,31%, a última amostra registrou uma
queda para 0,65%. Esses números consideraram as por-
centagens em relação a toda a população brasileira.
Os resultados da Lei de Terras associados a outros fa-
Se considerarmos os valores do êxodo rural a partir
tos históricos, repercutem nos dias atuais. No entanto,
do número de migrantes em relação ao tamanho total
há uma nítida concentração das disputas que envolvem
a terra na região de expansão da fronteira agrícola, da população residente no campo no Brasil, temos que,
basicamente na região Norte do país. Entende-se como entre 2000 e 2010, a taxa de êxodo rural foi de 17,6%, um
fronteira agrícola, as áreas incorporadas pela agrope- número bem menor do que o da década anterior: 25,1%.
cuária ao longo do século XX. Ao final dos ano 1940, a Na década de 1980, essa taxa era de 26,42% e, na déca-
elevação dos preços da terra na região Sudeste e Sul, da de 1970, era de 30,02%. Portanto, nota-se claramente
associada à necessidade de expansão das lavouras, mo- a tendência de desaceleração, ao passo que as regiões
tivou a abertura de novas faixas produtivas no território Centro-Oeste e Norte, até mesmo, apresentam um pe-
brasileiro. Elas se concentraram, inicialmente, ao norte do queno crescimento no número de habitantes do campo.
estado do Paraná, e na porção sul do atual Mato Gros- Os principais fatores responsáveis pela queda do êxo-
so do Sul. A baixa aptidão agrícola dos solos do Cerra- do rural no Brasil são: a quantidade já escassa de tra-
GEOGRAFIA DO BRASIL

do, típicos da região Centro-Oeste do Brasil, foi resol- balhadores rurais no país, exceto o Nordeste, que ainda
vida por meio da biotecnologia utilizada pela Empresa possui uma relativa reserva de migrantes; e os investi-
Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (EMBRAPA), que mentos, mesmo que tímidos, para os pequenos produto-
desenvolveu sementes adaptadas às restrições pedoló- res e agricultores familiares. Existem, dessa forma, vários
gicas. Simultaneamente, o governo brasileiro, por meio programas sociais do governo para garantir que as pes-
de incentivos fiscais (descontos e isenções de impostos) soas encontrem melhores condições de vida no campo,
na compra da terra, estimulou o avanço da agropecuá- embora esses investimentos não sejam considerados tão
ria para a fronteira agrícola. Contudo, a medida que a expressivos.

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Entre os efeitos do êxodo rural no Brasil, podemos rações para a pecuária de corte e leiteira, isso na primeira
destacar: etapa produtiva.
– Aceleração da urbanização, que ocorreu concentra- Posteriormente a esse processo são agregados no-
da, sobretudo, nas grandes metrópoles do país, sobre- vos integrantes do agronegócio que correspondem às
tudo as da região sudeste ao longo do século XX. Essa agroindústrias responsáveis pelo processamento da ma-
concentração ocorreu, principalmente, porque o êxodo téria-prima oriunda da agropecuária.
rural foi acompanhado de uma migração interna no país, A agroindústria realiza a transformação dos produtos
em direção aos polos de maiores atratividades econômi- primários da agropecuária em subprodutos que podem
cas e com mais acentuada industrialização; inserir na produção de alimentos, como os frigoríficos,
– Expansão desmedida das periferias urbanas, com a indústria de enlatados, laticínios, indústria de couro, bio-
formação de habitações irregulares e o crescimento das combustíveis, produção têxtil entre muitos outros.
favelas em várias metrópoles do país; A produção agropecuária está diretamente ligada aos
– Aumento do desemprego e do emprego informal: alimentos, processados ou não, que fazem parte do nos-
o êxodo rural, acompanhado do crescimento das cida- so cotidiano, porém essa produção é mais complexa, isso
des, propiciou o aumento do setor terciário e também
por que muitos dos itens que compõe nossa vida são
do campo de atuação informal, gerando uma maior
oriundos dessa atividade produtiva, madeira dos móveis,
precarização das condições de vida dos trabalhadores.
Além disso, com um maior exército de trabalhadores de as roupas de algodão, essência dos sabonetes e grande
reserva nas cidades, houve uma maior elevação do de- parte dos remédios têm origem nos agronegócios.
semprego; A partir de 1970, o Brasil vivenciou um aumento no
– Formação de vazios demográficos no campo: em setor agroindustrial, especialmente no processamento
regiões como o Sudeste, o Sul e, principalmente, o Cen- de café, soja, laranja e cana-de-açúcar e também criação
tro-Oeste, formaram-se verdadeiros vazios demográficos de animais, principais produtos da época.
no campo, com densidades demográficas praticamente A agroindústria, que corresponde à fusão entre a
nulas em várias áreas. produção agropecuária e a indústria, possui uma inter-
dependência com relação a diversos ramos da indústria,
Já entre as causas do êxodo rural no Brasil, é pos- pois necessitam de embalagens, insumos agrícolas, irri-
sível citar: gação, máquinas e implementos.
– Concentração da produção do campo, na medida Esse conjunto de interações dá à atividade alto grau
em que a menor disponibilidade de terras proporciona de importância econômica para o país, no ano de 1999
maior mobilidade da população rural de média e baixa somente a agropecuária respondeu por 9% do PIB do
renda; Brasil, entretanto, se enquadrarmos todas as atividades
– Mecanização do campo, com a substituição dos (comercial, financeira e serviços envolvidos) ligadas ao
trabalhadores rurais por maquinários, gerando menos setor de agronegócios esse percentual se eleva de for-
empregos no setor primário e forçando a saída da popu- ma significativa com a participação da agroindústria para
lação do campo para as cidades; aproximadamente 40% do PIB total.
– Fatores atrativos oferecidos pelas cidades, como Esse processo também ocorre nos países centrais,
mais empregos nos setores secundário e terciário, o que nos quais a agropecuária responde, em média, por 3%
foi possível graças ao rápido – porém tardio – processo do Produto Interno Bruto (PIB), mas os agronegócios ou
de industrialização vivido pelo país na segunda metade agrobusiness representam um terço do PIB. Essas carac-
do século XX. terísticas levam os líderes dos Estados Unidos e da União
Europeia a conduzir sua produção agrícola de modo
Agronegócio e a produção agropecuária brasileira
subsidiado pelos seus respectivos governos, esses criam
O agronegócio, que atualmente recebe o nome de
medidas protecionistas (barreiras alfandegárias, impe-
agrobusiness (agronegócios em inglês), corresponde à
junção de diversas atividades produtivas que estão dire- dimento de importação de produtos de bens agrícolas)
tamente ligadas à produção e subprodução de produtos para preservar as atividades de seus produtores.
derivados da agricultura e pecuária. Em suma, o agronegócio ocupa um lugar de desta-
Quando se fala em agronegócio é comum associar que na economia mundial, principalmente nos países
somente a produção in natura, como grãos e leite, por subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, pois garan-
exemplo, no entanto esse segmento produtivo é muito te o sustento alimentar das pessoas e sua manutenção,
mais abrangente, pois existe um grande número de par- além disso, contribui para o crescimento da exportação e
ticipantes nesse processo. do país que o executa.
O agronegócio deve ser entendido como um proces- População brasileira
so, na produção agropecuária intensiva é utilizado uma A Geografia Humana do Brasil tem por objetivo ana-
série de tecnologias e biotecnologias para alcançar níveis lisar as características da população brasileira, a diversi-
GEOGRAFIA DO BRASIL

elevados de produtividade, para isso é necessário que al- dade étnica e cultural, os aspectos socioeconômicos, o
guém ou uma empresa forneça tais elementos. quantitativo e a distribuição populacional, a divisão re-
Diante disso, podemos citar vários setores da eco- gional, entre outros temas relacionados. Para entender-
nomia que faz parte do agronegócio, como bancos que mos a atual estrutura da população brasileira, é impor-
fornecem créditos, indústria de insumos agrícolas (fer- tante uma abordagem histórica da ocupação do país e a
tilizantes, herbicidas, inseticidas, sementes selecionadas formação da identidade nacional.
para plantio entre outros), indústria de tratores e peças, O Brasil é considerado um dos países de maior diver-
lojas veterinárias e laboratórios que fornecem vacinas e sidade étnica do mundo, sua população apresenta carac-

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terísticas dos colonizadores europeus (brancos), dos negros (africanos) e dos indígenas (população nativa), além de
elementos dos imigrantes asiáticos. A construção da identidade brasileira levou séculos para se formar, sendo fruto da
miscigenação (interação entre diferentes etnias) entre os povos que aqui vivem.
Além de miscigenado, o Brasil é um país populoso. De acordo com dados do último Censo Demográfico, realizado
em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população total do país é de 190.755.799 habitan-
tes. Essa quantidade faz do Brasil o quinto mais populoso do mundo, atrás da China, Índia, Estados Unidos da América
(EUA) e Indonésia, respectivamente.
Apesar de populoso, o Brasil é um país pouco povoado, pois a densidade demográfica (população relativa) é de
apenas 22,4 habitantes por quilômetro quadrado. Outro fato que merece ser destacado é a distribuição desigual da
população no território nacional. Um exemplo desse processo é a comparação entre o contingente populacional do
estado de São Paulo (41,2 milhões) com o da região Centro-Oeste (14 milhões).

Origens do Povo Brasileiro


O povo brasileiro foi originado a partir da miscigenação entre diferentes etnias.
A população brasileira é bastante miscigenada. Isso ocorreu em razão da mistura de diversos grupos humanos que
aconteceu no país. São inúmeras as raças que favoreceram a formação do povo brasileiro. Os principais grupos foram
os povos indígenas, africanos, imigrantes europeus e asiáticos.

Povos indígenas: antes do descobrimento do Brasil, o território já era habitado por povos nativos, nesse caso, os
índios. Existem diversos grupos indígenas no país, entre os principais estão: Karajá, Bororo, Kaigang e Yanomani. No
passado, a população desses índios era de quase 2 milhões de pessoas.

Povos africanos: grupo humano que sofreu uma migração involuntária, pois foram capturados e trazidos para o
Brasil, especialmente entre os séculos XVI e XIX. Nesse período, desembarcaram no Brasil milhões de negros africanos,
que vieram para o trabalho escravo. Os escravos trabalharam especialmente no cultivo da cana-de-açúcar e do café.

Imigrantes europeus e asiáticos: os primeiros europeus a chegarem ao Brasil foram os portugueses. Mais tarde, por
volta do século XIX, o governo brasileiro promoveu a entrada de um grande número de imigrantes europeus e tam-
bém asiáticos. Na primeira metade do século XX, pelo menos quatro milhões de imigrantes desembarcaram no Brasil.
Dentre os principais grupos humanos europeus, destacam-se: portugueses, espanhóis, italianos e alemães. Em relação
aos povos asiáticos, podemos destacar japoneses, sírios e libaneses.
Tendo em vista essa diversidade de raças, culturas e etnias, o resultado só poderia ser uma miscigenação, a qual
promoveu uma grande riqueza cultural. Por esse motivo, encontramos inúmeras manifestações culturais, costumes,
pratos típicos, entre outros aspectos.
A demografia – ou Geografia da População – é a área da ciência que se preocupa em estudar as dinâmicas e os pro-
cessos populacionais. Para entender, por exemplo, a lógica atual da população brasileira é necessário, primeiramente,
entender alguns conceitos básicos desse ramo do conhecimento.
População absoluta: é o índice geral da população de um determinado local, seja de um país, estado, cidade ou
região. Exemplo: a população absoluta do Brasil está estimada em 180 milhões de habitantes.
Densidade demográfica: é a taxa que mede o número de pessoas em determinado espaço, geralmente medida em
habitantes por quilômetro quadrado (hab/km²). Também é chamada de população relativa.
Superpovoamento ou superpopulação: é quando o quantitativo populacional é maior do que os recursos sociais
e econômicos existentes para a sua manutenção.

FIQUE ATENTO!
Qual a diferença entre um local, populoso, densamente povoado e superpovoado?
Um local densamente povoado é um local com muitos habitantes por metro quadrado, enquanto que um
local populoso é um local com uma população muito grande em termos absolutos e um lugar superpovo-
ado é caracterizado por não ter recursos suficientes para abastecer toda a sua população.
Exemplo: o Brasil é populoso, porém não é densamente povoado. O Bangladesh não é populoso, porém
superpovoado. O Japão é um país populoso, densamente povoado e não é superpovoado.

Taxa de natalidade: é o número de nascimentos que acontecem em uma determinada área.


GEOGRAFIA DO BRASIL

Taxa de fecundidade: é o número de nascimentos bem sucedidos menos o número de óbitos em nascimentos.
Taxa de mortalidade: é o número de óbitos ocorridos em um determinado local.
Crescimento natural ou vegetativo: é o crescimento populacional de uma localidade medido a partir da diminui-
ção da taxa de natalidade pela taxa de mortalidade.
Crescimento migratório: é a taxa de crescimento de um local medido a partir da diminuição da taxa de imigração
(pessoas que chegam) pela taxa de emigração (pessoas que se mudam).
Crescimento populacional ou demográfico: é a taxa de crescimento populacional calculada a partir da soma entre
o crescimento natural e o crescimento migratório.

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Migração pendular: aquela realizada diariamente no Três estados em particular, São Paulo (44 milhões de
cotidiano da população. Exemplo: ir ao trabalho e voltar. habitantes, taxa de 21,7% do total da população), Mi-
Migração sazonal: aquela que ocorre durante um nas Gerais (20,7 milhões, taxa de 10,2%) e Rio de Janeiro
determinado período, mas que também é temporária. (16,5 milhões, taxa de 8,1%) concentram 40% da popula-
Exemplo: viagem de férias. ção. São 27 capitais que condensam 23,8% da população
Migração definitiva: quando se trata de algum tipo do país, índice que vem se mantendo estável há mais de
de migração ou mudança de moradia definitiva. uma década.
Êxodo rural: migração em massa da população do Embora as grandes cidades estejam mantendo uma
campo para a cidade durante um determinado período. maior concentração populacional, existe um desloca-
Lembre-se que uma migração esporádica de campo para mento para o interior do Brasil, preferencialmente para
a cidade não é êxodo rural. as cidades de médio porte, que variam de 100 a 500 mil
Metropolização: é a migração em massa de pessoas habitantes.
de pequenas e médias cidades para grandes metrópoles
ou regiões metropolitanas. Mais informações sobre o crescimento e distribui-
Desmetropolização: é o processo contrário, em que ção da população brasileira
a população migra em massa para cidades menores, so-
bretudo as cidades médias. De 1970 até a atualidade, a parcela urbana da po-
pulação brasileira cresceu de 58% naquela década para
População 80% em 2000, havendo uma estimativa de crescimento
A população brasileira está irregularmente distribuída populacional, verificando-se que as aglomerações urba-
no território, isso fica evidente quando se compara algu- nasdas Regiões Norte e Centro-Oeste crescem mais do
mas regiões ou estados, o Sudeste do país, por exemplo, que os centros urbanos já estabelecidos do eixo Sudeste-
apresenta uma densidade demográfica de 87 hab/km2, -Sul, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica
as regiões Nordeste, Sudeste e Sul reúnem juntas 88% Aplicada (IPEA).
da população, distribuída em 36% de todo o território, Houve um crescimento mais intenso, entre 2001 e
fato contrário à densidade demográfica do Norte e Cen- 2005, da população brasileira nas regiões Norte e Cen-
tro-Oeste, que são, respectivamente, 4,1 hab/km2 e 8,7 tro-Oeste, enquanto que na região Sudeste e Sul um rá-
hab/km2, correspondendo a 64% do território total. Os pido crescimento urbano ocorreu. A região Centro-Oeste
brasileiros atualmente exercem um grande fluxo migra- teve a experiência de ter a maior taxa de crescimento
tório, internacional e nacionalmente, nesse processo é anual (4,9%), justificado pela ocorrência de fluxos migra-
importante salientar a diferença entre emigração (saída tórios relativos a atividades de expansão econômica.
voluntária do país de origem) e imigração (o ato de esta- A menor taxa de crescimento e distribuição da po-
belecer-se em país estrangeiro). pulação brasileira, desde a década de 1990, é apresen-
Acerca das migrações externas o significado está tada pela região Nordeste, que embora apresente índi-
no fluxo de pessoas que saem do seu país para viver, ces elevados de natalidade, possui uma abundância de
ou mesmo visitar, outro país, geralmente países desen- oferta de mão de obra barata que provoca a migração
volvidos; já as migrações internas caracterizam-se pelo para a região Sudeste, que possui uma demanda grande
deslocamento populacional que se realiza dentro de um de empregos para atender às necessidades do desenvol-
mesmo país, seja entre regiões, estado ou municípios. No vimento concentrado nos polos dinâmicos da economia
Brasil cerca de 40% dos habitantes residem fora dos mu- brasileira.
nicípios que nasceram. Os processos de industrialização e urbanização
Os principais fluxos migratórios no Brasil estão voltados estão intrinsecamente interligados. Foi com os avanços
para os nordestinos que saem em direção ao Sudeste e Cen- e transformações proporcionados, por exemplo, pelas
tro-Oeste, isso muita vezes é provocado devido às questões Revoluções Industriais na Europa que esse continente
de seca, falta de emprego, baixo índice de industrialização concebeu o crescimento exponencial de suas principais
em relação às outras regiões, dentre outros fatores. cidades, aquelas mais industrializadas. Ao mesmo tem-
Outro fluxo bastante difundido é em relação aos mi- po, o processo de urbanização intensifica o consumo nas
grantes do Sul que saem em direção às regiões do Cen- cidades, o que acarreta a produção de mais mercadorias
tro-Oeste e Norte, esse processo deve-se aos agriculto- e o aumento do ritmo da atividade industrial.
res gaúchos que procuram novas áreas de cultivo com A industrialização é um dos principais fatores de
preços mais baixos. transformação do espaço geográfico, pois interfere nos
fluxos populacionais, reorganiza as atividades nos con-
GEOGRAFIA DO BRASIL textos da sociedade e promove a instrumentalização das
diferentes técnicas e meios técnicos, que são essenciais
GEOGRAFIA DO BRASIL

Crescimento e Distribuição da População Brasileira para as atividades humanas. A atividade industrial, por
definição, corresponde ao arranjo de práticas econômi-
A população brasileira, segundo o Instituto Brasileiro cas em que o trabalho e o capital transformam maté-
de Geografia e Estatística (IBGE, 2014) fica em torno de rias-primas ou produtos de base em bens de produção
203 milhões de habitantes distribuídos pelas 26 unida- e consumo.
des de federação e 5.570 municípios e o Distrito Federal. Com o avanço nos sistemas de comunicação e trans-
Com isso podemos ter dados do crescimento e distri- porte – fatores que impulsionaram a globalização –, pra-
buição da população brasileira. ticamente todos os povos do mundo passaram a con-

9
sumir produtos industrializados, independentemente da Mercado de Trabalho
distância entre o seu local de produção e o local de consu-
mo. Estabelece-se, com isso, uma rede de influências que Mercado de Trabalho é um conceito utilizado para
atua em escalas que vão do local ao global. explicar a procura e a oferta das atividades remuneradas
Graças ao processo de industrialização e sua ampla oferecidas pelas pessoas ao setor público e ao privado.
difusão pelo mundo, incluindo boa parte dos países O mercado de trabalho acompanhou a expansão da
subdesenvolvidos e emergentes, a urbanização também economia e as taxas de desemprego chegaram a regis-
cresceu, a ponto de, segundo dados da ONU, o mundo trar somente 4% de desocupação.
ter se tornado, pela primeira vez, majoritariamente urba- Cada vez mais, exige-se o ensino médio para as pro-
no, isto é, com a maior parte da população residindo em fissões mais elementares, conhecimento básico de inglês
cidades, feito ocorrido no ano de 2010 em diante. e informática. Devido a desigualdade social do país, nem
Mas como a industrialização interfere na urbaniza- sempre esses requisitos serão cumpridos durante a vida
ção? escolar.
É errôneo pensar que a industrialização é o único fa- O melhor é se dedicar aos estudos, fazer um bom cur-
tor que condiciona o processo de urbanização. Afinal, rículo, acumular experiências de trabalho voluntário e se
tal fenômeno está relacionado também a outros even- preparar para entrevistas.
tos, que envolvem dinâmicas macroeconômicas, sociais Por isso, é preciso abandonar de vez a ideia de traba-
e culturais, além de fatores específicos do local. No en- lho infantil e lembrar que uma criança que não estudou
durante a infância será um adulto com menos chances de
tanto, a atividade industrial exerce uma influência quase
conseguir um bom emprego.
que preponderante, pois ela atua tanto no espaço das
Desde 2016, a taxa de desemprego tem crescido e
cidades, que apresentam crescimento, quanto no espaço
isso só aumenta a competição para quem deseja se reco-
rural, que vê uma gradativa diminuição de seu contin-
locar ou entrar no mercado de trabalho.
gente populacional em termos proporcionais.
No meio rural, o processo de industrialização inter-
fere com a produção e inserção de modernos maquiná-
rios no sistema produtivo, como tratores, colheitadeiras,
semeadeiras e outros. Dessa forma, boa parte da mão
de obra anteriormente empregada é substituída por má-
quinas e técnicos qualificados em operá-las. Como con-
sequência, boa parte dessa população passa a residir em
cidades, por isso, elas tornam-se cada vez maiores e mais
povoadas. Vale lembrar que a mecanização não é o único
fator responsável pelo processo de migração em mas-
sa do campo para a cidade, o que chamamos de êxodo
rural, mas é um dos elementos mais importantes nesse
sentido.
Além disso, a industrialização das cidades faz com
que elas se tornem mais atrativas em termos de migra-
ções internas, o que provoca o aumento de seus espaços
graças à maior oferta de empregos, tanto na produção
fabril em si quanto no espaço da cidade, que demandará
mais trabalho no setor comercial e também na prestação
de serviços.
Não por acaso, os primeiros países a industrializem-
-se foram também os primeiros a conhecer a urbani-
zação em sua versão moderna, tornando-se territórios
verdadeiramente urbano-industriais. Atualmente, esse
processo vem ocorrendo em países emergentes e sub-
desenvolvidos, tal qual o Brasil, que passou por isso ao
longo de todo o século XX. Segundo a ONU, até 2030,
todas as regiões do mundo terão mais pessoas vivendo
nas cidades do que no meio rural.
O grande gargalo desse modelo é o crescimen-
GEOGRAFIA DO BRASIL

to acelerado das cidades, que contribui para fomentar


a macrocefalia urbana, quando há o inchaço urbano,
com problemas ambientais e sociais, além da ausên-
cia de infraestruturas, crescimento da periferização e do Taxa de desemprego no Brasil em 2017
trabalho informal, excesso de poluição, entre outros pro-
blemas. Estima-se, por exemplo, que até 2020 quase 900 Muitas pessoas recorrem ao trabalho informal, tem-
milhões de pessoas estarão vivendo em favelas, em con- porário ou não, a fim de escapar da situação de desem-
dições precárias de moradia e habitação. prego.

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Atual
O mercado de trabalho nunca foi tão competitivo. A economia de mercado globalizada fez com que as empresas
possam contratar pessoas em todos os cantos do planeta. Com o crescimento do trabalho remoto esta tendência só
tende a aumentar.
Igualmente, os postos oferecidos pelo mercado de trabalho exigem cada vez mais tempo de estudo, autonomia e
habilidades em informática.
Dessa maneira, nem sempre aqueles que são considerados como população economicamente ativa, tem suficiente
formação para ingressar no mercado de trabalho.

Tendências
As principais tendências para o aperfeiçoamento do trabalhador, em 2017, segundo uma consultoria brasileira
seriam:
• Capacidade de Negociação
• Execução de planejamento estratégico e projetos
• Assumir equipes de sucesso herdadas
• Domínio do idioma inglês

Mulher
Embora a mulher ocupe uma fatia expressiva do mercado de trabalho, vários problemas persistem como a remune-
ração inferior ao homem e a dupla jornada de trabalho.
Mesmo possuindo a mesma formação de um homem e ocupando a mesma posição, a mulher ganhará menos. Além
disso, em casa se ocupará mais tempo das tarefas domésticas do que os homens.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em todo mundo, apenas 46% das mulheres em idade de
trabalhar buscam emprego. Na mesma faixa etária, os homens respondem por 76%.
Nos países desenvolvidos a mulher ocupa 51,6% dos postos de trabalho frente aos 68% dos homens. No Brasil, essa
diferença é de 22 pontos percentuais, aumentando a brecha salarial.
Nos gráficos abaixo podemos observar a participação da mulher no mercado de trabalho no Brasil:

Divisão do mercado de trabalho entre mulheres e homens

Jovens
Para os jovens da chamada geração Y ou os millennials – que nasceram após 1995 – o mercado de trabalho pode
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ser um desafio complexo.


Os millennials se caracterizam por ter um domínio das tecnologias mais recentes, redes sociais e até programação.
Possuem bom nível de inglês e um segundo idioma, fizeram pós-graduação e quem pode, viajou para o exterior.
Por outro lado, têm dificuldades em aceitar hierarquias e, por conta de sua formação, desejam começar logo em
postos de comando. São menos propensos a serem fiéis à empresa e preferem empreender seu próprio negócio que
buscar um emprego tradicional.
A realidade dos millennials nos países subdesenvolvidos em geral e no Brasil em particular esbarra sempre no aces-
so à educação formal.

11
Espaço urbano e seus problemas

O Espaço Urbano pode ser definido como o espaço


das cidades, o conjunto de atividades que ocorrem em
uma mesma integração local, com a justaposição de ca-
sas e edifícios, atividades e práticas econômicas, sociais e
culturais. O espaço da cidade é, dessa forma, uma paisa-
gem representativa do espaço geográfico, um território
Urbanização no Brasil das práticas políticas e um lugar das visões de mundo e
Características da urbanização brasileira mediações culturais.
No entanto, é preciso estabelecer uma distinção en-
tre o urbano e as cidades. Existem cidades, por exemplo,
que não são consideradas urbanas, por possuírem uma
pequena quantidade de habitantes e uma baixa dinâmi-
Rua 25 de março, importante centro comercial da ci-
ca econômica. Para o IBGE, cidades com menos de 20
dade de São Paulo que evidencia o crescimento do setor
mil habitantes são consideradas como espaço rural. Além
terciário nas metrópoles brasileiras.
disso, no meio agrário, evidenciam-se algumas práticas e
Por fim, podemos destacar algumas características
características do espaço urbano, o que nos leva a crer
históricas e recentes sobre a urbanização brasileira:
que o urbano transcende (vai além) do espaço das ci-
• A concentração fundiária, característica brasi-
leira desde a colonização, desdobrou-se em baixa qua- dades.
lidade de vida nas áreas rurais, baixos salários e falta de Nesse ínterim, podemos dizer que o espaço urbano
apoio ao pequeno trabalhador rural, motivando a migra- é economicamente produzido, mas socialmente viven-
ção campo-cidade. ciado, ou seja, apropriado e transformado com base em
• O processo de industrialização, especialmente ações racionais e também afetivas.
em alguns estados da região geoeconômica Centro-Sul, O geógrafo brasileiro Roberto Lobato Corrêa afirma,
motivou a migração para as grandes cidades desses esta- em várias de suas obras, que o espaço urbano é frag-
dos, que passaram a polarizar a economia do país. mentado, articulado; é também o condicionante das
• O processo produtivo no espaço rural, a partir ações sociais e o reflexo destas, em uma interação dialé-
da sua modernização, começa a absorver menor quanti- tica. Além disso, segundo o mesmo autor, ele pode ser
dade de mão de obra. compreendido como um conjunto de símbolos e como
• A construção de novas vias, a partir do modelo um campo de lutas, principalmente envolvendo as clas-
rodoviário de transporte, facilitou o processo migrató- ses sociais.
rio e o acesso aos centros urbanos. Com o desenvolvimento das técnicas, o homem pas-
• Os valores da vida urbana vão ser amplamente sou a viver em sociedade e, assim, passou a construir as
disseminados pelos meios de comunicação, principal- suas cidades, os seus espaços de moradia. As mais anti-
mente rádio e televisão, como forma de seduzir a po- gas cidades datam de cerca de 9.000 a.C., que é o caso
pulação rural a migrar para a cidade. Os excluídos do das cidades de Jericó (Palestina) e de Damasco (na Síria).
campo criam perspectiva em relação ao espaço urbano e No entanto, durante a maior parte da história da huma-
acabam se inserindo no espaço urbano no circuito Infe- nidade, a população foi majoritariamente rural.
rior da Economia (mercado informal). Dessa forma, com o desenvolvimento das relações in-
• Apesar do contínuo processo de metropoliza- dustriais, o processo de urbanização – crescimento do
ção, é possível perceber na atualidade que a região Su- espaço urbano em relação ao espaço rural – passou a ser
deste brasileira enfrenta o processo de desmetropoli-
a principal representação da modernidade. Assim, temos
zação, ou seja, a redução do ritmo de crescimento de
a evidência de como a industrialização interfere e acen-
algumas metrópoles, a exemplo de São Paulo, que passa
tua o processo de urbanização.
a apresentar um ritmo de crescimento mais lento em re-
lação a algumas cidades médias do interior. Antes da Primeira Revolução Industrial, cerca de 90%
• Crescimento de cidades médias em função da da população das diferentes sociedades era rural. Atual-
desconcentração dos investimentos produtivos (descon- mente, com a Terceira Revolução Industrial em curso, a
centração industrial), buscando maiores vantagens para humanidade atingiu pela primeira vez a maioria urbana,
a indústria, como isenção fiscal, terrenos e mão de obra segundo dados de 2010 da Organização das Nações Uni-
mais baratos para a indústria, fuga dos congestionamen- das.
tos das metrópoles, entre outros, além da migração da Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
população das grandes metrópoles que buscam qualida- Na era moderna, podemos dizer que o processo de
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de de vida em cidades médias. crescimento do espaço urbano ocorre por dois argumen-
• Crescimento do setor terciário, devido à di- tos de elementos principais, os fatores atrativos e os fa-
minuição das indústrias nos grandes centros urbanos, tores repulsivos.
fazendo com que essa camada de mão de obra seja Por fatores atrativos entende-se o crescimento das
absorvida pelo setor de serviços e comércio. Essa nova cidades a partir dos supostos benefícios que elas ofe-
realidade vai transformar a paisagem urbana, com a di- recem, principalmente aqueles relativos ao crescimento
minuição das indústrias e o crescimento de shoppings e industrial, em que boa parte da população do campo é
centros empresariais.

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atraída pela oferta de mão de obra, e às possibilidades processo de decomposição, transforma-se em dióxido
de crescimento e emancipação sociais. Esses elementos de carbono (CO2), um dos principais compostos do Efei-
foram predominantes em países hoje considerados de- to Estufa que causa uma série problemas ambientais
senvolvidos, que passaram pelo processo de industriali- no Brasil.
zação clássica. Entre as cidades, podemos citar os casos Solucionar esse problema urbano envolve iniciativas
de Londres, Nova York, Paris e outras. do governo e também das várias camadas da sociedade.
Por fatores repulsivos entende-se o crescimento das Destacam-se, como medidas de resolução: a criação de
cidades em função da saída dos trabalhadores do cam- aterros sanitários adequados, a coleta seletiva, além da
po, em face da mecanização da produção agrícola ou da mudança no modo de produção e consumo.
concentração fundiária. A urbanização causada por fato-
res repulsivos costuma ser mais acelerada e revela uma Problemas urbanos: poluição
maior quantidade de problemas sociais, sendo caracte- Chegou a hora de conferir os principais problemas
rística dos países subdesenvolvidos. Entre as cidades, po- ambientais relacionados à poluição do meio ambiente
demos citar os casos de São Paulo, Rio de Janeiro, Cidade nas zonas urbanas. Continue a leitura e entenda os deta-
do México, entre outras. lhes de cada ocorrência!
Assim, através dos fatores atrativos e repulsivos, po-
demos perceber que o espaço urbano cresce, princi- Poluição do ar
palmente, com a migração do tipo campo-cidade que,
quando ocorre em massa, é chamada de êxodo rural.
Quando esse processo proporciona um crescimento de-
sordenado das cidades, ou seja, quando esse crescimento
foge do controle do Estado e dos governos, observa-se
a emergência de graves problemas sociais urbanos, dos
quais destacam-se: a favelização, ocupações irregulares,
índices de miséria, violência e muitos outros.
Além de problemas sociais, a urbanização acelerada
pode evidenciar a emergência de problemas ambientais
urbanos, dentre eles, merecem destaque as ilhas de ca-
lor, as chuvas ácidas e a inversão térmica.
Portanto, mesmo sendo a expressão dos avanços da
modernidade, o espaço urbano também pode ser a prin-
cipal evidência de suas contradições.

Problemas ambientais urbanos


Pessoas que moram nas grandes cidades acabam
causando prejuízo ao meio ambiente, direta ou indire- A agenda ambiental das cidades que se propõem a
tamente. A grande concentração populacional nas zonas mudar a qualidade de vida das pessoas, de modo geral,
citadinas do Brasil e do mundo, provoca uma série de propoõe destaque à qualidade do ar, sendo esse um dos
impactos ambientais no Brasil e no mundo. principais assuntos tratados nas conferências ambientais.
Portanto, o tema dos principais problemas ambien- Consequências diretas à saúde da população são per-
tais urbanos merece atenção. cebidas facilmente quando o ar dos espaços urbanizados
Nos itens a seguir, entenda algumas das categorias está carregado de toxinas. Problemas respiratórios já fa-
centrais relacionadas à essa questão e conheça os prin- zem parte do cotidiano nas grandes metrópoles.
cipais problemas ambientais no Brasil e no mundo: Durante a queima de combustíveis fósseis, como
hidrocarbonetos e carvão mineral, ocorre a liberação de
gases para a atmosfera, sendo este o principal motivo da
Problemas urbanos: lixo
sua contaminação.
A maneira como a sociedade moderna consome os
Os combustíveis dessa natureza estão entre as prin-
produtos industrializados implica uma crescente preocu- cipais fontes de energia primária no mundo, movimen-
pação com o problema do lixo urbano. tando carros, motos, ônibus, caminhões, navios e aviões,
Realizar a gestão de resíduos sólidos é uma das ati- e contribuem significativamente para o Efeito Estufa.
vidades mais complexas dos governos dos municípios.
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Logo, é um assunto que merece muita atenção. Nas


Infelizmente, no Brasil, cerca de 50% deles ainda depo- últimas décadas, a poluição do ar vem aparecendo como
sitam o lixo em vazadouros a céu aberto, segundo a uma das principais questões ambientais das grandes ci-
Pesquisa Nacional de Resíduos Sólidos, publicada pelo dades entorno do aquecimento global.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esse tipo deposição implica em riscos de contami- Poluição sonora
nação para a natureza e a população ao redor, pois Existem, no ambiente urbano, inúmeros estímulos ex-
gera chorume e emite gases, como o metano, que no ternos que facilitam o desenvolvimento do estresse na

13
população. Nas regiões metropolitanas, são comuns os • tipos de transporte utilizados.
ruídos produzidos por automóveis, fábricas, pessoas tra- No contexto brasileiro, como problemas de mobili-
balhando, etc. dade urbana, podemos citar:
É verdade que, a poluição sonora não se acumula no • sobrecarga de espaço;
espaço, como as outras situações poluentes, porém, ela • limitação do fluxo de pessoas e mercadorias;
é responsável por causar sérios danos à saúde, pois a ex- • alto índice de acidentes fatais;
posição direta a barulhos intensos pode comprometer a • ineficiência do transporte público;
audição e o bem-estar das pessoas. • poluição do meio ambiente.
Podemos destacar, ainda, que a ausência de políti-
Poluição visual
cas públicas para a melhoria do transporte público re-
O excesso de estímulos visuais na paisagem das
sulta, consequentemente, na procura por um meio de
grandes cidades é constituído, em grande parte, por pro-
pagandas que oferecem produtos e serviços. Você nunca transporte particular.
reparou a disputa entre outdoors, faixas e placas nas ruas Isso gera um ciclo vicioso, pois, quanto mais carros
da sua região? há nas ruas, mais difícil se torna a implementação de uma
Essas comunicações, quando instaladas de maneira mobilidade urbana eficiente, além de que acontece o au-
indevida, constituem vários problemas urbanos, dentre mento na emissão de dióxido de carbono.
os quais podemos destacar: Lembre-se de que a falta de mobilidade urbana no
• a modificação do espaço público, a fim de veicu- Brasil é um problema recorrente.
lar interesses particulares; Existem, porém, algumas propostas de solução des-
• a deterioração da paisagem urbana e a degra- se problema que merecem a atenção de todos os mo-
dação dos elementos naturais, como vegetação, rios e radores das grandes cidades. Veículos a trilho, como o
lagos; metrô, é uma alternativa eficiente e de energia limpa, por
• o prejuízo na percepção do espaço, referente à exemplo.
referenciação espacial e localização, além do trânsito de Há, ainda, os ônibus limpos, que usam combustível
pessoas nas cidades. alternativo para não poluírem. Ciclovias também são óti-
mas opções de transporte, além de fazerem bem para a
Esgoto saúde da população.
O alto teor de matéria orgânica que os mananciais
de água dos centros urbanos recebem, através do esgo- O capitalismo contemporâneo ampliou o fenômeno
to doméstico e industrial, é a razão da poluição desses urbano. Se antes, havia cidades, atualmente há mega-
corpos d’água. lópoles, onde a conurbação criou uma sofisticada rede
A deposição de resíduos sólidos, diretamente no de fluxo de capitais, informações, mercadorias e serviços.
solo ou na água, como os vazadouros a céu aberto, tam-
bém compromete de maneira significativa a qualidade
dos reservatórios hídricos da cidade.
Infelizmente, o descomprometimento quanto às polí-
ticas públicas relacionados ao saneamento básico, é um
dos principais problemas urbanos no Brasil.

Problemas sociais urbanos


Violência urbana
O crescimento desordenado das cidades intensi-
ficou o problema da violência urbana. É correto dizer
que essa situação acontece em função de fome, miséria
e desemprego, encontrados, principalmente, em países
subdesenvolvidos.
No Brasil, a violência urbana é reflexo de políticas pú-
blicas ineficientes, que não resolvem as situações de risco Tóquio, Japão
e não conseguem sanar lacunas do desenvolvimento dos
cidadãos, como o acesso à direitos fundamentais. Função urbana é o papel econômico desempenha-
do por uma cidade dentro de uma lógica de divisão do
Mobilidade urbana trabalho.
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Mobilidade urbana pode ser caracterizada como a Hierarquia Urbana


maneira que as pessoas utilizam para se locomoverem. A hierarquia urbana é a ordem de organização en-
Para a realização de uma análise avaliativa da mobi- tre os diferentes níveis de complexidade econômica das
lidade urbana, é necessário levar em conta os seguintes cidades. Como a própria ideia de hierarquia sugere, tra-
fatores: ta-se das relações de dependência econômica exercidas
• organização territorial; por algumas cidades sobre outras, formando uma cadeia
• intensidade do fluxo de automóveis nas vias de mais ou menos definida de cidades dependentes e eco-
transporte da cidade; nomicamente interligadas entre si.

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Essas relações econômicas estabelecem inevitavel- Existem três RIDEs no país, como vemos a seguir:
mente a consolidação de uma rede urbana que estrutura
uma teia formada por nós (as cidades) e os fluxos (os - Região Integrada de Desenvolvimento Econômico do
sistemas de transporte e telecomunicações). Essa estru- Distrito Federal - Compreende o Distrito Federal, mais
turação é um fator que pode ser diretamente associado municípios de Goiás e de Minas Gerais:
ao processo da globalização. Distrito Federal e municípios de Abadiânia, Água Fria
Fazem parte da hierarquia urbana mundial as cidades de Goiás, Águas Lindas de Goiás, Alexânia, Alto Paraíso
globais, as metrópoles nacionais, as metrópoles regio- de Goiás, Alvorada do Norte, Barro Alto, Cabeceiras, Ca-
nais e as cidades de menor porte. valcante, Cidade Ocidental, Cocalzinho de Goiás, Corum-
bá de Goiás, Cristalina, Flores de Goiás, Formosa, Goiané-
Cidades globais: representam os principais polos da sia, Luziânia, Mimoso de Goiás, Niquelândia, Novo Gama,
hierarquia urbana internacional. Além de concentrarem Padre Bernardo, Pirenópolis, Planaltina, Santo Antônio
elevados quantitativos populacionais, sendo quase todas do Descoberto, São João d’Aliança, Simolândia, Valparaí-
so de Goiás, Vila Boa e Vila Propício, no Estado de Goiás,
elas megacidades (cidades com mais de 10 milhões de
e de Arinos, Buritis, Cabeceira Grande e Unaí, no Estado
pessoas), essas cidades apresentam uma complexa eco-
de Minas Gerais. Ocupa uma área de 94.570,39 quilôme-
nomia. Ao longo da história, em grande parte dos casos,
tros quadrados, sendo pouco maior que a Hungria e sua
as cidades globais foram as primeiras a industrializar-se população é de aproximadamente 4,5 milhões de habi-
no mundo ou, pelo menos, em seus países. Foram tam- tantes, um pouco menos que a Nova Zelândia.
bém as primeiras a iniciar o processo de desconcentra-
ção industrial que ainda está ocorrendo, passando a ser
conhecidas por abrigar as principais sedes e centros de
negócios das empresas multinacionais.
Exemplos de cidades globais: Nova York, Tóquio, Pa-
ris, Londres, Buenos Aires, Berlim, entre outros. No Brasil,
existem duas: São Paulo e Rio de Janeiro.

Metrópoles nacionais: são cidades que também


apresentam uma complexa e avançada organização eco-
nômica, uma grande quantidade de habitantes e uma
posição atrativa no recebimento de investimentos, so-
bretudo de empresas estrangeiras. No entanto, o seu
nível econômico não lhes permite criar em torno de si - Região Integrada de Desenvolvimento da Grande
uma influência além de seus países ou regiões territoriais Terezina é constituída pelos municípios de Altos, Be-
próximas. neditinos, Coivaras, Curralinhos, Demerval Lobão, José
Exemplos de metrópoles nacionais: Belo Horizonte, de Freitas, Lagoa Alegre, Lagoa do Piauí, Miguel Leão,
Porto Alegre, Curitiba, Brasília e outras cidades. Monsenhor Gil, Pau D’Arco do Piauí, Teresina e União,
no estado do Piauí, e pelo município de Timon, no esta-
Metrópoles regionais: são cidades cuja importância do do Maranhão, que se encontra na margem esquerda
e domínio alcançam apenas o nível regional, estando di- do rio Parnaíba, defronte à capital piauiense. Esses mu-
nicípios ocupam uma área de 11.321 km², na qual vivem
reta ou indiretamente subordinadas às metrópoles na-
1.194.911 habitantes, segundo a estimativa para 2015 do
cionais e às cidades globais. Mesmo assim, são centros
IBGE, representando 37% da população do estado do
estratégicos, pois representam o elo de regiões ou pon-
Piauí.
tos afastados em relação aos grandes polos da economia
mundial.
Exemplos de metrópoles regionais: Goiânia, Cuiabá,
Campinas, Belém e outras.
Abaixo dessas cidades, no contexto da hierarquia ur-
bana, encontram-se cidades de menor porte, mas com
relativa influência local, tais como as cidades médias bra-
sileiras que, apesar da menor importância, vêm atraindo
muitas indústrias e contemplando índices de crescimen-
to muito acima da média das grandes cidades. Veja mapa a seguir:
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As RIDEs são regiões metropolitanas especiais no


Brasil. Veja a definição tecnica a seguir: - Região Administrativa de Desenvolvimento do Polo
Região integrada de desenvolvimento Econômico Petrolina e Juazeiro engloba mais de 700 mil habitantes
(ou RIDE) são as regiões metropolitanas brasileiras que numa área com cerca de 35 mil quilômetros quadrados.
incluem municípios de mais de uma unidade de federa- É constituída pelos municípios de Lagoa Grande, Orocó,
ção. Elas são criadas por legislação federal específica, que Petrolina e Santa Maria da Boa Vista, no estado de Per-
delimita os municípios que a integram e fixa as compe- nambuco, e pelos municípios de Casa Nova, Curaçá, Jua-
tências assumidas pelo colegiado dos mesmos. zeiro e Sobradinho, no estado da Bahia. Esses municípios

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encontram-se localizados no vale do São Francisco, no apenas aspectos físicos – clima, vegetação e relevo. Divi-
curso baixo-médio do rio São Francisco, que interliga o dia o país em cinco regiões: Setentrional, Norte Oriental,
Nordeste e Sudeste fluvialmente, o que coloca a RIDE Oriental, Meridional.
numa posição estratégica nacionalmente e central no
Nordeste, o que motiva o Projeto Plataforma Logística
do São Francisco. 1940

Em 1940, o IBGE elaborou uma nova proposta de divisão


para o país que, além dos aspectos físicos, levou em con-
sideração aspectos socioeconômicos. A região Norte era
composta pelos estados de Amazonas, Pará, Maranhão,
Piauí e o território do Acre. Goiás e Mato Grosso forma-
vam com Minas Gerais a região Centro. Bahia, Sergipe e
Espírito Santo formavam a região Leste. O Nordeste era
composto por Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco,
Paraíba e Alagoas. Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do
Sul, São Paulo e Rio de Janeiro pertenciam à região Sul.
Divisão Regional Brasileira
1945
A divisão regional brasileira atual foi definida em
1970, mas inúmeras outras divisões foram realizadas ao
longo da história do Brasil.
O território do Brasil já passou por diversas divisões
regionais. A primeira proposta de regionalização foi rea-
lizada em 1913 e depois dela outras propostas surgiram,
tentando adaptar a divisão regional às características
econômicas, culturais, físicas e sociais dos estados. A
regionalização atual é de 1970, adaptada em 1990, em
razão das alterações da Constituição de 1988. O órgão
responsável pela divisão regional do Brasil é o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Veja o processo brasileiro de regionalização:

1913

Divisão regional de 1945

Conforme a divisão regional de 1945, o Brasil possuía


sete regiões: Norte, Nordeste Ocidental, Nordeste Orien-
tal, Centro-Oeste, Leste Setentrional, Leste Meridional e
Sul. Na porção norte do Amazonas foi criado o território
de Rio Branco, atual estado de Roraima; no norte do Pará
foi criado o estado do Amapá. Mato Grosso perdeu uma
porção a noroeste (batizado como território de Guaporé)
e outra ao sul (chamado território de Ponta Porã). No Sul,
Paraná e Santa Catariana foram cortados a oeste e o ter-
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ritório de Iguaçu foi criado.

1950
Divisão regional de 1913 Os territórios de Ponta Porã e Iguaçu foram extintos e
A primeira proposta de divisão regional do Bra- os estados do Maranhão e do Piauí passaram a integrar a
sil surgiu em 1913, para ser utilizada no ensino de geo- região Nordeste. Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio
grafia. Os critérios utilizados para esse processo foram de Janeiro formavam a região Leste. Em 1960, Brasília foi

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criada e o Distrito Federal, capital do país, foi transferido do Sudeste para o Centro-Oeste. Em 1962, o Acre tornou-se
estado autônomo e o território de Rio Branco ganhou o nome de Roraima.

1970
Em 1970, o Brasil ganhou o desenho regional atual. Nasceu o Sudeste, com São Paulo e Rio de Janeiro sendo
agrupados a Minas Gerais e Espírito Santo. O Nordeste recebeu Bahia e Sergipe. Todo o território de Goiás, ainda não
dividido, pertencia ao Centro-Oeste. Mato Grosso foi dividido alguns anos depois, dando origem ao estado de Mato
Grosso do Sul.

Divisão regional atual

1990
Com as mudanças da Constituição de 1988, ficou definida a divisão brasileira que permanece até os dias atuais. O
estado do Tocantins foi criado a partir da divisão de Goiás e incorporado à região Norte; Roraima, Amapá e Rondônia
tornaram-se estados autônomos; Fernando de Noronha deixou de ser federal e foi incorporado a Pernambuco.

Meios de Transporte e de Comunicação

Confira aqui as características das diferentes modalidades dos meios de transporte!


Os meios de transporte são responsáveis pelo deslocamento de pessoas, animais, matérias-primas e mercadorias,
sendo de fundamental importância para a infraestrutura e a economia de um determinado local.
Existem quatro modalidades de transporte: terrestre, aquaviário, aéreo e dutoviário.

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Transportes terrestres

O transporte terrestre é realizado em ônibus, carros, motocicletas e caminhões que se deslocam em ruas, estradas e
rodovias. Outro tipo de transporte terrestre é o ferroviário, realizado em trens que se movimentam sobre trilhos.

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Transporte aquaviário

O transporte aquaviário é caracterizado pelo deslocamento em lagos, rios, mares e oceanos. As pessoas e/ou mer-
cadorias são transportadas em canoas, bancos, navios, etc. Essa é uma alternativa muito utilizada para o transporte de
cargas entre países de diferentes continentes (transporte marítimo).

Transporte aéreo

O transporte aéreo é considerado o meio de transporte mais rápido e sofisticado do mundo. Ele é extremamente
importante para quem deseja realizar viagens em curto tempo, pois o avião atinge velocidades elevadíssimas se com-
parado aos outros meios de transporte. Além dos aviões, o transporte aéreo também pode ser feito em helicópteros
ou balões.
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Transporte dutoviário

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A outra modalidade de transporte é o dutoviário, rea- Zona da Mata, região que se estende numa faixa litorâ-
lizado em tubos ou dutos que transportam substâncias nea, que vai do Rio Grande do Norte até o sul da Bahia,
gasosas (gasodutos), líquidas (oleodutos) ou sólidas (mi- com destaque para os estados de Alagoas, Pernambuco
nerodutos). e Paraíba.
O Brasil, juntamente com a Bolívia, possui um gaso- A região já foi a mais importante área produtora de
duto responsável pelo transporte de gás natural da Bo- cana de açúcar do mundo e a principal região econômica
lívia (fonte produtora) para alguns estados brasileiros do Brasil nos séculos XVI e parte do século XVII.
(consumidores). A cultura do milho, feijão, café, mandioca, coco, cas-
tanha de caju, banana, sisal e algave, predomina em di-
Meios de Comunicação versos estados.
A importância dos meios de comunicação para a O Meio Norte (Nordeste Ocidental) uma área de
transmissão de informações. transição entre o Sertão semi árido e a Amazônia úmida,
Os meios de comunicação são artifícios que permi- onde estão os estados do Maranhão e Piauí, é cortado
tem a comunicação entre pessoas, contribuindo com o por vários rios, ao longo dos quais se formam grandes
processo de transmissão de informações. Ao longo da planícies fluviais, aproveitadas principalmente para a cul-
história, o homem sempre desenvolveu formas para se tura do arroz.
comunicar: sinais, desenhos, cartas, criação de alguns ob- Com a correção do solo do cerrado no sul do Ma-
jetos, etc. ranhão e sudeste do Piauí, se desenvolve a cultura da
Com o desenvolvimento tecnológico, os meios de co- soja. A Bahia é o segundo produtor nacional de laranja e
municação foram se tornando mais eficazes. O telégrafo algodão do país.
revolucionou a forma de se comunicar à distância, sen- Se destaca também na produção de soja. A cultura
do considerado um dos primeiros sistemas modernos de do algodão é também desenvolvida no Ceará, Piauí, Rio
comunicação. Grande do Norte e a Paraíba, que produz um algodão
Em seguida, outros meios de comunicação foram in- naturalmente colorido.
ventados, com destaque para o telefone, rádio, televisão, A fruticultura irrigada, beneficiada pelo clima tropical,
celular e internet. Todos eles são bastante utilizados em é desenvolvida no Vale do Rio Açu, no Rio Grande do
várias partes do mundo, proporcionando o diálogo e a Norte, com grande produção de melão, melancia etc., e
troca de informações entre pessoas de diferentes pontos no Vale Médio do rio São Francisco, no Sertão, principal-
do planeta. mente nas cidades de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), onde
A internet, por exemplo, permite que informações se- são produzidas uva, manga, melão, abacaxi, mamão etc.,
que são vendidas para o mercado interno e exportadas,
jam obtidas com extrema rapidez e facilidade. Algumas
através do aeroporto internacional de Petrolina, para di-
redes sociais possibilitam a comunicação instantânea
versos países.
entre pessoas localizadas em diferentes lugares. Outro
avanço é a realização de cursos à distância, que podem Extrativismo vegetal e mineral
ser realizados através de aulas acompanhadas pelo com- No setor de extração, o Nordeste se destaca na pro-
putador. dução de petróleo, e gás natural, produzidos na Bahia,
Os meios de comunicação também são essenciais Sergipe e Rio Grande do Norte, Piauí e Ceará. Na Bahia é
para a realização de atividades econômicas. Alguns ne- explorado no litoral e na plataforma continental.
gócios financeiros são finalizados através de sites espe- O Rio Grande do Norte produz 95% do sal marinho
cializados, as cotações das ações de empresas podem ser consumido no Brasil. Pernambuco é responsável por 95%
acompanhadas, transações bancárias, entre outros. do total do gesso brasileiro.
Portanto, os meios de comunicação sempre estiveram O Nordeste possui também jazidas de granito, pedras
presentes na vida do homem, sendo essenciais para a di- preciosas e semi preciosas. A mina de Itataia, em Santa
fusão das informações (jornais, revistas, televisão, rádio, Quitéria, no Ceará, possui uma das maiores reservas de
etc.) e para as atividades econômicas. urânio do mundo.
O babaçu, encontrado no Piauí e em grande parte do
Nordeste território do Maranhão, é importante para a região, de
A economia da Região Nordeste do Brasil é a tercei- sua semente se extrai um óleo utilizado na fabricação de
ra maior do país, atrás da Região Sudeste e Sul respecti- sabão, margarina, cremes, de suas folhas se fabrica ces-
vamente. A economia do Nordeste foi a que apresentou tas, esteiras etc.
o maior crescimento nos últimos anos. A carnaúba, palmeira típica, encontrada no norte dos
Em 2012 o produto interno bruto cresceu 3%, mais estados do Piauí e Maranhão, da qual tudo se aproveita,
que o triplo da média do país. É na Região Nordeste que das folhas se produz a cera de carnaúba, com larga apli-
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vive mais de um quarto da população brasileira. cação industrial.


A economia da Região Nordeste é baseada na agri-
cultura, extrativismo vegetal e mineral, na indústria e co- Indústria
mércio, nas atividades turísticas, entre outras. A Região Nordeste vive intenso processo de indus-
trialização. O Complexo Industrial Portuário de Suape, lo-
Agricultura calizado na cidade de Ipojuca, em Pernambuco, a 40 km
Na Região Nordeste se desenvolve a agricultura da ao sul da cidade do Recife, é um dos principais polos de
cana de açúcar, para a produção de açúcar e etanol, na investimentos do país.

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São mais de 120 empresas instaladas, entre elas, a Re- na demografia brasileira, ou seja, tem a maior percenta-
finaria Abreu e Lima, o Estaleiro Atlântico Sul, a Petrobras gem de população afrodescendente (cerca de 70%), fa-
Distribuidora S/A, a Shell do Brasil S/A, a Arcor do Brasil zendo dela a cidade fora de África com mais habitantes
Ltda, a Bunge Alimento etc. afrodescendentes.
O Polo Automotivo de Pernambuco, localizado na Em Salvador o espaço urbano está marcado pela afir-
Mata Norte do estado, recebe a instalação da fábrica da mação do poder e pela conflituosidade, de que os es-
Fiat. paços e templos religiosos são particulares referências.
Ao redor do Recife, na Região Metropolitana, estão Desde as grandes Igrejas que organizam as praças e ruas
instaladas indústrias mecânicas, de papel, de produtos da cidade colonial e se apresentam como o ‘grande’ pa-
alimentícios, de cimento, têxtil, de material elétrico e ou- trimónio arquitetônico da cidade, passando pelos terrei-
tras. ros de candomblé.
O Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia, tem mais
de 90 empresas químicas e petroquímicas instaladas. Veja no link a seguir, o Plano Diretor de Desenvolvi-
Em Mataripe, na Bahia está instalada a refinaria de mento Urbano
petróleo Landulpho Alves. Fortaleza constitui um centro
industrial nos setores têxtil, alimentar, de calçados e de do munícipio, que abrange os aspectos relacionados
confecção de roupas. às diretrizes e estratégias de desenvolvimento socioeco-
A Rota do Vinho, no Vale do Rio São Francisco, com nômico, cultural e urbano- ambiental institucionalizadas
sete vinícolas instaladas nas cidades de Petrolina, Santa no PDDU para Salvador.
Maria da Boa Vista e Lagoa Grande, todas em Pernam- https://leismunicipais.com.br/plano-diretor-salvador-ba
buco e Juazeiro, na Bahia, concentra um polo industrial
e turístico, com toda a infraestrutura para os visitantes.

Turismo A QUESTÃO REGIONAL NO BRASIL A RE-


A atividade turística do Nordeste é um fator impor- GIONALIZAÇÃO DO PAÍS: SUA JUSTIFI-
tante para a economia da região. CATIVA SÓCIO-ECONÔMICA E CRITÉRIOS
A região concentra grandes áreas repletas de bele- ADOTADOS PELO INSTITUTO BRASILEI-
zas naturais como o extenso litoral, com praias de águas RO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE);
quentes e cristalinas, que estão entre as mais bonitas do AS REGIÕES E AS POLÍTICAS PÚBLICAS
país, o Arquipélago de Fernando de Noronha (PE), um PARA FINS DE PLANEJAMENTO. AS RE-
paraíso ecológico, o Parque Nacional dos Lençóis Mara- GIÕES BRASILEIRAS: ESPECIALIZAÇÕES
nhenses, os Canyons do São Francisco entre outros. TERRITORIAIS, PRODUTIVAS E CARAC-
Na Região Nordeste estão localizadas cidades históri- TERÍSTICAS SOCIAIS E ECONÔMICAS.
cas, Patrimônio da Humanidade, como os centros históri-
cos de Olinda (PE), São Luís (MA) e Salvador(BA).
A cidade de João Pessoa guarda construções barrocas Prezado candidato, não deixe de conferir o tópico
do século XVI. O centro histórico do Recife concentra um anterior, no que diz respeito a Regionalização do
grande número de construções históricas. país, para completar seus estudos sobre o assunto.
O teatro de Nova Jerusalém (PE), o maior teatro ao
ar livre do mundo, já levou para a região mais de três A divisão regional oficial do Brasil é aquela estabe-
milhões de pessoas. lecida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Município de Salvador (IBGE), sendo composta por cinco complexos regionais:
A organização urbana de uma cidade é o resultado Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul. No entan-
de vários fatores: o contexto físico e orográfico onde as- to, além dessa regionalização do território nacional, exis-
senta o primeiro núcleo e as linhas de progressão que te outra divisão regional (não oficial), conhecida como
regiões geoeconômicas do Brasil: a Amazônia, o Nordes-
orientam o seu crescimento; os objetivos que estiveram
te e o Centro-Sul. Os critérios adotados para a delimi-
na origem do assentamento, junto com as vicissitudes e
tação dessas três regiões foram os aspectos naturais e,
alterações desses objetivos; a organização social e políti-
principalmente, as características socioeconômicas.
ca que a conformou desde o início e suas consequentes As regiões geoeconômicas do Brasil não seguem os
transformações, onde os poderes efetivos, reais, margi- limites das fronteiras dos estados, visto que seus critérios
nais ou imaginários, condicionaram as relações entre a mais importantes são os aspectos sociais e econômicos,
GEOGRAFIA DO BRASIL

autoridade e o grupo social residente. havendo grande dinamismo na delimitação espacial.


Salvador/BA, tem algumas características históricas, Portanto, alguns estados brasileiros estão inseridos
entre outras, que marcam a sua identidade social, cultu- em diferentes regiões: a porção norte de Minas Gerais
ral e urbana: foi a primeira capital da colónia portuguesa é parte integrante da chamada região Nordeste, e o res-
no Brasil; teve, na história da economia brasileira, a pri- tante do estado está localizado no complexo regional
meira economia agrária de grande rendimento, baseada Centro-Sul; o extremo sul do Tocantins localiza-se na re-
nos engenhos de açúcar, que proliferavam no seu entor- gião Centro-Sul, e o restante do seu território faz parte
no2 ; e tem uma característica que singulariza Salvador da região da Amazônia; a porção oeste do Maranhão in-

20
tegra a região da Amazônia e a sua porção leste está lo- sui uma configuração distinta? Não seria necessário um
calizada no complexo regional nordestino; Mato Grosso novo estudo de fôlego que redundasse em um conheci-
integra a região Centro-Sul (porção sul), além da região mento mais atualizado das regiões do país? O questiona-
da Amazônia (porção centro-norte). mento foi feito pelo geógrafo Fabio Contel, professor do
Formada por todos os estados da região Norte, além Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia,
do Mato Grosso (exceto sua porção sul) e oeste do Ma- Letras e Ciências Humanas da USP (Universidade de São
ranhão, a região da Amazônia corresponde a 60% do ter- Paulo), em entrevista concedida ao site Região e Redes.
ritório nacional, abrangendo toda a extensão da Amazô- Ele afirma ser preocupante a perda de vigor que o “G”
nia Legal. Apesar de possuir a maior área, esse complexo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
regional abriga a menor parcela da população brasileira conheceu nas duas últimas décadas, mas vê um esforço
- aproximadamente 7% do total. institucional recente do Governo Federal para a consi-
No que se refere ao clima, esse é quente e bastante deração de conceitos como o de território e região nas
chuvoso. E quanto à vegetação, a Floresta Amazônica é a políticas públicas que implementa.
de maior predominância.
As principais atividades econômicas desenvolvidas na Se fosse possível identificar dois grandes atores que
região da Amazônia são: extração mineral, agropecuária têm responsabilidade direta sobre as dificuldades de di-
e extrativismo vegetal. O setor industrial é pouco desen- minuição das desigualdades seriam: 1) os grandes gru-
pos econômicos instalados no território; e 2) o Estado
volvido, tal segmento econômico destaca-se em Manaus.
brasileiro, que é em grande parte um “Estado corporati-
O complexo regional do Centro-Sul é formado pelos
vo”, isto é, colonizado pelos interesses específicos destes
estados das regiões: Sul, Sudeste (exceto o extremo nor-
grandes grupos econômicos. Todas as políticas públicas
te de Minas Gerais) e Centro-Oeste (exceto o centro-nor- e leis federais de caráter estruturante que o Estado bra-
te de Mato Grosso), além do extremo sul do Tocantins. sileiro adota se voltam, em sua execução, para manter
Essa região corresponde a aproximadamente 22% do o bom funcionamento dos grandes monopólios (no
território nacional, e abriga cerca de 70% da população sistema bancário, nos ramos industriais modernos, na
brasileira, razão pela qual é considerada como a região construção civil, na agroindústria etc.), em detrimento da
mais populosa e mais povoada do país. construção de uma estrutura econômica e social em que
A região Centro-Sul é a mais desenvolvida, economi- os seres humanos fossem a principal preocupação. Pa-
camente, do Brasil, uma vez que é a principal responsável radoxalmente, a única instituição que tem a possibilida-
pelo Produto Interno Bruto (PIB) nacional: cerca de 75% de de implementar políticas voltadas para a consecução
do PIB brasileiro. Sua economia é dinâmica, apresentan- da cidadania em qualquer país são os seus respectivos
do um elevado grau de industrialização. As principais Estados nacionais. Para tornar efetivamente pública e
atividades econômicas são: agropecuária moderna, va- democrática (e menos corporativa) a ação dos Estados
riados segmentos industriais dotados de um efetivo apa- é que trabalham e lutam todos os movimentos sociais,
rato tecnológico, bancos, desenvolvimento de pesquisas intelectuais públicos e partidos progressistas. Por serem
científicas, serviços diversos, etc. movimentos mais frágeis – do ponto de vista financei-
Esse é o complexo regional que concentra a maior ro e organizacional – estes atores acabam conhecendo
parte da renda nacional, além de apresentar os melhores maiores dificuldades para terem suas pautas cotejadas
Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país. e – eventualmente – incluídas nesta agenda nacional das
Composto por todos os estados nordestinos, além da grandes decisões; assim, a ação do Estado segue sendo
porção norte de Minas Gerais, a região geoeconômica ditada basicamente pelas vicissitudes das grandes em-
do Nordeste corresponde a aproximadamente 18% do presas monopólicas. A difusão recente das tecnologias
território brasileiro, sendo, portanto, o menor complexo da informação – como mostrava já o geógrafo Milton
regional. Santos na década de 1990 – parece ser um elemento que
O território nordestino apresenta contrastes naturais tem contribuído para aumentar a capacidade de orga-
e disparidades econômicas entre as áreas litorâneas: ur- nização e de reivindicação dos movimentos sociais, ele-
banizadas, industrializadas e, economicamente desen- mento que aponta para a possibilidade de uma maior
volvidas. Porém, no interior, há o predomínio de um cli- sensibilização da classe política em relação às demandas
ma semiárido e grandes problemas socioeconômicos. inadiáveis de nossa sociedade.
As atividades econômicas mais relevantes são: culti-
vo da cana-de-açúcar, algodão, arroz, cultivo irrigado de Como em grande parte dos problemas estruturais do
frutas, extrativismo vegetal, pecuária extensiva e de cor- Brasil, também em relação ao que poderíamos chamar
te, indústrias têxteis, produção de petróleo (Bahia e Rio de “dimensão territorial do desenvolvimento”, já existem
Grande do Norte) e o turismo. algumas definições bastante claras na Constituição de
1988 para a implementação de políticas efetivas que te-
GEOGRAFIA DO BRASIL

nham essa preocupação. É importante destacarmos ain-


Região e Políticas Públicas da que nesses últimos dez ou doze anos estão em fun-
cionamento dois Ministérios que têm como preocupação
A última grande regionalização do território, que di- explícita interferir diretamente na “geografia” do país: o
vidiu o Brasil nas Grandes Regiões como hoje nós a co- Ministério das Cidades e o Ministério da Integração Na-
nhecemos (Regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e cional. Falta vontade política para implementar aquilo
Nordeste) data de 1969, com uma atualização feita no que já está definido na Carta Magna e que em grande
ano de 1990. Será que o território brasileiro já não pos- parte já está institucionalizado no aparelho estatal.

21
Em relação ao pensamento sobre o “território” e o Os desiquilíbrios regionais
“desenvolvimento regional”, creio que há tanto fatos
positivos, quanto fatos negativos que merecem ser sub- As desigualdades sociais têm uma grande relação
linhados. Do ponto de vista positivo, é cada vez mais com a qualidade de vida das pessoas. No Brasil, por
comum vermos pensadores de todas as áreas do co- exemplo, as desigualdades regionais podem ser medidas
nhecimento chamarem a atenção para a importância a partir dos dados relacionados ao PIB (Produto Interno
de conceitos que são tradicionalmente trabalhados pela Bruto). Com os resultados, também é possível perceber o
geografia (incluindo aí o desenvolvimento regional) em quantos essas esferas podem mexer no desenvolvimento
suas análises. É o caso de todos os chamados “economis- regional. São elas que vão apresentar um desequilíbrio
tas regionais”, que têm recentemente produzido análises regional muito expressivo para compreender uma deter-
interessantes sobre as diferentes realidades produtivas minada população.
do território brasileiro. É o caso também dos sociólogos
e antropólogos urbanos, que tampouco podem prescindir O Nordeste apresenta um produto per capita 3 X me-
nor que o do Sudeste, já na questão de moradia, a região
dos “fatores geográficos” para a proposição de esquemas
Nordeste sai na frente.
analíticos para o entendimento da atual “questão urbana”.
As desigualdades regionais apresentam um quadro
Vale destacar também o esforço institucional recen- de emprego bem aguçado. As regiões que apresentam
te do Governo Federal para a consideração de concei- menor índice de emprego formal são a Norte e a Nor-
tos como o de território e região nas políticas públicas deste. Já a região que tem um nível elevado de emprego
que implementam; dentro deste contexto institucional, é a Centro-Oeste.
é digno de nota o “Estudo da dimensão territorial para
o planejamento”, pesquisa encomendada no âmbito do IDH das regiões brasileiras
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, e pu- Para compreender melhor as desigualdades regio-
blicado em 2008 (com sete volumes). Trata-se do mais nais, basta fazer uma comparação com base nos dados
amplo esforço recente do Governo Federal para incluir do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A partir
o território brasileiro como uma das bases para a pro- desse quadro comparativo é possível ter a seguinte es-
dução/execução de políticas públicas, principalmente de cala:
caráter econômico. 1º lugar: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Pau-
lo, Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Mato
Outro esforço importante recente foi feito pelo Insti- Grosso do Sul;
tuto de Política Econômica Aplicada (IPEA), que dedicou 2º lugar: Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Rondônia,
ao tema da “territorialidade” os volumes de uma de suas Amazonas, Roraima e Amapá;
3º lugar: Acre, Pará e Sergipe.
principais publicações, o “Brasil em Desenvolvimento” no
ano de 2013. Na academia, são também muito comuns
Por fim, encontram-se os estados do Nordeste, com
bons estudos que procuram realizar uma síntese do fun- exceção de Sergipe.
cionamento do território brasileiro, dentre os quais po-
deríamos citar o livro “O Brasil: território e sociedade no É importante lembrar que o IDH vai significar que a
início do Século XXI”, escrito pelo Prof. Milton Santos e população de determinada região está vivendo dessa ou
pela Profa. María Laura Silveira (lançado em 2001, mas de outra forma a partir dos dados de qualidade de vida,
que se encontra em sua 15ª edição). mortalidade de crianças, renda per capita, taxas de anal-
fabetismo, expectativa de vida, mensuração da qualidade
Se estes são alguns dos aspectos positivos que indi- dos serviços públicos: saúde, educação e infraestrutura
cam uma maior possibilidade de incorporar a dimensão em geral. A partir de todos esses dados, também é pos-
territorial na confecção e execução de políticas públicas sível verificar que dentro de uma nação podem existir
no país, por outro lado, há também eventos desanima- diferentes tipos de desigualdades causadas por um fator
dores em relação ao tema. Talvez um dos principais deles histórico, econômico ou social.
seja a atual situação de funcionamento do Instituto Brasi-
leiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desde ao menos a Cumpre destacar que Tais avaliações requerem estu-
década de 1990, tem crescido no Instituto a preocupação dos e cruzamentos de dados estatísticos. Essa pesquisa e
maior com a produção de estatísticas e índices da econo- levantamento de informações pode ser feita por diversos
órgãos, públicos ou privados, e vão depender do inte-
mia nacional, sem preocupação sistemática de se pensar
resse ou abordagem, embora o órgão brasileiro que tem
esta produção de estatísticas a partir também de estudos mais oficialidade para tal fim seja o IBGE (Instituto Brasi-
do Instituto em relação ao território brasileiro. Não que leiro de Geografia e Estatística).
esta função de produção de estatísticas não seja também
GEOGRAFIA DO BRASIL

importantíssima. Mas o que nos parece preocupante é a REFERÊNCIAS


perda de vigor que o “G” do IBGE conheceu nestas duas https://www.colegioweb.com.br/geografia-do-bra-
últimas décadas. Talvez a prova mais cabal desta perda sil/desigualdades-regionais.html
de vigor (com hipertrofia das preocupações economicis- http://www.resbr.net.br/a-geografia-na-politica-pu-
tas do Instituto) seja a idade da última regionalização do blica/#.XL2_z-hKgdU.
território brasileiro que o IBGE produziu: ela tem, pelo https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/
menos, 44 anos. as-regioes-geoeconomicas-brasil.htm

22
O ESPAÇO NATURAL BRASILEIRO: SEU APROVEITAMENTO ECONÔMICO E O MEIO AMBIEN-
TE. GEOMORFOLOGIA DO TERRITÓRIO BRASILEIRO: O TERRITÓRIO BRASILEIRO E A PLACA
SUL AMERICANA; AS BASES GEOLÓGICAS DO BRASIL; AS FEIÇÕES DO RELEVO; OS DOMÍ-
NIOS NATURAIS E AS CLASSIFICAÇÕES DO RELEVO BRASILEIRO. A QUESTÃO AMBIENTAL
NO BRASIL. OS RECURSOS MINERAIS. AS FONTES DE ENERGIA E OS RECURSOS HÍDRICOS.
A BIOSFERA E OS CLIMAS DO BRASIL.

ESPAÇO NATURAL: CONCEITOS

Geomorfologia

A Geomorfologia corresponde a uma ciência que tem como objeto de estudo as irregularidades da superfície ter-
restre, ou simplesmente as diferentes formas do relevo.
Serve para mostrar a importância do estudo do relevo para os diferentes campos do conhecimento (planejamento
urbano e regional, análise ambiental...), evidenciando a estreita relação com a Geografia e no contexto geográfico,
considerando sua contribuição no processo de ordenamento territorial.

Geomorfologia do planeta Terra

Foram encontrados no Brasil e na África fósseis de plantas e de animais muito semelhantes. As reservas de carvão
dos EUA, Sibéria e China têm propriedades muito parecidas. Isto não é coincidência. Foi explicada pela primeira vez
por Wegener e sua teoria da Deriva Continental.
No final do período Carbonífero, existia uma única e imensa massa continental denominada Pangea (Pangeia). Na
Pangea, a América do Norte estava ligada à Eurásia, e a América do Sul ligada a Ásia. A Austrália e a Antártida estavam
unidas ao mesmo conjunto, e a Índia, por sua vez, estava perfeitamente encaixada entre a África e a Austrália.

Configuração da Pangea

A divisão iniciou mais ou menos no período Jurássico, formando dois super continentes: a Laurásia e a Gondwana.
No início do período Terciário, a América do Sul separou-se da África e, a seguir, a América do Norte, da Laurásia. A
Índia se mantinha em seu deslocamento em direção à Ásia. A Austrália e a Antártida mantinham-se ligadas.
GEOGRAFIA DO BRASIL

A configuração moderna dos continentes se deu há 65 milhões de anos atrás, com a junção das Américas, a separa-
ção da Austrália e Antártida e a Índia se chocando com a Ásia. Os continentes ficaram separados pelos oceanos.

23
A Teoria da Deriva Continental deu lugar então à Teoria da Tectônica das Placas, que além de consolidar as ideias de
Wegener, permitiu através dela explicar como esse processo ocorreu. Com o mapeamento das dorsais marinhas, onde
coincide com as áreas de vulcanismo e de terrenos, criou-se a teoria de que a crosta terrestre está dividida em placas,
que interagem umas com as outras, gerando os mais variados fenômenos.

Mapa com as principais placas tectônicas

Solo e Atmosfera

O solo é a parte exterior da crosta terrestre em contato direto com os demais elementos do meio ecológico.
GEOGRAFIA DO BRASIL

Os solos são formados de três fases: sólida (minerais e matéria orgânica), líquida (solução do solo) e gasosa (ar).
O solo é o resultado de milhares de anos de desagregação das rochas originais de um lugar na sua superfície e a combina-
ção de diversos fatores. A maior ou menor intensidade de algum fator pode ser determinante na criação de um ou outro solo.
São comumente ditos como fatores da formação de solo: o clima, o material de origem, os organismos, o tempo e o relevo.

24
As rochas, ao sofrerem a ação dos agentes atmosfé-
ricos, especialmente o calor e a umidade, decompõem-
-se através do intemperismo, também denominado de
meteorização, e em seus fragmentos instala-se grande
variedade de organismos vivos. Podemos afirmar então
que o solo é o resultado da ação conjugada de fatores
físicos, químicos e biológicos, em função dos quais se
apresenta sob os mais diversos aspectos.

Fatores da formação de solo

Pedogênese é o nome dado ao processo químico e


físico de alteração (adição, remoção, transporte e modifi-
cação) que atua sobre um material litológico, originando
um solo.

Edafologia é a ciência que trata das influências dos Formação do solo


solos nos seres vivos. Sobre o solo cresce a vegetação
dos continentes e das ilhas. Sendo assim, não há solo nas Fatores de formação de solos
áreas do planeta em que as rochas ainda não tenham
sido decompostas. FATORES
Como resultado da decomposição química das ro- TIPO DE FATOR ATUAÇÃO
AMBIENTAIS
chas, forma-se um material sobre a superfície terrestre:
uma camada superficial, composta de água e minerais Clima e Fornecem maté-
Fatores ativos
que, com o passar do tempo, vai se enriquecendo de ma- organismos ria e energia
téria orgânica (raízes, folhas, fezes e restos mortais de Controla o fluxo
animais, entre outros). de materiais; su-
perfície; erosão;
Fator
Relevo profundidade;
controlador
infiltração; lixivia-
ção e transloca-
ção.
Diversidade do
material cons-
Material de
Fator passivo tituinte sobre o
origem
qual ocorrerá a
pedogênese.
Determina o tem-
po cronológico
Tempo Fator passivo
de atuação do
processo.

Mecanismos de formação de solos

MECANISMOS ATUAÇÃO
GEOGRAFIA DO BRASIL

Aporte do material do exterior


Adição
do perfil ou horizonte do solo.
Remoção de material para fora
A fauna e a flora do solo desempenham papel funda- Remoção (perda)
do perfil. Exemplo: lixiviação.
mental. Modificam e movimentam enormes quantidades
de material, mantendo o solo aerado e renovado em sua
parte superficial.

25
Transformação de material exis-
tente no perfil ou horizonte. Mu- #FicaDica
Transformação
dança de natureza química mi- Tempo e Clima são conceitos distintos:
neralógica. Tempo é o estado da atmosfera de um lu-
Translocação de material de um gar em um determinado momento. Clima
horizonte para outro, sem aban- é a sucessão dos estados de tempo da at-
Translocação mosfera em determinado lugar.
donar o perfil. Exemplo: eluvia-
ção/iluviação • Choveu hoje. Tempo
• Chove sempre nessa época do ano. Clima

Tempo e Clima
Temperatura
Elementos e fatores climáticos
A temperatura é a quantidade de calor em uma região.
O clima é uma rede intrincada de elementos e fatores que o A temperatura varia não apenas de um lugar para o outro,
caracterizam. Por isso, o clima muda muito conforme a região. mas também em um mesmo lugar no decorrer do tempo.
De todos os fatores, o mais importante é a radiação Entre os fatores responsáveis por sua variação ou dis-
solar. O Sol é o motor que move o clima. A luz solar por tribuição, destacam-se a latitude, a altitude e a distribui-
si própria não gera calor, mas é a absorção, dispersão e ção de massas líquidas e solidas da Terra (maritimidade e
a reflexão dessa mesma luz que irá determinar o grau de continentalidade).
calor de cada região. Temperatura e calor são dois conceitos bastante dife-
O balanço global do sistema Terra-atmosfera é po- rentes e que muitas pessoas acreditam se tratar da mesma
sitivo, ou seja, a relação entre a energia absorvida pela coisa. No entanto, o entendimento desses dois conceitos
atmosfera e pelos oceanos e terras é de 64% (47% pela se faz necessário para o estudo da termologia. Também
superfície terrestre e 17% pela atmosfera e pelas nuvens). chamada de termofísica, a termologia é um ramo da físi-
ca que estuda as relações de troca de calor e manifesta-
ções de qualquer tipo de energia que é capaz de produzir
aquecimento, resfriamento ou mudanças de estado físico
dos corpos, quando esses ganham ou cedem calor.
Os átomos e moléculas que constituem a matéria
nunca estão completamente imóveis. Mesmo que se
esteja observando um material relativamente estático,
parado. Ao contrário, essas partículas estão sempre ani-
madas de um movimento vibratório, cuja amplitude de-
pende do estado físico da matéria.
Esse movimento vibratório constitui uma forma de
energia cinética, denominada energia térmica. Quanto
maior é a agitação das partículas de um corpo, maior é a
energia térmica desse corpo.
A manifestação da energia térmica de um corpo pode
ser percebida pelos órgãos sensoriais de nossa pele e
Esquema ilustrativo do funcionamento da radiação solar
nos dá a sensação de frio ou calor. Essa manifestação é
Os elementos e os fatores climáticos determinam as
popularmente chamada temperatura e, em física, recebe
condições climáticas de cada região. Ainda que estuda-
o nome de estado térmico do corpo. Quanto maior é o
dos separadamente, esses elementos e fatores atuam
grau de agitação das partículas de um corpo, maior é
juntos, ao mesmo tempo.
sua temperatura, ou seja, mais elevado é o seu estado
térmico.
Elementos Fatores modificadores A energia térmica pode transferir-se de um corpo
Temperatura Latitude para outro, mas sempre se transfere do corpo de maior
temperatura para o de menor temperatura. Para que a
Pressão atmosférica Altitude transferência ocorra, é preciso que exista entre os dois
Ventos Distância do mar corpos uma diferença de temperatura. A energia trans-
ferida é chamada calor. Assim, a temperatura de um cor-
Umidade Massas de ar po, sua energia térmica e a agitação de suas partículas
GEOGRAFIA DO BRASIL

Precipitação Correntes marítimas alteram-se quando esse corpo recebe ou cede calor. A
transferência de calor somente termina quando os dois
corpos em contato atingem a mesma temperatura, um
estado denominado equilíbrio térmico.

Então:
Temperatura é a grandeza física associada ao estado
de movimento ou a energia cinética das partículas que

26
compõem os corpos. A chama de uma vela pode estar Existem ainda as florestas temperadas, localizadas no
numa temperatura mais alta que a água do lago, mas o Canadá, Estados Unidos e norte da Europa, além das flo-
lago tem mais energia térmica para ceder ao ambien- restas de coníferas, presentes em regiões subpolares, e a
te na forma de calor. No cotidiano é muito comum as tundra, vegetação que surge em solos gelados. Veremos
pessoas medirem o grau de agitação dessas partículas a seguir mais características dessas vegetações.
através da sensação de quente ou frio que se sente ao
tocar outro corpo. No entanto não podemos confiar na Hidrografia
sensação térmica. Para isso existem os termômetros, que
são graduados para medir a temperatura dos corpos. A hidrografia é o ramo da geografia física que estuda
Calor é definido como sendo energia térmica em as águas do planeta, abrangendo portanto rios, mares,
trânsito e que flui de um corpo para outro em razão da oceanos, lagos, geleiras, água do subsolo e da atmosfera.
diferença de temperatura existente entre eles, sempre Os hidrógrafos são os profissionais que estudam a
do corpo mais quente para o corpo mais frio. No verão, hidrografia do planeta, analisam e catalogam as águas
um lago pode armazenar energia térmica durante o dia e navegáveis de todo o mundo, elaborando cartas e mapas
transferi-la ao ambiente à noite na forma de calor. que mostram em detalhes a formação dos canais, a pro-
fundidade das águas e a localização dos canais, bancos
Vegetação de areia, correntes marítimas, etc. Os hidrógrafos tam-
bém são responsáveis por estudar a influência dos ven-
Nosso planeta apresenta diversos tipos de vegeta- tos no ritmo das águas e das marés.
ções, que variam de acordo com a região onde se loca-
lizam.
A espécie de vegetação referente a cada uma dessas
regiões é definida por fatores como altitude, latitude, pres-
são atmosférica, iluminação e forma de atuação das mas-
sas de ar.
No caso de regiões de baixa latitude, encontram-se
as florestas equatoriais, como por exemplo a floresta
Amazônica, no Brasil.

É comum encontrarmos esse tipo de vegetação em


lugares quentes e úmidos. Suas principais características
são a grande variedade de espécies e as folhas grandes, A hidrosfera é a camada líquida da Terra. É formada
com um tom de verde bem definido. Existem também as por mais de 97% de água, concentrada principalmen-
florestas tropicais, localizadas na faixa intertropical lito- te em oceanos e mares, porém compreende também a
rânea, que possuem menor de variedades de espécies água dos rios, dos lagos e a água subterrânea. No total, a
vegetais, além de tipos de vidas que não existem em ou- água contida no planeta abrange um volume de aproxi-
tros locais. madamente 1.400.000.000 km³. Já as águas continentais
Outro tipo de vegetação é o cerrado (ou savana), en- representam pouco mais de 2% da água do planeta, fi-
contrado no centro-oeste brasileiro, em parte da Austrá- cando com um volume em torno de 38.000.000 km³.
lia e do centro da África, e no litoral da Índia. Esse tipo A água em estado líquido passa para a atmosfera em
caracteriza-se por plantas rasteiras e pequenas árvores forma de vapor, em um processo chamado de evapo-
GEOGRAFIA DO BRASIL

que perdem suas folhas no período da seca. traspiração. As baixas temperaturas da atmosfera fazem
Temos também os campos ou pradarias, tipo encon- esse vapor se condensar, passando para seu estado líqui-
trado em regiões de clima temperado continental, como do e, dessa forma, se precipitar sobre a superfície.
ocorre no norte dos Estados Unidos, sul do Canadá, norte
da China, norte da Argentina etc. Essa vegetação nasce
onde há pouca umidade para o crescimento de árvores,
havendo somente um tapete herbáceo conhecido como
gramíneas.

27
dando-o ao seu bel prazer. Essas correntes líquidas, que
resultam da concentração de água em vales, podem se
originar de várias fontes: fontes subterrâneas (que se
formam com a água das chuvas), transbordamento de
lagos ou mesmo da fusão de neves e geleiras.

Hidrografia brasileira

O Brasil é um dos países mais ricos do mundo no que


se refere aos complexos hidrográficos, contando com um
dos mais complexos do planeta. Aqui no país, encontra-
mos rios de grande extensão, largura e profundidade,
que nascem, em sua maioria, em regiões que são pou-
co elevadas, excluindo apenas o Rio Amazonas e alguns
afluentes que nascem na cordilheira dos Andes. De toda
a água doce que está na superfície do planeta, 8% en-
contra-se no Brasil e, além disso, a maior bacia fluvial do
Esquema evapotraspiração mundo também encontra-se no Brasil, e é a Amazônica.

Durante o ano, precipitam cerca de 119 mil km cúbi- Bacias hidrográficas


cos sobre os continentes, sendo que apenas 47 mil km
cúbicos não voltam para a atmosfera, permanecendo nos Chamamos de bacia hidrográfica uma área onde acon-
oceanos, circulando como água doce. tece a drenagem da água das chuvas para um determinado
Essa diferença entre precipitação e a evaporação curso de água que, normalmente, é um rio. O terreno em
é chamada de excedente hídrico e transforma-se em declive faz com que as águas acabem desaguando em um
rios, lagos ou lençóis de água subterrânea. O ciclo da determinado rio, o que forma uma bacia hidrográfica. Se-
água tem três trajetórias principais: precipitação, eva- gundo o IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
potranspiração e transporte de vapor. existem nove bacias, que são a Bacia do Amazonas, que é a
maior do mundo e encontra-se, mais de sua metade, no Bra-
sil; Bacia do Nordeste; Bacia do Tocantins-Araguaia (maior
bacia hidrográfica totalmente situada em território brasilei-
ro); Bacia do Paraguai; Bacia do Paraná; Bacia do São Francis-
co; Bacia do Sudeste-Sul; Bacia do Uruguai; e Bacia do Leste.

Maiores oceanos e mares do mundo

Oceano Pacífico 179.700.000 km²


Oceano Atlântico 106.100.000 km²
Oceano Índico 73.556.000 km²
Mar Glacial Ártico 14.090.000 km²
Mar do Caribe 2.754.000 km²
Mar Mediterrâneo 2.505.000 km²
Mar da Noruega 1.547.000 km²
Trajetória do ciclo da água Golfo do México 1.544.000 km²
Baía de Hudson 1.230.000 km²
Os cursos de água doce, onde civilizações nasceram, Mar do Norte 580.000 km²
desenvolveram e morreram, são vitais para quase todas as Mar do Negro 413.000 km²
ações humanas. No Brasil, a maior parte da energia elétrica Mar Báltico 420.000 km²
que chega às casas e às indústrias, vem das hidrelétricas. Mar da China Meridional 3.447.000 km³
Mar de Okhotsk 1.580.000 km²
Mar de Bering 2.270.000 km²
Mar da China Oriental 752.000 km²
Mar Amarelo 417.000 km²
Mar do Japão 978.000 km²
Golfo de Bengala 2.172.000
GEOGRAFIA DO BRASIL

Mar vermelho 440.000

Maiores rios

Amazonas 10.245 km²


Fotografia aérea de Itaipu - usina hidrelétrica
Nilo 6.671 km²
binacional localizada no Rio Paraná, na fronteira entre o
Rio Yangtzé 5.800 km²
Brasil e o Paraguai
Mississippi-Missouri 5.620 km²
Os rios também são agentes erosivos do relevo, mol-

28
Obi 5.410 km² A vegetação brasileira compreende: a Floresta
Rio Amarelo 4.845 km² Amazônica, a Mata Atlântica, o Cerrado, a Caatinga
Rio da Prata 4.700 km² (tipo de vegetação apenas encontrada no Brasil), a Mata
Mekong 4.500 km² de Araucária, o Pantanal, os Campos e as Vegetações
Amur 4.416 km² Litorâneas. As diferenças de vegetação no território
Rio Lena 4.400 km² ocorrem devido a aspectos como clima e tipo de relevo.
A Caatinga, por exemplo, é um tipo de vegetação
Maiores lagos predominante no clima Semiárido, caracterizado pela
escassez de chuvas e altas temperaturas. No caso, além
Mar Cáspio 371.000 km² do Semiárido, o Brasil contempla os climas: Tropical
Lago Superior 84.131 km² (vigora na maior parte do país. O clima é úmido e seco),
Vitória 68.100 km² Litorâneo Úmido (quente e com chuvas bem distribuídas),
Huron 61.797 km² Subtropical (temperaturas amenas) e Equatorial (quente
Michigan 58.016 km² e úmido).
Mar de Aral 41.000 km²
Quanto ao relevo brasileiro, é possível identificar:
Tanganica 32.893 km²
depressões (surgidas por meio de erosões), planícies
Grande Urso 31.792 km²
(áreas planas encontradas, sobretudo na Amazônia
Baikal 31.500 km²
Lago Niassa 30.800 km² e Pantanal), além do planalto (encontrado na Serra da
Mantiqueira ou Serra do Mar, entre outros).
Usinas hidrelétricas do Brasil

As hidrelétricas no Brasil correspondem a 90% da #FicaDica


energia elétrica produzida no país. Pode haver questões sobre o poderio brasi-
A instalação de barragens para a construção de usi- leiro quanto aos recursos hídricos no mundo.
nas iniciou-se no Brasil a partir do final do século XIX, Esse tema tende a ser citado em abordagens
mas foi após a Segunda Grande Guerra Mundial (1939- sobre impactos ambientais, pois há muitos
1945) que a adoção de hidrelétricas passou a ser relevan- questionamentos relativos à responsabilidade
te na produção de energia brasileira. do Brasil em administrar bem seus recursos
Apesar de o Brasil representar o terceiro maior po- naturais em prol do planeta. É importante per-
tencial hidráulico do mundo (atrás apenas de Rússia e ceber essas relações.
China), o país importa parte da energia hidrelétrica que
consome. Isso ocorre em razão de que a maior hidrelétri-
ca das Américas e segunda maior do mundo, a Usina de Relevo
Itaipu, não é totalmente brasileira. O relevo brasileiro é de formação antiga ou pré-cam-
Por se localizar na divisa do Brasil com o Paraguai, 50% briana, sendo erodido e, portanto, aplainado. Apresen-
da produção da usina pertence ao país vizinho que, na in- ta o predomínio de planaltos, terrenos sedimentares e
capacidade de consumir esse montante, vende o exceden- certas áreas com subsolo rico em recursos minerais. Um
te para o Brasil. O Brasil também consome energia pro- outro aspecto importante consiste na ausência de vul-
duzida pelas hidrelétricas argentinas de Garabi e Yaceritá. canismo ativo e fortes abalos sísmicos, fatos explicados
A produção de energia elétrica no Brasil é realizada pela distância em relação à divisa ou encontro das placas
através de dois grandes sistemas estruturais integrados: tectônicas, somado à idade antiga do território.
o sistema Sul-Sudeste-Centro-Oeste e o sistema Nor-
te-Nordeste, que correspondem, respectivamente, por Clima
70% e 25% da produção de energia hidrelétrica no Brasil. O país apresenta o predomínio de climas quentes
ou macrotérmicos, devido à sua localização no planeta,
apresentando uma grande porção de terras na Zona In-
ESPAÇO NATURAL BRASILEIRO tertropical e uma pequena porção na Zona Intertropical e
uma pequena porção na Zona Temperada do Sul.
O Brasil é o país com a maior biodiversidade do É fundamental perceber que a diversidade climática
planeta, com biomas importantes, desde a Amazônia, o do País é positiva para a agropecuária e é explicada por
pulmão do mundo, além de exemplos como o Cerrado, vários fatores, destacando-se a latitude e a atuação das
o Pantanal, entre outros. E é justamente em território massas de ar.
nacional que se concentra a maior reserva de água doce
do mundo, por conta do rio Amazonas, o mais extenso e DOMÍNIO AMAZÔNICO
GEOGRAFIA DO BRASIL

volumoso do planeta.
O país ainda possui outros rios importantes como Relevo
o São Francisco, que nasce em Minas Gerais, segue até O Domínio Geoecológico Amazônico apresenta um re-
Estados do Nordeste e deságua no mar, entre Sergipe e levo formado essencialmente por depressões , originando
Alagoas. No país, está cerca de 12% de toda a água doce os baixos planaltos e as planícies aluviais. Apenas nos extre-
do mundo. As principais bacias hidrográficas brasileiras mos norte e sul desse domínio, é que ocorrem maiores alti-
são as seguintes: a bacia Amazônica, do Tocantins, do tudes, surgindo os planaltos das Guianas ao norte e o Cen-
São Francisco, a bacia do Paraná e do Uruguai. tral (Brasileiro) ao sul. (Classificação de Aroldo de Azevedo).

29
O planalto das Guianas, situado no extremo norte do O rio Amazonas (e alguns trechos de seus afluentes)
Brasil, corresponde ao escudo cristalino das Guianas. Tra- é altamente favorável à navegação. Por outro lado, o po-
ta-se, portanto, de terrenos cristalinos do pré-cambriano, tencial hidráulico dessa bacia é atualmente considerado o
altamente desgastado pela erosão, apresentando, como mais elevado do Brasil, localizado sobretudo nos afluentes
conseqüência, modestas cotas altimétricas em sua maior da margem direita que formam grande número de quedas
parte. Entretanto, nas fronteiras com as Guianas e a Ve- e cachoeiras nas áreas de contatos entre o planalto Brasi-
nezuela, existe uma região de serras, onde aparecem os leiro e as terras baixas amazônicas (Tocantis, Tucuruí).
pontos culminantes do relevo brasileiro: o pico da Nebli- Apresenta a maior variedade de peixes existentes em
na (serra do Imeri), o pico 31 de Março e o monte Rorai- todas as bacias hidrográficas do mundo. A pesca tem uma
ma. Dentre as serras podemos citar: Parima, Pacaraima, grande expressão na alimentação da população local.
Surucucu, Tapirapecó, Imeri, etc. Além da grande quantidade de rios na região existem
A maior parte do Domínio Amazônico apresenta um os igarapés (córregos ou riachos); os furos (braços de
relevo caracterizado por terras baixas. As verdadeiras água que ligam um rio a outro ou a um lago); os para-
planícies (onde predomina a acumulação de sedimen- nás-mirins (braços de rios que contornam elevações for-
tos) ocorrem somente ao longo de alguns trechos de rios mando ilhas fluviais) e lagos e várzea.
regionais; os baixos planaltos (ou platôs), também de
origem sedimentar, mas em processo de erosão, apre- Solos
sentam a principal e mais abrangente forma de relevo A maior parte do Domínio Amazônico apresenta so-
da Amazônia. los de baixa fertilidade. Apenas em algumas áreas restri-
tas, ocorrem solos de maior fertilidade natural, como os
Clima solos de várzeas em alguns trechos dos rios regionais e
A Amazônia apresenta o predomínio do clima Equa- a terras pretas, solo orgânico bastante fértil (pequenas
torial. Trata-se de um clima quente e úmido. Região de manchas).
baixa latitude, apresenta médias térmicas mensais eleva-
das que variam de 24 ºC e 27 ºC. Vegetação
A amplitude térmica anual, isto é, as diferenças de A floresta amazônica, principal elemento natural do
temperaturas entre as médias dos meses mais quentes e Domínio Geoecológico Amazônico, abrangia quase 40%
mais frios, é bastante baixa (oscilações inferiores a 2 ºC); da área do País. Além do Brasil, ocupa áreas das Guianas,
os índices pluviométricos são extremamente elevados, Venezuela, Colômbia, Peru, Equador e Bolívia, cobrindo
de 1500 a 2500 mm ao ano, chegando a atingir 4.000 cerca de 5 milhões de km².
mm; o período de estiagens é bastante curto em algumas A floresta Amazônica possui as seguintes caracterís-
áreas. A região é marcada por chuvas o ano todo. ticas:
• Latifoliada: com vegetais de folhas largas e grandes;
• Heterogênea: apresenta grande variedade de espé-
Clima Equatorial
cies vegetais, ou grande biodiversidade;
Este pluviograma apresenta a região de Uaupés, no
• Densa: bastante compacta ou intricada com plantas
Estado do Amazonas, com o tipo de clima predominante
muito próximas uma das outras;
na área. Observe que a linha de temperatura não cai a
• Perene: sempre verde, pois não perde as folhas no
menos de 24 ºC e que a pluviosidade é alta durante o
outono-inverno como as florestas temperadas (ca-
ano todo, não se observando estação seca.
ducifólias);
As precipitações que ocorrem nessa região são exem- • Higrófila: com vegetais adaptados a um clima bas-
plos de chuvas de convecção, resultantes do movimento tante úmido;
ascendente do ar carregado de umidade; essas correntes • Outros nomes: Hiléia, denominação dada por Ale-
de ar ascendentes são conseqüências do encontro dos xandre Von Humboldt, Inferno Verde, por Alexan-
ventos alísios (convergência dos alísios). dre Rangel e Floresta Latifoliada Equatorial.
A massa de ar Equatorial Continental (Ec) é responsá-
vel pela dinâmica do clima em quase toda a região. So- Apresenta aspectos diferenciados dependendo, prin-
mente na porção ocidental a frente fria (Polar Atlântica) cipalmente da maior ou menor proximidade dos cursos
atinge a Amazônia durante o inverno, ocasionando uma fluviais. Pode ser dividida em três tipos básicos ou flo-
queda de temperatura denominando friagem. restais:
A massa de ar Equatorial Atlântica (Ea) exerce alguma • Caaigapó: ou mata de igapó, localizada ao longo
influência somente em áreas litorâneas (AP e PA). dos rios nas planícies permanentemente inunda-
das. São espécies do Igapó a vitória-régia, piaçava,
Hidrografia açaí, cururu, marajá, etc.
A hidrografia regional é riquíssima, representada • Mata de várzea: localizada nas proximidades dos
GEOGRAFIA DO BRASIL

quase que totalmente pela bacia amazônica. rios, parte da floresta que sofre inundações peri-
O rio principal, Amazonas, é um enorme coletor das ódicas. Como principais espécies temos a serin-
chuvas abundantes na região (clima Equatorial); seus gueira (Hevea brasiliensis), cacaueiro, sumaúma,
afluentes provêm tanto do hemisférico norte (margem copaíba, etc.
esquerda), como o Negro, Trombetas, Jari, Japurá, etc., • Caaetê: ou mata de terra firme, parte da floresta da
quanto do hemisfério sul (margem direita), como o Juruá, maior extensão localizada nas áreas mais elevadas
Purus, Madeira, Tapajós, Xingu, etc. Esse fato explica o (baixos planaltos), que nunca são atingidas pelas
duplo período de cheias anuais em seu médio curso. enchentes. Além de apresentar a maior variedade

30
de espécies, possui as árvores de maior porte. São águas entre as bacias Amazônica (rios que correm para o
espécies vegetais do Caaetê o angelim, caucho, norte) e Platina (Paraná e Paraguai que correm para o sul)
andiroba, castanheira, guaraná, mogno, pau-rosa, e do São Francisco.
salsaparrilha, sorva, etc. São rios perenes com regime tropical, isto é, as cheias
ocorrem no verão e as vazantes no inverno.
O DOMÍNIO DOS CERRADOS
Clima
O Cerrado é um domínio geoecológico característi- O principal clima do Cerrado é tropical semi-úmido;
co do Brasil Central, apresentando terrenos cristalinos apresenta estações do ano bem definidas, uma bastante
(as chamadas “serras”) e sedimentares (chapadas), com chuvosa (verão) e outra seca (inverno); as médias térmi-
solos muito precários, ácidos, muito porosos, altamente cas são elevadas, oscilando entre 20 ºC a 28 ºC e os índi-
lixiviados e laterizados. ces pluviométricos variam em torno de 1.500 mm.
A expansão contínua da agricultura e pecuária mo- Verifica-se pelo climograma anterior a estação seca
dernas exige o uso de corretivos com calagens e nutrien- no meio do ano, destacando-se a queda de temperatura.
tes, que é a fertilização artificial do solo. A mecanização
intensiva tem aumentado a erosão e a compactação dos Vegetação
solos. A região tem sido devastada nas últimas décadas O Cerrado é a vegetação dominante; apresenta nor-
pela agricultura comercial policultora (destaque para a malmente dois estratos: um arbóreo-arbustivo, com ár-
soja). vores de pequeno porte (pau-santo, lixeira, pequi) e ou-
O Cerrado apresenta dos estratos: o arbóreo-arbus- tro herbáceo, de gramíneas e vegetação rasteiras com
tivo e o herbáceo. As árvores de pequeno porte, com várias espécies de capim (barba-de-bode, flechinha, co-
lonião, gordura, etc.).
troncos e galhos retorcidos, cascas grossas e raízes pro-
Os arbustos possuem os troncos e galhos retorcidos,
fundas, denotam raquitismo, e o lençol freático profun-
caule grosso, casca espessa e dura e raízes profundas. O
do. A produção da lenha e de carvão vegetal continua a
espaçamento entre arbusto e árvores é grande favore-
ocorrer, apesar das proibições e alertas, bem como da cendo a prática da pecuária extensiva.
prática das queimadas. Ao longo dos rios, conseqüência da maior umidade
do solo, surgem pequenas e alongas florestas, denomi-
Localização nadas Matas Galeiras ou Ciliares. Essas formações vege-
O Domínio Geoecológico do Cerrado ocupa quase tais são de grande importância para a ecologia local, pois
todo o Brasil Central, abrangendo não somente a maior evitam a erosão das margens impedindo o assoreamento
parte da região Centro-Oeste, mas também trechos de dos rios; favorecem ainda a fauna e a vida do rio.
Minas Gerais, parte ocidental da Bahia e sul do Maranhão Nos últimos anos, como conseqüências da expansão
/ Piauí. da agricultura na região, as Matas Galerias e o Cerrado
sofrem intenso processo de destruição, afetando o meio
Relevo ambiente regional.
A principal unidade geomorfológica do Cerrado é o
planalto Central, constituído por terrenos cristalinos, bas- O DOMÍNIO DAS CAATINGAS
tante desgastados pelos processos erosivos, e por terre-
nos sedimentares que formam as chapadas e os chapa- Este domínio é marcado pelo clima tropical semi-ári-
dões. do, vegetação de caatinga, relevo erodido, destacando-
Destacam-se nesse planalto as chapadas dos Parecis, -se o maciço nordestino e a hidrografia intermitente.
dos Guimarães, das Mangabeiras e o Espigão Mestre, que A Zona da Mata ou litoral oriental é a sub-região mais
divide das águas das bacias do São Francisco e Tocantins. industrializadas, mais populosa, destacando-se o solo de
Na porção sul desse domínio (MS e GO) localiza-se massapé (calcário e gnaisse), com as tradicionais lavou-
parte do planalto Meridional, com a presença de rochas ras comerciais de cana e cacau. O agreste apresenta pe-
vulcânica (basalto) intercaladas por rochas sedimentares, quena propriedades com policultura visando a abastecer
formando as cuestas Maracaju, Caiapó, etc. o litoral. O sertão é marcado pela pecuária em grandes
propriedades. Já o Meio-Norte, apresenta grandes pro-
priedades com extrativismo.
Solos
No Domínio do Cerrado predominam os solos pobres Clima
e bastante ácidos (pH abaixo de 6,5). São solos altamen- O Domínio da Caatinga apresenta como característi-
te lixiviados e laterizados, que para serem utilizados na ca mais marcante a presença do clima semi-árido. É um
agricultura, necessitam de corretivos; utiliza-se normal- tipo de clima tropical, portanto, quente, mais próximo do
mente o método da calagem, que é a adição de calcário árido (seco); as médias de chuvas anuais são inferiores a
GEOGRAFIA DO BRASIL

ao solo, visando à correção do pH. 1000 mm (Cabaceiras, PB – 278 mm, mais baixa do Brasil),
Ao sul desse domínio (planalto Meridional) aparecem concentradas num curto período (três meses do ano) –
significativas manchas de terra roxa, de grande fertilida- chuvas de outono-inverno. A longa estação seca é bas-
de natural (região de Dourados e Campo Grande). tante quente, com estiagens acentuadas.
Esse pluviograma da região Cabaceiras, Na Paraíba,
Hidrografia é o mais representativo do clima semi-árido do Sertão
A densidade hidrográfica é baixa; as elevações do pla- nordestino. A região apresenta o menor índice pluviomé-
nalto Central (chapadas) funcionam como divisores de trico do Brasil, com 278 mm de chuvas. Observe o pre-

31
domínio do tempo seco e a temperatura elevada durante Relevo
o ano todo. No domínio das Caatingas predominam depressões
A baixa e irregular quantidade de chuvas dói Domí- interplanálticas, exemplificadas pela Sertaneja e a do São
nio da Caatinga pode ser explica pela situação da região Francisco.
em relação à circulação atmosférica (massa de ar), relevo, A leste atinge o planalto de Borborema (PE) e a Cha-
geologia, etc. pada Diamantina (sul da Bahia). A oeste estende-se até
Trata-se de uma área de encontro ou ponto final de o Espigão Mestre e a Chapada das Mangabeiras. Nos
quatro sistemas atmosféricos: as massas de ar Ec, Ta, Ea limites setentrionais desse domínio, localizam inúmeras
e Pa. Quando essas massas de ar atingem a região, já
serras ou chapadas residuais, como Araripe, Grande, Ibia-
perdem grande parte de sua umidade.
pada, Apodi, etc.
O Planalto de Borborema raramente ultrapassa 800
m de altitude, sendo descontínuo. Portanto, é incapaz de O interior do planalto Nordestino é uma área em pro-
provocar a semi-aridez da área sertaneja. cesso de pediplanação, isto é, a importância das chuvas é
A presença de rochas cristalinas (impermeáveis) e so- pequena (clima semi-árido) nos processos erosivos, pre-
los rasos dificulta a formação do lençol freático em algu- dominando o intemperismo físico (variação de tempera-
mas áreas, acentuando o problema da seca. tura) e ação dos ventos (erosão eólica), que vão aplainan-
Um dos mitos ou explicações falsas do subdesenvol- do progressivamente o relevo (fragmentação de rochas
vimento nordestino é a afirmação de que as secas cons- e de blocos).
tituem a principal causa do atraso socioeconômico dessa É comum no quadro geomorfológico nordestino a
região, causando também migração para São Paulo e Rio presença de inselbergs, que são morros residuais, com-
de Janeiro. posto normalmente por rochas cristalinas.
Na realidade, a pobreza regional é muito mais bem Os solos do Domínio da Caatinga são, geralmente,
explicada pelas causas históricas e sociais. pouco profundas devido às escassas chuvas e ao predo-
As arcaicas estruturas socioeconômicas regionais (es- mínio do intemperismo físico. Apesar disso, apresentam
truturas fundiária, predomínio da agricultura tradicional boa quantidade de minerais básicos, fator favorável à
de exportação, governos controlados pelas elites locais, prática da agricultura. A limitação da atividade agrícola é
baixos níveis salariais, analfabetismo, baixa produtivi- representada pelo regime incerto e irregular das chuvas,
dade nas atividades econômicas, etc.) explicam muito
problema que poderia ser solucionado com a prática de
melhor o subdesenvolvimento nordestino que as causas
técnicas adequadas de irrigação.
naturais.
A seca é apenas mais agravante, que poderia ser solu- A paisagem arbustiva típica do Sertão Nordestino,
cionada com o progresso socioeconômico regional. que dá o nome a esse domínio geoecológico, é a Caatin-
ga (caa = mata; tinga = branco). Possui grande hetero-
Hidrografia geneidade quanto ao seu aspecto e composição vegetal.
A mais importante bacia hidrográfica do Domínio da Em algumas áreas, forma-se uma mata rala ou aber-
Caatinga é a do São Francisco. Apesar de percorrer áreas ta, com muitos arbustos e pequenas árvores, tais como
de clima semi-árido, é um rio perene embora na época juazeiro, a aroeira, baraúna, etc. Em outras áreas o solo
das secas possua um nível baixíssimo de águas. É nave- apresenta-se quase que descoberto, proliferando os ve-
gável em seu médio curso numa extensão de 1370 km, getais xerófilos, como as cactáceas (mandacaru, facheiro,
no trecho que vai de Juazeiro (BA) a Pirapora(MG). Atual- xique-xique, coroa de frade, etc.) e as bromeliáceas (ma-
mente essa navegação é de pouca expressão na econo- cambira).
mia regional, devido à concorrência das rodovias. Rio de É uma vegetação caducifólia, isto é, na época das se-
planalto, apresenta, sobretudo em seu baixo curso, várias cas as plantas perdem suas folhas, evitando-se assim a
quedas, favorecendo a produção de energia elétrica (usi- evapotranspiração.
nas de Paulo Afonso, Sobradinho etc.). Os brejos são as mais importantes áreas agrícolas do
A maior parte de seus afluentes são intermitentes ou sertão. São áreas de maior umidade, localizadas em en-
temporários, reflexo das condições locais.
costas das serras ou vales fluviais, isto é, regatos e ria-
Além do São Francisco, existem vários outros que
chos. As cabeceiras são formadas pelos “olhos d’água”
drenam a Caatinga: os rios intermitentes da bacia do
(minas).
Nordeste como o Jaguaribe, Acaraú, Apodi, Piranhas, Ca-
pibaribe, etc. Projetos
Convém lembrar que o rio São Francisco possui três A região Nordeste é marcada por projetos, destacan-
apelidos importantes: do os relacionados à irrigação. O mais famoso envolve
• Rio dos Currais: devido ao desenvolvimento da pe- as cidades vizinhas e separadas pelo rio São Francisco,
cuária extensiva no sertão. Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). O clima seco e a irrigação
GEOGRAFIA DO BRASIL

• Rio da Unidade Nacional: devido ao seu trecho na- controlada favorecem o controle de pragas, e o cultivo
vegável ligando o Sudeste ao Nordeste, sendo as de frutas para exportação marca a paisagem, com in-
regiões mais importantes na fase colonial. fluência de capital estrangeiro.
• Rio Nilo Brasileiro: devido à semelhança com o rio Porém, existem projetos eleitoreiros, que não saem
africano, pois nasce numa área úmida (MG – serra do papel, como o da transposição das águas do São
da Canastra) e atravessa uma área seca, sendo pe- Francisco: antiga ideia de construir um canal artificial,
rene. Além de apresentar o sentido sul-norte e ser envolvendo Cabrobó (PE) e Jati (CE), ligando os rios São
axorréico. Francisco ao Jaguaribe, com 115 km. Deste canal, nasce-

32
riam outros, levando águas para o Rio Grande do Norte, serra do Mar representa uma linha de falhas que possi-
Paraíba e Pernambuco. Mas o projeto é polêmico, po- bilita, também, a produção energética (exemplo: usinas
dendo colocar em risco o rio São Francisco. Henry Borden I e II que aproveitam as águas do sistema
Tietê – Pinheiros- Billings).
O DOMÍNIO DOS MARES DE MORROS Esses rios apresentam cheias de verão e vazante de
inverno (regime pluvial tropical).
Localização
Esse domínio geoecológico localiza-se na porção Clima
oriental do País, desde o Nordeste até o Sul. Na região O Domínio dos Mares de Morros apresenta o predo-
Sudeste, penetra para o interior, abrangendo o centro- mínio do clima tropical úmido. Na Zona da Mata Nordes-
-sul de Minas Gerais e São Paulo. tina, as chuvas concentram-se no outono e inverno.
Na região Sudeste, devido a maiores altitudes, o cli-
Relevo ma é o tropical de altitude, com médias térmicas anuais
O aspecto característico do Domínio dos Mares de entre 14 ºC e 22 ºC. As chuvas ocorrem no verão, que é
Morros encontra-se no relevo e nos processos erosivos. muito quente. No inverno, as médias térmicas são mais
O planalto Atlântico (Classificação Aroldo Azevedo) baixas, por influência da altitude e da massa de ar Pa (Po-
é a unidade do relevo que mais se destaca; apresenta lar Atlância).
terrenos cristalinos antigos, datados do pré-cambriano, No litoral, sobretudo no norte de São Paulo, a plu-
correspondendo ao Escudo Atlântico. Nesse planalto es- viosidade é elevadíssima, conseqüência da presença da
tão situadas as terras altas do Sudeste, constituindo um serra do Mar, que barra a umidade vinda do Atlântico
conjunto de saliência ou elevações, abrangendo áreas (chuvas orográficas ou de relevo). Em Itapanhaú, litoral
que vão do Espírito Santo a Santa Catarina. de São Paulo, foi registrado o maior anual de chuvas
Entre as várias serras regionais como a do Mar, Man- (4.514 mm).
tiqueira, Espinhaço, Geral, Caparão (Pico da Bandeira = 2
890 m), etc. Vegetação
A erosão, provocada pelo clima tropical úmido, asso- A principal paisagem vegetal desse domínio era, ori-
ciada a um intemperismo químico significativo sobre os ginalmente, representada pela mata Atlântica ou floresta
terrenos cristalinos (granito/gnaisse), é um dos fatores latifoliada tropical. Essa formação florestal ocupava as
responsáveis pela conformação do relevo, com a presen-
terras desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande
ça de morros com vertentes arredondadas (morros em
do Sul, cobrindo as escarpas voltadas para o mar e os
Meia Laranja, Pães-de-Açúcar).
planaltos interiores do Sudeste. Apresentava, em muitos
Entre a serra do Mar e a da Mantiqueira, localiza-se a
trechos, uma vegetação imponente, com árvores de 25 a
depressão do rio Paraíba do Sul (vale do Paraíba) forma-
30 metros de altura, como perobas, pau-d’alho, figueiras,
da a partir de uma fossa tectônica.
cedros, jacarandá, jatobá, jequitibá, etc.
Solos Com o processo de ocupação dessas terras brasilei-
Na Zona da Mata Nordestina encontra-se um solo de ras, essa floresta sofreu grandes devastações. No início,
grande fertilidade, denominando massapé; originou-se foi a extração do pau-brasil; posteriormente, a agricultu-
da decomposição do granito, gnaisse e, ás vezes, do cal- ra da cana-de-açúcar (Nordeste) e a do café (Sudeste).
cário. Atualmente, restam apenas alguns trechos esparsos
No Sudeste, ocorre a presença de um solo argiloso, em encostas montanhosas.
de razoável fertilidade, formado, principalmente, pela
decomposição do granito em climas úmidos, denomina- O DOMÍNIO DAS ARAUCÁRIAS
do salmourão.
É o domínio geoecológico brasileiro mais sujeito aos Localização
processos erosivos, conseqüência do relevo acidentado Abrange áreas altas do Centro-Sul do País, sobretudo
e da ação de clima tropical úmido. O intemperismo quí- Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
mico atinge profundamente as rochas dessa área, for-
mando solos profundos, intensamente trabalhados pela
ação das chuvas e enxurradas. É comum a ocorrência de Relevo
deslizamentos, causados pela destruição da vegetação O Domínio das Araucárias ocupa áreas pertencentes
natural, práticas agrícolas inadequadas, etc. ao Planalto Meridional do Brasil; as altitudes variam entre
800 e 1.300 metros; apresentam terrenos sedimentares
Hidrografia (Paleozóico), recobertos, em partes, por lavas vulcânicas
GEOGRAFIA DO BRASIL

As terras altas do Sudeste dividem as águas de várias (basalto) datadas do Mesozóico.


bacias Paranaica (Grande Tietê, etc.), bacias Secundárias Além do planalto arenito basáltico, surgem a De-
do Leste (Paraíba do Sul, Doce) e Sul. pressão Periférica e suas cuestas. São relevos salientes,
A maior parte dos rios são planálticos, encachoeira- formados pela erosão diferencial, ou seja, ação erosiva
dos, com grande número de quedas ou saltos, corre- sobre rochas de diferentes resistências; apresentam uma
deiras e com elevado poder de erosão. O potencial hi- vertente inclinada, denominada frente ou front e um re-
dráulico é também de vários rios de maior extensão que verso suave. Essas frentes de cuestas são chamadas ser-
correm diretamente para o mar (bacias Secundárias ). A ras: Geral, Botucatu, Esperança, etc.

33
Solos Características Gerais
Aparecem, nesse domínio, solos de grande fertilida- • Bacias do rio Paraná (parte) e do rio Uruguai (alto
de natural, como a terra roxa a oeste do Paraná, solo de curso).
origem vulcânica, de cor vermelha, formado pela decom- • Os afluentes da margem esquerda do rio Paraná
posição do basalto. se formam nos planaltos e nas serras da porção
Em vários trechos do Rio Grande do Sul, ocorrem vas- oriental das regiões Sudeste e Sul; portanto, cor-
tas áreas do solos fértil, denominando brunizem (elevado rem de leste para o oeste.
teor de matéria orgânica). • A bacia hidrográfica do Paraná possui o maior po-
São encontrados ainda, nesse domínio, solos ácidos, tencial hidrelétrico instalado no País.
pobre em mineiras e de baixa fertilidade natural. • Hidrovia do Tietê-Paraná.
• O rio Uruguai e rio Iguaçu apresentam um regime
Clima subtropical.
O domínio das araucárias apresenta como clima pre-
dominante o subtropical. Ao contrário dos demais climas O DOMÍNIO DAS PRADARIAS
brasileiros, pode ser classificado como mesotérmico, isto
é, temperaturas médias, não muito elevadas. O Domínio das Pradarias, também, conhecido como
As chuvas ocorrem durante o ano todo; durante o ve- Campanha Gaúcha ou Pampas, abrange vastas áreas
rão são provocadas pela massa deserta (Tropical Atlânti- (Centro-Sul) do Rio Grande do Sul, constituindo-se em
um prolongamento dos campos ou pradarias do Uruguai
ca). No inverno, é freqüente a penetração da massa Polar
e Argentina pelo território brasileiro.
Atlântica (Pa) ocasionando chuvas frontais, precipitações
O centro-sul do Rio Grande do Sul é marcado por bai-
causadas pelo encontro da massa de ar quente (Ta) com
xa densidade demográfica, clima subtropical e por uma
a fria (Pa). Os índices pluviométricos são elevados, varian- economia que apresenta cultivos mecanizados (soja) ou
do de 1.250 a 2.000 mm anuais. grandes estâncias com pecuárias extensiva. O povoa-
Forte influência da massa de ar Polar Atlântica princi- mento é de origem ibérica.
palmente no outono e no inverno, quando é responsável
pela formação de geadas, quedas de neve em São Joa- Relevo
quim (SC). Gramado (RS) e São José dos Ausentes (RS), Este domínio engloba três unidades do relevo bra-
chuvas frontais e redução acentuada de temperatura. sileiro: planaltos e chapadas da bacia do paraná (oes-
te), depressão periférica sul-rio-grandense (centro) e o
Vegetação planalto sul-rio-grandense (centro) e o planalto sul-rio-
O Domínio das Araucárias apresenta o predomínio da -grandense (leste). Trata-se de um baixo planalto crista-
floresta aciculifoliada subtropical ou floresta das Araucá- lino com altitudes médias entre 200 e 400 metros, onde
rias. Originalmente, localizava-se das terras altas de São se destacam conjuntos de colinas onduladas denomina-
Paulo até o Rio Grande do Sul, sendo o único exemplo das coxilhas, ou seja, pequenas elevações onduladas. As
brasileiro de conífera. Também denominada mata dos Pi- saliências mais significativas (cristas), de maior altitudes,
nhais, apresenta as seguintes características gerais: são chamadas regionalmente de cerros.
• Os pinheiros apresentam folhas em forma de agulha No litoral do Rio Grande do Sul são comuns as la-
(aciculifoliadas). goas costeiras (Patos, Mirim e Mangueira), isoladas pelas
• Ocupam principalmente os planaltos meridionais do restingas, as faixas de areia depositada paralelamente
Brasil. ao litoral, graças ao dinamismo oceânico, formando um
• Não é uma floresta homogênea porque possui man- aterro natural.
chas de vegetais latifoliados.
• É uma formação de vegetação menos densa. Clima
• Foi intensamente devastada. O clima é subtropical com temperatura média anual
• Área de colonização européia no século XIX (italia- baixa, devido a vários fatores, destacando-se a latitude e
nos e alemães) a ocorrência de frentes frias (mPa).
Apresenta considerável amplitude térmica e, no ve-
Hidrografia rão, as áreas mais quentes são Vale do Uruguai e a Cam-
panha Gaúcha, que registram máximas diárias acima de
O Domínio das Araucárias é drenado, principalmente,
38º. As chuvas são regulares.
por rios pertencentes às bacias Paranaica e do Uruguai
(alto curso).
Vegetação
São rios de planaltos com belíssimas cachoeiras e
A paisagem vegetal típica é constituída pelos Cam-
quedas, o que lhes confere em elevado potencial hidráu-
pos Limpos ou Pampas, onde predominam gramíneas,
GEOGRAFIA DO BRASIL

lico.
cuja altura varia de 10 a 50 cm aproximadamente. É a
Embora o Paraná apresente um regime tropical, com
vegetação brasileira (natural) mais favorável à prática da
cheias de verão (dezembro a março), a maior parte dos
pecuária, tradicional atividade dessa região.
rios desse domínio possui regime subtropical (Uruguai,
por exemplo), com duas cheias e duas vazantes anuais,
Nos vales fluviais, surgem capões de matas (matas de
apresentando pequena variação em sua vazão, conse-
galerias ou ciliares) que quebram a monotonia da paisa-
qüência do regime de chuvas, distribuído durante o ano
gem rasteira, formando verdadeiras ilhas de vegetação
todo.
em meio aos campos.

34
Solos grandes distâncias do mercado consumidor dificultam a
Apresentam boa fertilidade natural. sua maior exploração. Através do Rio Paraguai, portos de
Formação de areais e campos de dunas no sudoeste Corumbá e Ledário, o minério é exportado para a Argen-
do Rio Grande do Sul (Alegrete, Quarai, Cacequi). tina e daí para o Japão.
A utilização do conceito de desertificação é consi-
derado inadequado para a região, porque ela não apre- Serra dos Carajás – PA: situa-se a sudeste de Marabá,
senta um clima árido ou semi-árido, como também não a 500 km de Belém, entre os rios Tocantins e Xingu. Conta
existem evidências de que o processo estaria alterando com uma reserva de 18 bilhões de toneladas, quantidade
o clima regional, sendo assim o termo mais indicado, se- suficiente para manter o atual nível de produção brasi-
gundo a pesquisadora Dirce Suertegaray, é arenização. leira de minério por 200 anos, entretanto, lá se encon-
O geógrafo José Bueno Conti utiliza o termo desertifi- tram ainda milhões de toneladas de níquel, manganês,
cação ecológica, que corresponde ao processo interativo bauxita, cobre e outros em uma área de apenas 60 km
entre o homem (uso predatório dos recursos naturais por de raio. Nessa região o governo federal construiu uma
meio da agricultura e da pecuária) e o meio ambiente ferrovia de 890 km, desde da região do Projeto Carajás
(clima úmido – arenito Botucatu). até o porto de Itaqui, na ponta da Madeira no Maranhão.
A exploração está a cargo da CVRD.
Hidrografia
Envolve partes das bacias hidrográficas do Uruguai e Minério de Manganês
do Sudeste e Sul. Os rios desse domínio são perenes mas Pirolusita. É utilizado na fabricação de aços especiais,
de baixa densidade hidrográfica, com traçados meândri- indústria química, vidro e baterias elétricas. É encontrado
cos (curvas), favoráveis à navegação. também em terrenos antigos do proterozóico. Quadri-
Alguns correm para o Leste (bacia Secundária do Sul), látero Ferrífero: ocorre na mesma área até o minério de
desaguando nas lagoas litorâneas como Patos (maior ferro, podendo se destacar as localidades de: Conselhei-
do Brasil), Mangueira e Mirim. Os rios Jacuí (Guaíba) e ro Lafaiete, onde está o morro da mina de São João Del
Camaquã são exemplos. Outros correm em direção ao Rey, Itabira, Ouro Preto, etc. Sua produção siderúrgica
Oeste (bacia do Uruguai), como os rios Quarai, Ijuí, etc. da região.

Serra do Navio – AP: Localiza-se junto às margens


PLACA SUL-AMERICANA do Rio Amapari, afluente do Araguari. Sua exploração é
É uma placa continental que possui 32 milhões de quilô- realizada pela ICOMI (Indústria e Comércio de Minérios),
metros quadrados. O território brasileiro está localizado empresa privada de capital nacional que adquiriu a parte
no centro dela, onde a espessura é de 200 quilômetros, das empresas americanas que também já exploraram o
por esse motivo o país é pouco afetado por terremotos minério. Seu transporte é feito pela Estrada de Ferro do
e vulcões. Amapá, até o porto de Santana, de onde é exportado
principalmente para os EUA. Produz 80% do manganês
RECURSOS MINERAIS E ENERGÉTICOS brasileiro, sendo que a exportação é uma opção devido
Embora o Brasil seja considerado um país rico em re- às grandes distâncias do mercado consumidor interno.
cursos minerais, ainda não se conhece realmente a po-
tencialidade de todos esses recursos. Morro do Urucum – MS: da mesma maneira que o
Em relação aos recursos energéticos, nota-se no Brasil minério de ferro da região é pouco explorado devida às
que o consumo de energia tem aumentado na razão di- grandes distâncias dos centros consumidores do sudeste,
reta de seu aumento populacional e de desenvolvimento é também exportado para o Paraguai e Argentina através
industrial. Sabemos, entretanto, que o país não é autossu- do porto de Corumbá no rio Paraguai. Outras reservas
ficiente em energia, necessitando importar principalmen- ocorre no Projeto Carajás, Bahia, Goiás e Espírito Santo.
te combustíveis fósseis (carvão, mineral e petróleo), além
da tecnologia para beneficiamento do urânio utilizado na Alumínio
usina nuclear de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Bauxita. A produção tem aumentado muito na última
década,. tendo o país passado de importador a exporta-
Minério de ferro dor no início dos anos 80.
Hematita, magnetita, limonita, sideríta e pirita. São As principais ocorrências são nas seguintes áreas:
minérios mais abundantes em todo o território nacional Minas Gerais, Ouro Preto, Mariana, Poços de Calda e no
aparecendo em terrenos cristalinos do Pré-Cambriano, Pará – Oriximiná (Vale do rio Trombetas). A produção mi-
especialmente do Proterozóico ou Algonquiano. neira atende as indústrias da região sudeste como AL-
Quadrilátero de Minas Gerais: corresponde a uma CAN, ALCOA, CBA, enquanto que a produção do Projeto
área de 7.000 Km2 formada pelas cidades de Belo Hori- Trombetas abastece a ALCOBRÁS e ALUNORTE no estado
GEOGRAFIA DO BRASIL

zonte, Santa Bárbara, Mariana e Congonhas, que formam do Pará e ALUMAR em São Luís do Maranhão. Os maio-
os vértices de um quadrilátero. Sua produção, além de res produtores mundiais são: Austrália, Jamaica, Hungria
abastecer o mercado interno, 70% destina-se a expor- e Grécia.
tação.
Carvão Mineral
Morro do Urucum – MS: Situa-se em pleno Pantanal A principal área de exploração é o Vale do rio Tuba-
mato-grossense, com reservas calculadas em mais de 1 rão, em Santa Catarina abrangendo os municípios de Cri-
milhão de toneladas e teor metálico de mais de 60%. As ciúma, Lauro Muller, Siderópolis, Urussanga, Araraguá e

35
Tubarão. Explorado pela CSN, transportado pela Estrada As refinarias da Petrobrás se localizam junto ao mercado
de Ferro Tereza Cristina até o porto de Imbituba, de onde consumidor e distante das áreas de produção. Tal fato se
o produto é levado por cabotagem até a região sudeste, justifica porque é mais fácil, mais barato e menos perigoso
para abastecer principalmente a CSN, em Volta Redonda transportar o petróleo bruto do que os seus derivados.
– RJ, a COSIPA em Cubatão e as siderúrgicas mineiras,
onde o carvão chega através da estrada de ferro Central Transporte do Petróleo
do Brasil e proveniente do porto de Sepetiba – RJ. É feito pela Fronape – Frota Nacional de Petroleiros,
A exploração do carvão no Rio Grande do Sul é feita além de navios contratados no exterior, tais navios pe-
no Vale do rio Jacuí, com destaque para os municípios de troleiros só atracam em portos especializados, denomi-
São Jerônimo, Leão, Bajé, Butiá, Candiota e Hulha Negra. nados de terminais marítimos que são: no Sergipe, Ata-
Utilizado no transporte ferroviário e para a produção laia Velha; na Bahia, Almirante Álvares Câmara, no Rio de
de energia termelétrica. Janeiro, Almirante Tamandaré, em São Paulo, Almirante
A extração do carvão no Paraná é feita no Vale dos Barroso (São Sebastião); em Santa Catarina, São Francis-
co do Sul e no Rio Grande do Sul, Almirante Soares Dutra.
rios Cinzas e Peixe.
A maior parte do carvão brasileiro é explorado a céu
REFERÊNCIAS
aberto, o que consiste em uma grande vantagem, pela
https://www.sosestudante.com/biblioteca/geografia/
economia e segurança, por outro lado, muitos problemas
recursos-minerais-e-energeticos-do-brasil/page-2.
surgem, tais como: grande quantidade de impurezas, html
pequena espessura das camadas de carvão, baixo nível https://brasilescola.uol.com.br/geografia/principais-
tecnológico na exploração e alto custo dos transportes -placas-tectonicas.htm
entre as áreas produtoras e as de consumo.

Petróleo
Começou a ser explorado no Brasil no final da década
de 30, quando o petróleo jorrou pela primeira vez, em 27
de janeiro de 1939, no município de Lobato – BA.
Em 1953, foi criada a PETROBRÁS, pela lei nº 2.004 de
Getúlio Vargas, que instituiu o monopólio do produto,
com exceção da distribuição de derivados, que também
é feita pela Esso, Texaco, Atlantic e Shell.
A partir de 1973, os preços dos produtos aumentaram
no mercado internacional em virtude do boicote árabe.
Somente nos anos 80 os preços recuaram por causa da
retração do mercado mundial, surgimento de novos pro-
dutores e utilização de novas fontes energéticas, como o
álcool, no Brasil e o metanol nos EUA.
A Bacia de Campos, na plataforma continental do Rio
de Janeiro, apresenta a maior produção com 61% do to-
tal produzido no país.
O Recôncavo Baiano, que já foi a principal área pro-
dutora está perdendo o segundo lugar para o litoral do
Rio Grande do Norte, seguindo por Sergipe, Ceará, Espí-
rito Santo, Alagoas e Maranhão.
No início de 1998, a produção era de pouco mais de
930 mil BPD (barris por dia), enquanto que o consumo
ultrapassava 1,6 bilhões de BPD.
O Brasil importa petróleo de todos os países da Opep
(Organização dos países exportadores de petróleo) e
também de países não-membros dessa organização,
como: Angola, Egito, China, Rússia, México, Inglaterra,
Noruega e Argentina.
GEOGRAFIA DO BRASIL

Refino
O refino do petróleo, bem como pesquisa e prospec-
ção, transporte e importação do petróleo bruto e dos de-
rivados, era monopólio da Petrobrás desde sua criação,
em 1953. Com a criação da Agência Nacional do Petróleo
(ANP) em 1998, esse monopólio foi quebrado pois em-
presas estrangeiras poderão participar dessa atividade a
partir de 1999.

36
c) Crescimento populacional: função entre duas variáveis:
o saldo entre o número de imigrantes e o número de
HORA DE PRATICAR! emigrantes; e, o saldo entre o número de nascimentos
e o número de mortos.
1. (CESPE/2016 - POLÍCIA CIENTÍFICA/PE) No que se d) Taxa de fecundidade: número médio de filhos por mu-
refere ao objeto de estudo da hidrologia, assinale a op- lher em uma determinada população. Para obter essa
ção correta. taxa, divide-se o total dos nascimentos pelo número
de mulheres em idade reprodutiva da população con-
a) A vazão dos canais e o nível dos reservatórios são ava- siderada.
liados pelo escoamento do lençol freático.
b) Nos estudos de interceptação natural, avalia-se o es-
coamento que ocorre de forma espontânea sobre a
superfície de uma bacia hidrográfica. GABARITO
c) A geomorfologia é a área da hidrologia que está rela-
cionada à análise das características da qualidade da
água. 1 E
d) A hidrometeorologia corresponde ao estudo das ca- 2 D
racterísticas da água na atmosfera. 3 A
e) Os estudos de escoamento superficial são relativos à
observação qualitativa da vazão dos cursos de água.

2. (IDECAN/2016 – SEARH/RN) Por sua dimensão con-


tinental, todas as massas de ar responsáveis pelas condi-
ções climáticas na América do Sul atuam no Brasil direta
ou indiretamente. A relação correta entre a massa de ar
e as suas respectivas características pode ser encontrada
em:

a) Tropical Atlântica (mTa) – fria e seca.


b) Polar Atlântica (mPa) – quente e seca.
c) Equatorial Continental (mEc) – fria e seca.
d) Equatorial Atlântica (mEa) – quente e úmida.

3. (CONSULPLAN/2014 – MAPA) “O conceito de transi-


ção demográfica foi introduzido por Frank Notestein, em
1929, e é a contestação factual da lógica malthusiana. Foi
elaborada a partir da interpretação das transformações
demográficas sofridas pelos países que participaram da
Revolução Industrial nos séculos 18 e 19, até os dias atu-
ais. A partir da análise destas mudanças demográficas foi
estabelecido um padrão que, segundo alguns demógra-
fos, pode ser aplicado aos demais países do mundo, em-
bora em momentos históricos e contextos econômicos
diferentes.”
(Cláudio Mendonça. Demografia: transição demográfica
e crescimento populacional. UOL Educação. 2005. Dispo-
nível em: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/geogra-
fia/demografia-transicao-demografica-e-crescimento-
populacional.htm. Acesso em: março de 2014.)
Sobre a dinâmica de crescimento vegetativo da popu-
lação brasileira com base no conceito de transição de-
mográfica, deve-se considerar os seguintes conceitos,
GEOGRAFIA DO BRASIL

EXCETO:

a) Crescimento vegetativo: crescimento populacional


menos o número de óbitos.
b) Taxa de mortalidade: expressa a proporção entre o nú-
mero de óbitos e a população absoluta de um lugar,
em um determinado intervalo de tempo.

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ANOTAÇÕES

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GEOGRAFIA DO BRASIL

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ÍNDICE

HISTÓRIA DO BRASIL

Brasil Colônia: administração, economia, cultura e sociedade. As Capitanias Hereditárias e Governos Gerais. As
atividades econômicas e a expansão colonial: agricultura, pecuária, comércio e mineração. Os povos indígenas;
escravidão, aldeamentos; ação jesuítica. Os povos africanos escravizados no Brasil. A conquista dos sertões; entradas
e bandeiras. O exclusivo comercial português. Os conflitos coloniais e os movimentos rebeldes de livres e de escravos
do final do século XVIII e início do século XIX. A transferência da Corte portuguesa para o Brasil e seus efeitos; o
período joanino no Brasil ...................................................................................................................................................................................... 01
O Brasil Monárquico A independência do Brasil e o Primeiro Reinado. A Constituição de 1824. Militares: a Guarda
Nacional e o Exército. A fase regencial (1831-1840). O Ato Adicional de 1834. As revoltas políticas e sociais das
primeiras décadas do Império. A consolidação da ordem interna: o fim das rebeliões, os partidos, a legislação,
o fortalecimento do Estado, a economia cafeeira, a tributação. Modernização: economia e cultura na sociedade
imperial. A escravidão, as lutas escravas pela liberdade, O movimento abolicionista e a abolição. A introdução do
trabalho livre. Política externa: as questões platinas, a Guerra do Paraguai e o Exército. O movimento republicano e o
advento da República ........................................................................................................................................................................................... 10
A República brasileira a. A Constituição de 1891, os militares e a consolidação da República. A “Política dos
governadores”. O coronelismo e o sistema eleitoral. O movimento operário. O tenentismo. A Revolução de 1930. O
período Vargas (1930-1945): economia, sociedade, política e cultura. O Estado Novo. O Brasil na II Guerra Mundial.
O período democrático (1945-1964): economia, sociedade, política e cultura. A intervenção militar, sua natureza
e transformações entre 1964 e 1985. As mudanças institucionais durante o período. O “milagre econômico”. A
redemocratização. Os movimentos sociais nas décadas de 1970 e 1980: estudantes, operários e demais setores da
sociedade. A campanha pelas eleições diretas. A Constituição de 1988. O Brasil de 1985 a 2013: economia, sociedade,
política e cultura ...................................................................................................................................................................................................... 20
BRASIL COLÔNIA: ADMINISTRAÇÃO, ECONOMIA, CULTURA E SOCIEDADE. AS CAPITANIAS
HEREDITÁRIAS E GOVERNOS GERAIS. AS ATIVIDADES ECONÔMICAS E A EXPANSÃO CO-
LONIAL: AGRICULTURA, PECUÁRIA, COMÉRCIO E MINERAÇÃO. OS POVOS INDÍGENAS; ES-
CRAVIDÃO, ALDEAMENTOS; AÇÃO JESUÍTICA. OS POVOS AFRICANOS ESCRAVIZADOS NO
BRASIL. A CONQUISTA DOS SERTÕES; ENTRADAS E BANDEIRAS. O EXCLUSIVO COMER-
CIAL PORTUGUÊS. OS CONFLITOS COLONIAIS E OS MOVIMENTOS REBELDES DE LIVRES E
DE ESCRAVOS DO FINAL DO SÉCULO XVIII E INÍCIO DO SÉCULO XIX. A TRANSFERÊNCIA DA
CORTE PORTUGUESA PARA O BRASIL E SEUS EFEITOS; O PERÍODO JOANINO NO BRASIL.

A História do Brasil é dividida, consensualmente e para fins didáticos, em três períodos principais: Período Co-
lonial, Período Imperial e Período Republicano. Entretanto, tais divisões existem apenas para organizar esquemati-
camente os principais conteúdos sobre a formação do Brasil, tendo como ponto de partida o ano do descobrimento,
isto é, 1500. Entretanto, é sabido que, no território em que se “formou o Brasil”, havia, antes, várias tribos nativas com
aspectos culturais muito particulares. Mesmo antes da formação dessas tribos, houve também povos primitivos que
deixaram os vestígios de sua cultura em vários lugares do território brasileiro (Veja Pré-história brasileira) há milhares
de anos.
A esse período da História do Brasil cujo tema central é o estudo dos povos nativos, isto é, dos povos indígenas,
dá-se o nome de Período Pré-Cabralino. Essa nomenclatura faz referência a Pedro Álvares Cabral, cuja chegada em
terras brasileiras é considerada o marco inaugural da História do Brasil. A partir de então, de 1500 em diante, sobretudo
a partir da década de 1530, teve início a fase do Brasil Colônia.
O Brasil começou a ser efetivamente colonizado em razão da preocupação que Portugal passou a ter com as amea-
ças de invasões das terras brasileiras por outras nações, como viriam a ocorrer décadas depois. O primeiro sistema
de ocupação e administração colonial foi o das Capitanias Hereditárias, que, posteriormente, foi regido pelo Governo
Geral, que tinha o objetivo de organizar melhor a ocupação do território, bem como desenvolvê-lo. O período do Brasil
Colonial estendeu-se até o início do século XIX, especificamente até 1808, quando a Família Real veio para o Brasil e
integrou-o ao Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Foi nesse período em que se desenvolveram a economia e
a sociedade açucareira e, depois, a economia e a sociedade mineradora. Dataram ainda do período Colonial as várias
Rebeliões Nativistas e Rebeliões Separatistas, merecendo destaque especial a Inconfidência Mineira.
Em 1822, teve início a fase do Brasil Império, ou Período Imperial. Desde a vinda da Família Real (1808) para o Brasil
até 1822 houve intensas transformações políticas tanto no Brasil quanto em Portugal, que acabaram por conduzir as
elites brasileiras e o Príncipe D. Pedro I a declararem o Brasil um Império independente. Após a estruturação do Impé-
rio, seguiu o Período Regencial, período esse marcado pelo governo dos regentes daquele que se tronou o segundo
imperador brasileiro, Dom Pedro II, que, à época em que o pai deixou o poder (1831), ainda não estava em idade
hábil para governar o país. O Segundo Reinado só começou de fato no ano de 1840, estendendo-se até 1889, ano da
Proclamação da República. Um ano antes, ainda sob a vigência do Império, foi decretada a Abolição da Escravatura.
A partir de 15 de novembro de 1889, teve início o período do Brasil República. Esse período caracterizou-se pela
montagem de uma estrutura política completamente diversa daquela do Império. A busca pela efetividade dos ideais
políticos republicanos, influenciados pelo positivismo, guiou a formação da república brasileira, que se dividiu, esque-
maticamente, entre República Velha (1889-1930), cujas rebeliões que nela ocorreram merecem destaque; Era Vargas
(1930-1945), que foi marcada pelo longo governo do político gaúcho Getúlio Dornelles Vargas; fase da República Po-
pulista (1945-1964), que se situou no período inicial da Guerra Fria e caracterizou-se pela estrutura política baseada
no fenômeno do populismo; e, por fim, a fase dos Governo Militares (1964-1985), marcada pelo Golpe Militar de 31
de março de 1964 e, depois, pelo Ato Institucional nº5, de 13 de dezembro de 1968, que estendeu o regime militar
(com cassação de direitos políticos e liberdades individuais) até o ano de 1985.
Ainda há a fase do Brasil Atual, que é estudada de acordo com as pesquisas mais recentes que são feitas sobre a
conjuntura política, sociocultural e econômica do Brasil dos últimos 30 anos.1

1. Brasil pré-colonial

Quando anunciou a descoberta das terras brasileiras, Portugal não tinha um projeto de colonização preparado para
a exploração do novo espaço. Na verdade, desde todo o século XV, os portugueses estavam bem mais interessados
HISTÓRIA DO BRASIL

em estreitar seus laços comerciais com os povos orientais. Dessa forma, observamos que entre 1500 e 1530, o governo
português centrou muito pouco de suas atenções ao Brasil.
No ano de 1501, uma expedição liderada por Gaspar de Lemos foi mandada para cá com a missão de nomear vários
pontos do litoral e acabou confirmando a existência de pau-brasil em nossas terras. A existência de tal árvore logo
chamou a atenção dos portugueses, já que dela se extraía uma tinta bastante utilizada para o tingimento de tecidos
na coloração vermelha.
1 Fonte: www.brasilescola.uol.com.br - Por Cláudio Fernandes

1
Dois anos mais tarde, uma nova expedição foi enviada para a construção de feitorias ao longo do litoral. Tais
fortificações eram utilizadas para o armazenamento de pau-brasil e para a proteção necessária contra a invasão de
outros povos. Com relação a essa mesma atividade de extração, os portugueses contaram com o trabalho voluntário
dos indígenas, que recebiam diversas mercadorias em troca do serviço prestado. Tal prática, ao longo do tempo, ficou
conhecida pelo nome de escambo.
Com o passar do tempo, a ausência de portugueses na ocupação do território brasileiro incentivou outras nações a
invadirem o litoral brasileiro. Entre outros povos, os franceses aportavam em nosso território em busca de pau-brasil e
estabelecendo contato com a população nativa. Já nessa época, o governo português percebia que a falta de centros
de colonização poderia colocar em risco a propriedade das terras conquistadas no continente americano.
Não bastando o risco de invasão, os portugueses não alcançaram o lucro esperado com a construção de uma rota
marítima que os ligassem diretamente às Índias. O desgaste causado pelo longo percurso e a concorrência comercial
de outros povos acabou fazendo com que o comércio com o Oriente não fosse muito atrativo. Desse modo, o governo
português voltaria suas atenções para a exploração do espaço colonial brasileiro.
Em 1530, a expedição de Martim Afonso de Souza foi enviada até ao Brasil para a fundação do primeiro centro
colonial do território tupiniquim. Já nessa viagem, mudas de cana-de-açúcar foram trazidas para o desenvolvimento
da primeira empresa mercantil a ser instalada pelos portugueses. Além disso, essa mesma expedição foi acompanhada
por padres jesuítas que realizaram a catequização dos indígenas.2

2. Primeiras expedições

2.1. Os Tupiniquins

Ao longo dos dez dias que passou no Brasil, a armada de Cabral tomou contato com cerca de 500 nativos.
Tupiniquins - uma das tribos do grupo tupi-guarani que, no início do século XVI, ocupava quase todo o litoral do Bra-
sil. Os tupis-guaranis tinham chegado à região numa série de migrações de fundo religioso (em busca da “Terra sem
Males”, no começo da Era Cristã. Os tupiniquins viram no sul da Bahia e nas cercanias de Santos e Bertioga, em São
Paulo. Eram uns 85 mil. Por volta de 1530, uniram-se aos portugueses na guerra contra os tupinambás-tamoios, aliados
dos franceses. Foi uma aliança inútil: Em 1570 já estavam praticamente extintos, massacrados ppo Mem de Sá, terceiro
governador-geral do Brasil.

2.2. O arrendamento do Brasil e o ciclo do pau-brasil


HISTÓRIA DO BRASIL

Logo nos primeiros anos após a descoberta do Brasil, arrefeceu o interesse do rei D.Manuel pela nova terra.
A expedição enviada à costa do Brasil no ano de 1501, e que regressou a Portugal em 1502, não apresentou resul-
tados que fossem de molde a entusiasmar o Governo português, cúpido do mito do metal, pois no Brasil “nada fôra
encontrado de proveito, exceto infinitas árvores de pau-brasil, de canafíscula, as de que se tira a mirra e outras mais
maravilhas da natureza que seriam longas de referir” (carta de Américo Vespucci a Soderini).

2 Fonte: www.mundoeducacao.bol.uol.com.br – Por Rainer Gonçalves

2
A côrte era naquele tempo verdadeiramente uma francês Paulmier de Gonneville, de Honfleur, que perma-
grande casa de negócio, como, por um lado, estivesse neceu seis meses do litoral de Santa Catarina. A atividade
fundamente absorvida com as dispendiosíssimas expe- de navegadores não-portugueses se inspirava doutrina
dições à Índia, onde pretendia estabelecer um vasto im- da liberdade dos mares, expressada por Hugo Grotius
pério colonial, e, por outro lado, não enxergasse lucros em Mare liberum, base da reação européia contra Espa-
apreciáveis e imediatos na exploração do Brasil, este ia nha e Portugal, gerando pirataria alargada pelos mares
sendo relegado a um simples ponto de ligação de via- do planeta.3
gens à Índia, uma escala de refresco e aguada.
É assim de todo compreensível que, tendo o monarca 3. A colonização
recebido em 1502, de um consórcio de judeus dirigido
pelo cristão-novo Fernando de Noronha, uma propos- Embora os portugueses tenham chegado ao Brasil
ta para exploração da nova colônia mediante contrato em 1500, o processo de colonização do nosso país teve
de arrendamento, ele a aceitasse de bom grado; era a início somente em 1530. Nestes trinta primeiros anos, os
colonização do Brasil que se lhe oferecia, para ser fei- portugueses enviaram para as terras brasileiras algumas
ta a expensas de particulares, sem riscos e sem ônus ou expedições com objetivos de reconhecimento territorial
quaisquer encargos para o erário público, e ainda com a
e construção de feitorais para a exploração do pau-brasil.
possibilidade de lhe serem proporcionados lucros e de,
Estes primeiros portugueses que vieram para cá circu-
sob certa forma, ser sustentada, ainda que fracamente, a
laram apenas em territórios litorâneos. Ficavam alguns
autoridade portuguesa na nova possessão.
O acordo - que era um monopólio de comércio e de dias ou meses e logo retornavam para Portugal. Como
colonização - foi firmado em 1503, pelo prazo de 3 anos, não construíram residências, ou seja, não se fixaram no
e compreendia os seguintes principais compromissos território, não houve colonização nesta época.
dos arrendatários: Neste período também ocorreram os primeiros con-
1-Enviar seis navios anualmente; tatos com os indígenas que habitavam o território brasi-
2- Explorar, desbravar e cultivar, cada ano, uma nova leiro. Os portugueses começaram a usar a mão-de-obra
região de 300 léguas; indígena na exploração do pau-brasil. Em troca, ofere-
3- Construir nessas regiões fortalezas e guarnecê-las ciam objetos de pequeno valor que fascinavam os nati-
durante o prazo do contrato; vos como, por exemplo, espelhos, apitos, chocalhos, etc.
4- Destinar à Coroa, no segundo ano do arrendamento,
a sexta parte das rendas auferidas com os produtos 4. O início da colonização
da terra, e, no terceiro ano, a quarta parte das mes-
mas. Preocupado com a possibilidade real de invasão do
Brasil por outras nações (holandeses, ingleses e france-
Esse contrato foi, com algumas modificações, sucessi- ses), o rei de Portugal Dom João III, que ficou conhecido
vamente renovado em 1506, 1509 e 1511, estendendo-se como “o Colonizador”, resolveu enviar ao Brasil, em 1530,
até 1515. a primeira expedição com o objetivo de colonizar o lito-
No próprio ano de contrato inicial 0 mais precisamen- ral brasileiro. Povoando, protegendo e desenvolvendo a
te, em maio de 1503 - desferrou de Portugal com destino colônia, seria mais difícil de perdê-la para outros países.
ao Brasil a primeira frota, composta de seis navios sob o Assim, chegou ao Brasil a expedição chefiada por Martim
presumível comando pessoal de Fernando de Noronha Afonso de Souza com as funções de estabelecer núcleos
tendo aportado em 24 de junho de 1503 a uma ilha até de povoamento no litoral, explorar metais preciosos e
então desconhecida, que inicialmente recebeu o nome proteger o território de invasores. Teve início assim a efe-
de São João, mais tarde trocado para “Fernando de No- tiva colonização do Brasil.
ronha” em reconhecimento aos méritos do seu descobri-
Nomeado capitão-mor pelo rei, cabia também à
dor, a quem acabou sendo doada pelo rei em 1504.
Martim Afonso de Souza nomear funcionários e distribuir
Nesse ano de 1504, os navios de Fernando de Noro-
sesmarias (lotes de terras) à portugueses que quisessem
nha voltaram para Portugal com enorme carregamento
de pau-brasil(também chamado “madeira judaica”), ar- participar deste novo empreendimento português.
tigo então grandemente procurado nos mercados euro- A colonização do Brasil teve início em 1530 e passou
peus para as indústrias de corantes. por fases (ciclos) relacionadas à exploração, produção e
Tão intenso se tornou o comércio do pau-brasil du- comercialização de um determinado produto.
rante o arrendamento do Brasil e Fernando de Noronha Vale ressaltar que a colonização do Brasil não foi pa-
- exportavam-se nada menos de 20.000 quintais por ano cífica, pois teve como características principais a explora-
- e de tal importância econômica ele se revestiu, que deu ção territorial, uso de mão-de-obra escrava (indígena e
origem à denominação de “ciclo do pau-brasil”, sob a africana), utilização de violência para conter movimentos
qual é conhecido aquele período, além de ter determi- sociais e apropriação de terras indígenas.
HISTÓRIA DO BRASIL

nado a adoção do nome definitivo da terra - brasil, em


substituição ao de Santa Cruz (ou ainda Terra dos Papa- 5. Ciclo do Açúcar (séculos XVI e XVII)
gaios), como era antes designada.
Grandes quantidades de açúcar eram produzidas nos
Outras expedições ao litoral brasileiro podem ter engenhos estabelecidos na região Nordeste. O produto
ocorrido, já que desde 1504 são assinaladas atividades era exportado, principalmente para o mercado europeu,
de corsários. Holanda, em Raízes do Brasil, cita o capitão 3 Fonte: www.hisdobrasil.blogspot.com

3
enriquecendo os senhores de engenho e engordando os 7.1. Governo Geral
cofres da corte portuguesa. A mão-de-obra escrava afri-
cana foi usada em larga escala. Respondendo ao fracasso do sistema das capitanias
Nesta época, muitos portugueses com recursos eco- hereditárias, o governo português realizou a centraliza-
nômicos vieram para o Brasil para administrar engenhos ção da administração colonial com a criação do governo-
de açúcar ou ocupar cargos públicos. -geral, em 1548. Entre as justificativas mais comuns para
que esse primeiro sistema viesse a entrar em colapso,
6. Ciclo do Ouro (século XVIII) podemos destacar o isolamento entre as capitanias, a fal-
ta de interesse ou experiência administrativa e a própria
Embora o processo de colonização tenha sido prati- resistência contra a ocupação territorial oferecida pelos
camente todo efetivado nos séculos XVI e XVII, podemos índios.
considerar que ele foi finalizado no século XVIII com a Em vias gerais, o governador-geral deveria viabilizar
descoberta de minas de ouro nas regiões de Minas Ge- a criação de novos engenhos, a integração dos indígenas
rais, Goiás e Mato Grosso. A “corrida do ouro” trouxe ao com os centros de colonização, o combate do comér-
Brasil milhares de portugueses em busca de um enri- cio ilegal, construir embarcações, defender os colonos e
quecimento rápido. Nesta época muitas cidades foram realizar a busca por metais preciosos. Mesmo que cen-
fundadas e a região central do Brasil começou a ser po- tralizadora, essa experiência não determinou que o go-
voada.4 vernador cumprisse todas essas tarefas por si só. De tal
modo, o governo-geral trouxe a criação de novos cargos
7. Capitanias Hereditárias administrativos.
O ouvidor-mor era o funcionário responsável pela re-
As Capitanias hereditárias foi um sistema de admi- solução de todos os problemas de natureza judiciária e
nistração territorial criado pelo rei de Portugal, D. João o cumprimento das leis vigentes. O chamado provedor-
III, em 1534. Este sistema consistia em dividir o território -mor estabelecia os seus trabalhos na organização dos
brasileiro em grandes faixas e entregar a administração gastos administrativos e na arrecadação dos impostos
para particulares (principalmente nobres com relações cobrados. Além destas duas autoridades, o capitão-mor
com a Coroa Portuguesa). desenvolvia ações militares de defesa que estavam, prin-
Este sistema foi criado pelo rei de Portugal com o cipalmente, ligadas ao combate dos invasores estrangei-
objetivo de colonizar o Brasil, evitando assim invasões ros e ao ataque dos nativos.
estrangeiras. Ganharam o nome de Capitanias Hereditá- Na maioria dos casos, as ações a serem desenvolvi-
rias, pois eram transmitidas de pai para filho (de forma das pelo governo-geral estavam subordinadas a um tipo
hereditária). de documento oficial da Coroa Portuguesa, conhecido
Estas pessoas que recebiam a concessão de uma ca- como regimento. A metrópole expedia ordens compro-
pitania eram conhecidas como donatários. Tinham como metidas com o aprimoramento das atividades fiscais e o
missão colonizar, proteger e administrar o território. Por estímulo da economia colonial. Mesmo com a forte preo-
outro lado, tinham o direito de explorar os recursos na- cupação com o lucro e o desenvolvimento, a Coroa foi
turais (madeira, animais, minérios). alvo de ações ilegais em que funcionários da administra-
O sistema não funcionou muito bem. Apenas as capi- ção subvertiam as leis em benefício próprio.
tanias de São Vicente e Pernambuco deram certo. Pode- Entre os anos de 1572 e 1578, o rei D. Sebastião bus-
mos citar como motivos do fracasso: a grande extensão cou aprimorar o sistema de Governo Geral realizando a
territorial para administrar (e suas obrigações), falta de divisão do mesmo em duas partes. Um ao norte, com
recursos econômicos e os constantes ataques indígenas. capital na cidade de Salvador, e outro ao sul, com uma
sede no Rio de Janeiro. Nesse tempo, os resultados pou-
O sistema de Capitanias Hereditárias vigorou até o co satisfatórios acabaram promovendo a reunificação
ano de 1759, quando foi extinto pelo Marquês de Pom- administrativa com o retorno da sede a Salvador. No ano
bal. de 1621, um novo tipo de divisão foi organizado com a
criação do Estado do Brasil e do Estado do Maranhão.
Capitanias Hereditárias criadas no século XVI: Ao contrário do que se possa imaginar, o sistema de
Capitania do Maranhão capitanias hereditárias não foi prontamente descartado
Capitania do Ceará com a organização do governo-geral. No ano de 1759,
Capitania do Rio Grande a capitania de São Vicente foi a última a ser destituída
Capitania de Itamaracá pela ação oficial do governo português. Com isso, obser-
Capitania de Pernambuco vamos que essas formas de organização administrativa
Capitania da Baía de Todos os Santos conviveram durante um bom tempo na colônia.5
Capitania de Ilhéus 7.2. Economia e sociedade colonial
HISTÓRIA DO BRASIL

Capitania de Porto Seguro


Capitania do Espírito Santo Muitos pensam que a economia à época era restrita
Capitania de São Tomé ao Pau-Brasil, Açúcar e Mineração, no entanto, vários ou-
Capitania de São Vicente tros produtos alimentavam o sistema mercantilista vigo-
Capitania de Santo Amaro rante naquela época. Vejamos:
Capitania de Santana
5 Fonte: www.historiadobrasil.net/ www.brasilescola.uol.
4 Fonte: www.historiadobrasil.net com.br - Por Rainer Sousa

4
ECONOMIA COLONIAL - Rural.
A colonização implantada por Portugal estava ligada - Horizontal.
aos interesses do sistema mercantilista, baseado na cir- - Escravista.
culação de mercadorias. Para obter os maiores benefícios - Patriarcal
desse comércio, a Metrópole controlava a colônia através
do pacto colonial, da lei da complementaridade e da OBS. Os mascates, comerciantes itinerantes, consti-
imposição de monopólios sobre as riquezas coloniais. tuíam um pequeno grupo social.

PAU-BRASIL MINERAÇÃO
O pau-brasil era valioso na Europa, devido à tinta A mineração ocorreu, principalmente, nos atuais esta-
avermelhada, que dele se extraía e por isso atraía para dos de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, entre o final
cá muitos piratas contrabandistas (os brasileiros). Foi de- do século XVII e a segunda metade do século XVIII.
clarado monopólio da Coroa portuguesa, que autorizava
sua exploração por particulares mediante pagamento OURO
de impostos. A exploração era muito simples: utilizava- Havia dois tipos de exploração aurífera: ouro de fais-
-se mão-de-obra indígena para o corte e o transporte, cação (realizada nas areias dos rios e riachos, em peque-
pagando-a com bugigangas, tais como, miçangas, cani- na quantidade, por homens livres ou escravos no dia da
vetes, espelhos, tecidos, etc. (escambo). Essa atividade folga); e ouro de lavra ou de mina (extração em grandes
predatória não contribuiu para fixar população na colô- jazidas feita por grande quantidade de escravos).
nia, mas foi decisiva para a destruição da Mata Atlântica. A Intendência das Minas era o órgão, independente
de qualquer autoridade colonial, encarregado da explo-
CANA-DE-AÇÚCAR ração das jazidas, bem como, do policiamento, da fiscali-
O açúcar consumido na Europa era fornecido pelas zação e da tributação.
ilhas da Madeira, Açores e Cabo Verde (colônias portu-
guesas no Atlântico), Sicília e pelo Oriente, mas a quanti- 8. Tributação
dade era muito reduzida diante da demanda.
Animada com as perspectivas do mercado e com a A Coroa exigia 20% dos metais preciosos (o Quinto) e
adequação do clima brasileiro (quente e úmido) ao plan- a Capitação (imposto pago de acordo com o número de
tio, a Coroa, para iniciar a produção açucareira, tratou de escravos). Mas como era muito fácil contrabandear ouro
levantar capitais em Portugal e, principalmente, junto a em pó ou em pepita, em 1718 foram criadas as Casas de
banqueiros e comerciantes holandeses, que, aliás, foram Fundição e todo ouro encontrado deveria ser fundido em
os que mais lucraram com o comércio do açúcar. barras.
Para que fosse economicamente viável, o plantio de Em 1750, foi criada uma taxa anual de 100 arrobas por
cana deveria ser feito em grandes extensões de terra e ano (1500 quilos). Sempre que a taxa fixada não era al-
com grande volume de mão-de-obra. Assim, a produ- cançada, o governo poderia decretar a Derrama (cobran-
ção foi organizada em sistema de plantation: latifúndios ça forçada dos impostos atrasados). A partir de 1762, a
(engenhos), escravidão (inicialmente indígena e poste- taxa jamais foi alcançada e as “derramas” se sucederam,
riormente africana), monocultura para exportação. Para geralmente usando de violência. Em 1789, a Derrama foi
dar suporte ao empreendimento, desenvolveu-se uma suspensa devido à revolta conhecida como Inconfidência
modesta agricultura de subsistência (mandioca, feijão, Mineira.
algodão, etc).
O cultivo de cana foi iniciado em 1532, na Vila de São DIAMANTES
Vicente, por Martim Afonso de Sousa, mas foi na Zona No início a exploração era livre, desde que se pagas-
da Mata nordestina que a produção se expandiu. Em se o Quinto. A fiscalização ficava por conta do Distrito
1570, já existiam no Brasil cerca de 60 engenhos e, em Diamantino, cujo centro era o Arraial do Tijuco. Mas, a
fins do século XVI, esse número já havia sido duplicado, partir de 1740, só poderia ser realizada pelo Contratador
dos quais 62 estavam localizados em Pernambuco, 36 na Real dos Diamantes, destacando-se João Fernandes de
Bahia e os restantes nas demais capitanias. A decadên- Oliveira. Em 1771 foi criada, pelo Marquês de Pombal, a
cia se iniciou na segunda metade do século XVII, devido Intendência Real dos Diamantes, com o objetivo de con-
à concorrência do açúcar holandês. É bom destacar que trolar a atividade.
nenhuma atividade superou a riqueza de açúcar no Pe-
ríodo Colonial.
SOCIEDADE MINERADORA
OBS. Apesar dos escravos serem a imensa maioria da A sociedade mineira ou mineradora possuía as se-
mão-de-obra, existiam trabalhadores brancos remunera- guintes características:
HISTÓRIA DO BRASIL

dos, que ocupavam funções de destaque, mas por traba- - Urbana.


lharem junto aos negros, sofriam preconceito. - Escravista.
- Maior Mobilidade Social
SOCIEDADE AÇUCAREIRA
A sociedade açucareira nordestina do Período Colo- OBS.
nial possuía as seguintes características: 1- Surgem novos grupos sociais, como, tropeiros, ga-
- Latifundiária. rimpeiros e mascates.

5
2- Alguns escravos, como Xica da Silva e Chico Rei, para que pudesse exercer tal direito. Com isso, obser-
tornaram-se muito ricos e obtiveram ascensão so- vamos o estabelecimento da União Ibérica, que marca
cial. a centralização dos governos espanhol e português sob
3- É um erro achar que a população da região mi- um mesmo governo.
neradora era abastada, pois a maioria era muito A vitória política de Filipe II abriu oportunidade para
pobre e apenas um pequeno grupo era muito rico. que as finanças de seu país pudessem se recuperar após
Além disso, os preços dos produtos eram mais ele- diversos gastos em conflitos militares. Para tanto, tinha
vados do que no restante do Brasil. interesse em estabelecer o comércio de escravos com os
4- A mineração contribuiu para interiorizar a coloni- portugueses, que controlavam tal atividade na costa afri-
zação e para criar um mercado interno na colônia. cana. Além disso, o controle da maior parte das posses-
sões do espaço colonial americano permitiria a amplia-
PECUÁRIA ção dos lucros obtidos através da arrecadação tributária.
A criação de gado foi introduzida na época de Tomé Apesar de todas estas vantagens, o imperador espa-
de Sousa, como uma atividade subsidiária à cana-de- nhol teve a astúcia de manter uma significativa parcela
-açúcar, mas como o gado destruía o canavial, sua cria- dos privilégios e posições ocupadas por comerciantes e
ção foi sendo empurrada para o sertão, tornando-se res- burocratas portugueses. No Tratado de Tomar, assinado
ponsável pela interiorização da colonização do Nordeste, em 1581, Filipe II assegurou que os navios portugueses
com grandes fazendas e oficinas de charque, utilizando a controlassem o comércio com a colônia, a manutenção
mão-de-obra local e livre, pois o vaqueiro era pago atra- das autoridades lusitanas no espaço colonial brasileiro e
vés da “quartiação”. Mais tarde, devido às secas devasta- o respeito das leis e costumes brasileiros.
doras no sertão nordestino, a região Sul passou a ser a Mesmo preservando aspectos fundamentais da colo-
grande produtora de carne de charque, utilizando negros nização lusitana, a União Ibérica também foi responsá-
escravos. vel por algumas mudanças. Com a junção das coroas, as
nações inimigas da Espanha passam a ver na invasão do
ALGODÃO espaço colonial lusitano uma forma de prejudicar o rei
A plantação de algodão se desenvolveu no Nordeste, Filipe II. Desta maneira, no tempo em que a União Ibéri-
principalmente no Maranhão e tinha uma importância ca foi vigente, ingleses, holandeses e franceses tentaram
econômica de caráter interno, pois era utilizado para fa- invadir o Brasil.
zer roupas para a população mais pobre e para os es- Entre todas essas tentativas, podemos destacar espe-
cravos. cialmente a invasão holandesa, que alcançou o monopó-
lio da atividade açucareira em praticamente todo o litoral
TABACO nordestino. No ano de 1640, a chamada Restauração, de-
Desenvolveu-se no Nordeste como uma atividade co- finiu a vitória portuguesa contra a dominação espanhola
mercial, escravista e exportadora, pois era utilizado, jun- e a consequente extinção da União Ibérica. Ao fim do
tamente com a rapadura e a aguardente, como moeda conflito, a dinastia de Bragança, iniciada por dom João
para adquirir escravos na África. IV, passou a controlar Portugal.7
DROGAS DO SERTÃO 10. Invasões estrangeiras
Desde o século XVI, as Drogas do Sertão (guaraná, pi-
mentas, ervas, raízes, cascas de árvores, cacau, etc.) eram
Durante os séculos XVI e XVII, o Brasil sofreu saques,
coletadas pelos índios na Amazônia e exportadas para a
ataques e ocupações de países europeus. Estes ataques
Europa, tanto por contrabandistas, quanto por padres je-
ocorreram na região litorânea e eram organizados por
suítas. Como o acesso à região era muito difícil, a floresta
corsários ou governantes europeus. Tinham como ob-
foi preservada.6
jetivos o saque de recursos naturais ou até mesmo o
domínio de determinadas regiões. Ingleses, franceses e
9. União Ibérica
holandeses foram os povos que mais participaram des-
No ano de 1578, durante a batalha contra os mouros tas invasões nos primeiros séculos da História do Brasil
marroquinos em Alcácer-Quibir, o rei português dom Se- Colonial.
bastião desapareceu. Esse evento iniciou uma das mais
complicadas crises sucessórias do trono português, ten- 10.1. Invasões francesas
do em vista que o jovem rei não teve tempo suficiente
para deixar um descendente em seu lugar. Nos dois anos Comandados pelo almirante francês Nicolas Ville-
seguintes, o cardeal dom Henrique, seu tio-avô, assumiu gaignon, os franceses fundaram a França Antártica no Rio
o Estado português, mas logo morreu sem também dei- de Janeiro, em 1555. Foram expulsos pelos portugueses,
HISTÓRIA DO BRASIL

xar herdeiros. com a ajuda de tribos indígenas do litoral, somente em


Imediatamente, Filipe II, rei da Espanha e neto do fa- 1567.
lecido rei português D. Manuel I, se candidatou a assumir Em 1612, sob o comando do capitão da marinha fran-
a vaga deixada na nação vizinha. Para alcançar o poder, cesa Daniel de La Touche, os franceses fundaram a cidade
além de se valer do fator parental, o monarca hispânico de São Luis (Maranhão), criando a França Equinocial. Fo-
chegou a ameaçar os portugueses com seus exércitos ram expulsos três anos depois.
6 Fonte: www.jchistorybrasil.webnode.com.br 7 Fonte: www.brasilescola.uol.com.br - Por Rainer Sousa

6
Entre os anos de 1710 e 1711, os franceses tentaram volta dos Beckman, no Maranhão (1684); a Guerra dos
novamente, mas sem sucesso, invadir e ocupar o Rio de Emboabas, em Minas Gerais (1708), a Guerra dos Mas-
Janeiro. cates, em Pernambuco (1710) e a Revolta de Felipe dos
Santos em Minas Gerais (1720).
10.2. Invasões holandesas Mas é a Insurreição Pernambucana (1645-54) onde se
localiza o marco inicial destes movimentos. Iniciada logo
As cidades do Rio de Janeiro, Salvador e Santos foram após a campanha pela expulsão dos invasores holande-
atacadas pelos holandeses no ano de 1599. ses, e de sua poderosa Companhia das Índias Ocidentais,
Em 1603 foi a vez da Bahia ser atacada pelos holande- é ali que pela primeira vez que se registrou a divergên-
ses. Com a ajuda dos espanhóis, os portugueses expul- cia entre os interesses dos colonos e os pretendidos pela
sam os holandeses da Bahia em 1625. Metrópole. Os habitantes de Pernambuco começaram a
Em 1630 tem início o maior processo de invasão es- desenvolver a noção de que a própria colônia consegui-
trangeira no Brasil. Os holandeses invadem a região do ria administrar seus próprios destinos, até por que eles
litoral de Pernambuco. conseguiram expulsar os invasores praticamente sozi-
Entre 1630 e 1641, os holandeses ocupam áreas no nhos, num esforço que reuniu negros escravos, brancos
litoral do Maranhão, Paraíba, Sergipe e Rio Grande do e indígenas lutando juntos, com um punhado de oficiais
Norte. lusitanos nos altos postos de comando.
O Conde holandês Maurício de Nassau chegou em A partir da segunda metade do século XVIII, com os
Pernambuco, em 1637, com o objetivo de organizar e ad- desdobramentos das revoltas na França e Estados Uni-
ministrar as áreas invadidas. dos, e os conceitos do Iluminismo penetrando em meio
Em 1644 começou uma forte reação para expulsar os à sociedade brasileira, os descontentamentos vão se
holandeses do Nordeste. Em 1645 teve início a Insurrei- avolumando e a metrópole portuguesa parece insensí-
ção Pernambucana. vel a qualquer protesto. Assim, os movimentos nativistas
As tropas holandesas foram vencidas, em 1648, na passarão a incorporar em seu ideal a busca pela inde-
famosa e sangrenta Batalha dos Guararapes. Porém, a pendência, ainda que somente da região dos revoltosos,
expulsão definitiva dos holandeses ocorreu no ano de pois a noção de um país reunindo todas as colônias por-
1654.
tuguesas na América era algo impensado. O mais conhe-
cido em meio a estes movimentos é a Inconfidência Mi-
10.3. Invasões inglesas
neira de 1789, da qual surgiu o mártir da independência,
Tiradentes.9
Em 1591, sob o comando do corsário inglês Thomas
Cavendish, ingleses saquearam, invadiram e ocuparam,
ANTIGO SISTEMA COLONIAL
por quase três meses, as cidades de São Vicente e San-
tos.8
1. O Antigo Sistema Colonial Português.
11. Movimentos nativistas Partindo das nossas propostas de análise é inevitável
para uma conceituação do que se define como “Antigo
São chamados de movimentos nativistas dentro da Sistema Colonial”.
historiografia brasileira o conjunto de revoltas populares O conceito mais sintético que podemos explorar é o
que tinham como objetivo o protesto em relação a uma que define como Regime Colonial, uma estrutura eco-
ou mais condições negativas da realidade da adminis- nômica mercantilista que concentra um conjunto de re-
tração colonial portuguesa no Brasil. Em retrospectiva, lações entre metrópoles e colônias. O fim último deste
tais revoltas também foram importantes em um âmbito sistema consistia em proporcionar às metrópoles um
maior. Apesar de constituírem movimentos exclusiva- fluxo econômico favorável que adviesse das atividades
mente locais, que não visavam em um primeiro momento desenvolvidas na colônia.
a separação política, o seu protesto contra algum abuso Neste sentido a economia colonial surgia como com-
do pacto colonial contribuiu para a construção do senti- plementar da economia metropolitana europeia, de for-
mento de nacionalidade em meio a tais comunidades. As ma que permitisse à metrópole enriquecer cada vez mais
principais revoltas ocorrem entre meados do século XVII para fazer frente às demais nações europeias.
e começo do século XVIII, quando Portugal perdeu sua De forma simplificada, o Pacto ou Sistema Colonial
influência na Ásia, e passou a cobrir os gastos da Coroa definia uma série de considerações que prevaleceriam
na metrópole com a receita obtida do Brasil. A sempre sobre quaisquer outras vigentes. A colônia só podia co-
crescente cobrança de impostos, a criação frequente de mercializar com a metrópole, fornecer-lhe o que neces-
novos tributos e o abuso dos comerciantes portugueses sitasse e dela comprar os produtos manufaturados. Era
na fixação de preços começam a gerar insatisfação entre proibido na colônia o estabelecimento de qualquer tipo
HISTÓRIA DO BRASIL

a elite agrária da colônia. de manufatura que pudesse vir a concorrer com a pro-
Este é o ambiente propício para o nascimento dos dução da metrópole. Qualquer transação comercial fora
chamados movimentos nativistas, onde surgem a con- dessa norma era considerada contrabando, sendo repri-
testação de aspectos do colonialismo e primeiros con- mido de acordo com a lei portuguesa.
flitos de interesses entre os senhores do Brasil e os de A economia colonial era organizada com o objetivo
Portugal. Entre os movimentos de destaque estão a re- de permitir a acumulação primitiva de capitais na metró-
8 Fonte: www.suapesquisa.com 9 Fonte: www.infoescola.com - Por Emerson Santiago

7
pole. O mecanismo que tornava isso possível era o exclu- Os portugueses detinham o controle do tráfico de
sivismo nas relações comerciais ou monopólio, gerador escravos entre a África e o Brasil, estabelecia-se uma
de lucros adicionais (sobre-lucro). estrutura de comércio que foge um pouco ao modelo
As relações comerciais estabelecidas eram: a metró- apresentado anteriormente.
pole venderia seus produtos o mais caro possível para a Traficantes portugueses aportavam no Brasil onde
colônia e deveria comprar pelos mais baixos preços pos- adquiriam fumo e aguardente (geribita), daí partiam para
síveis a produção colonial, gerando assim o sobre-lucro. Angola e Luanda onde negociariam estes produtos em
Fernando Novais em seu livro Portugal e Brasil na crise troca de cativos. A cachaça era produzida principalmente
do Antigo Sistema Colonial ressalta o papel fundamental em Pernambuco, na Bahia e no Rio de Janeiro; o fumo era
do comércio para a existência dos impérios ultramarinos: produzido principalmente na Bahia. A importância destes
O comércio foi de fato o nervo da colonização do Anti- produtos se dá em torno do seu papel central nas estra-
go Regime, isto é, para incrementar as atividades mercan- tégias de negociação para a transação de escravos nos
tis processava-se a ocupação, povoamento e valorização sertões africanos.
das novas áreas. E aqui ressalta de novo o sentido que A geribita tinha diversos atributos que a tornavam
indicamos antes da colonização da época Moderna; indo imbatível em relação aos outros produtos trocados
em curso na Europa a expansão da economia de mercado, por escravos. A cachaça é considerada um subpro-
com a mercantilização crescente dos vários setores pro- duto da produção açucareira e por isso apresentava
dutivos antes à margem da circulação de mercadorias – a uma grande vantagem devido ao baixíssimo custo de
produção colonial, isto é, a produção de núcleos criados na produção, lucravam os donos de engenho que pro-
periferia de centros dinâmicos europeus para estimulá-los, duziam a cachaça e os traficantes portugueses que fa-
era uma produção mercantil, ligada às grandes linhas do riam a troca por cativos na África, além é claro do ele-
tráfico internacional. Só isso já indicaria o sentido da colo- vado teor alcoólico da bebida (em torno de 60%) que
nização como peça estimuladora do capitalismo mercan- a tornava altamente popular entre seus consumidores.
til, mas o comércio colonial era mais o comércio exclusivo O interessante de se observar é que do ponto de vista
da metrópole, gerador de super-lucros, o que completa do controle do tráfico, o efeito mais importante das geri-
aquela caracterização. bitas foi transferi-lo para os comerciantes brasileiros. Os
Para que este sistema pudesse funcionar era neces- brasileiros acabaram usando a cachaça para quebrar o
sário que existissem formas de exploração do trabalho monopólio dos comerciantes metropolitanos que em sua
que permitissem a concentração de renda nas mãos da maioria prefiria comercializar usando o vinho português
classe dominante colonial, a estrutura escravista permitia como elemento de troca por cativos. Pode-se perceber
esta acumulação de renda em alto grau: quando a maior que o Pacto Colonial acabou envolvendo teias de rela-
parte do excedente seguia ruma à metrópole, uma parte ções bem mais complexas que a dicotomia Metrópole-
do excedente gerado permanecia na colônia permitindo -Colônia, o comércio intercolonial também existiu, talvez
a continuidade do processo. de forma mais freqüente do que se imagina. Na questão
Importante ressaltar que as colônias encontravam- das manufaturas as coisas se complicavam um pouco,
-se inteiramente à mercê de impulsos provenientes da mas não podemos esquecer do intenso contrabando que
metrópole, e não podiam autoestimular-se economica-
ocorria no período.
mente. A economia agroexportadora de açúcar brasileira
atendeu aos estímulos do centro econômico dominante.
1.2 Despotismo esclarecido em Portugal.
Este sistema colonial mercantilista ao funcionar plena-
mente acabou criando as condições de sua própria crise
Na esfera política, a formação do Estado absolutis-
e de sua superação.
ta correspondeu a uma necessidade de centralização do
poder nas mãos dos reis, para controlar a grande massa
Neste ponto é interessante registrar a opinião de Ciro
de camponeses e adequar-se ao surgimento da burgue-
Flamarion Cardoso e Héctor P. Buiquióli:
O processo de acumulação prévia de capitais de fato sia.
não se limita à exploração colonial em todas as suas for- O despotismo esclarecido foi uma forma de Estado
mas; seus aspectos decisivos de expropriação e proletari- Absolutista que predominou em alguns países euro-
zação se dão na própria Europa, em um ambiente histó- peus no século XVIII. Filósofos iluministas, como Vol-
rico global ao qual por certo não é indiferente à presença taire, defendiam a idéia de um regime monárquico no
dos impérios ultramarinos. A superação histórica da fase qual o soberano, esclarecido pelos filósofos, governaria
da acumulação prévia de capitais foi, justamente o surgi- apoiando-se no povo contra os aristocratas. Esse monar-
mento do capitalismo como modo de produção. ca acabaria com os privilégios injustos da nobreza e do
clero e, defendendo o direito natural, tornaria todos os
1.1 A relação Brasil-África na época do Sistema habitantes do país iguais perante a lei. Em países onde, o
HISTÓRIA DO BRASIL

Colonial Português. desenvolvimento econômico capitalista estava atrasado,


essa teoria inspirou o despotismo esclarecido.
A princípio parece fácil descrever as relações econô- Os déspotas procuravam adequar seus países aos no-
micas entre metrópole e colônia, mas devemos entender vos tempos e às novas odeias que se desenvolviam na
que o Sistema Colonial se trata de uma teia de relações Europa. Embora tenham feito uma leitura um pouco dife-
comerciais bem mais complexa e nem sempre fácil de renciada dos ideais iluministas, com certeza diminuíram
identificar. os privilégios considerados mais odiosos da nobreza e

8
do clero, mas ao invés de um governo apoiado no “povo” ridades, os comerciantes, os donos de minas e fazendas.
vimos um governo apoiado na classe burguesa que cres- Neste ambiente de riqueza e prosperidade o Barroco
cia e se afirmava. acaba tornando-se elemento característico do ciclo da
Em Portugal, o jovem rei D. José I “entregou” a árdua mineração, sendo imitado e copiado no Nordeste. Uma
tarefa de modernizar o país nas mãos de seu principal leitura bem característica do Barroco brasileiro é alcançar
ministro, o Marquês de Pombal. Sendo um leitor ávido o sublime, esterilizando a razão e dando vazão a uma lei-
dos filósofos iluministas e dos economistas ingleses, o tura entre o sagrado e o profano, misturando elementos
marquês estabeleceu algumas metas que ele acreditava da natureza a figuras de anjos, e o uso do ouro como
serem capazes de levar Portugal a alinhar-se com os paí- elemento mais característico.
ses modernos e superar sua crise econômica. Mas tão rápido quanto surgiram, as cidades esvazia-
primeira atitude foi fortalecer o poder do rei, comba- ram-se e despovoaram-se quando a mineração entrou
tendo os privilégios jurídicos da nobreza e econômicos em declínio. Esse rápido despovoamento das cidades mi-
do clero (principalmente da Companhia de Jesus). Na neiras permitiu que fossem mantidos até hoje, traços de
tentativa de modernizar o país, o marquês teve de aca- seu urbanismo e arquitetura típicos.
bar com a intolerância religiosa e o poder da inquisição a Com a mineração, a vigilância da Coroa deslocou-se
fim de desenvolver a educação e o pensamento literário do Nordeste para o Sudeste. Assim, em 1763, a cidade do
e científico. Rio de Janeiro tornou-se a capital do Brasil. Esta escolha
Economicamente houve um aumento da exploração se deu em grande parte à proximidade com a região mi-
colonial visando libertar Portugal da dependência eco- neradora e os importantes portos da cidade. Sendo as-
nômica inglesa. O Marquês de Pombal aumentou a vigi- sim a burocracia portuguesa deslocou-se para a cidade a
lância na colônias e combateu ainda mais o contrabando. fim de melhor controlar e fiscalizar a produção mineira.
Houve a instalação de uma maior centralização política
na colônia, com a extinção das Capitanias hereditárias 1.5 A crise do Sistema Colonial.
que acabou diminuindo a excessiva autonomia local.
A partir de meados do século XVIII, o sistema colonial
1.3 Urbanização no Nordeste açucareiro. começou a enfrentar séria crise, decorrente dos efeitos
da transformação econômica desencadeada pela Revo-
O açúcar e a pecuária foram as atividades econômi- lução Industrial nos países mais desenvolvidos economi-
cas que permitiram um dos primeiros e maiores movi- camente da Europa. Nestes países, o capitalismo deixava
mentos dentro da arquitetura no Brasil. Esta arquitetura o estágio comercial e encaminhava-se para a etapa in-
constituía-se basicamente em uma atitude defensiva, dustrial.
com construções parecendo fortificações. Grandes sedes Portugal neste período se encontrava em profunda
de engenhos envolvendo todas as esferas da sociedade, crise e dependia fortemente da política econômica ingle-
a casa grande da elite senhorial, a capela do clero e a sa. Neste cenário o capitalismo industrial inglês acabou
senzala do escravo; constituindo-se um microcosmo das entrando em choque com o colonialismo mercantilista
relações de poder e trabalho vigentes na colônia. português.
Não se pode esquecer das ordens religiosas que de- O principal ponto deste choque se dava em torno
ram condições ao surgimento de um ambiente de cria- das principais características da economia colonial: o
ções artísticas muito interessante, embora carregados de monopólio comercial e o regime de trabalho escravis-
um conhecimento aplicado à Europa, adaptaram e fize- ta. Era necessária a criação de mercados livres para que
ram releituras mais propícias ao novo ambiente, seja no os donos de indústria pudessem ter um maior número
litoral ou no sertão a presença das ordens religiosas se de mercados consumidores. Com relação à escravidão,
fez sentir em praticamente todos os espaços. o capitalismo industrial defendia o seu fim e substituição
pela mão-de-obra assalariada para que se ampliasse o
1.4 Urbanização na economia mineradora. seu mercado consumidor. A abolição da escravidão no
Brasil acabou se dando de forma tardia, mas os ingleses
Durante o ápice da economia agro-exportadora da acabaram se adaptando à situação.
Colônia tivemos um certo crescimento de algumas cida-
des que floresceram em torno da economia açucareira
e de sua produção “complementar”, a pecuária. Mesmo
assim não houve uma urbanização muito grande no pe-
ríodo, pois a maior parte das atividades econômicas se
dava no espaço rural, a cidade tinha um papel maior de
entreposto comercial e onde se decidiam as leis.
No século XVIII a economia mineradora predomi-
HISTÓRIA DO BRASIL

nou na região Sudeste brasileira, este novo movimento


econômico proporcionou um novo aproveitamento do
espaço urbano e uma crescente desvinculação ou in-
dependência da atividade rural. A região sudeste talvez
tenha sido a única região realmente urbanizada do Bra-
sil-Colônia. O símbolo de todo o poder e prestígio, além
do dinheiro estava nas cidades, onde moravam as auto-

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O BRASIL MONÁRQUICO: A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL E O PRIMEIRO REINADO. A CONS-
TITUIÇÃO DE 1824. MILITARES: A GUARDA NACIONAL E O EXÉRCITO. A FASE REGENCIAL
(1831-1840). O ATO ADICIONAL DE 1834. AS REVOLTAS POLÍTICAS E SOCIAIS DAS PRIMEI-
RAS DÉCADAS DO IMPÉRIO. A CONSOLIDAÇÃO DA ORDEM INTERNA: O FIM DAS REBELIÕES,
OS PARTIDOS, A LEGISLAÇÃO, O FORTALECIMENTO DO ESTADO, A ECONOMIA CAFEEIRA, A
TRIBUTAÇÃO. MODERNIZAÇÃO: ECONOMIA E CULTURA NA SOCIEDADE IMPERIAL. A ES-
CRAVIDÃO, AS LUTAS ESCRAVAS PELA LIBERDADE. O MOVIMENTO ABOLICIONISTA E A
ABOLIÇÃO. A INTRODUÇÃO DO TRABALHO LIVRE. POLÍTICA EXTERNA: AS QUESTÕES PLA-
TINAS, A GUERRA DO PARAGUAI E O EXÉRCITO. O MOVIMENTO REPUBLICANO E O ADVEN-
TO DA REPÚBLICA.

2. A chegada da família real portuguesa ao Brasil.

Mudanças drásticas em todas as estruturas políticas e econômicas tiveram seu ápice com a chegada da família rela
portuguesa ao Brasil, fugindo da invasão napoleônica na Europa.
Protegidos por uma esquadra naval inglesa, D. João e a corte portuguesa chegaram à Bahia em 22 de Janeiro de
1808. Um mês depois, a corte se transferiu para o Rio de Janeiro, onde instalou-se a sede do governo.
A Inglaterra acabou pressionando D. João a acabar com o monopólio comercial, sendo que em 28 de Janeiro de
1808, D. João decretou a abertura dos portos às nações amigas. Sendo a Inglaterra a principal beneficiária da abertura
dos portos, pois pagaria menores taxas sobre seus produtos no mercado brasileiro em relação às outras nações, inclu-
sive Portugal.
O governo de D. João foi responsável pela implantação de diversas estruturas culturais, sociais e urbanas inexisten-
tes no Brasil como: a fundação da Academia Militar e da Marinha; criação do ensino superior com a fundação de duas
escolas de Medicina; criação do Jardim Botânico; inauguração da Biblioteca Real; fundação da imprensa Régia; criação
da Academia de Belas-Artes.
Mas a transformação mais forte se deu na forma de se viver o espaço urbano, até então, mesmo com o ciclo de
mineração, o Brasil nunca deixara efetivamente de ser um país rural.

2.1 Urbanização e pobreza.

A intensa urbanização nas principais capitais de províncias do Império do Brasil no século XIX, não estava associado
ao desenvolvimento de grandes indústrias. As cidades brasileiras que foram antigas sedes da administração colonial
portuguesa acabaram conservando muitas das suas tradicionais funções burocráticas e comerciais.
Geralmente explica-se o decréscimo populacional do Nordeste e o consequente “inchamento” do Sudeste, espe-
cialmente o Rio de Janeiro pela decadência da região algodoeira e açucareira nordestina, contrapondo-se à expansão
da agricultura cafeeira e da economia industrial do sul, fatores estes que explicariam pelo menos em parte a grande
onda de migrações internas do período.
Na cidade do Rio de Janeiro, nos anos iniciais do século XIX, houve um acentuado crescimento demográfico, impul-
sionado pela chegada constante de estrangeiros, principalmente portugueses.
Outras cidades também sofreram mudanças consideráveis em suas estruturas urbanas, sofreram também um con-
siderável crescimento demográfico; respeitando-se, é claro, as especificidades econômicas locais.
As principais cidades do Brasil, Rio de Janeiro, Salvador e Recife constituíram-se dos principais cenários de reformas
urbanas e da atuação dos poderes públicos com o objetivo viabilizar o ordenamento do espaço urbano.
Neste período as classes dominantes imperiais buscavam desvincular-se da imagem de atraso colonial, buscava-se
a ordem na sociedade e nas cidades. A vida urbana intensificava-se, a imponência e riqueza se traduzia na construção
dos prédios públicos que refletiam o desejo de ordem social. Na cidade de Salvador, os edifícios pertencentes à admi-
nistração provincial contrastavam com a arquitetura barroca e colonial dos estabelecimentos religiosos.
Difícil acreditar que todas as pessoas tivessem acesso às melhores moradias ou desfrutassem dos confrontos pro-
porcionados pela vida na cidade. Pelo contrário, a maioria da população, constituída em sua maioria de negros e mes-
tiços, vivia no limiar da pobreza.
Políticas de intervenção urbana se intensificaram por volta de 1830. Redes de esgoto, iluminação a gás, linhas de
bondes, praças, parques, construção de prédios públicos, instalação de fábricas e políticas de saneamento e saúde
HISTÓRIA DO BRASIL

pública passaram a integrar o cotidiano urbano.


Na cidade surgem novas possibilidades de trabalho, novos mecanismos de sobrevivência. A população sai do cam-
po em busca de melhores oportunidades e, em sua maioria, acaba ocupando uma esfera marginal da vida econômica
e social da cidade.
Com a nova visão sobre o espaço urbano e sobre a sociedade acabam por surgir novos elementos reguladores da
conduta urbana. Neste sentido surgem os asilos para loucos, reformatórios e abrigos para pessoas da rua. O discurso
higienista começa a ganhar adeptos e a medicalização da sociedade de torna evidentemente necessária para a elite.

10
Prostitutas, mendigos, loucos e crianças de rua, vão ser pés-descalços contra calçados; brasileiros contra portu-
constantemente vigiados e reprimidos nas suas idas e gueses...Faltou apenas “escravos contra senhores”, justa-
vindas pela cidade. mente aqueles a quem mais se aplicaria como lema rei-
A mulher acaba sofrendo ainda mais do que os outros vindicador; é que os escravos falavam – quando falavam,
“excluídos” da política urbana. As novas praças, ruas e porque no mais das vezes agiram apenas e ano precisa-
prédios não são para todos, muitas mulheres precisavam ram de roupagens ideológicas - , falavam na linguagem
trabalhar nas ruas para ajudar no sustento da família e mais familiar e acessível que lhes vinha das florestas, das
muitas vezes tinham seus movimentos pela cidade im- estepes e dos desertos africanos...
pedidos pelas normas de conduta vigentes. A vigilância Posteriormente, a tentativa de recolonização do Brasil
sobre o corpo, a sexualidade e sobre a mulher assumem acabou tornando-se um dos principais motivos para a
caráter científico e caráter de importância fundamental independência. Já havia se criado no Brasil um sentimen-
para o bom funcionamento da sociedade. to de autonomia, sendo do ponto de vista econômico,
político ou cultural. Estes eventos acabaram marcando
Sob o discurso da racionalidade científica e dos con-
a entrada do Brasil no cenário internacional como nação
ceitos de ordem e progresso que se desejavam implan-
de importância estratégica.10
tar, os poderes públicos procuravam transformar e mo-
dernizar as cidades, além de atingir também os hábitos 3. Movimentos emancipacionistas
e costumes da população moldando-os, sob estruturas
repressoras a uma imagem de salubridade e modernida- As revoltas emancipacionistas foram movimentos
de. A maioria destes discursos continua, talvez com ainda sociais ocorridos no Brasil Colonial, caracterizados pelo
mais força, durante a primeira República e desta vez, com forte anseio de conquistar a independência do Brasil com
a tônica de romper com o “atraso” da Monarquia. relação a Portugal. Estes movimentos possuíam certa or-
Através deste trabalho pode-se ter um olhar econô- ganização política e militar, além de contar com forte
mico sobre a questão do Antigo Sistema Colonial portu- sentimento contrário à dominação colonial.
guês e o impacto das relações econômicas entre Metró-
pole e Colônia. Relações que determinaram um modo de 3.1. Causas principais
viver o espaço urbano de uma maneira bem diferente do
final desta relação de dependência. - Cobrança elevada de impostos de Portugal sobre o
Quando a colônia adquiriu autonomia econômica e Brasil.
política, novos espaços surgiram, a mão-de-obra livre - Pacto Colonial - Brasil só podia manter relações co-
acabaria por substituir a escrava, e uma grande mudan- merciais com Portugal, além de ser impedido de
ça nos hábitos da população acabaria por transformar a desenvolver indústrias.
cidade em um gigantesco palco de relações sociais que - Privilégios que os portugueses tinham na colônia
romperiam com o tradicionalismo colonial. Fazer a refor- em relação aos brasileiros.
ma urbana era promover a reforma social. - Leis injustas, criadas pela coroa portuguesa, que ti-
O que ocorreu com a chegada da família real por- nham que ser seguidas pelos brasileiros.
tuguesa ao Brasil foi a necessidade de se europeizar o - Falta de autonomia política e jurídica, pois todas as
espaço e os costumes. As cidades cresceram, ricos pro- ordens e leis vinham de Portugal.
dutores rurais construíam suas casa nas cidades para fi- - Punições violentas contra os colonos brasileiros que
carem próximos à corte. Requintaram-se os hábitos: os não seguiam as determinações de Portugal.
talheres substituíram as mãos durante as refeições, as - Influência dos ideais do Iluminismo e dos movimen-
cerimônias sociais tornaram-se ainda mais aristocráticas, tos separatistas ocorridos em outros países (Inde-
a cidade transformara-se. pendência dos Estados Unidos em 1776 e Revolu-
E embora a influência inglesa tenha sido a mais pre- ção Francesa em 1789).
ponderante, foram os costumes franceses que mais se
tornaram presentes no cotidiano, principalmente no jei- 4. Principais revoltas emancipacionistas
to de vestir, na alimentação e principalmente na política
com a propagação de ideias como democracia, constitui- 4.1. Conjuração Mineira
ção e igualdade.
Os ideais políticos franceses chegam ao Brasil princi- Foi um movimento separatista ocorrido na cidade
palmente, como em muitos lugares da América, através de Vila Rica (Minas Gerais) no ano de 1789. Teve como
da maçonaria. Segundo Caio Prado Júnior: principal causa os altos impostos cobrados sobre o ouro
Mas a ideologia revolucionária francesa [...], e se ado- explorado nas regiões das minas e também da criação da
tará “oficialmente” para as circunstâncias brasileiras. Nos derrama. Teve como líderes intelectuais, poetas, militares,
seus traços gerais, ela parecia perfeitamente aplicável às padres e até um alferes (Tiradentes). Tinha como objeti-
necessidades políticas da colônia. A “liberdade, igualda-
HISTÓRIA DO BRASIL

vo, após a independência, implantar o sistema republica-


de e fraternidade”, que como norma política a sumaria, no no Brasil, criar uma nova Constituição e incentivar o
ia prestar-se bastante bem às várias situações que aqui desenvolvimento industrial. O movimento foi denuncia-
se apresentam. Castigada embora, e deformada não raro do ao governo, que o reprimiu com violência. Os líderes
(que castigo aliás, e que deformação não cabem no vago foram condenados a prisão ou exílio. Tiradentes foi con-
da fórmula francesa?), ela servirá de lema a todos que denado a morte na forca.
pretendiam alguma coisa: senhores de engenho e fa-
zendeiros contra comerciantes; mulatos contra brancos; 10 Fonte: www.historiabrasil.xpg.com.br

11
4.2. Conjuração Baiana moveu um embelezamento do Rio de Janeiro até então
nunca antes vivida na capital da colônia, que deixou de
Foi uma rebelião popular, de caráter separatista, ser uma simples zona de exploração para ser elevada à
ocorrida na Bahia em 1798. Teve a participação de pes- categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves. Se a
soas do povo, ex-escravos, médicos, sapateiros, alfaia- medida prestigiou os novos súditos tupiniquins, logo
tes, padres, entre outros segmentos sociais. Teve como despertou a insatisfação dos portugueses que foram dei-
causa principal exploração de Portugal, principalmente xados à mercê da administração de Lorde Protetor do
no tocante a cobrança elevada de tributos. Defendiam a exército inglês.
liberdade com relação a Portugal, a implantação de um Essas medidas, tomadas até o ano de 1815, alimen-
sistema republicano e liberdade comercial. Após vários taram um movimento de mudanças por parte das elites
motins e saques, a rebelião foi reprimida pelas forças do lusitanas, que se viam abandonadas por sua antiga au-
governo, sendo que vários revoltosos foram presos, jul- toridade política. Foi nesse contexto que uma revolução
gados e condenados. constitucionalista tomou conta dos quadros políticos
portugueses em agosto de 1820. A Revolução Liberal do
4.3. Revolução Pernambucana Porto tinha como objetivo reestruturar a soberania po-
lítica portuguesa por meio de uma reforma liberal que
Foi um movimento separatista ocorrido em Pernam- limitaria os poderes do rei e reconduziria o Brasil à con-
buco em 1817. Teve como causas principais a explora- dição de colônia.
ção metropolitana e a cobrança de impostos sobre os Os revolucionários lusitanos formaram uma espécie
colonos brasileiros. Teve a participação da classe média, de Assembleia Nacional que ganhou o nome de “Cor-
populares, padres, militares e membros da elite. Motiva- tes”. Nas Cortes, as principais figuras políticas lusitanas
dos pelos ideais iluministas (liberdade e igualdade), os exigiam que o rei Dom João VI retornasse à terra natal
revoltosos pretendiam libertar o Brasil do domínio por- para que legitimasse as transformações políticas em an-
tuguês e instalar o sistema republicano no país. Assim damento. Temendo perder sua autoridade real, D. João
como os outros movimentos, foi reprimido fortemente saiu do Brasil em 1821 e nomeou seu filho, Dom Pedro I,
pelas forças militares do governo. Os líderes foram pre- como príncipe regente do Brasil.
sos e alguns participantes condenados à morte.11 A medida ainda foi acompanhada pelo rombo dos
cofres brasileiros, o que deixou a nação em péssimas
Independencia do Brasil condições financeiras. Em meio às conturbações políticas
que se viam contrárias às intenções políticas dos lusita-
A independência do Brasil, enquanto processo históri- nos, Dom Pedro I tratou de tomar medidas em favor da
co, desenhou-se muito tempo antes do príncipe regente população tupiniquim. Entre suas primeiras medidas, o
Dom Pedro I proclamar o fim dos nossos laços coloniais príncipe regente baixou os impostos e equiparou as au-
às margens do rio Ipiranga. De fato, para entendermos toridades militares nacionais às lusitanas. Naturalmente,
como o Brasil se tornou uma nação independente, deve- tais ações desagradaram bastante as Cortes de Portugal.
mos perceber como as transformações políticas, econô- Mediante as claras intenções de Dom Pedro, as Cor-
micas e sociais inauguradas com a chegada da família da tes exigiram que o príncipe retornasse para Portugal e
Corte Lusitana ao país abriram espaço para a possibilida- entregasse o Brasil ao controle de uma junta administra-
de da independência. tiva formada pelas Cortes. A ameaça vinda de Portugal
A chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil foi despertou a elite econômica brasileira para o risco que as
episódio de grande importância para que possamos ini- benesses econômicas conquistadas ao longo do período
ciar as justificativas da nossa independência. Ao pisar em joanino corriam. Dessa maneira, grandes fazendeiros e
solo brasileiro, Dom João VI tratou de cumprir os acor- comerciantes passaram a defender a ascensão política de
dos firmados com a Inglaterra, que se comprometera em Dom Pedro I à líder da independência brasileira.
defender Portugal das tropas de Napoleão e escoltar a No final de 1821, quando as pressões das Cortes atin-
Corte Portuguesa ao litoral brasileiro. Por isso, mesmo giram sua força máxima, os defensores da independên-
antes de chegar à capital da colônia, o rei português rea- cia organizaram um grande abaixo-assinado requerendo
lizou a abertura dos portos brasileiros às demais nações a permanência e Dom Pedro no Brasil. A demonstração
do mundo. de apoio dada foi retribuída quando, em 9 de janeiro de
Do ponto de vista econômico, essa medida pode ser 1822, Dom Pedro I reafirmou sua permanência no conhe-
vista como um primeiro “grito de independência”, onde a cido Dia do Fico. A partir desse ato público, o príncipe
colônia brasileira não mais estaria atrelada ao monopólio regente assinalou qual era seu posicionamento político.
comercial imposto pelo antigo pacto colonial. Com tal Logo em seguida, Dom Pedro I incorporou figuras
medida, os grandes produtores agrícolas e comerciantes políticas pró-independência aos quadros administrati-
HISTÓRIA DO BRASIL

nacionais puderam avolumar os seus negócios e viver um vos de seu governo. Entre eles estavam José Bonifácio,
tempo de prosperidade material nunca antes experimen- grande conselheiro político de Dom Pedro e defensor de
tado em toda história colonial. A liberdade já era sentida um processo de independência conservador guiado pe-
no bolso de nossas elites. las mãos de um regime monárquico. Além disso, Dom
Para fora do campo da economia, podemos salientar Pedro I firmou uma resolução onde dizia que nenhuma
como a reforma urbanística feita por Dom João VI pro- ordem vinda de Portugal poderia ser adotada sem sua
autorização prévia.
11 Fonte: www.historiadobrasil.net

12
Essa última medida de Dom Pedro I tornou sua relação política com as Cortes praticamente insustentável. Em se-
tembro de 1822, a assembleia lusitana enviou um novo documento para o Brasil exigindo o retorno do príncipe para
Portugal sob a ameaça de invasão militar, caso a exigência não fosse imediatamente cumprida. Ao tomar conhecimento
do documento, Dom Pedro I (que estava em viagem) declarou a independência do país no dia 7 de setembro de 1822,
às margens do rio Ipiranga.12

Primeiro Reinado

O Primeiro Reinado foi a fase inicial do período monárquico do Brasil após a independência. Esse período se inicia
com a declaração da independência por Dom Pedro I e se finda em 1831, com a abdicação do imperador.

Pintura de Pedro Américo (1888) retrata a declaração da independência do Brasil.

Quando Dom Pedro I declarou a independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822, movido por intensa pressão
das elites portuguesas e brasileiras, o exército português, ainda fiel à lógica colonial, resistiu o quanto pôde, procuran-
do resguardar os privilégios dados aos lusitanos em terras brasileiras.
A vitória das forças leais ao Imperador Pedro I contra essa resistência dão ao monarca um aumento considerável de
prestígio e poder.
Uma das primeiras iniciativas do imperador brasileiro foi criar e promulgar uma nova Constituição para o país para, ao
mesmo tempo, aumentar e consolidar seu poder político e frear iniciativas revolucionárias que já estavam acontecendo no
Brasil.
A Assembleia Constituinte formada em 1823 foi a primeira tentativa, invalidada pela falta de acordo e pela incompa-
tibilidade entre os deputados e a vontade do Imperador. Numa nova tentativa, a Constituição é promulgada em 1824,
a primeira do Brasil independente.

HISTÓRIA DO BRASIL

Dom Pedro I, Imperador do Brasil entre 1822 e 1831.

Essa Constituição, entre outras medidas, dava ao Imperador o poder de dissolver a Câmara e os conselhos provin-
ciais, manobrando por tanto o legislativo, além de eliminar cargos quando necessário, instituir ministros e senadores
com poderes vitalícios e indicar presidentes de comarcas. Essas medidas deixavam a maior parte do poder de decisão
12 Fonte: www.brasilescola.uol.com.br – Por Rainer Souza

13
nas mãos do imperador e evidenciavam um caráter des- Buscando resolver tal situação, os dirigentes da re-
pótico e autoritário de um governo que prometeu ser gência autorizaram a criação de um novo organismo
liberal. armado para assegurar a estabilidade política do país.
Essa guinada autoritária do governo gerou novas re- Em agosto de 1831, a Guarda Nacional foi criada com
voltas e insuflou antigas, dando mais instabilidade ainda o propósito de defender a constituição, a integridade, a
ao país recém independente. Uma dessas revoltas foi a liberdade e a independência do Império Brasileiro. Além
Confederação do Equador. Liderados por Frei Caneca, disso, pelo poder a ela concedido, seus membros deve-
os pernambucanos revoltosos contra o governo foram riam firmar o compromisso de sedimentar a tranquilida-
reprimidos pelos militares, não sem antes mostrar sua in- de e a ordem pública.
satisfação com os rumos do país. Para formar esse novo braço armado, as autoridades
Em 1825 o Brasil foi derrotado na guerra da Cisplati- oficiais estipularam que todo o brasileiro, entre 21 e 60
na, que transformou essa antiga parte da colônia no in- anos de idade, que tivesse amplos direitos políticos, de-
dependente Uruguai em 1828. Essa guerra causa danos veria compor os quadros dessa instituição. Ao limitá-la
ao país, tanto políticos quanto econômicos. Com proble- somente aos chamados “cidadãos ativos” (eleitores e ele-
mas com importações, baixa arrecadação de impostos, gíveis), o governo excluía qualquer possibilidade de par-
dificuldade na cobrança dos mesmos por causa da exten- ticipação de pessoas de origem popular. De fato, temos
são do território e a produção agrícola em baixa, causada aí um claro indício de quais interesses a Guarda Nacional
por uma crise internacional, a economia brasileira tem deveria verdadeiramente assegurar.
uma queda acentuada. Outro fator que comprova tal perspectiva pode ser
Quando, em 1826, Dom João VI morre, surge um visto na maneira pela qual os quadros dirigentes dessa
grande embate quanto a sucessão do trono português. mesma instituição eram estipulados. A maioria esma-
Diante de reivindicações de brasileiros e portugueses, gadora dos dirigentes da Guarda comprava o seu título
Dom Pedro abdica em favor da filha, D. Maria da Glória. de “coronel” junto ao Estado Brasileiro. Com isso, vários
No entanto, seu irmão, D. Miguel, dá um golpe de Estado proprietários de terra adquiriram esta patente e foram
e usurpa o poder da irmã. responsáveis pela organização local das milícias que de-
O Imperador brasileiro então envia tropas brasileiras veriam, teoricamente, apenas manter a ordem.
para solucionar o embate e restituir o poder à filha. Esse Na prática, os membros da Guarda Nacional repre-
fato, irrita os brasileiros, uma vez que o Imperador está sentaram mais uma situação histórica marcada pelo abu-
novamente priorizando os assuntos de Portugal em de- so das instituições públicas para fim estritamente parti-
trimento do Brasil. Essa “reaproximação’ entre Portugal e culares. Com o passar do tempo, os “coronéis” valiam-se
Brasil incomoda e gera temor de uma nova época de de- de suas tropas armadas para simplesmente preservar
pendência. Com isso, o Imperador perde popularidade. seus interesses econômicos e políticos pessoais. Além
A tudo isso se soma o assassinato de Líbero Badaró, disso, serviram como severo instrumento de repressão
jornalista conhecido e desafeto do imperador. Natural- contra uma população que não se via representada no
mente, as suspeitas pelo atentado sofrido pelo jornalis- mando de líderes políticos oriundos das elites.
ta recaem no governante luso-brasileiro. Esse episódio
faz a aprovação do Imperador cair ainda mais junto da Periodo Regencial
população. Um momento delicado acontece quando o
Imperador, em viagem a Minas Gerais, é hostilizado pe- Chamamos de período regencial o período entre a
los mineiros por conta desse assassinato. Portugueses no abdicação de D. Pedro I e a posse de D. Pedro II no trono
Rio de Janeiro imediatamente respondem aos mineiros, do Brasil, compreendendo os anos de 1831 a 1840.
se mobilizando em favor do imperador. As ruas do Rio Com a abdicação de D Pedro I, por lei, quem assu-
de Janeiro testemunham momentos e atos de desordem miria o trono seria seu filho D. Pedro II. No entanto, a
e agitação pública. idade de D. Pedro II, ainda criança à época não obedecia
Nesse momento, duas das mais importantes cate- as determinações de maioridade da Constituição. Nesse
gorias de sustentação do regime também retiram seu sentido, se tornou clara a necessidade da Regência, um
apoio. A Nobreza e o Exército abandonam o Imperador governo de transição que administraria o país enquanto
e tornam a situação política insustentável. D Pedro I não o imperador ainda não tivesse idade suficiente para go-
encontra solução. Abdica em favor do filho, Pedro de Al- vernas. A regência seria trina, a princípio, formada por
cântara, então com 5 anos em 7 de abril de 1831.13 membros da Assembléia Geral (Senado e Câmara dos
deputados). Nesse sentido e diante da situação do país,
Militares a adoção da regência provisória era questão de urgência.
Durante o período regencial, observamos a eclosão O período regencial foi dividido em duas partes: Re-
de vários levantes que questionavam a autoridade exer- gência Trina (1831 a 1834) e Regência Una (1834 a 1840).
cida pelos novos mandatários do poder. Ao manter a Naquele momento, a Assembleia possuía três grupos:
HISTÓRIA DO BRASIL

estrutura política centralizadora do governo imperial, os Moderados (maioria, representavam a elite e era de-
regentes apenas eclodiram a forte insatisfação que se di- fensores da centralização), Restauradores (defendiam a
rigia contra o autoritarismo da época. Vale ainda lembrar restauração do Imperador D. Pedro I) e Exaltados (defen-
que, nessa mesma época, os quadros do exército brasi- diam a descentralização do poder).
leiro eram bastante limitados e não poderiam controlar A Regência Trina provisória governa de abril a julho,
todas as situações de conflito. sendo composta pelos senadores José Joaquim Carneiro
Campos, representante da ala dos restauradores, Nicolau
13 Fonte: www.infoescola.com – Por Bruno Izaías da Silva

14
de Campos Vergueiro, representando os liberais mode- Balaiada
rados e o brigadeiro Francisco de Lima e Silva que re-
presentava os setores mais conservadores dos militares, Balaiada é no nome pelo qual ficou conhecida a im-
sobretudo no Exército. portante revolta que se deu no Maranhão do século XIX.
Logo, o jogo político exigiu a formação de uma Re- É mais um capítulo das convulsões sociais e políticas que
gência Trina Permanente. Esta foi eleita em julho de 1831 atingiram o Brasil no turbulento momento que vai da in-
pela Assembleia Geral. Era composta pelo já integrante dependência do Brasil à proclamação da República.
da Regência Provisória, Francisco de Lima e Silva, o de- Naquele momento, a sociedade maranhense estava
putado moderado José da Costa Carvalho e João Bráu- dividida, basicamente, entre uma classe baixa, composta
lio Muniz. Com isso, finda a provisoriedade da regência. por escravos e sertanejos, e uma classe alta, composta
Nesse governo, como ministro da Justiça é nomeado o por proprietários rurais e comerciantes.
padre Diogo Antônio Feijó. Para ampliar sua influência junto à política e à socie-
No entanto, mesmo com as mudanças, o país ainda dade, os conservadores tentam através de uma medida,
enfrenta sérios problemas de governabilidade. A opo- ampliar os poderes dos prefeitos. Essa medida impopu-
lar faz com que a insatisfação social cresça consideravel-
sição entre restauradores e exaltados de um lado e os
mente, alimentando a revolta conhecida como Balaiada.
regentes do outro torna o cenário político bastante deli-
A Balaiada foi uma reação e uma luta dos maranhen-
cado. Por segurança contra os excessos, Diogo Feijó cria
ses contra injustiças praticadas por elites políticas e as
a Guarda Nacional, em 1831, arregimentando filhos de desigualdades sociais que assolavam o Maranhão do sé-
aristocratas em sua formação. culo XIX.
A partir de 1833, a situação se agrava e conflitos in- A origem da revolta remete à confrontação entre
ternos, muitos separatistas, eclodem pelo país. A Caba- duas facções, os Cabanos (de linha conservadora) e os
nagem, no Pará dá início à onda. Seguem-se a Guerra chamados “bem-te-vis” (de linha liberal). Eram esses dois
dos Farrapos no Rio Grande do Sul, a Sabinada e a Revol- partidos que representavam os interesses políticos da
ta dos Malês, na Bahia, e a Balaiada no Maranhão. elite do Maranhão.
No ano de 1834, a morte de D. Pedro I altera o cená- Até 1837, o governo foi chefiado pelos liberais, man-
rio político. A assembleia passa a abrigar a disputa entre tendo seu domínio social na região. No entanto, diante
progressistas defensores do diálogo com os revoltosos e da ascensão de Araújo de Lima ao governo da província
regressistas, adeptos da repressão às mesmas revoltas. e dos conservadores ao governo central, no Rio de Janei-
Um novo documento é assinado em 12 de agosto de ro, os cabanos do Maranhão afastaram os bem-te-vis e
1834. Por esse documento, denominado “Ato Adicional”, ocuparam o poder.
conquista-se um “avanço liberal”, substituindo a Regên- Essa mudança dá início à revolta em 13 de dezembro
cia Trina pela Regência Una. de 1838, quando um grupo de vaqueiros liderados por
Raimundo Gomes invade a cadeia local para libertar ami-
Os candidatos favoritos para essa eleição eram An- gos presos. O sucesso da invasão dá a chance de ocupar
tônio Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti (conser- o vilarejo como um todo.
vador) e padre Diogo Antônio Feijó (liberal). Este último Enquanto a rivalidade transcorria e aumentava, Rai-
venceu a disputa por apertada margem de votos. Feijó mundo Gomes e Manoel Francisco do Anjos Ferreira le-
sobe ao poder em 1835, mas tem governo breve, deixan- vam a revolta até o Piauí, no ano de 1839. Este último
do o poder em 1837, ainda que eleito para o período de líder era artesão, e fabricava cestos de palha, chamados
4 anos, motivado pelos problemas com separatistas, falta de balaios na região, daí o nome da revolta. Essa interfe-
de recursos e isolamento político. rência externa altera o cenário político da revolta e muda
seu rumo.
A Segunda Regência Una foi conservadora. Chefiada
Devido aos problemas causados aos interesses da eli-
por Pedro de Araújo Lima que aproveita a derrocada dos
te da região, bem-te-vis e cabanos se unem contra os
liberais e se elege Regente Uno em 19 de setembro de
balaios.
1837 – fortalecimento da centralização política. A disputa
com os liberais gera, entre outras medidas, a Lei Interpre-
tativa do Ato Adicional de 1834, que é respondida com o
chamado “golpe da maioridade”.
A contenda entre liberais e conservadores traz des-
confiança para a elite, que prefere centralizar o poder,
apoiando a posse de D. Pedro II. Os Liberais criam o “Clu-
be da Maioridade” e fazem propaganda pela maioridade
antecipada de D Pedro II.
A opinião pública, influenciada pelos liberais, contra-
HISTÓRIA DO BRASIL

ria a Constituição e aprova a Declaração de Maioridade


em 1840, quando D. Pedro II tem apenas 14 anos de ida-
de.
Após a decisão, o jogo político tem como objetivo,
para conservadores e liberais, controlar D. Pedro II em
proveito próprio garantindo assim seus privilégios.14 Tropas do Império se preparam para atacar os
revoltosos da Balaiada. Ilustração: Rugendas
14 Fonte: www.infoescola.com – Por Bruno Izaías da Silva

15
A agitação social causada pela revolta beneficia os Antecipar a maioridade de Pedro de Alcântara (D. Pe-
bem-te-vis e coloca o povo em desagrado contra o dro II) era a única alternativa da Família Real para manter-
governo cabano. Em 1839 os balaios tomam a Vila de -se presente e comandando o Brasil e, ao mesmo tempo,
Caxias, a segunda cidade mais importante do Maranhão. Portugal. Com esse objetivo, o chamado “golpe da maio-
Uma das táticas para enfraquecer os revoltosos foram as ridade” resguardou os interesses tanto das classes mais
tentativas de suborno e desmoralização que visavam de- altas do país quando da própria Família Real. A iniciativa
sarticular o movimento. de antecipar a maioridade de D. Pedro II veio do Partido
Em 1839 o governo chama Luis Alves de Lima e Sil- Liberal que queria, ao mesmo tempo, assegurar sua in-
va (depois conhecido como Duque de Caxias) para ser fluência no poder e acabar com a instabilidade causada
presidente da província e, ao mesmo tempo, organizar a pelo governo regencial, que testemunhou grande desor-
repressão aos movimentos revoltosos e pacificar o Ma- dem interna. Buscavam então acabar com a instabilidade
ranhão. Esse é tido como o início da brilhante carreira do do país e garantir seus próprios interesses.
militar. Oficialmente, o reinado de D. Pedro II vai de 23 de
O Comandante resolveu os problemas que atravan- julho de 1840 a 15 de novembro de 1889. Se caracteriza
cavam o funcionamento adequado das forças militares. pela intensa luta pela estabilidade interna com o enfren-
Pagou os atrasados dos militares, organizou as tropas, tamento de revoltas, pela reorganização da política, atra-
cercou e atacou redutos balaios já enfraquecidos por de- vés de uma bipartidarização que coloca frente a frente o
serções e pela perda do apoio dos bem-te-vis. Organizou Partido Liberal e o Partido Conservador, a instauração do
toda a estratégia e a execução do plano que visava aca- parlamentarismo como forma de governo e a reativação
bar de vez por todas com a revolta. do comércio internacional.
Em 1840 a chance de anistia, dada pelo governo, No cenário econômico, o cultivo do café era um gran-
estimula a rendição de 2500 balaios, inviabilizando o já de sucesso, devido às excelentes condiões de solo e clima
combalido exército. Os que resistiram, foram derrotados. em algumas regiões do Brasil, principalmente em Minas
A Balaiada chega ao fim, entrando pra história do Brasil Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Esse sucesso trouxe
como mais um momento conflituoso da ainda frágil mo- ao país um aquecimento econômico e a consequente ne-
narquia e da história do Brasil.15 cessidade de mais mão de obra escrava. O bom momen-
to da economia era atestado pelo superávit da balança
9. Segundo Reinado comercial, pois o Brasil mais exportava do que importava.
Além disso, a cultura do café trouxe consigo uma ex-
O período nomeado de Segundo Reinado é segunda pansão urbana, tanto no número de cidades quanto no
fase da história do Brasil monárquico, época em que o crescimento das já existentes, em virtude da necessidade
país esteve sob a liderança de Dom Pedro II. de se responder às necessidades da economia.
Em virtude dos sucessivos entraves e dificuldades en- Aumentaram de número os latifúndios cafeeiros e
frentadas por D. Pedro I para manter-se no trono do Bra- os barões do café que eram seus donos. Esses barões
sil recém independente e, ao mesmo tempo, garantir sua apoiavam o Imperador, lhe dando sustentação política e
influência em Portugal, a responsabilidade de comandar ganhando em troca títulos de nobreza e privilégios. Tam-
o Brasil recaiu sobre D. Pedro II, que assume o poder com bém verifica-se nessa época uma expansão considerável
apenas 15 anos de idade. nas ferrovias e portos, usados para escoar a produção
cafeeira.
Entre as mudanças políticas adotadas, uma das prin-
cipais foi a adoção do parlamentarismo, em 1847. Nesse
sistema, o poder legislativo era mais respeitado. O pre-
sidente de conselho era quem estabelecia o quadro de
ministros, num modelo diferente daquele implantado em
países europeus, como a Inglaterra. Essa diferença gerou
o termo “Parlamentarismo às avessas”.
D. Pedro II a essa altura, concentrava poderes para si,
tendo o controle absoluto sobre a assembleia, podendo
demitir todo o ministério e escolher o novo presidente
de conselho. Podia também dissolver a Câmara e convo-
car novas eleições.
Um dos assuntos principais desse período foi a es-
cravidão. Governo e elite resistiam firmemente à ideia de
abolição do tráfico de escravos e da escravidão em si. No
HISTÓRIA DO BRASIL

entanto, a aproximação diplomática de longa data com a


Inglaterra, que resguardou a Família Real Portuguesa na
fuga para o Brasil e garantiu a independência, forçou o
imperador a reconsiderar essa posição.
Dom Pedro II quando criança, aos 12 anos. Pintura de No dia 4 de setembro de 1850 é promulgada a Lei
Félix Taunay, 1837. Eusébio de Queirós, que instituía o fim do tráfico de es-
cravos.
15 Fonte: www.infoescola.com – Por Bruno Izaías da Silva

16
Não tardou para que a escravidão também fosse res (que poderia ou não ter o assassinato desses), a re-
abolida. Em 13 de maio de 1888, a princesa Isabel abole cusa em trabalhar, a execução do trabalho de maneira
a escravidão através da assinatura da Lei Áurea. Com o inadequada, criação de quilombos e mocambos, entre
fim do trabalho escravo negro, buscando uma alternativa outros.
para suprir a demanda por mão de obra para a cafei- A resistência contra a escravidão já começava no em-
cultura, os fazendeiros, sobretudo paulistas dão início à barque dos africanos nos navios negreiros. O risco de re-
imigração europeia, trazendo trabalhadores assalariados voltas dos africanos nos navios negreiros era tão alto que
de vários países para o Brasil. os traficantes de escravos diminuíam, deliberadamente,
Assim, “pedaços da República” surgem paulatinamen- as porções de comida para reduzir as possibilidades de
te, A produção de café cai no Vale do Paraíba e no Rio de revoltas, que aconteciam, geralmente, quando o navio
Janeiro mas cresce consideravelmente no oeste paulista, estava próximo da costa.
por conta da terra roxa. Isso causa uma mudança no eixo Portanto, as revoltas dos africanos nos navios negrei-
de poder. A monarquia já não favorecia os proprietários ros eram tão comuns que os traficantes tinham na tripu-
de terra do nordeste, que acabaram por abandonar o Im- lação do navio intérpretes que falavam os idiomas dos
perador. Sem apoio, a Monarquia sofre o golpe de 15 de africanos e poderiam alertar em caso de possibilidade
novembro de 1889.16 de revolta dos aprisionados. As revoltas, porém, não se
resumiam apenas aos navios negreiros. Aqui no Brasil,
O trabalho escravizado do africano no Brasil, lutas, inúmeras revoltas aconteceram.
resistências e abolicionismo
A resistência dos escravos foi uma resposta à escravi- Os historiadores costumam apontar que os escra-
dão que foi uma instituição presente na história do Brasil vos africanos eram mais combativos que os escravos
ao longo de mais de 300 anos. A sociedade brasileira foi crioulos (nascidos no Brasil), porque muitos dos afri-
construída pela utilização dos trabalhadores escravos, in- canos vinham de povos que tinham um grande his-
dígenas ou africanos. Com isso, a escravidão no Brasil foi tórico recente de envolvimento com o combate e a
uma instituição vil e cruel que explorava brutalmente o guerra. Esse foi o caso de nagôs e haussás. Apesar
trabalho de indígenas e africanos. disso, os escravos crioulos também se rebelavam e,
Sendo assim, no caso dos africanos, a escravidão os
ao longo de nossa história, existem inúmeros exem-
removeu de sua terra nativa e os enviou a milhares de
plos disso.
quilômetros de distância para uma terra distante, com
idioma, religião e culturas diferentes das deles. Foi nesse
contexto que milhões de africanos foram sequestrados e Tráfico e formação do escravismo da época Mo-
transportados em péssimas condições para serem escra- derna
vizados no Brasil. Foi durante a Idade Moderna, primordialmente de-
Desta forma, os africanos foram utilizados em traba- pois que se descobriu a América, intensificou-se o co-
lho domésticos e urbanos, mas, sobretudo, foram utili- mércio escravo, sem qualquer limite quanto à crueldade
zados na lavoura, principalmente, no cultivo da cana de praticada, visava-se somente o lucro que se obteria com
açúcar e também nas minas, quando foram descobertos a venda de homens, mulheres e crianças vindas direto da
metais e pedras preciosas em Minas Gerais, Cuiabá e África para as Américas.
Goiás.
Ademais, engana-se, porém, quem acredita que os É chamado de Tráfico negreiro o envio arbitrário de
africanos foram escravizados passivamente, pois, apesar negros africanos na condição de escravos para as Amé-
da falta de registro, os historiadores sabem que inúmeras ricas e outras colônias de países europeus durante o pe-
formas de resistência dos escravos foram desenvolvidas. ríodo caracterizado como colonialista.
Outrossim, a resistência à escravidão por meio das re-
voltas, conforme pontua o historiador João José Reis, não A escravidão ocorre desde a origem de nossa histó-
visava, exclusivamente, a acabar com o regime de escra- ria, quando os povos que eram derrotados em combates
vidão, mas, dentro do cotidiano dos escravos, poderia ser entre exércitos ou armadas eram aprisionados e transfor-
utilizada como instrumentos de barganha. mados em escravos por seus dominadores. O povo he-
Sendo assim, essas revoltas dos escravos buscavam, breu é um exemplo disso, foram comercializados como
muitas vezes, corrigir excessos de tirania dos senhores, escravos desde os primórdios da História. Os escravos
diminuir o nível de opressão ou punir feitores excessiva- eram usados nos trabalhos mais pesados e toscos que se
mente cruéis. pode imaginar.
Muitas pessoas têm uma imagem de que os es- A explicação encontrada para o uso da mão de
cravos africanos aceitavam a escravização de maneira obra escrava fazia alusão a questões religiosas e mo-
passiva, mas os historiadores nos contam que a histó- rais e à suposta preeminência racial e cultural dos eu-
HISTÓRIA DO BRASIL

ria foi bem diferente e os escravos organizam-se de ropeus.


diferentes maneiras para colocar limites à violência a
que eram submetidos no seu cotidiano. Com isso, os portugueses já utilizavam o negro como
escravo desde o ano de 1432, trazido pelo português
Com isso, entre as diferentes formas de resistência Gil Eane, utilizando-os nas ilhas da Madeira, de Açores e
dos escravos podem ser mencionadas as fugas coletivas, Cabo Verde, anteriormente à efetivação da colonização
ou individuais, as revoltas contra feitores e seus senho- brasileira.
16 Fonte: www.infoescola.com – Por Bruno Izaías da Silva

17
Porém, no Brasil a escravidão passou a ser utilizada POLITICA EXTERNA BRASILEIRA
na primeira metade do século XVI, devido à produção de
açúcar. Os portugueses transportavam os negros oriun- 1. A política externa
dos da África para serem usados como mão de obra es-
crava nos moinhos de cana de açúcar do Nordeste. O Segundo Reinado foi um importante período para
Desta forma, os africanos aprisionados pelos portu- o processo de consolidação interna do projeto político
gueses quando aqui chegavam eram cedidos por um de- da aristocracia rural e escravista brasileira, que se afirmou
terminado preço, como se fossem uma mercadoria qual- definitivamente no poder após o turbulento processo de
quer. Os que tinham uma saúde mais perfeita chegavam constituição do Estado nacional. O desenvolvimento da
a ser comercializados pelo dobro do valor em compara- economia cafeeira, a partir da segunda metade do século
ção aos velhos e fracos. XIX, favoreceu o predomínio político da elite aristocráti-
ca.
A travessia do continente africano para o Brasil Quanto à política externa, o Brasil, que, por sua ex-
era feita nos porões dos navios negreiros, com os ne- tensão territorial, já usufruía de posição privilegiada no
gros empilhados da maneira mais insalubre e desu- continente sul-americano, procurou, ao longo do reina-
mana possível, sendo que muitos deles nem sequer do do imperador Dom Pedro II, desempenhar agressiva
chegavam vivos, tendo seus corpos atirados ao mar. política a fim de evitar o fortalecimento de outras nações
que ameaçassem sua posição hegemônica. Além disso,
Os castigos eram frequentes, sendo o chicote a pu- procurou expressar sua vontade de assumir uma posição
nição mais utilizada no Brasil colônia. Aos negros era “autônoma” em relação à Inglaterra.
vedado o direito de exercer sua religião de ascendência
africana e manter a sua cultura, como festas e rituais afri- 2. As relações Brasil - Inglaterra
canos eram terminantemente proibidos, eram obrigados
a professar a religião católica, determinação dos senho- Durante toda a primeira metade do século passado,
res de engenho, e a comunicar-se utilizando a língua a Inglaterra, importante produtora de gêneros industria-
portuguesa. lizados, buscava ampliar seu mercado consumidor. O
Entretanto, apesar das proibições, os negros, ocul- país acreditava que essa ampliação dependia da aboli-
tamente, realizavam seus rituais e suas festas, foi neste ção do trabalho escravo no continente americano. Por-
período que se desenvolveu um tipo de luta que ficou tanto, desde a chegada de D. João VI ao Brasil – que foi
muito conhecida aqui no Brasil: a capoeira. Eles também auxiliada pela Coroa britânica – as autoridades inglesas
desenvolveram o candomblé, a umbanda, e outras re- pressionavam o governo brasileiro a abolir a escravidão.
ligiões, nas quais ritos africanos eram mesclados a ele- Tal demanda se chocava com os interesses dos grandes
mentos do catolicismo, dando origem ao famoso sincre- proprietários rurais brasileiros. Os ingleses acreditavam
tismo religioso brasileiro. que a abolição deveria ocorrer de forma lenta e gradual:
iniciaria pela extinção do tráfico negreiro, principal meio
O negro não aceitou a escravidão pacificamente, de abastecimento de mão de obra escrava em uma po-
as agitações ocorriam quase regularmente nas fazen- pulação cujo crescimento natural não era suficiente para
das, escravos em bandos fugiam, criando nas flores- a sua reposição.
tas os célebres quilombos (lugares aonde habitavam Devido aos adiamentos da decisão do governo impe-
apenas escravos fugitivos) ali viviam em liberdade rial, as autoridades britânicas resolveram intervir: decre-
para realizar seus rituais, suas festas e também para taram a lei Bill Aberdeen, dispositivo que permitia aos
falar sua própria língua. O quilombo mais importante ingleses aprisionar navios que estivessem transportando
foi o de Palmares, cujo líder foi Zumbi. africanos para o Brasil, apreender a carga e julgar a tripu-
lação por crime. Algumas apreensões foram feitas, o que
A partir de 1850 foi aprovada a Lei Eusébio de Quei- abalou as relações entre Brasil e Inglaterra.
roz, a qual punha um fim ao comércio negreiro; em 28 de Outro episódio marcante no relacionamento entre os
setembro de 1871 foi sancionada a Lei do Ventre Livre, dois países foi a chamada Questão Christie. Em 1861,
concedendo liberdade aos filhos de escravos que nasces- um navio inglês, o Príncipe de Gales, naufragou nas cos-
sem a partir daquele momento. Finalmente, no ano de tas do Rio Grande do Sul e sua carga foi pilhada por bra-
1885, foi anunciada a Lei dos Sexagenários, que contem- sileiros. William Christie, representante inglês no Brasil,
plava com a liberdade os escravos com mais de 60 anos. exigiu uma indenização de 3.200 libras, o que desagra-
dou o governo imperial.
Para agravar ainda mais a situação, pouco depois, três
FIQUE ATENTO! oficiais da marinha inglesa, à paisana e completamente
HISTÓRIA DO BRASIL

embriagados, foram presos pela polícia do Rio de Janei-


Foi só no final do século XIX que definitiva-
ro por provocarem desordens. Christie exigiu a imediata
mente a escravidão, a nível mundial, foi abo-
libertação dos oficiais ingleses, além da punição dos res-
lida de vez do quadro negro da história. No
ponsáveis pela prisão.
Brasil a Abolição só se deu no dia 13 de maio
O imperador Dom Pedro II concordou, inicialmente,
de 1888, com o anúncio público e oficial da
em arcar com a indenização pelo saque do navio e tam-
Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel.
bém ordenou a libertação dos marinheiros ingleses, mas

18
se recusou, terminantemente, a punir as autoridades bra- Os problemas no Império estavam em várias instân-
sileiras, que, segundo ele, agiram corretamente ao pren- cias que davam base ao trono de Dom Pedro II:
der os arruaceiros. • A Igreja Católica: Descontentamento da Igreja Ca-
Em represália à decisão do imperador, Christie orde- tólica frente ao Padroado exercido por D. Pedro II
nou o aprisionamento de cinco navios brasileiros que se que interferia em demasia nas decisões eclesiás-
encontravam no Oceano Atlântico e os manteve como ticas.
reféns até que a atitude do governo brasileiro se alteras-
se. Em resposta à atitude do embaixador inglês, centenas • O Exército: Descontentamento dos oficiais de bai-
de pessoas se manifestaram nas ruas do Rio de Janeiro, xo escalão do Exército Brasileiro pela determinação
insultando comerciantes ingleses radicados na cidade. de D. Pedro II que os impedia de manifestar publi-
Para arbitrar a questão diplomática envolvendo Brasil camente nos periódicos suas críticas à monarquia.
e Inglaterra, foi eleito o rei da Bélgica, Leopoldo I, que • Os grandes proprietários: Após a Lei Áurea as-
se manifestou a favor das atitudes do imperador Dom cende entre os grandes fazendeiros um clamor
Pedro II e aconselhou o governo britânico a pedir des- pela República, conhecidos como Republicanos de
culpas ao Brasil, o que não ocorreu. Em 1863, as relações 14 de maio, insatisfeitos pela decisão monárquica
diplomáticas entre os dois países foram rompidas, apesar do fim da escravidão se voltam contra o regime.
da manutenção dos contatos econômicos. Os fazendeiros paulistas que já importavam mão
Em 1865, porém, preocupada com a expansão para- de obra imigrante, também estão contrários à mo-
guaia em território sul-americano, a Inglaterra buscou narquia, pois buscam maior participação política e
uma reaproximação com o Brasil, e um representante poder de decisão nas questões nacionais.
inglês formalizou, em nome do governo britânico, um
pedido de desculpas a Dom Pedro II, reatando, assim, as • A classe média urbana: As classes urbanas em as-
censão buscam maior participação política e en-
relações diplomáticas entre Brasil e Inglaterra.17
contram no sistema imperial um empecilho para
alcançar maior liberdade de econômica e poder de
3. Crise do Império e proclamação da república
decisão nas questões políticas.
A Proclamação da República Brasileira aconteceu
no dia 15 de novembro de 1889. Resultado de um evante
político-militar que deu inicio à República Federativa Pre-
sidencialista. Fica marcada a figura de Marechal Deodoro EXERCÍCIOS COMENTADOS
da Fonseca como responsável pela efetiva proclamação e
como primeiro Presidente da República brasileira em um
1.(ENEM – 2014) Em 1879, cerca de cinco mil pessoas
governo provisório (1889-1891).
reuniram-se para solicitar a D. Pedro II a revogação de
Marechal Deodoro da Fonseca foi herói na guerra do
uma taxa de 20 réis, um vintém, sobre o transporte ur-
Paraguai (1864-1870), comandando um dos Batalhões de
bano. O vintém era a moeda de menor valor da época.
Brigada Expedicionária. Sempre contrário ao movimento
A polícia não permitiu que a multidão se aproximasse
republicano e defensor da Monarquia como deixa claro
do palácio. Ao grito de “Fora o vintém!”, os manifestan-
em cartas trocadas com seu sobrinho Clodoaldo da Fon-
tes espancaram condutores, esfaquearam mulas, viraram
seca em 1888 afirmando que apesar de todos os seus
bondes e arrancaram trilhos. Um oficial ordenou fogo
problemas a Monarquia continuava sendo o “único sus- contra a multidão. As estatísticas de mortos e feridos são
tentáculo” do país, e a república sendo proclamada cons- imprecisas. Muitos interesses se fundiram nessa revolta,
tituiria uma “verdadeira desgraça” por não estarem, os de grandes e de políticos, de gente miúda e de simples
brasileiros, preparados para ela. cidadãos. Desmoralizado, o ministério caiu. Uma grande
explosão social, detonada por um pobre vintém.
3.1. A crise no Império Disponível em: www.revistadehistoria.com.br. Acesso
em: 4 abro 2014 (adaptado).
O ultimo gabinete ministerial do Império, o “Gabinete
Ouro Preto”, sob a chefia do Senador pelo Partido Libe- A leitura do trecho indica que a coibição violenta das ma-
ral Visconde do Ouro Preto, assim que assume em junho nifestações representou uma tentativa de
de 1889 propõe um programa de governo com reformas
profundas no centralismo do governo imperial. Preten- a) capturar os ativistas radicais.
dia dar feição mais representativa aos moldes de uma b) proteger o patrimônio privado.
monarquia constitucional, contemplando aos republica- c) salvaguardar o espaço público.
HISTÓRIA DO BRASIL

nos com o fim da vitaliciedade do senado e adoção da d) conservar o exercício do poder.


liberdade de culto. Ouro Preto é acusado pela Câmara de e) sustentar o regime democrático.
estar dando inicio à República e se defende garantindo
que seu programa inutilizaria a proposta da República. Resposta: alternativa E. As manifestações de descon-
Recebe críticas de seus companheiros do Partido Liberal tentamento popular eram reprimidas de maneira vio-
por não discutir o problema do Federalismo. lenta para impedir que o poder, e as oligarquias que
se beneficiavam dele, não fosse posto em xeque.
17 Fonte: www.educabras.com

19
A REPÚBLICA BRASILEIRA. A CONSTITUIÇÃO DE 1891, OS MILITARES E A CONSOLIDAÇÃO
DA REPÚBLICA. A “POLÍTICA DOS GOVERNADORES”. O CORONELISMO E O SISTEMA ELEI-
TORAL. O MOVIMENTO OPERÁRIO. O TENENTISMO. A REVOLUÇÃO DE 1930. O PERÍODO
VARGAS (1930-1945): ECONOMIA, SOCIEDADE, POLÍTICA E CULTURA. O ESTADO NOVO.
O BRASIL NA II GUERRA MUNDIAL. O PERÍODO DEMOCRÁTICO (1945-1964): ECONOMIA,
SOCIEDADE, POLÍTICA E CULTURA. A INTERVENÇÃO MILITAR, SUA NATUREZA E TRANS-
FORMAÇÕES ENTRE 1964 E 1985. AS MUDANÇAS INSTITUCIONAIS DURANTE O PERÍODO.
O “MILAGRE ECONÔMICO”. A REDEMOCRATIZAÇÃO. OS MOVIMENTOS SOCIAIS NAS DÉ-
CADAS DE 1970 E 1980: ESTUDANTES, OPERÁRIOS E DEMAIS SETORES DA SOCIEDADE. A
CAMPANHA PELAS ELEIÇÕES DIRETAS. A CONSTITUIÇÃO DE 1988. O BRASIL DE 1985 A
2013: ECONOMIA, SOCIEDADE, POLÍTICA E CULTURA.

A Proclamação da República Brasileira aconteceu no dia 15 de novembro de 1889. Resultado de um evante


político-militar que deu inicio à República Federativa Presidencialista. Fica marcada a figura de Marechal Deodoro da
Fonseca como responsável pela efetiva proclamação e como primeiro Presidente da República brasileira em um gover-
no provisório (1889-1891).
Marechal Deodoro da Fonseca foi herói na guerra do Paraguai (1864-1870), comandando um dos Batalhões de
Brigada Expedicionária. Sempre contrário ao movimento republicano e defensor da Monarquia como deixa claro em
cartas trocadas com seu sobrinho Clodoaldo da Fonseca em 1888 afirmando que apesar de todos os seus problemas a
Monarquia continuava sendo o “único sustentáculo” do país, e a república sendo proclamada constituiria uma “verda-
deira desgraça” por não estarem, os brasileiros, preparados para ela.

A República Federativa Brasileira nasce pelas mãos dos militares que se veriam a partir de então como os defenso-
res da Pátria brasileira. A República foi proclamada por um monarquista. Deodoro da Fonseca assim como parte dos
militares que participaram da movimentação pelas ruas do Rio de Janeiro no dia 15 de Novembro pretendiam derrubar
apenas o gabinete do Visconde de Ouro Preto. No entanto, levado ao ato da proclamação, mesmo doente, Deodoro
age por acreditar que haveria represália do governo monárquico com sua prisão e de Benjamin Constant, devido à
insurgência dos militares.
A população das camadas sociais mais humildes observam atônitos os dias posteriores ao golpe republicano. A
República não favorecia em nada aos mais pobres e também não contou com a participação desses na ação efetiva. O
Império, principalmente após a abolição da escravidão tem entre essas camadas uma simpatia e mesmo uma gratidão
pela libertação. Há então um empenho das classes ativamente participativas da República recém-fundada para apagar
os vestígios da monarquia no Brasil, construir heróis republicanos e símbolos que garantissem que a sociedade brasi-
leira se identificasse com o novo modelo Republicano Federalista.

1. A Maçonaria e o Positivismo

O Governo Republicano Provisório foi ocupado por Marechal Deodoro da Fonseca como Presidente, Marechal
Floriano Peixoto como vice-presidente e como ministros: Benjamin Constant, Quintino Bocaiuva, Rui Barbosa, Campos
Sales, Aristides Lobo, Demétrio Ribeiro e o Almirante Eduardo Wandenkolk, todos os presentes na nata gestora da
República eram membros regulares da Maçonaria Brasileira. A Maçonaria e os maçons permanecem presentes entre as
lideranças brasileiras desde a Independência, aliados aos ideais da filosofia Positivista, unem-se na formação do Estado
Republicano, principalmente no que tange o Direito.
A filosofia Positivista de Auguste Comte esteve presente principalmente na construção dos símbolos da República.
Desde a produção da Bandeira Republicana com sua frase que transborda a essência da filosofia Comteana “Ordem
e Progresso”, ou no uso dos símbolos como um aparato religioso à religião republicana. Positivistas Ortodoxos como
Miguel Lemos e Teixeira Mendes foram os principais ativistas, usando das alegorias femininas e o mito do herói para
fortalecer entre toda a população a crença e o amor pela República. Esses Positivistas Ortodoxos acreditavam tão ple-
namente em sua missão política de fortalecimento da República que apesar de ridicularizados por seus opositores não
esmorecem e seguem fortalecendo o imaginário republicano com seus símbolos, mitos e alegorias.
A nova organização brasileira pouco ou nada muda nas formas de controle social, nem mesmo há mudanças na
pirâmide econômica, onde se agrupam na base o motor da economia, e onde estão presentes os extratos mais pobres
HISTÓRIA DO BRASIL

da sociedade, constituída principalmente por ex-escravizados e seus descendentes. Já nas camadas mais altas dessa
pirâmide econômica organizam-se oligarquias locais que assumem o poder da máquina pública gerenciando os proje-
tos locais e nacionais sempre em prol do extrato social ao qual pertencem. Não há uma revolução, ou mesmo grandes
mudanças com a Proclamação da República, o que há de imediato é a abertura da política aos homens enriquecidos,
principalmente pela agricultura. Enquanto o poder da maquina pública no Império estava concentrado na figura do
Imperador, que administrava de maneira centralizadora as decisões políticas, na República abre-se espaço de decisão
para a classe enriquecida que carecia desse poder de decisão política.

20
2. Republica das espadas e republica oligárquica las elites vitoriosas seguiria, e a partir de 1894 a Repúbli-
ca deixaria de ser um aparato ideológico para tornar-se
A República brasileira proclamada em novembro de instrumento de poder nas mãos das Oligarquias.
1889 nasce de um golpe militar realizado de maneira pa-
cífica pela não resistência do Imperador D. Pedro II que 3. Republica Oligarquica
sai sem grandes problemas e se exila na Europa.
Marechal Deodoro da Fonseca é quem ocupa a presi- Com a proclamação da República, em 1889, inaugu-
dência da República em um governo provisório. Deodoro rou-se um novo período na história política do Brasil: o
era declaradamente monarquista, amigo de D. Pedro II, poder político passou a ser controlado pelas oligarquias
mas por acreditar que haveria uma retaliação do Impé- rurais, principalmente as oligarquias cafeeiras. Entretan-
rio contra a movimentação insurgente do exército contra to, o controle político exercido pelas oligarquias não
o Gabinete do Visconde de Ouro Preto, resolve apoiar aconteceu logo em seguida à proclamação da Repúbli-
a causa. Ao ser chamado frente as tropas insurgentes, ca – os dois primeiros governos (1889-1894) correspon-
Marechal Deodoro não deixa de declarar seu apoio ao deram à chamada República da Espada, ou seja, o Brasil
esteve sob o comando do exército. Marechal Deodoro
Imperador e grita “«Viva Sua Majestade, o Imperador!»,
da Fonseca liderou o país durante o Governo Provisório
esse momento será lembrado posteriormente como o
(1889-1891). Após a saída de Deodoro, o Marechal Flo-
momento da Proclamação da República.
riano Peixoto esteve à frente do governo brasileiro até
O primeiro momento da República brasileira é mar-
1894.
cada pelo autoritarismo militar, visto que são esses que
No ano de 1894, os grupos oligárquicos, principal-
ficam responsáveis por manter a ordem e garantir a es-
mente a oligarquia cafeeira paulista, estavam articulando
tabilidade para o novo sistema que vislumbram para o para assumir o poder e controlar a República. Os paulistas
Brasil. Através do princípio Liberal havia chances de que apoiaram Floriano Peixoto. Dessa aliança surgiu o candi-
a partir desse momento um novo pacto social se estabe- dato eleito nas eleições de março de 1894, Prudente de
lecesse no Brasil, com participação ampla das camadas Morais, filiado ao Partido Republicano Paulista (PRP). A
populares, mas isso não ocorre. partir de então, o poder político brasileiro ficou restrito
O que acontece é a conservação e até o aumento da às oligarquias agrárias paulista e mineira, de 1894 a 1930,
exclusão social mediante ações influenciadas pelo pen- período conhecido como República Oligárquica. Assim, o
samento positivista onde militares acreditavam que com domínio político presidencial durante esse intervalo de
autoritarismo poderiam manter a ordem e levar o Brasil tempo prevaleceu entre São Paulo e Minas Gerais, efeti-
ao progresso, ideais do Positivismo. vando a política do café-com-leite.
Três mandatos marcam a República da Espada: o Durante o governo do presidente Campo Sales
primeiro, Governo Provisório de Deodoro da Fonseca (1898-1902), a República Oligárquica efetivou o que mar-
que faz a transição e sai garantindo a primeira eleição cou fundamentalmente a Primeira República: a chamada
de forma indireta, apesar do dispositivo da Constituição política dos governadores, que se baseava nos acordos
de 1891 prever eleições diretas. Eleito sem participação e alianças entre o presidente da República e os gover-
popular pelo Congresso Nacional Deodoro da Fonseca nadores de estado, que foram denominados Presidentes
assume então com vice Marechal Floriano Peixoto. de estado. Estes sempre apoiariam os candidatos fiéis ao
Deodoro, no entanto, pretende manter o controle da governo federal; em troca, o governo federal nunca in-
República e fecha o Congresso, a fim de garantir seus po- terferiria nas eleições locais (estaduais).
deres frente à “Lei de Responsabilidade”, anteriormente Mas, afinal, como era efetivado o apoio aos candida-
aprovada pelo congresso devido à crise econômica. Dá tos à presidência da República do governo federal pelos
inicio então a um governo ditatorial que é precipitado governadores dos estados? Esse apoio ficou conhecido
pela ameaça de bombardeio da Cidade do Rio de Janeiro como coronelismo: o título de coronel surgiu no perío-
feito pelos líderes da Revolta da Armada (conflito fomen- do imperial, mas com a proclamação da República os
tado pela Marinha Brasileira). coronéis continuaram com o prestígio social, político e
Frente a Revolta da Armada Deodoro renuncia em fa- econômico que exerciam nas vizinhanças das localidades
vor de seu, Floriano Peixoto, que mantém um regime li- de suas propriedades rurais. Eles eram os chefes políticos
nha dura contra opositores. Realiza uma verdadeira cam- locais e exerciam o mandonismo sobre a população.
panha de combate aos revoltosos da Segunda Revolta da Os coronéis sempre exerceram a política de troca
Armada, assim como aos revoltosos Federalistas no Rio de favores, mantinham sob sua proteção uma enorme
Grande do Sul, recebe a alcunha de “Marechal de Ferro” quantidade de afilhados políticos, em troca de obediên-
devido essas ações. cia rígida. Geralmente, sob a tutela dos coronéis, os afi-
No entanto, a República da Espada chegava ao fim lhados eram as principais articulações políticas. Nas áreas
após realizar uma transição necessária aos interesses das próximas à sua propriedade rural, o coronel controlava
elites, pacificaram e garantiram a ordem para que assu- todos os votos eleitorais a seu favor (esses locais ficaram
HISTÓRIA DO BRASIL

missem o comando aqueles que viriam a se estabelecer, conhecidos como “currais eleitorais”).
não apenas como elite econômica, mas também como Nos momentos de eleições, todos os afilhados (de-
lideranças políticas no cenário republicano. Os militares pendentes) dos coronéis votavam no candidato que o
deixam a política ainda com sentimento de guardiões da seu padrinho (coronel) apoiava. Esse controle dos vo-
República (serão chamados ao ofício da garantia da Or- tos políticos ficou conhecido como voto de cabresto,
dem diversas vezes no decorrer da história republicana presente durante toda a Primeira República, e foi o que
brasileira). Mas o sistema Liberal proposto em teoria pe- manteve as oligarquias rurais no poder.

21
Durante a Primeira República, o mercado tinha o ca- Este é o ambiente propício para o nascimento dos cha-
ráter agroexportador e o principal produto da economia mados movimentos nativistas, onde surgem a contestação
brasileira era o café. No ano de 1929, com a queda da de aspectos do colonialismo e primeiros conflitos de inte-
Bolsa de Valores de Nova York, a economia cafeeira bra- resses entre os senhores do Brasil e os de Portugal. Entre os
sileira enfrentou uma enorme crise, pois as grandes esto- movimentos de destaque estão a revolta dos Beckman, no
cagens de café fizeram com que o preço do produto so- Maranhão (1684); a Guerra dos Emboabas, em Minas Gerais
fresse uma redução acentuada, o que ocasionou a maior (1708), a Guerra dos Mascates, em Pernambuco (1710) e a
crise financeira brasileira durante a Primeira República. Revolta de Felipe dos Santos em Minas Gerais (1720).
Na Revolução de 1930, Getúlio Vargas assumiu o po- Mas é a Insurreição Pernambucana (1645-54) onde se
der após um golpe político que liderou juntamente com localiza o marco inicial destes movimentos.
os militares brasileiros. Os motivos do golpe foram as
eleições manipuladas para presidência da República, as Vamos ver um pouco mais sobre esses movimentos.
quais o candidato paulista Júlio Prestes havia ganhado,
de forma obscura, em relação ao outro candidato, o gaú- � Em 1562 - Confederação dos Tamoios
cho Getúlio Vargas, que, não aceitando a situação posta, A primeira rebelião de que se tem notícia foi uma re-
efetivou o golpe político, acabando de vez com a Repú- volta de uma coligação de tribos indígenas - com o
blica Oligárquica e com a supremacia política da oligar- apoio dos franceses que haviam fundado a França
quia paulista e mineira. Antártica - contra os portugueses. O movimento foi
pacificado pelos padres jesuítas Manuel da Nóbre-
MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL ga e José de Anchieta.
� Em 1645 - Insurreição Pernambucana
Do período colonial à república, conheça principais re-
Revolta da população nordestina (a partir de 1645)
voltas econômicas e sociais ao longo de cinco séculos de
contra o domínio holandês. Sob iniciativa dos se-
história.
nhores de engenho, os colonos foram mobilizados
para lutarem. As batalhas das Tabocas e de Gua-
rarapes enfraqueceram o poderio dos invasores
#FicaDica europeus. Até que, na batalha de Campina de Ta-
A seguir veremos os movimentos que marca- borda, em 1654, os holandeses foram derrotados e
ram nossa história. Vale, portanto, ressaltar, expulsos do País.
que dentre esses movimentos é necessário É considerada o marco inicial dos movimentos nati-
diferenciar a essência que os causou. vistas. Iniciada logo após a campanha pela expul-
Os movimentos a seguir ou eram nativistas são dos invasores holandeses, e de sua poderosa
ou emancipacionistas. Companhia das Índias Ocidentais, é ali que pela
Nativistas: representa movimentos de defesa primeira vez que se registrou a divergência entre
da terra, sem qualquer caráter separatista. os interesses dos colonos e os pretendidos pela
Emancipacionistas: eram mais radicais e pre- Metrópole. Os habitantes de Pernambuco começa-
tendiam, de fato, separar o Brasil de Portu- ram a desenvolver a noção de que a própria colô-
gal, criando um governo próprio e soberano, nia conseguiria administrar seus próprios destinos,
sem interferência externa de qualquer natu- até por que eles conseguiram expulsar os invaso-
reza. res praticamente sozinhos, num esforço que reu-
niu negros escravos, brancos e indígenas lutando
Na historiografia brasileira, dentro dos movimentos que juntos, com um punhado de oficiais lusitanos nos
ocorreram, temos aqueles que foram chamados de movi- altos postos de comando.
mentos nativistas, que representa o conjunto de revoltas
populares que tinham como objetivo o protesto em relação � Em 1682 - Guerra dos Bárbaros
a uma ou mais condições negativas da realidade da admi- Foram disputas intermitentes entre os índios cariris,
nistração colonial portuguesa no Brasil. Em retrospectiva, que ocupavam extensas áreas no Nordeste, contra
tais revoltas também foram importantes em um âmbito a dominação dos colonizadores portugueses. Fo-
maior. Apesar de constituírem movimentos exclusivamente ram cerca de 20 anos de confrontos.
locais, que não visavam em um primeiro momento a sepa-
ração política, o seu protesto contra algum abuso do pac- � Em 1684- Revolta dos Beckman - no Maranhão
to colonial contribuiu para a construção do sentimento de Provocada em grande parte pelo descontentamen-
nacionalidade em meio a tais comunidades. As principais
to com a Companhia de Comércio do Maranhão,
HISTÓRIA DO BRASIL

revoltas ocorrem entre meados do século XVII e começo do


ocorreu entre 1684 e 1685. Entre as reclamações
século XVIII, quando Portugal perdeu sua influência na Ásia,
estava o fornecimento de escravos negros em
e passou a cobrir os gastos da Coroa na metrópole com a
quantidade insuficiente. Ao mesmo tempo, os je-
receita obtida do Brasil. A sempre crescente cobrança de
suítas eram contrários a escravização dos indíge-
impostos, a criação frequente de novos tributos e o abuso
nas. Com a rebelião, os jesuítas são expulsos. Um
dos comerciantes portugueses na fixação de preços come-
novo governador é enviado e os revoltosos con-
çam a gerar insatisfação entre a elite agrária da colônia.
denados.

22
� Em 1708 – Guerra dos Emboabas - Privilégios que os portugueses tinham na colônia
A Guerra dos Emboabas foi um confronto travado em relação aos brasileiros.
de 1707 a 1709 pelo direito de exploração das - Leis injustas, criadas pela coroa portuguesa, que ti-
recém-descobertas jazidas de ouro na região do nham que ser seguidas pelos brasileiros.
atual estado de Minas Gerais, no Brasil. O conflito - Falta de autonomia política e jurídica, pois todas as
contrapôs os desbravadores vicentinos e os foras- ordens e leis vinham de Portugal.
teiros que vieram depois da descoberta das minas. - Punições violentas contra os colonos brasileiros que
não seguiam as determinações de Portugal.
� Em 1710 – Guerra dos Mascates - Influência dos ideais do Iluminismo e dos movimen-
A “Guerra dos Mascates” foi um confronto armado tos separatistas ocorridos em outros países (Inde-
ocorrido na Capitania de Pernambuco, entre os pendência dos Estados Unidos em 1776 e Revolu-
anos de 1709 e 1714, envolvendo os grandes se- ção Francesa em 1789).
nhores de engenho de Olinda e os comerciantes
portugueses do Recife, pejorativamente denomi- 2. Principais revoltas emancipacionistas
nados como “mascates”, devido sua profissão.
Não obstante, apesar do sentimento autonomista e � 1789 - Inconfidência mineira
antilusitano dos pernambucanos de Olinda, que Inconformados com o peso dos impostos, membros
chegaram até mesmo a propor que a cidade se da elite uniram-se para estabelecer uma repúbli-
tornasse uma República independente, este não
ca independente em Minas. A revolta foi marcada
foi um movimento separatista.
para a data da derrama (cobrança dos impostos
Contudo, não há consenso em afirmar que seja um
em atraso), mas os revolucionários foram traídos.
movimento nativista, uma vez que os “mascates”
envolvidos na disputa eram predominantemente Como consequência, os inconfidentes foram con-
comerciantes portugueses. denados à prisão ou exílio, com exceção de Tira-
dentes, que foi enforcado e esquartejado.
� Em 1720 - Revolta de Filipe dos Santos
Movimento social que ocorreu em 1720, em Vila Rica � 1798 - Conjuração Baiana (ou Conspiração dos
(atual Ouro Preto), contra a exploração do ouro e Alfaiates)
cobrança extorsiva de impostos da metrópole so- Foi uma rebelião popular, de caráter separatista,
bre a colônia. A revolta contou com cerca de dois ocorrida na Bahia em 1798. Movidos por uma
mil populares, que pegaram em armas e ocuparam mescla de republicanismo e ódio à desigualdade
pontos da cidade. A coroa portuguesa reagiu e o social, homens humildes, quase todos mulatos, de-
líder, Filipe dos Santos Freire, acabou enforcado. fendiam a liberdade com relação a Portugal, a im-
plantação de um sistema republicano e liberdade
1. Movimentos emancipacionistas comercial. Após vários motins e saques, a rebelião
foi reprimida pelas forças do governo, sendo que
A partir da segunda metade do século XVIII, com os
desdobramentos das revoltas na França e Estados Uni- vários revoltosos foram presos, julgados e conde-
dos, e os conceitos do Iluminismo penetrando em meio nados. Um dos principais líderes foi o alfaiate João
à sociedade brasileira, os descontentamentos vão se de Deus do Nascimento. O governo baiano debe-
avolumando e a metrópole portuguesa parece insensí- lou o movimento.
vel a qualquer protesto. Assim, os movimentos nativistas
passarão a incorporar em seu ideal a busca pela inde- � 1817 - Revolução Pernambucana
pendência, ainda que somente da região dos revoltosos, Foi um movimento que defendia a independência de
pois a noção de um país reunindo todas as colônias por- Portugal. Os revoltosos (religiosos, comerciantes e
tuguesas na América era algo impensado. O mais conhe- militares) prenderam o governador de Pernambu-
cido em meio a estes movimentos é a Inconfidência Mi- co e constituíram um governo provisório. O movi-
neira de 1789, da qual surgiu o mártir da independência, mento se estendeu à Paraíba e ao Rio Grande do
Tiradentes. Norte, mas a república durou menos de três meses,
As revoltas emancipacionistas foram movimentos
caindo sob o avanço das tropas. Participantes fo-
sociais ocorridos no Brasil Colonial, caracterizados pelo
forte anseio de conquistar a independência do Brasil com ram presos e condenados à morte.
relação a Portugal. Estes movimentos possuíam certa or-
ganização política e militar, além de contar com forte � 1824 - Confederação do Equador
sentimento contrário à dominação colonial. Foi um movimento político contrário à centralização
do poder imperial, ocorrido no nordeste. Em 2 de
HISTÓRIA DO BRASIL

1.1. Causas principais julho, Pernambuco declarou independência. A re-


volta ampliou-se rapidamente para outras provín-
- Cobrança elevada de impostos de Portugal sobre o cias, como Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.
Brasil. Reprimidos, em setembro, os revolucionários já es-
- Pacto Colonial - Brasil só podia manter relações co-
tavam derrotados e seus líderes foram condenados
merciais com Portugal, além de ser impedido de
ao fuzilamento, forca ou prisão perpétua.
desenvolver indústrias.

23
� 1833 - Cabanagem Essa mudança dá início à revolta em 13 de dezembro
Movimento que eclodiu na província do Grão-Pará de 1838, quando um grupo de vaqueiros liderados por
(Amazonas e Pará atuais), de 1833 a 1839, come- Raimundo Gomes invade a cadeia local para libertar ami-
çou com a resistência oferecida pelo presidente gos presos. O sucesso da invasão dá a chance de ocupar
do conselho da província, que impediu o desem- o vilarejo como um todo.
barque das autoridades nomeadas pela regência. Enquanto a rivalidade transcorria e aumentava, Rai-
Grande parte dos revoltosos era formada por mes- mundo Gomes e Manoel Francisco do Anjos Ferreira le-
tiços e índios, chamados de cabanos. Ele chegaram vam a revolta até o Piauí, no ano de 1839. Este último
a tomar Belém, mas foram derrotados depois de líder era artesão, e fabricava cestos de palha, chamados
longa resistência. de balaios na região, daí o nome da revolta. Essa interfe-
rência externa altera o cenário político da revolta e muda
� 1835 - Guerra dos Farrapos seu rumo.
Uma das mais extensas rebeliões deflagradas no Bra- Devido aos problemas causados aos interesses da eli-
sil (de 1835 a 1845) aconteceu no Rio Grande do te da região, bem-te-vis e cabanos se unem contra os
Sul tinha caráter republicano. O grupo liberal dos balaios.
chimangos protestava contra a pesada taxação do A agitação social causada pela revolta beneficia os
charque e do couro e chegou a proclamar inde- bem-te-vis e coloca o povo em desagrado contra o
pendência do RS. Depois de várias batalhas, o go- governo cabano. Em 1839 os balaios tomam a Vila de
verno brasileiro concedeu a anistia a todos. Caxias, a segunda cidade mais importante do Maranhão.
Uma das táticas para enfraquecer os revoltosos foram as
� 1837 - Sabinada tentativas de suborno e desmoralização que visavam de-
A revolta feita por militares e integrantes da classe sarticular o movimento.
média e rica da Bahia pretendia implementar uma Em 1839 o governo chama Luis Alves de Lima e Sil-
república. Em 7 de novembro de 1837, os revolto- va (depois conhecido como Duque de Caxias) para ser
sos tomaram o poder em Salvador e decretaram a presidente da província e, ao mesmo tempo, organizar a
República Bahiense. Cercados pelo exército gover- repressão aos movimentos revoltosos e pacificar o Mara-
nista, o movimento resistiu até meados de março nhão. Esse é tido como o início da brilhante carreira do
de 1838. A repressão foi violenta e milhares foram militar.
mortos ou feitos prisioneiros. O Comandante resolveu os problemas que atravan-
cavam o funcionamento adequado das forças militares.
� 1838 - Balaiada Pagou os atrasados dos militares, organizou as tropas,
Balaiada é no nome pelo qual ficou conhecida a im- cercou e atacou redutos balaios já enfraquecidos por de-
portante revolta que se deu no Maranhão do sécu-
serções e pela perda do apoio dos bem-te-vis. Organizou
lo XIX. É mais um capítulo das convulsões sociais e
toda a estratégia e a execução do plano que visava acabar
políticas que atingiram o Brasil no turbulento mo-
mento que vai da independência do Brasil à pro- de vez por todas com a revolta.
clamação da República. Em 1840 a chance de anistia, dada pelo governo,
Naquele momento, a sociedade maranhense esta- estimula a rendição de 2500 balaios, inviabilizando o já
va dividida, basicamente, entre uma classe baixa, combalido exército. Os que resistiram, foram derrotados.
composta por escravos e sertanejos, e uma classe A Balaiada chega ao fim, entrando pra história do Brasil
alta, composta por proprietários rurais e comer- como mais um momento conflituoso da ainda frágil mo-
ciantes. narquia e da história do Brasil.

Para ampliar sua influência junto à política e à socie- 3. Movimentos da República Velha até Era Vargas
dade, os conservadores tentam através de uma medida,
ampliar os poderes dos prefeitos. Essa medida impopu- O período da História brasileira conhecido como Re-
lar faz com que a insatisfação social cresça consideravel- pública Velha, compreendido entre os anos de 1889 e
mente, alimentando a revolta conhecida como Balaiada. 1930, representou profundas mudanças na sociedade
A Balaiada foi uma reação e uma luta dos maranhen- nacional, principalmente na composição da população,
ses contra injustiças praticadas por elites políticas e as no cenário urbano, nos conflitos sociais e na produção
desigualdades sociais que assolavam o Maranhão do sé- cultural. Cabe aqui fazer uma indagação: com mudanças
culo XIX. tão profundas, o que permaneceu delas na vida social
A origem da revolta remete à confrontação entre atual?
duas facções, os Cabanos (de linha conservadora) e os Uma mudança da sociedade da República Velha ocor-
chamados “bem-te-vis” (de linha liberal). Eram esses dois reu na economia. A produção agrícola ainda era o carro-
partidos que representavam os interesses políticos da -chefe econômico da República Velha e o café continuava
HISTÓRIA DO BRASIL

elite do Maranhão. a ser o principal produto de exportação brasileiro. Mas o


Até 1837, o governo foi chefiado pelos liberais, man- desenvolvimento do capitalismo e a criação de mercado-
tendo seu domínio social na região. No entanto, diante rias que utilizavam em sua fabricação a borracha (como
da ascensão de Araújo de Lima ao governo da província o automóvel) fizeram com que a exploração do látex na
e dos conservadores ao governo central, no Rio de Janei- região amazônica se desenvolvesse rapidamente, che-
ro, os cabanos do Maranhão afastaram os bem-te-vis e gando a competir com o café como o principal produto
ocuparam o poder. de exportação. Porém, o período de auge da borracha foi

24
curto, pois os ingleses conseguiram produzir de forma - 1904 - Revolta da Vacina
mais eficiente a borracha na Ásia, desbancando a produ- Foi uma revolta popular ocorrida no Rio de Janei-
ção brasileira. ro em novembro de 1904. A principal causa foi a
Outro aspecto econômico da República Velha foi o campanha de vacinação obrigatória contra a va-
início da industrialização no Brasil, principalmente no ríola, comandada pelo médico Oswaldo Cruz. Mi-
Rio de Janeiro e em São Paulo. O capital acumulado com lhares de habitantes tomaram as ruas em violen-
a produção cafeeira possibilitou aos grandes fazendeiros tos conflitos com a polícia, revoltados por terem
investir na indústria, dando novo dinamismo à sociedade de tomar a vacina. Forças governistas prenderam
nestes locais. São Paulo e Rio de Janeiro passaram por quase mil pessoas e deportaram para o Acre me-
uma profunda urbanização, criando avenidas, iluminação tade delas.
pública, transporte coletivo (bondes), teatros, cinemas e,
principalmente, afastando as populações pobres dos cen- - 1912 - Guerra do Contestado
tros das cidades. Mas não foi apenas nestas duas cidades Foi um conflito que ocorreu entre 1912 e 1916 no
que houve mudanças, já que a mesma situação se veri- Paraná e Santa Catarina. Nessa época, Contestado,
ficou em Manaus, Belém e cidades do interior paulista, assim como Canudos, era um terreno fértil para o
como Ribeirão Preto e Campinas. messianismo e via crescer a insatisfação popular
Esse processo contou também com a vinda ao Bra- com a miséria e a insensibilidade política. Forças
sil de milhões de imigrantes europeus e asiáticos para policiais e do exército alcançaram a vitória, dei-
trabalharem tanto nas indústrias quanto nas grandes fa- xando milhares de mortos.
zendas. O fluxo migratório na República Velha alterou
substancialmente a composição da sociedade, intensifi- - 1922 - Movimento Tenentista
cando a miscigenação, fato que, aos olhos das elites do Durante a década de 1920 diversos fatores se conju-
país, poderia levar a um embranquecimento da popula- garam para acelerar o declínio da República Velha.
ção, aprofundando o preconceito contra os negros de Os levantes militares e tenentistas, o fim da política
origem africana. do café-com-leite, o agrupamento das oligarquias
Mas a modernização na República Velha apresentou dissidentes na Aliança Liberal e o colapso da eco-
também contradições sociais que resultaram em confli- nomia cafeeira foram alguns fatores que criaram as
tos de várias ordens. condições para a revolução de 1930, que assinalou
o fim da República Velha e o início da Era Vargas.
Vejamos os movimentos dessa época: • A República do Café com Leite: Os principais Esta-
dos que dominavam o conjunto da federação eram
- 1893 - Revolta da Armada Minas (maior produtor de leite)e São Paulo(maior
Foi um movimento contra o presidente Floriano Pei- produtor de café) . Sabendo fazer as devidas
xoto que irrompeu no Rio de Janeiro em 6 de se- coligações com as oligarquias dos demais esta-
tembro de 1893. Praticamente toda a marinha se dos brasileiros, Minas e São Paulo mantiveram,
tornou antiflorianista. O principal combate ocor- de modo geral, o controle político do País.
reu na Ponta da Armação, em Niterói, a 9 de feve- • A situação econômica do período: Os principais
reiro de 1894. O governo conseguiu a vitória gra- produtos agrícolas brasileiros em condições de
ças a uma nova esquadra, adquirida e aparelhada competir no exterior (açúcar, algodão, borracha,
no exterior, e debelou a rebelião em março. cacau) sofrem a concorrência de outros países
dirigidos pelo mundo capitalista. Assim, o Brasil
- 1893 - Revolução Federalista teve suas exportações cada vez mais concentradas
Foi um levante contra o governo de Floriano Peixo- num único produto, o café que chegou a repre-
to, de 1893 a 1895, no Rio Grande do Sul. De um sentar 72,5% de nossas receitas de exportação. O
lado estavam os maragatos (antiflorianistas), do café, contudo, padecia de frequentes crises de pro-
outro, os pica-paus (governistas). Remanescentes dução que a política de valorização do produto (
da Revolta da Armada, que haviam desembarcado compra e estocagem pelo Governo) não conseguiu
no Uruguai, uniram-se aos maragatos. Ocorreram contornar A burguesia agrária mais progressista
batalhas em terra e mar. Ao final, os maragatos desviou capitais para outras atividades econômi-
foram derrotados pelo exército governista. cas. Durante Primeira Guerra Mundial (1914-1918),
surgiu toda uma conjuntura favorável a um expres-
- 1896 - Guerra de Canudos sivo impulso industrial brasileiro. Pelo mecanismo
Avaliações políticas erradas, pobreza e religiosi- de substituição de importações a indústria nacio-
dade deram início à guerra contra os habitantes nal foi progressivamente conquistado o mercado
HISTÓRIA DO BRASIL

do arraial de Canudos, no interior da Bahia, onde interno do país.


viviam, em 1896, cerca de 20 mil pessoas sob o • A crise da República Velha : No início da década
comando do beato Antonio Conselheiro. De no- de 1920, crescia o descontentamento social con-
vembro de 1896 à derrota em outubro de 1897, tra o tradicional sistema oligárquico que dominava
o arraial resistiu às investidas das tropas federais politicamente o país. As revoltas tenentistas ( Re-
(quatro expedições militares). A guerra deixou 25 volta do Forte de Copacabana, Revolução de 1924,
mil mortos. a Coluna Paulista e o desdobramento da Coluna

25
Prestes) são reflexos do clima de elevada tensão de cabresto e eram favoráveis ao direito da mulher ao
político-se oficial do período. A contestação contra voto. Descontentes com a realidade política do Brasil,
as velhas estruturas do País manifestaram-se tam- acreditavam que se fazia necessário uma reforma no en-
bém no plano cultural, por intermédio do movi- sino público, assim como a concessão da liberdade aos
mento culturista, cujo marco inicial foi a Semana meios de comunicação, a restrição do Poder Executivo
de Arte Moderna de 1922. A crise mundial de 1929, e a moralização dos ocupantes das cadeiras no Poder
refletida no Brasil pela violenta queda dos preços Legislativo.
do café, enfraqueceu o poder da oligarquia cafeei- O Tenentismo conquistou civis que aderiram ao pro-
ra e, indiretamente, afetou a estrutura política da jeto, mas com o tempo foi ficando claro que a defesa
República Velha. era pela implantação de um Estado forte e centralizado,
• A ruptura das oligarquias e a Revolução de 1930: através do qual as necessidades do país poderiam ficar
Por ocasião das eleições presidenciais de 1930 explícitas e resolvidas.
ocorreu uma ruptura do tradicional acordo político A evolução do Movimento Tenentista se dá ao lon-
entre Minas e São Paulo. Os demais grupos sociais go da década de 1920 por via de suas expressões arma-
de oposição aproveitaram-se da oportunidade das. A primeira ação deste tipo dos Tenentes aconteceu
para formar uma frente política ( Aliança Liberal) em 1922 no evento conhecido como Revolta dos 18 do
com os nomes de Getúlio Vargas e João Pessoa, Forte de Copacabana, em 1924 veio a Comuna de Ma-
respectivamente para Presidente e Vice-Presidente naus e a Revolução de 1924. Concomitantemente teve
da República. O programa da Aliança Liberal incor- início o evento mais duradouro e que percorreu grande
porava as principais metas reformistas do período território no Brasil, a Coluna Prestes.
(voto secreto, leis trabalhistas, industrialização). A Coluna Prestes foi um movimento em forma de
Realizadas as eleições, a Aliança Liberal não con- guerrilha e composto por militares, liderada por Luís
seguiu vencer o candidato do PRP e imputou o Carlos Prestes o movimento saiu da região sul do país
e percorreu mais de 3.000 Km combatendo as tropas do
resultado adverso às costumeiras fraudes de um
governo. Em todos os confrontos a Coluna Prestes saiu
sistema eleitoral corrompido. A revolta contra o
vencedora e por fim foi se refugiar na Bolívia para ar-
Governo Federal teve como estopim o assassina- quitetar um golpe de Estado. O Tenentismo não gerou
to de João Pessoa. Explodiu a Revolução de 1930 efeitos imediatos no Brasil, mas o somatório dos aconte-
que, em um mês, atingiu o poder da República. cimentos na década de 1920 foi importante para abalar
a estrutura política das oligarquias e mudar significativa-
4. Revoltas Tenentistas mente a ordem política no Brasil em 1930.
Em 1929 o Tenentismo integra a Aliança Liberal,
Na década de 1920 surgiu no Brasil um movimento mas nesse momento Luís Carlos Prestes já havia se tor-
conhecido como Tenentismo, formado em geral por mi- nado comunista e não mais integrava o movimento. A
litares de média e baixa patente. Questionavam o siste- Aliança Liberal somava a luta Tenentista que envolvia
ma vigente no país e, mesmo sem defender uma causa o voto secreto e também feminino com a evolução do
ideológica específica, propunham mudanças no sistema direito trabalhista. O Tenentismo foi fundamental para
eleitoral e na educação pública da República Velha. que Getúlio Vargas assumisse o poder, tanto que após a
Foram os militares que governaram o Brasil nos dois Revolução de 1930 o presidente nomeou vários tenentes
primeiros mandatos da República, mas após Floriano como interventores em quase todos os estados.
Peixoto foram afastados da presidência para darem lu- O Tenentismo se manteve presente na política e
gar aos governos civis. Tem início também a partir de passa por uma cisão em 1937 quando um grupo deci-
de seguir Luís Carlos Prestes e outro rompe com o pre-
então o domínio de uma oligarquia que mantinha o
sidente Getúlio Vargas e passa a exercer a oposição. O
controle do poder no país e que revezava os grupos no
Movimento Tenentista esteve presente na deposição de
poder. Durante toda a República Velha, Minas Gerais e Getúlio Vargas em 1945 e disputou as eleições presiden-
São Paulo eram os dois principais estados brasileiros no ciais no mesmo ano e também em 1955. Quando ocorreu
cenário político, o predomínio dos mesmos na ocupação a Revolução de 1964 que colocou os militares no poder
do principal cargo no país envolvendo um esquema de no Brasil quase todos os comandantes eram tenentes na
mútua cooperação caracterizou tal período da história ocasião da Revolução de 1930, como é o caso de Ernesto
brasileira. O Tenentismo surgiu justamente como forma Geisel, Castelo Branco e Médici. Dessa forma o Tenen-
de contestação ao sistema político que dominava o Bra- tismo se manteve vivo até meados da década de 1970
sil e não permitia espaços para grupos que não fizessem quando os membros do movimento nascido na década
parte da oligarquia. de 1920 começaram a morrer.
Logo no início da década de 1920 se espalharam pe-
los quartéis os ideais do Movimento Tenentista. Car- Ainda em 1922, tivemos um importante movimento
HISTÓRIA DO BRASIL

regando a bandeira da democracia, o grupo que era social:


formado basicamente por militares de baixa patente
colocava em questão as principais marcas da Política do � Semana da Arte Moderna
Café com Leite. Os militares defendiam a dinamização No aspecto cultural da sociedade, surgiu o choro e
da estrutura do poder no país, almejando que o proces- o samba, gêneros musicais que ainda fazem parte
so eleitoral se tornasse mais democrático e permitisse o da cultura popular nacional. Na elite, a influência
acesso de mais grupos ao poder, questionavam o voto europeia, principalmente francesa, mudou o com-

26
portamento das pessoas ricas, em seu jeito de ves- -Lobos, Guiomar Novais, Ernani Braga e Frutuoso Viana.
tir, falar e se portar em público, o que ficou conhe- Em 1913, sementes do Modernismo já estavam sen-
cido como a Belle Époque (Bela Época) no Brasil. do cultivadas. O pintor Lasar Segall, vindo recentemente
Surgiu também na República Velha a Semana de da Alemanha, realizara exposições em São Paulo e em
Arte Moderna de 1922, animada por vários artistas Campinas, recepcionadas com uma certa indiferença.
como Villa-Lobos e Mário de Andrade, e que pre- Segall retornou então à Alemanha e só voltou ao Brasil
tendia fazer uma antropofagia cultural, misturan- dez anos depois, em um momento bem mais propício.
do elementos das culturas europeia e brasileira na A mostra de Anita Malfatti, que desencadeou a Semana,
produção artística. apesar da violenta crítica recebida, reunir ao seu redor
artistas dispostos a empreender uma luta pela renova-
A Semana de Arte Moderna de 1922, realizada em ção artística brasileira. A exposição de artes plásticas da
São Paulo, no Teatro Municipal, de 11 a 18 de feverei- Semana de Arte Moderna foi organizada por Di Caval-
ro, teve como principal propósito renovar, transformar canti e Rubens Borba de Morais e contou também com
o contexto artístico e cultural urbano, tanto na literatura, a colaboração de Ronald de Carvalho, do Rio de Janeiro.
quanto nas artes plásticas, na arquitetura e na música. Após a realização da Semana, alguns dos artistas mais
Mudar, subverter uma produção artística, criar uma arte importantes retornaram para a Europa, enfraquecendo
essencialmente brasileira, embora em sintonia com as o movimento, mas produtores artísticos como Tarsila do
novas tendências europeias, essa era basicamente a in- Amaral, grande pintora modernista, faziam o caminho in-
tenção dos modernistas. verso, enriquecendo as artes plásticas brasileiras.
Durante uma semana a cidade entrou em plena ebu- A Semana não foi tão importante no seu contexto
lição cultural, sob a inspiração de novas linguagens, de temporal, mas o tempo a presenteou com um valor his-
experiências artísticas, de uma liberdade criadora sem tórico e cultural talvez inimaginável naquela época. Não
igual, com o consequente rompimento com o passado. havia entre seus participantes uma coletânea de ideias
Novos conceitos foram difundidos e despontaram talen- comum a todos, por isso ela se dividiu em diversas ten-
tos como os de Mário e Oswald de Andrade na literatura, dências diferentes, todas pleiteando a mesma herança,
Víctor Brecheret na escultura e Anita Malfatti na pin- entre elas o Movimento Pau-Brasil, o Movimento Ver-
tura. de-Amarelo e Grupo da Anta, e o Movimento Antropo-
O movimento modernista eclodiu em um contexto fágico. Os principais meios de divulgação destes novos
repleto de agitações políticas, sociais, econômicas e cul- ideais eram a Revista Klaxon e a Revista de Antropofagia.
turais. Em meio a este redemoinho histórico surgiram as O principal legado da Semana de Arte Moderna foi
vanguardas artísticas e linguagens liberadas de regras e libertar a arte brasileira da reprodução nada criativa de
de disciplinas. A Semana, como toda inovação, não foi padrões europeus, e dar início à construção de uma cul-
bem acolhida pelos tradicionais paulistas, e a crítica não tura essencialmente nacional.
poupou esforços para destruir suas ideias, em plena vi-
gência da República Velha, encabeçada por oligarcas do � 1930 – Revolução de 30 e o período de Vargas
café e da política conservadora que então dominava o A designação movimento político de 1930 é a mais
cenário brasileiro. A elite, habituada aos modelos estéti- apropriada para o processo de destituição do pre-
cos europeus mais arcaicos, sentiu-se violentada em sua sidente Washington Luís (1926-1930) e a ascensão
sensibilidade e afrontada em suas preferências artísticas. de Getúlio Vargas ao governo do país. Não obs-
A nova geração intelectual brasileira sentiu a necessi- tante, ter havido uma alteração no cenário político
dade de transformar os antigos conceitos do século XIX. nacional, não ocorreu uma transformação drástica
Embora o principal centro de insatisfação estética seja, dos quadros políticos que continuaram a perten-
nesta época, a literatura, particularmente a poesia, movi- cer às oligarquias estaduais. As reformas realizadas
mentos como o Futurismo, o Cubismo e o Expressionis- eram imperiosas para agregar as oligarquias pe-
mo começavam a influenciar os artistas brasileiros. Anita riféricas ao governo federal. Desse modo, o em-
Malfatti trazia da Europa, em sua bagagem, experiências prego do termo “Revolução de 1930”, costumei-
vanguardistas que marcaram intensamente o trabalho ramente adotado para esse processo político, não
desta jovem, que em 1917 realizou a que ficou conheci- é o mais adequado.
da como a primeira exposição do Modernismo brasileiro.
Este evento foi alvo de escândalo e de críticas ferozes Alguns fatores propiciaram a instauração da segunda
de Monteiro Lobato, provocando assim o nascimento da fase do período republicano, desencadeada pela emer-
Semana de Arte Moderna. gência do movimento político de 1930. A quebra da
O catálogo da Semana apresenta nomes como os de bolsa de Nova Iorque, em outubro de 1929, provocou
Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Yan de Almeida Prado, John a queda da compra do café brasileiro pelos países Eu-
HISTÓRIA DO BRASIL

Graz, Oswaldo Goeldi, entre outros, na Pintura e no Dese- ropeus e Estados Unidos. O café era o principal produto
nho; Victor Brecheret, Hildegardo Leão Velloso e Wilhelm exportado pelo Brasil, e a redução das vendas das safras
Haarberg, na Escultura; Antonio Garcia Moya e Georg afetou a economia. No início do século XX era comum o
Przyrembel, na Arquitetura. Entre os escritores encontra- financiamento federal à produção cafeeira, por meio da
vam-se Mário e Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, aquisição de empréstimos externos. Com a eclosão da
Sérgio Milliet, Plínio Salgado, e outros mais. A música es- crise de 1929 esse subsídio foi inviabilizado, debilitando
tava representada por autores consagrados, como Villa- o principal investimento nacional da época. As revoltas

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tenentistas ocorridas durante a década de 1920 e as ma- so, uma junta provisória militar depôs Washington Luís e
nifestações e greves operárias também foram importan- assumiu o comando do país, em 24 de outubro de 1930.
tes aspectos que geraram instabilidade política no país. Quando Getúlio Vargas chegou com as tropas ao Rio de
A fragilidade da economia nacional e a insatisfação de Janeiro, em 3 de novembro de 1930, a junta provisória
parcelas da população suscitaram a vulnerabilidade do lhe transferiu o governo. Assim, iniciou o Governo Provi-
regime oligárquico. sório de Getúlio Vargas.
Durante a Primeira República destacavam-se econô-
mica e politicamente as oligarquias de São Paulo e Minas 5. Era Vargas
Gerais, por isso as sucessões presidenciais eram decidi-
das pelos políticos desses Estados. Essa prática ficou co- A Era Vargas, que teve início com a Revolução de
nhecida como política do café com leite, em referência 1930 e expulsou do poder a oligarquia cafeeira, ramifi-
aos principais produtos de São Paulo e Minas Gerais. Em ca-se em três momentos: o Governo Provisório -1930-
1929, esperava-se que a candidatura para a presidência 1934 -, o Governo Constitucional - 1934-1937 - e o Es-
da República fosse de um político mineiro, já que o então tado Novo - 1937-1945. Durante o Governo Provisório,
presidente consolidara a carreira política no Estado de o presidente Getúlio Vargas deu início ao processo de
São Paulo. No entanto, Washington Luís apoiou a can- centralização do poder, eliminou os órgãos legislativos
didatura do paulista Júlio Prestes para a presidência da - federal, estadual e municipal -, designando represen-
República e de Vital Soares para a vice-presidência, des- tantes do governo para assumir o controle dos estados,
contentando a oligarquia mineira. e obstruiu o conjunto de leis que regiam a nação.
Os dissídios entre as oligarquias geraram as articula- Nesse momento temos a Revolução Constitucionalis-
ções para construir uma oposição à candidatura situacio- ta (1932) - Dois anos depois da Revolução de 30, a 9 de
nista. O presidente do Estado de Minas Gerais, Antonio julho de 1932, o Estado de São Paulo se rebelou contra
Carlos Ribeiro de Andrada, entrou em contato com o a ditadura Vargas. Embora o movimento tenha nascido
presidente do Estado do Rio Grande do Sul, Getúlio Var- de reivindicações da elite paulista, teve ampla participa-
gas, para formar uma aliança de oposição. O presidente ção popular. Apesar da derrota - São Paulo lutou isolado
do Estado da Paraíba, João Pessoa, negou-se a participar contra as demais unidades da federação -, a resistência
da candidatura de Júlio Prestes e agregou-se aos opo- foi um marco nas lutas em favor da democracia no Brasil.
sicionistas. Além dos presidentes desses três Estados, A oposição às ambições centralizadoras de Vargas
parcelas do movimento tenentista e as oposições aos concentrou-se em São Paulo, que de forma violenta co-
demais governos estaduais formaram a Aliança Liberal, e meçou uma agitação armada – este evento entrou para a
lançaram a candidatura de Getúlio Vargas à presidência e história, exigindo a realização de eleições para a elabora-
João Pessoa à vice-presidência. Dentre algumas das pro- ção de uma Assembleia Constituinte. Apesar do desbara-
postas da Aliança Liberal para a reformulação política e tamento do movimento, o presidente convocou eleições
econômica no país, constavam no programa: a represen- para a Constituinte e, em 1934, apresentou a nova Carta.
tação popular pelo voto secreto, anistia aos insurgentes A nova Constituição sancionou o voto secreto e o
do movimento tenentista na década de 1920, reformas voto feminino, além de conferir vários direitos aos traba-
trabalhistas, a autonomia do setor Judiciário e a adoção lhadores, os quais vigoram até hoje.
de medidas protecionistas aos produtos nacionais para Durante o Governo Constitucional, a altercação políti-
além do café. ca se deu em volta de dois ideários primordiais: o fascista
A eleição para a presidência ocorreu em 1° de março – conjunto de ideias e preceitos político-sociais totalitá-
de 1930 e o resultado foi favorável à chapa Júlio Prestes rios introduzidos na Itália por Mussolini –, defendido pela
– Vital Soares. Apesar de a Aliança Liberal acusar o pleito Ação Integralista Brasileira, e o democrático, representa-
do pela Aliança Nacional Libertadora, que contava com
eleitoral de fraudulento, a princípio não houve requisi-
indivíduos partidários das reformas profundas da socie-
ção do posto de presidente da República. Os partidários
dade brasileira.
oposicionistas apenas decidiram pegar em armas e alçar
Getúlio Vargas, porém, cultivava uma política de
Getúlio Vargas à presidência com a morte de João Pes-
centralização do poder e, após a experiência frustrada
soa, em 26 de julho de 1930. João Pessoa foi assassinado
de golpe por parte da esquerda - a histórica Intento-
por conta de um conflito da política regional da Paraíba,
na Comunista -, ele suspendeu outra vez as liberdades
no entanto, o governo federal foi responsabilizado por
constitucionais, fundando um regime ditatorial em 1937.
esse atentado. Membros da Aliança Liberal entraram em
Nesse mesmo ano, estabeleceu uma nova Constituição,
contato com os generais para apoiarem a deposição de influenciada pelo arquétipo fascista, que afiançava vastos
Washington Luís e garantirem que Getúlio Vargas se tor- poderes ao Presidente. A nova constituição acabava com
nasse o próximo dirigente do país. o Legislativo e determinava a sujeição do Judiciário ao
Em 3 de outubro de 1930, a Aliança Liberal iniciou as Executivo. Objetivando um domínio maior sobre o apa-
HISTÓRIA DO BRASIL

incursões armadas. Na região Nordeste, as tropas foram relho de Estado, Vargas instituiu o Departamento Admi-
lideradas por Juarez Távora, e tiveram como área de dis- nistrativo do Serviço Público (DASP) e o Departamento
seminação o Estado da Paraíba. E na região Sul, as tropas de Imprensa e Propaganda (DIP), que, além de fiscalizar
possuíam maior quantidade de membros comandados os meios de comunicação, deveria espalhar uma imagem
pelo general Góis Monteiro. As tropas dirigiam-se para o positiva do governo e, especialmente, do Presidente.
Rio de Janeiro, então capital federal, onde Getúlio Vargas As polícias estaduais tiveram suas mordomias expan-
seria elevado à presidência da República. Nesse proces- didas e, para apoderar-se do apoio da classe trabalhado-

28
ra, Vargas concedeu-lhes direitos trabalhistas, tais como no campo. Essas medidas de mudança social iriam com-
a regulamentação do trabalho noturno, do emprego de por a base das propostas do Governo de João Goulart.
menores de idade e da mulher, fixou a jornada de traba- O estado brasileiro estava caminhando para resolver de-
lho em oito horas diárias de serviço e ampliou o direito à mandas há muito reprimidas, como a reforma agrária.
aposentadoria a todos os trabalhadores urbanos, apesar Frente ao perigo que representava aos seus interesses
de conservar a atividade sindical nas mãos do governo econômicos e políticos, as classes dominantes mais uma
federal. O Estado Novo implantou no Brasil a doutrina vez orquestraram um golpe de Estado, com a deposição
política de intervenção estatal sobre a economia e, ao pelo exército de João Goulart, em 1964.
mesmo tempo em que proporcionava estímulo à área ru-
ral, apadrinhava o crescimento industrial, ao aplicar fun- DO PERÍODO MILITAR NO BRASIL ATÉ A NOVA RE-
dos destinados à criação de infra-estrutura industrial. Fo- PUBLICA BRASILEIRA
ram instituídos, nesse espaço de tempo, o Ministério da
Aeronáutica, o Conselho Nacional do Petróleo que, pos- � 1964 - Golpe de 1964
teriormente, no ano de 1953, daria origem à Petrobrás, Podemos definir a Ditadura Militar como sendo o
fundou-se a Companhia Siderúrgica Nacional – CSN -, a período da política brasileira em que os militares gover-
Companhia Vale do Rio Doce, a Companhia Hidrelétrica naram o Brasil. Esta época vai de 1964 a 1985. Caracte-
do São Francisco e a Fábrica Nacional de Motores – FNM rizou-se pela falta de democracia, supressão de direitos
-, dentre outras. Publicou o Código Penal, o Código de constitucionais, censura, perseguição política e repressão
Processo Penal e a Consolidação das Leis do Trabalho aos que eram contra o regime militar.
– CLT -, todos em vigor atualmente. Getúlio Vargas foi A crise política se arrastava desde a renúncia de Jâ-
responsável também pelas concepções da Carteira de nio Quadros em 1961. O vice de Jânio era João Goulart,
Trabalho, da Justiça do Trabalho, do salário mínimo, da que assumiu a presidência num clima político adverso. O
estabilidade no emprego depois de dez anos de serviço - governo de João Goulart (1961-1964) foi marcado pela
revogada em 1965 -, e pelo descanso semanal remunera- abertura às organizações sociais. Estudantes, organiza-
do. A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial ções populares e trabalhadores ganharam espaço, cau-
contra os países do Eixo foi a brecha que surgiu para o sando a preocupação das classes conservadoras como,
crescimento da oposição ao governo de Vargas. Assim, por exemplo, os empresários, banqueiros, Igreja Católica,
a batalha pela democratização do país ganhou fôlego. militares e classe média. Todos temiam uma guinada do
Brasil para o lado socialista. Vale lembrar, que neste pe-
O governo foi forçado a indultar os presos políticos e os
ríodo, o mundo vivia o auge da Guerra Fria.
degredados, além de constituir eleições gerais, que fo-
Este estilo populista e de esquerda, chegou a gerar
ram vencidas pelo candidato oficial, isto é, apoiado pelo
até mesmo preocupação nos EUA, que junto com as clas-
governo, o general Eurico Gaspar Dutra. Era o fim da Era
ses conservadoras brasileiras, temiam um golpe comu-
Vargas, mas não o fim de Getúlio Vargas, que em 1951
nista.
retornaria à presidência pelo voto popular.
Os partidos de oposição, como a União Democráti-
ca Nacional (UDN) e o Partido Social Democrático (PSD),
acusavam Jango de estar planejando um golpe de es-
#FicaDica querda e de ser o responsável pela carestia e pelo desa-
bastecimento que o Brasil enfrentava.
É comum vermos a expressão Quarta Repú-
No dia 13 de março de 1964, João Goulart realiza
blica, que relata fatos que aconteceram nes-
um grande comício na Central do Brasil (Rio de Janeiro),
se período, então temos aqui uma síntese do
onde defende as Reformas de Base. Neste plano, Jango
que a quarta republica representa.
prometia mudanças radicais na estrutura agrária, econô-
mica e educacional do país.
Seis dias depois, em 19 de março, os conservado-
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, Vargas res organizam uma manifestação contra as intenções de
estava enfraquecido. Um golpe comandado pelo general João Goulart. Foi a Marcha da Família com Deus pela Li-
Eurico Gaspar Dutra o retirou do poder. Uma nova Cons- berdade, que reuniu milhares de pessoas pelas ruas do
tituição foi adotada em 1946, garantindo a realização de centro da cidade de São Paulo.
eleições diretas para presidente da República e para os O clima de crise política e as tensões sociais aumen-
governos dos estados. O Congresso Nacional voltou a tavam a cada dia. No dia 31 de março de 1964, tropas de
funcionar e houve alternância no poder. Minas Gerais e São Paulo saem às ruas. Para evitar uma
Entretanto, foi um período de forte instabilidade po- guerra civil, Jango deixa o país refugiando-se no Uruguai.
lítica. As mudanças sociais decorrentes da urbanização e Os militares tomam o poder. Em 9 de abril, é decretado
da industrialização projetavam novas forças políticas que o Ato Institucional Número 1 (AI-1). Este Ato cassa man-
pretendiam aprofundar o processo de modernização da datos políticos de opositores ao regime militar e tira a
HISTÓRIA DO BRASIL

sociedade e do Estado brasileiro, o que desagrava as eli- estabilidade de funcionários públicos.


tes conservadoras. O período foi marcado por várias ten-
tativas de golpe de Estado, levando inclusive ao suicídio 1. GOVERNO CASTELLO BRANCO (1964-1967)
de Getúlio Vargas, em 1954.
O governo de JK conseguiu imprimir um acelerado Castello Branco, general militar, foi eleito pelo Con-
desenvolvimento industrial em algumas áreas, mas não gresso Nacional presidente da República em 15 de abril
pôde resolver o problema da exclusão social na cidade e de 1964. Em seu pronunciamento, declarou defender a

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democracia, porém ao começar seu governo, assume execução. Jornais, revistas, livros, peças de teatro, filmes,
uma posição autoritária. músicas e outras formas de expressão artística são cen-
Estabeleceu eleições indiretas para presidente, além suradas. Muitos professores, políticos, músicos, artistas e
de dissolver os partidos políticos. Vários parlamentares escritores são investigados, presos, torturados ou exila-
federais e estaduais tiveram seus mandatos cassados, ci- dos do país. O DOI-Codi (Destacamento de Operações e
dadãos tiveram seus direitos políticos e constitucionais Informações e ao Centro de Operações de Defesa Interna
cancelados e os sindicatos receberam intervenção do ) atua como centro de investigação e repressão do gover-
governo militar. no militar.
Em seu governo, foi instituído o bipartidarismo. Só Ganha força no campo a guerrilha rural, principal-
estava autorizado o funcionamento de dois partidos: mente no Araguaia. A guerrilha do Araguaia é fortemente
Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e a Aliança Re- reprimida pelas forças militares.
novadora Nacional (ARENA). Enquanto o primeiro era de
oposição, de certa forma controlada, o segundo repre- 5. O Milagre Econômico
sentava os militares.
O governo militar impõe, em janeiro de 1967, uma Na área econômica o país crescia rapidamente. Este
nova Constituição para o país. Aprovada neste mesmo período que vai de 1969 a 1973 ficou conhecido com a
ano, a Constituição de 1967 confirma e institucionaliza o época do Milagre Econômico. O PIB brasileiro crescia a
regime militar e suas formas de atuação. uma taxa de quase 12% ao ano, enquanto a inflação bei-
rava os 18%. Com investimentos internos e empréstimos
2. GOVERNO COSTA E SILVA (1967-1969) do exterior, o país avançou e estruturou uma base de in-
fraestrutura. Todos estes investimentos geraram milhões
Em 1967, assume a presidência o general Arthur da de empregos pelo país. Algumas obras, consideradas fa-
Costa e Silva, após ser eleito indiretamente pelo Congres- raônicas, foram executadas, como a Rodovia Transamazô-
so Nacional. Seu governo é marcado por protestos e ma- nica e a Ponte Rio-Niterói.
nifestações sociais. A oposição ao regime militar cresce Porém, todo esse crescimento teve um custo altíssi-
no país. A UNE (União Nacional dos Estudantes) organiza, mo e a conta deveria ser paga no futuro. Os empréstimos
no Rio de Janeiro, a Passeata dos Cem Mil. estrangeiros geraram uma dívida externa elevada para os
Em Contagem (MG) e Osasco (SP), greves de operários padrões econômicos do Brasil.
paralisam fábricas em protesto ao regime militar.
A guerrilha urbana começa a se organizar. Formada 6. GOVERNO GEISEL (1974-1979)
por jovens idealistas de esquerda, assaltam bancos e se-
questram embaixadores para obterem fundos para o mo- Em 1974 assume a presidência o general Ernesto Gei-
vimento de oposição armada. sel que começa um lento processo de transição rumo à
No dia 13 de dezembro de 1968, o governo decreta o democracia. Seu governo coincide com o fim do milagre
Ato Institucional Número 5 (AI-5). Este foi o mais duro do econômico e com a insatisfação popular em altas taxas.
governo militar, pois aposentou juízes, cassou mandatos, A crise do petróleo e a recessão mundial interferem na
acabou com as garantias do habeas-corpus e aumentou economia brasileira, no momento em que os créditos e
a repressão militar e policial. empréstimos internacionais diminuem.
Geisel anuncia a abertura política lenta, gradual e se-
3. GOVERNO DA JUNTA MILITAR (31/8/1969- gura. A oposição política começa a ganhar espaço. Nas
30/10/1969) eleições de 1974, o MDB conquista 59% dos votos para o
Senado, 48% da Câmara dos Deputados e ganha a prefei-
Doente, Costa e Silva foi substituído por uma junta mi- tura da maioria das grandes cidades.
litar formada pelos ministros Aurélio de Lira Tavares (Exér- Os militares de linha dura, não contentes com os ca-
cito), Augusto Rademaker (Marinha) e Márcio de Sousa e minhos do governo Geisel, começam a promover ataques
Melo (Aeronáutica). clandestinos aos membros da esquerda. Em 1975, o jorna-
Dois grupos de esquerda, O MR-8 e a ALN seques- lista Vladimir Herzog á assassinado nas dependências do
tram o embaixador dos EUA Charles Elbrick. Os guerrilhei- DOI-Codi em São Paulo. Em janeiro de 1976, o operário
ros exigem a libertação de 15 presos políticos, exigência Manuel Fiel Filho aparece morto em situação semelhante.
conseguida com sucesso. Porém, em 18 de setembro, o Em 1978, Geisel acaba com o AI-5, restaura o habeas-
governo decreta a Lei de Segurança Nacional. Esta lei de- -corpus e abre caminho para a volta da democracia no
cretava o exílio e a pena de morte em casos de “guerra Brasil.
psicológica adversa, ou revolucionária, ou subversiva”.
No final de 1969, o líder da ALN, Carlos Mariguella, foi 7. GOVERNO FIGUEIREDO (1979-1985)
morto pelas forças de repressão em São Paulo.
A vitória do MDB nas eleições em 1978 começa a
HISTÓRIA DO BRASIL

4. GOVERNO MÉDICI (1969-1974) acelerar o processo de redemocratização. O general João


Baptista Figueiredo decreta a Lei da Anistia, concedendo
Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo presidente: o direito de retorno ao Brasil para os políticos, artistas e
o general Emílio Garrastazu Médici. Seu governo é con- demais brasileiros exilados e condenados por crimes po-
siderado o mais duro e repressivo do período, conheci- líticos. Os militares de linha dura continuam com a repres-
do como «anos de chumbo». A repressão à luta armada são clandestina. Cartas-bomba são colocadas em órgãos
cresce e uma severa política de censura é colocada em da imprensa e da OAB (Ordem dos advogados do Brasil).

30
No dia 30 de Abril de 1981, uma bomba explode duran- remos temas relativos a esse período, que vai desde a
te um show no centro de convenções do Rio Centro. O abertura democrática, começada com a Lei de Anistia (de
atentado fora provavelmente promovido por militares de 1979), até as manifestações populares que ocorreram
linha dura, embora até hoje nada tenha sido provado. nos anos de 2013 e 2015.
Em 1979, o governo aprova lei que restabelece o plu- Nesse arco temporal, diversos temas interpõem-se. O
ripartidarismo no país. Os partidos voltam a funcionar Movimento pelas Diretas Já é um dos primeiros e mais
dentro da normalidade. A ARENA muda o nome e passa a significativos. Com a abertura política articulada entre
ser PDS, enquanto o MDB passa a ser PMDB. Outros par- civis e militares, entre os anos de 1979 e 1985, a popu-
tidos são criados, como: Partido dos Trabalhadores (PT) e lação vislumbrou a possibilidade de voltar a exercer o
o Partido Democrático Trabalhista (PDT). direito ao voto direto na eleição de seus representantes.
Entretanto, o primeiro presidente civil, após o longo pe-
8. A Redemocratização e a Campanha pelas Dire- ríodo militar, foi eleito indiretamente em 1985. Seu nome
tas Já era Tancredo Neves, que faleceu antes de tomar posse.
José Sarney, eleito vice, assumiu o cargo, exercendo-o
Nos últimos anos do governo militar, o Brasil apre- até 1989.
senta vários problemas. A inflação é alta e a recessão O governo Sarney foi um dos mais conturbados da
também. Enquanto isso a oposição ganha terreno com chamada “Nova República”, sobretudo pelos transtor-
o surgimento de novos partidos e com o fortalecimento nos econômicos pelos quais o país passou. Todavia, foi
dos sindicatos. durante o governo Sarney que foi reunida a constituinte
Em 1984, políticos de oposição, artistas, jogadores de para a elaboração da nova Constituição Federal. O pro-
futebol e milhões de brasileiros participam do movimen- cesso de elaboração da carta constitucional foi enca-
to das Diretas Já. O movimento era favorável à aprova- beçado por Ulisses Guimarães, um dos líderes do novo
ção da Emenda Dante de Oliveira que garantiria eleições partido herdeiro do MDB, o PMDB. A versão oficial da
diretas para presidente naquele ano. Para a decepção do Constituição ficou pronta em 1988. Nela havia o resta-
povo, a emenda não foi aprovada pela Câmara dos De- belecimento da ordem civil democrática e das liberdades
putados. individuais, bem como a garantia das eleições diretas.
É denominado «Nova República” na história do Bra- Em 1989, as primeiras eleições diretas ocorreram e foi
sil, o período imediatamente posterior ao Regime Mili- eleito como presidente Fernando Collor de Melo. Collor
tar, época de exceção das liberdades fundamentais e de também desenvolveu um governo com forte instabilida-
perseguição a opositores do poder. É exatamente pela de econômica, porém permeado também com grandes
repressão do período anterior que afloram, de todos os escândalos políticos, que desencadearam contra ele um
setores da sociedade brasileira o desejo de iniciar uma processo de impeachment, diante do qual preferiu re-
nova fase do governo republicano no país, com eleições nunciar ao cargo de presidente. O vice de Collor, Itamar
diretas, além de uma nova constituição que contemplasse Franco, continuou no poder até o término do mandato,
as aspirações de todos os cidadãos. Pode-se denominar na passagem de 1993 para 1994. Nesse período, um im-
tal período também como a Sexta República Brasileira. portante dispositivo financeiro foi criado para resolver o
A Nova República inicia-se com o fim do mandato do problema das sucessivas crises econômicas: o Plano Real,
presidente e general João Batista de Oliveira Figueiredo, elaborado e efetivado por nomes como Gustavo Franco
mas mesmo antes disto, o povo havia dado um notável
e Fernando Henrique Cardoso.
exemplo de união e de cidadania, ao sair às ruas de todo
Esse último, parlamentar e sociólogo por formação,
país, pressionando o legislativo a aprovar a volta da elei-
candidatou-se à presidência, vencendo o pleito e ocu-
ção direta para presidente, a Campanha das Diretas-Já,
que não obteria sucesso, pois a Emenda Dante de Oli- pando esse cargo de 1994 a 1998. Depois, foi reeleito e
veira, como ficou conhecida a proposta de voto direto, governou até 2002. Nas eleições de 2002, um dos par-
acabou não sendo aprovada. tidos que haviam nascido no período da abertura de-
No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral es- mocrática, o PT – Partido dos Trabalhadores, conseguiu
colheria o deputado Tancredo Neves, que concorreu com eleger seu candidato: Luís Inácio Lula da Silva, que, a
Paulo Maluf, como novo presidente da República. Ele fa- exemplo de Fernando Henrique, governou o país por
zia parte da Aliança Democrática – o grupo de oposição oito anos, de 2002 a 2010. A sucessora de Lula, a também
formado pelo PMDB e pela Frente Liberal. filiada ao PT, Dilma Rousseff, governou o país de 2010
Era o fim do regime militar. Porém Tancredo Neves até 2016, quando teve aprovado no senado o processo
fica doente antes de assumir e acaba falecendo. Assume de impeachment, saindo de cena portanto e tendo seu
o vice-presidente José Sarney. Em 1988 é aprovada uma vice o papel de assumir o governo em meio à maior crise
nova constituição para o Brasil. A Constituição de 1988 econômica e politica que o Brasil já viveu dentro da nova
apagou os rastros da ditadura militar e estabeleceu prin- republica.
cípios democráticos no país. Em relação ao aspecto econômico, a longa e profunda
HISTÓRIA DO BRASIL

crise que o Brasil atravessa deixa um rastro de impactos


9. Brasil na atualidade negativos sobre o sistema de produção, o mercado de
trabalho e a qualidade de vida das famílias brasileiras. Há
Quando falamos de Brasil Atual, geralmente nos re- indicadores objetivos que dão sustentação à percepção
ferimos a temas que dizem respeito aos últimos trinta de que os dias são difíceis: o achatamento do valor real
anos de nossa história, isto é, desde o fim dos Governo dos salários, a redução do poder de compra, os eleva-
Militares até os dias de hoje. Nesse sentido, comenta- dos níveis de desemprego, a epidemia de endividamen-

31
to, os aumentos nos preços dos combustíveis (apesar econômica. Custará ao novo presidente aglutinar a po-
do momentâneo controle da inflação), o crescimento da pulação altamente polarizada em torno de um projeto
concentração de renda, certa estagnação da economia nacional suprapartidário.
(estimativa de baixo crescimento do PIB), a retomada da Enfim, esse novo governo tem que arrumar a casa,
política de privatizações e o fenômeno da desindustria- porque hoje o que está errado no Brasil é o setor pú-
lização que assola o país (apesar da recente baixa de ju- blico, não é o privado. O setor privado precisa de um
ros), a falência de empresas e negócios, a continuidade ambiente de negócios favorável ao investimento e cabe
dos gigantescos déficits públicos, o aumento da tributa- ao setor público tomar as medidas necessárias para que
ção (falta de correção na tabela do IRPF, por exemplo), a esse ambiente volte a proporcionar crescimento e desen-
comprovada mobilidade social descendente (com muitos volvimento.
cruzando novamente para baixo da linha da pobreza), o
crescimento da fome e da miséria, acentuando, assim, a
já enorme desigualdade social que caracteriza o Brasil.
Em relação ao cenário político, o novo presidente
eleito herdará enormes desafios: crescente e insusten-
EXERCÍCIOS COMENTADOS
tável dívida pública, uma população polarizada e uma
oposição ferrenha, uma indústria em frangalhos, além 1. (CESPE/2017 – INSTITUTO RIO BRANCO) A Primei-
da “obrigação” de cumprir algumas promessas eleitorais ra República caracterizou-se pelo regime oligárquico e
que analistas dizem beirar o infactível. pela economia agroexportadora. Com relação a esses
assuntos, julgue (C ou E) o item a seguir.
10, Desafios do presidente eleito Jair Bolsonaro Na década de 20 do século XX, o movimento tenentis-
ta contou com importante participação de oficiais tanto
Vamos explicar brevemente o cenário econômi- do Exército como da Marinha, tendo apontado os males
co do Brasil para entendermos um pouco dos desafios causados pelo poder excessivo da oligarquia e defendi-
que nosso próximo presidente encontrará pela frente. O do a descentralização do poder político, além de uma
Brasil tem um enorme problema fiscal a ser resolvido, política econômica nacionalista.
uma indústria com capacidade ociosa bastante alta, de-
semprego em níveis altos (embora em trajetória de gra-
( ) CERTO ( ) ERRADO
dual queda), níveis de burocracia que entravam a nos-
sa produtividade e bancos com linhas de crédito ainda Resposta: Errado. Na década de 1920 surgiu no Brasil
em níveis muito abaixo dos recordes, principalmente do um movimento conhecido como Tenentismo, forma-
BNDES. Além disso, sofre de baixo nível de confiança de do em geral por militares de média e baixa patente, a
investidores tanto nacionais quanto internacionais, o que maior parte do Exercito.
gera uma pressão negativa no preço de nosso ativos. O Tenentismo conquistou civis que aderiram ao pro-
O mercado hoje busca sinalizações quanto a priori- jeto, mas com o tempo foi ficando claro que a defesa
zação de reformas e propostas mais complexas de difícil era pela implantação de um Estado forte e centralizado,
aprovação pelo Legislativo, uma vez que esse tema não através do qual as necessidades do país poderiam ficar
foi central durante o período de campanha eleitoral. A explícitas e resolvidas.
não priorização de temas chave traria risco e volatilida-
de aos ativos brasileiros, sendo o valor de nossa moeda
frente ao dólar o primeiro alvo dos investidores.
A Reforma da Previdência é vista como um possível
divisor de águas do novo governo dada a sua urgência.
“A reforma [da previdência] proposta pelo governo já
não é mais suficiente, dada a intensidade dos problemas
que se acumularam desde então, notadamente o aumen-
to dos gastos com pessoal, que tolheu o espaço para as
demais despesas” diz Fabio Giambiagi, chefe do Departa-
mento de Pesquisa Econômica do BNDES (Banco Nacio-
nal de Desenvolvimento Econômico e Social). O projeto
que for aprovado pelo Legislativo poderá definir o cená-
rio econômico nacional nos anos seguintes. A Reforma
Tributária, abertura comercial e privatizações são alguns
exemplos. Em breve publicaremos textos analisando
mais profundamente as propostas e quais os impactos
nos principais ativos.
HISTÓRIA DO BRASIL

Diante de tantas dúvidas, uma coisa é certa: Jair Bol-


sonaro enfrentará um quadro desafiador, com grande
oposição política, cenário econômico ainda fragilizado e
a piora na oferta de serviços públicos. Além disso, conta-
rá com um Congresso mais fragmentado e o crescimento
de bancadas com interesses corporativistas, o que pode
se mostrar um grande empecilho ao avanço da agenda

32
3. (MPE/GO – 2018 – MPE/GO) Acerca do processo de
independência do Brasil, é correto afirmar:
HORA DE PRATICAR!
a) A independência do Brasil é um processo que se es-
1. (Prefeitura de Betim/MG – 2015 - Prefeitura de Be- tende de 1821 a 1850 e fora marcado por não haver
tim/MG) Considere o texto. oposição alguma do Reino de Portugal;
A árvore de pau-brasil era frondosa, com folhas de um b) Oficialmente, a data comemorada para independência
verde acinzentado quase metálico e belas flores amare- do Brasil é a de 07 de setembro de 1822 em que ocor-
las. Havia exemplares extraordinários, tão grossos que reu o chamado “’grito do Ipiranga”, ato de proclama-
três homens não poderiam abraçá-los. O tronco verme- ção feita por D. Pedro II, às margens do riacho Ipiranga
lho ferruginoso chegava a ter, algumas vezes, 30 metros (atual cidade de São Paulo);
(...) c) Entre as causas que fizeram eclodir o processo de in-
Náufragos, Degredados e Traficantes. Eduardo Bueno dependência do Brasil estão: vontade de grande parte
Em 1550, segundo o pastor francês Jean de Lery, em um da elite política brasileira em conquistar a autonomia
único depósito havia cem mil toras. Sobre essa riqueza, política; desgaste do sistema de controle econômico
neste período da História do Brasil, podemos afirmar: com restrições e altos impostos, exercido pela Coroa
Portuguesa no Brasil e tentativa da Coroa Portuguesa
a) O extrativismo foi rigidamente controlado para evitar em recolonizar o Brasil;
o esgotamento da madeira. d) O chamado “dia do fico” foi um ato posterior à in-
b) Provocou intenso povoamento e colonização, já que dependência do Brasil em que D. Pedro não acatou
demandava muita mão-de-obra. as determinações feitas pela Coroa Portuguesa que
exigia seu retorno para Portugal. Em 09 de janeiro de
c) Explorado com mão-de-obra indígena, através do es-
1822, D. Pedro negou o chamado e afirmou que fica-
cambo, gerou feitorias ao longo da costa; seu inten-
ria no Brasil;
so extrativismo levou ao esgotamento da madeira.
e) Após a independência do Brasil D. Pedro I foi coroa-
d) O litoral brasileiro não era ainda alvo de traficantes e
do imperador do Brasil em dezembro de 1821, bem
corsários franceses e de outras nacionalidades, já que
como não houve registros de manifestações de por-
a madeira não tinha valor comercial.
tugueses contrárias á independência do Brasil;
2. (MPE/GO – 2018 – MPE/GO) Analise as proposições
4. (CESPE/2018 - Instituto Rio Branco) As disputas
listadas abaixo e aponte aquela que possui informação
entre D. Pedro I e a Câmara dos Deputados marcaram
correta a respeito da Revolução de 1817:
o Primeiro Reinado e resultaram na abdicação do im-
perador. Acerca do Primeiro Reinado e do período da
a) Conhecida como Revolução Pernambucana, foi
Regência, julgue (C ou E) o item subsequente.
marcada por um intenso descontentamento popu-
A Cabanagem destacou-se entre os movimentos de
lar diante da desigualdade regional verificada após
o retorno da Coroa para o Brasil. Embora os relatos contestação à Regência por sua duração (1835 a 1840),
históricos apontem a existência de pesados impos- a despeito de ter se concentrado em um território muito
tos neste período, tal fator não contribuiu para a restrito e com pequena participação popular.
eclosão do movimento.
b) A revolução de 1817 não ficou restrita a Pernambu- ( ) CERTO ( ) ERRADO
co, se expandindo para outras áreas do Nordeste.
O desfavorecimento regional, acompanhado de um 5. (IDECAN/2017 – CAMARA DE NATIVIDADE/RJ) So-
intenso antilusitanismo, foi o denominador comum bre a história política do Brasil, marque V para as afirma-
desta espécie de revolta geral. tivas verdadeiras e F para as falsas.
c) A revolução de 1817 abarcou as mais diversas cama- ( ) A ditadura militar no Brasil teve uma duração de 21
das da população, como militares, proprietários ru- anos, iniciando em 1964 e tendo seu término em 1985.
rais, juízes, artesãos e comerciantes. Os sacerdotes, ( ) “Diretas Já” foi um dos movimentos de maior partici-
no entanto, não participaram da Revolução, haja pação popular da história do Brasil. Teve início em 1983,
vista a indissociável relação existente entre Igreja no governo de João Batista Figueiredo, e propunha elei-
ções diretas para o cargo de presidente da República.
Católica e Estado no aludido contexto histórico.
( ) José Sarney foi o primeiro presidente brasileiro eleito
d) Uma das suas características marcantes foi a unifor-
por voto direto depois da ditadura militar.
midade de pretensões, uma vez que todos os gru-
HISTÓRIA DO BRASIL

pos lutavam pelos mesmos objetivos.


A sequência está correta em
e) Após a tomada de Recife pelos revolucionários
houve a implantação de um governo provisório
a) V, V, F.
baseado em uma espécie de “lei orgânica”, que
b) F, V, V.
estabeleceu a tolerância religiosa e a igualdade de
c) F, V, F.
direitos, inclusive dos escravos, o que representou d) V, F, V.
importante avanço rumo à abolição da escravatura.

33
6. (MPE/RS – 2015 – MPE/RS) Considere as seguintes
afirmações, relativas à história recente do Brasil. ANOTAÇÕES
I. O período entre 1986 e 1990 foi marcado pela estabili-
dade monetária, com a criação do plano cruzado, e pela
recuperação da economia após a crise do petróleo da ________________________________________________
década de 1970.
II. Com ampla participação popular, mobilizada através _________________________________________________
do movimento das “Diretas Já!”, foram realizadas em
1985 as primeiras eleições diretas para a Presidência da _________________________________________________
República, sendo vitoriosa a chapa encabeçada por Tan- _________________________________________________
credo Neves e José Sarney.
III. A Constituição de 1988 valorizou direitos políticos e _________________________________________________
sociais, reconheceu a organização social indígena e alte-
rou o sistema tributário nacional, repassando aos esta- _________________________________________________
dos e municípios parte dos recursos anteriormente des-
tinados à União. _________________________________________________
Quais estão corretas? _________________________________________________
a) Apenas I. _________________________________________________
b) Apenas II.
c) Apenas III. _________________________________________________
d) Apenas I e II.
e) Apenas II e III. _________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________
GABARITO _________________________________________________

_________________________________________________
1 C
2 B _________________________________________________

3 C _________________________________________________
4 ERRADO _________________________________________________
5 A
_________________________________________________
6 C
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HISTÓRIA DO BRASIL

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34
ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA

Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados ...................................................................................................................... 01


Reconhecimento de tipos e gêneros textuais ...................................................................................................................................................... 11
Domínio da ortografia oficial ...................................................................................................................................................................................... 12
Emprego da acentuação gráfica. ............................................................................................................................................................................... 12
Domínio dos mecanismos de coesão textual . Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de
conectores e de outros elementos de sequenciação textual .......................................................................................................................... 18
Emprego de tempos e modos verbais ........................................................................................................................................................................ 24
Domínio da estrutura morfossintática do período. Emprego das classes de palavras ......................................................................... 24
Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração ............................................................................................................. 66
Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração ............................................................................................................ 66
Emprego dos sinais de pontuação .............................................................................................................................................................................. 75
Concordância verbal e nominal ................................................................................................................................................................................. 78
Regência verbal e nominal ............................................................................................................................................................................................ 85
Emprego do sinal indicativo de crase ........................................................................................................................................................................ 90
Colocação dos pronomes átonos ............................................................................................................................................................................... 92
Reescrita de frases e parágrafos do texto ............................................................................................................................................................... 92
Substituição de palavras ou de trechos de texto .................................................................................................................................................. 92
Análise do Discurso: pressupostos, subentendidos e implícitos..................................................................................................................... 98
É sugerido pelo autor que...
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE De acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS. ção...
O narrador afirma...

Interpretação Textual Erros de interpretação

Texto – é um conjunto de ideias organizadas e rela- - Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
cionadas entre si, formando um todo significativo capaz contexto, acrescentando ideias que não estão no
de produzir interação comunicativa (capacidade de codi- texto, quer por conhecimento prévio do tema quer
ficar e decodificar). pela imaginação.
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. - Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se aten-
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com ção apenas a um aspecto (esquecendo que um
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para texto é um conjunto de ideias), o que pode ser
a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa in- insuficiente para o entendimento do tema desen-
terligação dá-se o nome de contexto. O relacionamento volvido.
entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada - Contradição = às vezes o texto apresenta ideias
de seu contexto original e analisada separadamente, po- contrárias às do candidato, fazendo-o tirar con-
derá ter um significado diferente daquele inicial. clusões equivocadas e, consequentemente, errar a
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- questão.
rências diretas ou indiretas a outros autores através de
citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. Observação: Muitos pensam que existem a ótica do
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas em
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A uma prova de concurso, o que deve ser levado em consi-
partir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou fun- deração é o que o autor diz e nada mais.
damentações), as argumentações (ou explicações), que
levam ao esclarecimento das questões apresentadas na Coesão e Coerência
prova.
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
Normalmente, em uma prova, o candidato deve: relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre
- Identificar os elementos fundamentais de uma ar- si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de
gumentação, de um processo, de uma época (nes- um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um
te caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o
quais definem o tempo). que se vai dizer e o que já foi dito.
- Comparar as relações de semelhança ou de diferen-
ças entre as situações do texto. São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre
- Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com eles, está o mau uso do pronome relativo e do prono-
uma realidade. me oblíquo átono. Este depende da regência do verbo;
- Resumir as ideias centrais e/ou secundárias.
aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer tam-
- Parafrasear = reescrever o texto com outras pala-
bém de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
vras.
semântico, por isso a necessidade de adequação ao an-
tecedente.
Condições básicas para interpretar
Os pronomes relativos são muito importantes na in-
Fazem-se necessários: conhecimento histórico-literá- terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de
rio (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), lei- coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
tura e prática; conhecimento gramatical, estilístico (qua- existe um pronome relativo adequado a cada circunstân-
lidades do texto) e semântico; capacidade de observação cia, a saber:
e de síntese; capacidade de raciocínio. que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente,
mas depende das condições da frase.
Interpretar/Compreender qual (neutro) idem ao anterior.
quem (pessoa)
Interpretar significa: cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir. o objeto possuído.
LÍNGUA PORTUGUESA

Através do texto, infere-se que... como (modo)


É possível deduzir que... onde (lugar)
O autor permite concluir que... quando (tempo)
Qual é a intenção do autor ao afirmar que... quanto (montante)
Exemplo:
Compreender significa Falou tudo QUANTO queria (correto)
Entendimento, atenção ao que realmente está escrito. Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria
O texto diz que... aparecer o demonstrativo O).

1
Dicas para melhorar a interpretação de textos Sei que a palavra da moda é precocidade, mas eu acre-
dito em conquistas tardias. Elas têm na minha vida um
- Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral do gosto especial.
assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos Quando aprendi a guiar, aos 34 anos, tudo se transfor-
candidatos na disputa, portanto, quanto mais in- mou. De repente, ganhei mobilidade e autonomia. A ci-
formação você absorver com a leitura, mais chan- dade, minha cidade, mudou de tamanho e de fisionomia.
ces terá de resolver as questões. Descer a Avenida Rebouças num táxi, de madrugada, era
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrom- diferente – e pior – do que descer a mesma avenida com
pa a leitura. as mãos ao volante, ouvindo rock and roll no rádio. Pegar
- Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas a estrada com os filhos pequenos revelou-se uma delícia
forem necessárias. insuspeitada.
- Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma Talvez porque eu tenha começado tarde, guiar me pare-
conclusão). ce, ainda hoje, uma experiência incomum. É um ato que,
- Volte ao texto quantas vezes precisar. mesmo repetido de forma diária, nunca se banalizou in-
- Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as teiramente.
do autor. Na véspera do Ano Novo, em Ubatuba, eu fiz outra des-
- Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor coberta temporã.
compreensão. Depois de décadas de tentativas inúteis e frustrantes,
- Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de num final de tarde ensolarado eu conquistei o dom da
cada questão. flutuação. Nas águas cálidas e translúcidas da praia Bra-
- O autor defende ideias e você deve percebê-las. va, sob o olhar risonho da minha mulher, finalmente con-
- Observe as relações interparágrafos. Um parágra- segui boiar.
fo geralmente mantém com outro uma relação de
continuação, conclusão ou falsa oposição. Identifi- Não riam, por favor. Vocês que fazem isso desde os oito
que muito bem essas relações. anos, vocês que já enjoaram da ausência de peso e esfor-
- Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou seja, ço, vocês que não mais se surpreendem com a sensação
a ideia mais importante. de balançar ao ritmo da água – sinto dizer, mas vocês se
- Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou “in-
esqueceram de como tudo isso é bom.
correto”, evitando, assim, uma confusão na hora da
Nadar é uma forma de sobrepujar a água e impor-se a
resposta – o que vale não somente para Interpreta-
ela. Boiar é fazer parte dela – assim como do sol e das
ção de Texto, mas para todas as demais questões!
montanhas ao redor, dos sons que chegam filtrados ao
- Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia principal,
ouvido submerso, do vento que ergue a onda e lança
leia com atenção a introdução e/ou a conclusão.
água em nosso rosto. Boiar é ser feliz sem fazer força, e
- Olhe com especial atenção os pronomes relativos,
isso, curiosamente, não é fácil.
pronomes pessoais, pronomes demonstrativos,
etc., chamados vocábulos relatores, porque reme- Essa experiência me sugeriu algumas considerações so-
tem a outros vocábulos do texto. bre a vida em geral.
Uma delas, óbvia, é que a gente nunca para de apren-
SITES der ou de avançar. Intelectualmente e emocionalmente,
Disponível em: <http://www.tudosobreconcursos. de um jeito prático ou subjetivo, estamos sempre incor-
com/materiais/portugues/como-interpretar-textos> porando novidades que nos transformam. Somos gene-
Disponível em: <http://portuguesemfoco.com/pf/ ticamente elaborados para lidar com o novo, mas não
09-dicas-para-melhorar-a-interpretacao-de-textos-em- só. Também somos profundamente modificados por ele.
-provas> A cada momento da vida, quando achamos que tudo já
Disponível em: <http://www.portuguesnarede. aconteceu, novas capacidades irrompem e fazem de nós
com/2014/03/dicas-para-voce-interpretar-melhor-um. uma pessoa diferente do que éramos. Uma pessoa capaz
html> de boiar é diferente daquelas que afundam como pedras.
Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/cursi- Suspeito que isso tenha importância também para os re-
nho/questoes/questao-117-portugues.htm> lacionamentos.
Se a gente não congela ou enferruja – e tem gente que já
está assim aos 30 anos – nosso repertório íntimo tende a
se ampliar, a cada ano que passa e a cada nova relação.
EXERCÍCIOS COMENTADOS Penso em aprender a escutar e a falar, em olhar o outro,
em tocar o corpo do outro com propriedade e deixar-se
1. (EBSERH – Analista Administrativo – Estatística – tocar sem susto. Penso em conter a nossa própria frustra-
LÍNGUA PORTUGUESA

AOCP-2015) ção e a nossa fúria, em permitir que o parceiro floresça,


em dar atenção aos detalhes dele. Penso, sobretudo, em
O verão em que aprendi a boiar conquistar, aos poucos, a ansiedade e insegurança que
Quando achamos que tudo já aconteceu, novas ca- nos bloqueiam o caminho do prazer, não apenas no sen-
pacidades fazem de nós pessoas diferentes do que tido sexual. Penso em estar mais tranquilo na companhia
éramos do outro e de si mesmo, no mundo.
Assim como boiar, essas coisas são simples, mas preci-
IVAN MARTINS sam ser aprendidas.

2
Estar no interior de uma relação verdadeira é como estar Em “c”: haver sempre tempo para aprender a ser mais
na água do mar. Às vezes você nada, outras vezes você criterioso com seus relacionamentos, a fim de que eles
boia, de vez em quando, morto de medo, sente que pode sejam vividos intensamente = incorreta – ser menos
afundar. É uma experiência que exige, ao mesmo tem- objetivo nos relacionamentos.
po, relaxamento e atenção, e nem sempre essas coisas Em “d”: haver sempre tempo para aprender coisas no-
se combinam. Se a gente se põe muito tenso e cerebral, vas, inclusive agir com o raciocínio nas relações amo-
a relação perde a espontaneidade. Afunda. Mas, largada rosas = incorreta – ser mais emoção.
apenas ao sabor das ondas, sem atenção ao equilíbrio, a Em “e”: ser necessário aprender nos relacionamentos,
relação também naufraga. Há uma ciência sem cálculos porém sempre estando alerta para aquilo de ruim que
que tem de ser assimilada a cada novo amor, por cada pode acontecer = incorreta – estar sempre cuidando,
um de nós. Ela fornece a combinação exata de atenção e não pensando em algo ruim.
relaxamento que permite boiar. Quer dizer, viver de for-
ma relaxada e consciente um grande amor. 2. (BACEN – TÉCNICO – CONHECIMENTOS BÁSICOS –
Na minha experiência, esse aprendizado não se fez ra- ÁREA 1 e 2 – CESPE-2013)
pidamente. Demorou anos e ainda se faz. Talvez porque
eu seja homem, talvez porque seja obtuso para as coi- Uma crise bancária pode ser comparada a um vendaval.
sas do afeto. Provavelmente, porque sofro das limitações Suas consequências sobre a economia das famílias e das
emocionais que muitos sofrem e que tornam as relações empresas são imprevisíveis. Os agentes econômicos rela-
afetivas mais tensas e trabalhosas do que deveriam ser. cionam-se em suas operações de compra, venda e troca
Sabemos nadar, mas nos custa relaxar e ser felizes nas de mercadorias e serviços de modo que cada fato econô-
águas do amor e do sexo. Nos custa boiar. mico, seja ele de simples circulação, de transformação ou
A boa notícia, que eu redescobri na praia, é que tudo se de consumo, corresponde à realização de ao menos uma
aprende, mesmo as coisas simples que pareciam impos- operação de natureza monetária junto a um intermediá-
síveis. rio financeiro, em regra, um banco comercial que recebe
Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de me- um depósito, paga um cheque, desconta um título ou
lhorar. Mesmo se ela acabou, é certo que haverá outra antecipa a realização de um crédito futuro. A estabilida-
de do sistema que intermedeia as operações monetárias,
no futuro, no qual faremos melhor: com mais calma, com
portanto, é fundamental para a própria segurança e esta-
mais prazer, com mais intensidade e menos medo.
bilidade das relações entre os agentes econômicos.
O verão, afinal, está apenas começando. Todos os dias se
A iminência de uma crise bancária é capaz de afetar e
pode tentar boiar.
contaminar todo o sistema econômico, fazendo que os
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-mar-
titulares de ativos financeiros fujam do sistema financeiro
tins/noticia/2014/01/overao-em-que-aprendi-boiar.html
e se refugiem, para preservar o valor do seu patrimônio,
em ativos móveis ou imóveis e, em casos extremos, em
De acordo com o texto, quando o autor afirma que “To- estoques crescentes de moeda estrangeira. Para se evitar
dos os dias se pode tentar boiar.”, ele refere-se ao fato de esse tipo de distorção, é fundamental a manutenção da
credibilidade no sistema financeiro. A experiência brasileira
a) haver sempre tempo para aprender, para tentar relaxar com o Plano Real é singular entre os países que adotaram
e ser feliz nas águas do amor, agindo com mais cal- políticas de estabilização monetária, uma vez que a rever-
ma, com mais prazer, com mais intensidade e menos são das taxas inflacionárias não resultou na fuga de capitais
medo. líquidos do sistema financeiro para os ativos reais.
b) ser necessário agir com mais cautela nos relaciona- Pode-se afirmar que a estabilidade do Sistema Financei-
mentos amorosos para que eles não se desfaçam. ro Nacional é a garantia de sucesso do Plano Real. Não
c) haver sempre tempo para aprender a ser mais criterio- existe moeda forte sem um sistema bancário igualmente
so com seus relacionamentos, a fim de que eles sejam forte. Não é por outra razão que a Lei n.º 4.595/1964, que
vividos intensamente. criou o Banco Central do Brasil (BACEN), atribuiu-lhe si-
d) haver sempre tempo para aprender coisas novas, in- multaneamente as funções de zelar pela estabilidade da
clusive agir com o raciocínio nas relações amorosas. moeda e pela liquidez e solvência do sistema financeiro.
e) ser necessário aprender nos relacionamentos, porém Atuação do Banco Central na sua função de zelar pela
sempre estando alerta para aquilo de ruim que pode estabilidade do Sistema Financeiro Nacional. Internet: <
acontecer. www.bcb.gov.br > (com adaptações).

Resposta: Letra A. Ao texto: (...) tudo se aprende, Conclui-se da leitura do texto que a comparação entre
mesmo as coisas simples que pareciam impossíveis. / “crise bancária” e “vendaval” embasa-se na impossibili-
Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de dade de se preverem as consequências de ambos os fe-
LÍNGUA PORTUGUESA

melhorar = sempre há tempo para boiar (aprender). nômenos.


Em “a”: haver sempre tempo para aprender, para ten-
tar relaxar e ser feliz nas águas do amor, agindo com ( ) CERTO ( ) ERRADO
mais calma, com mais prazer, com mais intensidade e
menos medo = correta. Resposta: Certo. Conclui-se da leitura do texto que
Em “b”: ser necessário agir com mais cautela nos rela- a comparação entre “crise bancária” e “vendaval” em-
cionamentos amorosos para que eles não se desfaçam basa-se na impossibilidade de se preverem as conse-
= incorreta – o autor propõe viver intensamente. quências de ambos os fenômenos.

3
Voltemos ao texto: Uma crise bancária pode ser com- De acordo com o autor do texto Lastro e o sistema bancá-
parada a um vendaval. Suas consequências sobre a eco- rio, a reserva fracional foi criada com o objetivo de
nomia das famílias e das empresas são imprevisíveis.
a) tornar ilimitada a produção de dinheiro.
3. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018) b) proteger os bens dos clientes de bancos.
c) impedir que os bancos fossem à falência.
Lastro e o Sistema Bancário d) permitir o empréstimo de mais dinheiro
e) preservar as economias das pessoas.
[...]
Até os anos 60, o papel-moeda e o dinheiro deposita- Resposta: Letra D. Ao texto: (...) Com o tempo, os
do nos bancos deviam estar ligados a uma quantidade banqueiros se deram conta de que ninguém estava
de ouro num sistema chamado lastro-ouro. Como esse interessado em trocar dinheiro por ouro e criaram ma-
metal é limitado, isso garantia que a produção de dinhei- nobras, como a reserva fracional, para emprestar mui-
ro fosse também limitada. Com o tempo, os banqueiros to mais dinheiro do que realmente tinham em ouro
se deram conta de que ninguém estava interessado em nos cofres.
trocar dinheiro por ouro e criaram manobras, como a re- Em “a”, tornar ilimitada a produção de dinheiro = in-
serva fracional, para emprestar muito mais dinheiro do correta
que realmente tinham em ouro nos cofres. Nas crises, Em “b”, proteger os bens dos clientes de bancos = in-
como em 1929, todos queriam sacar dinheiro para pagar correta
suas contas e os bancos quebravam por falta de fundos, Em “c”, impedir que os bancos fossem à falência =
deixando sem nada as pessoas que acreditavam ter suas incorreta
economias seguramente guardadas. Em “d”, permitir o empréstimo de mais dinheiro =
Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o padrão- correta
-ouro. Desde então, o dinheiro, na forma de cédulas e Em “e”, preservar as economias das pessoas = incor-
principalmente de valores em contas bancárias, já não reta
tendo nenhuma riqueza material para representar, é cria-
do a partir de empréstimos. Quando alguém vai até o 4. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)
banco e recebe um empréstimo, o valor colocado em A leitura do texto permite a compreensão de que
sua conta é gerado naquele instante, criado a partir de
uma decisão administrativa, e assim entra na economia. a) as dívidas dos clientes são o que sustenta os bancos.
Essa explicação permaneceu controversa e escondida b) todo o dinheiro que os bancos emprestam é imagi-
por muito tempo, mas hoje está clara em um relatório do nário.
Bank of England de 2014. c) quem pede um empréstimo deve a outros clientes.
Praticamente todo o dinheiro que existe no mundo é d) o pagamento de dívidas depende do “livre-mercado”.
criado assim, inventado em canetaços a partir da conces- e) os bancos confiscam os bens dos clientes endividados.
são de empréstimos. O que torna tudo mais estranho e
perverso é que, sobre esse empréstimo, é cobrada uma Resposta: Letra A.
dívida. Então, se eu peço dinheiro ao banco, ele inventa Em “a”, as dívidas dos clientes são o que sustenta os
números em uma tabela com meu nome e pede que eu bancos = correta
devolva uma quantidade maior do que essa. Para pagar Em “b”, todo o dinheiro que os bancos emprestam é
a dívida, preciso ir até o dito “livre-mercado” e trabalhar, imaginário = nem todo
lutar, talvez trapacear, para conseguir o dinheiro que o Em “c”, quem pede um empréstimo deve a outros
banco inventou na conta de outras pessoas. Esse é o di- clientes = deve ao banco, este paga/empresta a ou-
nheiro que vai ser usado para pagar a dívida, já que a tros clientes
única fonte de moeda é o empréstimo bancário. No fim, Em “d”, o pagamento de dívidas depende do “livre-
os bancos acabam com todo o dinheiro que foi inventa- -mercado” = não só: (...) preciso ir até o dito “livre-
do e ainda confiscam os bens da pessoa endividada cujo -mercado” e trabalhar, lutar, talvez trapacear.
dinheiro tomei. Em “e”, os bancos confiscam os bens dos clientes endi-
Assim, o sistema monetário atual funciona com uma vidados = desde que não paguem a dívida
moeda que é ao mesmo tempo escassa e abundante. Es-
cassa porque só banqueiros podem criá-la, e abundante
porque é gerada pela simples manipulação de bancos de
dados. O resultado é uma acumulação de riqueza e po-
der sem precedentes: um mundo onde o patrimônio de
LÍNGUA PORTUGUESA

80 pessoas é maior do que o de 3,6 bilhões, e onde o 1%


mais rico tem mais do que os outros 99% juntos.
[...]
Disponível em https://fagulha.org/artigos/inventan-
do-dinheiro/
Acessado em 20/03/2018

4
5. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEI- nobres, como o ouro e a prata, os signos monetários pas-
RO GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018) Observe a charge saram a ser valorizados também pela nobreza dos metais
abaixo, publicada no momento da intervenção nas ati- neles empregados.
vidades de segurança do Rio de Janeiro, em março de Embora a evolução dos tempos tenha levado à substi-
2018. tuição do ouro e da prata por metais menos raros ou
suas ligas, preservou-se, com o passar dos séculos, a as-
sociação dos atributos de beleza e expressão cultural ao
valor monetário das moedas, que quase sempre, na atua-
lidade, apresentam figuras representativas da história, da
cultura, das riquezas e do poder das sociedades.
A necessidade de guardar as moedas em segurança le-
vou ao surgimento dos bancos. Os negociantes de ouro
e prata, por terem cofres e guardas a seu serviço, passa-
ram a aceitar a responsabilidade de cuidar do dinheiro de
seus clientes e a dar recibos escritos das quantias guar-
dadas. Esses recibos passaram, com o tempo, a servir
como meio de pagamento por seus possuidores, por ser
Há uma série de informações implícitas na charge; NÃO mais seguro portá-los do que portar dinheiro vivo. Assim
pode, no entanto, ser inferida da imagem e das frases a surgiram as primeiras cédulas de “papel moeda”, ou cé-
seguinte informação: dulas de banco; concomitantemente ao surgimento das
cédulas, a guarda dos valores em espécie dava origem a
a) a classe social mais alta está envolvida nos crimes co- instituições bancárias.
metidos no Rio; Casa da Moeda do Brasil: 290 anos de História,
b) a tarefa da investigação criminal não está sendo bem- 1694/1984.
-feita;
c) a linguagem do personagem mostra intimidade com Depreende-se do texto que duas características das
o interlocutor; moedas se mantiveram ao longo do tempo: a veiculação
d) a presença do orelhão indica o atraso do local da char- de formas em sua superfície e a associação de seu valor
ge; monetário a atributos como beleza.
e) as imagens dos tanques de guerra denunciam a pre-
sença do Exército. ( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Letra D. Resposta: Errado. Depreende-se do texto que duas


características das moedas se mantiveram ao longo do
tempo: a veiculação de formas em sua superfície e a
associação de seu valor monetário a atributos como
beleza = errado (é o inverso).
Texto: (...) a associação dos atributos de beleza e ex-
pressão cultural ao valor monetário das moedas, que
quase sempre, na atualidade, apresentam figuras re-
NÃO pode ser inferida da imagem e das frases a se- presentativas da história, da cultura, das riquezas e do
guinte informação: poder das sociedades.
Em “a”, a classe social mais alta está envolvida nos cri-
mes cometidos no Rio = inferência correta 7. (Câmara de Salvador-BA – Assistente Legislativo
Em “b”, a tarefa da investigação criminal não está sen- Municipal – FGV-2018-adaptada) “Hoje, esse termo
do bem-feita = inferência correta denota, além da agressão física, diversos tipos de impo-
Em “c”, a linguagem do personagem mostra intimida- sição sobre a vida civil, como a repressão política, familiar
de com o interlocutor = inferência correta ou de gênero, ou a censura da fala e do pensamento de
Em “d”, a presença do orelhão indica o atraso do local determinados indivíduos e, ainda, o desgaste causado
da charge = incorreta pelas condições de trabalho e condições econômicas”. A
Em “e”, as imagens dos tanques de guerra denunciam manchete jornalística abaixo que NÃO se enquadra em
a presença do Exército = inferência correta nenhum tipo de violência citado nesse segmento é:

6. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍVEL SUPERIOR – a) Presa por mensagem racista na internet;
LÍNGUA PORTUGUESA

CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE-2014) b) Vinte pessoas são vítimas da ditadura venezuelana;


c) Apanhou de policiais por destruir caixa eletrônico;
As primeiras moedas, peças representando valores, ge- d) Homossexuais são perseguidos e presos na Rússia;
ralmente em metal, surgiram na Lídia (atual Turquia), no e) Quatro funcionários ficaram livres do trabalho escravo.
século VII a.C. As características que se desejava ressaltar
eram transportadas para as peças por meio da panca- Resposta: Letra C. Em “a”: Presa por mensagem ra-
da de um objeto pesado, em primitivos cunhos. Com o cista na internet = como a repressão política, familiar
surgimento da cunhagem a martelo e o uso de metais ou de gênero

5
Em “b”: Vinte pessoas são vítimas da ditadura vene- Em “d”: punirem-se os responsáveis por excessos.
zuelana = como a repressão política, familiar ou de gê- Em “e”: concluírem-se as investigações sobre a greve.
nero = incorreto
Em “c”: Apanhou de policiais por destruir caixa eletrô- Ao texto: (...) há sempre o risco de excessos, a serem
nico = não consta na Manchete acima devidamente contidos e seus responsáveis, punidos,
Em “d”: Homossexuais são perseguidos e presos na conforme estabelecido na legislação. / É o que precisa
Rússia = como a repressão política, familiar ou de gê- acontecer... = precisa acontecer a punição dos exces-
nero sos.
Em “e”: Quatro funcionários ficaram livres do trabalho
escravo = o desgaste causado pelas condições de tra- 9. (PC-MA – DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL – CES-
balho PE-2018)
8. (MPE-AL – ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO – Texto CG1A1AAA
ÁREA JURÍDICA – FGV-2018)
A paz não pode ser garantida apenas pelos acordos
Oportunismo à Direita e à Esquerda
políticos, econômicos ou militares. Cada um de nós, in-
dependentemente de idade, sexo, estrato social, crença
Numa democracia, é livre a expressão, estão garantidos
religiosa etc. é chamado à criação de um mundo pacifica-
o direito de reunião e de greve, entre outros, obedecidas
leis e regras, lastreadas na Constituição. Em um regime do, um mundo sob a égide de uma cultura da paz.
de liberdades, há sempre o risco de excessos, a serem de- Mas, o que significa “cultura da paz”?
vidamente contidos e seus responsáveis, punidos, con- Construir uma cultura da paz envolve dotar as crianças
forme estabelecido na legislação. e os adultos da compreensão de princípios como liber-
É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos cami- dade, justiça, democracia, direitos humanos, tolerância,
nhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo, da igualdade e solidariedade. Implica uma rejeição, indivi-
ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados em dual e coletiva, da violência que tem sido percebida na
se beneficiar do barateamento do combustível. sociedade, em seus mais variados contextos. A cultura da
Sempre há, também, o oportunismo político-ideológico paz tem de procurar soluções que advenham de dentro
para se aproveitar da crise. Inclusive, neste ano de elei- da(s) sociedade(s), que não sejam impostas do exterior.
ção, com o objetivo de obter apoio a candidatos. Não Cabe ressaltar que o conceito de paz pode ser abordado
faltam, também, os arautos do quanto pior, melhor, para em sentido negativo, quando se traduz em um estado
desgastar governantes e reforçar seus projetos de po- de não guerra, em ausência de conflito, em passividade
der, por mais delirantes que sejam. Também aqui vale o e permissividade, sem dinamismo próprio; em síntese,
que está delimitado pelo estado democrático de direito, condenada a um vazio, a uma não existência palpável,
defendido pelos diversos instrumentos institucionais de difícil de se concretizar e de se precisar. Em sua concep-
que conta o Estado – Polícia, Justiça, Ministério Público, ção positiva, a paz não é o contrário da guerra, mas a
Forças Armadas etc. prática da não violência para resolver conflitos, a prática
A greve atravessou vários sinais ao estrangular as vias de do diálogo na relação entre pessoas, a postura democrá-
suprimento que mantêm o sistema produtivo funcionan- tica frente à vida, que pressupõe a dinâmica da coope-
do, do qual depende a sobrevivência física da população. ração planejada e o movimento constante da instalação
Isso não pode ser esquecido e serve de alerta para que as de justiça.
autoridades desenvolvam planos de contingência. Uma cultura de paz exige esforço para modificar o pen-
O Globo, 31/05/2018. samento e a ação das pessoas para que se promova a
paz. Falar de violência e de como ela nos assola deixa
“É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos ca-
de ser, então, a temática principal. Não que ela vá ser
minhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo,
esquecida ou abafada; ela pertence ao nosso dia a dia e
da ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados
em se beneficiar do barateamento do combustível.” Se- temos consciência disso. Porém, o sentido do discurso, a
gundo esse parágrafo do texto, o que “precisa aconte- ideologia que o alimenta, precisa impregná-lo de pala-
cer” é vras e conceitos que anunciem os valores humanos que
decantam a paz, que lhe proclamam e promovem. A vio-
a) manter-se o direito de livre expressão do pensamento. lência já é bastante denunciada, e quanto mais falamos
b) garantir-se o direito de reunião e de greve. dela, mais lembramos de sua existência em nosso meio
c) lastrear leis e regras na Constituição. social. É hora de começarmos a convocar a presença da
d) punirem-se os responsáveis por excessos. paz em nós, entre nós, entre nações, entre povos.
LÍNGUA PORTUGUESA

e) concluírem-se as investigações sobre a greve. Um dos primeiros passos nesse sentido refere-se à ges-
tão de conflitos. Ou seja, prevenir os conflitos potencial-
Resposta: Letra D. Em “a”: manter-se o direito de livre mente violentos e reconstruir a paz e a confiança en-
expressão do pensamento. = incorreto tre pessoas originárias de situação de guerra é um dos
Em “b”: garantir-se o direito de reunião e de greve. = exemplos mais comuns a serem considerados. Tal missão
incorreto estende-se às escolas, instituições públicas e outros lo-
Em “c”: lastrear leis e regras na Constituição. = incor- cais de trabalho por todo o mundo, bem como aos par-
reto lamentos e centros de comunicação e associações.

6
Outro passo é tentar erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades, lutando para atingir um desenvolvimento susten-
tado e o respeito pelos direitos humanos, reforçando as instituições democráticas, promovendo a liberdade de expres-
são, preservando a diversidade cultural e o ambiente.
É, então, no entrelaçamento “paz — desenvolvimento — direitos humanos — democracia” que podemos vislumbrar a
educação para a paz.
Leila Dupret. Cultura de paz e ações sócio-educativas: desafios para a escola contemporânea. In: Psicol. Esc. Educ.
(Impr.) v. 6, n.º 1. Campinas, jun./2002 (com adaptações).

De acordo com o texto CG1A1AAA, os elementos “gestão de conflitos” e “erradicar a pobreza” devem ser concebidos
como

a) obstáculos para a construção da cultura da paz.


b) dispensáveis para a construção da cultura da paz.
c) irrelevantes na construção da cultura da paz.
d) etapas para a construção da cultura da paz.
e) consequências da construção da cultura da paz.

Resposta: Letra D. Em “a”: obstáculos para a construção da cultura da paz. = incorreto


Em “b”: dispensáveis para a construção da cultura da paz. = incorreto
Em “c”: irrelevantes na construção da cultura da paz. = incorreto
Em “d”: etapas para a construção da cultura da paz.
Em “e”: consequências da construção da cultura da paz. = incorreto
Ao texto: Um dos primeiros passos nesse sentido refere-se à gestão de conflitos. (...) Outro passo é tentar erradicar a
pobreza e reduzir as desigualdades = etapas para construção da paz.

10. (PC-SP - PAPILOSCOPISTA POLICIAL – VUNESP-2013) Leia o cartum de Jean Galvão

(https://www.facebook.com/jeangalvao.cartunista)

Considerando a relação entre a fala do personagem e a imagem visual, pode-se concluir que o que o leva a pular a
onda é a necessidade de

a) demonstrar respeito às religiões.


b) realizar um ritual místico.
c) divertir-se com os amigos.
d) preservar uma tradição familiar.
e) esquivar-se da sujeira da água.

Resposta: Letra E. Em “a”: demonstrar respeito às religiões. = incorreto


LÍNGUA PORTUGUESA

Em “b”: realizar um ritual místico. = incorreto


Em “c”: divertir-se com os amigos. = incorreto
Em “d”: preservar uma tradição familiar. = incorreto
Em “e”: esquivar-se da sujeira da água.
O personagem pula a onda para que não seja atingido pelo lixo que se encontra no mar.

7
11. (PM-SP - SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR – VUNESP-2015) Leia a tira.

(Folha de S.Paulo, 02.10.2015. Adaptado)

Com sua fala, a personagem revela que

a) a violência era comum no passado.


b) as pessoas lutam contra a violência.
c) a violência está banalizada.
d) o preço que pagou pela violência foi alto.

Resposta: Letra C. Em “a”: a violência era comum no passado. = incorreto


Em “b”: as pessoas lutam contra a violência. = incorreto
Em “c”: a violência está banalizada.
Em “d”: o preço que pagou pela violência foi alto. = incorreto
Infelizmente, a personagem revela que a violência está banalizada, nem há mais “punições” para os agressivos.

12. (PM-SP - ASPIRANTE DA POLÍCIA MILITAR [INTERIOR] – VUNESP-2017) Leia a charge.

(Pancho. www.gazetadopovo.com.br)
É correto associar o humor da charge ao fato de que

a) os personagens têm uma autoestima elevada e são otimistas, mesmo vivendo em uma situação de completo confi-
namento.
b) os dois personagens estão muito bem informados sobre a economia, o que não condiz com a imagem de criminosos.
c) o valor dos cosméticos afetará diretamente a vida dos personagens, pois eles demonstram preocupação com a
aparência.
d) o aumento dos preços de cosméticos não surpreende os personagens, que estão acostumados a pagar caro por eles
nos presídios.
e) os preços de cosméticos não deveriam ser relevantes para os personagens, dada a condição em que se encontram.

Resposta: Letra E. Em “a”: os personagens têm uma autoestima elevada e são otimistas, mesmo vivendo em uma
situação de completo confinamento. = incorreto
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “b”: os dois personagens estão muito bem informados sobre a economia, o que não condiz com a imagem de
criminosos. = incorreto
Em “c”: o valor dos cosméticos afetará diretamente a vida dos personagens, pois eles demonstram preocupação com
a aparência. = incorreto
Em “d”: o aumento dos preços de cosméticos não surpreende os personagens, que estão acostumados a pagar caro
por eles nos presídios. = incorreto
Em “e”: os preços de cosméticos não deveriam ser relevantes para os personagens, dada a condição em que se
encontram.

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Pela condição em que as personagens se encontram, o O humor da tira é conseguido através de uma quebra de
aumento no preço dos cosméticos não os afeta. expectativa, que é:

13. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS- a) o fato de um adulto colecionar figurinhas;
TIÇA AVALIADOR – FGV-2018) b) as figurinhas serem de temas sociais e não esportivos;
c) a falta de muitas figurinhas no álbum;
Texto 1 – Além do celular e da carteira, cuidado com d) a reclamação ser apresentada pelo pai e não pelo filho;
as figurinhas da Copa e) uma criança ajudar a um adulto e não o contrário.
Gilberto Porcidônio – O Globo, 12/04/2018
Resposta: Letra B. Em “a”: o fato de um adulto cole-
A febre do troca-troca de figurinhas pode estar atingindo cionar figurinhas; = incorreto
uma temperatura muito alta. Preocupados que os mais Em “b”: as figurinhas serem de temas sociais e não
afoitos pelos cromos possam até roubá-los, muitos jor- esportivos;
naleiros estão levando seus estoques para casa quando Em “c”: a falta de muitas figurinhas no álbum; = incor-
termina o expediente. Pode parecer piada, mas há até reto
boatos sobre quadrilhas de roubo de figurinha espalha- Em “d”: a reclamação ser apresentada pelo pai e não
dos por mensagens de celular. pelo filho; = incorreto
Sobre a estrutura do título dado ao texto 1, a afirmativa Em “e”: uma criança ajudar a um adulto e não o con-
adequada é: trário. = incorreto
O humor está no fato de o álbum ser sobre um tema
a) as figurinhas da Copa passaram a ocupar o lugar do incomum: assuntos sociais.
celular e da carteira nos roubos urbanos;
b) as figurinhas da Copa se somaram ao celular e à car- 15. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) Obser-
teira como alvo de desejo dos assaltantes; ve a charge abaixo.
c) o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros que
vendem as figurinhas da Copa;
d) os ladrões passaram a roubar as figurinhas da Copa
nas bancas de jornais;
e) as figurinhas da Copa se transformaram no alvo prin-
cipal dos ladrões.

Resposta: Letra B. Em “a”: as figurinhas da Copa


passaram a ocupar o lugar do celular e da carteira nos
roubos urbanos; = incorreto
Em “b”: as figurinhas da Copa se somaram ao celular e
à carteira como alvo de desejo dos assaltantes;
Em “c”: o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros
que vendem as figurinhas da Copa; = incorreto
Em “d”: os ladrões passaram a roubar as figurinhas da
Copa nas bancas de jornais; = incorreto
Em “e”: as figurinhas da Copa se transformaram no
alvo principal dos ladrões. = incorreto
O título do texto já nos dá a resposta: além do celular
e da carteira, ou seja, as figurinhas da Copa também
passaram a ser alvo dos assaltantes.
No caso da charge, a crítica feita à internet é:
14. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS-
TIÇA AVALIADOR – FGV-2018) a) a criação de uma dependência tecnológica excessiva;
b) a falta de exercícios físicos nas crianças;
c) o risco de contatos perigosos;
d) o abandono dos estudos regulares;
e) a falta de contato entre membros da família.

Resposta: Letra A. Em “a”: a criação de uma depen-


dência tecnológica excessiva;
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “b”: a falta de exercícios físicos nas crianças; = in-


correto
Em “c”: o risco de contatos perigosos; = incorreto
Em “d”: o abandono dos estudos regulares; = incorreto
Em “e”: a falta de contato entre membros da família. =
incorreto
Através da fala do garoto chegamos à resposta: de-
pendência tecnológica - expressa em sua fala.

9
16. (TJ-SC – ANALISTA ADMINISTRATIVO – FGV- Resposta: Letra D. As imagens mostram um con-
2018) Observe a charge a seguir: traste entre o desenvolvimento do computador e do
homem; enquanto aquele vai se tornando mais “fino,
elegante”, este fica sedentário, engorda. A palavra
“antitética” significa “oposta, oposição”.

18. (TRF-2.ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


ADMINISTRATIVA – CONSULPLAN-2017)

A charge acima é uma homenagem a Stephen Hawking,


destacando o fato de o cientista:

a) ter alcançado o céu após sua morte;


b) mostrar determinação no combate à doença;
c) ser comparado a cientistas famosos;
d) ser reconhecido como uma mente brilhante;
e) localizar seus interesses nos estudos de Física.

Resposta: Letra D. Em “a”: ter alcançado o céu após A produção da obra acima, Os Retirantes (1944), foi rea-
sua morte; = incorreto lizada seis anos depois da publicação do romance Vidas
Em “b”: mostrar determinação no combate à doença; Secas. Nessa obra, ao abordar a miséria e a seca clara-
= incorreto mente vistas através da representação de uma família de
Em “c”: ser comparado a cientistas famosos; = incor- retirantes, Cândido Portinari
reto
Em “d”: ser reconhecido como uma mente brilhante; a) apresenta uma temática, assim como a descrição dos
Em “e”: localizar seus interesses nos estudos de Física. personagens e do ambiente, de forma sutil e dinâmica.
= incorreto b) permite visualizar a degradação da figura humana e
Usemos a fala de Einstein: “a mente brilhante que es- o retrato da figura da morte afugentada pelos perso-
távamos esperando”. nagens.
c) apresenta elementos físicos presentes no cotidiano
17. (TJ-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FUNÇÃO ADMI- dos retirantes vítimas da seca e aspectos relacionados
NISTRATIVA – IBFC-2017) à desigualdade social.
d) utiliza a linguagem não verbal com o objetivo de cons-
Texto II truir uma imagem cuja ênfase mística se opõe aos fa-
tos da realidade observável.

Resposta: Letra C. Em “a”: apresenta uma temática,


assim como a descrição dos personagens e do am-
biente, de forma sutil e dinâmica.
Em “b”: permite visualizar a degradação da figura hu-
mana e o retrato da figura da morte afugentada pelos
personagens.
Em “c”: apresenta elementos físicos presentes no co-
A observação dos elementos não verbais do texto é res- tidiano dos retirantes vítimas da seca e aspectos rela-
ponsável pelo entendimento do humor sugerido. Nesse cionados à desigualdade social.
LÍNGUA PORTUGUESA

sentido, a evolução do homem e do computador, através Em “d”: utiliza a linguagem não verbal com o objetivo
de tais elementos, deve ser entendida como: de construir uma imagem cuja ênfase mística se opõe
aos fatos da realidade observável.
a) complementar. A obra retrata, de forma nada sutil, os elementos físi-
b) semelhante. cos de uma família vítima da seca.
c) conflitante.
d) antitética.
e) idealizada.

10
revelados por uma carga ideológica constituída de
RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS argumentos e contra-argumentos que justificam
a posição assumida acerca de um determinado
TEXTUAIS.
assunto: A mulher do mundo contemporâneo
luta cada vez mais para conquistar seu espaço no
mercado de trabalho, o que significa que os gêneros
TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAL estão em complementação, não em disputa.

A todo o momento nos deparamos com vários GÊNEROS TEXTUAIS


textos, sejam eles verbais ou não verbais. Em todos
São os textos materializados que encontramos em
há a presença do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a
nosso cotidiano; tais textos apresentam características sócio-
essência daquilo que está sendo transmitido entre
comunicativas definidas por seu estilo, função, composição,
os interlocutores. Estes interlocutores são as peças conteúdo e canal. Como exemplos, temos: receita culinária,
principais em um diálogo ou em um texto escrito. e-mail, reportagem, monografia, poema, editorial, piada,
É de fundamental importância sabermos classificar debate, agenda, inquérito policial, fórum, blog, etc.
os textos com os quais travamos convivência no nosso A escolha de um determinado gênero discursivo
dia a dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos depende, em grande parte, da situação de produção,
textuais e gêneros textuais. ou seja, a finalidade do texto a ser produzido, quem são
Comumente relatamos sobre um acontecimento, os locutores e os interlocutores, o meio disponível para
um fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos veicular o texto, etc.
nossa opinião sobre determinado assunto, descrevemos Os gêneros discursivos geralmente estão ligados
algum lugar que visitamos, fazemos um retrato a esferas de circulação. Assim, na esfera jornalística, por
verbal sobre alguém que acabamos de conhecer ou exemplo, são comuns gêneros como notícias, reportagens,
ver. É exatamente nessas situações corriqueiras que editoriais, entrevistas e outros; na esfera de divulgação
classificamos os nossos textos naquela tradicional científica são comuns gêneros como verbete de dicionário
tipologia: Narração, Descrição e Dissertação. ou de enciclopédia, artigo ou ensaio científico, seminário,
conferência.
As tipologias textuais se caracterizam pelos
aspectos de ordem linguística REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto
Os tipos textuais designam uma sequência definida Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. –
pela natureza linguística de sua composição. São São Paulo: Saraiva, 2010.
observados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, Português – Literatura, Produção de Textos &
relações logicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo, Gramática – volume único / Samira Yousseff Campedelli,
argumentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo. Jésus Barbosa Souza. – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de
ação demarcados no tempo do universo narrado, SITE
como também de advérbios, como é o caso de http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-
antes, agora, depois, entre outros: Ela entrava em textual.htm
seu carro quando ele apareceu. Depois de muita
conversa, resolveram...
B) Textos descritivos – como o próprio nome indica,
descrevem características tanto físicas quanto EXERCÍCIOS COMENTADOS
psicológicas acerca de um determinado indivíduo
ou objeto. Os tempos verbais aparecem demarcados
1. (TJ-DFT – CONHECIMENTOS BÁSICOS – TÉCNICO
no presente ou no pretérito imperfeito: “Tinha os
cabelos mais negros como a asa da graúna...” JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – CESPE –
C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar 2015)
um assunto ou uma determinada situação que se
almeje desenvolvê-la, enfatizando acerca das razões Ouro em Fios
de ela acontecer, como em: O cadastramento irá se
prorrogar até o dia 02 de dezembro, portanto, não se A natureza é capaz de produzir materiais preciosos,
esqueça de fazê-lo, sob pena de perder o benefício. como o ouro e o cobre - condutor de ENERGIA ELÉTRICA.
D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma O ouro já é escasso. A energia elétrica caminha para isso.
LÍNGUA PORTUGUESA

modalidade na qual as ações são prescritas de forma Enquanto cientistas e governos buscam novas fontes de
sequencial, utilizando-se de verbos expressos no energia sustentáveis, faça sua parte aqui no TJDFT:
imperativo, infinitivo ou futuro do presente: Misture - Desligue as luzes nos ambientes onde é possível
todos os ingrediente e bata no liquidificador até criar usar a iluminação natural.
uma massa homogênea. - Feche as janelas ao ligar o ar-condicionado.
E) Textos argumentativos (dissertativo) – Demarcam- - Sempre desligue os aparelhos elétricos ao sair do
se pelo predomínio de operadores argumentativos, ambiente.
- Utilize o computador no modo espera.

11
Fique ligado! Evite desperdícios. 2. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE –
Energia elétrica. 2008) O gênero textual apresentado permite o emprego
A natureza cobra o preço do desperdício. da linguagem coloquial, como ocorre, por exemplo, em
Internet: <www.tjdft.jus.br> (com adaptações) “Qualquer um, não sendo irremediavelmente burro” e “um
tijolo de burrice”.
Há no texto elementos característicos das tipologias ex-
positiva e injuntiva. ( ) CERTO ( ) ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO O gênero é a crônica, conta fatos do dia a dia de ma-


neira descontraída, o que permite a utilização de uma
Texto injuntivo – ou instrucional – é aquele que passa linguagem mais próxima do leitor; a informalidade.
instruções ao leitor. O texto acima apresenta tal ca- GABARITO OFICIAL: CERTO
racterística.
GABARITO OFICIAL: Certo
DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL.
EMPREGO DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA.
Leia o texto a seguir e responda à questão..

Como nasce uma história


(fragmento) Ortografia

Quando cheguei ao edifício, tomei o elevador que A ortografia é a parte da Fonologia que trata da cor-
serve do primeiro ao décimo quarto andar. Era pelo reta grafia das palavras. É ela quem ordena qual som
menos o que dizia a tabuleta no alto da porta. devem ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma
— Sétimo — pedi. língua são grafados segundo acordos ortográficos.
A porta se fechou e começamos a subir. Minha A maneira mais simples, prática e objetiva de apren-
atenção se fixou num aviso que dizia: der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras,
É expressamente proibido os funcionários, no ato da familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras
subida, utilizarem os elevadores para descerem. é necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções
Desde o meu tempo de ginásio sei que se trata e, em alguns casos, há necessidade de conhecimento de
de problema complicado, este do infinito pessoal. etimologia (origem da palavra).
Prevaleciam então duas regras mestras que deveriam ser
rigorosamente obedecidas. Uma afirmava que o sujeito, 1. Regras ortográficas
sendo o mesmo, impedia que o verbo se flexionasse. Da
outra infelizmente já não me lembrava. A) O fonema S
Mas não foi o emprego pouco castiço do infinito São escritas com S e não C/Ç
pessoal que me intrigou no tal aviso: foi estar ele  Palavras substantivadas derivadas de verbos com
concebido de maneira chocante aos delicados ouvidos radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender
de um escritor que se preza. - pretensão / expandir - expansão / ascender - as-
Qualquer um, não sendo irremediavelmente burro, censão / inverter - inversão / aspergir - aspersão /
entenderia o que se pretende dizer neste aviso. Pois um submergir - submersão / divertir - diversão / im-
tijolo de burrice me baixou na compreensão, fazendo com pelir - impulsivo / compelir - compulsório / repelir
que eu ficasse revirando a frase na cabeça: descerem, no - repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
ato da subida? Que quer dizer isto? E buscava uma forma sentir - sensível / consentir – consensual.
simples e correta de formular a proibição:
É proibido subir para depois descer. São escritos com SS e não C e Ç
É proibido subir no elevador com intenção de descer.  Nomes derivados dos verbos cujos radicais ter-
É proibido ficar no elevador com intenção de descer, minem em gred, ced, prim ou com verbos ter-
quando ele estiver subindo. minados por tir ou - meter: agredir - agressivo /
Se quiser descer, não tome o elevador que esteja imprimir - impressão / admitir - admissão / ceder
subindo. - cessão / exceder - excesso / percutir - percussão /
Mais simples ainda: regredir - regressão / oprimir - opressão / compro-
Se quiser descer, só tome o elevador que estiver meter - compromisso / submeter – submissão.
descendo.  Quando o prefixo termina com vogal que se junta
LÍNGUA PORTUGUESA

De tanta simplicidade, atingi a síntese perfeita do que com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simé-
Nelson Rodrigues chamava de óbvio ululante, ou seja, a trico - assimétrico / re + surgir – ressurgir.
enunciação de algo que não quer dizer absolutamente  No pretérito imperfeito simples do subjuntivo.
nada: Se quiser descer, não suba. Exemplos: ficasse, falasse.
Fernando Sabino. A volta por cima. Rio de Janeiro:
Record, São escritos com C ou Ç e não S e SS
1995, p. 137-140. (Com adaptações.)  Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açú-
car.

12
 Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: São escritas com J e não G
cipó, Juçara, caçula, cachaça, cacique.  Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.
 Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça,  Palavras de origem árabe, africana ou exótica:
uçu, uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, car- jiboia, manjerona.
niça, caniço, esperança, carapuça, dentuço.  Palavras terminadas com aje: ultraje.
 Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção
/ deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção. D) O fonema ch
 Após ditongos: foice, coice, traição. São escritas com X e não CH
 Palavras derivadas de outras terminadas em -te,  Palavras de origem tupi, africana ou exótica: aba-
to(r): marte - marciano / infrator - infração / ab- caxi, xucro.
sorto – absorção.  Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu,
lagartixa.
B) O fonema z  Depois de ditongo: frouxo, feixe.
São escritos com S e não Z  Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval.
 Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é Exceção: quando a palavra de origem não derive de
substantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárqui- outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
cos: freguês, freguesa, freguesia, poetisa, baronesa,
princesa. São escritas com CH e não X
 Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, me-  Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo,
tamorfose. chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, sal-
 Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, sicha.
quis, quiseste.
 Nomes derivados de verbos com radicais termi- E) As letras “e” e “i”
nados em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão /  Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem.
empreender - empresa / difundir – difusão. Com “i”, só o ditongo interno cãibra.
 Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís  Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar
- Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho. são escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Es-
 Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa. crevemos com “i”, os verbos com infinitivo em
 Verbos derivados de nomes cujo radical termina -air, -oer e -uir: trai, dói, possui, contribui.
com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar
– pesquisar.
FIQUE ATENTO!
São escritos com Z e não S
 Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de Há palavras que mudam de sentido quan-
adjetivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo – do substituímos a grafia “e” pela grafia “i”:
beleza. área (superfície), ária (melodia) / delatar
Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori- (denunciar), dilatar (expandir) / emergir
gem não termine com s): final - finalizar / concreto (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de
– concretizar. estância, que anda a pé), pião (brinquedo).
 Consoante de ligação se o radical não terminar
com “s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal
Exceção: lápis + inho – lapisinho.
#FicaDica
C) O fonema j
Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto
São escritas com G e não J
à ortografia de uma palavra, há a possibili-
 Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
dade de consultar o Vocabulário Ortográfi-
gesso.
 Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, co da Língua Portuguesa (VOLP), elaborado
gim. pela Academia Brasileira de Letras. É uma
 Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com obra de referência até mesmo para a criação
poucas exceções): imagem, vertigem, penugem, de dicionários, pois traz a grafia atualizada
bege, foge. das palavras (sem o significado). Na Internet,
 o endereço é www.academia.org.br.
Exceção: pajem.
LÍNGUA PORTUGUESA

 Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, 2. Informações importantes


litígio, relógio, refúgio.
 Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fu- Formas variantes são as que admitem grafias ou pro-
gir, mugir. núncias diferentes para palavras com a mesma significa-
 Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, ção: aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/quatorze,
surgir. dependurar/pendurar, flecha/frecha, germe/gérmen, in-
 Depois da letra “a”, desde que não seja radical ter- farto/enfarte, louro/loiro, percentagem/porcentagem, re-
minado com j: ágil, agente. lampejar/relampear/relampar/relampadar.

13
Os símbolos das unidades de medida são escritos Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos
sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar que expressam movimento = Aonde você vai?
plural, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg,
20km, 120km/h. 3. MAU / MAL

Exceção para litro (L): 2 L, 150 L. Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se
como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um
Na indicação de horas, minutos e segundos, não mau elemento.
deve haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h,
22h30min, 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três mi- Mal = pode ser usado como
nutos e trinta e quatro segundos). 1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”,
O símbolo do real antecede o número sem espaço: “logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu.
R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma bar- 2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi
ra vertical ($). mal na prova?
3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou
ALGUNS USOS ORTOGRÁFICOS ESPECIAIS pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal
não compensa.
1. Por que / por quê / porquê / porque
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
POR QUE (separado e sem acento)
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
É usado em:
1. interrogações diretas (longe do ponto de interro- Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
gação) = Por que você não veio ontem? reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale Paulo: Saraiva, 2010.
a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe por Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
que faltara à aula ontem. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” = CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Ignoro o motivo por que ele se demitiu. Produção de Textos & Gramática. Volume único / Samira
Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo:
POR QUÊ (separado e com acento) Saraiva, 2002.

Usos: SITE
1. como pronome interrogativo, quando colocado no http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
fim da frase (perto do ponto de interrogação) = ortografia
Você faltou. Por quê?
2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por
quê? 4. Hífen

PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico) O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado
para ligar os elementos de palavras compostas (como
Usos: ex-presidente, por exemplo) e para unir pronomes áto-
1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale nos a verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente
a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na escri- para fazer a translineação de palavras, isto é, no fim de
ta (pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até ponto uma linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/sa;
final) = Compre agora, porque há poucas peças. compa-/nheiro).
2. como conjunção subordinativa causal, substituível
por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu por- A) Uso do hífen que continua depois da Reforma
que se antecipou. Ortográfica:

PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico) 1. Em palavras compostas por justaposição que for-
mam uma unidade semântica, ou seja, nos termos
Usos: que se unem para formam um novo significado:
1. como substantivo, com o sentido de “causa”, “ra- tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente-
zão” ou “motivo”, admitindo pluralização (porquês). Ge-
LÍNGUA PORTUGUESA

-coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva,


ralmente é precedido por artigo = Não sei o porquê da arco-íris, primeiro-ministro, azul-escuro.
discussão. É uma pessoa cheia de porquês. 2. Em palavras compostas por espécies botânicas e
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer,
2. ONDE / AONDE abóbora-menina, erva-doce, feijão-verde.
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re-
Onde = empregado com verbos que não expressam cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-núme-
a ideia de movimento = Onde você está? ro, recém-casado.

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4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas al- 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando
gumas exceções continuam por já estarem con- o segundo elemento começar com “o”: cooperação,
sagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, coobrigação, coordenar, coocupante, coautor, coedi-
mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia, ção, coexistir, etc.
queima-roupa, deus-dará. 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram no-
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte ção de composição: pontapé, girassol, paraquedas,
Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas paraquedista, etc.
combinações históricas ou ocasionais: Áustria- 6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: ben-
-Hungria, Angola-Brasil, etc. feito, benquerer, benquerido, etc.
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su-
per- quando associados com outro termo que é Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas correspon-
iniciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super- dentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
-racional, etc. não havendo hífen: pospor, predeterminar, predetermina-
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-di- do, pressuposto, propor.
retor, ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio-
so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-
-humano, super-realista, alto-mar.
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-:
Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma,
pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação,
antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante,
etc.
ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus,
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se,
autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.
abraça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.
10. Nas formações em que o prefixo tem como se- REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-he- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
pático, geo-história, neo-helênico, extra-humano, Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
semi-hospitalar, super-homem.
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudopre- SITE
fixo termina com a mesma vogal do segundo ele- http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
mento: micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, au- ortografia
to-observação, etc.

O hífen é suprimido quando para formar outros ter-


mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar. EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (Polícia Federal – Escrivão de Polícia Federal – Ces-


#FicaDica pe – 2013 – adaptada)
Lembrete da Zê!
A fim de solucionar o litígio, atos sucessivos e concatena-
Ao separar palavras na translineação (mu-
dos são praticados pelo escrivão. Entre eles, estão os atos
dança de linha), caso a última palavra a ser
de comunicação, os quais são indispensáveis para que
escrita seja formada por hífen, repita-o na
os sujeitos do processo tomem conhecimento dos atos
próxima linha. Exemplo: escreverei anti-in-
acontecidos no correr do procedimento e se habilitem a
flamatório e, ao final, coube apenas “anti-”.
exercer os direitos que lhes cabem e a suportar os ônus
Na próxima linha escreverei: “-inflamatório”
que a lei lhes impõe.
(hífen em ambas as linhas). Devido à diagra-
Disponível em: <http://jus.com.br> (com adaptações).
mação, pode ser que a repetição do hífen na
translineação não ocorra em meus conteú-
No que se refere ao texto acima, julgue os itens seguin-
dos, mas saiba que a regra é esta!
tes.
Não haveria prejuízo para a correção gramatical do texto
B) Não se emprega o hífen: nem para seu sentido caso o trecho “A fim de solucionar
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo o litígio” fosse substituído por Afim de dar solução à de-
termina em vogal e o segundo termo inicia-se em manda e o trecho “tomem conhecimento dos atos acon-
“r” ou “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas tecidos no correr do procedimento” fosse, por sua vez,
consoantes: antirreligioso, contrarregra, infrassom, substituído por conheçam os atos havidos no transcurso
microssistema, minissaia, microrradiografia, etc. do acontecimento.
LÍNGUA PORTUGUESA

2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-


fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se ( ) CERTO ( ) ERRADO
com vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coedu-
cação, autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétri- Resposta: Errado. “A fim” tem o sentido de “com a
co, plurianual, autoescola, infraestrutura, etc. intenção de”; já “afim”, “semelhança, afinidade”. Se a
3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos primeira substituição fosse feita, o trecho estaria in-
“dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” correto gramatical e coerentemente. Portanto, nem há
inicial: desumano, inábil, desabilitar, etc. a necessidade de avaliar a segunda substituição.

15
Acentuação Gráfica i, is: táxi – lápis – júri
us, um, uns: vírus – álbuns – fórum
Quanto à acentuação, observamos que algumas pa- l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax –
lavras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora fórceps
se dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra. ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos
Por isso, vamos às regras! ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
não de “s”: água – pônei – mágoa – memória
1. Regras básicas

A acentuação tônica está relacionada à intensida- #FicaDica


de com que são pronunciadas as sílabas das palavras.
Aquela que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que
como sílaba tônica. As demais, como são pronunciadas esta palavra apresenta as terminações das
com menos intensidade, são denominadas de átonas. paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U
De acordo com a tonicidade, as palavras são classifi- (aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim
cadas como: ficará mais fácil a memorização!

Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre


a última sílaba: café – coração – Belém – atum – caju –
papel C) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona quan-
Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima síla- do a sua antepenúltima sílaba é tônica (mais forte).
ba: útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível Quanto à regra de acentuação: todas as proparoxí-
Proparoxítonas - a sílaba tônica está na antepenúlti- tonas são acentuadas, independentemente de sua
ma sílaba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus terminação: árvore, paralelepípedo, cárcere.

Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: são 2.2 Regras especiais
os chamados monossílabos. Estes são acentuados quan-
do tônicos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá – fé – pó Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
- ré. abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
2 Os acentos palavras paroxítonas.

A) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a”


e “i”, “u” e “e” do grupo “em” - indica que estas FIQUE ATENTO!
letras representam as vogais tônicas de palavras Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem
como pá, caí, público. Sobre as letras “e” e “o” indi- em uma palavra oxítona (herói) ou monos-
ca, além da tonicidade, timbre aberto: herói – céu sílaba (céu) ainda são acentuados: dói, es-
(ditongos abertos). carcéu.
B) acento circunflexo – (^) Colocado sobre as letras
“a”, “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fe-
chado: tâmara – Atlântico – pêsames – supôs.
C) acento grave – (`) Indica a fusão da preposição “a” Antes Agora
com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles assembléia assembleia
D) trema (¨) – De acordo com a nova regra, foi total-
mente abolido das palavras. Há uma exceção: é idéia ideia
utilizado em palavras derivadas de nomes próprios geléia geleia
estrangeiros: mülleriano (de Müller)
jibóia jiboia
E) til – (~) Indica que as letras “a” e “o” representam
vogais nasais: oração – melão – órgão – ímã apóia (verbo apoiar) apoia
paranóico paranoico
2.1 Regras fundamentais
2.3 Acento Diferencial
A) Palavras oxítonas: acentuam-se todas as oxítonas
terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não do
Representam os acentos gráficos que, pelas regras de
plural(s): Pará – café(s) – cipó(s) – Belém.
acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para
LÍNGUA PORTUGUESA

Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:


diferenciar classes gramaticais entre determinadas pala-
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se-
vras e/ou tempos verbais. Por exemplo:
guidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há
Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito per-
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,
seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo feito do Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do
Indicativo do mesmo verbo).
B) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
terminadas em: terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,

16
mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se, Repare:
para que saibamos se se trata de um verbo ou preposi- O menino crê em você. / Os meninos creem em você.
ção. Elza lê bem! / Todas leem bem!
Os demais casos de acento diferencial não são mais Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que os
utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substanti- garotos deem o recado!
vo), pelo (preposição). Seus significados e classes grama- Rubens vê tudo! / Eles veem tudo!
ticais são definidos pelo contexto. Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm
Polícia para o trânsito para que se realize a operação à tarde!
planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo, con-
junção (com relação de finalidade). As formas verbais que possuíam o acento tônico na
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de
“e” ou “i” não serão mais acentuadas:
#FicaDica
Quando, na frase, der para substituir o “por” Antes Depois
por “colocar”, estaremos trabalhando com apazigúe (apaziguar) apazigue
um verbo, portanto: “pôr”; nos demais ca-
averigúe (averiguar) averigue
sos, “por” é preposição: Faço isso por você.
/ Posso pôr (colocar) meus livros aqui? argúi (arguir) argui

Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pes-


2.4 Regra do Hiato
soa do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm
(verbo vir). A regra prevalece também para os verbos
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, segun-
conter, obter, reter, deter, abster: ele contém – eles contêm,
da vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá ele obtém – eles obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém
acento: saída – faísca – baú – país – Luís – eles convêm.
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato
quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ra-ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti- Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
verem seguidas do dígrafo nh: Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
ra-i-nha, ven-to-i-nha. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vie- Paulo: Saraiva, 2010.
rem precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, forman- SITE
do hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxí- http://www.brasilescola.com/gramatica/acentuacao.
tonas): htm

Antes Agora
bocaiúva bocaiuva EXERCÍCIOS COMENTADOS
feiúra feiura
1. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – Cespe
Sauípe Sauipe
– 2014) Os termos “série” e “história” acentuam-se em
conformidade com a mesma regra ortográfica.
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
abolido: ( ) CERTO ( ) ERRADO

Antes Agora Resposta: Certo. “Série” = acentua-se a paroxítona


terminada em ditongo / “história” - acentua-se a pa-
crêem creem
roxítona terminada em ditongo
lêem leem Ambas são acentuadas devido à regra da paroxítona
vôo voo terminada em ditongo.

enjôo enjoo Observação: nestes casos, admitem-se as separações


LÍNGUA PORTUGUESA

“sé-ri-e” e “his-tó-ri-as”, o que as tornaria proparoxí-


tonas.
#FicaDica
2. (Anatel – Técnico Administrativo – cespe – 2012)
Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego do acento
verbos que, no plural, dobram o “e”, mas gráfico tem justificativas gramaticais diferentes.
que não recebem mais acento como antes:
CRER, DAR, LER e VER. ( ) CERTO ( ) ERRADO

17
Resposta: Errado. Análise = proparoxítona / mínimos capítulo ou de uma parte precedida por subtítulo. Nessa
= proparoxítona. Ambas são acentuadas pela mesma situação, pode ter vários parágrafos. Em redações mais
regra (antepenúltima sílaba é tônica, “mais forte”). comuns, que em média têm de 25 a 80 linhas, a introdu-
ção será o primeiro parágrafo.
3. (Ancine – Técnico Administrativo – cespe – 2012)
Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência” recebem Desenvolvimento
acento gráfico com base na mesma regra de acentuação
gráfica. A maior parte do texto está inserida no desenvolvi-
mento, que é responsável por estabelecer uma ligação
( ) CERTO ( ) ERRADO entre a introdução e a conclusão. É nessa etapa que são
elaboradas as ideias, os dados e os argumentos que sus-
Resposta: Certo. Indivíduo = paroxítona terminada tentam e dão base às explicações e posições do autor. É
em ditongo; diária = paroxítona terminada em diton- caracterizado por uma “ponte” formada pela organização
go; paciência = paroxítona terminada em ditongo. Os das ideias em uma sequência que permite formar uma
três vocábulos são acentuados devido à mesma regra. relação equilibrada entre os dois lados.
O autor do texto revela sua capacidade de discutir um
4. (Ibama – Técnico Administrativo – cespe – 2012) As determinado tema no desenvolvimento, e é através desse
palavras “pó”, “só” e “céu” são acentuadas de acordo com que o autor mostra sua capacidade de defender seus pon-
a mesma regra de acentuação gráfica. tos de vista, além de dirigir a atenção do leitor para a con-
clusão. As conclusões são fundamentadas a partir daqui.
( ) CERTO ( ) ERRADO Para que o desenvolvimento cumpra seu objetivo, o
escritor já deve ter uma ideia clara de como será a con-
Resposta: Errado. Pó = monossílaba terminada em clusão. Daí a importância em planejar o texto.
“o”; só = monossílaba terminada em “o”; céu = mo- Em média, o desenvolvimento ocupa 3/5 do texto, no
nossílaba terminada em ditongo aberto “éu”. mínimo. Já nos textos mais longos, pode estar inserido
em capítulos ou trechos destacados por subtítulos. Apre-
sentar-se-á no formato de parágrafos medianos e curtos.
Os principais erros cometidos no desenvolvimento
DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO são o desvio e a desconexão da argumentação. O primei-
TEXTUAL. EMPREGO DE ELEMENTOS DE ro está relacionado ao autor tomar um argumento se-
REFERENCIAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO E REPETI- cundário que se distancia da discussão inicial, ou quando
ÇÃO, DE CONECTORES E DE OUTROS ELE- se concentra em apenas um aspecto do tema e esquece
o seu todo. O segundo caso acontece quando quem re-
MENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL.
dige tem muitas ideias ou informações sobre o que está
sendo discutido, não conseguindo estruturá-las. Surge
também a dificuldade de organizar seus pensamentos e
Estrutura Textual definir uma linha lógica de raciocínio.

Primeiramente, o que nos faz produzir um texto é a Conclusão


capacidade que temos de pensar. Por meio do pensa-
mento, elaboramos todas as informações que recebemos Considerada como a parte mais importante do texto,
e orientamos as ações que interferem na realidade e or- é o ponto de chegada de todas as argumentações ela-
ganização de nossos escritos. O que lemos é produto de boradas. As ideias e os dados utilizados convergem para
um pensamento transformado em texto. essa parte, em que a exposição ou discussão se fecha.
Logo, como cada um de nós tem seu modo de pen- Em uma estrutura normal, ela não deve deixar uma
sar, quando escrevemos sempre procuramos uma manei- brecha para uma possível continuidade do assunto; ou
ra organizada do leitor compreender as nossas ideias. A seja, possui atributos de síntese. A discussão não deve
finalidade da escrita é direcionar totalmente o que você ser encerrada com argumentos repetitivos, como por
quer dizer, por meio da comunicação. exemplo: “Portanto, como já dissemos antes...”, “Con-
Para isso, os elementos que compõem o texto se sub- cluindo...”, “Em conclusão...”.
dividem em: introdução, desenvolvimento e conclusão. Sua proporção em relação à totalidade do texto deve
Todos eles devem ser organizados de maneira equilibrada. ser equivalente ao da introdução: de 1/5. Essa é uma das
características de textos bem redigidos.
Introdução Os seguintes erros aparecem quando as conclusões
ficam muito longas:
LÍNGUA PORTUGUESA

Caracterizada pela entrada no assunto e a argumen- � O problema aparece quando não ocorre uma ex-
tação inicial. A ideia central do texto é apresentada nessa ploração devida do desenvolvimento, o que gera
etapa. Essa apresentação deve ser direta, sem rodeios. uma invasão das ideias de desenvolvimento na
O seu tamanho raramente excede a 1/5 de todo o tex- conclusão.
to. Porém, em textos mais curtos, essa proporção não é � Outro fator consequente da insuficiência de fun-
equivalente. Neles, a introdução pode ser o próprio tí- damentação do desenvolvimento está na conclu-
tulo. Já nos textos mais longos, em que o assunto é ex- são precisar de maiores explicações, ficando bas-
posto em várias páginas, ela pode ter o tamanho de um tante vazia.

18
� Enrolar e “encher linguiça” são muito comuns no incoerência é resultado do mau uso dos elementos de
texto em que o autor fica girando em torno de coesão textual. Na organização de períodos e de pará-
ideias redundantes ou paralelas. grafos, um erro no emprego dos mecanismos gramati-
� Uso de frases vazias que, por vezes, são perfeita- cais e lexicais prejudica o entendimento do texto. Cons-
mente dispensáveis. truído com os elementos corretos, confere-se a ele uma
� Quando não tem clareza de qual é a melhor con- unidade formal.
clusão, o autor acaba se perdendo na argumenta- Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enun-
ção final. ciado não se constrói com um amontoado de palavras e
orações. Elas se organizam segundo princípios gerais de
Em relação à abertura para novas discussões, a con- dependência e independência sintática e semântica, reco-
clusão não pode ter esse formato, exceto pelos seguin- bertos por unidades melódicas e rítmicas que sedimentam
tes fatores: estes princípios”.
� Para não influenciar a conclusão do leitor so- Não se deve escrever frases ou textos desconexos –
bre temas polêmicos, o autor deixa a conclusão em
é imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que as
aberto.
frases estejam coesas e coerentes formando o texto. Re-
� Para estimular o leitor a ler uma possível con-
lembre-se de que, por coesão, entende-se ligação, rela-
tinuidade do texto, o autor não fecha a discussão
de propósito. ção, nexo entre os elementos que compõem a estrutura
� Por apenas apresentar dados e informações so- textual.
bre o tema a ser desenvolvido, o autor não deseja
concluir o assunto. Formas de se garantir a coesão entre os elementos
� Para que o leitor tire suas próprias conclusões, de uma frase ou de um texto
o autor enumera algumas perguntas no final do
texto. � Substituição de palavras com o emprego de sinô-
nimos - palavras ou expressões do mesmo campo
A maioria dessas falhas pode ser evitada se antes o associativo.
autor fizer um esboço de todas as suas ideias. Essa técni- � Nominalização – emprego alternativo entre um
ca é um roteiro, em que estão presentes os planejamen- verbo, o substantivo ou o adjetivo correspondente
tos. Naquele devem estar indicadas as melhores sequên- (desgastar / desgaste / desgastante).
cias a serem utilizadas na redação; ele deve ser o mais � Emprego adequado de tempos e modos verbais:
enxuto possível. Embora não gostassem de estudar, participaram da
aula.
SITE � Emprego adequado de pronomes, conjunções,
Disponível em:
preposições, artigos:
<http://producao-de-textos.info/mos/view/Carac-
ter%C3%ADsticas_e_Estruturas_do_Texto/>
O papa Francisco visitou o Brasil. Na capital brasileira,
Sua Santidade participou de uma reunião com a Presiden-
te Dilma. Ao passar pelas ruas, o papa cumprimentava as
Coesão e Coerência
pessoas. Estas tiveram a certeza de que ele guarda respeito
Na construção de um texto, assim como na fala, usa- por elas.
mos mecanismos para garantir ao interlocutor a com- � Uso de hipônimos – relação que se estabelece
preensão do que é dito, ou lido. Estes mecanismos lin- com base na maior especificidade do significado
guísticos que estabelecem a coesão e retomada do que de um deles. Por exemplo, mesa (mais específico) e
foi escrito - ou falado - são os referentes textuais, que móvel (mais genérico).
buscam garantir a coesão textual para que haja coerên- � Emprego de hiperônimos - relações de um termo
cia, não só entre os elementos que compõem a oração, de sentido mais amplo com outros de sentido mais
como também entre a sequência de orações dentro do específico. Por exemplo, felino está numa relação
texto. Essa coesão também pode muitas vezes se dar de de hiperonímia com gato.
modo implícito, baseado em conhecimentos anteriores � Substitutos universais, como os verbos vicários.
que os participantes do processo têm com o tema.
Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha ima- Verbo vicário é aquele que substitui outro já utilizado
ginária - composta de termos e expressões - que une no período, evitando repetições. Geralmente é o verbo
os diversos elementos do texto e busca estabelecer rela- fazer e ser. Exemplo: Não gosto de estudar. Faço porque
ções de sentido entre eles. Dessa forma, com o emprego
LÍNGUA PORTUGUESA

preciso. O “faço” foi empregado no lugar de “estudo”,


de diferentes procedimentos, sejam lexicais (repetição, evitando repetição desnecessária.
substituição, associação), sejam gramaticais (emprego de
pronomes, conjunções, numerais, elipses), constroem-se A coesão apoiada na gramática se dá no uso de co-
frases, orações, períodos, que irão apresentar o contexto nectivos, como pronomes, advérbios e expressões ad-
– decorre daí a coerência textual. verbiais, conjunções, elipses, entre outros. A elipse jus-
Um texto incoerente é o que carece de sentido ou tifica-se quando, ao remeter a um enunciado anterior,
o apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa a palavra elidida é facilmente identificável (Exemplo.: O

19
jovem recolheu-se cedo. Sabia que ia necessitar de todas a) redução da poluição / banimento da circulação de car-
as suas forças. O termo o jovem deixa de ser repetido e, ros / erosão dos monumentos;
assim, estabelece a relação entre as duas orações). b) banimento da circulação de carros / erosão dos monu-
mentos / redução da poluição;
Dêiticos são elementos linguísticos que têm a pro- c) erosão dos monumentos / redução da poluição / bani-
priedade de fazer referência ao contexto situacional ou mento da circulação de carros;
ao próprio discurso. Exercem, por excelência, essa fun- d) redução da poluição / erosão dos monumentos / ba-
ção de progressão textual, dada sua característica: são nimento da circulação de carros;
elementos que não significam, apenas indicam, remetem e) erosão dos monumentos / banimento da circulação de
aos componentes da situação comunicativa. carros / redução da poluição.
Já os componentes concentram em si a significação.
Elisa Guimarães ensina-nos a esse respeito: Resposta: Letra E. “A prefeitura da capital italiana
“Os pronomes pessoais e as desinências verbais in- anunciou que vai banir a circulação de carros a diesel
dicam os participantes do ato do discurso. Os pronomes no centro a partir de 2024. O objetivo é reduzir a po-
demonstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais, luição, que contribui para a erosão dos monumentos”.
bem como os advérbios de tempo, referenciam o momento Primeiro ocorreu a erosão dos monumentos (=1) de-
da enunciação, podendo indicar simultaneidade, anterio- vido à poluição; optou-se pelo banimento da circula-
ridade ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste ção dos carros (=2) para que a poluição diminua (=3),
momento (presente); ultimamente, recentemente, ontem, o que preservará os monumentos.
há alguns dias, antes de (pretérito); de agora em diante,
no próximo ano, depois de (futuro).” 2. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO –
CESGRANRIO-2018) A ideia a que o pronome destaca-
A coerência de um texto está ligada: do se refere está adequadamente explicitada entre col-
1. à sua organização como um todo, em que devem chetes em:
estar assegurados o início, o meio e o fim;
2. à adequação da linguagem ao tipo de texto. Um
a) “Ela é produzida de forma descentralizada por mi-
texto técnico, por exemplo, tem a sua coerência
lhares de computadores, mantidos por pessoas que
fundamentada em comprovações, apresentação
‘emprestam’ a capacidade de suas máquinas para criar
de estatísticas, relato de experiências; um texto
bitcoins” [computadores]
informativo apresenta coerência se trabalhar com
b) “No processo de nascimento de uma bitcoin, que é
linguagem objetiva, denotativa; textos poéticos,
chamado de ´mineração´, os computadores conecta-
por outro lado, trabalham com a linguagem figura-
dos à rede competem entre si” [bitcoin]
da, livre associação de ideias, palavras conotativas.
c) “O nível de dificuldade dos desafios é ajustado pela
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA rede, para que a moeda cresça dentro de uma faixa
CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa. limitada, que é de até 21 milhões de unidades” [rede]
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramá- d) “Elas são guardadas em uma espécie de carteira, que
tica – volume único – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. é criada quando o usuário se cadastra no software.”
[espécie ]
SITE e) “Críticos afirmam que a moeda vive uma bolha que em
Disponível em: <http://www.mundovestibular.com. algum momento deve estourar.” [bolha]
br/articles/2586/1/COESAO-E-COERENCIA-TEXTUAL/
Paacutegina1.html> Resposta: Letra E. Em “a”: “Ela é produzida de forma
descentralizada por milhares de computadores, man-
tidos por pessoas que (= as quais – retoma o termo
“pessoas”)
Em “b”: “No processo de nascimento de uma bitcoin,
EXERCÍCIOS COMENTADOS que é chamado de ‘mineração’ (= o qual - retoma o
termo “processo de nascimento”)
1. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEIRO Em “c”: “O nível de dificuldade dos desafios é ajustado
GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018) pela rede, para que a moeda cresça dentro de uma
faixa limitada, que é de até 21 milhões de unidades” =
Texto 2 retoma o termo “faixa limitada”
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “d”: “Elas são guardadas em uma espécie de cartei-


“A prefeitura da capital italiana anunciou que vai banir a ra, que é criada (= a qual – retoma “carteira”)
circulação de carros a diesel no centro a partir de 2024. O Em “e”: “Críticos afirmam que a moeda vive uma bolha
objetivo é reduzir a poluição, que contribui para a erosão que (= a qual) em algum momento deve estourar.”
dos monumentos”. [bolha] = correta
(Veja, 7/3/2018)

A ordem cronológica dos fatos citados no texto 2 é:

20
3. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- No fim das contas, vale um lembrete que pode ajudar a
GRANRIO-2018-ADAPTADA) conter os impulsos na hora de comprar um novo smar-
O vício da tecnologia tphone ou alguma novidade de mercado: compare o efeito
momentâneo da dopamina com o impacto de imaginar
Entusiastas de tecnologia passaram a semana com os como ficarão as faturas do seu cartão de crédito com a
olhos voltados para uma exposição de novidades eletrô- nova compra.
nicas realizada recentemente nos Estados Unidos. Entre O choque ao constatar o rombo em seu orçamento pode
as inovações, estavam produtos relacionados a experi- ser suficiente para que você decida pensar duas vezes a
ências de realidade virtual e à utilização de inteligência respeito da aquisição.
artificial — que hoje é um dos temas que mais desperta DANA, S. O Globo. Economia. Rio de Janeiro, 16 jan. 2018.
interesse em profissionais da área, tendo em vista a am- Adaptado.
pliação do uso desse tipo de tecnologia nos mais diver-
sos segmentos. A ideia a que a expressão destacada se refere está expli-
Mais do que prestar atenção às novidades lançadas no citada adequadamente entre colchetes em:
evento, vale refletir sobre o motivo que nos leva a uma a) “relacionados a experiências de realidade virtual e à
ansiedade tão grande para consumir produtos que pro- utilização de inteligência artificial — que hoje é um
metem inovação tecnológica. Por que tanta gente se dis- dos temas que mais desperta interesse em profissio-
põe a dormir em filas gigantescas só para ser um dos nais da área” [experiências de realidade virtual]
primeiros a comprar um novo modelo de smartphone? b) “tendo em vista a ampliação do uso desse tipo de tec-
Por que nos dispomos a pagar cifras astronômicas para nologia nos mais diversos segmentos” [inteligência
comprar aparelhos que não temos sequer certeza de que artificial]
serão realmente úteis em nossas rotinas? c) “a compra de uma novidade tecnológica atende a essa
A teoria de um neurocientista da Universidade de Oxford última necessidade citada” [segurança]
(Inglaterra) ajuda a explicar essa “corrida desenfreada” d) “O ato de seguir esse impulso cerebral e comprar o
por novos gadgets. De modo geral, em nosso processo mais novo lançamento tecnológico dispara em nosso
evolutivo como seres humanos, nosso cérebro aprendeu cérebro a liberação de um hormônio chamado dopa-
a suprir necessidades básicas para a sobrevivência e a mina” [mapeamento cerebral]
perpetuação da espécie, tais como sexo, segurança e sta- e) “Ele é liberado quando nosso cérebro identifica algo
tus social. que represente uma recompensa.” [impulso cerebral]
Nesse sentido, a compra de uma novidade tecnológica
atende a essa última necessidade citada: nós nos senti- Resposta: Letra B. Ao texto:
mos melhores e superiores, ainda que momentaneamen- Em “a”: “relacionados a experiências de realidade vir-
te, quando surgimos em nossos círculos sociais com um tual e à utilização de inteligência artificial — que hoje
produto que quase ninguém ainda possui. é um dos temas que mais desperta interesse em pro-
Foi realizado um estudo de mapeamento cerebral que fissionais da área” [experiências de realidade virtual]
mostrou que imagens de produtos tecnológicos ativa- Nesse caso, a resposta se encontra na alternativa: in-
vam partes do nosso cérebro idênticas às que são ativa- teligência artificial
das quando uma pessoa muito religiosa se depara com Em “b”: “tendo em vista a ampliação do uso desse tipo
um objeto sagrado. Ou seja, não seria exagero dizer que de tecnologia nos mais diversos segmentos” [inteli-
o vício em novidades tecnológicas é quase uma religião gência artificial]
para os mais entusiastas. Texto: Entre as inovações, estavam produtos relaciona-
O ato de seguir esse impulso cerebral e comprar o mais dos a experiências de realidade virtual e à utilização de
novo lançamento tecnológico dispara em nosso cére- inteligência artificial — que hoje é um dos temas que
bro a liberação de um hormônio chamado dopamina, mais desperta interesse em profissionais da área, tendo
responsável por nos causar sensações de prazer. Ele é em vista a ampliação do uso desse tipo de tecnologia
liberado quando nosso cérebro identifica algo que repre- nos mais diversos segmentos.= correta
sente uma recompensa. Em “c”: “a compra de uma novidade tecnológica aten-
de a essa última necessidade citada” [segurança]
O grande problema é que a busca excessiva por recom-
pensas pode resultar em comportamentos impulsivos, Texto: (...) suprir necessidades básicas para a sobrevi-
que incluem vícios em jogos, apego excessivo a redes vência e a perpetuação da espécie, tais como sexo, se-
sociais e até mesmo alcoolismo. No caso do consumo, gurança e status social. / Nesse sentido, a compra de
podemos observar a situação problematizada aqui: gasto uma novidade tecnológica atende a essa última neces-
excessivo de dinheiro em aparelhos eletrônicos que nem sidade citada... = status social
LÍNGUA PORTUGUESA

sempre trazem novidade –– as atualizações de modelos Em “d”: “O ato de seguir esse impulso cerebral e com-
de smartphones, por exemplo, na maior parte das vezes prar o mais novo lançamento tecnológico dispara em
apresentam poucas mudanças em relação ao modelo nosso cérebro a liberação de um hormônio chamado
anterior, considerando-se seu preço elevado. Em outros dopamina” [mapeamento cerebral]
casos, gasta-se uma quantia absurda em algum aparelho (...) vício em novidades tecnológicas é quase uma re-
novo que não se sabe se terá tanta utilidade prática ou ligião para os mais entusiastas. / O ato de seguir esse
inovadora no cotidiano. impulso cerebral e comprar

21
Em “e”: “Ele é liberado quando nosso cérebro identi- Resposta; Letra D. Ainda hoje é o utilizado o termo
fica algo que represente uma recompensa.” [impulso “patrício” para se referir aos portugueses. “Patrício”
cerebral] significa “da mesma pátria”.
(...) a liberação de um hormônio chamado dopamina,
responsável por nos causar sensações de prazer. Ele é 5. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) To-
liberado = dopamina das as frases abaixo apresentam elementos sublinhados
que estabelecem coesão com elementos anteriores (aná-
4. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AMBIEN- fora); a frase em que o elemento sublinhado se refere a
TE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018) um elemento futuro do texto (catáfora) é:

Texto I a) “A civilização converteu a solidão num dos bens mais


preciosos que a alma humana pode desejar”;
Portugueses no Rio de Janeiro b) “Todo o problema da vida é este: como romper a pró-
pria solidão”;
O Rio de Janeiro é o grande centro da imigração portu- c) “É sobretudo na solidão que se sente a vantagem de
guesa até meados dos anos cinquenta do século passa- viver com alguém que saiba pensar”;
do, quando chega a ser a “terceira cidade portuguesa do d) “O homem ama a companhia, mesmo que seja apenas
mundo”, possuindo 196 mil portugueses — um décimo a de uma vela que queima”;
de sua população urbana. Ali, os portugueses dedicam- e) “As pessoas que nunca têm tempo são aquelas que
-se ao comércio, sobretudo na área dos comestíveis, produzem menos”.
como os cafés, as panificações, as leitarias, os talhos,
além de outros ramos, como os das papelarias e lojas Resposta: Letra B. Em “a”: “A civilização converteu a
de vestuários. Fora do comércio, podem exercer as mais solidão num dos bens mais preciosos que a alma hu-
variadas profissões, como atividades domésticas ou as de mana pode desejar” = retoma “bens preciosos”
barbeiros e alfaiates. Há, de igual forma, entre os mais Em “b”: “Todo o problema da vida é este: como romper
afortunados, aqueles ligados à indústria, voltados para a própria solidão” = o pronome se refere ao período
construção civil, o mobiliário, a ourivesaria e o fabrico de que virá (= catáfora)
bebidas. Em “c”: “É sobretudo na solidão que se sente a vanta-
A sua distribuição pela cidade, apesar da não formação gem de viver com alguém que saiba pensar” = retoma
de guetos, denota uma tendência para a sua concentra- “solidão”
Em “d”: “O homem ama a companhia, mesmo que seja
ção em determinados bairros, escolhidos, muitas das ve-
apenas a de uma vela que queima” = retoma “com-
zes, pela proximidade da zona de trabalho. No Centro da
panhia”
cidade, próximo ao grande comércio, temos um grupo
Em “e”: “As pessoas que nunca têm tempo são aque-
significativo de patrícios e algumas associações de por-
las que produzem menos” = retoma “pessoas”
te, como o Real Gabinete Português de Leitura e o Liceu
Literário Português. Nos bairros da Cidade Nova, Estácio 6. (MPE-AL - TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO –
de Sá, Catumbi e Tijuca, outro ponto de concentração FGV-2018)
da colônia, se localizam outras associações portuguesas,
como a Casa de Portugal e um grande número de casas Não Faltou Só Espinafre
regionais. Há, ainda, pequenas concentrações nos bairros
periféricos da cidade, como Jacarepaguá, originalmente A crise não trouxe apenas danos sociais e econômicos.
formado por quintas de pequenos lavradores; nos subúr- Mostrou também danos morais.
bios, como Méier e Engenho Novo; e nas zonas mais pri- Aconteceu num mercadinho de bairro em São Paulo. A
vilegiadas, como Botafogo e restante da zona sul carioca, dona, diligente, havia conseguido algumas verduras e
área nobre da cidade a partir da década de cinquenta, avisou à clientela. Formaram-se uma pequena fila e uma
preferida pelos mais abastados. grande discussão. Uma senhora havia arrematado todos
PAULO, Heloísa. Portugueses no Rio de Janeiro: salazaristas e os dez maços de espinafre. No caixa, outras freguesas
opositores em manifestação na cidade. In: ALVES, Ida et alii. 450 perguntaram se ela tinha restaurante. Não tinha. Obser-
Anos de Portugueses no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Ofi cina varam que a verdura acabaria estragada. Ela explicou que
Raquel, 2017, pp. 260-1. Adaptado. ia cozinhar e congelar. Então, foram ao ponto: caramba,
“No Centro da cidade, próximo ao grande comércio, temos havia outras pessoas na fila, ela não poderia levar só o
um grupo significativo de patrícios e algumas associações que consumiria de imediato?
de porte”. No trecho acima, a autora usou em itálico a “Não, estou pagando e cheguei primeiro”, foi a resposta.
LÍNGUA PORTUGUESA

palavra destacada para fazer referência aos Compras exageradas nos supermercados, estoques do-
mésticos, filas nervosas nos postos de combustível – teve
muito comportamento na base de cada um por si.
a) luso-brasileiros
Cabem nessa categoria as greves e manifestações opor-
b) patriotas da cidade
tunistas. Governo, cedendo, também vou buscar o meu
c) habitantes da cidade – tal foi o comportamento de muita gente.
d) imigrantes portugueses Carlos A. Sardenberg, in O Globo, 31/05/2018.
e) compatriotas brasileiros

22
“A crise não trouxe apenas danos sociais e econômicos. para toda a sociedade. Porém, a inovação é verdadeira
Mostrou também danos morais”. A palavra ou expressão somente quando está fundamentada no conhecimento.
do primeiro período que leva à produção do segundo A capacidade de inovação depende da pesquisa, da ge-
período é ração de conhecimento. É necessário investir em pesqui-
sa para devolver resultados satisfatórios à sociedade. No
a) a crise. entanto, os resultados desse tipo de investimento não
b) não trouxe. são necessariamente recursos financeiros ou valores eco-
c) apenas. nômicos, podem ser também a qualidade de vida com
d) danos sociais. justiça social.
e) (danos) econômicos. Luís Afonso Bermúdez. O fermento tecnológico. In: Darcy. Re-
vista de jornalismo científico e cultural da Universidade de Brasília,
Resposta; Letra C. 1.º período: A crise não trouxe novembro e dezembro de 2009, p. 37 (com adaptações).
apenas danos sociais e econômicos.
2.º período: Mostrou também danos morais. Subentende-se da argumentação do texto que o pro-
A expressão que nos dá a ideia de que haverá mais nome demonstrativo, no trecho “desse tipo de investi-
informações que complementarão a primeira “tese” mento”, refere-se à ideia de “fermento do crescimento
apresentada é “apenas”. econômico e social de um país”.

( ) CERTO ( ) ERRADO
7. (IBGE – RECENSEADOR – FGV-2017)
Resposta: Errado. Ao trecho: (...) É necessário inves-
Texto 3 – “Silva, Oliveira, Faria, Ferreira... Todo mundo
tir em pesquisa para devolver resultados satisfatórios
tem um sobrenome e temos de agradecer aos romanos à sociedade. No entanto, os resultados desse tipo de
por isso. Foi esse povo, que há mais de dois mil anos investimento = investir em pesquisa / desse tipo de
ergueu um império com a conquista de boa parte das investimento.
terras banhadas pelo Mediterrâneo, o inventor da moda.
Eles tiveram a ideia de juntar ao nome comum, ou pre- 9. (MPU – ANALISTA DO MPU – CESPE-2015)
nome, um nome.
Por quê? Porque o império romano crescia e eles preci- Texto I
savam indicar o clã a que a pessoa pertencia ou o lugar
onde tinha nascido”. (Ciência Hoje, março de 2014) Na organização do poder político no Estado moderno,
à luz da tradição iluminista, o direito tem por função a
“Todo mundo tem um sobrenome e temos de agradecer preservação da liberdade humana, de maneira a coibir
aos romanos por isso”. (texto 3) O pronome “isso”, nesse a desordem do estado de natureza, que, em virtude do
segmento do texto, se refere a(à): risco da dominação dos mais fracos pelos mais fortes,
exige a existência de um poder institucional. Mas a con-
a) todo mundo ter um sobrenome; quista da liberdade humana também reclama a distri-
b) sobrenomes citados no início do texto; buição do poder em ramos diversos, com a disposição
c) todos os sobrenomes hoje conhecidos; de meios que assegurem o controle recíproco entre eles
d) forma latina dos sobrenomes atuais; para o advento de um cenário de equilíbrio e harmonia
e) existência de sobrenomes nos documentos. nas sociedades estatais. A concentração do poder em um
só órgão ou pessoa viria sempre em detrimento do exer-
Resposta: Letra A. Todo mundo tem um sobrenome cício da liberdade. É que, como observou Montesquieu,
e temos de agradecer aos romanos por isso = ter um “todo homem que tem poder tende a abusar dele; ele vai
sobrenome. até onde encontra limites. Para que não se possa abusar
do poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o
poder limite o poder”.
8. (MPU – ANALISTA – ANTROPOLOGIA – CESPE-2010)
Até Montesquieu, não eram identificadas com clareza
Inovar é recriar de modo a agregar valor e incrementar a
as esferas de abrangência dos poderes políticos: “só se
eficiência, a produtividade e a competitividade nos pro-
concebia sua união nas mãos de um só ou, então, sua
cessos gerenciais e nos produtos e serviços das organi- separação; ninguém se arriscava a apresentar, sob a for-
zações. Ou seja, é o fermento do crescimento econômico ma de sistema coerente, as consequências de conceitos
e social de um país. Para isso, é preciso criatividade, ca- diversos”. Pensador francês do século XVIII, Montesquieu
pacidade de inventar e coragem para sair dos esquemas situa-se entre o racionalismo cartesiano e o empirismo
tradicionais. Inovador é o indivíduo que procura respos- de origem baconiana, não abandonando o rigor das
tas originais e pertinentes em situações com as quais ele certezas matemáticas em suas certezas morais. Porém,
LÍNGUA PORTUGUESA

se defronta. É preciso uma atitude de abertura para as refugindo às especulações metafísicas que, no plano da
coisas novas, pois a novidade é catastrófica para os mais idealidade, serviram aos filósofos do pacto social para a
céticos. Pode-se dizer que o caminho da inovação é um explicação dos fundamentos do Estado ou da sociedade
percurso de difícil travessia para a maioria das institui- civil, ele procurou ingressar no terreno dos fatos.
ções. Inovar significa transformar os pontos frágeis de Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do Minis-
um empreendimento em uma realidade duradoura e lu- tério Público em função da proteção dos direitos humanos. Tese de
crativa. A inovação estimula a comercialização de produ- doutorado. São Paulo: USP, 2010, p. 18-9. Internet: <www.teses.usp.
tos ou serviços e também permite avanços importantes br> (com adaptações).

23
No trecho “controle recíproco entre”, o pronome “eles” faz Estes elementos formadores da palavra recebem o
referência a “ramos diversos”. nome de morfemas. Através da união das informações
contidas nos três morfemas de inexplicável, pode-se en-
( ) CERTO ( ) ERRADO tender o significado pleno dessa palavra: “aquilo que não
tem possibilidade de ser explicado, que não é possível tor-
Resposta: Errado. Ao período: (...) reclama a distri- nar claro”.
buição do poder em ramos diversos, com a dispo-
sição de meios que assegurem o controle recíproco Morfemas = são as menores unidades significativas
entre eles para o advento de um cenário de equilíbrio que, reunidas, formam as palavras, dando-lhes sentido.
e harmonia.
1. Classificação dos morfemas
10. (PC-PI – AGENTE DE POLÍCIA CIVIL – 3.ª CLAS-
SE – NUCEPE-2018 - ADAPTADA) Alguém apaixonado A) Radical, lexema ou semantema – é o elemento
sempre atrai novas oportunidades, se destaca do grupo, é portador de significado. É através do radical que
promovido primeiro, é celebrado quando volta de férias, podemos formar outras palavras comuns a um
é convidado para ser padrinho ou madrinha e para ser grupo de palavras da mesma família. Exemplo:
companhia em momentos prazerosos. Quanto melhor vi- pequeno, pequenininho, pequenez. O conjunto de
vemos, mais motivos surgem para vivermos bem. A pros- palavras que se agrupam em torno de um mesmo
peridade é um ciclo que se retroalimenta. O importante é radical denomina-se família de palavras.
decidir fazer parte dele. B) Afixos – elementos que se juntam ao radical antes
Em: O importante é decidir fazer parte dele, a palavra (os prefixos) ou depois (sufixos) dele. Exemplo:
Dele retoma, textualmente, beleza (sufixo), prever (prefixo), infiel (prefixo).
C) Desinências - Quando se conjuga o verbo amar,
a) ciclo. obtêm-se formas como amava, amavas, amava,
b) Alguém. amávamos, amáveis, amavam. Estas modificações
c) padrinho. ocorrem à medida que o verbo vai sendo flexio-
d) grupo. nado em número (singular e plural) e pessoa (pri-
e) apaixonado. meira, segunda ou terceira). Também ocorrem se
modificarmos o tempo e o modo do verbo (ama-
Resposta: Letra A. Voltemos ao período: va, amara, amasse, por exemplo). Assim, podemos
A prosperidade é um ciclo que se retroalimenta. O im-
concluir que existem morfemas que indicam as fle-
portante é decidir fazer parte dele.
xões das palavras. Estes morfemas sempre surgem
no fim das palavras variáveis e recebem o nome de
desinências. Há desinências nominais e desinên-
EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS. cias verbais.
C.1 Desinências nominais: indicam o gênero e o
número dos nomes. Para a indicação de gênero, o
português costuma opor as desinências -o/-a: ga-
“Prezado Candidato, o tópico acima será aborda- roto/garota; menino/menina. Para a indicação de
do na íntegra no tópico: Domínio da estrutura mor- número, costuma-se utilizar o morfema –s, que in-
fossintática do período. Emprego das classes de pa- dica o plural em oposição à ausência de morfema,
lavras.” que indica o singular: garoto/garotos; garota/ga-
rotas; menino/meninos; menina/meninas. No caso
dos nomes terminados em –r e –z, a desinência de
DOMÍNIO DA ESTRUTURA MORFOSSINTÁ- plural assume a forma -es: mar/mares; revólver/re-
vólveres; cruz/cruzes.
TICA DO PERÍODO. EMPREGO DAS CLASSES
C.2 Desinências verbais: em nossa língua, as desi-
DE PALAVRAS.
nências verbais pertencem a dois tipos distintos.
Há desinências que indicam o modo e o tempo
(desinências modo-temporais) e outras que indi-
ESTRUTURA DAS PALAVRAS cam o número e a pessoa dos verbos (desinência
número-pessoais):
As palavras podem ser analisadas sob o ponto de vis-
ta de sua estrutura significativa. Para isso, nós as dividi-
LÍNGUA PORTUGUESA

cant-á-va-mos:
mos em seus menores elementos (partes) possuidores de cant: radical / -á-: vogal temática / -va-: desinência
sentido. A palavra inexplicável, por exemplo, é constituí- modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do in-
da por três elementos significativos: dicativo) / -mos: desinência número-pessoal (caracteriza a
In = elemento indicador de negação primeira pessoa do plural)
Explic – elemento que contém o significado básico da
palavra cant-á-sse-is:
Ável = elemento indicador de possibilidade cant: radical / -á-: vogal temática / -sse-:desinência

24
modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do 2.2. Derivação por Acréscimo de Afixos
subjuntivo) / -is: desinência número-pessoal (caracteriza
a segunda pessoa do plural) É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (de-
rivadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A
D) Vogal temática derivação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética.
Entre o radical cant- e as desinências verbais, surge A) Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida
sempre o morfema –a. Este morfema, que liga o por acréscimo de prefixo.
radical às desinências, é chamado de vogal temá- In feliz / des leal
tica. Sua função é ligar-se ao radical, constituindo Prefixo radical prefixo radical
o chamado tema. É ao tema (radical + vogal temá-
tica) que se acrescentam as desinências. Tanto os B) Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida
verbos como os nomes apresentam vogais temá- por acréscimo de sufixo.
ticas. No caso dos verbos, a vogal temática indica Feliz mente / leal dade
as conjugações: -a (da 1.ª conjugação = cantar), -e Radical sufixo radical sufixo
(da 2.ª conjugação = escrever) e –i (3.ª conjugação
= partir). C) Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acrés-
cimo simultâneo de prefixo e sufixo. Por parassín-
D.1 Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, tese formam-se principalmente verbos.
quando átonas finais, como em mesa, artista, per- En trist ecer
da, escola, base, combate. Nestes casos, não pode-
Prefixo radical sufixo
ríamos pensar que essas terminações são desinên-
cias indicadoras de gênero, pois mesa e escola, por
En tard ecer
exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. É a estas
prefixo radical sufixo
vogais temáticas que se liga a desinência indica-
dora de plural: mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes
Há dois casos em que a palavra derivada é formada
terminados em vogais tônicas (sofá, café, cipó, ca-
qui, por exemplo) não apresentam vogal temática. sem que haja a presença de afixos. São eles: a derivação
regressiva e a derivação imprópria.
D.2 Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que
caracterizam três grupos de verbos a que se dá o 2.3. Derivação
nome de conjugações. Assim, os verbos cuja vogal
temática é -a pertencem à primeira conjugação; • Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por
aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à se- redução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo,
gunda conjugação e os que têm vogal temática -i na formação de substantivos derivados de verbos.
pertencem à terceira conjugação. janta (substantivo) - deriva de jantar (verbo) / pesca
(substantivo) – deriva de pescar (verbo)
E) Interfixos
São os elementos (vogais ou consoantes) que se in- • Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é
tercalam entre o radical e o sufixo, para facilitar ou mes- obtida pela mudança de categoria gramatical da
mo possibilitar a leitura de uma determinada palavra. Por palavra primitiva. Não ocorre, pois, alteração na
exemplo: forma, mas somente na classe gramatical.
Vogais: frutífero, gasômetro, carnívoro. Não entendi o porquê da briga. (o substantivo “por-
Consoantes: cafezal, sonolento, friorento. quê” deriva da conjunção porque)
2. Formação das Palavras Seu olhar me fascina! (olhar aqui é substantivo, deriva
do verbo olhar).
Há em Português palavras primitivas, palavras deriva-
das, palavras simples, palavras compostas.
A) Palavras primitivas: aquelas que, na língua por- #FicaDica
tuguesa, não provêm de outra palavra: pedra, flor.
B) Palavras derivadas: aquelas que, na língua por- A derivação regressiva “mexe” na estrutura
tuguesa, provêm de outra palavra: pedreiro, flori- da palavra, geralmente transforma verbos
cultura. em substantivos: caça = deriva de caçar, sa-
C) Palavras simples: aquelas que possuem um só ra- que = deriva de sacar
dical: azeite, cavalo. A derivação imprópria não “mexe” com a
D) Palavras compostas: aquelas que possuem mais
palavra, apenas faz com que ela pertença a
de um radical: couve-flor, planalto.
uma classe gramatical “imprópria” da qual
As palavras compostas podem ou não ter seus ele-
LÍNGUA PORTUGUESA

mentos ligados por hífen. ela realmente, ou melhor, costumeiramen-


te faz parte. A alteração acontece devido à
2.1. Processos de Formação de Palavras presença de outros termos, como artigos,
por exemplo:
Na Língua Portuguesa há muitos processos de for- O verde das matas! (o adjetivo “verde” pas-
mação de palavras. Entre eles, os mais comuns são a de- sou a funcionar como substantivo devido à
rivação, a composição, a onomatopeia, a abreviação e o presença do artigo “o”)
hibridismo.

25
2.4. Composição b) palavra primitiva
c) palavra derivada
Haverá composição quando se juntarem dois ou mais d) neologismo
radicais para formar uma nova palavra. Há dois tipos de
composição: justaposição e aglutinação. Resposta: Letra C. en + triste + ido (com consoante
A) Justaposição: ocorre quando os elementos que de ligação “c”) = ao radical “triste” foram acrescidos o
formam o composto são postos lado a lado, ou prefixo “en” e o sufixo “ido”, ou seja, “entristecido” é
seja, justapostos: para-raios, corre-corre, guarda- palavra derivada do processo de formação de palavras
-roupa, segunda-feira, girassol. chamado de: prefixação e sufixação. Para o exercício,
B) Composição por aglutinação: ocorre quando os basta “derivada”!
elementos que formam o composto aglutinam-se
e pelo menos um deles perde sua integridade so- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
nora: aguardente (água + ardente), planalto (plano SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
+ alto), pernalta (perna + alta), vinagre (vinho + Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
acre). CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. –
Onomatopeia – é a palavra que procura reproduzir São Paulo: Saraiva, 2010.
certos sons ou ruídos: reco-reco, tique-taque, fom-fom. AMARAL, Emília... [et al.] Português: novas palavras: li-
teratura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.
Abreviação – é a redução de palavras até o limite
permitido pela compreensão: moto (motocicleta), pneu SITE
(pneumático), metrô (metropolitano), foto (fotografia). Disponível em: http://www.brasilescola.com/gramati-
ca/estrutura-e-formacao-de-palavras-i.htm
Abreviatura: é a redução na grafia de certas palavras,
limitando-as quase sempre à letra inicial ou às letras ini-
ciais: p. ou pág. (para página), Sr. (para senhor). CLASSES DE PALAVRAS

Sigla: é um caso especial de abreviatura, na qual se Adjetivo


reduzem locuções substantivas próprias às suas letras
iniciais (são as siglas puras) ou sílabas iniciais (siglas im- É a palavra que expressa uma qualidade ou caracterís-
puras), que se grafam de duas formas: IBGE, MEC (siglas tica do ser e se relaciona com o substantivo, concordan-
puras); DETRAN ou Detran, PETROBRAS ou Petrobras (si- do com este em gênero e número.
glas impuras). As praias brasileiras estão poluídas.
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos
Hibridismo: é a palavra formada com elementos (plural e feminino, pois concordam com “praias”).
oriundos de línguas diferentes: automóvel (auto: grego;
móvel: latim); sociologia (socio: latim; logia: grego); sam- 1. Locução adjetiva
bódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego).
Locução = reunião de palavras. Sempre que são ne-
cessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mes-
EXERCÍCIOS COMENTADOS ma coisa, tem-se locução. Às vezes, uma preposição +
substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Lo-
cução Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo).
1. (RIOPREVIDÊNCIA – ESPECIALISTA EM PREVIDÊN- Por exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem
CIA SOCIAL – SUPERIOR - CEPERJ/2014) A palavra “in- freio (paixão desenfreada).
fraestrutura” é formada pelo seguinte processo:
Observe outros exemplos:
a) sufixação
b) prefixação
c) parassíntese de águia aquilino
d) justaposição de aluno discente
e) aglutinação de anjo angelical
Resposta: Letra B. Infra = prefixo + estrutura – temos de ano anual
LÍNGUA PORTUGUESA

a junção de um prefixo com um radical, portanto: de- de aranha aracnídeo


rivação prefixal (ou prefixação).
de boi bovino
2. (SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL/MG – de cabelo capilar
AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVO – MÉDIO de cabra caprino
- IBFC/2014) O vocábulo “entristecido” é um exemplo de:
de campo campestre ou rural
a) palavra composta

26
Estados e cidades brasileiras:
de chuva pluvial
de criança pueril
Alagoas alagoano
de dedo digital
Amapá amapaense
de estômago estomacal ou gástrico
Aracaju aracajuano ou aracajuense
de falcão falconídeo
Amazonas amazonense ou baré
de farinha farináceo
Belo Horizonte belo-horizontino
de fera ferino
Brasília brasiliense
de ferro férreo
Cabo Frio cabo-friense
de fogo ígneo
Campinas campineiro ou campinense
de garganta gutural
de gelo glacial 4. Adjetivo Pátrio Composto
de guerra bélico Na formação do adjetivo pátrio composto, o primei-
de homem viril ou humano ro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente,
erudita. Observe alguns exemplos:
de ilha insular
África afro- / Cultura afro-americana
de inverno hibernal ou invernal
Alemanha germano- ou teuto-/Competições
de lago lacustre
teuto-inglesas
de leão leonino
América américo- / Companhia américo-africana
de lebre l eporino
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
de lua lunar ou selênico
China sino- / Acordos sino-japoneses
de madeira lígneo
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
de mestre magistral
Europa euro- / Negociações euro-americanas
de ouro áureo
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
de paixão passional
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
de pâncreas pancreático
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
de porco suíno ou porcino
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
dos quadris ciático
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
de rio fluvial
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros
de sonho onírico
de velhosenil 5. Flexão dos adjetivos
de vento eólico O adjetivo varia em gênero, número e grau.
de vidro vítreo ou hialino
6. Gênero dos Adjetivos
de virilha inguinal
de visão óptico ou ótico Os adjetivos concordam com o substantivo a que se
referem (masculino e feminino). De forma semelhante
Observação: aos substantivos, classificam-se em:
Nem toda locução adjetiva possui um adjetivo corres-
pondente, com o mesmo significado: Vi as alunas da 5ª A) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o
série. / O muro de tijolos caiu. masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e
má.
2. Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática): Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no
O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função feminino somente o último elemento: o moço norte-a-
LÍNGUA PORTUGUESA

dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuan- mericano, a moça norte-americana.
do como adjunto adnominal ou como predicativo (do Exceção: surdo-mudo e surda-muda.
sujeito ou do objeto).
B) Uniformes - têm uma só forma tanto para o mas-
3. Adjetivo Pátrio (ou gentílico) culino como para o feminino: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável
Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. no feminino: conflito político-social e desavença político-
Observe alguns deles: -social.

27
7. Número dos Adjetivos Sílvia é menos alta que Tiago. = Comparativo de In-
ferioridade
A) Plural dos adjetivos simples
Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de
com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São
substantivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/supe-
ruins, boa e boas. rior, grande/maior, baixo/inferior.
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça
função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a pa- Observe que:
lavra que estiver qualificando um elemento for, original-  As formas menor e pior são comparativos de su-
mente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. perioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais
Exemplo: a palavra cinza é, originalmente, um substanti- mau, respectivamente.
vo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcio-  Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
nará como adjetivo. Ficará, então, invariável. Logo: cami- (melhor, pior, maior e menor), porém, em compa-
sas cinza, ternos cinza. rações feitas entre duas qualidades de um mesmo
Motos vinho (mas: motos verdes) elemento, deve-se usar as formas analíticas mais
Paredes musgo (mas: paredes brancas). bom, mais mau,mais grande e mais pequeno. Por
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos). exemplo:
B) Adjetivo Composto Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor- elementos.
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Ape- Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
nas o último elemento concorda com o substantivo a que duas qualidades de um mesmo elemento.
se refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de In-
Caso um dos elementos que formam o adjetivo com- ferioridade
posto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo Sou menos passivo (do) que tolerante.
composto ficará invariável. Por exemplo: a palavra “rosa”
é, originalmente, um substantivo, porém, se estiver qua- B) Superlativo
lificando um elemento, funcionará como adjetivo. Caso O superlativo expressa qualidades num grau muito
se ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo elevado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou rela-
composto; como é um substantivo adjetivado, o adjetivo
tivo e apresenta as seguintes modalidades:
composto inteiro ficará invariável. Veja:
B.1 Superlativo Absoluto: ocorre quando a quali-
Camisas rosa-claro.
dade de um ser é intensificada, sem relação com outros
Ternos rosa-claro.
seres. Apresenta-se nas formas:
Olhos verde-claros.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.  Analítica: a intensificação é feita com o auxílio de
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. palavras que dão ideia de intensidade (advérbios).
Por exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
Observação:  Sintética: nessa, há o acréscimo de sufixos. Por
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre
invariáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, Observe alguns superlativos sintéticos:
vestidos cor-de-rosa.
O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele- benéfico - beneficentíssimo
mentos flexionados: crianças surdas-mudas.
bom - boníssimo ou ótimo
8. Grau do Adjetivo comum - comuníssimo
cruel - crudelíssimo
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a in-
tensidade da qualidade do ser. São dois os graus do ad- difícil - dificílimo
jetivo: o comparativo e o superlativo. doce - dulcíssimo

A) Comparativo fácil - facílimo


Nesse grau, comparam-se a mesma característica fiel - fidelíssimo
atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais caracte-
LÍNGUA PORTUGUESA

rísticas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser B.2 Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade
de igualdade, de superioridade ou de inferioridade. de um ser é intensificada em relação a um conjunto de
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade seres. Essa relação pode ser:
No comparativo de igualdade, o segundo termo da com-  De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de
paração é introduzido pelas palavras como, quanto ou quão. todas.
 De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Su-
todas.
perioridade

28
O superlativo absoluto analítico é expresso por meio  de igualdade: tão + advérbio + quanto (como):
dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, Renato fala tão alto quanto João.
antepostos ao adjetivo.  de inferioridade: menos + advérbio + que (do
O superlativo absoluto sintético se apresenta sob que): Renato fala menos alto do que João.
duas formas: uma erudita - de origem latina – e outra  de superioridade:
popular - de origem vernácula. A forma erudita é cons- A.1 Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato
tituída pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos fala mais alto do que João.
-íssimo, -imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo; A.2 Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato
a popular é constituída do radical do adjetivo português fala melhor que João.
+ o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo.
Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo B) Grau Superlativo
com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termi- O superlativo pode ser analítico ou sintético:
nados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio B.1 Analítico: acompanhado de outro advérbio: Re-
– cheíssimo. nato fala muito alto.
muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS de modo
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- B.2 Sintético: formado com sufixos: Renato fala al-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São tíssimo.
Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Observação:
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. As formas diminutivas (cedinho, pertinho, etc.) são
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- comuns na língua popular.
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. Maria mora pertinho daqui. (muito perto)
A criança levantou cedinho. (muito cedo)
SITE
http://www.sopor tugues.com.br/secoes/morf/ 2. Classificação dos Advérbios
morf32.php
De acordo com a circunstância que exprime, o advér-
bio pode ser de:
Advérbio A) Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, aco-
lá, atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde,
Compare estes exemplos: perto, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, de-
O ônibus chegou. fronte, nenhures, adentro, afora, alhures, nenhures,
O ônibus chegou ontem. aquém, embaixo, externamente, à distância, à dis-
tância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à
esquerda, ao lado, em volta.
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o
B) Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
sentido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente,
tempo, de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e
antes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora,
do próprio advérbio.
sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve, constan-
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei
temente, entrementes, imediatamente, primeira-
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio
mente, provisoriamente, sucessivamente, às vezes,
(bem) à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um ad- quando, de quando em quando, a qualquer mo-
jetivo (claros) mento, de tempos em tempos, em breve, hoje em
dia.
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acres- C) Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, de-
centar ideia de: pressa, acinte, debalde, devagar, às pressas, às cla-
Tempo: Ela chegou tarde. ras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos
Lugar: Ele mora aqui. poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em
Modo: Eles agiram mal. geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em
Negação: Ela não saiu de casa. vão e a maior parte dos que terminam em “-men-
Dúvida: Talvez ele volte. te”: calmamente, tristemente, propositadamente,
pacientemente, amorosamente, docemente, escan-
1. Flexão do Advérbio dalosamente, bondosamente, generosamente.
LÍNGUA PORTUGUESA

D) Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto,


Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre- efetivamente, certo, decididamente, deveras, indu-
sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios, bitavelmente.
porém, admitem a variação em grau. Observe: E) Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum,
de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
A) Grau Comparativo F) Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, pro-
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo vavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo,
modo que o comparativo do adjetivo: quem sabe.

29
G) Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em ex-
Aonde vai? Perguntei aonde ia.
cesso, bastante, mais, menos, demasiado, quanto,
quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo, Donde vens? Pergunto donde vens.
nada, todo, quase, de todo, de muito, por completo, Quando voltas? Pergunto quando voltas.
extremamente, intensamente, grandemente, bem
(quando aplicado a propriedades graduáveis). 5. Locução Adverbial
H) Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, so-
mente, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo: Quando há duas ou mais palavras que exercem fun-
Brando, o vento apenas move a copa das árvores. ção de advérbio, temos a locução adverbial, que pode
I) Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, tam- expressar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordi-
bém. Por exemplo: O indivíduo também amadurece nariamente por uma preposição. Veja:
durante a adolescência. A) lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto,
J) Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por para dentro, por aqui, etc.
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer B) afirmação: por certo, sem dúvida, etc.
aos meus amigos por comparecerem à festa. C) modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão,
em geral, frente a frente, etc.
D) tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde,
Saiba que: hoje em dia, nunca mais, etc.
Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se A locução adverbial e o advérbio modificam o verbo,
ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei o adjetivo e outro advérbio:
o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos Chegou muito cedo. (advérbio)
tarde possível. Joana é muito bela. (adjetivo)
Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente, De repente correram para a rua. (verbo)
em geral sufixamos apenas o último: O aluno respondeu Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
calma e respeitosamente. mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
3. Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
Há palavras como muito, bastante, que podem apare- O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér-
cer como advérbio e como pronome indefinido. bio: Cheguei primeiro.
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução
advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito. adverbial desempenham na oração a função de adjunto
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân-
e sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros. cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advér-
bio. Exemplo:
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad-
#FicaDica
verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
Como saber se a palavra bastante é advérbio Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi-
(não varia, não se flexiona) ou pronome indefi- dade e de tempo, respectivamente.
nido (varia, sofre flexão)? Se der, na frase, para
substituir o “bastante” por “muito”, estamos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
diante de um advérbio; se der para substituir Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
por “muitos” (ou muitas), é um pronome. Veja: reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
1. Estudei bastante para o concurso. (estudei Paulo: Saraiva, 2010.
muito, pois “muitos” não dá!) = advérbio Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
2. Estudei bastantes capítulos para o concurso. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
(estudei muitos capítulos) = pronome indefinido SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

SITE
http://www.sopor tugues.com.br/secoes/morf/
4. Advérbios Interrogativos
morf75.php
São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como?
por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referen-
tes às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja: Artigo
LÍNGUA PORTUGUESA

O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-


Interrogação Direta Interrogação Indireta -se como o termo variável que serve para individualizar
Como aprendeu? Perguntei como aprendeu. ou generalizar o substantivo, indicando, também, o gê-
nero (masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Onde mora? Indaguei onde morava. Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va-
Por que choras? Não sei por que choras. riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
“uma”[s] e “uns]).

30
A) Artigos definidos – São usados para indicar se- ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.SAC-
res determinados, expressos de forma individual: O CONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi.
concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
muito. Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
B) Artigos indefinidos – usados para indicar seres de reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
modo vago, impreciso: Uma candidata foi aprova- Paulo: Saraiva, 2010.
da! Umas candidatas foram aprovadas!
SITE
1. Circunstâncias em que os artigos se manifestam: http://www.brasilescola.com/gramatica/artigo.htm

Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do


numeral “ambos”: Ambos os concursos cobrarão tal con- Conjunção
teúdo.
Nomes próprios indicativos de lugar (ou topônimos) Além da preposição, há outra palavra também inva-
admitem o uso do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de riável que, na frase, é usada como elemento de ligação:
Janeiro, Veneza, A Bahia... a conjunção. Ela serve para ligar duas orações ou duas
Quando indicado no singular, o artigo definido pode palavras de mesma função em uma oração:
indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.
No caso de nomes próprios personativos, denotando O concurso será realizado nas cidades de Campinas e
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso São Paulo.
do artigo: Marcela é a mais extrovertida das irmãs. / O A prova não será fácil, por isso estou estudando muito.
Pedro é o xodó da família.
No caso de os nomes próprios personativos estarem 1. Morfossintaxe da Conjunção
no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias,
os Incas, Os Astecas... As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a) cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (do
artigo), o pronome assume a noção de “qualquer”. 2. Classificação da Conjunção
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa- De acordo com o tipo de relação que estabelecem,
dos. (qualquer classe) as conjunções podem ser classificadas em coordenati-
Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é fa- vas e subordinativas. No primeiro caso, os elementos
cultativo: Preparei o meu curso. Preparei meu curso. ligados pela conjunção podem ser isolados um do outro.
Esse isolamento, no entanto, não acarreta perda da uni-
A utilização do artigo indefinido pode indicar uma dade de sentido que cada um dos elementos possui. Já
ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve no segundo caso, cada um dos elementos ligados pela
ter é uns vinte anos. conjunção depende da existência do outro. Veja:
O artigo também é usado para substantivar palavras Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
pertencentes a outras classes gramaticais: Não sei o por- Podemos separá-las por ponto:
quê de tudo isso. / O bem vence o mal. Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.

2. Há casos em que o artigo definido não pode ser Temos acima um exemplo de conjunção (e, conse-
usado: quentemente, orações coordenadas) coordenativa –
Antes de nomes de cidade (topônimo) e de pessoas “mas”. Já em:
conhecidas: O professor visitará Roma. Espero que eu seja aprovada no concurso!
Não conseguimos separar uma oração da outra, pois
Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre- a segunda “completa” o sentido da primeira (da oração
sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a principal): Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período te-
bela Roma. mos uma oração subordinada substantiva objetiva direta
(ela exerce a função de objeto direto do verbo da oração
Antes de pronomes de tratamento: Vossa Senhoria principal).
sairá agora?
Exceção: O senhor vai à festa? 3. Conjunções Coordenativas
Após o pronome relativo “cujo” e suas variações: Esse
LÍNGUA PORTUGUESA

é o concurso cujas provas foram anuladas?/ Este é o can- São aquelas que ligam orações de sentido completo
didato cuja nota foi a mais alta. e independente ou termos da oração que têm a mesma
função gramatical. Subdividem-se em:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- A) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e
Paulo: Saraiva, 2010. não), não só... mas também, não só... como também,
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- bem como, não só... mas ainda.

31
A sua pesquisa é clara e objetiva. B) Concessivas: introduzem uma oração que expres-
Não só dança, mas também canta. sa ideia contrária à da principal, sem, no entanto,
impedir sua realização. São elas: embora, ainda
B) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por
expressando ideia de contraste ou compensação. mais que, posto que, conquanto, etc.
São elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
no entanto, não obstante.
Tentei chegar mais cedo, porém não consegui. C) Condicionais: introduzem uma oração que indica
a hipótese ou a condição para ocorrência da princi-
C) Alternativas: ligam orações ou palavras, expres- pal. São elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não
sando ideia de alternância ou escolha, indicando ser que, desde que, a menos que, sem que, etc.
fatos que se realizam separadamente. São elas: ou, Se precisar de minha ajuda, telefone-me.
ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja, tal-
vez... talvez.
Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário. #FicaDica
Você deve ter percebido que a conjunção
D) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
condicional “se” também é conjunção inte-
que expressa ideia de conclusão ou consequência.
grante. A diferença é clara ao ler as orações
São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por
que são introduzidas por ela. Acima, ela nos
conseguinte, por isso, assim.
dá a ideia da condição para que recebamos
Marta estava bem preparada para o teste, portanto
um telefonema (se for preciso ajuda). Já na
não ficou nervosa.
oração: Não sei se farei o concurso. Não
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão.
há ideia de condição alguma, há? Outra coi-
sa: o verbo da oração principal (sei) pede
E) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração
complemento (objeto direto, já que “quem
que a explica, que justifica a ideia nela contida. São
não sabe, não sabe algo”). Portanto, a oração
elas: que, porque, pois (antes do verbo), porquanto.
em destaque exerce a função de objeto di-
Não demore, que o filme já vai começar.
reto da oração principal, sendo classificada
Falei muito, pois não gosto do silêncio!
como oração subordinada substantiva obje-
4. Conjunções Subordinativas
tiva direta.
São aquelas que ligam duas orações, sendo uma de-
las dependente da outra. A oração dependente, intro- D) Conformativas: introduzem uma oração que ex-
duzida pelas conjunções subordinativas, recebe o nome prime a conformidade de um fato com outro. São
de oração subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha elas: conforme, como (= conforme), segundo, con-
começado quando ela chegou. soante, etc.
O baile já tinha começado: oração principal O passeio ocorreu como havíamos planejado.
quando: conjunção subordinativa (adverbial tempo-
ral) E) Finais: introduzem uma oração que expressa a fi-
ela chegou: oração subordinada nalidade ou o objetivo com que se realiza a oração
principal. São elas: para que, a fim de que, que, por-
As conjunções subordinativas subdividem-se em in- que (= para que), que, etc.
tegrantes e adverbiais: Toque o sinal para que todos entrem no salão.

Integrantes - Indicam que a oração subordinada por F) Proporcionais: introduzem uma oração que ex-
elas introduzida completa ou integra o sentido da prin- pressa um fato relacionado proporcionalmente à
cipal. Introduzem orações que equivalem a substantivos, ocorrência do expresso na principal. São elas: à
ou seja, as orações subordinadas substantivas. São elas: medida que, à proporção que, ao passo que e as
que, se. combinações quanto mais... (mais), quanto me-
Quero que você volte. (Quero sua volta) nos... (menos), quanto menos... (mais), quanto me-
nos... (menos), etc.
Adverbiais - Indicam que a oração subordinada exer- O preço fica mais caro à medida que os produtos es-
ce a função de adjunto adverbial da principal. De acordo casseiam.
com a circunstância que expressam, classificam-se em:
LÍNGUA PORTUGUESA

Observação:
A) Causais: introduzem uma oração que é causa da São incorretas as locuções proporcionais à medida
ocorrência da oração principal. São elas: porque, em que, na medida que e na medida em que.
que, como (= porque, no início da frase), pois que,
visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde G) Temporais: introduzem uma oração que acrescen-
que, etc. ta uma circunstância de tempo ao fato expresso na
oração principal. São elas: quando, enquanto, antes
Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios. que, depois que, logo que, todas as vezes que, desde

32
que, sempre que, assim que, agora que, mal (= as- Psiu!
sim que), etc. contexto: alguém pronunciando esta expressão na
rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te cha-
A briga começou assim que saímos da festa. mando! Ei, espere!”

H) Comparativas: introduzem uma oração que ex- Psiu!


pressa ideia de comparação com referência à ora- contexto: alguém pronunciando em um hospital; sig-
ção principal. São elas: como, assim como, tal como, nificado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silên-
como se, (tão)... como, tanto como, tanto quanto, do cio!”
que, quanto, tal, qual, tal qual, que nem, que (com-
binado com menos ou mais), etc. Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem. puxa: interjeição; tom da fala: euforia
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
puxa: interjeição; tom da fala: decepção
I) Consecutivas: introduzem uma oração que expres- As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
sa a consequência da principal. São elas: de sorte
que, de modo que, sem que (= que não), de forma A) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo ale-
que, de jeito que, que (tendo como antecedente na gria, tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito interes-
oração principal uma palavra como tal, tão, cada, sante!
tanto, tamanho), etc. B) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do minha frente.
exame.
As interjeições podem ser formadas por:
 simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô
FIQUE ATENTO!  palavras: Oba! Olá! Claro!
Muitas conjunções não têm classificação  grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu
única, imutável, devendo, portanto, ser clas- Deus! Ora bolas!
sificadas de acordo com o sentido que apre-
sentam no contexto (destaque da Zê!). 1. Classificação das Interjeições

Comumente, as interjeições expressam sentido de:


A) Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Atenção! Olha! Alerta!
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa B) Afugentamento: Fora! Passa! Rua!
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. C) Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva!
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- D) Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah!
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São E) Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem!
Paulo: Saraiva, 2010. Ânimo! Adiante!
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. F) Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva!
G) Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá!
SITE H) Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamen-
http://www.sopor tugues.com.br/secoes/morf/
te! Essa não! Chega! Basta!
morf84.php
I) Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Quei-
Interjeição ra Deus!
J) Desculpa: Perdão!
Interjeição é a palavra invariável que exprime emo- K) Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena!
ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin- L) Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê!
guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de M) Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus!
maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas Quê! Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz!
sim a manifestação de um suspiro, um estado da alma N) Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios!
decorrente de uma situação particular, um momento ou Puxa! Pô! Ora!
um contexto específico. Exemplos: O) Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade!
Ah, como eu queria voltar a ser criança! P) Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição Viva! Olá! Alô! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me,
LÍNGUA PORTUGUESA

Hum! Esse pudim estava maravilhoso! Deus!


hum: expressão de um pensamento súbito = inter- Q) Silêncio: Psiu! Silêncio!
jeição R) Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa!

O significado das interjeições está vinculado à ma- Saiba que:


neira como elas são proferidas. O tom da fala é que dita As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não so-
o sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto frem variação em gênero, número e grau como os no-
em que for utilizada. Exemplos: mes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e

33
voz como os verbos. No entanto, em uso específico, al- palavras consideradas numerais porque denotam quan-
gumas interjeições sofrem variação em grau. Não se trata tidade, proporção ou ordenação. São alguns exemplos:
de um processo natural desta classe de palavra, mas tão década, dúzia, par, ambos(as), novena.
só uma variação que a linguagem afetiva permite. Exem-
plos: oizinho, bravíssimo, até loguinho. 1. Classificação dos Numerais

2. Locução Interjetiva A) Cardinais: indicam quantidade exata ou determi-


nada de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns car-
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma dinais têm sentido coletivo, como por exemplo:
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem século, par, dúzia, década, bimestre.
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus!
Toda frase mais ou menos breve dita em tom excla- B) Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém
mativo torna-se uma locução interjetiva, dispensando ou alguma coisa ocupa numa determinada se-
análise dos termos que a compõem: Macacos me mor- quência: primeiro, segundo, centésimo, etc.
dam!, Valha-me Deus!, Quem me dera!
1. As interjeições são como frases resumidas, sinté-
ticas. Por exemplo: Ué! (= Eu não esperava por #FicaDica
essa!) / Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe)
2. Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é As palavras anterior, posterior, último, ante-
o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras penúltimo, final e penúltimo também indi-
classes gramaticais podem aparecer como inter- cam posição dos seres, mas são classificadas
jeições. Por exemplo: Viva! Basta! (Verbos) / Fora! como adjetivos, não ordinais.
Francamente! (Advérbios)
3. A interjeição pode ser considerada uma “palavra-
-frase” porque sozinha pode constituir uma men- C) Fracionários: indicam parte de uma quantidade,
sagem. Por exemplo: Socorro! Ajudem-me! Silêncio! ou seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois
Fique quieto! quintos, etc.
4. Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi- D) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação
tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo: dos seres, indicando quantas vezes a quantidade
Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-ta- foi aumentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc.
que! Quá-quá-quá!, etc. 2. Flexão dos numerais
5. Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
com a sua homônima “oh!”, que exprime admira- uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/
ção, alegria, tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois duzentas em diante: trezentos/trezentas, quatrocentos/
do “oh!” exclamativo e não a fazemos depois do quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão,
“ó” vocativo. Por exemplo: “Ó natureza! ó mãe pie- variam em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais
dosa e pura!” (Olavo Bilac) cardinais são invariáveis.
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa primeiro segundo milésimo
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramá- primeira segunda milésima
tica – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus primeiros segundos milésimos
Barbosa Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
primeiras segundas milésimas
SITE
http://www.sopor tugues.com.br/secoes/morf/ Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
morf89.php atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do es-
forço e conseguiram o triplo de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
NUMERAL flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses
triplas do medicamento.
Numeral é a palavra variável que indica quantidade Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e
numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes- número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/
duas terças partes.
LÍNGUA PORTUGUESA

soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa deter-


minada sequência. Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma
Os numerais traduzem, em palavras, o que os núme- dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
ros indicam em relação aos seres. Assim, quando a ex- É comum na linguagem coloquial a indicação de grau
pressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização
trata de numerais, mas sim de algarismos. de sentido. É o que ocorre em frases como:
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem “Me empresta duzentinho...”
a ideia expressa pelos números, existem mais algumas É artigo de primeiríssima qualidade!

34
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda divisão de futebol)

3. Emprego e Leitura dos Numerais

Os numerais são escritos em conjunto de três algarismos, contados da direita para a esquerda, em forma de cente-
nas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma separação através de ponto ou espaço correspondente a um ponto:
8.234.456 ou 8 234 456.

Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar exagero intencional, constituindo a figura de linguagem conhe-
cida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
No português contemporâneo, não se usa a conjunção “e” após “mil”, seguido de centena: Nasci em mil novecentos
e noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por dois zeros, usa-se o “e”: Seu salário será de mil e quinhentos
reais. (R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)

Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo;

Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)

#FicaDica
Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por associação. Ficará mais fácil!

Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma
e outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua uti-
lização exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é
dispensado caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.

Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
LÍNGUA PORTUGUESA

três terceiro triplo, tríplice terço


quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo

35
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo
ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
LÍNGUA PORTUGUESA

http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.php

Preposição

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, nor-
malmente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na

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estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual e 2. Relações semânticas (= de sentido) estabeleci-
possuem valores semânticos indispensáveis para a com- das por meio das preposições:
preensão do texto. Destino = Irei a Salvador.
Modo = Saiu aos prantos.
1. Tipos de Preposição Lugar = Sempre a seu lado.
Assunto = Falemos sobre futebol.
A) Preposições essenciais: palavras que atuam ex- Tempo = Chegarei em instantes.
clusivamente como preposições: a, ante, perante, Causa = Chorei de saudade.
após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, Fim ou finalidade = Vim para ficar.
por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para Instrumento = Escreveu a lápis.
com. Posse = Vi as roupas da mamãe.
B) Preposições acidentais: palavras de outras classes Autoria = livro de Machado de Assis
gramaticais que podem atuar como preposições, Companhia = Estarei com ele amanhã.
ou seja, formadas por uma derivação imprópria: Matéria = copo de cristal.
como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segun- Meio = passeio de barco.
do, senão, visto. Origem = Nós somos do Nordeste.
C) Locuções prepositivas: duas ou mais palavras va- Conteúdo = frascos de perfume.
lendo como uma preposição, sendo que a última Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
palavra é uma (preposição): abaixo de, acerca de, Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais.
acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com,
em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de, Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas
graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por locuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução
cima de, por trás de. prepositiva por trás de.
A preposição é invariável e, no entanto, pode unir-se
a outras palavras e, assim, estabelecer concordância em REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
gênero ou em número. Exemplo: por + o = pelo / por + SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
a = pela. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Essa concordância não é característica da preposição, Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
mas das palavras às quais ela se une. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Esse processo de junção de uma preposição com ou- Paulo: Saraiva, 2010.
tra palavra pode se dar a partir dos processos de: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
 Combinação: união da preposição “a” com o ar- ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
tigo “o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde,
aos. Os vocábulos não sofrem alteração. SITE
 Contração: união de uma preposição com outra http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
palavra, ocorrendo perda ou transformação de fo-
nema: de + o = do, em + a = na, per + os = pelos, Substantivo
de + aquele = daquele, em + isso = nisso.
 Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” preposi- Substantivo é a classe gramatical de palavras variá-
ção + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal veis, as quais denominam todos os seres que existem,
do pronome “aquilo”). sejam reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e
fenômenos, os substantivos também nomeiam:
 lugares: Alemanha, Portugal
#FicaDica  sentimentos: amor, saudade
 estados: alegria, tristeza
O “a” pode funcionar como preposição,  qualidades: honestidade, sinceridade
pronome pessoal oblíquo e artigo. Como  ações: corrida, pescaria
distingui-los? Caso o “a” seja um artigo, virá
precedendo um substantivo, servindo para
1. Morfossintaxe do substantivo
determiná-lo como um substantivo singular
e feminino: A matéria que estudei é fácil!
Nas orações, geralmente o substantivo exerce fun-
ções diretamente relacionadas com o verbo: atua como
LÍNGUA PORTUGUESA

Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto di-
termos e estabelece relação de subordinação entre eles. reto ou indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda,
Irei à festa sozinha. funcionar como núcleo do complemento nominal ou do
Entregamos a flor à professora! = o primeiro “a” é arti- aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do obje-
go; o segundo, preposição. to ou como núcleo do vocativo. Também encontramos
Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e de
lugar e/ou a função de um substantivo: Nós trouxemos a adjuntos adverbiais - quando essas funções são desem-
apostila. = Nós a trouxemos. penhadas por grupos de palavras.

37
2. Classificação dos Substantivos
Substantivo coletivo Conjunto de:
A) Substantivos Comuns e Próprios assembleia pessoas reunidas
Observe a definição: alcateia lobos
Cidade: s.f. 1. Povoação maior que vila, com muitas
casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, acervo livros
toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma antologia trechos literários selecionados
cidade (em oposição aos bairros).
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas arquipélago ilhas
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada banda músicos
cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substan- bando desordeiros ou malfeitores
tivo comum.
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de banca examinadores
uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino, batalhão soldados
homem, mulher, país, cachorro.
Estamos voando para Barcelona. cardume peixes
caravana viajantes peregrinos
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da
espécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio – cacho frutas
aquele que designa os seres de uma mesma espécie de cancioneiro canções, poesias líricas
forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil. colmeia abelhas
B) Substantivos Concretos e Abstratos concílio bispos
B.1 Substantivo Concreto: é aquele que designa o congresso parlamentares, cientistas
ser que existe, independentemente de outros seres.
Observação: elenco atores de uma peça ou filme
Os substantivos concretos designam seres do mundo esquadra navios de guerra
real e do mundo imaginário.
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, enxoval roupas
Brasília. falange soldados, anjos
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas- fauna animais de uma região
ma.
feixe lenha, capim
B.2 Substantivo Abstrato: é aquele que designa se- flora vegetais de uma região
res que dependem de outros para se manifestarem ou
existirem. Por exemplo: a beleza não existe por si só, frota navios mercantes, ônibus
não pode ser observada. Só podemos observar a beleza girândola fogos de artifício
numa pessoa ou coisa que seja bela. A beleza depende
horda bandidos, invasores
de outro ser para se manifestar. Portanto, a palavra bele-
za é um substantivo abstrato. junta médicos, bois, credores, exa-
Os substantivos abstratos designam estados, quali- minadores
dades, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem júri jurados
ser abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida
(estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade legião soldados, anjos, demônios
(sentimento). leva presos, recrutas
 Substantivos Coletivos malta malfeitores ou desordeiros
manada búfalos, bois, elefantes,
Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha,
outra abelha, mais outra abelha. matilha cães de raça
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas. molho chaves, verduras
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame. multidão pessoas em geral
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne- nuvem insetos (gafanhotos, mosqui-
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, tos, etc.)
LÍNGUA PORTUGUESA

mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas penca bananas, chaves
palavras no plural. No terceiro, empregou-se um subs-
tantivo no singular (enxame) para designar um conjunto pinacoteca pinturas, quadros
de seres da mesma espécie (abelhas). quadrilha ladrões, bandidos
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, ramalhete flores
mesmo estando no singular, designa um conjunto de se- rebanho ovelhas
res da mesma espécie.

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repertório peças teatrais, obras musicais Pertencem ao gênero feminino os substantivos que
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
réstia alhos ou cebolas A história sem fim
romanceiro poesias narrativas Uma cidade sem passado
As tartarugas ninjas
revoada pássaros
sínodo párocos 5. Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes
talha lenha
1. Substantivos Biformes (= duas formas): apresen-
tropa muares, soldados tam uma forma para cada gênero: gato – gata, ho-
turma estudantes, trabalhadores mem – mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita
2. Substantivos Uniformes: apresentam uma única
vara porcos forma, que serve tanto para o masculino quanto
para o feminino. Classificam-se em:
3. Formação dos Substantivos A) Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo
se faz mediante a utilização das palavras “macho”
A) Substantivos Simples e Compostos e “fêmea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a macho e o jacaré fêmea.
terra. B) Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes a
O substantivo chuva é formado por um único ele- pessoas de ambos os sexos: a criança, a testemunha,
mento ou radical. É um substantivo simples. a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o indivíduo.
C) Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros:
A.1 Substantivo Simples: é aquele formado por um indicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o
único elemento. colega e a colega, o doente e a doente, o artista e
a artista.
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja
agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois
Substantivos de origem grega terminados em ema
elementos (guarda + chuva). Esse substantivo é compos- ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o
to. sintoma, o teorema.
A.2 Substantivo Composto: é aquele formado por  Existem certos substantivos que, variando de
dois ou mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, pas- gênero, variam em seu significado:
satempo. o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz); o cabeça
(líder) e a cabeça (parte do corpo); o capital (dinheiro) e
B) Substantivos Primitivos e Derivados a capital (cidade); o coma (sono mórbido) e a coma (ca-
B.1 Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva beleira, juba); o lente (professor) e a lente (vidro de au-
de nenhuma outra palavra da própria língua portuguesa. mento); o moral (estado de espírito) e a moral (ética; con-
B.2 Substantivo Derivado: é aquele que se origina clusão); o praça (soldado raso) e a praça (área pública);
de outra palavra. O substantivo limoeiro, por exemplo, é o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora).
derivado, pois se originou a partir da palavra limão.
6. Formação do Feminino dos Substantivos Bifor-
4. Flexão dos substantivos mes

O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá- Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno
- aluna.
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por
 Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a
exemplo, pode sofrer variações para indicar:
ao masculino: freguês - freguesa
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo:  Substantivos terminados em -ão: fazem o femini-
meninão / Diminutivo: menininho no de três formas:
1. troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
A) Flexão de Gênero 2. troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
Gênero é um princípio puramente linguístico, não de- 3. troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito Exceções: barão – baronesa, ladrão - ladra, sultão -
a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram sultana
a seres animais providos de sexo, quer designem apenas
“coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa.  Substantivos terminados em -or:
LÍNGUA PORTUGUESA

Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora


feminino. Pertencem ao gênero masculino os substanti- troca-se -or por -triz: = imperador – imperatriz
vos que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns.  Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa:
Veja estes títulos de filmes: cônsul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poe-
tisa / duque - duquesa / conde - condessa / profeta
O velho e o mar - profetisa
Um Natal inesquecível  Substantivos que formam o feminino trocando o
Os reis da praia -e final por -a: elefante - elefanta

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 Substantivos que têm radicais diferentes no mas- maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o
culino e no feminino: bode – cabra / boi - vaca proclama, o pernoite, o púbis.
 Substantivos que formam o feminino de maneira Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata,
especial, isto é, não seguem nenhuma das regras a cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a
anteriores: czar – czarina, réu - ré libido, a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).

7. Formação do Feminino dos Substantivos Uni- São geralmente masculinos os substantivos de ori-
formes gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
Epicenos: telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema,
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros. o eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o tra-
coma, o hematoma.
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma
forma para indicar o masculino e o feminino. Gênero dos Nomes de Cidades - Com raras exce-
Alguns nomes de animais apresentam uma só for- ções, nomes de cidades são femininos: A histórica Ouro
ma para designar os dois sexos. Esses substantivos são Preto. / A dinâmica São Paulo. / A acolhedora Porto Ale-
chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando gre. / Uma Londres imensa e triste.
houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
palavras macho e fêmea.
A cobra macho picou o marinheiro. 10. Gênero e Significação
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
Muitos substantivos, como já mencionado anterior-
mente, têm uma significação no masculino e outra no fe-
8. Sobrecomuns:
minino. Observe: o baliza (soldado que à frente da tropa,
Entregue as crianças à natureza.
indica os movimentos que se deve realizar em conjunto; o
que vai à frente de um bloco carnavalesco, manejando um
A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo mas- bastão), a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite
culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem ou proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (par-
o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o te do corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a
sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja: cisma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzen-
A criança chorona chamava-se João. ta), a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro),
A criança chorona chamava-se Maria. a capital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma
(cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro),
Outros substantivos sobrecomuns: a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma na administração da crisma e de outros sacramentos), a
boa criatura. crisma (sacramento da confirmação), o cura (pároco), a
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de cura (ato de curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe
Marcela faleceu (vasta planície de vegetação), o guia (pessoa que guia ou-
tras), a guia (documento, pena grande das asas das aves),
9. Comuns de Dois Gêneros: o grama (unidade de peso), a grama (relva), o caixa (fun-
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. cionário da caixa), a caixa (recipiente, setor de pagamen-
tos), o lente (professor), a lente (vidro de aumento), o mo-
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? ral (ânimo), a moral (honestidade, bons costumes, ética),
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma o nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a fonte),
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor), maria-
A distinção de gênero pode ser feita através da análi- -fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala (poncho), a
se do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o subs- pala (parte anterior do boné ou quepe, anteparo), o rádio
tantivo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; (aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga (remador),
um jovem - uma jovem; artista famoso - artista famosa; a voga (moda).
repórter francês - repórter francesa.
B) Flexão de Número do Substantivo
A palavra personagem é usada indistintamente nos
dois gêneros. Entre os escritores modernos nota-se acen-
Em português, há dois números gramaticais: o singu-
tuada preferência pelo masculino: O menino descobriu
lar, que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural,
LÍNGUA PORTUGUESA

nas nuvens os personagens dos contos de carochinha.


que indica mais de um ser ou grupo de seres. A caracte-
Com referência à mulher, deve-se preferir o feminino: rística do plural é o “s” final.
O problema está nas mulheres de mais idade, que não
aceitam a personagem. 11. Plural dos Substantivos Simples
Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
fotográfico Ana Belmonte. Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó “n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
)pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural).

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Exceção: cânon - cânones. substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
Os substantivos terminados em “m” fazem o plural substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per-
em “ns”: homem - homens. feitos
Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho-
pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes. mens
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
O plural de caráter é caracteres.
Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam- B) Flexiona-se somente o segundo elemento,
-se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; quando formados de:
caracol – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
cônsul e cônsules. palavra invariável + palavra variável = alto-falante e
Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de alto-falantes
duas maneiras: palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-
1. Quando oxítonos, em “is”: canil - canis -recos
2. Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
C) Flexiona-se somente o primeiro elemento,
Observação: quando formados de:
substantivo + preposição clara + substantivo = água-
A palavra réptil pode formar seu plural de duas ma-
-de-colônia e águas-de-colônia
neiras: répteis ou reptis (pouco usada).
substantivo + preposição oculta + substantivo = ca-
valo-vapor e cavalos-vapor
Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de substantivo + substantivo que funciona como deter-
duas maneiras: minante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o
1. Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o tipo do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave,
acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses bomba-relógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-rã,
2. Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam in- peixe-espada - peixes-espada.
variáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
D) Permanecem invariáveis, quando formados de:
Os substantivos terminados em “ão” fazem o plural verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
de três maneiras. verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os
1. substituindo o -ão por -ões: ação - ações saca-rolhas
2. substituindo o -ão por -ães: cão - cães
3. substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos 13. Casos Especiais

Observação: o louva-a-deus e os louva-a-deus


Muitos substantivos terminados em “ão” apresentam
dois – e até três – plurais: o bem-te-vi e os bem-te-vis
aldeão – aldeões/aldeães/aldeãos o bem-me-quer e os bem-me-queres
ancião – anciões/anciães/anciãos
o joão-ninguém e os joões-ninguém.
charlatão – charlatões/charlatães
corrimão – corrimãos/corrimões
14. Plural das Palavras Substantivadas
guardião – guardiões/guardiães
vilão – vilãos/vilões/vilães
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
classes gramaticais usadas como substantivo apresen-
Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: tam, no plural, as flexões próprias dos substantivos.
o látex - os látex. Pese bem os prós e os contras.
O aluno errou na prova dos noves.
12. Plural dos Substantivos Compostos Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.

A formação do plural dos substantivos compostos Observação:


depende da forma como são grafados, do tipo de pa- Numerais substantivados terminados em “s” ou “z”
lavras que formam o composto e da relação que esta- não variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos
belecem entre si. Aqueles que são grafados sem hífen seis e alguns dez.
comportam-se como os substantivos simples: aguar-
dente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/pontapés,
LÍNGUA PORTUGUESA

malmequer/malmequeres. 15. Plural dos Diminutivos

O plural dos substantivos compostos cujos elementos Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” fi-
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas nal e acrescenta-se o sufixo diminutivo.
e discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:
pãe(s) + zinhos = pãezinhos
A) Flexionam-se os dois elementos, quando forma-
dos de: animai(s) + zinhos = animaizinhos

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botõe(s) + zinhos = botõezinhos ovo ovos
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos poço poços
farói(s) + zinhos = faroizinhos porto portos
tren(s) + zinhos = trenzinhos posto postos
colhere(s) + zinhas = colherezinhas tijolo tijolos
flore(s) + zinhas = florezinhas
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol-
mão(s) + zinhas = mãozinhas sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros,
papéi(s) + zinhos = papeizinhos etc.
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
Observação:
funi(s) + zinhos = funizinhos Distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos molho (ó) = feixe (molho de lenha).
Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
pai(s) + zinhos = paizinhos norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
pé(s) + zinhos = pezinhos Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames,
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
pé(s) + zitos = pezitos Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do
singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probida-
16. Plural dos Nomes Próprios Personativos de, bom nome) e honras (homenagem, títulos).
Usamos, às vezes, os substantivos no singular, mas
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas com sentido de plural:
sempre que a terminação preste-se à flexão. Aqui morreu muito negro.
Os Napoleões também são derrotados. Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
As Raquéis e Esteres. improvisadas.

17. Plural dos Substantivos Estrangeiros C) Flexão de Grau do Substantivo

Substantivos ainda não aportuguesados devem ser Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
escritos como na língua original, acrescentando-se “s” as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
(exceto quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os 1. Grau Normal - Indica um ser de tamanho conside-
shorts, os jazz. rado normal. Por exemplo: casa
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de 2. Grau Aumentativo - Indica o aumento do tama-
acordo com as regras de nossa língua: os clubes, os cho- nho do ser. Classifica-se em:
pes, os jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, Analítico = o substantivo é acompanhado de um ad-
os réquiens. jetivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
Observe o exemplo: Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in-
Este jogador faz gols toda vez que joga. dicador de aumento. Por exemplo: casarão.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
3. Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tama-
18. Plural com Mudança de Timbre nho do ser. Pode ser:
Analítico = substantivo acompanhado de um adjeti-
Certos substantivos formam o plural com mudança vo que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
de timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in-
fato fonético chamado metafonia (plural metafônico). dicador de diminuição. Por exemplo: casinha.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Singular Plural
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
corpo (ô) corpos (ó) Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
esforço esforços Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
fogo fogos Paulo: Saraiva, 2010.
LÍNGUA PORTUGUESA

forno fornos CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,


Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
fosso fossos
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
imposto impostos São Paulo: Saraiva, 2002.
olho olhos
SITE
osso (ô) ossos (ó) http://www.sopor tugues.com.br/secoes/morf/
morf12.php

42
Pronome A) Pronome Reto
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen-
Pronome é a palavra variável que substitui ou acom- tença, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos
panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma flores.
forma. Os pronomes retos apresentam flexão de número,
O homem julga que é superior à natureza, por isso o gênero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa úl-
homem destrói a natureza... tima a principal flexão, uma vez que marca a pessoa do
Utilizando pronomes, teremos: O homem julga que é discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é
superior à natureza, por isso ele a destrói... assim configurado:
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de ter- 1.ª pessoa do singular: eu
mos (homem e natureza). 2.ª pessoa do singular: tu
Grande parte dos pronomes não possuem significa- 3.ª pessoa do singular: ele, ela
dos fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação 1.ª pessoa do plural: nós
dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar a 2.ª pessoa do plural: vós
referência exata daquilo que está sendo colocado por 3.ª pessoa do plural: eles, elas
meio dos pronomes no ato da comunicação. Com ex-
ceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os de- Esses pronomes não costumam ser usados como
mais pronomes têm por função principal apontar para as complementos verbais na língua-padrão. Frases como
pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando- “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu
-lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude até aqui”- comuns na língua oral cotidiana - devem ser
dessa característica, os pronomes apresentam uma for- evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
ma específica para cada pessoa do discurso. mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala] -me até aqui”.
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
Frequentemente observamos a omissão do pronome
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se
reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias
fala]
formas verbais marcam, através de suas desinências, as
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem
boa viagem. (Nós)
se fala]
B) Pronome Oblíquo
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme-
ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência sentença, exerce a função de complemento verbal
através do pronome seja coerente em termos de gênero (objeto direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (ob-
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto, jeto indireto)
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado.
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da Observação:
nossa escola neste ano. O pronome oblíquo é uma forma variante do prono-
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordân- me pessoal do caso reto. Essa variação indica a função
cia adequada] diversa que eles desempenham na oração: pronome reto
[neste: pronome que determina “ano” = concordância marca o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o
adequada] complemento da oração. Os pronomes oblíquos sofrem
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = con- variação de acordo com a acentuação tônica que pos-
cordância inadequada] suem, podendo ser átonos ou tônicos.

Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, 2. Pronome Oblíquo Átono


demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
são precedidos de preposição. Possuem acentuação tô-
nica fraca: Ele me deu um presente.
1. Pronomes Pessoais
Lista dos pronomes oblíquos átonos
São aqueles que substituem os substantivos, indi- 1.ª pessoa do singular (eu): me
LÍNGUA PORTUGUESA

cando diretamente as pessoas do discurso. Quem fala 2.ª pessoa do singular (tu): te
ou escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
os pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar 1.ª pessoa do plural (nós): nos
a quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer 2.ª pessoa do plural (vós): vos
referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala. 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun-
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto
ou do caso oblíquo.

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go, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos
FIQUE ATENTO! frequentemente exercem a função de adjunto adverbial
Os pronomes o, os, a, as assumem formas es- de companhia: Ele carregava o documento consigo.
peciais depois de certas terminações verbais: A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas:
1. Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, Ela veio até mim, mas nada falou.
o pronome assume a forma lo, los, la ou las, Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de
ao mesmo tempo que a terminação verbal é inclusão), usaremos as formas retas: Todos foram bem na
suprimida. Por exemplo: prova, até eu! (= inclusive eu)
fiz + o = fi-lo
fazeis + o = fazei-lo As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
dizer + a = dizê-la por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pes-
soais são reforçados por palavras como outros, mesmos,
2. Quando o verbo termina em som nasal, o próprios, todos, ambos ou algum numeral.
pronome assume as formas no, nos, na, nas. Você terá de viajar com nós todos.
Por exemplo: Estávamos com vós outros quando chegaram as más
viram + o: viram-no notícias.
repõe + os = repõe-nos Ele disse que iria com nós três.
retém + a: retém-na
tem + as = tem-nas 3. Pronome Reflexivo

São pronomes pessoais oblíquos que, embora fun-


B.2 Pronome Oblíquo Tônico cionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedi- sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe
dos por preposições, em geral as preposições a, para, de a ação expressa pelo verbo.
e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a Lista dos pronomes reflexivos:
função de objeto indireto da oração. Possuem acentua- 1.ª pessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me
ção tônica forte. lembro disso.
Lista dos pronomes oblíquos tônicos: 2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo.
1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo 3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo = Gui-
2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo lherme já se preparou.
3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela Ela deu a si um presente.
1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco Antônio conversou consigo mesmo.
2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas 1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio.
2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes
Observe que as únicas formas próprias do pronome com esta conquista.
tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles se
As demais repetem a forma do pronome pessoal do caso conheceram. / Elas deram a si um dia de folga.
reto.
As preposições essenciais introduzem sempre prono-
mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso #FicaDica
reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da
O pronome é reflexivo quando se refere à
língua formal, os pronomes costumam ser usados desta
mesma pessoa do pronome subjetivo (sujei-
forma:
to): Eu me arrumei e saí.
Não há mais nada entre mim e ti.
É pronome recíproco quando indica reci-
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
procidade de ação: Nós nos amamos. / Olha-
Não há nenhuma acusação contra mim.
mo-nos calados.
Não vá sem mim.
O “se” pode ser usado como palavra exple-
tiva ou partícula de realce, sem ser rigoro-
Há construções em que a preposição, apesar de surgir
samente necessária e sem função sintática: Os
anteposta a um pronome, serve para introduzir uma ora-
exploradores riam-se de suas tentativas. / Será
ção cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo
que eles se foram?
pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um prono-
me, deverá ser do caso reto.
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Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.


Não vá sem eu mandar. C) Pronomes de Tratamento
A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!” São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri-
está correta, já que “para mim” é complemento de “fá- monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (por-
cil”. A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil tanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira
para mim! pessoa. Alguns exemplos:
A combinação da preposição “com” e alguns prono- Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
mes originou as formas especiais comigo, contigo, consi- Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais

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Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e reli- Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
giosos em geral seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente supe-
rior à de coronel, senadores, deputados, embaixadores, ou
professores de curso superior, ministros de Estado e de
Tribunais, governadores, secretários de Estado, presiden- Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
te da República (sempre por extenso) teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de universi-
dades 4. Pronomes Possessivos
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, ofi- São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
ciais até a patente de coronel, chefes de seção e funcio- (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
nários de igual categoria (coisa possuída).
Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1.ª pessoa do
de direito singular)
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento
cerimonioso NÚMERO PESSOA PRONOME
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus
singular primeira meu(s), minha(s)
Também são pronomes de tratamento o senhor, a se- singular segunda teu(s), tua(s)
nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são em-
pregados no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, singular terceira seu(s), sua(s)
no tratamento familiar. Você e vocês são largamente em- plural primeira nosso(s), nossa(s)
pregados no português do Brasil; em algumas regiões, a plural segunda vosso(s), vossa(s)
forma tu é de uso frequente; em outras, pouco emprega-
da. Já a forma vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, plural terceira seu(s), sua(s)
ultraformal ou literária.
Note que:
Observações: A forma do possessivo depende da pessoa gramatical
1. Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de a que se refere; o gênero e o número concordam com o
tratamento que possuem “Vossa(s)” são emprega- objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição
dos em relação à pessoa com quem falamos: Es- naquele momento difícil.
pero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este
encontro. Observações:
2. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito 1. A forma “seu” não é um possessivo quando resul-
da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram tar da alteração fonética da palavra senhor: Muito
que Sua Excelência, o Senhor Presidente da Repúbli- obrigado, seu José.
ca, agiu com propriedade. 2. Os pronomes possessivos nem sempre indicam
3. Os pronomes de tratamento representam uma for- posse. Podem ter outros empregos, como:
ma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlo- A) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
cutores. Ao tratarmos um deputado por Vossa Ex- B) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 anos.
celência, por exemplo, estamos nos endereçando à C) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem
excelência que esse deputado supostamente tem lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
para poder ocupar o cargo que ocupa. 3. Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
4. Embora os pronomes de tratamento dirijam-se à o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Ex-
2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita celência trouxe sua mensagem?
com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes 4. Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi-
possessivos e os pronomes oblíquos empregados vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus
em relação a eles devem ficar na 3.ª pessoa. livros e anotações.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas pro- 5. Em algumas construções, os pronomes pessoais
messas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhe- oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou
cidos. seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos)
5. Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos 6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró-
ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo,
LÍNGUA PORTUGUESA

ao longo do texto, a pessoa do tratamento escolhi- para que não ocorra redundância: Coloque tudo
da inicialmente. Assim, por exemplo, se começa- nos respectivos lugares.
mos a chamar alguém de “você”, não poderemos
usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, ver- 5. Pronomes Demonstrativos
bo na terceira pessoa.
São utilizados para explicitar a posição de certa pa-
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos lavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação
teus cabelos. (errado) pode ser de espaço, de tempo ou em relação ao discurso.

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A) Em relação ao espaço: Também aparecem como pronomes demonstrativos:
Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da  o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que”
pessoa que fala: e puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s),
Este material é meu. aquilo.
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disses-
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da te.)
pessoa com quem se fala: Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
Esse material em sua carteira é seu? indiquei.)

Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está  mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): va-
distante tanto da pessoa que fala como da pessoa com riam em gênero quando têm caráter reforçativo:
quem se fala: Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
Aquele material não é nosso. Eu mesma refiz os exercícios.
Vejam aquele prédio! Elas mesmas fizeram isso.
Eles próprios cozinharam.
B) Em relação ao tempo: Os próprios alunos resolveram o problema.
Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em
relação à pessoa que fala:  semelhante(s): Não tenha semelhante atitude.
Esta manhã farei a prova do concurso!  tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria.
1. Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po- eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este.
rém relativamente próximo à época em que se situa a (ou então: este solteiro, aquele casado) - este se re-
pessoa que fala: fere à pessoa mencionada em último lugar; aquele,
Essa noite dormi mal; só pensava no concurso! à mencionada em primeiro lugar.
2. O pronome demonstrativo tal pode ter conotação
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afastamen- irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
to no tempo, referido de modo vago ou como tempo 3. Pode ocorrer a contração das preposições a, de,
remoto: em com pronome demonstrativo: àquele, àquela,
Naquele tempo, os professores eram valorizados. deste, desta, disso, nisso, no, etc: Não acreditei no
que estava vendo. (no = naquilo)
C) Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se
falará ou escreverá): 6. Pronomes Indefinidos
Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer
fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se fa- São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discur-
lará: so, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando
Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, quantidade indeterminada.
ortografia, concordância. Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-
-plantadas.
Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pes-
fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou: soa de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais deseja- forma imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um
mos! ser humano que seguramente existe, mas cuja identida-
de é desconhecida ou não se quer revelar. Classificam-se
Este e aquele são empregados quando se quer fazer em:
referência a termos já mencionados; aquele se refere ao
termo referido em primeiro lugar e este para o referido A) Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o
por último: lugar do ser ou da quantidade aproximada de se-
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau- res na frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano,
lo; este está mais bem colocado que aquele. (= este [São beltrano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo.
Paulo], aquele [Palmeiras]) Algo o incomoda?
Quem avisa amigo é.
ou
B) Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau- ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de
LÍNGUA PORTUGUESA

lo; aquele está mais bem colocado que este. (= este [São quantidade aproximada. São eles: cada, certo(s),
Paulo], aquele [Palmeiras]) certa(s).
Cada povo tem seus costumes.
Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou Certas pessoas exercem várias profissões.
invariáveis, observe:
Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), Note que:
aquela(s). Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora pro-
Invariáveis: isto, isso, aquilo. nomes indefinidos adjetivos:

46
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns,
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s),
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias.
Menos palavras e mais ações.
Alguns se contentam pouco.

Os pronomes indefinidos podem ser divididos em variáveis e invariáveis. Observe:


 Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pou-
ca, vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer*, alguns, nenhuns, todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros,
quantos, algumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quantas.
 Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, algo, cada.

*Qualquer é composto de qual + quer (do verbo querer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo plural é
feito em seu interior).
Todo e toda no singular e junto de artigo significa inteiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
Trabalho todo dia. (= todos os dias)

São locuções pronominais indefinidas: cada qual, cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que), seja
quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
Cada um escolheu o vinho desejado.

7. Pronomes Relativos

São aqueles que representam nomes já mencionados anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem as
orações subordinadas adjetivas.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros.
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros = oração subordinada adjetiva).

O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra
“sistema” é antecedente do pronome relativo que.
O antecedente do pronome relativo pode ser o pronome demonstrativo o, a, os, as.
Não sei o que você está querendo dizer.
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem expresso.
Quem casa, quer casa.

Observe:
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
quantas.
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
Note que:
O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser substi-
tuído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu antecedente for um substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual)
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais)
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as quais)

O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamente
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que podem ter várias classificações) são pronomes relativos.
Todos eles são usados com referência à pessoa ou coisa por motivo de clareza ou depois de determinadas preposições:
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o qual me deixou encantado. O uso de “que”, neste caso, geraria
ambiguidade. Veja: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, que me deixou encantado (quem me deixou
LÍNGUA PORTUGUESA

encantado: o sítio ou minha tia?).


Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utiliza-se
o qual / a qual)
O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou
de ser poeta, que era a sua vocação natural.
O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o consequente
(o ser possuído, com o qual concorda em gênero e número); não se usa artigo depois deste pronome; “cujo” equivale
a do qual, da qual, dos quais, das quais.

47
Existem pessoas cujas ações são nobres.
(antecedente) (consequente)

Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pronome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (referiu-se a)

“Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:

Emprestei tantos quantos foram necessários.


(antecedente)

Ele fez tudo quanto havia falado.


(antecedente)
O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre precedido de preposição.

É um professor a quem muito devemos.


(preposição)

“Onde”, como pronome relativo, sempre possui antecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa
onde morava foi assaltada.
Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em que: Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
no exterior.

Podem ser utilizadas como pronomes relativos as palavras:


 como (= pelo qual) – desde que precedida das palavras modo, maneira ou forma:
Não me parece correto o modo como você agiu semana passada.

 quando (= em que) – desde que tenha como antecedente um nome que dê ideia de tempo:
Bons eram os tempos quando podíamos jogar videogame.

Os pronomes relativos permitem reunir duas orações numa só frase.


O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste esporte.
= O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.
Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de gente
que conversava, (que) ria, observava.

8. Pronomes Interrogativos

São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos,
referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e variações),
quanto (e variações).
Com quem andas?
Qual seu nome?
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.

O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo
quando desempenha função de complemento.
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia lhe ajudar.
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce função de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso. O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para
a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição,
diferentemente dos segundos, que são sempre precedidos de preposição.
LÍNGUA PORTUGUESA

A) Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu estava fazendo.


B) Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o que eu estava fazendo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

48
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira nessa viagem.
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – (com presença de palavra que justifique o uso de pró-
São Paulo: Saraiva, 2002. clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompa-
nharia nessa viagem).
SITE
http://www.sopor tugues.com.br/secoes/morf/ Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo.
morf42.php A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não
forem possíveis:
9. Colocação Pronominal  Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
Quando eu avisar, silenciem-se todos.
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos  Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal:
pronomes oblíquos átonos na frase. Não era minha intenção machucá-la.

 Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não


#FicaDica se inicia período com pronome oblíquo).
Pronome Oblíquo é aquele que exerce a fun- Vou-me embora agora mesmo.
ção de complemento verbal (objeto). Por isso, Levanto-me às 6h.
memorize:  Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo
OBlíquo = OBjeto! no concurso, mudo-me hoje mesmo!
 Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a
proposta fazendo-se de desentendida.
Embora na linguagem falada a colocação dos prono- 10. Colocação pronominal nas locuções verbais
mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas
devem ser observadas na linguagem escrita.  Após verbo no particípio = pronome depois do
verbo auxiliar (e não depois do particípio):
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo. Tenho me deliciado com a leitura!
A próclise é usada: Eu tenho me deliciado com a leitura!
 Quando o verbo estiver precedido de palavras Eu me tenho deliciado com a leitura!
que atraem o pronome para antes do verbo. São elas:  Não convém usar hífen nos tempos compostos e
nas locuções verbais:
A) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém,
Vamos nos unir!
jamais, etc.: Não se desespere!
Iremos nos manifestar.
B) Advérbios: Agora se negam a depor.
 Quando há um fator para próclise nos tempos
C) Conjunções subordinativas: Espero que me expli-
compostos ou locuções verbais: opção pelo uso
quem tudo!
do pronome oblíquo “solto” entre os verbos = Não
D) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se
esforçou. vamos nos preocupar (e não: “não nos vamos preo-
E) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportu- cupar”).
nidade.
F) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito. 11. Emprego de o, a, os, as
 Orações iniciadas por palavras interrogativas:
Quem lhe disse isso?  Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral,
 Orações iniciadas por palavras exclamativas: os pronomes: o, a, os, as não se alteram.
Quanto se ofendem! Chame-o agora.
 Orações que exprimem desejo (orações optativas): Deixei-a mais tranquila.
Que Deus o ajude.
 A próclise é obrigatória quando se utiliza o pro-  Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoan-
nome reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei o tes finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos:
material amanhã. / Tu sabes cantar? (Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho.
(Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa.
Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do
verbo. A mesóclise é usada:
Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu-  Em verbos terminados em ditongos nasais (am,
LÍNGUA PORTUGUESA

turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam em, ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se
precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos: para no, na, nos, nas.
Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento em Chamem-no agora.
prol da paz no mundo. Põe-na sobre a mesa.
Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea-
lizará”: realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma
palavra que justificasse o uso da próclise, esta prevalece-
ria. Veja: Não se realizará...

49
#FicaDica FIQUE ATENTO!
Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que O verbo pôr, assim como seus derivados
significa “antes”! Pronome antes do verbo! (compor, repor, depor), pertencem à 2.ª conju-
Ênclise – “en” lembra, pelo “som”, /Ənd/ (end, gação, pois a forma arcaica do verbo pôr era
em Inglês – que significa “fim, final!). Prono- poer. A vogal “e”, apesar de haver desapareci-
me depois do verbo! do do infinitivo, revela-se em algumas formas
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do do verbo: põe, pões, põem, etc.
verbo
2. Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce-
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce- bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acen-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São to tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo,
Paulo: Saraiva, 2010. por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico
não cai no radical, mas sim na terminação verbal (fora do
radical): opinei, aprenderão, amaríamos.
SITE
http://www.portugues.com.br/gramatica/colocacao- 3. Classificação dos Verbos
-pronominal-.html
Classificam-se em:
Observação: Não foram encontradas questões A) Regulares: são aqueles que apresentam o radi-
abrangendo tal conteúdo. cal inalterado durante a conjugação e desinências
idênticas às de todos os verbos regulares da mes-
ma conjugação. Por exemplo: comparemos os ver-
bos “cantar” e “falar”, conjugados no presente do
VERBO
Modo Indicativo:
Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, número,
tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o canto falo
nome de conjugação (por isso também se diz que verbo cantas falas
é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre
canta falas
outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenôme-
no (choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer). cantamos falamos
cantais falais
1. Estrutura das Formas Verbais
cantam falam
Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar
os seguintes elementos:
#FicaDica
A) Radical: é a parte invariável, que expressa o signi-
ficado essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal- Observe que, retirando os radicais, as desi-
-ava; fal-am. (radical fal-) nências modo-temporal e número-pessoal
B) Tema: é o radical seguido da vogal temática que mantiveram-se idênticas. Tente fazer com
indica a conjugação a que pertence o verbo. Por outro verbo e perceberá que se repetirá o
exemplo: fala-r. São três as conjugações: fato (desde que o verbo seja da primeira
1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática conjugação e regular!). Faça com o verbo
- E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir). “andar”, por exemplo. Substitua o radical
C) Desinência modo-temporal: é o elemento que “cant” e coloque o “and” (radical do verbo
designa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo: andar). Viu? Fácil!
falávamos (indica o pretérito imperfeito do indicativo)
/ falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo) B) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alte-
D) Desinência número-pessoal: é o elemento que rações no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei,
LÍNGUA PORTUGUESA

designa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o fizesse.


número (singular ou plural):
Observação:
falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam Alguns verbos sofrem alteração no radical apenas
(indica a 3.ª pessoa do plural.) para que seja mantida a sonoridade. É o caso de: corrigir/
corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo. Tais altera-
ções não caracterizam irregularidade, porque o fonema
permanece inalterado.

50
C) Defectivos: são aqueles que não apresentam conjugação completa. Os principais são adequar, precaver, compu-
tar, reaver, abolir, falir.
D) Impessoais: são os verbos que não têm sujeito e, normalmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
principais verbos impessoais são:

1. Haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se ou fazer (em orações temporais).
Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia = Existiam)
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)

2. Fazer, ser e estar (quando indicam tempo)


Faz invernos rigorosos na Europa.
Era primavera quando o conheci.
Estava frio naquele dia.

3. Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, ama-
nhecer, escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido
figurado. Qualquer verbo impessoal, empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal,
ou seja, terá conjugação completa.
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
4. O verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo: Já passa das seis.

5. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição “de”, indicando suficiência:


Basta de tolices.
Chega de promessas.

6. Os verbos estar e ficar em orações como “Está bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem referência
a sujeito expresso anteriormente (por exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso, classificar o sujeito como
hipotético, tornando-se, tais verbos, pessoais.

7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uma apostila?

E) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
São unipessoais os verbos constar, convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que indicam vozes de animais
(cacarejar, cricrilar, miar, latir, piar).

Os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada:
Teu irmão amadureceu bastante.
O que é que aquela garota está cacarejando?
Principais verbos unipessoais:

 Cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário):


Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos bastante)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova)

 Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
LÍNGUA PORTUGUESA

Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a vejo. (Sujeito: que não a vejo)

F) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que,
além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é
empregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:

51
Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular
Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

FIQUE ATENTO!
Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/
dito, escrever/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois,
fui) e ir (fui, ia, vades).

H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo prin-
cipal (aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é
expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar todos!
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Observação:
Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

4. Conjugação dos Verbos Auxiliares


LÍNGUA PORTUGUESA

4.1. SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pret. Imp. Pret.mais-que-perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias

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é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

4.2. SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

4.3. SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

4.4. SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

4.5. ESTAR - Modo Indicativo

Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.


estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
LÍNGUA PORTUGUESA

estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

4.6. ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas

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esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

4.7. ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

4.8. HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

4.9. HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


ja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

4.10. HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
LÍNGUA PORTUGUESA

haverdes
Haverem

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4.11. TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

4.12. TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
Tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já
implícita no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:
 Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a refle-
xibilidade já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.

A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela
mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula
integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço
da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respec-
tivos pronomes):
Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arrependem.
 Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto re-
presentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele
mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os
pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota penteou-me.

Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à
do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular.

5. Modos Verbais
LÍNGUA PORTUGUESA

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro.
Existem três modos:
A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.
B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!

55
6. Formas Nominais

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adje-
tivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:

A) Infinitivo
A.1 Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de subs-
tantivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exem-
plo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.

A.2 Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.

B) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por exemplo:


Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo)

Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.

Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando futebol.
2. – Sim, senhora! Vou estar verificando!
Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verificar”.

C) Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o re-
sultado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames,
os candidatos saíram.

Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função
de adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.
LÍNGUA PORTUGUESA

(Ziraldo)

8. Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
tempos.

A) Tempos do Modo Indicativo

56
Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele
estudou as lições ontem à noite.
Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as lições
quando os amigos chegaram. (forma simples).
Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.
Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se ele
pudesse, estudaria um pouco mais.

B) Tempos do Modo Subjuntivo

Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse
o jogo.
Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.

FIQUE ATENTO!
Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)

No próximo final de semana, faço a prova!


faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)

Tabelas das Conjugações Verbais

1. Modo Indicativo

1.1. Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

1.2. Pretérito Perfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
LÍNGUA PORTUGUESA

cantaSTE vendeSTE partISTE STE


cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

57
1.3. Pretérito mais-que-perfeito

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

1.4. Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3ª. conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

1.5. Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

1.6. Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
LÍNGUA PORTUGUESA

cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS


cantarIAM venderIAM partirIAM

58
1.7. Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

1.8. Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

1.9. Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
LÍNGUA PORTUGUESA

cantaREM vendeREM partiREM R EM


C) Modo Imperativo

1. Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

59
Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo
Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

2. Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

 No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem,
pedido ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
 O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

3. Infinitivo Pessoal

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

 O verbo parecer admite duas construções:


Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).

 O verbo pegar possui dois particípios (regular e irregular):


Elvis tinha pegado minhas apostilas.
Minhas apostilas foram pegas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LÍNGUA PORTUGUESA

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php

60
VOZES DO VERBO

Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três as
vozes verbais:

A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo verbo:
Ele fez o trabalho.
sujeito agente ação objeto (paciente)

B) Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a ação expressa pelo verbo:


O trabalho foi feito por ele.
sujeito paciente ação agente da passiva

C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
O menino feriu-se.

#FicaDica
Não confundir o emprego reflexivo do verbo com a noção de reciprocidade:
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro)

1. Formação da Voz Passiva

A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico e sintético.
A) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte maneira:
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo:
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: os alunos pintarão a escola)
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho)

Observações:
 O agente da passiva geralmente é acompanhado da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a pre-
posição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados.
 Pode acontecer de o agente da passiva não estar explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
 A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a transformação
das frases seguintes:

Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)


O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito perfeito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz ativa)

Ele faz o trabalho. (presente do indicativo)


O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indicativo)

Ele fará o trabalho. (futuro do presente)


O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)

 Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa.
Observe a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
LÍNGUA PORTUGUESA

As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)


B) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, seguido
do pronome apassivador “se”. Por exemplo:
Abriram-se as inscrições para o concurso.
Destruiu-se o velho prédio da escola.

Observação:
O agente não costuma vir expresso na voz passiva sintética.

61
1.1 Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva Resposta: Letra E. Questão que envolve correlação
verbal. Realizando as alterações solicitadas, segue
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar como ficariam (em destaque):
substancialmente o sentido da frase. Em “a”: tivessem acrescentado – trariam − contribui-
O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa) riam
Sujeito da Ativa objeto Direto Em “b”: acrescentassem – trariam − contribuiriam
Em “c”: tinham acrescentado – trouxeram − contri-
A apostila foi comprada pelo concurseiro. buíram
(Voz Passiva) Em “d”: acrescentassem – trariam − contribuíram
Sujeito da Passiva Agente da Passiva
Em “e”: tenham acrescentado – trouxeram − Contri-
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva;
buíram = correta
o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo
ativo assumirá a forma passiva, conservando o mesmo
tempo. 2. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA APOIO
Os mestres têm constantemente aconselhado os alu- ESPECIALIZADO – ESPECIALIDADE MEDICINA DO
nos. TRABALHO – FCC – 2012) Está inadequado o emprego
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pe- do elemento sublinhado na seguinte frase:
los mestres.
a) Sou ateu e peço que me deem tratamento similar ao
Eu o acompanharei. que dispenso aos homens religiosos.
Ele será acompanhado por mim. b) A intolerância religiosa baseia-se em preconceitos de
Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não que deveriam desviar-se todos os homens verdadeira-
haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: mente virtuosos.
Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
c) A tolerância é uma virtude na qual não podem prescin-
Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir,
dir os que se dizem homens de fé.
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou refle-
xiva, porque o sujeito não pode ser visto como agente, d) O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito de nada
paciente ou agente paciente. fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los.
e) Respeito os homens de fé, a menos que deixem de
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS fazer o mesmo com aqueles que não a têm.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Resposta: Letra C.Corrigindo o inadequado:
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- Em “a”: Sou ateu e peço que me deem tratamento si-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São milar ao que dispenso aos homens religiosos.
Paulo: Saraiva, 2010. Em “b”: A intolerância religiosa baseia-se em precon-
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- ceitos de que deveriam desviar-se todos os homens
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. verdadeiramente virtuosos.
Em “c”: A tolerância é uma virtude na qual (de que)
SITE
não podem prescindir os que se dizem homens de fé.
http://www.sopor tugues.com.br/secoes/morf/
Em “d”: O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito
morf54.php
de nada fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los.
Em “e”: Respeito os homens de fé, a menos que dei-
xem de fazer o mesmo com aqueles que não a têm.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
3. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA APOIO
1. (TST – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- ESPECIALIZADO – ESPECIALIDADE MEDICINA DO
TRATIVA – FCC – 2012) As vitórias no jogo interior talvez TRABALHO – FCC – 2012)
não acrescentem novos troféus, mas elas trazem recom- Transpondo-se para a voz passiva a construção Os ateus
pensas valiosas, [...] que contribuem de forma significa- despertariam a ira de qualquer fanático, a forma ver-
tiva para nosso sucesso posterior, tanto na quadra como bal obtida será:
fora dela.
a) seria despertada.
Mantêm-se adequados o emprego de tempos e modos b) teria sido despertada.
verbais e a correlação entre eles, ao se substituírem os
c) despertar-se-á.
LÍNGUA PORTUGUESA

elementos sublinhados na frase acima, na ordem dada,


d) fora despertada.
por:
e) teriam despertado.
a) tivessem acrescentado − trariam − contribuírem
b) acrescentassem − têm trazido − contribuírem Resposta: Letra A. Os ateus despertariam a ira de
c) tinham acrescentado − trarão − contribuiriam qualquer fanático
d) acrescentariam − trariam− contribuíram Fazendo a transposição para a voz passiva, temos: A
e) tenham acrescentado − trouxeram − Contribuíram ira de qualquer fanático seria despertada pelos ateus.

62
4. (TST – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- Em “a”: A nenhuma de nossas escolhas podem deixar
TRATIVA – ESPECIALIDADE SEGURANÇA JUDICIÁ- de corresponder nossos valores éticos mais rigorosos.
RIA – FCC – 2012) Em “b”: Não se poupam os que governam de refletir
...ela nunca alcançava a musa. sobre o peso de suas mais graves decisões.
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma Em “c”: Aos governantes mais responsáveis não ocor-
verbal resultante será: re tomar decisões sem medir suas consequências. =
Isso não ocorre aos governantes – uma oração exerce
a) alcança-se. a função de sujeito (subjetiva)
b) foi alcançada. Em “d”: A toda decisão tomada precipitadamente cos-
c) fora alcançada. tumam sobrevir consequências imprevistas e injustas.
d) seria alcançada. Em “e”: Diante de uma escolha, ganham prioridade,
e) era alcançada. recomenda Gramsci, os critérios que levam em conta
a dor humana.
Resposta: Letra E. Temos um verbo na voz ativa, então
teremos dois na passiva (auxiliar + o verbo da oração 7. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – ANALISTA JUDICIÁRIO –
da ativa, no mesmo tempo verbal, forma particípio): ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC – 2016 ) ... para quem
A musa nunca era alcançada por ela. O verbo “alcan- Manoel de Barros era comparável a São Francisco de As-
çava” está no pretérito imperfeito, por isso o auxiliar sis...
tem que estar também (é = presente, foi = pretérito O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da
perfeito, era = imperfeito, fora = mais que perfeito, frase acima está em:
será = futuro do presente, seria = futuro do pretérito).
a) Dizia-se um “vedor de cinema”...
5. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA APOIO b) Porque não seria certo ficar pregando moscas no es-
ESPECIALIZADO – ESPECIALIDADE MEDICINA DO paço...
TRABALHO – FCC – 2012) Aos poucos, contudo, fui che-
gando à constatação de que todo perfil de rede social é um c) Na juventude, apaixonou-se por Arthur Rimbaud e
Charles Baudelaire.
retrato ideal de nós mesmos.
d) Quase meio século separa a estreia de Manoel de Bar-
Mantendo-se a correção e a lógica, sem que outra al-
ros na literatura...
teração seja feita na frase, o elemento grifado pode ser
e) ... para depois casá-las...
substituído por:
Resposta: Letra A. “Era” = verbo “ser” no pretérito im-
a) ademais.
perfeito do Indicativo. Procuremos nos itens:
b) conquanto.
Em “a”: Dizia-se = pretérito imperfeito do Indicativo
c) porquanto.
Em “b”: Porque não seria = futuro do pretérito do In-
d) entretanto. dicativo
e) apesar. Em “c”: Na juventude, apaixonou-se = pretérito perfei-
to do Indicativo
Resposta: Letra D. Contudo é uma conjunção adver- Em “d”: Quase meio século separa = presente do Indi-
sativa (expressa oposição). A substituição deve utilizar cativo
outra de mesma classificação, para que se mantenha a Em “e”: para depois casá-las = Infinitivo pessoal (casar
ideia do período. A correta é entretanto. elas)
6. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- 8. (TRT 20.ª REGIÃO-SE – ANALISTA JUDICIÁRIO –
TRATIVA – FCC – 2012) O verbo indicado entre pa- ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC – 2016) Aí conheci o
rênteses deverá flexionar-se no singular para preencher escritor e historiador de sua gente, meu saudoso amigo
adequadamente a lacuna da frase: Alcino Alves Costa. E foi dele que ouvi oralmente a his-
tória de Zé de Julião. Considerando-se a norma-padrão
a) A nenhuma de nossas escolhas...... (poder) deixar de da língua, ao reescrever-se o trecho acima em um único
corresponder nossos valores éticos mais rigorosos. período, o segmento destacado deverá ser antecedido
b) Não se...... (poupar) os que governam de refletir sobre de vírgula e substituído por
o peso de suas mais graves decisões.
c) Aos governantes mais responsáveis não...... (ocorrer) a) perante ao qual
tomar decisões sem medir suas consequências. b) de cujo
LÍNGUA PORTUGUESA

d) A toda decisão tomada precipitadamente...... (cos- c) o qual


tumar) sobrevir consequências imprevistas e injustas. d) frente à quem
e) Diante de uma escolha,...... (ganhar) prioridade, reco- e) de quem
menda Gramsci, os critérios que levam em conta a dor
humana. Resposta: Letra E. Voltemos ao trecho: ... meu saudoso
amigo Alcino Alves Costa. E foi dele que ouvi oralmente...
Resposta: Letra C. Flexões em destaque e sublinhei os = a única alternativa que substitui corretamente o tre-
termos que estabelecem concordância: cho destacado é “de quem ouvi oralmente”.

63
9. (TRT 14.ª REGIÃO-RO E AC – TÉCNICO JUDICIÁ- 12. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
RIO – FCC – 2016) “Isto pode despertar a atenção de ou- FCC – 2016) O modelo ainda dominante nas discussões
tras pessoas que tenham documentos em casa e se dis- ecológicas privilegia, em escala, o Estado e o mundo...
ponham a trazer para a Academia, que é a guardiã desse Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
tipo de acervo, que é muito difícil de ser guardado em verbal resultante será:
casa, pois o tempo destrói e aqui temos a melhor técnica
de conservação de documentos”, disse Cavalcanti. a) é privilegiado.
O termo sublinhado faz referência a b) sendo privilegiadas.
c) são privilegiados.
a) pessoas. d) foi privilegiado.
b) acervo. e) são privilegiadas.
c) Academia.
d) tempo. Resposta: Letra C. Há um verbo na ativa, então tere-
e) casa. mos dois na passiva (auxiliar + o particípio de “privi-
legia”) = O Estado e o mundo são privilegiados pelo
Resposta: Letra B. Ao trecho: a guardiã desse tipo de modelo ainda dominante.
acervo, que (o qual) é muito difícil de ser guardado...
13. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – TÉCNICO JUDICIÁRIO
10. (TRT 14.ª REGIÃO-RO E AC – TÉCNICO JUDICIÁ- – FCC – 2016) Empregam-se todas as formas verbais de
RIO – FCC – 2016) O marechal organizou o acervo... acordo com a norma culta na seguinte frase:
A forma verbal está corretamente transposta para a voz
passiva em: a) Para que se mantesse sua autenticidade, o documento
não poderia receber qualquer tipo de retificação.
a) estava organizando b) Os documentos com assinatura digital disporam de
b) tinha organizado algoritmos de criptografia que os protegeram.
c) organizando-se c) Arquivados eletronicamente, os documentos poderam
d) foi organizado contar com a proteção de uma assinatura digital.
e) está organizado d) Quem se propor a alterar um documento criptogra-
fado deve saber que comprometerá sua integridade.
Resposta: Letra D. Temos: sujeito (o marechal), verbo e) Não é possível fazer as alterações que convierem sem
na ativa (organizou) e objeto (o acervo). Como há um comprometer a integridade dos documentos.
verbo na ativa, ao passarmos para a passiva teremos
dois (o auxiliar no mesmo tempo que o verbo da ativa Resposta: Letra E. Em “a”: Para que se mantesse
+ o particípio do verbo da voz ativa = organizado). O (mantivesse) sua autenticidade, o documento não po-
objeto exercerá a função de sujeito paciente, e o su- deria receber qualquer tipo de retificação.
jeito da ativa será o agente da passiva (ufa!). A frase Em “b”: Os documentos com assinatura digital dispo-
ficará: O acervo foi organizado pelo marechal. ram (dispuseram) de algoritmos de criptografia que os
protegeram.
11. (TRT 20.ª REGIÃO-SE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – Em “c”: Arquivados eletronicamente, os documentos
FCC – 2016) Precisamos de um treinador que nos ajude poderam (puderam) contar com a proteção de uma
a comer... assinatura digital.
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o Em “d”: Quem se propor (propuser) a alterar um docu-
sublinhado acima está também sublinhado em: mento criptografado deve saber que comprometerá
sua integridade.
a) [...] assim que conseguissem se virar sem as mães ou Em “e”: Não é possível fazer as alterações que convie-
as amas... rem sem comprometer a integridade dos documentos
b) Não é por acaso que proliferaram os coaches. = correta
c) [...] país que transformou a infância numa bilionária in-
dústria de consumo... 14. (TRT 21.ª REGIÃO-RN – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
d) E, mesmo que se esforcem muito [...] FCC – 2017) Sessenta anos de história marcam, assim, a
e) Hoje há algo novo nesse cenário. trajetória da utopia no país.
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
Resposta: Letra D. verbal resultante será:
que nos ajude = presente do Subjuntivo
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “a”: que conseguissem = pretérito do Subjuntivo a) foram marcados.


Em “b”: que proliferaram = pretérito perfeito (e tam- b) foi marcado.
bém mais-que-perfeito) do Indicativo c) são marcados.
Em “c”: que transformou = pretérito perfeito do Indi- d) foi marcada.
cativo e) é marcada.
Em “d”: que se esforcem = presente do Subjuntivo
Em “e”: há algo novo nesse cenário = presente do In- Resposta: Letra E. Temos um verbo (no tempo pre-
dicativo sente) na ativa, então teremos dois na passiva (auxi-

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liar [no tempo presente] + particípio de “marcam”) = 17. (PC-SP – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP –
Assim, a trajetória da utopia do país é marcada pelos 2014) As formas verbais conjugadas no modo impera-
sessenta anos de história. tivo, expressando ordem, instrução ou comando, estão
destacadas em
15. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO
– SOLDADO PM 2.ª CLASSE – VUNESP – 2017) Consi- a) Mas há outros cujas marcas acabam ficando bem ní-
dere as seguintes frases: tidas na memória: são aqueles donos de qualidades
Primeiro, associe suas memórias com objetos físicos. incomuns.
Segundo, não memorize apenas por repetição. b) Voltei uns cinquenta minutos depois, cauteloso, e
Terceiro, rabisque! quase não acreditei no que ouvi.
Um verbo flexionado no mesmo modo que o dos verbos c) – Ei rapaz, deixe ligado o microfone, largue isso aí, vá
empregados nessas frases está em destaque em: pro estúdio e ponha a rádio no ar.
d) Bem, o fato é que eu era o técnico de som do horário,
precisava “passar” a transmissão lá para a câmara, e o
a) [...] o acesso rápido e a quantidade de textos fazem
locutor não chegava para os textos de abertura, pu-
com que o cérebro humano não considere útil gravar
blicidade, chamadas.
esses dados [...]
e) ... estremecíamos quando ele nos chamava para qual-
b) Na internet, basta um clique para vasculhar um sem- quer coisa, fazendo-nos entrar na sua sala imensa, já
-número de informações. suando frio e atentos às suas finas e cortantes pala-
c) [...] após discar e fazer a ligação, não precisamos mais vras.
dele...
d) Pense rápido: qual o número de telefone da casa em Resposta: Letra C. Aos itens:
que morou quando era criança? Em “a”: há = presente / acabam = presente / são =
e) É o que mostra também uma pesquisa recente condu- presente
zida pela empresa de segurança digital Kaspersky [...] Em “b”: Voltei = pretérito perfeito / acreditei = preté-
rito perfeito
Resposta: Letra D. Os verbos das frases citadas estão Em “c”: deixe / largue / vá / ponha = verbos no modo
no Modo Imperativo (expressam ordem). Vamos aos imperativo afirmativo (ordens)
itens: Em “d”: era = pretérito imperfeito / precisava = pretéri-
Em “a”: ... o acesso rápido e a quantidade de textos to imperfeito / chegava = pretérito imperfeito
fazem = presente do Indicativo Em “e”: fazendo-nos = gerúndio / suando = gerúndio
Em “b”: Na internet, basta um clique = presente do
Indicativo 18. (PC-SP – AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP – 2013)
Em “c”: ... após discar e fazer a ligação, não precisamos Em – O destino me prestava esse pequeno favor: comple-
= presente do Indicativo tava minha identificação com o resto da humanidade, que
Em “d”: Pense rápido: = Imperativo tem sempre para contar uma história de objeto achado;
Em “e”: É o que mostra também uma pesquisa = pre- – o pronome em destaque retoma a seguinte palavra/
sente do Indicativo expressão:

16. (PC-SP – ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLI- a) o resto da humanidade.


CIAL – VUNESP – 2014) Assinale a alternativa em que a b) esse pequeno favor.
c) minha identificação.
palavra em destaque na frase pertence à classe dos adje-
d) O destino.
tivos (palavra que qualifica um substantivo).
e) completava.
a) Existe grande confusão entre os diversos tipos de eu-
Resposta: Letra A. Completava minha identificação
tanásia... com o resto da humanidade, que (a qual) tem sempre
b)... o médico ou alguém causa ativamente a morte... para contar uma história de objeto achado = pronome
c) prolonga o processo de morrer procurando distanciar relativo que retoma o resto da humanidade.
a morte.
d) Ela é proibida por lei no Brasil,... 19. (PC-SP – AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP – 2013)
e) E como seria a verdadeira boa morte? Considere o trecho a seguir.
É comum que objetos ____________ esquecidos em locais
Resposta: Letra E. Em “a”: Existe grande confusão = públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados
LÍNGUA PORTUGUESA

substantivo se as pessoas __________ a atenção voltada para seus per-


Em “b”: o médico ou alguém causa ativamente a mor- tences, conservando-os junto ao corpo.
te = pronome Assinale a alternativa que preenche, correta e respectiva-
Em “c”: prolonga o processo de morrer procurando mente, as lacunas do texto.
distanciar a morte = substantivo
Em “d”: Ela é proibida por lei no Brasil = substantivo a) sejam ... mantesse
Em “e”: E como seria a verdadeira boa morte? = ad- b) sejam ... mantém
jetivo c) sejam ... mantivessem

65
d) seja ... mantivessem Em “b”: Ele tem dezesseis anos = numeral
e) seja ... mantêm Em “c”: Eu queria que ele morresse logo = advérbio
Em “d”: com a crueldade adicional de dar esperança às
Resposta: Letra C. Completemos as lacunas e depois famílias = substantivo
busquemos o item correspondente. A pegadinha aqui Em “e”: E o inferno não atinge só os terminais = subs-
é a conjugação do verbo “manter”, no presente do tantivo
Subjuntivo (mantiver):
É comum que objetos sejam esquecidos em locais pú-
blicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se
as pessoas mantivessem a atenção voltada para seus
RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE ORA-
pertences, conservando-os junto ao corpo.
ÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO. RELA-
20. (PC-SP – ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLI- ÇÕES DE SUBORDINAÇÃO ENTRE ORAÇÕES
CIAL – VUNESP – 2013) Nas frases – Não vou mais à E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO.
escola!… – e – Hoje estão na moda os métodos audio-
visuais. – as palavras em destaque expressam, correta e
respectivamente, circunstâncias de Frase, oração e período

a) dúvida e modo. 1. Sintaxe da Oração e do Período


b) dúvida e tempo.
c) modo e afirmação. Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para
d) negação e lugar. estabelecer comunicação. Normalmente é composta por
e) negação e tempo. dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obriga-
toriamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trove-
Resposta: Letra E. jou muito ontem à noite.
“não” – advérbio de negação / “hoje” – advérbio de Quanto aos tipos de frases, além da classificação em
tempo. verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nomi-
nais (sem a presença de verbos), feita a partir de seus
21. (PC-SP – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP – elementos constituintes, elas podem ser classificadas a
2013) Assinale a alternativa que completa respectiva- partir de seu sentido global:
mente as lacunas, em conformidade com a norma-pa- A) frases interrogativas = o emissor da mensagem
drão de conjugação verbal. formula uma pergunta: Que dia é hoje?
Há quem acredite que alcançará o sucesso profissional B) frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou
quando __________ um diploma de mestrado, mas há
faz um pedido: Dê-me uma luz!
aqueles que _________ de opinião e procuram investir em
C) frases exclamativas = o emissor exterioriza um es-
cursos profissionalizantes.
tado afetivo: Que dia abençoado!
D) frases declarativas = o emissor constata um fato: A
a) obtiver … divirgem
prova será amanhã.
b) obter … divergem
c) obtesse … devirgem
d) obter … divirgem Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo
e) obtiver … divergem (oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
sujeito e predicado.
Resposta: Letra E. Há quem acredite que alcançará o O sujeito é o termo da frase que concorda com o ver-
sucesso profissional quando obtiver um diploma de bo em número e pessoa. É o “ser de quem se declara
mestrado, mas há aqueles que divergem de opinião e algo”, “o tema do que se vai comunicar”; o predicado é a
procuram investir em cursos profissionalizantes. parte da frase que contém “a informação nova para o ou-
vinte”, é o que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema,
22. (PC-SP – AUXILIAR DE NECROPSIA – VUNESP – constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito.
2014) Considerando que o adjetivo é uma palavra que Quando o núcleo da declaração está no verbo (que
modifica o substantivo, com ele concordando em gênero indique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo
e número, assinale a alternativa em que a palavra desta- significativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo
cada é um adjetivo. estiver em um nome (geralmente um adjetivo), teremos
um predicado nominal (os verbos deste tipo de predica-
a) ... um câncer de boca horroroso, ... do são os que indicam estado, conhecidos como verbos
LÍNGUA PORTUGUESA

b) Ele tem dezesseis anos... de ligação):


c) Eu queria que ele morresse logo, ... O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação
d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às fa- (predicado verbal)
mílias. A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú-
e) E o inferno não atinge só os terminais. cleo é “fácil” (predicado nominal)
Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
Resposta: Letra A. por uma ou mais orações, formando um todo, com sen-
Em “a”: um câncer de boca horroroso = adjetivo tido completo. O período pode ser simples ou composto.

66
Período simples é aquele constituído por apenas O sujeito composto é o sujeito determinado que
uma oração, que recebe o nome de oração absoluta. apresenta mais de um núcleo.
Chove. Alimentos e roupas custam caro.
A existência é frágil. Ela e eu sabemos o conteúdo.
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso. O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda.

Período composto é aquele constituído por duas ou Além desses dois sujeitos determinados, é comum
mais orações: a referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o
Cantei, dancei e depois dormi. “antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo do
Quero que você estude mais. sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido
pela desinência verbal ou pelo contexto.
1.1. Termos da Oração Abolimos todas as regras. = (nós)
Falaste o recado à sala? = (tu)
1.1.1 Termos essenciais Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri-
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na se-
O sujeito e o predicado são considerados termos es- gunda do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os
senciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis pronomes não estejam explícitos.
para a formação das orações. No entanto, existem ora- Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implíci-
ções formadas exclusivamente pelo predicado. O que to na desinência verbal “-mos”
define a oração é a presença do verbo. O sujeito é o ter- Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na de-
mo que estabelece concordância com o verbo. sinência verbal “-ais”
O candidato está preparado.
Os candidatos estão preparados. Mas:
Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida- Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós
to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno- Vós cantais bem! = sujeito simples: vós
minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo, O sujeito indeterminado surge quando não se quer -
estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo ou não se pode - identificar a que o predicado da oração
no singular: candidato = está). refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso
A função do sujeito é basicamente desempenhada contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
por substantivos, o que a torna uma função substantiva Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermi-
da oração. Pronomes, substantivos, numerais e quais- nado de duas maneiras:
quer outras palavras substantivadas (derivação impró-
pria) também podem exercer a função de sujeito. A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que
Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs- o sujeito não tenha sido identificado anteriormen-
tantivo) te:
Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem- Bateram à porta;
plo: substantivo) Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi-
nistro.
Os sujeitos são classificados a partir de dois elemen-
tos: o de determinação ou indeterminação e o de núcleo Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples
do sujeito. ou composto:
Um sujeito é determinado quando é facilmente iden- Os meninos bateram à porta. (simples)
tificado pela concordância verbal. O sujeito determinado Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
pode ser simples ou composto. B) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres-
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é cido do pronome “se”. Esta é uma construção típi-
possível identificar claramente a que se refere a concor- ca dos verbos que não apresentam complemento
dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não direto:
interessa indicar precisamente o sujeito de uma oração. Precisa-se de mentes criativas.
Estão gritando seu nome lá fora. Vivia-se bem naqueles tempos.
Trabalha-se demais neste lugar. Trata-se de casos delicados.
O sujeito simples é o sujeito determinado que apre- Sempre se está sujeito a erros.
senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice
plural; pode também ser um pronome indefinido. Abai- de indeterminação do sujeito.
LÍNGUA PORTUGUESA

xo, sublinhei os núcleos dos sujeitos:


Nós estudaremos juntos. As orações sem sujeito, formadas apenas pelo pre-
A humanidade é frágil. dicado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A
Ninguém se move. mensagem está centrada no processo verbal. Os princi-
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve pais casos de orações sem sujeito com:
uma derivação imprópria, tranformando-o em substan-  os verbos que indicam fenômenos da natureza:
tivo) Amanheceu.
As crianças precisam de alimentos saudáveis. Está trovejando.

67
 os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam do sujeito. O predicativo é um nome que se liga a ou-
fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao tro nome da oração por meio de um verbo (o verbo de
tempo em geral: ligação).
Está tarde. Nos predicados nominais, o verbo não é significativo,
Já são dez horas. isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre-
Faz frio nesta época do ano. dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado
Há muitos concursos com inscrições abertas. do sujeito: Os dados parecem corretos.
O verbo parecer poderia ser substituído por estar,
Predicado é o conjunto de enunciados que contém andar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como
a informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvin- elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele
te. Nas orações sem sujeito, o predicado simplesmente relacionadas.
enuncia um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o A função de predicativo é exercida, normalmente, por
predicado é aquilo que se declara a respeito deste su- um adjetivo ou substantivo.
jeito. Com exceção do vocativo - que é um termo à par-
te - tudo o que difere do sujeito numa oração é o seu O predicado verbo-nominal é aquele que apresen-
predicado. ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No
Chove muito nesta época do ano. predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir
Houve problemas na reunião. ao sujeito ou ao complemento verbal (objeto).

Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi- O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig-
cado. Na segunda oração, “problemas” funciona como nificativo, indicando processos. É também sempre por
objeto direto. intermédio do verbo que o predicativo se relaciona com
As questões estavam fáceis! o termo a que se refere.
Sujeito simples = as questões O dia amanheceu ensolarado;
Predicado = estavam fáceis As mulheres julgam os homens inconstantes.
Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento. No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
Sujeito = uma ideia estranha duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de
Predicado = passou-me pelo pensamento ligação. Este predicado poderia ser desdobrado em dois:
um verbal e outro nominal.
Para o estudo do predicado, é necessário verificar O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.
se seu núcleo é um nome (então teremos um predicado
nominal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se con- No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona
siderar também se as palavras que formam o predicado o complemento homens com o predicativo “inconstan-
referem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da tes”.
oração.
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres 1.2 Termos integrantes da oração
de opinião.
Predicado Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
complemento nominal são chamados termos integrantes
O predicado acima apresenta apenas uma palavra da oração.
que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se
ligam direta ou indiretamente ao verbo. Os complementos verbais integram o sentido dos
A cidade está deserta. verbos transitivos, com eles formando unidades signifi-
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere- cativas. Estes verbos podem se relacionar com seus com-
-se ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como plementos diretamente, sem a presença de preposição,
elemento de ligação (por isso verbo de ligação) entre o ou indiretamente, por intermédio de preposição.
sujeito e a palavra a ele relacionada (no caso: deserta = O objeto direto é o complemento que se liga direta-
predicativo do sujeito). mente ao verbo.
Houve muita confusão na partida final.
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo Queremos sua ajuda.
significativo um verbo:
Chove muito nesta época do ano. O objeto direto preposicionado ocorre principalmen-
Estudei muito hoje! te:
Compraste a apostila? A) com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns
LÍNGUA PORTUGUESA

referentes a pessoas:
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam (o objeto é direto, mas como há preposição, denomi-
processos. na-se: objeto direto preposicionado)

O predicado nominal é aquele que tem como nú- B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
cleo significativo um nome; este atribui uma qualidade de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero
ou estado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo cansar a Vossa Senhoria.

68
C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise. O poeta português deixou uma obra inacabada.
(sem preposição, o sentido seria outro: O povo prejudica O poeta deixou-a inacabada.
a crise) (inacabada precisou ser repetida, então: predicativo
O objeto indireto é o complemento que se liga indi- do objeto)
retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
Gosto de música popular brasileira. Enquanto o complemento nominal se relaciona a um
Necessito de ajuda. substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto nominal se
relaciona apenas ao substantivo.
1.2.1 Objeto Pleonástico O aposto é um termo acessório que permite ampliar,
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um
É a repetição de objetos, tanto diretos como indiretos. termo que exerça qualquer função sintática: Ontem, se-
Normalmente, as frases em que ocorrem objetos gunda-feira, passei o dia mal-humorado.
pleonásticos obedecem à estrutura: primeiro aparece o
objeto, antecipado para o início da oração; em seguida, Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tem-
ele é repetido através de um pronome oblíquo. É à repe- po “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao
tição que se dá o nome de objeto pleonástico. termo que se relaciona porque poderia substituí-lo: Se-
“Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gonçal- gunda-feira passei o dia mal-humorado.
ves Dias) O aposto pode ser classificado, de acordo com seu
valor na oração, em:
objeto pleonástico A) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma-
nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação
Ao traidor, nada lhe devemos. com o mundo.
B) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
O termo que integra o sentido de um nome chama-se coisas: amor, arte, ação.
complemento nominal, que se liga ao nome que comple- C) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e so-
ta por intermédio de preposição: nho, tudo forma o carnaval.
A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a pala- D) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fi-
xaram-se por muito tempo na baía anoitecida.
vra “necessária”
Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
O vocativo é um termo que serve para chamar, in-
vocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não
1.3 Termos acessórios da oração e vocativo
mantendo relação sintática com outro termo da oração.
A função de vocativo é substantiva, cabendo a substan-
Os termos acessórios recebem este nome por serem
tivos, pronomes substantivos, numerais e palavras subs-
explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad- tantivadas esse papel na linguagem.
junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o voca- João, venha comigo!
tivo – este, sem relação sintática com outros temos da Traga-me doces, minha menina!
oração.
1.4 Períodos Compostos
O adjunto adverbial é o termo da oração que indi- 1.4.1 Período Composto por Coordenação
ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função O período composto se caracteriza por possuir mais
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais de uma oração em sua composição. Sendo assim:
exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma ora-
a pé àquela velha praça. ção)
Estou comprando um protetor solar, depois irei à
O adjunto adnominal é o termo acessório que deter- praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas
mina, especifica ou explica um substantivo. É uma fun- orações)
ção adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um
que exercem o papel de adjunto adnominal na oração. protetor solar. (Período Composto = três verbos, três
Também atuam como adjuntos adnominais os artigos, os orações).
numerais e os pronomes adjetivos. Há dois tipos de relações que podem se estabelecer
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu entre as orações de um período composto: uma relação
amigo de infância. de coordenação ou uma relação de subordinação.
Duas orações são coordenadas quando estão juntas
LÍNGUA PORTUGUESA

O adjunto adnominal se liga diretamente ao subs- em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco
tantivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o de informações, marcado pela pontuação final), mas têm,
predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de um ambas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
verbo. Estou comprando um protetor solar, depois irei à
O poeta português deixou uma obra originalíssima. praia. (Período Composto)
O poeta deixou-a. Podemos dizer:
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: 1. Estou comprando um protetor solar.
adjunto adnominal) 2. Irei à praia.

69
Separando as duas, vemos que elas são independentes. Tal período é classificado como Período Composto por
Coordenação.
Quanto à classificação das orações coordenadas, temos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas Sindé-
ticas.
A) Coordenadas Assindéticas
São orações coordenadas entre si e que não são ligadas através de nenhum conectivo. Estão apenas justapostas.
Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci.

B) Coordenadas Sindéticas
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas entre si, mas que são ligadas através de uma conjunção coor-
denativa, que dará à oração uma classificação. As orações coordenadas sindéticas são classificadas em cinco tipos:
aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas.

Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!

 Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas principais conjunções são: e, nem, não só... mas também, não
só... como, assim... como.
Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
Comprei o protetor solar e fui à praia.

 Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas principais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretanto,
porém, no entanto, ainda, assim, senão.
Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
Li tudo, porém não entendi!

 Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer; seja...
seja.
Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.

 Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas principais conjunções são: logo, portanto, por fim, por conse-
guinte, consequentemente, pois (posposto ao verbo).
Passei no concurso, portanto comemorarei!
A situação é delicada; devemos, pois, agir.

 Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verdade,
pois (anteposto ao verbo).
Não fui à praia, pois queria descansar durante o Domingo.
Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.

1.4.2 Período Composto Por Subordinação

Quero que você seja aprovado!


Oração principal oração subordinada
Observe que na oração subordinada temos o verbo “seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singular do
presente do subjuntivo, além de ser introduzida por conjunção. As orações subordinadas que apresentam verbo em
qualquer dos tempos finitos (tempos do modo do indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas por conjunção,
chamam-se orações desenvolvidas ou explícitas.

Podemos modificar o período acima. Veja:


Quero ser aprovado.
Oração Principal Oração Subordinada

A análise das orações continua sendo a mesma: “Quero” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração su-
bordinada “ser aprovado”. Observe que a oração subordinada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além disso, a
conjunção “que”, conectivo que unia as duas orações, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo surge numa
das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) são chamadas de orações reduzidas ou implícitas (como no
LÍNGUA PORTUGUESA

exemplo acima).

Observação:
As orações reduzidas não são introduzidas por conjunções nem pronomes relativos. Podem ser, eventualmente,
introduzidas por preposição.
A) Orações Subordinadas Substantivas
A oração subordinada substantiva tem valor de substantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção integran-
te (que, se).

70
Não sei se sairemos hoje.
Oração Subordinada Substantiva

Temos medo de que não sejamos aprovados.


Oração Subordinada Substantiva

Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também introduzem as orações subordinadas substantivas, bem
como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde, como).

O garoto perguntou qual seu nome.


Oração Subordinada Substantiva

Não sabemos quando ele virá.


Oração Subordinada Substantiva

1.4.3 Classificação das Orações Subordinadas Substantivas

Conforme a função que exerce no período, a oração subordinada substantiva pode ser:
1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do verbo da oração principal:
É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Sujeito

É fundamental que você compareça à reunião.


Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Subjetiva

#FicaDica
Observe que a oração subordinada substantiva pode ser substituída pelo pronome “isso”. Assim, temos um
período simples:
É fundamental isso ou Isso é fundamental.
Desta forma, a oração correspondente a “isso” exercerá a função de sujeito.

Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração principal:


 Verbos de ligação + predicativo, em construções do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo
- É claro - Está evidente - Está comprovado
É bom que você compareça à minha festa.
 Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube-se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi anunciado,
Ficou provado.
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
 Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar - importar - ocorrer - acontecer
Convém que não se atrase na entrevista.
Observação:
Quando a oração subordinada substantiva é subjetiva, o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa do
singular.

2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto do verbo da oração principal:


Todos querem sua aprovação no concurso.
Objeto Direto

Todos querem que você seja aprovado. (Todos querem isso)


Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta
As orações subordinadas substantivas objetivas diretas (desenvolvidas) são iniciadas por:
 Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e “se”: A professora verificou se os alunos estavam presentes.
 Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: O
LÍNGUA PORTUGUESA

pessoal queria saber quem era o dono do carro importado.


 Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: Eu
não sei por que ela fez isso.

3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.

Meu pai insiste em meu estudo.


Objeto Indireto

71
Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai insiste nisso)
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta
Observação:
Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora.
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta

4. Completiva Nominal = completa um nome que pertence à oração principal e também vem marcada por prepo-
sição.
Sentimos orgulho de seu comportamento.
Complemento Nominal

Sentimos orgulho de que você se comportou. (= Sentimos orgulho disso.)


Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal

As orações subordinadas substantivas objetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto que orações
subordinadas substantivas completivas nominais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da outra, é ne-
cessário levar em conta o termo complementado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o complemento nominal:
o primeiro complementa um verbo; o segundo, um nome.

5. Predicativa = exerce papel de predicativo do sujeito do verbo da oração principal e vem sempre depois do verbo
ser.
Nosso desejo era sua desistência.
Predicativo do Sujeito

Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso desejo era isso)
Oração Subordinada Substantiva Predicativa

6. Apositiva = exerce função de aposto de algum termo da oração principal.


Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
Aposto
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!
Oração subordinada substantiva apositiva reduzida de infinitivo

(Fernanda tinha um grande sonho: isso)

Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )

B) Orações Subordinadas Adjetivas


Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As
orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem a função de adjunto adnominal do antecedente.
Esta foi uma redação bem-sucedida.
Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)

O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjetivo “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos outra
construção, a qual exerce exatamente o mesmo papel:
Esta foi uma redação que fez sucesso.
Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva

Perceba que a conexão entre a oração subordinada adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é feita
pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou relacionar) duas orações, o pronome relativo desempenha uma fun-
ção sintática na oração subordinada: ocupa o papel que seria exercido pelo termo que o antecede (no caso, “redação”
é sujeito, então o “que” também funciona como sujeito).
LÍNGUA PORTUGUESA

#FicaDica
Vale lembrar um recurso didático para reconhecer o pronome relativo “que”: ele sempre pode ser substitu-
ído por: o qual - a qual - os quais - as quais
Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta oração é equivalente a: Refiro-me ao aluno o qual estuda.

72
Forma das Orações Subordinadas Adjetivas exerce a função de adjunto adverbial do verbo da ora-
ção principal. Assim, pode exprimir circunstância de tem-
Quando são introduzidas por um pronome relativo e po, modo, fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando
apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as desenvolvida, vem introduzida por uma das conjunções
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvol- subordinativas (com exclusão das integrantes, que intro-
vidas. Além delas, existem as orações subordinadas ad- duzem orações subordinadas substantivas). Classifica-se
jetivas reduzidas, que não são introduzidas por pronome de acordo com a conjunção ou locução conjuntiva que
relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apre- a introduz (assim como acontece com as coordenadas
sentam o verbo numa das formas nominais (infinitivo, sindéticas).
gerúndio ou particípio).
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou. Durante a madrugada, eu olhei você dormindo.
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar. Oração Subordinada Adverbial
No primeiro período, há uma oração subordinada ad- A oração em destaque agrega uma circunstância de
jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada ad-
relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito verbial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos aces-
perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração su- sórios que indicam uma circunstância referente, via de
bordinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há prono- regra, a um verbo. A classificação do adjunto adverbial
me relativo e seu verbo está no infinitivo. depende da exata compreensão da circunstância que ex-
prime.
1. Classificação das Orações Subordinadas Adjeti- Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
vas minha vida.
Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de
Na relação que estabelecem com o termo que carac- minha vida.
terizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar
de duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem
ou especificam o sentido do termo a que se referem, in- No primeiro período, “naquele momento” é um ad-
dividualizando-o. Nestas orações não há marcação de
junto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal
pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas restriti-
“senti”. No segundo período, este papel é exercido pela
vas. Existem também orações que realçam um detalhe ou
oração “Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração
amplificam dados sobre o antecedente, que já se encon-
subordinada adverbial temporal. Esta oração é desenvol-
tra suficientemente definido. Estas orações denominam-
vida, pois é introduzida por uma conjunção subordina-
-se subordinadas adjetivas explicativas.
tiva (quando) e apresenta uma forma verbal do modo
Exemplo 1:
indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que
possível reduzi-la, obtendo-se:
passava naquele momento.
Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de mi-
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva
nha vida.
A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
No período acima, observe que a oração em desta-
das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não
que restringe e particulariza o sentido da palavra “ho-
é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por
mem”: trata-se de um homem específico, único. A oração
uma preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).
limita o universo de homens, isto é, não se refere a todos
os homens, mas sim àquele que estava passando naque-
Observação:
le momento.
A classificação das orações subordinadas adverbiais
Exemplo 2:
é feita do mesmo modo que a classificação dos adjun-
tos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela
O homem, que se considera racional, muitas vezes age
oração.
animalescamente.
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa
2. Classificação das Orações Subordinadas Adver-
biais
Agora, a oração em destaque não tem sentido restri-
tivo em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas
A) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada
explicita uma ideia que já sabemos estar contida no con-
àquilo que provoca um determinado fato, ao motivo do
ceito de “homem”.
que se declara na oração principal. Principal conjunção
subordinativa causal: porque. Outras conjunções e locu-
Saiba que:
LÍNGUA PORTUGUESA

ções causais: como (sempre introduzido na oração ante-


A oração subordinada adjetiva explicativa é separa-
posta à oração principal), pois, pois que, já que, uma vez
da da oração principal por uma pausa que, na escrita,
que, visto que.
é representada pela vírgula. É comum, por isso, que a
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito
pontuação seja indicada como forma de diferenciar as
forte.
orações explicativas das restritivas; de fato, as explicativas
Já que você não vai, eu também não vou.
vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não.
A diferença entre a subordinada adverbial causal e a
C) Orações Subordinadas Adverbiais
sindética explicativa é que esta “explica” o fato que acon-
Uma oração subordinada adverbial é aquela que

73
teceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apre- E) Comparativa= As orações subordinadas adverbiais
senta a “causa” do acontecimento expresso na oração à comparativas estabelecem uma comparação com a
qual ela se subordina. Repare: ação indicada pelo verbo da oração principal. Prin-
1. Faltei à aula porque estava doente. cipal conjunção subordinativa comparativa: como.
2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos. Ele dorme como um urso. (como um urso dorme)
Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (causa) Você age como criança. (age como uma criança age)
que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o
fato de estar doente impediu-me de ir à aula. No • geralmente há omissão do verbo.
exemplo 2, a oração sublinhada relata um fato que
aconteceu depois, já que primeiro ela chorou, de- F) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou
pois seus olhos ficaram vermelhos. seja, apresenta uma regra, um modelo adotado
para a execução do que se declara na oração prin-
cipal. Principal conjunção subordinativa conforma-
B) Consecutiva = exprime um fato que é consequên- tiva: conforme. Outras conjunções conformativas:
cia, é efeito do que se declara na oração principal. como, consoante e segundo (todas com o mesmo
São introduzidas pelas conjunções e locuções: que, valor de conforme).
de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas Fiz o bolo conforme ensina a receita.
estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que. Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm
Principal conjunção subordinativa consecutiva: que direitos iguais.
(precedido de tal, tanto, tão, tamanho)
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
concretizando-os. se declara na oração principal. Principal conjunção
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Redu- subordinativa final: a fim de. Outras conjunções fi-
zida de Infinitivo) nais: que, porque (= para que) e a locução conjun-
tiva para que.
C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
como necessário para a realização ou não de um Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
fato. As orações subordinadas adverbiais condicio- H) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
nais exprimem o que deve ou não ocorrer para que seja, um fato simultâneo ao expresso na oração
se realize - ou deixe de se realizar - o fato expresso principal. Principal locução conjuntiva subordina-
na oração principal. tiva proporcional: à proporção que. Outras locu-
Principal conjunção subordinativa condicional: se. ções conjuntivas proporcionais: à medida que, ao
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, des- passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...
de que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, (maior), quanto maior...(menor), quanto menor...
sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). (maior), quanto menor...(menor), quanto mais...
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, (mais), quanto mais...(menos), quanto menos...
certamente o melhor time será campeão. (mais), quanto menos...(menos).
Caso você saia, convide-me. À proporção que estudávamos mais questões acer-
távamos.
D) Concessiva = indica concessão às ações do verbo À medida que lia mais culto ficava.
da oração principal, isto é, admitem uma contra-
dição ou um fato inesperado. A ideia de conces- I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
são está diretamente ligada ao contraste, à quebra expresso na oração principal, podendo exprimir
de expectativa. Principal conjunção subordinativa noções de simultaneidade, anterioridade ou poste-
concessiva: embora. Utiliza-se também a conjun- rioridade. Principal conjunção subordinativa tem-
ção: conquanto e as locuções ainda que, ainda poral: quando. Outras conjunções subordinativas
quando, mesmo que, se bem que, posto que, ape- temporais: enquanto, mal e locuções conjuntivas:
sar de que. assim que, logo que, todas as vezes que, antes que,
Só irei se ele for. depois que, sempre que, desde que, etc.
A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu” Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.
ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita. Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando ter-
Compare agora com: minou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
Irei mesmo que ele não vá.
3. Orações Reduzidas
LÍNGUA PORTUGUESA

A distinção fica nítida; temos agora uma concessão:


irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida. As orações subordinadas podem vir expressas como
A oração destacada é, portanto, subordinada adverbial reduzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas formas
concessiva. nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e sem conec-
Observe outros exemplos: tivo subordinativo que as introduza.
Embora fizesse calor, levei agasalho. É preciso estudar! = reduzida de infinitivo
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em- É preciso que se estude = oração desenvolvida (pre-
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo) sença do conectivo)

74
Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam sim, ela fica mais perto de nós. E para muitos pode servir
“desenvolvidas” – como no exemplo acima. de caminho não apenas para a vida, que ela serve de
É preciso estudar = oração subordinada substantiva perto, mas para a literatura. Por meio dos assuntos, da
subjetiva reduzida de infinitivo composição solta, do ar de coisa sem necessidade que
É preciso que se estude = oração subordinada subs- costuma assumir, ela se ajusta à sensibilidade de todo
tantiva subjetiva dia. Principalmente porque elabora uma linguagem que
fala de perto ao nosso modo de ser mais natural. Na sua
4. Orações Intercaladas despretensão, humaniza; e esta humanização lhe permi-
te, como compensação sorrateira, recuperar com a outra
São orações independentes encaixadas na sequência mão certa profundidade de significado e certo acaba-
do período, utilizadas para um esclarecimento, um apar- mento de forma, que de repente podem fazer dela uma
te, uma citação. Elas vêm separadas por vírgulas ou tra- inesperada, embora discreta, candidata à perfeição.
vessões. Antonio Candido. A vida ao rés do chão. In: Recortes. São
Nós – continuava o relator – já abordamos este as- Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 23 (com adapta-
sunto. ções).
As formas verbais “imagina” (R.1), “atribuir” (R.4) e “ser-
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA vir” (R.8) foram utilizadas como verbos transitivos indi-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa retos.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, ( ) CERTO ( ) ERRADO
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – Resposta: Errado.
São Paulo: Saraiva, 2002. imagina uma literatura = transitivo direto
atribuir o Prêmio Nobel a um cronista = bitransitivo
(transitivo direto e indireto)
SITE pode servir de caminho = intransitivo
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
frase-periodo-e-oracao

EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO.


EXERCÍCIOS COMENTADOS
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que
1. (CNJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2013 –
servem para compor a coesão e a coerência textual, além
ADAPTADA) Jogadores de futebol de diversos times en-
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas.
traram em campo em prol do programa “Pai Presente”,
Um texto escrito adquire diferentes significados quando
nos jogos do Campeonato Nacional em apoio à campanha
pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação
que visa reduzir o número de pessoas que não possuem o
depende, em certos momentos, da intenção do autor do
nome do pai em sua certidão de nascimento. (...)
discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamen-
A oração subordinada “que não possuem o nome do pai
te relacionados ao contexto e ao interlocutor.
em sua certidão de nascimento” não é antecedida por vír-
gula porque tem natureza restritiva.
1. Principais funções dos sinais de pontuação
( ) CERTO ( ) ERRADO
A) Ponto (.)
 Indica o término do discurso ou de parte dele, en-
Resposta: Certo. A oração restringe o grupo que par-
cerrando o período.
ticipará da campanha (apenas os que não têm o nome
 Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com-
do pai na certidão de nascimento). Se colocarmos uma panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final
vírgula, a oração se tornará “explicativa”, generalizan- de período, este não receberá outro ponto; neste
do a informação, o que dará a entender que TODAS as caso, o ponto de abreviatura marca, também, o fim
pessoas não têm o nome do pai na certidão. de período. Exemplo: Estudei português, matemári-
ca, constitucional, etc. (e não “etc..”)
2. (Instituto Rio Branco – Admissão à Carreira de Di-  Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do
plomata – cespe – 2014 – adaptada) ponto, assim como após o nome do autor de uma
LÍNGUA PORTUGUESA

citação:
A crônica não é um “gênero maior”. Não se imagina uma 
literatura feita de grandes cronistas, que lhe dessem o Haverá eleições em outubro
brilho universal dos grandes romancistas, dramaturgos O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napo-
e poetas. Nem se pensaria em atribuir o Prêmio Nobel a leão Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)
um cronista, por melhor que fosse. Portanto, parece mes-  Os números que identificam o ano não utilizam
mo que a crônica é um gênero menor. ponto nem devem ter espaço a separá-los, bem como os
“Graças a Deus”, seria o caso de dizer, porque, sendo as- números de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250.

75
B) Ponto e Vírgula (;)
 Separa várias partes do discurso, que têm a mesma importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão
pelo pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...”
(VIEIRA)
 Separa partes de frases que já estão separadas por vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, mon-
tanhas, frio e cobertor.
 Separa itens de uma enumeração, exposição de motivos, decreto de lei, etc.
Ir ao supermercado;
Pegar as crianças na escola;
Caminhada na praia;
Reunião com amigos.

C) Dois pontos (:)


 Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:
 Antes de um aposto = Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite.
 Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo a rotina de
sempre.
 Em frases de estilo direto
Maria perguntou:
- Por que você não toma uma decisão?

D) Ponto de Exclamação (!)


 Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me casar com você!
 Depois de interjeições ou vocativos
Ai! Que susto!
João! Há quanto tempo!

E) Ponto de Interrogação (?)


 Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo)

F) Reticências (...)
 Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lápis, canetas, cadernos...
 Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
 Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este mal... pega doutor?
 Indica que o sentido vai além do que foi dito: Deixa, depois, o coração falar...

G) Vírgula (,)

Não se usa vírgula


Separando termos que, do ponto de vista sintático, ligam-se diretamente entre si:
1. Entre sujeito e predicado:
Todos os alunos da sala foram advertidos.
Sujeito predicado

2. Entre o verbo e seus objetos:


O trabalho custou sacrifício aos realizadores.
V.T.D.I. O.D. O.I.

Usa-se a vírgula:

1. Para marcar intercalação:


A) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abundância, vem caindo de preço.
B) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
LÍNGUA PORTUGUESA

C) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não que-
rem abrir mão dos lucros altos.

2. Para marcar inversão:


A) do adjunto adverbial (colocado no início da oração): Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fecha-
das.
B) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
C) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de maio de 1982.

76
3. Para separar entre si elementos coordenados da cadeira das vítimas, testemunhas e réus para minha
(dispostos em enumeração): cadeira de juíza. A toga não me blindou daqueles relatos
Era um garoto de 15 anos, alto, magro. sofridos, aflitos. As angústias dos que se sentavam à mi-
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e ani- nha frente, por diversas vezes, me escoltaram até minha
mais. casa e passaram a ser companheiras de noites de insônia.
Não havia outra solução a não ser escrever. Era preciso
4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós que- colocar no papel e compartilhar a dor daquelas pessoas
remos comer pizza; e vocês, churrasco. que, mesmo ao fim do processo e com a sentença prola-
tada, não me deixavam esquecê-las.
5. Para isolar: Foram horas, dias, meses, anos de oitivas de mães, filhas,
A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole bra- esposas, namoradas, companheiras, todas tendo em co-
sileira, possui um trânsito caótico. mum a violência no corpo e na alma sofrida dentro de
B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. casa. O lar, que deveria ser o lugar mais seguro para essas
mulheres, havia se transformado no pior dos mundos.
Observações: Quando finalmente chegavam ao Judiciário e se sen-
Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expres- tavam à minha frente, os relatos se transformavam em
são latina et coetera, que significa “e outras coisas”, seria desabafos de uma vida inteira. Era preciso explicar, justi-
dispensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o ficar e muitas vezes se culpar por terem sido agredidas.
acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que empre- A culpa por ter sido vítima, a culpa por ter permitido, a
guemos etc. predecido de vírgula: Falamos de política, culpa por não ter sido boa o suficiente, a culpa por não
futebol, lazer, etc. ter conseguido manter a família. Sempre a culpa.
As perguntas que denotam surpresa podem ter com- Aquelas mulheres chegavam à Justiça buscando uma for-
binados o ponto de interrogação e o de exclamação: ça externa como se somente nós, juízes, promotores e
Você falou isso para ela?! advogados, pudéssemos não apenas cessar aquele ciclo
de violência, mas também lhes dar voz para reagir àquela
Temos, ainda, sinais distintivos: violência invisível.
 a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa- Rejane Jungbluth Suxberger. Invisíveis Marias: histórias
ração de siglas (IOF/UPC); além das quatro paredes. Brasília: Trampolim, 2018 (com
 os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas adaptações).
pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira O trecho “juízes, promotores e advogados” explica o sen-
opção aos parênteses, principalmente na matemá- tido de “nós”.
tica;
 o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a ( ) CERTO ( ) ERRADO
uma nota de rodapé ou no fim do livro, para subs-
tituir um nome que não se quer mencionar. Resposta: Certo. Ao trecho: (...) Aquelas mulheres che-
gavam à Justiça buscando uma força externa como se
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS somente nós, juízes, promotores e advogados, pudésse-
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce- mos não apenas cessar aquele ciclo de violência (...). Os
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São termos entre vírgulas servem para exemplificar quem
Paulo: Saraiva, 2010. são os “nós” citados pela autora ( juízes, promotores,
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa advogados).
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
2. (SERES-PE – Agente de Segurança Penitenciária –
SITE Cespe – 2017 – adaptada)
http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-vir- Texto 1A1AAA
gula.htm
Após o processo de redemocratização, com o fim da di-
tadura militar, em meados da década de 80 do século
passado, era de se esperar que a democratização das
EXERCÍCIOS COMENTADOS instituições tivesse como resultado direto a consolidação
da cidadania — compreendida de modo amplo, abran-
1. (STJ – Conhecimentos Básicos para o Cargo 1 – Ces- gendo as três categorias de direitos: civis, políticos e
LÍNGUA PORTUGUESA

pe – 2018 – adaptada) sociais. Sobressaem, porém, problemas que configuram


mais desafios para a cidadania brasileira, como a violên-
Texto CB1A1CCC cia urbana — que ameaça os direitos individuais — e o
desemprego — que ameaça os direitos sociais.
As audiências de segunda a sexta-feira muitas vezes re- No Brasil, o crime aumentou significantemente a partir
velaram o lado mais sórdido da natureza humana. Eram de 1980, impacto do processo de modernização pelo
relatos de sofrimento, dor, angústia que se transportavam qual o país passou. Isso sugere que o boom do consumo
colocou em circulação bens de alto valor e, consequente-

77
mente, aumentou as oportunidades para o crime, inclusi- gerente executivo de pesquisas da Confederação Nacio-
ve porque a maior mobilidade de pessoas torna o espaço nal da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, para explicar
social mais anônimo, menos supervisionado. a melhora das expectativas. O termo em destaque não
Nesse contexto, justiça criminal passa a ser cada vez mais está exercendo a função de vocativo, já que não é uti-
dissociada de justiça social e reconstrução da sociedade. lizado para evocar, chamar o interlocutor do diálogo.
O objetivo em relação à criminalidade torna-se bem me- Sua função é de aposto – explicar quem é o gerente
nos ambicioso: o controle. A prisão ganha mais impor- executivo da CNI.
tância na modernidade tardia, porque satisfaz uma dupla
necessidade dessa nova cultura: castigo e controle do 4. (Caixa Econômica Federal – Médico do Trabalho –
risco. Essa postura às vezes proporciona controle, porém cespe – 2014 – adaptada) A correção gramatical do tre-
não segurança, pois o Estado tem o poder limitado de cho “Entre as bebidas alcoólicas, cervejas e vinhos são as
manter a ordem por meio da polícia, sendo necessário mais comuns em todo o mundo” seria prejudicada, caso
dividir as tarefas de controle com organizações locais e se inserisse uma vírgula logo após a palavra “vinhos”.
com a comunidade.
Jacqueline Carvalho da Silva. Manutenção da ordem ( ) CERTO ( ) ERRADO
pública e garantia dos direitos individuais: os desafios da
polícia em sociedades democráticas. In: Revista Brasileira Resposta: Certo. Não se deve colocar vírgula entre
de Segurança Pública. São Paulo, ano 5, 8.ª ed., fev. – sujeito e predicado, a não ser que se trate de um apos-
mar./2011, p. 84-5 (com adaptações). to (1), predicativo do sujeito (2), ou algum termo que
requeira estar separado entre pontuações. Exemplo: O
No primeiro parágrafo do texto 1A1AAA, os dois-pontos Rio de Janeiro, cidade maravilhosa (1), está em festa!
introduzem Os meninos, ansiosos (2), chegaram!
a) uma enumeração das “categorias de direitos”.
b) resultados da “consolidação da cidadania”.
c) um contra-argumento para a ideia de cidadania como
algo “amplo”. CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL.
d) uma generalização do termo “direitos”.
e) objetivos do “processo de redemocratização”.

Resposta: Letra A. Recorramos ao texto (faça isso Os concurseiros estão apreensivos.


SEMPRE durante seu concurso. O texto é a base para Concurseiros apreensivos.
encontrar as respostas para as questões!): (...) abran-
gendo as três categorias de direitos: civis, políticos e No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra na
sociais. Os dois-pontos introduzem a enumeração dos terceira pessoa do plural, concordando com o seu su-
direitos; apresenta-os. jeito, os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo
“apreensivos” está concordando em gênero (masculino)
3. (Aneel – Técnico Administrativo – cespe – 2010) Vão e número (plural) com o substantivo a que se refere: con-
surgindo novos sinais do crescente otimismo da indús- curseiros. Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa,
tria com relação ao futuro próximo. Um deles refere-se número e gênero se correspondem. A correspondência
às exportações. “O comércio mundial já está voltando a de flexão entre dois termos é a concordância, que pode
se abrir para as empresas”, diz o gerente executivo de ser verbal ou nominal.
pesquisas da Confederação Nacional da Indústria (CNI),
Renato da Fonseca, para explicar a melhora das expec-
tativas dos industriais com relação ao mercado externo. 1. Concordância Verbal
Quanto ao mercado interno, as expectativas da indústria
não se modificaram. Mas isso não é um mau sinal, pois É a flexão que se faz para que o verbo concorde com
elas já eram francamente otimistas. Há algum tempo, a seu sujeito.
pesquisa da CNI, realizada mensalmente a partir de 2010,
registra grande otimismo da indústria com relação à de- 1.1. Sujeito Simples - Regra Geral
manda interna. Trata-se de um sentimento generalizado. O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo
Em todos os setores industriais, a expressiva maioria dos em número e pessoa. Veja os exemplos:
entrevistados acredita no aumento das vendas internas. A prova para ambos os cargos será aplicada às 13h.
O Estado de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adapta- 3.ª p. Singular 3.ª p. Singular
ções).
LÍNGUA PORTUGUESA

Os candidatos à vaga chegarão às 12h.


O nome próprio “Renato da Fonseca” está entre vírgulas 3.ª p. Plural 3.ª p. Plural
por tratar-se de um vocativo.
1.1.1. Casos Particulares
( ) CERTO ( ) ERRADO
A) Quando o sujeito é formado por uma expressão
Resposta: Errado. Recorramos ao texto (lembre-se de
partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de,
fazer a mesma coisa no dia do seu concurso!): (...) diz o
metade de, a maioria de, a maior parte de, grande

78
parte de...) seguida de um substantivo ou prono- Qual de nós é capaz?
me no plural, o verbo pode ficar no singular ou no Algum de vós fez isso.
plural.
A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia. E) Quando o sujeito é formado por uma expressão
Metade dos candidatos não apresentou / apresenta- que indica porcentagem seguida de substantivo, o
ram proposta. verbo deve concordar com o substantivo.
25% do orçamento do país será destinado à Educação.
Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos 85% dos entrevistados não aprovam a administração
dos coletivos, quando especificados: Um bando de vân- do prefeito.
dalos destruiu / destruíram o monumento. 1% do eleitorado aceita a mudança.
1% dos alunos faltaram à prova.
Observação:
Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a  Quando a expressão que indica porcentagem não
unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque é seguida de substantivo, o verbo deve concordar
aos elementos que formam esse conjunto. com o número.
25% querem a mudança.
B) Quando o sujeito é formado por expressão que 1% conhece o assunto.
indica quantidade aproximada (cerca de, mais de,
menos de, perto de...) seguida de numeral e subs-  Se o número percentual estiver determinado por
tantivo, o verbo concorda com o substantivo. artigo ou pronome adjetivo, a concordância far-se-
Cerca de mil pessoas participaram do concurso. -á com eles:
Perto de quinhentos alunos compareceram à solenida- Os 30% da produção de soja serão exportados.
de. Esses 2% da prova serão questionados.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últi- F) O pronome “que” não interfere na concordância;
mas Olimpíadas. já o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa
do singular.
Observação: Fui eu que paguei a conta.
Quando a expressão “mais de um” se associar a ver- Fomos nós que pintamos o muro.
És tu que me fazes ver o sentido da vida.
bos que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório:
Sou eu quem faz a prova.
Mais de um colega se ofenderam na discussão. (ofende-
Não serão eles quem será aprovado.
ram um ao outro)
G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve as-
C) Quando se trata de nomes que só existem no plu-
sumir a forma plural.
ral, a concordância deve ser feita levando-se em
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan-
conta a ausência ou presença de artigo. Sem arti- taram os poetas.
go, o verbo deve ficar no singular; com artigo no Este candidato é um dos que mais estudaram!
plural, o verbo deve ficar o plural.
Os Estados Unidos possuem grandes universidades.  Se a expressão for de sentido contrário – nenhum
Estados Unidos possui grandes universidades. dos que, nem um dos que -, não aceita o verbo no
Alagoas impressiona pela beleza das praias. singular:
As Minas Gerais são inesquecíveis. Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga.
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira. Nem uma das que me escreveram mora aqui.
D) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou  Quando “um dos que” vem entremeada de subs-
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, tantivo, o verbo pode:
muitos, quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou 1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atraves-
“de vós”, o verbo pode concordar com o primeiro sa o Estado de São Paulo. ( já que não há outro rio
pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o que faça o mesmo).
pronome pessoal. 2. ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão po-
Quais de nós são / somos capazes? luídos (noção de que existem outros rios na mesma
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso? condição).
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino-
vadoras. H) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
Observação: Vossa Excelência está cansado?
LÍNGUA PORTUGUESA

Veja que a opção por uma ou outra forma indica a Vossas Excelências renunciarão?
inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz
ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fize- I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se
mos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso de acordo com o numeral.
não ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de Deu uma hora no relógio da sala.
tudo e nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia. Deram cinco horas no relógio da sala.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido esti- Soam dezenove horas no relógio da praça.
ver no singular, o verbo ficará no singular. Baterão doze horas daqui a pouco.

79
Observação: 1.2.1. Casos Particulares
Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino,
torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.  Quando o sujeito composto é formado por nú-
cleos sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica
O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas. no singular.
Soa quinze horas o relógio da matriz. Descaso e desprezo marca seu comportamento.
A coragem e o destemor fez dele um herói.
J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do sin-  Quando o sujeito composto é formado por núcleos
gular. São verbos impessoais: Haver no sentido de dispostos em gradação, verbo no singular:
existir; Fazer indicando tempo; Aqueles que indi- Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um se-
cam fenômenos da natureza. Exemplos: gundo me satisfaz.
Havia muitas garotas na festa.
Faz dois meses que não vejo meu pai.  Quando os núcleos do sujeito composto são uni-
dos por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no
Chovia ontem à tarde.
plural, de acordo com o valor semântico das con-
junções:
1.2. Sujeito Composto
Drummond ou Bandeira representam a essência da
poesia brasileira.
A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao ver- Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta.
bo, a concordância se faz no plural: Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de
Pai e filho conversavam longamente. “adição”. Já em:
Sujeito Juca ou Pedro será contratado.
Pais e filhos devem conversar com frequência. Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olim-
Sujeito píada.

B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam
gramaticais diferentes, a concordância ocorre da seguin- no singular.
te maneira: a primeira pessoa do plural (nós) prevalece
sobre a segunda pessoa (vós) que, por sua vez, prevalece  Com as expressões “um ou outro” e “nem um nem
sobre a terceira (eles). Veja: outro”, a concordância costuma ser feita no sin-
Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão. gular.
Primeira Pessoa do Plural (Nós) Um ou outro compareceu à festa.
Nem um nem outro saiu do colégio.
Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
Segunda Pessoa do Plural (Vós)  Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou
no singular: Um e outro farão/fará a prova.
Pais e filhos precisam respeitar-se.  Quando os núcleos do sujeito são unidos por
Terceira Pessoa do Plural (Eles) “com”, o verbo fica no plural. Nesse caso, os nú-
cleos recebem um mesmo grau de importância e
Observação: a palavra “com” tem sentido muito próximo ao de
Quando o sujeito é composto, formado por um ele- “e”.
O pai com o filho montaram o brinquedo.
mento da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele), é
O governador com o secretariado traçaram os planos
possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural
para o próximo semestre.
(eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar
O professor com o aluno questionaram as regras.
de “tomaríeis”.
Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se
C) No caso do sujeito composto posposto ao verbo, a ideia é enfatizar o primeiro elemento.
passa a existir uma nova possibilidade de concordância: O pai com o filho montou o brinquedo.
em vez de concordar no plural com a totalidade do sujei- O governador com o secretariado traçou os planos
to, o verbo pode estabelecer concordância com o núcleo para o próximo semestre.
do sujeito mais próximo. O professor com o aluno questionou as regras.
Faltaram coragem e competência.
LÍNGUA PORTUGUESA

Faltou coragem e competência. Com o verbo no singular, não se pode falar em sujeito
Compareceram todos os candidatos e o banca. composto. O sujeito é simples, uma vez que as expres-
Compareceu o banca e todos os candidatos. sões “com o filho” e “com o secretariado” são adjuntos
adverbiais de companhia. Na verdade, é como se hou-
D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concor- vesse uma inversão da ordem. Veja:
dância é feita no plural. Observe: “O pai montou o brinquedo com o filho.”
Abraçaram-se vencedor e vencido. “O governador traçou os planos para o próximo semes-
Ofenderam-se o jogador e o árbitro. tre com o secretariado.”

80
“O professor questionou as regras com o aluno.”
Casos em que se usa o verbo no singular:
Café com leite é uma delícia!
O frango com quiabo foi receita da vovó.

Quando os núcleos do sujeito são unidos por expressões correlativas como: “não só... mas ainda”, “não somente”...,
“não apenas... mas também”, “tanto...quanto”, o verbo ficará no plural.
Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o Nordeste.
Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a notícia.

Quando os elementos de um sujeito composto são resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância é feita
com esse termo resumidor.
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apatia.
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante na vida das pessoas.

1.2.2 Outros Casos


O Verbo e a Palavra “SE”
Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há duas de particular interesse para a concordância verbal:
A) quando é índice de indeterminação do sujeito;
B) quando é partícula apassivadora.
Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se” acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos e de
ligação, que obrigatoriamente são conjugados na terceira pessoa do singular:
Precisa-se de funcionários.
Confia-se em teses absurdas.

Quando pronome apassivador, o “se” acompanha verbos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e indiretos
(VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nesse caso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração. Exemplos:
Construiu-se um posto de saúde.
Construíram-se novos postos de saúde.
Aqui não se cometem equívocos
Alugam-se casas.

#FicaDica
Para saber se o “se” é partícula apassivadora ou índice de indeterminação do sujeito, tente transformar a
frase para a voz passiva. Se a frase construída for “compreensível”, estaremos diante de uma partícula apas-
sivadora; se não, o “se” será índice de indeterminação. Veja:
Precisa-se de funcionários qualificados.
Tentemos a voz passiva:
Funcionários qualificados são precisados (ou precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se” destacado é índice
de indeterminação do sujeito.
Agora:
Vendem-se casas.
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção correta! Então, aqui, o “se” é partícula apassivadora. (Dá para
eu passar para a voz passiva. Repare em meu destaque. Percebeu semelhança? Agora é só memorizar!)

O Verbo “Ser”

A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordância
pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo do sujeito.

Quando o sujeito ou o predicativo for:


LÍNGUA PORTUGUESA

A) Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo SER concorda com a pessoa gramatical:
Ele é forte, mas não é dois.
Fernando Pessoa era vários poetas.
A esperança dos pais são eles, os filhos.
B) nome de coisa e um estiver no singular e o outro no plural, o verbo SER concordará, preferencialmente, com o
que estiver no plural:
Os livros são minha paixão!
Minha paixão são os livros!

81
Quando o verbo SER indicar Concordância Nominal

 horas e distâncias, concordará com a expressão A concordância nominal se baseia na relação entre
numérica: nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se
É uma hora. ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes
São quatro horas. adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se:
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilô- normalmente, o substantivo funciona como núcleo de
metros. um termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adno-
 datas, concordará com a palavra dia(s), que pode minal.
estar expressa ou subentendida: A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
Hoje é dia 26 de agosto. seguintes regras gerais:
Hoje são 26 de agosto. A) O adjetivo concorda em gênero e número quando
 Quando o sujeito indicar peso, medida, quantida- se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas
de e for seguido de palavras ou expressões como denunciavam o que sentia.
pouco, muito, menos de, mais de, etc., o verbo SER
fica no singular:
Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso. B) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos,
Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido. a concordância pode variar. Podemos sistematizar
Duas semanas de férias é muito para mim. essa flexão nos seguintes casos:

 Quando um dos elementos (sujeito ou predica-  Adjetivo anteposto aos substantivos:


tivo) for pronome pessoal do caso reto, com este O adjetivo concorda em gênero e número com o
concordará o verbo. substantivo mais próximo.
No meu setor, eu sou a única mulher. Encontramos caídas as roupas e os prendedores.
Aqui os adultos somos nós. Encontramos caída a roupa e os prendedores.
Encontramos caído o prendedor e a roupa.
Observação:
Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo) repre- Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de
sentados por pronomes pessoais, o verbo concorda com parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural.
o pronome sujeito. As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar.
Eu não sou ela. Encontrei os divertidos primos e primas na festa.
Ela não é eu.
 Adjetivo posposto aos substantivos:
O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo
 Quando o sujeito for uma expressão de sentido
ou com todos eles (assumindo a forma masculina
partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no plu-
plural se houver substantivo feminino e masculi-
ral, o verbo SER concordará com o predicativo.
no).
A grande maioria no protesto eram jovens.
A indústria oferece localização e atendimento perfeito.
O resto foram atitudes imaturas.
A indústria oferece atendimento e localização perfeita.
A indústria oferece localização e atendimento perfei-
O Verbo “Parecer” tos.
O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução ver- A indústria oferece atendimento e localização perfei-
bal (é seguido de infinitivo), admite duas concordâncias: tos.
 Ocorre variação do verbo PARECER e não se fle-
xiona o infinitivo: As crianças parecem gostar do Observação:
desenho. Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza,
pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos
 A variação do verbo parecer não ocorre e o infini- dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado
tivo sofre flexão: no plural masculino, que é o gênero predominante quan-
As crianças parece gostarem do desenho. do há substantivos de gêneros diferentes.
(essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad-
aas crianças) jetivo fica no singular ou plural.
A beleza e a inteligência feminina(s).
O carro e o iate novo(s).
LÍNGUA PORTUGUESA

FIQUE ATENTO!
Com orações desenvolvidas, o verbo PARE- C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo:
CER fica no singular. Por exemplo: As pare- O adjetivo fica no masculino singular, se o substanti-
des parece que têm ouvidos. (Parece que as vo não for acompanhado de nenhum modificador:
paredes têm ouvidos = oração subordinada Água é bom para saúde.
substantiva subjetiva). O adjetivo concorda com o substantivo, se este for
modificado por um artigo ou qualquer outro determina-
tivo: Esta água é boa para saúde.

82
D) O adjetivo concorda em gênero e número com os  Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encon- minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto
trou-as muito felizes. o verbo como o adjetivo concordam com ele.
É proibida a entrada de crianças.
E) Nas expressões formadas por pronome indefinido Esta salada é ótima.
neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição A educação é necessária.
DE + adjetivo, este último geralmente é usado no São precisas várias medidas na educação.
masculino singular: Os jovens tinham algo de mis-
terioso. Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso -
F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem Quite
função adjetiva e concorda normalmente com o
nome a que se refere: Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú-
Cristina saiu só. mero com o substantivo ou pronome a que se referem.
Seguem anexas as documentações requeridas.
Cristina e Débora saíram sós.
A menina agradeceu: - Muito obrigada.
Muito obrigadas, disseram as senhoras.
Observação:
Seguem inclusos os papéis solicitados.
Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou “ape- Estamos quites com nossos credores.
nas”, tem função adverbial, ficando, portanto, invariável:
Eles só desejam ganhar presentes. Bastante - Caro - Barato - Longe

Estas palavras são invariáveis quando funcionam


#FicaDica como advérbios. Concordam com o nome a que se refe-
rem quando funcionam como adjetivos, pronomes adje-
Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”. tivos, ou numerais.
Se a frase ficar coerente com o primeiro, As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio)
trata-se de advérbio, portanto, invariável; se Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho.
houver coerência com o segundo, função de (pronome adjetivo)
adjetivo, então varia: Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio)
Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo As casas estão caras. (adjetivo)
Ele está só descansando. (apenas descan- Achei barato este casaco. (advérbio)
sando) - advérbio Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo)
Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula
depois de “só”, haverá, novamente, um ad- Meio - Meia
jetivo:
Ele está só, descansando. (ele está sozinho e A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo,
descansando) concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi
meia porção de polentas.
Quando empregada como advérbio permanece inva-
G) Quando um único substantivo é modificado por riável: A candidata está meio nervosa.
dois ou mais adjetivos no singular, podem ser usa-
das as construções:
 O substantivo permanece no singular e coloca-se #FicaDica
o artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura Dá para eu substituir por “um pouco”, assim
espanhola e a portuguesa. saberei que se trata de um advérbio, não
 O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo de adjetivo: “A candidata está um pouco
antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e nervosa”.
portuguesa.

1. Casos Particulares Alerta - Menos

É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É per- Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
mitido sempre invariáveis.
 Estas expressões, formadas por um verbo mais um Os concurseiros estão sempre alerta.
LÍNGUA PORTUGUESA

adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se Não queira menos matéria!


referem possuir sentido genérico (não vier prece-
dido de artigo). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
É proibido entrada de crianças. Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
Em certos momentos, é necessário atenção. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
No verão, melancia é bom. Paulo: Saraiva, 2010.
É preciso cidadania. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Não é permitido saída pelas portas laterais. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

83
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Preservando-se a correção gramatical do texto CB3A-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. 2BBB, os termos “não há” e “não existem” poderiam ser
substituídos, respectivamente, por
SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49. a) não existe e não têm.
php b) não existe e inexiste.
c) inexiste e não há.
d) inexiste e não acontece.
e) não tem e não têm.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Resposta: Letra C.
1. (Polícia Federal – Escrivão de Polícia Federal – Ces- Busquemos o contexto:
pe – 2013) Formas de tratamento como Vossa Excelência - sem direitos humanos reconhecidos e protegidos,
e Vossa Senhoria, ainda que sejam empregadas sempre não há democracia = poderíamos substituir por “não
na segunda pessoa do plural e no feminino, exigem fle- existe”, inexiste (verbo “haver” empregado com o sen-
xão verbal de terceira pessoa; além disso, o pronome tido de “existir”)
possessivo que faz referência ao pronome de tratamento - sem democracia, não existem as condições míni-
também deve ser o de terceira pessoa, e o adjetivo que mas para a solução pacífica dos conflitos = sentido
remete ao pronome de tratamento deve concordar em de “existir”. Poderíamos substituir por inexiste, mas no
gênero e número com a pessoa — e não com o pronome plural, já que devemos concordar com “as condições
— a que se refere. mínimas”. A única “troca” adequada seria o verbo “ha-
ver” – que pode ser utilizado com o sentido de “exis-
( ) CERTO ( ) ERRADO tir”. Teríamos: sem direitos humanos reconhecidos e
protegidos, inexiste democracia; sem democracia, não
Resposta: Certo. Afirmações corretas. As concordân- há as condições mínimas para a solução pacífica dos
cias verbal e nominal ao se utilizar pronome de trata- conflitos.
mento devem ser na terceira pessoa e concordar em
gênero (masculino ou feminino) com a pessoa a quem 3. (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Co-
mércio Exterior – Analista Técnico Administrativo –
se dirige: “Vossa Excelência está cansada(o)?” – con-
cespe – 2014) Em “Vossa Excelência deve estar satisfeita
cordará com quem está se falando: uma mulher ou um
com os resultados das negociações”, o adjetivo estará cor-
homem / “Vossa Santidade trouxe seus pertences?” /
retamente empregado se dirigido a ministro de Estado
“Vossas Senhorias gostariam de um café?”.
do sexo masculino, pois o termo “satisfeita” deve con-
cordar com a locução pronominal de tratamento “Vossa
2. (Prefeitura de São Luís-MA – Conhecimentos Bási-
Excelência”.
cos Cargos de Técnico Municipal – Nível Médio – Ces-
pe – 2017) ( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto CB3A2BBB Resposta: Errado. Se a pessoa, no caso o ministro, for
do sexo feminino (ministra), o adjetivo está correto;
O reconhecimento e a proteção dos direitos humanos mas, se for do sexo masculino, o adjetivo sofrerá fle-
estão na base das Constituições democráticas modernas. xão de gênero: satisfeito. O pronome de tratamento
A paz, por sua vez, é o pressuposto necessário para o re- é apenas a maneira como tratar a autoridade, não re-
conhecimento e a efetiva proteção dos direitos humanos gendo as demais concordâncias.
em cada Estado e no sistema internacional. Ao mesmo
tempo, o processo de democratização do sistema in- 4. (Abin – Agente Técnico de Inteligência – cespe –
ternacional, que é o caminho obrigatório para a busca 2010 – adaptada) (...) Da combinação entre velocida-
do ideal da paz perpétua, não pode avançar sem uma de, persistência, relevância, precisão e flexibilidade surge
gradativa ampliação do reconhecimento e da proteção a noção contemporânea de agilidade, transformada em
dos direitos humanos, acima de cada Estado. Direitos principal característica de nosso tempo.
humanos, democracia e paz são três elementos funda- A forma verbal “surge” poderia, sem prejuízo gramati-
mentais do mesmo movimento histórico: sem direitos cal para o texto, ser flexionada no plural, para concordar
humanos reconhecidos e protegidos, não há democra- com “velocidade, persistência, relevância, precisão e fle-
cia; sem democracia, não existem as condições mínimas xibilidade”
para a solução pacífica dos conflitos. Em outras palavras,
LÍNGUA PORTUGUESA

a democracia é a sociedade dos cidadãos, e os súditos se ( ) CERTO ( ) ERRADO


tornam cidadãos quando lhes são reconhecidos alguns
direitos fundamentais; haverá paz estável, uma paz que Resposta: Errado. O verbo está concordando com o
não tenha a guerra como alternativa, somente quando termo “combinação”, por isso deve ficar no singular.
existirem cidadãos não mais apenas deste ou daquele
Estado, mas do mundo. 5. (Tribunal de Contas do Distrito Federal-df – Conhe-
Norberto Bobbio. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson Coutinho. cimentos BÁSICOS – ANALISTA DE ADMINISTRAÇÃO
Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, p. 1 (com adaptações). PÚBLICA – ARQUIVOLOGIA – cespe – 2014 – adapta-

84
da) (...) Há décadas, países como China e Índia têm envia- A) Verbos Intransitivos
do estudantes para países centrais, com resultados muito Os verbos intransitivos não possuem complemento.
positivos.(...) É importante, no entanto, destacar alguns detalhes re-
A forma verbal “Há” poderia ser corretamente substituída lativos aos adjuntos adverbiais que costumam acompa-
por Fazem. nhá-los.

( ) CERTO ( ) ERRADO Chegar, Ir


Normalmente vêm acompanhados de adjuntos ad-
Resposta: Errado. O verbo “fazer”, quando empre- verbiais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas
gado no sentido de tempo passado, não sofre flexão. para indicar destino ou direção são: a, para.
Portanto, sua forma correta seria: “faz décadas”
Fui ao teatro.
Adjunto Adverbial de Lugar

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL. Ricardo foi para a Espanha.


Adjunto Adverbial de Lugar

Comparecer
Regência Verbal e Regência nominal O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido
por em ou a.
Dá-se o nome de regência à relação de subordina- Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o
ção que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um último jogo.
nome (regência nominal) e seus complementos.
B) Verbos Transitivos Diretos
1. Regência Verbal = Termo Regente: VERBO Os verbos transitivos diretos são complementados
por objetos diretos. Isso significa que não exigem prepo-
A regência verbal estuda a relação que se estabele- sição para o estabelecimento da relação de regência. Ao
ce entre os verbos e os termos que os complementam empregar esses verbos, lembre-se de que os pronomes
(objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (ad- oblíquos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses
juntos adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma pronomes podem assumir as formas lo, los, la, las (após
regência, o que corresponde à diversidade de significa- formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos,
nas (após formas verbais terminadas em sons nasais),
dos que estes verbos podem adquirir dependendo do
enquanto lhe e lhes são, quando complementos verbais,
contexto em que forem empregados.
objetos indiretos.
A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar,
São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban-
contentar.
donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar,
A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, au-
agrado ou prazer”, satisfazer. xiliar, castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar,
Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de defender, eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, pre-
“agradar a alguém”. judicar, prezar, proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver,
visitar.
O conhecimento do uso adequado das preposições Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência como o verbo amar:
verbal (e também nominal). As preposições são capazes Amo aquele rapaz. / Amo-o.
de modificar completamente o sentido daquilo que está Amo aquela moça. / Amo-a.
sendo dito. Amam aquele rapaz. / Amam-no.
Cheguei ao metrô. Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Cheguei no metrô.
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no Observação:
segundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos
para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos
A voluntária distribuía leite às crianças. adnominais):
A voluntária distribuía leite com as crianças. Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car-
LÍNGUA PORTUGUESA

como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto (ob- reira)


jeto indireto: às crianças); na segunda, como transitivo Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu-
direto (objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto mor)
adverbial). C) Verbos Transitivos Indiretos
Para estudar a regência verbal, agruparemos os ver- Os verbos transitivos indiretos são complementados
bos de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de dife- gem uma preposição para o estabelecimento da relação
rentes formas em frases distintas. de regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de

85
terceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos Informe os novos preços aos clientes.
são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se uti- Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os no-
lizam os pronomes o, os, a, as como complementos de vos preços)
verbos transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que Na utilização de pronomes como complementos, veja
não representam pessoas, usam-se pronomes oblíquos as construções:
tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos prono- Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
mes átonos lhe, lhes. Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou
sobre eles)
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
Consistir - Tem complemento introduzido pela pre- Observação:
posição “em”: A modernidade verdadeira consiste em di- A mesma regência do verbo informar é usada para os
reitos iguais para todos. seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.

Obedecer e Desobedecer - Possuem seus comple- Comparar


mentos introduzidos pela preposição “a”: Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. as preposições “a” ou “com” para introduzir o comple-
Eles desobedeceram às leis do trânsito. mento indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com
o) de uma criança.
Responder - Tem complemento introduzido pela pre-
posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar Pedir
“a quem” ou “ao que” se responde. Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente
Respondi ao meu patrão. na forma de oração subordinada substantiva) e indireto
Respondemos às perguntas. de pessoa.
Respondeu-lhe à altura. Pedi-lhe favores.
Objeto Indireto Objeto Direto
Observação:
O verbo responder, apesar de transitivo indireto quan-
do exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.
analítica: Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
O questionário foi respondido corretamente. tantiva Objetiva Direta
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoria-
mente. A construção “pedir para”, muito comum na lingua-
gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na lín-
Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus comple- gua culta. No entanto, é considerada correta quando a
mentos introduzidos pela preposição “com”. palavra licença estiver subentendida.
Antipatizo com aquela apresentadora.
Simpatizo com os que condenam os políticos que go- Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em
vernam para uma minoria privilegiada. casa.

D) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos Observe que, nesse caso, a preposição “para” intro-
duz uma oração subordinada adverbial final reduzida de
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acom- infinitivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
panhados de um objeto direto e um indireto. Merecem
destaque, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São Preferir
verbos que apresentam objeto direto relacionado a coi- Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto
sas e objeto indireto relacionado a pessoas. indireto introduzido pela preposição “a”:
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Agradeço aos ouvintes a audiência. Prefiro trem a ônibus.
Objeto Indireto Objeto Direto
Observação:
Paguei o débito ao cobrador. Na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem
Objeto Direto Objeto Indireto termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil ve-
zes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo
O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito prefixo existente no próprio verbo (pre).
com particular cuidado:
Agradeci o presente. / Agradeci-o. Mudança de Transitividade - Mudança de Signifi-
LÍNGUA PORTUGUESA

Agradeço a você. / Agradeço-lhe. cado


Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. Há verbos que, de acordo com a mudança de transi-
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
tividade, apresentam mudança de significado. O conhe-
Paguei minhas contas. / Paguei-as.
cimento das diferentes regências desses verbos é um re-
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
curso linguístico muito importante, pois além de permitir
Informar
Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto a correta interpretação de passagens escritas, oferece
indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa. possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Den-
tre os principais, estão:

86
Agradar No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransiti-
Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari- vo ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração
nhos, acariciar, fazer as vontades de. reduzida de infinitivo.
Sempre agrada o filho quando.
Aquele comerciante agrada os clientes. Muito custa viver tão longe da família.
Verbo Intransitivo Oração Subordinada
Agradar é transitivo indireto no sentido de causar Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento
introduzido pela preposição “a”. Custou-me (a mim) crer nisso.
O cantor não agradou aos presentes. Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
O cantor não lhes agradou. tantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo

O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indire- A Gramática Normativa condena as construções que
to: O cantor desagradou à plateia. atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por
pessoa: Custei para entender o problema.
Aspirar = Forma correta: Custou-me entender o problema.
Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, ins-
pirar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o) Implicar
Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (As- A) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
pirávamos a ele) implicavam um firme propósito.
Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes- B) ter como consequência, trazer como consequência,
soa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”.
Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (= Como transitivo direto e indireto, significa compro-
meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
Aspiravam a ela)
econômicas.
No sentido de antipatizar, ter implicância, é transiti-
Assistir
vo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com
Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres-
quem não trabalhasse arduamente.
tar assistência a, auxiliar.
Namorar
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
Sempre tansitivo direto: Luísa namora Carlos há dois
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
anos.
Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen-
Obedecer - Desobedecer
ciar, estar presente, caber, pertencer.
Sempre transitivo indireto:
Assistimos ao documentário.
Todos obedeceram às regras.
Não assisti às últimas sessões.
Ninguém desobedece às leis.
Essa lei assiste ao inquilino.
Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem
No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in-
“lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas.
transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa
Proceder
conturbada cidade.
Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter
cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa
Chamar
segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto
Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, so-
adverbial de modo.
licitar a atenção ou a presença de. As afirmações da testemunha procediam, não havia
Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá cha- como refutá-las.
má-la. Você procede muito mal.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
Chamar no sentido de denominar, apelidar pode Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo-
apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere pre- sição “de”) e fazer, executar (rege complemento introdu-
dicativo preposicionado ou não. zido pela preposição “a”) é transitivo indireto.
A torcida chamou o jogador mercenário. O avião procede de Maceió.
A torcida chamou ao jogador mercenário. Procedeu-se aos exames.
A torcida chamou o jogador de mercenário. O delegado procederá ao inquérito.
LÍNGUA PORTUGUESA

A torcida chamou ao jogador de mercenário.


Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal: Querer
Como você se chama? Eu me chamo Zenaide. Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
vontade de, cobiçar.
Custar Querem melhor atendimento.
Custar é intransitivo no sentido de ter determinado Queremos um país melhor.
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adver- Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,
bial: Frutas e verduras não deveriam custar muito. estimar, amar: Quero muito aos meus amigos.

87
Visar
Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo.
O gerente não quis visar o cheque.

No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.

Esquecer – Lembrar
Lembrar algo – esquecer algo
Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)

No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto,
transitivos indiretos:
Ele se esqueceu do caderno.
Eu me esqueci da chave.
Eles se esqueceram da prova.
Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alte-
ração de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos
tanto brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
Não lhe lembram os bons momentos da infância? (= momentos é sujeito)

Simpatizar - Antipatizar
São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
Não simpatizei com os jurados.
Simpatizei com os alunos.

A norma culta exige que os verbos e expressões que dão ideia de movimento sejam usados com a preposição “a”:
Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
Cláudia desceu ao segundo andar.
Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.

Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.

Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será com-
pletiva nominal (subordinada substantiva).

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
LÍNGUA PORTUGUESA

Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de


Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

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Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de
Observação:
Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; pa-
ralelamente a; relativa a; relativamente a.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍCIA FEDERAL – CESPE – 2014 – ADAPTADA)


O uso indevido de drogas constitui, na atualidade, séria e persistente ameaça à humanidade e à estabilidade das
estruturas e valores políticos, econômicos, sociais e culturais de todos os Estados e sociedades. Suas consequências
infligem considerável prejuízo às nações do mundo inteiro, e não são detidas por fronteiras: avançam por todos os
cantos da sociedade e por todos os espaços geográficos, afetando homens e mulheres de diferentes grupos étnicos,
independentemente de classe social e econômica ou mesmo de idade. Questão de relevância na discussão dos efeitos
adversos do uso indevido de drogas é a associação do tráfico de drogas ilícitas e dos crimes conexos — geralmente
de caráter transnacional — com a criminalidade e a violência. Esses fatores ameaçam a soberania nacional e afetam a
estrutura social e econômica interna, devendo o governo adotar uma postura firme de combate ao tráfico de drogas,
LÍNGUA PORTUGUESA

articulando-se internamente e com a sociedade, de forma a aperfeiçoar e otimizar seus mecanismos de prevenção e
repressão e garantir o envolvimento e a aprovação dos cidadãos.
Internet: <www.direitoshumanos.usp.br>.

Nas linhas 12 e 13, o emprego da preposição “com”, em “com a criminalidade e a violência”, deve-se à regência do
vocábulo “conexos”.

( ) CERTO ( ) ERRADO

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Resposta: Errado. Ao texto: (...) Questão de relevância Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja-
na discussão dos efeitos adversos do uso indevido de mais vividos.
drogas é a associação do tráfico de drogas ilícitas e dos Nas situações em que o nome geográfico se apresen-
crimes conexos — geralmente de caráter transnacional tar modificado por um adjunto adnominal, a crase está
— com a criminalidade e a violência. confirmada.
O termo está se referindo à associação – associação Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas
do tráfico de drogas e crimes conexos (1) com a crimi- praias.
nalidade (2) (associação daquilo [1] com isso [2])

#FicaDica
Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE.
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a
Campinas. = Volto de Campinas. (crase pra
quê?)
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!)
A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais
idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a”
com o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos
pronomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo Quando o nome de lugar estiver especificado, ocor-
e com o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as rerá crase. Veja:
quais). Casos estes em que tal fusão encontra-se demar- Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
cada pelo acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo, que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
à qual, às quais. Irei à Salvador de Jorge Amado.
O uso do acento indicativo de crase está condiciona-
do aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s),
e nominal, mais precisamente ao termo regente e termo aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo
regido. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome - regente exigir complemento regido da preposição “a”.
que exige complemento regido pela preposição “a”, e o Entregamos a encomenda àquela menina.
termo regido é aquele que completa o sentido do termo (preposição + pronome demonstrativo)
regente, admitindo a anteposição do artigo a(s).
Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela Iremos àquela reunião.
contratada recentemente. (preposição + pronome demonstrativo)
Após a junção da preposição com o artigo (destaca-
dos entre parênteses), temos: Sua história é semelhante às que eu ouvia quando
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contrata- criança. (àquelas que eu ouvia quando criança)
da recentemente. (preposição + pronome demonstrativo)

A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad-


O verbo referir, de acordo com sua transitividade, verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebem o acento
classifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos grave:
referimos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposi-  locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às
ção a + o artigo feminino (à) e com o artigo feminino a + pressas, à vontade...
o pronome demonstrativo aquela (àquela).  locuções prepositivas: à frente, à espera de, à pro-
cura de...
Observações importantes:  locuções conjuntivas: à proporção que, à medida
Alguns recursos servem de ajuda para que possamos que.
confirmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns:
 Substitui-se a palavra feminina por uma masculina Cuidado: quando as expressões acima não exercerem
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a a função de locuções não ocorrerá crase. Repare:
crase está confirmada. Eu adoro a noite!
Os dados foram solicitados à diretora.
Os dados foram solicitados ao diretor. Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não
 No caso de nomes próprios geográficos, substi- preposição.
tui-se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso re-
LÍNGUA PORTUGUESA

sulte na expressão “voltar da”, há a confirmação da Casos passíveis de nota:


crase.
 A crase é facultativa diante de nomes próprios fe-
Faremos uma visita à Bahia.
mininos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada)
 Também é facultativa diante de pronomes posses-
sivos femininos: O diretor fez referência a (à) sua
Não me esqueço da viagem a Roma.
empresa.

90
 Facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja Os livros foram entregues a mim.
ficará aberta até as (às) dezoito horas. Dei a ela a merecida recompensa.
 Constata-se o uso da crase se as locuções prepo-
sitivas à moda de, à maneira de apresentarem-se  Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos
implícitas, mesmo diante de nomes masculinos: à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, o
Tenho compulsão por comprar sapatos à Luis XV. (à uso da crase está confirmado no “a” que os antece-
moda de Luís XV) de, no caso de o termo regente exigir a preposição.
 Não se efetiva o uso da crase diante da locução Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia.
adverbial “a distância”: Na praia de Copacabana,  Não ocorre crase antes de nome feminino utiliza-
observamos a queima de fogos a distância. do em sentido genérico ou indeterminado:
Estamos sujeitos a críticas.
Entretanto, se o termo vier determinado, teremos Refiro-me a conversas paralelas.
uma locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedes-
tre foi arremessado à distância de cem metros. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
-, faz-se necessário o emprego da crase. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Ensino à distância. Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
Ensino a distância. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
 Em locuções adverbiais formadas por palavras re- Paulo: Saraiva, 2010.
petidas, não há ocorrência da crase.
Ela ficou frente a frente com o agressor. SITE
Eu o seguirei passo a passo. http://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-cra-
se-.html
Casos em que não se admite o emprego da crase:

Antes de vocábulos masculinos.


As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
Esta caneta pertence a Pedro. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Antes de verbos no infinitivo. 1. (POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍCIA FEDE-
Ele estava a cantar. RAL – CESPE – 2014 – ADAPTADA) O acento indicativo
Começou a chover.
de crase em “à humanidade e à estabilidade” é de uso
facultativo, razão por que sua supressão não prejudicaria
Antes de numeral.
a correção gramatical do texto.
O número de aprovados chegou a cem.
Faremos uma visita a dez países.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Observações:
RESPOSTA: Errado. Retomemos o contexto: (...) O
 Nos casos em que o numeral indicar horas – fun-
cionando como uma locução adverbial feminina – uso indevido de drogas constitui, na atualidade, séria e
ocorrerá crase: Os passageiros partirão às dezenove persistente ameaça à humanidade e à estabilidade das
horas. estruturas e valores políticos (...).
 Diante de numerais ordinais femininos a crase está O uso do acento indicativo de crase é obrigatório, já
confirmada, visto que estes não podem ser empre- que os termos “humanidade” e “estabilidade” comple-
gados sem o artigo: As saudações foram direciona- mentam o nome “ameaça” – “ameaça a quê? a quem?”
das à primeira aluna da classe. = a regência nominal pede preposição.
 Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quando
essa não se apresentar determinada: Chegamos to- 2. (TCE-PA – CONHECIMENTOS BÁSICOS – AUDI-
dos exaustos a casa. TOR DE CONTROLE EXTERNO – EDUCACIONAL –
CESPE – 2016)
Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto
adnominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos Texto CB1A1BBB
exaustos à casa de Marcela.
 Não há crase antes da palavra “terra”, quando essa Estranhamente, governos estaduais cujas despesas com
indicar chão firme: Quando os navegantes regressa- o funcionalismo já alcançaram nível preocupante ou que
LÍNGUA PORTUGUESA

ram a terra, já era noite. estouraram o limite de gastos com pessoal fixado pela
Contudo, se o termo estiver precedido por um de- Lei Complementar n.º 101/2000, denominada Lei de Res-
terminante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase. ponsabilidade Fiscal (LRF), estão elaborando sua própria
Paulo viajou rumo à sua terra natal. legislação destinada a assegurar, como alegam, maior ri-
O astronauta voltou à Terra. gor na gestão de suas finanças. Querem uma nova lei de
responsabilidade fiscal para, segundo argumentam, for-
 Não ocorre crase antes de pronomes que reque- talecer a estrutura legal que protege o dinheiro público
rem o uso do artigo. do mau uso por gestores irresponsáveis.

91
Examinando-se a situação financeira dos estados que
preparam sua versão da lei de responsabilidade fiscal, COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS.
fica difícil aceitar a argumentação. Desde maio de 2000,
quando entrou em vigor a LRF, esses estados, como os
demais, estão sujeitos a regras precisas para a gestão do
dinheiro público, para a criação de despesas e, em par- “Prezado Candidato, o tópico acima foi abordado
ticular, para os gastos com pessoal. Por que, tendo des- na íntegra no tópico: Domínio da estrutura morfos-
cumprido algumas dessas regras, estariam interessados sintática do período. Emprego das classes de pala-
vras.”
em torná-las ainda mais rigorosas?
Não foi a lei que não funcionou, mas os responsáveis
pelo dinheiro público que, por alguma razão, não a cum-
priram. De que adiantaria, então, tornar a lei mais rigoro- REESCRITURA DE FRASES E PARÁGRA-
sa, se nem nas condições atuais esses responsáveis estão FOS DO TEXTO;
sendo capazes de cumpri-la? O problema não está na SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU DE
lei. Mudá-la pode ser o pretexto não para torná-la mais TRECHOS DE TEXTO.
rigorosa, mas para atribuir-lhe alguma flexibilidade que
a desfigure. O verdadeiro problema é a dificuldade do
setor público de adaptar suas despesas às receitas em
queda por causa da crise. REESCRITA DE TEXTOS/EQUIVALÊNCIA DE ES-
TRUTURAS
Internet: <http://opiniao.estadao.com.br> (com adapta-
ções). “Ideias confusas geram redações confusas”. Esta frase
leva-nos a refletir sobre a organização das ideias em um
O emprego do acento grave em “às receitas” decorre da texto. Significa dizer que, antes da redação, naturalmente
regência do verbo “adaptar” e da presença do artigo de- devemos dominar o assunto sobre o qual iremos tratar e,
finido feminino determinando o substantivo “receitas”. posteriormente, planejar o modo como iremos expô-lo,
do contrário haverá dificuldade em transmitir ideias bem
acabadas. Portanto, a leitura, a interpretação de textos e
( ) CERTO ( ) ERRADO a experiência de vida antecedem o ato de escrever.
Obtido um razoável conhecimento sobre o que ire-
Resposta: Certo. Texto: O verdadeiro problema é a di- mos escrever, feito o esquema de exposição da matéria,
ficuldade do setor público de adaptar suas despesas às é necessário saber ordenar as ideias em frases bem es-
receitas em queda por causa da crise = quem adapta, truturadas. Logo, não basta conhecer bem um determi-
adapta algo/alguém A algo/alguém. nado assunto, temos que o transmitir de maneira clara
aos leitores.
3. (FNDE – TÉCNICO EM FINANCIAMENTO E EXE-
CUÇÃO DE PROGRAMAS E PROJETOS EDUCACIO- O estudo da pontuação pode se tornar um valioso
NAIS – CESPE – 2012) O emprego do sinal indicativo de aliado para organizarmos as ideias de maneira clara em
frases. Para tanto, é necessário ter alguma noção de sin-
crase em “adequando os objetivos às necessidades” justi-
taxe. “Sintaxe”, conforme o dicionário Aurélio, é a “parte
fica-se pela regência do verbo adequar, que exige com- da gramática que estuda a disposição das palavras na
plemento regido pela preposição “a”, e pela presença de frase e a das frases no discurso, bem como a relação ló-
artigo definido feminino antes de “necessidades”. gica das frases entre si”; ou em outras palavras, sintaxe
quer dizer “mistura”, isto é, saber misturar as palavras de
( ) CERTO ( ) ERRADO maneira a produzirem um sentido evidente para os re-
ceptores das nossas mensagens. Observe:
RESPOSTA: Certo. Adequar o quê? – os objetivos
(objeto direto) – adequar o quê a quê? – a + as (=às) 1. A desemprego globalização no Brasil e no na está
necessidades – objeto indireto. A explicação do enun- Latina América causando.
ciado está correta.
2. A globalização está causando desemprego no Brasil
e na América Latina.
4. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA-SE – TÉCNICO JUDICIÁ-
RIO – CESPE – 2014 – ADAPTADA) No trecho “deu Ora, no item 1 não temos uma ideia, pois não há uma
início à sua caminhada cósmica”, o emprego do acento
LÍNGUA PORTUGUESA

frase, as palavras estão amontoadas sem a realização


grave indicativo de crase é obrigatório. de “uma sintaxe”, não há um contexto linguístico nem
relação inteligível com a realidade; no caso 2, a sintaxe
( ) CERTO ( ) ERRADO ocorreu de maneira perfeita e o sentido está claro para
receptores de língua portuguesa inteirados da situação
RESPOSTA: Errado. “deu início à sua caminhada econômica e cultural do mundo atual.
cósmica” – o uso do acento indicativo de crase, neste
caso, é facultativo (antes de pronome possessivo).

92
1. A Ordem dos Termos na Frase A globalização nasceu no século XX. (idem)
Há ainda frases nominais que não possuem verbos:
Leia novamente a frase contida no item 2. Note que cada macaco no seu galho. Nestes tipos de frase, a or-
ela é organizada de maneira clara para produzir sentido. dem direta faz-se naturalmente. Usam-se apenas os ter-
Todavia, há diferentes maneiras de se organizar grama- mos existentes nelas.
ticalmente tal frase, tudo depende da necessidade ou da
vontade do redator em manter o sentido, ou mantê-lo, Levando em consideração a ordem direta, podemos
porém, acrescentado ênfase a algum dos seus termos. estabelecer três regras básicas para o uso da vírgula:
Significa dizer que, ao escrever, podemos fazer uma série
de inversões e intercalações em nossas frases, confor- Se os termos estão colocados na ordem direta não
me a nossa vontade e estilo. Tudo depende da maneira haverá a necessidade de vírgulas. A frase 2 é um exem-
como queremos transmitir uma ideia, do nosso estilo. plo disto:
Por exemplo, podemos expressar a mensagem da frase A globalização está causando desemprego no Brasil e
2 da seguinte maneira: na América Latina.
No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-
sando desemprego. Todavia, ao repetir qualquer um dos termos da oração
por três vezes ou mais, então é necessário usar a vírgula,
Neste caso, a mensagem é praticamente a mesma, mesmo que estejamos usando a ordem direta. Esta é a
apenas mudamos a ordem das palavras para dar ênfase regra básica n.º1 para a colocação da vírgula. Veja:
a alguns termos (neste caso: No Brasil e na A. L.). Repa- A globalização, a tecnologia e a “ciranda financeira”
re que, para obter a clareza tivemos que fazer o uso de causam desemprego…
vírgulas. (três núcleos do sujeito)
Entre os sinais de pontuação, a vírgula é o mais usado
e o que mais nos auxilia na organização de um período, A globalização causa desemprego no Brasil, na Améri-
pois facilita as boas “sintaxes”, boas misturas, ou seja, a ca Latina e na África.
vírgula ajuda-nos a não “embolar” o sentido quando pro- (três adjuntos adverbiais)
duzimos frases complexas. Com isto, “entregamos” frases
bem organizadas aos nossos leitores. A globalização está causando desemprego, insatisfa-
O básico para a organização sintática das frases é a ção e sucateamento industrial no Brasil e na América Lati-
ordem direta dos termos da oração. Os gramáticos es- na. (três complementos verbais)
truturam tal ordem da seguinte maneira:
B) Em princípio, não devemos, na ordem direta, sepa-
SUJEITO + VERBO+ COMPLEMENTO VERBAL+ rar com vírgula o sujeito e o verbo, nem o verbo e o seu
CIRCUNSTÂNCIAS
complemento, nem o complemento e as circunstâncias,
ou seja, não devemos separar com vírgula os termos da
A globalização + está causando+ desemprego + no
oração. Veja exemplos de tal incorreção:
Brasil nos dias de hoje.
O Brasil, será feliz.
A globalização causa, o desemprego.
Nem todas as orações mantêm esta ordem e nem
todas contêm todos estes elementos, portanto cabem
Ao intercalarmos alguma palavra ou expressão entre
algumas observações:
A) As circunstâncias (de tempo, espaço, modo, etc.) os termos da oração, cabe isolar tal termo entre vírgulas,
normalmente são representadas por adjuntos adverbiais assim o sentido da ideia principal não se perderá. Esta é
de tempo, lugar, etc. Note que, no mais das vezes, quan- a regra básica n.º 2 para a colocação da vírgula. Dito em
do queremos recordar algo ou narrar uma história, existe outras palavras: quando intercalamos expressões e frases
a tendência a colocar os adjuntos nos começos das fra- entre os termos da oração, devemos isolar os mesmos
ses: com vírgulas. Vejamos:
“No Brasil e na América…” “Nos dias de hoje…” “Nas A globalização, fenômeno econômico deste fim de sé-
minhas férias…”, “No Brasil…”. e logo depois os verbos culo XX, causa desemprego no Brasil.
e outros elementos: “Nas minhas férias fui…”; “No Brasil Aqui um aposto à globalização foi intercalado entre o
existe…” sujeito e o verbo.
Outros exemplos:
Observações: A globalização, que é um fenômeno econômico e cul-
Tais construções não estão erradas, mas rompem com tural, está causando desemprego no Brasil e na América
a ordem direta; Latina.
LÍNGUA PORTUGUESA

É preciso notar que em Língua Portuguesa, há mui- Neste caso, há uma oração adjetiva intercalada.
tas frases que não têm sujeito, somente predicado. Por As orações adjetivas explicativas desempenham fre-
exemplo: Está chovendo em Porto Alegre. Faz frio em Fri- quentemente um papel semelhante ao do aposto expli-
burgo. São quatro horas agora; cativo, por isto são também isoladas por vírgula.
Outras frases são construídas com verbos intransiti- A globalização causa, caro leitor, desemprego no Bra-
vos, que não têm complemento: sil…
O menino morreu na Alemanha. (sujeito +verbo+ ad- Neste outro caso, há um vocativo entre o verbo e o
junto adverbial) seu complemento.

93
A globalização causa desemprego, e isto é lamentável, quando, ocasionalmente, podem ser substituídas,
no Brasil… uma pela outra, em deteminado enunciado (aguadar e
Aqui, há uma oração intercalada (note que ela não esperar).
pertence ao assunto: globalização, da frase principal, tal
oração é apenas um comentário à parte entre o comple- Observação:
mento verbal e os adjuntos). A contribuição greco-latina é responsável pela
existência de numerosos pares de sinônimos: adversário e
Observação: antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e hemiciclo;
A simples negação em uma frase não exige vírgula: A
contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e diálogo;
globalização não causou desemprego no Brasil e na Amé-
transformação e metamorfose; oposição e antítese.
rica Latina.

C) Quando “quebramos” a ordem direta, invertendo- Antônimos


-a, tal quebra torna a vírgula necessária. Esta é a regra n.º
3 da colocação da vírgula. São palavras que se opõem através de seu significado:
No Brasil e na América Latina, a globalização está cau- ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar;
sando desemprego… mal - bem.
No fim do século XX, a globalização causou desempre-
go no Brasil… Observação:
A antonímia pode se originar de um prefixo de
Nota-se que a quebra da ordem direta frequente-
sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer;
mente se dá com a colocação das circunstâncias antes
do sujeito. Trata-se da ordem inversa. Estas circunstân- simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e
cias, em gramática, são representadas pelos adjuntos ad- discórdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista
verbiais. Muitas vezes, elas são colocadas em orações e anticomunista; simétrico e assimétrico.
chamadas adverbiais que têm uma função semelhante
a dos adjuntos adverbiais, isto é, denotam tempo, lugar, Homônimos e Parônimos
etc. Exemplos:
Quando o século XX estava terminando, a globalização - Homônimos = palavras que possuem a mesma gra-
começou a causar desemprego. fia ou a mesma pronúncia, mas significados dife-
Enquanto os países portadores de alta tecnologia de- rentes. Podem ser
senvolvem-se, a globalização causa desemprego nos paí-
ses pobres.
A) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e
Durante o século XX, a Globalização causou desempre-
go no Brasil. diferentes na pronúncia:
rego (subst.) e rego (verbo); colher (verbo) e colher
Observação: (subst.); jogo (subst.) e jogo (verbo); denúncia
Quanto à equivalência e transformação de estruturas, (subst.) e denuncia (verbo); providência (subst.) e
um exemplo muito comum cobrado em provas é o enun- providencia (verbo).
ciado trazer uma frase no singular e pedir a passagem
para o plural, mantendo o sentido. Outro exemplo é a B) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e
mudança de tempos verbais. diferentes na escrita:
acender (atear) e ascender (subir); concertar (harmonizar)
SITE
http://ricardovigna.wordpress.com/2009/02/02/estu- e consertar (reparar); cela (compartimento) e sela
dos-de-linguagem-1-estrutura-frasal-e-pontuacao/ (arreio); censo (recenseamento) e senso ( juízo); paço
(palácio) e passo (andar).
SIGNIFICADO DAS PALAVRAS C) Homógrafas e homófonas simultaneamente
(ou perfeitas): São palavras iguais na escrita e na
Semântica é o estudo da significação das palavras pronúncia:
e das suas mudanças de significação através do tempo caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo (verbo) e
ou em determinada época. A maior importância está em cedo (adv.); livre (adj.) e livre (verbo).
distinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia)
e homônimos e parônimos (homonímia / paronímia). - Parônimos = palavras com sentidos diferentes, po-
rém de formas relativamente próximas. São pala-
LÍNGUA PORTUGUESA

Sinônimos vras parecidas na escrita e na pronúncia: cesta (re-


ceptáculo de vime; cesta de basquete/esporte) e
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto sesta (descanso após o almoço), eminente (ilustre)
- abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - e iminente (que está para ocorrer), osso (substan-
abolir. tivo) e ouço (verbo), sede (substantivo e/ou verbo
Duas palavras são totalmente sinônimas quando “ser” no imperativo) e cede (verbo), comprimento
são substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto (medida) e cumprimento (saudação), autuar (pro-
(cara e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas cessar) e atuar (agir), infligir (aplicar pena) e in-

94
fringir (violar), deferir (atender a) e diferir (diver- Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo
gir), suar (transpirar) e soar (emitir som), aprender percebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade
(conhecer) e apreender (assimilar; apropriar-se de), de algo. Possibilidades de várias interpretações levando-
tráfico (comércio ilegal) e tráfego (relativo a movi- se em consideração as situações de aplicabilidade. Há
mento, trânsito), mandato (procuração) e mandado uma infinidade de exemplos em que podemos verificar a
(ordem), emergir (subir à superfície) e imergir (mer- ocorrência da polissemia:
gulhar, afundar). O rapaz é um tremendo gato.
O gato do vizinho é peralta.
Hiperonímia e Hiponímia Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
Hipônimos e hiperônimos são palavras que perten- sobrevivência
cem a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo O passarinho foi atingido no bico.
o hipônimo uma palavra de sentido mais específico; o Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de
hiperônimo, mais abrangente. computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em
O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipô- comum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido
nimo, criando, assim, uma relação de dependência se- de “entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”,
mântica. Por exemplo: Veículos está numa relação de hi- que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão”
peronímia com carros, já que veículos é uma palavra de ou “jogo” – o sentido comum entre todas as expressões
significado genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões. é o formato quadriculado que têm.
Veículos é um hiperônimo de carros.
Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em Polissemia e homonímia
quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utili-
zação correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
a repetição desnecessária de termos. comum. Quando a mesma palavra apresenta vários
significados, estamos na presença da polissemia. Por
Parônimos: São palavras parecidas na escrita e na outro lado, quando duas ou mais palavras com origens
pronúncia: Coro e couro, cesta e sesta, eminente e imi- e significados distintos têm a mesma grafia e fonologia,
nente, tetânico e titânico, atoar e atuar, degradar e de- temos uma homonímia.
gredar, cético e séptico, prescrever e proscrever, descri- A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
ção e discrição, infligir (aplicar) e infringir (transgredir), significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não
osso e ouço, sede (vontade de beber) e cede (verbo ceder), é polissemia porque os diferentes significados para a
comprimento e cumprimento, deferir (conceder, dar de- palavra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma
ferimento) e diferir (ser diferente, divergir, adiar), ratificar palavra polissêmica: pode significar o elemento básico
(confirmar) e retificar (tornar reto, corrigir), vultoso (volu- do alfabeto, o texto de uma canção ou a caligrafia de
moso, muito grande: soma vultosa) e vultuoso (congestio- um determinado indivíduo. Neste caso, os diferentes
nado: rosto vultuoso). significados estão interligados porque remetem para o
mesmo conceito, o da escrita.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Polissemia e ambiguidade
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
na interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado
Cochar - Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
pode ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma
– São Paulo: Saraiva, 2010.
interpretação. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
colocação específica de uma palavra (por exemplo, um
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
advérbio) em uma frase. Vejamos a seguinte frase:
XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua
Pessoas que têm uma alimentação equilibrada
Portuguesa – 2.ª ed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000.
frequentemente são felizes.
Neste caso podem existir duas interpretações
SITE
diferentes:
Disponível em: <http://www.coladaweb.com/
As pessoas têm alimentação equilibrada porque
portugues/sinonimos,-antonimos,-homonimos-e-
são felizes ou são felizes porque têm uma alimentação
paronimos>
equilibrada.
LÍNGUA PORTUGUESA

De igual forma, quando uma palavra é polissêmica,


POLISSEMIA ela pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma
interpretação. Para fazer a interpretação correta é muito
Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir importante saber qual o contexto em que a frase é
multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de proferida.
um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra, Muitas vezes, a disposição das palavras na construção
mas que abarca um grande número de significados do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo,
dentro de seu próprio campo semântico. comicidade. Repare na figura abaixo:

95
interpretações, dependendo do contexto em que esteja
inserida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que
vão além do sentido original da palavra, ampliando sua
significação mediante a circunstância em que a mesma
é utilizada, assumindo um sentido figurado e simbólico.
Como no exemplo da palavra “pau”: em seu sentido co-
notativo ela pode significar castigo (dar-lhe um pau), re-
provação (tomei pau no concurso).
A conotação tem como finalidade provocar sentimen-
tos no receptor da mensagem, através da expressividade
e afetividade que transmite. É utilizada principalmente
(http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto- numa linguagem poética e na literatura, mas também
cabelo-e-pinto. Acesso em 15/9/2014).
Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras, ocorre em conversas cotidianas, em letras de música, em
mas duas seriam: anúncios publicitários, entre outros. Exemplos:
Corte e coloração capilar Você é o meu sol!
ou Minha vida é um mar de tristezas.
Faço corte e pintura capilar Você tem um coração de pedra!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
Cochar. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. #FicaDica
– São Paulo: Saraiva, 2010.
Procure associar Denotação com
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Dicionário: trata-se de definição literal,
quando o termo é utilizado com o sentido
SITE que consta no dicionário.
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/
gramatica/polissemia.htm>

DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Exemplos de variação no significado das palavras: Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
literal) reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido Paulo: Saraiva, 2010.
figurado)
Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado)
SITE
As variações nos significados das palavras ocasionam
o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denota-
(conotação) das palavras. cao/

A) Denotação
Uma palavra é usada no sentido denotativo quando
apresenta seu significado original, independentemente
do contexto em que aparece. Refere-se ao seu significa- EXERCÍCIOS COMENTADOS
do mais objetivo e comum, aquele imediatamente reco-
nhecido e muitas vezes associado ao primeiro significado 1. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) Um
que aparece nos dicionários, sendo o significado mais li- ex-governador do estado do Amazonas disse o seguinte:
teral da palavra. “Defenda a ecologia, mas não encha o saco”. (Gilberto
A denotação tem como finalidade informar o recep- Mestrinho) O vocábulo sublinhado, composto do radi-
tor da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo cal-logia (“estudo”), se refere aos estudos de defesa do
um caráter prático. É utilizada em textos informativos, meio ambiente; o vocábulo abaixo, com esse mesmo ra-
como jornais, regulamentos, manuais de instrução, bu- dical, que tem seu significado corretamente indicado é:
las de medicamentos, textos científicos, entre outros. A
LÍNGUA PORTUGUESA

palavra “pau”, por exemplo, em seu sentido denotativo é a) Antropologia: estudo do homem como representante
apenas um pedaço de madeira. Outros exemplos: do sexo masculino;
O elefante é um mamífero. b) Etimologia: estudo das raças humanas;
As estrelas deixam o céu mais bonito! c) Meteorologia: estudo dos impactos de meteoros sobre
a Terra;
B) Conotação d) Ginecologia: estudo das doenças privativas das mu-
Uma palavra é usada no sentido conotativo quando lheres;
apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes e) Fisiologia: estudo das forças atuantes na natureza.

96
Resposta: Letra D. Em “a”: Antropologia: Ciência que 4. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR-
se dedica ao estudo do homem (espécie humana) em GO 33 – TÉCNICO ADMINISTRATIVO - Nível Médio –
sua totalidade CESPE-2013)
Em “b”: Etimologia: Ciência que investiga a origem das Há um dispositivo no Código Civil que condiciona a edi-
palavras procurando determinar as causas e circuns- ção de biografias à autorização do biografado ou des-
tâncias de seu processo evolutivo cendentes. As consequências da norma são negativas.
Em “c”: Meteorologia: Estudo dos fenômenos atmosfé- Uma delas é a impossibilidade de se registrar e deixar
ricos e das suas leis, principalmente com a intenção de para a posteridade a vida de personagens importantes
prever as variações do tempo. na formação do país, em qualquer ramo de atividade.
Em “d”: Ginecologia: estudo das doenças privativas das Permite-se a interdição de registros de época, em prejuí-
mulheres = correta zo dos historiadores e pesquisadores do futuro.
Em “e”: Fisiologia: Ciência que trata das funções orgâ- Dessa forma, tem sido sonegado, por exemplo,
nicas pelas quais a vida se manifesta o relato da vida do poeta Manoel Bandeira e dos
escritores Mário de Andrade e Guimarães Rosa. Tanto no
2. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LEGIS- jornalismo quanto na literatura não pode haver censura
LATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Na verdade, todos os prévia. Publicada a reportagem (ou biografia), os que
anos a imprensa nacional destaca os inaceitáveis números se sentirem atingidos que recorram à justiça. É preciso
da violência no país”. O vocábulo “inaceitáveis” equivale seguir o padrão existente em muitos países, em que há
ao “que não se aceita”. A equivalência correta abaixo in- biografias “autorizadas” e “não autorizadas”.
dicada é: Reclamações posteriores, quando existem, são
encaminhadas ao foro devido, os tribunais.
a) tinta indelével / que não se apaga; O alegado “direito à privacidade” é argumento frágil
b) ação impossível / que não se possui; para justificar o veto a que a historiografia do país seja
c) trabalho inexequível / que não se exemplifica; enriquecida, como se não bastasse o fato de o poder
d) carro invisível / que não tem vistoria; de censura concedido a biografados e herdeiros ser um
e) voz inaudível / que não possui audiência. atentado à Constituição.
O Globo, 23/9/2013 (com adaptações).
Resposta: Letra A. Em “a”: tinta indelével / que não se
apaga = correta A palavra “sonegado” está sendo empregada com o
Em “b”: ação impossível = que não é possível sentido de reduzido, diminuído.
Em “c”: trabalho inexequível = que não se executa
Em “d”: carro invisível = que não se vê ( ) CERTO ( ) ERRADO
Em “e”: voz inaudível = que não se ouve
Resposta: Errado. (...) Permite-se a interdição de regis-
3. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010) tros de época, em prejuízo dos historiadores e pesqui-
A pobreza é um dos fatores mais comumente respon- sadores do futuro.
sáveis pelo baixo nível de desenvolvimento humano Dessa forma, tem sido sonegado, por exemplo, o rela-
e pela origem de uma série de mazelas, algumas das to da vida do poeta Manoel Bandeira e dos escritores
quais proibidas por lei ou consideradas crimes. É o caso Mário de Andrade e Guimarães Rosa = o sentido é o
do trabalho infantil. A chaga encontra terreno fértil nas de “impedido”.
sociedades subdesenvolvidas, mas também viceja onde 5. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2014) O
o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem, obriga termo destacado na passagem do primeiro parágrafo –
crianças e adolescentes a participarem do processo de Mesmo com tantas opções, ainda há resistência na hora
produção. Foi assim na Revolução Industrial de ontem da compra. – tem sentido equivalente a
e nas economias ditas avançadas. E ainda é, nos dias de
hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do a) impetuosidade.
Brasil. Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infantil b) empatia.
foi minimizado, já que nunca se pode dizer erradicado, c) relutância.
ele continua sendo grave problema nos países mais po- d) consentimento.
bres. e) segurança.
Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com
adaptações). Resposta: Letra C. Mesmo com tantas opções, ainda há
LÍNGUA PORTUGUESA

A palavra “chaga”, empregada com o sentido de ferida resistência na hora da compra.


social, refere-se, na estrutura sintática do parágrafo, a Em “a”: impetuosidade (força) = incorreto
“pobreza”. Em “b”: empatia = incorreto
Em “c”: relutância (resistência).
( ) CERTO ( ) ERRADO Em “d”: consentimento (aceitação) = incorreto
Em “e”: segurança = incorreto
Resposta: Errado. (...) É o caso do trabalho infantil. A A substituição que manteria o sentido do período é “ain-
chaga encontra terreno = refere-se a “trabalho infantil”. da há relutância”.

97
1. Tipos de Discurso: direto, indireto e indireto livre
ANÁLISE DO DISCURSO: PRESSUPOSTOS,
SUBENTENDIDOS E IMPLÍCITOS. 1.1. Vozes do Discurso

Ao lermos um texto, observamos que há um narrador


- que é quem conta o fato. Esse locutor ou narrador pode
Análise e Tipo de Discurso introduzir outras vozes no texto para auxiliar a narrativa.
Para fazer a introdução dessas outras vozes no texto, a voz
A Análise do Discurso é uma prática da linguística no principal ou privilegiada - o narrador - usa o que chama-
campo da Comunicação, e consiste em analisar a estru- mos de discurso. O que vem a ser discurso dentro do tex-
tura de um texto e, a partir disto, compreender as cons- to? É a forma como as falas são inseridas na narrativa. Ele
truções ideológicas presentes no mesmo. pode ser classificado em: direto, indireto e indireto livre.
O discurso em si é uma construção linguística atre-
lada ao contexto social no qual o texto é desenvolvido. A) Discurso direto: reproduz fiel e literalmente algo
Ou seja, as ideologias presentes em um discurso são dito por alguém. Um bom exemplo de discurso direto
diretamente determinadas pelo contexto político-social são as citações ou transcrições exatas da declaração de
em que vive o seu autor. Mais que uma análise textual, a alguém.
análise do Discurso é uma análise contextual da estrutura  Primeira pessoa (eu, nós) – é o narrador quem fala,
discursiva em questão. usando aspas ou travessões para demarcar que
Michel Foucault descreveu a Ordem do Discurso está reproduzindo a fala de outra pessoa: “Não
como uma construção de características sociais. A socie- gosto disso” – disse a menina em tom zangado.
dade que promove o contexto do discurso analisado é a
base de toda a estrutura do texto, atrelando, deste modo, B) Discurso indireto: o narrador, usando suas pró-
todo e qualquer elemento que possa fazer parte do sen- prias palavras, conta o que foi dito por outra pessoa. Te-
tido do discurso. O texto só pode assim ser chamado se mos então uma mistura de vozes, pois as falas dos per-
o seu receptor for capaz de compreender o seu sentido, e sonagens passam pela elaboração da fala do narrador.
 Terceira pessoa - ele(s), ela(s) – O narrador só usa
isto cabe ao autor do texto e à atenção que o mesmo der
sua própria voz, o que foi dito pela personagem
ao contexto da construção de seu discurso. É a relação
passa pela elaboração do narrador. Não há uma
básica para a existência da comunicação verbal: emissão
pontuação específica que marque o discurso in-
– recepção – compreensão.
direto: A menina disse em tom zangado, que não
As práticas discursivas geram também outros âmbitos
gostava daquilo.
de análise do discurso, como o Universo de Concorrên-
cias, que consiste na competição entre vários emissores
C) Discurso indireto livre: É um discurso no qual há
para atingir um mesmo público-alvo. A partir disto, os uma maior liberdade, o narrador insere a fala do
emissores precisam inteirar-se do contexto da vida do personagem de forma sutil, sem fazer uso das mar-
seu receptor, para que deste modo possam interpelá-lo cas do discurso direto. É necessário que se tenha
segundo sua própria ideologia, fazendo com que sua atenção para não confundir a fala do narrador com
mensagem seja recebida e assimilada pelo receptor sem a fala do personagem, pois esta surge de repente
que o mesmo perceba que está sendo alvo de uma ten- em meio à fala do narrador: A menina perambula-
tativa de convencimento, por assim dizer. va pela sala irritada e zangada. Eu não gosto disso!
Dentro da análise do Discurso há também o discurso E parecia que ninguém a ouvia.
estético, feito por meio de imagens, e que interpelam o
indivíduo através de sua sensibilidade, que está ligada ao 1.2. Níveis de Linguagem
seu contexto também. A sensibilidade de um indivíduo
se define a partir do que, ao longo de sua vida, torna-se A língua é um código de que se serve o homem para
importante e desperta-lhe sentimentos. Com isto, pode- elaborar mensagens, para se comunicar. Existem basica-
mos analisar as artes produzidas em diferentes épocas mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas
da história em todo o mundo e perceber as diferentes funcionais:
formas de interpelação e contextualidade presentes nas A) a língua funcional de modalidade culta, língua
mesmas. O discurso estético tem a mesma capacidade culta ou língua-padrão, que compreende a lín-
ideológica que o discurso verbal, com a vantagem de gua literária, tem por base a norma culta, forma
atingir o indivíduo esteticamente, o que pode render linguística utilizada pelo segmento mais culto e
muito mais rapidamente o sucesso do discurso aplicado. influente de uma sociedade. Constitui, em suma,
A partir na análise de todos os aspectos do discurso a língua utilizada pelos veículos de comunicação
LÍNGUA PORTUGUESA

chega-se ao mais importante: o sentido. O sentido do de massa (emissoras de rádio e televisão, jornais,
discurso não é fixo, por vários motivos: pelo contexto, revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de
pela estética, pela ordem do discurso, pela sua forma de serem aliados da escola, prestando serviço à socie-
construção. O sentido do discurso encontra-se sempre dade, colaborando na educação;
em aberto para a possibilidade de interpretação do seu B) a língua funcional de modalidade popular; lín-
receptor. O efeito do discurso é, claramente, transmitir gua popular ou língua cotidiana, que apresenta
uma mensagem e alcançar um objetivo premeditado gradações as mais diversas, tem o seu limite na gí-
através da interpretação e interpelação do indivíduo alvo. ria e no calão.

98
1.3. Norma culta transgressões da norma culta na pena ou na boca de
jornalistas, quando no exercício do trabalho, que deve
A norma culta, forma linguística que todo povo ci- refletir serviço à causa do ensino.
vilizado possui, é a que assegura a unidade da língua O momento solene, acessível a poucos, é o da arte
nacional. E justamente em nome dessa unidade, tão im- poética, caracterizado por construções de rara beleza.
portante do ponto de vista político--cultural, que é ensi- Vale lembrar, finalmente, que a língua é um cos-
nada nas escolas e difundida nas gramáticas. Sendo mais tume. Como tal, qualquer transgressão, ou chamado
espontânea e criativa, a língua popular afigura-se mais erro, deixa de sê-lo no exato instante em que a maioria
expressiva e dinâmica. Temos, assim, à guisa de exem- absoluta o comete, passando, assim, a constituir fato
plificação: linguístico registro de linguagem definitivamente con-
Estou preocupado. (norma culta) sagrado pelo uso, ainda que não tenha amparo grama-
Tô preocupado. (língua popular) tical. Exemplos:
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular) Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)
Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir)
Não basta conhecer apenas uma modalidade de Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos va-
língua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a mos dispersar e Não vamos dispersar-nos)
espontaneidade, expressividade e enorme criatividade, Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho
para viver; urge conhecer a língua culta para conviver. de sair daqui bem depressa)
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está
normas da língua culta. no seu posto)
As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos
1.4. O conceito de erro em língua impedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são
exemplos também de transgressões ou “erros” que se
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos tornaram fatos linguísticos, já que só correm hoje por-
casos de ortografia. O que normalmente se comete são
que a maioria viu tais verbos como derivados de pe-
transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num
dir, que tem início, na sua conjugação, com peço. Tanto
momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele
bastou para se arcaizarem as formas então legítimas
falar”, não comete propriamente erro; na verdade, trans-
impido, despido e desimpido, que hoje nenhuma pessoa
gride a norma culta.
bem-escolarizada tem coragem de usar.
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua
Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulá-
fala, transgride tanto quanto um indivíduo que compare-
rio escolar palavras como corrigir e correto, quando nos
ce a um banquete trajando xortes ou quanto um banhis-
referimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expres-
ta, numa praia, vestido de fraque e cartola.
Releva considerar, assim, o momento do discurso, que são que deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta
pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é estas frases da língua popular para a língua culta”.
o das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a
amigos, parentes, namorados, etc., portanto, são consi- uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada
deradas perfeitamente normais construções do tipo: conforme as normas gramaticais; em suma, conforme
Eu não vi ela hoje. a norma culta.
Ninguém deixou ele falar.
Deixe eu ver isso! 1.5. Língua escrita e língua falada - Nível de lin-
Eu te amo, sim, mas não abuse! guagem
Não assisti o filme nem vou assisti-lo.
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo. A língua escrita, estática, mais elaborada e menos
econômica, não dispõe dos recursos próprios da língua
Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a falada.
norma culta, deixando mais livres os interlocutores. A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoa-
O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que ção (melodia da frase), as pausas (intervalos significati-
é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se vos no decorrer do discurso), além da possibilidade de
por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou gestos, olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a
seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções modalidade mais expressiva, mais criativa, mais espon-
se alteram: tânea e natural, estando, por isso mesmo, mais sujeita
Eu não a vi hoje. a transformações e a evoluções.
Ninguém o deixou falar. Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em impor-
LÍNGUA PORTUGUESA

Deixe-me ver isso! tância. Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar


Eu te amo, sim, mas não abuses! a língua falada com base na língua escrita, considerada
Não assisti ao filme nem vou assistir a ele. superior. Decorrem daí as correções, as retificações, as
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe. emendas, a que os professores sempre estão atentos.
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades,
Considera-se momento neutro o utilizado nos veí- mostrando as características e as vantagens de uma e
culos de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, outra, sem deixar transparecer nenhum caráter de su-
revista, etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou perioridade ou inferioridade, que em verdade inexiste.

99
Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na conta esse dado implícito. Como se vê, há mais significa-
língua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação dos num texto do que aqueles que aparecem explícitos
de línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de na sua superfície. Leitura proficiente é aquela capaz de
dialetos, consequência natural do enorme distanciamen- depreender tanto um tipo de significado quanto o outro,
to entre uma modalidade e outra. o que, em outras palavras, significa ler nas entrelinhas.
A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-ela- Sem essa habilidade, o leitor passará por cima de signifi-
borada que a língua falada, porque é a modalidade que cados importantes ou, o que é bem pior, concordará com
mantém a unidade linguística de um povo, além de ser ideias e pontos de vista que rejeitaria se os percebesse.
a que faz o pensamento atravessar o espaço e o tem- Os significados implícitos costumam ser classificados
po. Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será em duas categorias: os pressupostos e os subentendidos.
possível sem a língua escrita, cujas transformações, por Pressupostos: são ideias implícitas que estão implica-
isso mesmo, processam-se lentamente e em número das logicamente no sentido de certas palavras ou expres-
consideravelmente menor, quando cotejada com a mo- sões explicitadas na superfície da frase. Exemplo:
dalidade falada.
Importante é fazer o educando perceber que o nível “André tornou-se um antitabagista convicto.”
da linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo A informação explícita é que hoje André é um anti-
com a situação em que se desenvolve o discurso. tabagista convicto. Do sentido do verbo tornar-se, que
O ambiente sociocultural determina o nível da lingua- significa “vir a ser”, decorre logicamente que antes An-
gem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pronún- dré não era antitabagista convicto. Essa informação está
cia e até a entoação variam segundo esse nível. Um pa- pressuposta. Ninguém se torna algo que já era antes. Se-
dre não fala com uma criança como se estivesse em uma ria muito estranho dizer que a palmeira tornou-se um
missa, assim como uma criança não fala como um adulto. vegetal.
Um engenheiro não usará um mesmo discurso, ou um
mesmo nível de fala, para colegas e para pedreiros, assim “Eu ainda não conheço a Europa.”
como nenhum professor utiliza o mesmo nível de fala no A informação explícita é que o enunciador não tem
recesso do lar e na sala de aula. conhecimento do continente europeu. O advérbio ainda
Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre deixa pressuposta a possibilidade de ele um dia conhe-
esses níveis, destacam-se em importância o culto e o co- cê-la.
tidiano, a que já fizemos referência. As informações explícitas podem ser questionadas
pelo receptor, que pode ou não concordar com elas. Os
pressupostos, porém, devem ser verdadeiros ou, pelo
PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS. menos, admitidos como tais, porque esta é uma condi-
ção para garantir a continuidade do diálogo e também
Texto: para fornecer fundamento às afirmações explícitas. Isso
“Neto ainda está longe de se igualar a qualquer um significa que, se o pressuposto é falso, a informação ex-
desses craques (Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e plícita não tem cabimento. Assim, por exemplo, se Ma-
Pelé), mas ainda tem um longo caminho a trilhar (...).” ria não falta nunca a aula nenhuma, não tem o menor
Veja São Paulo, 26/12/1990, p. 15. sentido dizer “Até Maria compareceu à aula de hoje”. Até
estabelece o pressuposto da inclusão de um elemento
Esse texto diz explicitamente que: inesperado.
I – Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé são Na leitura, é muito importante detectar os pressupos-
craques; tos, pois eles são um recurso argumentativo que visa a
II – Neto não tem o mesmo nível desses craques; levar o receptor a aceitar a orientação argumentativa do
III – Neto tem muito tempo de carreira pela frente. emissor. Ao introduzir uma ideia sob a forma de pressu-
posto, o enunciador pretende transformar seu interlocu-
O texto deixa implícito que: tor em cúmplice, pois a ideia implícita não é posta em dis-
I – Existe a possibilidade de Neto um dia aproximar-se cussão, e todos os argumentos explícitos só contribuem
dos craques citados; para confirmá-la. O pressuposto aprisiona o receptor no
II – Esses craques são referência de alto nível em sua sistema de pensamento montado pelo enunciador.
especialidade esportiva; A demonstração disso pode ser feita com as “verda-
III – Há uma oposição entre Neto e esses craques no des incontestáveis” que estão na base de muitos discur-
que diz respeito ao tempo disponível para evoluir. sos políticos, como o que segue:

Todos os textos transmitem explicitamente certas in- “Quando o curso do rio São Francisco for mudado, será
LÍNGUA PORTUGUESA

formações, enquanto deixam outras implícitas. Por exem- resolvido o problema da seca no Nordeste.”
plo, o texto acima não explicita que existe a possibilidade O enunciador estabelece o pressuposto de que é cer-
de Neto se equiparar aos quatro futebolistas, mas a inclu- ta a mudança do curso do São Francisco e, por conse-
são do advérbio ainda estabelece esse implícito. Não diz quência, a solução do problema da seca no Nordeste. O
também com explicitude que há oposição entre Neto e diálogo não teria continuidade se um interlocutor não
os outros jogadores, sob o ponto de vista de contar com admitisse ou colocasse sob suspeita essa certeza. Em ou-
tempo para evoluir. A escolha do conector “mas” entre tros termos, haveria quebra da continuidade do diálogo
a segunda e a primeira oração só é possível levando em se alguém interviesse com uma pergunta deste tipo:

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“Mas quem disse que é certa a mudança do curso do rio?” II – Os brasileiros que não se importam com a coleti-
A aceitação do pressuposto estabelecido pelo emis- vidade só se preocupam com seu bem-estar e, por isso,
sor permite levar adiante o debate; sua negação compro- jogam lixo na rua, fecham os cruzamentos, etc.
mete o diálogo, uma vez que destrói a base sobre a qual Nesse caso, o pressuposto é outro: “alguns” brasilei-
se constrói a argumentação, e daí nenhum argumento ros não se importam com a coletividade.
tem mais importância ou razão de ser. Com pressupostos No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo,
distintos, o diálogo não é possível ou não tem sentido. é restritiva. As explicativas pressupõem que o que elas
A mesma pergunta, feita para pessoas diferentes, expressam se refere à totalidade dos elementos de um
pode ser embaraçosa ou não, dependendo do que está conjunto; as restritivas, que o que elas dizem concerne
pressuposto em cada situação. Para alguém que não faz apenas a parte dos elementos de um conjunto. O produ-
segredo sobre a mudança de emprego, não causa o me- tor do texto escreverá uma restritiva ou uma explicativa
nor embaraço uma pergunta como esta: segundo o pressuposto que quiser comunicar.
Subentendidos: são insinuações contidas em uma fra-
“Como vai você no seu novo emprego?” se ou um grupo de frases. Suponhamos que uma pessoa
O efeito da mesma pergunta seria catastrófico se estivesse em visita à casa de outra num dia de frio glacial
ela se dirigisse a uma pessoa que conseguiu um se- e que uma janela, por onde entravam rajadas de vento,
gundo emprego e quer manter sigilo até decidir se estivesse aberta. Se o visitante dissesse “Que frio terrí-
abandona o anterior. O adjetivo novo estabelece o vel”, poderia estar insinuando que a janela deveria ser
pressuposto de que o interrogado tem um emprego fechada.
diferente do anterior. Há uma diferença capital entre o pressuposto e o su-
bentendido. O primeiro é uma informação estabelecida
Marcadores de Pressupostos como indiscutível tanto para o emissor quanto para o
receptor, uma vez que decorre necessariamente do senti-
1. Adjetivos ou palavras similares modificadoras do de algum elemento linguístico colocado na frase. Ele
do substantivo pode ser negado, mas o emissor coloca o implicitamente
para que não o seja. Já o subentendido é de responsa-
Exemplo: bilidade do receptor. O emissor pode esconder-se atrás
I – Julinha foi minha primeira filha; do sentido literal das palavras e negar que tenha dito
o que o receptor depreendeu de suas palavras. Assim,
“Primeira” pressupõe que tenho outras filhas e que as
no exemplo dado acima, se o dono da casa disser que é
outras nasceram depois de Julinha.
muito pouco higiênico fechar todas as janelas, o visitante
II – Destruíram a outra igreja do povoado.
pode dizer que também acha e que apenas constatou a
“Outra” pressupõe a existência de pelo menos uma
intensidade do frio.
igreja além da usada como referência.
O subentendido serve, muitas vezes, para o emissor
se proteger, para transmitir a informação que deseja dar
2. Certos verbos
a conhecer sem se comprometer. Imaginemos, por exem-
I – Renato continua doente;
plo, que um funcionário recém promovido numa empre-
O verbo “continua” indica que Renato já estava doen- sa ouvisse de um colega o seguinte:
te no momento anterior ao presente. “Competência e mérito continuam não valendo nada
II – Nossos dicionários já aportuguesaram a palavra como critério de promoção nesta empresa...”
copydesk;
O verbo “aportuguesar” estabelece o pressuposto de Esse comentário talvez suscitasse esta suspeita:
que copidesque não existia em português. “Você está querendo dizer que eu não merecia a pro-
moção?”
3. Certos advérbios
I – A produção automobilística brasileira está total- Ora, o funcionário preterido, tendo recorrido a um su-
mente nas mãos das multinacionais; bentendido, poderia responder:
O advérbio totalmente pressupõe que não há no Bra- “Absolutamente! Estou falando em termos gerais.”
sil indústria automobilística nacional.
II – Você conferiu o resultado da loteria?
Hoje não.
A negação precedida de um advérbio de tempo de
âmbito limitado estabelece o pressuposto de que apenas
nesse intervalo (hoje) é que o interrogado não praticou o
LÍNGUA PORTUGUESA

ato de conferir o resultado da loteria.

4. Orações adjetivas
I – Os brasileiros, que não se importam com a coleti-
vidade, só se preocupam com seu bem-estar e, por isso,
jogam lixo na rua, fecham os cruzamentos, etc.
O pressuposto é que “todos” os brasileiros não se im-
portam com a coletividade.

101
3. (PREFEITURA DE PAULÍNIA-SP – AGENTE DE FISCA-
LIZAÇÃO – FGV-2016)
HORA DE PRATICAR!
Descaso com saneamento deixa rios em estado de
1. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍVEL SUPERIOR alerta
– CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE-2014-ADAP-
TADA) A crise hídrica transformou a paisagem urbana em muitas
cidades paulistas. Casas passaram a contar com cisternas
A busca de uma convenção para medir riquezas e trocar e caixas-d’água azuis se multiplicaram por telhados, la-
mercadorias é quase tão antiga quanto a vida em so- jes e até em garagens. Em regiões mais nobres, jardins e
ciedade. Ao longo da história, os mais diversos artigos portarias de prédios ganharam placas que alertam sobre
foram usados com essa finalidade, como o chocolate, a utilização de água de reúso. As pessoas mudaram seu
entre os astecas, e o bacalhau seco, entre os noruegue- comportamento, economizaram e cobraram soluções.
ses, tendo cabido aos gregos do século VII a.C. a criação As discussões sobre a gestão da água, nos mais diversos
de uma moeda metálica com um valor padronizado pelo aspectos, saíram dos setores tradicionais e técnicos e ga-
Estado. “Foi uma invenção revolucionária. Ela facilitou o nharam espaço no cotidiano. Porém, vieram as chuvas,
acesso das camadas mais pobres às riquezas, o acúmulo as enchentes e os rios urbanos voltaram a ficar tomados
de dinheiro e a coleta de impostos – coisas muito difíceis por lixo, mascarando, de certa forma, o enorme volume
de fazer quando os valores eram contados em bois ou de esgoto que muitos desses corpos de água recebem
imóveis”, afirma a arqueóloga Maria Beatriz Florenzano, diariamente.
da Universidade de São Paulo. A segunda grande revo- É como se não precisássemos de cada gota de água des-
lução na história do dinheiro, o papel-moeda, teve uma ses rios urbanos e como se a água limpa que consumi-
origem mais confusa. Existiam cédulas na China do ano mos em nossas casas, em um passe de mágica, voltasse
960, mas elas não se espalharam para outros lugares e a existir em tamanha abundância, nos proporcionando o
caíram em desuso no fim do século XIV. luxo de continuar a poluir centenas de córregos e milha-
As notas só apareceram na Europa – e daí para o mundo res de riachos nas nossas cidades. Para completar, todo
– em 1661, na Suécia. Há quem acredite que cartões de esse descaso decorrente da falta de saneamento se re-
crédito e caixas eletrônicos em rede já representam uma verte em contaminação e em graves doenças de veicu-
terceira revolução monetária. “Com a informática, o di- lação hídrica.
nheiro se transformou em impulsos eletrônicos invisíveis, Dados do monitoramento da qualidade da água – que
livres do espaço, do tempo e do controle de governos e realizamos em rios, córregos e lagos de onze Estados
corporações”, afirma o antropólogo Jack Weatherford, da brasileiros e do Distrito Federal – revelaram que 36,3%
Faculdade Macalester, nos Estados Unidos da América. dos pontos de coleta analisados apresentam qualidade
Internet: <http://super.abril.com.br> (com adaptações). ruim ou péssima. Apenas 13 pontos foram avaliados com
qualidade de água boa (4,5%) e os outros 59,2% estão
A expressão “essa finalidade” refere-se ao trecho “para em situação regular, o que significa um estado de alerta.
medir riquezas e trocar mercadorias”. Nenhum dos pontos analisados foi avaliado como ótimo.
Divulgamos esse grave retrato no Dia Mundial da Água
( ) CERTO ( ) ERRADO (22 de março), com base nas análises realizadas entre
março de 2015 e fevereiro de 2016, em 289 pontos de
2. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LEGIS- coleta distribuídos em 76 municípios.
LATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Por outro lado, nas (MANTOVANI, Mário; RIBEIRO, Malu. UOL Notícias,
sociedades complexas, a violência deixou de ser uma fer- abril/2016.)
ramenta de sobrevivência e passou a ser um instrumento
da organização da vida comunitária. Ou seja, foi usada “Porém, vieram as chuvas, as enchentes e os rios urbanos
para criar uma desigualdade social sem a qual, acreditam voltaram a ficar tomados por lixo, mascarando, de cer-
alguns teóricos, a sociedade não se desenvolveria nem se ta forma, o enorme volume de esgoto que muitos desses
complexificaria”. A utilização do termo “ou seja” introduz: corpos de água recebem diariamente”. Sobre os compo-
nentes desse segmento do texto, assinale a afirmativa
a) uma informação sobre o significado de um termo an- correta.
teriormente empregado;
b) a explicação de uma expressão de difícil entendimen- a) A forma verbal “vieram” se refere a “chuvas”, “enchen-
to; tes” e “rios”.
c) uma outra maneira de dizer-se rigorosamente a mes- b) O adjetivo “enorme” indica uma quantidade específica.
LÍNGUA PORTUGUESA

ma coisa; c) O termo “corpos de água” se refere a chuvas e enchen-


d) acréscimo de um esclarecimento sobre o que foi dito tes.
antes; d) A expressão “de certa forma” indica uma quantidade
e) a ênfase de algo que parece importante para o texto. aproximada.
e) O particípio “tomados” se refere exclusivamente a
“rios”.

102
4. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2014) Isso é feito especialmente por meio de simulações de
Os produtos ecológicos estão dominando as prateleiras guerra muito realistas, ________ o inimigo se parece com
do comércio. Mesmo com tantas opções, ainda há resis- um iraquiano.
tência na hora da compra. Isso acontece porque o custo (Geo, N.º 40, 2012)
de tais itens é sempre mais elevado, em comparação com
o das mercadorias tradicionais. Com os temas ambien- Em conformidade com a norma-padrão da língua portu-
tais cada vez mais em pauta, é normal que a consciência guesa, a lacuna na última frase do texto deve ser preen-
ecológica tenha aumentado entre os brasileiros. Se por chida com:
um lado o consumidor deseja investir em produtos me-
nos agressivos ao meio ambiente, por outro ele não está a) nas quais.
disposto a pagar mais de cinco por cento acima do valor b) aonde.
normal. É o que mostra uma pesquisa realizada pela Pro- c) para a qual.
teste – Associação de Consumidores. A análise foi feita a d) que.
partir de um levantamento realizado em 2012. De acordo e) cujo.
com a Proteste, quase metade dos entrevistados afirma-
6. (ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DO BARRO
ram que deixaram de comprar produtos devido às más
BRANCO-SP - QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS DA
condutas ambientais da companhia. Dos entrevistados,
POLÍCIA MILITAR – 2015)
72% disseram que, na última compra, levaram em consi-
deração o comportamento da empresa, em especial, sua ... folgávamos de imaginar a dor da separação, se houves-
atitude em relação ao meio ambiente. Ainda assim, 60% se separação, a tristeza de um e de outro, à proporção que
afirmam que raramente ou nunca têm informações sobre o mar, como uma toalha elástica, se fosse dilatando entre
o impacto ambiental do produto ou do comportamento nós; e, semelhantes às crianças, que se achegam ao regaço
da empresa. Já 81% das pessoas acreditam que o rótulo das mães, para fugir a uma simples careta, fugíamos do
de sustentabilidade e responsabilidade social é apenas suposto perigo, apertando-nos com abraços.
uma estratégia de marketing das empresas.
(Ciclo vivo, 16.05.2013, http://zip.net/brl0k1. Adaptado) No contexto, os termos se, como e para, em destaque,
estabelecem, respectivamente, relações de
O termo Isso, em destaque no primeiro parágrafo, refe-
re-se ao fato de a) dúvida, qualidade e concessão.
b) dúvida, comparação e negação.
a) o consumidor demonstrar resistência na hora de com- c) condição, comparação e finalidade.
prar produtos ecológicos. d) concessão, intensidade e finalidade.
b) os consumidores ficarem confusos com tantas opções e) condição, qualidade e concessão.
de produtos ecológicos.
c) os produtos ecológicos estarem dominando as prate- 7. (TJ-MG – OFICIAL JUDICIÁRIO – COMISSÁRIO DA
leiras do comércio brasileiro. INFÂNCIA E DA JUVENTUDE – CONSULPLAN-2017)
d) o custo dos produtos ecológicos ser sempre excessiva-
mente elevado no Brasil. Mulheres e poder contra o culto da ignorância ma-
e) a oferta de produtos ecológicos ser maior em compa- chista
ração com a de mercadorias tradicionais.
A representação das mulheres no parlamento brasileiro
5. (PC-SP - PERITO CRIMINAL – VUNESP-2013) é uma questão fundamental em nossa cultura política. A
desproporção é espantosa tendo cerca de 90% dos car-
gos ocupados por homens e apenas cerca de 10% por
Veteranos criminosos
mulheres.
Muitas pessoas se perguntam por que há tão poucas mu-
A Guerra do Vietnã se faz presente até hoje. De acordo lheres ocupando cargos nos espaços de poder em ge-
com uma dissertação de Jason Lindo e Charles Stoecker, ral. No mundo da iniciativa privada os números não são
a violência vivida e praticada pelos soldados dos EUA no diferentes. Mulheres trabalham demais, são maioria em
Vietnã se manifesta até hoje em sua vida civil. A proba- algumas profissões, mas ocupam pouquíssimos cargos
bilidade de um veterano branco ser preso por um crime de poder. Como se fosse um direito natural, o poder é
violento é significativamente mais alta do que para al- reservado aos homens em todos os níveis enquanto as
guém que não tenha sido convocado naquele período mulheres sofrem sob estereótipos e idealizações também
– apesar de os tribunais serem mais lenientes com ve- naturalizados.
LÍNGUA PORTUGUESA

teranos em transgressões menos graves do que com os O ato de naturalizar corresponde a um procedimento
não combatentes. moral e cognitivo que se torna hábito. Por meio dele,
Os autores do texto presumem que o trauma de guerra passamos a acreditar que as coisas são como são e não
não modifica tanto a personalidade, mas diminui o limiar poderiam ser de outro modo. Nem poderiam ser ques-
do senso de violência dos ex-soldados. Desde os anos tionadas.
1960, o Exército dos Estados Unidos vem promovendo Mesmo assim, há questões básicas relativas ao que cha-
o “Programa de Dessentivização” – um esforço para au- mamos de sociedade patriarcal às quais ninguém pode
mentar o limite do que é suportável para os ex-soldados. se furtar. Nessa mesma sociedade em que o poder con-

103
cerne aos homens, não podemos dizer que às mulhe- 9. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018)
res foi reservada a violência? Alguém terá coragem de
dizer que isso é natural sem ferir princípios morais que
sustentam a sociedade como um todo? Sabemos que a
violência contra as mulheres é uma constante cultural. Ela
é física e simbólica, psíquica e econômica e se aprovei-
ta da naturalização da suposta fragilidade das mulheres
construída por séculos de discursos e práticas misóginas.
Misoginia é o ódio contra as mulheres apenas porque
são mulheres. [...]
Na ausência de questionamento, o machismo aparece
como culto da ignorância útil na manutenção da domi-
nação que depende do confinamento das mulheres na
esfera da vida doméstica para que se mantenham longe
do poder. O machismo se mostra como o que há de mais
arcaico em termos de ética e política. O machismo é uma O humor da tira é trazido pela frase do menino, que mar-
forma de autoritarismo que volta à cena em nossa época. ca a influência da internet, mas a charge tem uma incoe-
Enquanto isso, a violência doméstica simplesmente cres- rência, que é:
ce e as mulheres continuam afastadas do poder. Mas por
quanto tempo? a) o menino mostra uma idade que ainda não permite o
Ao longo da história, a consciência da condição das controle da internet;
mulheres entre a violência e o poder teve um de seus b) os pais mostram uma completa distância do universo
momentos mais importantes na conquista do voto pelas dos internautas;
sufragistas. Hoje, o direito à candidatura e à eleição, o c) a absoluta falta de autoridade dos pais diante de um
direito a ser votada, nos mostra um outro mundo pos- menino tão jovem;
sível. [...] d) na fala do menino não haveria sinais da presença da
Marcia Tiburi, 5 de abril de 2017 Disponível em: <ht- internet;
tps://revistacult.uol.com.br/home/mulheres-e-poder- e) as palavras do menino contrariarem a observação dos
contra-o-culto-da-ignorancia-machista> (adaptado) pais.

A sequência semântica argumentativa é iniciada no 4.º 10. (TRE-BA – CONHECIMENTOS GERAIS PARA TO-
parágrafo por “Mesmo assim” cuja significação no con- DOS OS CARGOS DE NÍVEL MÉDIO – CESPE-2017-A-
texto permite afirmar que DAPTADA)

a) mantém-se a direção do significado expresso pela in- Texto CG2A2AAA


formação anterior.
b) tal expressão pode ser substituída por “então”, conec- Em sua definição, o voto em branco é aquele que não
tor de igual valor. se dirige a nenhum candidato entre os que disputam as
eleições. São considerados, portanto, votos estéreis, por-
c) diante da menção de um determinado ponto de vista,
que não produzem frutos. Os votos nulos, por sua vez,
há uma contrariedade.
são aqueles que, somados aos votos em branco, com-
d) por se tratar de um novo parágrafo, não há qualquer
põem a categoria dos votos estéreis, inválidos ou, como
tipo de relação com o anterior.
denominou o Tribunal Superior Eleitoral, votos apolíticos.
Logo, os votos em branco e os nulos são votos que, a
8. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS-
princípio, não produzem resultado nem influenciam no
TIÇA AVALIADOR – FGV-2018) “A Copa do Mundo da
resultado do pleito.
Rússia só começa no dia 22 de junho, mas a febre dos
Ao comparecer às urnas no dia das eleições, o eleitor
álbuns com os jogadores das seleções já se espalhou e che- que apresentar voto em branco ou nulo pode fazê-lo por
gou até ao plenário de uma assembleia legislativa brasi- diversas razões. Esses motivos podem embasar tanto a
leira”. Nesse segmento inicial há a utilização de uma con- postura dos que votam em branco quanto a dos que vo-
junção adversativa (MAS), que opõe as seguintes ideias: tam nulo, pois o resultado final é o mesmo: invalidar o
voto. Assim sendo, não é razoável diferenciar o voto em
a) apesar de a Copa ser na Rússia, ela já começou em branco do voto nulo. Deve-se considerar a essência do
outros países da Europa; ato, a sua real motivação, que é a invalidação. É evidente
b) apesar de ser um assunto popular, as figurinhas estão
LÍNGUA PORTUGUESA

que não se sabe, ao certo, a razão que motiva cada elei-


em várias assembleias legislativas; tor a votar em branco ou nulo; entretanto, em ambos os
c) apesar de ser uma competição mundial, o tema passou casos, não há dúvida quanto à invalidade do voto por
a ser uma febre no país sede da Copa; ele dado.
d) apesar de não ser um assunto “sério”, a Copa do Mun- Renata Dias. Os votos brancos e nulos no estado demo-
do é tema discutido em várias assembleias legislativas; crático de direito: a legitimidade das eleições majoritárias
e) apesar de a Copa só começar futuramente, ela já co- no Brasil. In: Estudos eleitorais, v. 8, n.º 1, jan./abr. 2013, p.
meçou em uma assembleia legislativa brasileira. 36-8 (com adaptações).

104
No segundo parágrafo do texto CG2A2AAA, a forma ver- 12. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) O
bal “fazê-lo” remete a período abaixo em que os dois termos sublinhados NÃO
podem trocar de posição é:
a) “o resultado final”
b) “embasar tanto a postura dos que votam em branco a) A arte é a mais bela das mentiras;
quanto a dos que votam nulo” b) O importante na obra de arte é o espanto;
c) “voto em branco ou nulo” c) A forma segue a emoção;
d) “apresentar voto em branco ou nulo” d) A obra de arte: uma interrupção do tempo;
e) “comparecer às urnas no dia das eleições” e) Na arte não existe passado nem futuro.

11. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL 13. (MPU – TÉCNICO – SEGURANÇA INSTITUCIONAL
I – CESGRANRIO-2018) E TRANSPORTE – CESPE-2015)

Na internet, mentiras têm pernas longas TEXTO II

Diz o velho ditado que “a mentira tem pernas curtas”, A partir de uma ação do Ministério Público Federal
mas nestes tempos de internet parece que a situação se (MPF), o Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF2)
inverteu, pelo menos no mundo digital. Pesquisadores determinou que a Google Brasil retirasse, em até 72 ho-
mostram que rumores falsos “viajam” mais rápido e mais ras, 15 vídeos do YouTube que disseminam o preconcei-
“longe”, com mais compartilhamentos e alcançando um to, a intolerância e a discriminação a religiões de matriz
maior número de pessoas, nas redes sociais, do que in- africana, e fixou multa diária de R$ 50.000,00 em caso de
formações verdadeiras. descumprimento da ordem judicial. Na ação civil pública,
Foram reunidos todos os rumores nas redes sociais - fal- a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC/
sos, verdadeiros ou “mistos”. Esses rumores foram acom- RJ) alegou que a Constituição garante aos cidadãos não
apenas a obrigação do Estado em respeitar as liberdades,
panhados, chegando a um total de mais de 4,5 milhões
mas também a obrigação de zelar para que elas sejam
de postagens feitas por cerca de 3 milhões de pessoas,
respeitadas pelas pessoas em suas relações recíprocas.
formando “cascatas” de compartilhamento.
Para a PRDC/RJ, somente a imediata exclusão dos vídeos
Ao compararem os padrões de compartilhamento des-
da Internet restauraria a dignidade de tratamento, que,
sas milhares de “cascatas”, os pesquisadores observaram
nesse caso, foi negada às religiões de matrizes africanas.
que os rumores “falsos” se espalharam com mais rapidez,
Corroborando a visão do MPF, o TRF2 entendeu que a
aumentando o número de “degraus” da cascata - e com
veiculação de vídeos potencialmente ofensivos e fomen-
maior abrangência do que os considerados verdadeiros. tadores do ódio, da discriminação e da intolerância con-
A tendência também se manteve, independentemente tra religiões de matrizes africanas não corresponde ao
do tema geral que os rumores abordassem, mas foi mais legítimo exercício do direito à liberdade de expressão. O
forte quando versavam sobre política do que os demais, tribunal considerou que a liberdade de expressão não se
na ordem de frequência: lendas urbanas; negócios; terro- pode traduzir em desrespeito às diferentes manifesta-
rismo e guerras; ciência e tecnologia; entretenimento; e ções dessa mesma liberdade, pois ela encontra limites no
desastres naturais. próprio exercício de outros direitos fundamentais.
Uma surpresa provocada pelo estudo revelou o perfil de Internet: <http://ibde.org.br> (com adaptações).
quem mais compartilha rumores falsos: usuários com
poucos seguidores e novatos nas redes. No trecho “adulterar ou destruir dados”, a palavra “adul-
— Vivemos inundados por notícias e muitas vezes as terar” está sendo empregada com o sentido de alterar
pessoas não têm tempo nem condições para verificar prejudicando.
se elas são verdadeiras — afirma um dos pesquisado-
res. Isso não quer dizer que as pessoas são estúpidas. As ( ) CERTO ( ) ERRADO
redes sociais colocam todas as informações no mesmo
nível, o que torna difícil diferenciar o verdadeiro do falso, 14. (ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DO BARRO
uma fonte confiável de uma não confiável. BRANCO-SP – TECNÓLOGO DE ADMINISTRAÇÃO PO-
BAIMA, Cesar. Na internet, mentiras têm pernas longas. LICIAL MILITAR – VUNESP-2010) Analise a charge.
O Globo. Sociedade. 09 mar. 2018. Adaptado.

No trecho “independentemente do tema geral que os ru-


mores abordassem”, a palavra que pode substituir rumo-
res, por ter sentido equivalente, é:
LÍNGUA PORTUGUESA

a) assuntos
b) boatos
c) debates
d) diálogos
e) temas

(www.arionaurocartuns.com.br)

105
A palavra só, presente na fala do personagem, tem o 17. (TRE-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI-
mesmo sentido em: NISTRATIVA – FCC-2017-ADAPTADA) O Centro de Me-
mória Eleitoral do TRE-SP foi criado em agosto de 1999
a) Só vence quem concorre. e tem por objetivo a execução de ações... O segmento
b) Mariana veio só, infelizmente. sublinhado estará corretamente substituído, com o sen-
c) Pedro estava só, quando cheguei. tido preservado, por:
d) A mulher, por estar só, sentiu-se amedrontada.
e) O marujo, só, resolveu passear pela praia. a) visa à
b) propõe-se da
15. (CONCURSO INTERNO DE SELEÇÃO PARA O CURSO c) promove à
DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS PM/2014) Leia a tira. d) reivindica à
e) promulga a

18. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018)

TEXTO - Ressentimento e Covardia

Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os


usos da internet, que se ressente ainda da falta de uma
legislação específica que coíba não somente os usos mas
os abusos deste importante e eficaz veículo de comu-
nicação. A maioria dos abusos, se praticados em outros
meios, seriam crimes já especificados em lei, como a da
imprensa, que pune injúrias, difamações e calúnias, bem
como a violação dos direitos autorais, os plágios e outros
recursos de apropriação indébita.
No fundo, é um problema técnico que os avanços da in-
formática mais cedo ou mais tarde colocarão à disposi-
(Folha de S.Paulo, 13.09.2013) ção dos usuários e das autoridades. Como digo repetidas
vezes, me valendo do óbvio, a comunicação virtual está
No plano da linguagem verbal, o efeito de humor da em sua pré-história.
charge decorre do emprego com duplo sentido da pa- Atualmente, apesar dos abusos e crimes cometidos na
lavra internet, no que diz respeito aos cronistas, articulistas e
escritores em geral, os mais comuns são os textos atribuí-
a) Amor. dos ou deformados que circulam por aí e que não podem
b) você. ser desmentidos ou esclarecidos caso por caso. Um jor-
c) parar. nal ou revista é processado se publicar sem autorização
d) impulso. do autor um texto qualquer, ainda que em citação longa
e sem aspas. Em caso de injúria, calúnia ou difamação,
16. (TJ-PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FUNÇÃO JUDI- também. E em caso de falsear a verdade propositada-
CIÁRIA – IBFC-2017) mente, é obrigado pela justiça a desmentir e dar espaço
ao contraditório.
Nada disso, por ora, acontece na internet. Prevalece a lei
do cão em nome da liberdade de expressão, que é mais
expressão de ressentidos e covardes do que de liberda-
de, da verdadeira liberdade.
(Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo, 16/05/2006 –
adaptado)

A internet tem produzido uma série de neologismos se-


mânticos, ou seja, vocábulos antigos a que foram acopla-
dos sentidos novos; NÃO está nesse caso:
O humor do texto orienta-se pela relação entre os ele-
mentos verbais e não-verbais. Quanto aos primeiros, a) sítio;
LÍNGUA PORTUGUESA

destaca-se a ambiguidade, ou seja, a possibilidade de b) navegar;


mais de uma interpretação do seguinte termo: c) deletar;
d) arquivo;
a) “claro”. e) provedor.
b) “chefe”.
c) “fiz”.
d) “retirada”.
e) “sustentável”.

106
19. (CAMAR - CURSO DE ADAPTAÇÃO DE MÉDICOS O texto 1, do Estado de São Paulo, mostra um conjunto
DA AERONÁUTICA PARA O ANO DE 2016) De acordo de adjetivos sublinhados que poderiam ser substituídos
com seu significado, o conjunto de características for- por locuções; a substituição abaixo que está adequada é:
mais e sua posição estrutural no interior da oração, as
palavras podem pertencer à mesma classe de palavras a) independente = com dependência;
ou não. Estabeleça a relação correta entre as colunas a b) pública = de publicidade;
seguir considerando tais aspectos (considere as palavras c) relevante = de relevância;
em destaque). d) sociais = de associados;
e) mobilizador = de motivação.
(1) advérbio
(2) pronome 23. (PC-SP - AUXILIAR DE NECROPSIA – VUNESP-2014)
(3) conjunção Considerando que o adjetivo é uma palavra que modifica
(4) substantivo o substantivo, com ele concordando em gênero e núme-
ro, assinale a alternativa em que a palavra destacada é
( ) “Não há prisão pior [...]” um adjetivo.
( ) “O lugar de estudo era isso.”
( ) “E o olho sem se mexer [...]” a) ... um câncer de boca horroroso, ...
( ) “Ora, se eles enxergavam coisas tão distantes, [...]” b) Ele tem dezesseis anos...
( ) “Emília respondeu com uma pergunta que me espan- c) Eu queria que ele morresse logo, ...
tou.” d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às fa-
mílias.
A sequência está correta em e) E o inferno não atinge só os terminais.

a) 1 – 4 – 2 – 3 – 2 24. (TRE-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI-


NISTRATIVA – AOCP-2015) Assinale a alternativa cujo
b) 2 – 1 – 3 – 3 – 4
“que” em destaque funciona como pronome relativo.
c) 3 – 4 – 1 – 3 – 2
d) 4 – 2 – 4 – 1 – 3
a) “É uma maneira de expressar a vontade que a gente
tem. Acho que um voto pode fazer a diferença”.
20. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015)
b) “Ele diz que vota desde os 18...”.
Assinale a alternativa em que o termo destacado é um
c) “Acho que um voto pode fazer a diferença”.
pronome indefinido.
d) “... e acreditam que um voto consciente agora pode
influenciar futuramente na vida de seus filhos e netos”.
a) “Ele não exige fatos...”. e) “O idoso afirma que sempre incentivou sua família a
b) “Era um ídolo para mim.”. votar”.
c) “Discordo dele.”.
d) “... espécie de carinho consigo mesmo.”. 25. (TRF-1.ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – INFOR-
e) “O bom humor está disponível a todos...”. MÁTICA – FCC- 2014-ADAPTADA) No período O livro
explica os espíritos chamados ‘xapiris’, que os ianomâmis
21. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015) creem serem os únicos capazes de cuidar das pessoas e
Em “Mas o bom humor de ambos os tornava parecidos.”, das coisas, a palavra grifada tem a função de pronome
os termos destacados são, respectivamente, relativo, retomando um termo anterior. Do mesmo modo
como ocorre em:
a) artigo e pronome.
b) artigo e preposição. a) Os ianomâmis acreditam que os xamãs recebem dos
c) preposição e artigo. espíritos chamados “xapiris” a capacidade de cura.
d) pronome e artigo. b) Eu queria escrever para os não indígenas não acharem
e) preposição e pronome. que índio não sabe nada.
c) O branco está preocupado que não chove mais em
22. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO alguns lugares.
– FGV-2017) d) Gravou 15 fitas em que narrou também sua própria
trajetória.
Texto 1 - “A democracia reclama um jornalismo vigoroso e) Não sabia o que me atrapalhava o sono.
e independente. A agenda pública é determinada pela
imprensa tradicional. Não há um único assunto relevan- 26. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO – CESGRAN-
LÍNGUA PORTUGUESA

te que não tenha nascido numa pauta do jornalismo de RIO-2018) De acordo com as exigências da norma-pa-
qualidade. Alguns formadores de opinião utilizam as drão da língua portuguesa, o verbo destacado está cor-
redes sociais para reverberar, multiplicar e cumprem as- retamente empregado em:
sim relevante papel mobilizador. Mas o pontapé inicial é
sempre das empresas de conteúdo independentes”. a) No mundo moderno, conferem-se às grandes metró-
(O Estado de São Paulo, 10/04/2017) poles importante papel no desenvolvimento da eco-
nomia e da geopolítica mundiais, por estarem no topo
da hierarquia urbana.

107
b) Conforme o grau de influência e importância interna- Literário Português. Nos bairros da Cidade Nova, Estácio
cional, classificou-se as 50 maiores cidades em três de Sá, Catumbi e Tijuca, outro ponto de concentração
diferentes classes, a maior parte delas na Europa. da colônia, se localizam outras associações portuguesas,
c) Há quase duzentos anos, atribuem-se às cidades a como a Casa de Portugal e um grande número de casas
responsabilidade de motor propulsor do desenvolvi- regionais. Há, ainda, pequenas concentrações nos bairros
mento e a condição de lugar privilegiado para os ne- periféricos da cidade, como Jacarepaguá, originalmente
gócios e a cultura. formado por quintas de pequenos lavradores; nos subúr-
d) Em centros com grandes aglomerações populacionais, bios, como Méier e Engenho Novo; e nas zonas mais pri-
realiza-se negócios nacionais e internacionais, além vilegiadas, como Botafogo e restante da zona sul carioca,
de um atendimento bastante diversificado, como jor- área nobre da cidade a partir da década de cinquenta,
nais, teatros, cinemas, entre outros. preferida pelos mais abastados.
e) Em todos os estudos geopolíticos, considera-se as ci- PAULO, Heloísa. Portugueses no Rio de Janeiro: sala-
dades globais como verdadeiros polos de influência zaristas e opositores em manifestação na cidade. In:
internacional, devido à presença de sedes de grandes ALVES, Ida et alii. 450 Anos de Portugueses no Rio de
empresas transnacionais e importantes centros de Janeiro. Rio de Janeiro: Ofi cina Raquel, 2017, pp. 260-1.
pesquisas. Adaptado.

27. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL O texto emprega duas vezes o verbo “haver”. Ambos es-
I – CESGRANRIO-2018) A palavra destacada atende às tão na 3.ª pessoa do singular, pois são impessoais. Esse
exigências de concordância da norma-padrão da língua papel gramatical está repetido corretamente em:
portuguesa em:
a) Ninguém disse que os portugueses havia de saírem
a) Atualmente, causa impacto nas eleições de vários paí- da cidade.
ses as notícias falsas. b) Se houvessem mais oportunidades, os imigrantes fi-
b) A recomendação de testar a veracidade das notícias
cariam ricos.
precisam ser seguidas, para não prejudicar as pessoas.
c) Haveriam de haver imigrantes de outras procedências
c) O propósito de conferir grandes volumes de dados re-
na cidade.
sultaram na criação de serviços especializados.
d) Os imigrantes vieram de Lisboa porque lá não haviam
d) Os boatos causam efeito mais forte do que as notícias
empregos.
reais porque vem acompanhados de títulos chamati-
e) Os portugueses gostariam de que houvesse mais ofer-
vos.
tas de trabalho.
e) Os resultados de pesquisas recentes mostram que 67%
das pessoas consultam os jornais diariamente.
29. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR
28. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AM- – CESGRANRIO-2018) A concordância da forma verbal
BIENTE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018) destacada foi realizada de acordo com as exigências da
norma-padrão da língua portuguesa em:
Texto I
a) Com o crescimento da espionagem virtual, é necessá-
Portugueses no Rio de Janeiro rio que se promova novos estudos sobre mecanismos
de proteção mais eficazes.
O Rio de Janeiro é o grande centro da imigração por- b) O rastreamento permanente das invasões cibernéticas
tuguesa até meados dos anos cinquenta do século pas- de grande porte permite que se suspeitem dos hac-
sado, quando chega a ser a “terceira cidade portuguesa kers responsáveis.
do mundo”, possuindo 196 mil portugueses — um déci- c) Para atender às demandas dos usuários de celulares, é
mo de sua população urbana. Ali, os portugueses dedi- preciso que se destinem à pesquisa tecnológica mui-
cam-se ao comércio, sobretudo na área dos comestíveis, tos milhões de dólares.
como os cafés, as panificações, as leitarias, os talhos, d) Para detectar as consequências mais prejudiciais da
além de outros ramos, como os das papelarias e lojas guerra virtual pela informação, necessitam-se de es-
de vestuários. Fora do comércio, podem exercer as mais tudos mais aprofundados.
variadas profissões, como atividades domésticas ou as de e) Se o crescimento das redes sociais assumir uma pro-
barbeiros e alfaiates. Há, de igual forma, entre os mais porção incontrolável, é aconselhável que se estabele-
afortunados, aqueles ligados à indústria, voltados para ça novas restrições de utilização pelos jovens.
construção civil, o mobiliário, a ourivesaria e o fabrico de
LÍNGUA PORTUGUESA

bebidas. 30. (PC-AP – DELEGADO DE POLÍCIA – FCC-2017) As


A sua distribuição pela cidade, apesar da não formação normas de concordância e a adequada articulação entre
de guetos, denota uma tendência para a sua concentra- tempos e modos verbais estão plenamente observadas
ção em determinados bairros, escolhidos, muitas das ve- na frase:
zes, pela proximidade da zona de trabalho. No Centro da
cidade, próximo ao grande comércio, temos um grupo a) É comum que se assinale numa crônica os aspectos do
significativo de patrícios e algumas associações de por- cotidiano que o escritor resolvesse analisar e interpre-
te, como o Real Gabinete Português de Leitura e o Liceu tar, apesar das dificuldades que encerram tal desafio.

108
b) Se às crônicas de Rubem Braga viessem a faltar sua 34. (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR-PI – CURSO DE
marca autoral inconfundível, elas terão deixado de OFICIAIS – ENGENHEIRO CIVIL – NUCEPE-2014) Assi-
constituir textos clássicos desse gênero. nale a alternativa em que as regras da concordância fo-
c) Caso um dia venham a surgir, simultaneamente, talen- ram cumpridas.
tos à altura de um Rubem Braga, esse gênero terá al-
cançado uma relevância jamais vista. a) Se houvessem mais bombeiros, certamente o número
d) Não seria fácil, de fato, que venha a se equilibrar, na de incêndios diminuiria.
cabeça de um jovem cronista de hoje, os valores de b) A maioria dos incêndios é provocada por falta de cui-
sua experiência pessoal com os de sua comunidade. dado das pessoas.
e) Tanto uma padaria como um banheiro poderiam ofe- c) Sem dúvida, no Brasil, falta condições para que os
recer matéria para uma boa crônica, desde que não bombeiros possam trabalhar dignamente.
falte ao cronista recursos de grande imaginação. d) Não existe soluções fáceis para a precariedade das
condições de trabalho dos bombeiros.
31. (PC-BA – DELEGADO DE POLÍCIA – VUNESP-2018) e) Já fazem muitos anos que se sabe das péssimas condi-
A concordância está em conformidade com a norma-pa- ções de trabalho dos bombeiros!
drão na seguinte frase:
35. (TJ-SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
a) São comuns que a adaptação de livros para o cinema NESP-2018) Assinale a alternativa em que, ao contrário
suscitem reações negativas nos fãs do texto escrito. da construção “aquela rapaz”, segue-se a lei fundamental
b) Cabem aos leitores completar, com a imaginação, as da concordância, de acordo com a norma-padrão.
lacunas que fazem parte da estrutura significativa do
texto literário. a) Quando o despacho chegou, a primeira coisa que o
c) Aos esforços envolvidos na leitura soma-se a imagina- advogado fez foi conferir os documentos anexos.
ção, a que a linguagem literária apela constantemente. b) Era um dia ensolarado, e não se sabe como foi atrope-
d) Algumas pessoas mantém o hábito de só assistirem à lado aquela mulher em uma avenida tranquila.
adaptação de uma obra depois de as terem lido, para c) Parece-me que este ano está chovendo muito, mas
não ser influenciadas. ainda assim há menas chuvas do que em anos ante-
e) Há livros que dispõe de uma infinidade de adaptações riores.
para o cinema, as quais tende a compor seu repertório d) As crianças brincavam no jardim, colhendo flores colo-
de leituras. rida e presenteando-se num gesto emocionante.
e) Quando entraram na casa abandonada, uma cobra es-
32. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL tava escondido ali. Assustaram-se, pois era um bicho
– VUNESP-2014) Assinale a alternativa que preenche, perigoso.
correta e respectivamente, as lacunas da frase, de acordo
com a norma-padrão da língua portuguesa. 36. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
_________ situações _________ a batalha contra as doenças
DIO - VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em que
torna-se um fracasso.
a substituição dos trechos destacados na passagem – O
paulistano, contudo, não é de jogar a toalha – prefere es-
a) Existe ... em que
tendê-la e se deitar em cima, caso lhe concedam dois
b) Existem ... em que
metros quadrados de chão. – está de acordo com a nor-
c) Existem ... a qual
ma-padrão de crase, regência e conjugação verbal.
d) Existem ... em cuja
e) Existe ... as quais
a) prefere mais estendê-la do que desistir – põe à dis-
33. (PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA – VU- posição.
NESP-2014) Assinale a alternativa correta quanto à con- b) prefere estendê-la à desistir – ponham a disposição.
cordância. c) prefere estendê-la a desistir – põe a disposição.
d) prefere estendê-la do que desistir – põem a disposi-
a) Como as pessoas não são obrigado a produzir provas ção.
contra si mesmo, aquelas que recusasse os procedi- e) prefere estendê-la a desistir – ponham à disposição.
mentos dificilmente seria condenada.
b) Como as pessoas não são obrigadas a produzir provas 37. (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO - SP – FARMA-
contra si mesmo, aquelas que recusasse os procedi- CÊUTICO - SUPERIOR - VUNESP – 2017 - adaptada)
mentos dificilmente seriam condenadas. Leia as frases.
c) Como as pessoas não é obrigada a produzir provas As previsões alusivas ............. aumento da depressão são
LÍNGUA PORTUGUESA

contra si mesmas, aquelas que recusasse os procedi- alarmantes.


mentos dificilmente seria condenada. Os sentimentos de tédio ou de tristeza são inadequada-
d) Como as pessoas não são obrigadas a produzir provas mente convertidos .......... estados depressivos.
contra si mesmas, aquelas que recusassem os procedi- Qualquer situação que possa ser um obstáculo ............ feli-
mentos dificilmente seriam condenadas. cidade é considerada doença.
e) Como as pessoas não são obrigada a produzir provas Para que haja coerência com a regência nominal estabe-
contra si mesma, aquelas que recusassem os procedi- lecida pela norma-padrão, as lacunas das frases devem
mentos dificilmente seriam condenada. ser preenchidas, respectivamente, por:

109
a) ao … com … na a) A dor que ele se refere é a da traição.
b) ao … em … à b) Ela traiu aquele que merecia seu verdadeiro amor.
c) do … com … na c) Ele tem esperança que seja encontrada solução para
d) com o … em … para seu caso amoroso.
e) com o … para … à d) Muitos casos amorosos o perdão não deve ser nega-
do.
38. (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – e) Algumas pessoas têm convicção que sofrer por amor
2014) Assinale a assertiva cuja regência verbal está cor- é cafonice.
reta:
41. (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL – CADASTRO
a) Ela queria namorar com ele. RESERVA PARA O METRÔ/DF – ADMINISTRADOR -
b) Já assisti a esse filme. IADES/2014 - adaptada) Se, no lugar dos verbos desta-
c) O caminhoneiro dormiu no volante. cados no verso “Escolho os filmes que eu não vejo no ele-
d) Quando eles chegam em Campo Grande? vador”, fossem empregados, respectivamente, Esquecer e
e) A moça que ele gosta é aquela ali. gostar, a nova redação, de acordo com as regras sobre
regência verbal e concordância nominal prescritas pela
39. (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – norma-padrão, deveria ser
2014) A regência nominal está correta em:
a) Esqueço dos filmes que eu não gosto no elevador.
a) É preferível um inimigo declarado do que um amigo b) Esqueço os filmes os quais não gosto no elevador.
falso. c) Esqueço dos filmes aos quais não gosto no elevador.
b) As meninas têm aversão de verduras. d) Esqueço dos filmes dos quais não gosto no elevador.
c) Aquele cachorro é hostil para com desconhecidos. e) Esqueço os filmes dos quais não gosto no elevador.
d) O sentimento de liberdade é inerente do ser humano.
e) Construiremos portos acessíveis de qualquer navio. 42. (PETROBRAS – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA
TODOS OS CARGOS – NÍVEL SUPERIOR – CESGRAN-
40. (INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS RIO/2014 - adaptada) No trecho “podemos utilizar essa
– SECRETÁRIA – VUNESP/2014 - adaptada) Leia mesma abordagem no nosso organismo, sem necessaria-
trechos da letra da música dos compositores José Carlos mente nos limitarmos a meios tradicionais, como edu-
Figueiredo, Antônio Carlos Marques Pinto e José Ubaldo cação e desenvolvimento cultural.”, o verbo limitar, no
Avila para responder à questão. sentido de restringir, exige a presença da preposição “a”.
Essa exigência de preposição também se observa na re-
Você abusou gência da forma verbal destacada em:
Me magoa, maltrata e quer desculpa
Me retruca, me trai e quer perdão a) A eliminação de doenças consideradas incuráveis re-
Me ofende, me fere e não tem culpa presenta a principal meta da tecnologia moderna.
b) A tentativa de criação de seres humanos superdotados
Jesus Cristo, eu não sei quem tem razão. confirma a nova perspectiva da ciência atual.
Esse fogo, essa farsa, essa desgraça c) As pesquisas sobre o futuro da humanidade conduzem
Me corrompe e corrói meu coração a descobertas inimagináveis há poucos anos.
Há momentos que eu paro e acho graça d) Os desafios éticos acompanham a possibilidade de
programar filhos capazes de se tornarem gênios.
Procuro, e não acho a solução. e) Os novos tempos resgatam a crença de que haverá
Você abusou, invenções importantes para prevenir as doenças.

Tirou partido de mim, abusou 43. (PRODAM – AUXILIAR - MOTORISTA – FUN-


Mas não faz mal CAB/2014) Assinale a alternativa em que a frase segue a
É tão normal ter desamor norma culta da língua quanto à regência verbal.
É tão cafona sofrer dor
Que eu já não sei a) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir.
Se é meninice ou cafonice o meu amor. b) Eu esqueci do seu nome.
c) Você assistiu à cena toda?
Que me perdoem, se eu insisto neste tema d) Ele chegou na oficina pela manhã.
e) Sempre obedeço as leis de trânsito.
LÍNGUA PORTUGUESA

Se o quadradismo dos meus versos,


Vai de encontro aos intelectos, 44. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS/
Que não usam o coração, AL – TÉCNICO DE LABORATÓRIO – ANATOMIA E
Como expressão... NECROPSIA – COPEVE/2014) Considere o trecho
Quanto à regência verbal ou nominal, assinale a alternativa sublinhado em: “Apenas trinta e cinco pessoas assistiram
que apresenta uma frase da letra da música, reescrita, de à projeção de dez filmes de dois minutos de duração cada
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. um, no dia 28/12/1895” (História Viva, janeiro/2005).

110
Nas reescritas abaixo, em qual alternativa ocorreu danos Um neurocientista de uma equipe que pesquisa esse as-
à norma culta? sunto afirma que se busca reforçar a ideia de que a me-
mória não pode ser considerada um papel carbono, ou
a) compareceram a projeção de dez filmes. seja, de que ela não reproduz fielmente um acontecimen-
b) viram a projeção de dez filmes. to. “Nossa esperança é que, ao propor uma explicação
c) assistiram aos dez filmes. neural para o processo de geração das falsas memórias,
d) foram assistir à projeção de dez filmes. haja aplicações práticas nas cortes de justiça, por exem-
e) presenciaram a projeção de dez filmes. plo”, diz o cientista. “Jurados e magistrados precisam de
evidências de que, por mais real que aparente ser, um
45. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AM- fato recordado por uma testemunha pode não ser verda-
BIENTE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018) De acordo com deiro. A memória humana não é como uma memória de
as normas da linguagem padrão, a colocação pronominal computador, não está certa o tempo todo.”
está INCORRETA em: O neurocientista relatou que quase três quartos dos pri-
meiros 250 americanos que tiveram suas condenações
a) Virgínia encontrava-se acamada há semanas. penais anuladas graças ao exame de DNA haviam sido
b) A ferida não se curava com os remédios. vítimas de falso testemunho ocular. Um psicólogo entre-
c) A benzedeira usava uma peruca que não favorecia-a. vistado afirmou que, dependendo de como se conduz
d) Imediatamente lhe deram uma caneta-tinteiro verme- uma acareação, ela pode confundir a pessoa interrogada.
lha. Correio Braziliense, 26/7/2013 (com adaptações).
e) Enquanto se rezavam Ave-Marias, a ferida era circun-
dada. O trecho “a memória não pode ser considerada um papel
carbono” poderia ser corretamente reescrita da seguinte
46. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) A forma: não pode-se considerá-la papel carbono.
frase em que se deveria usar a forma EU em lugar de
MIM é: ( ) CERTO ( ) ERRADO

a) Um desejo de minha avó fez de mim um artista; 49. (PC-MS – DELEGADO DE POLÍCIA – FAPEMS-2017)
b) Há muitas diferenças entre mim e a minha futura mu- De acordo com os padrões da língua portuguesa, assina-
lher; le a alternativa correta.
c) Para mim, ver filmes antigos é a maior diversão;
d) Entre mim viajar ou descansar, prefiro o descanso; a) A frase: “Ela lhe ama” está correta visto que “amar”
e) Separamo-nos, mas sempre de mim se lembra. se classifica como verbo transitivo direto, pois quem
ama, ama alguém.
47. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LE- b) Em: “Sou te fiel”, o pronome oblíquo átono desem-
GISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018-ADAPTADA) O penha função sintática de complemento nominal por
segmento em que a substituição do termo sublinhado complementar o sentido de adjetivos, advérbios ou
por um pronome pessoal foi feita de forma adequada é: substantivos abstratos, além de constituir emprego de
ênclise.
a) “deixou de ser uma ferramenta de sobrevivência” / dei- c) No exemplo: “Demos a ele todas as oportunidades”, o
xou de ser-lhe; termo em destaque pode ser substituído por “Demo
lhes” todas as oportunidades”, tendo em vista o em-
b) “podemos definir violência” / podemos defini-la;
prego do pronome oblíquo como complemento do
c) “Hoje, esse termo denota, além de agressão física, di-
verbo.
versos tipos de imposição” / denota-los;
d) Em: “Não me ..incomodo com esse tipo de barulho”,
d) “Consideremos o surgimento das desigualdades” /
te.mos.um clássico emprego de mesóclise.
consideremos-lo;
e) Na frase: “Alunos, aquietem-se! “, o termo destacado
e) “ao nos referirmos à violência” / ao nos referirmo-la.
exemplifica o uso de próclise.
48. (MPU – Conhecimentos Básicos para os Cargos de
50. (PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA – VU-
11 a 26 – CESPE-2013) NESP-2014)
Recordar algo nunca ocorrido é comum e pode aconte-
cer com pessoas de qualquer idade. Muitos indivíduos Compras de Natal
sequer percebem que determinadas lembranças foram
criadas, pois as cenas e até os sons evocados pelo cé-
LÍNGUA PORTUGUESA

A cidade deseja ser diferente, escapar às suas fatalidades.


rebro surgem com a mesma nitidez e o mesmo grau de __________ de brilhos e cores; sinos que não tocam, balões
detalhamento das memórias reais. que não sobem, anjos e santos que não __________ , estre-
De acordo com alguns neurocientistas, quando a pessoa las que jamais estiveram no céu.
se recorda de uma sequência de eventos, o cérebro re- As lojas querem ser diferentes, fugir à realidade do ano
constrói o passado juntando os “tijolos” de dados, mas inteiro: enfeitam-se com fitas e flores, neve de algodão
somente o ato de acessar as lembranças já modifica e de vidro, fios de ouro e prata, cetins, luzes, todas as coi-
distorce a realidade. sas que possam representar beleza e excelência.

111
Tudo isso para celebrar um Meninozinho envolto em po- 54. (TRE-PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI-
bres panos, deitado numas palhas, há cerca de dois mil NISTRATIVA – FCC-2017) A substituição do elemento
anos, num abrigo de animais, em Belém. sublinhado pelo pronome correspondente, com os ne-
(Cecília Meireles, Quatro Vozes. Adaptado) cessários ajustes no segmento, foi realizada de acordo
com a norma padrão em:
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa,
as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e res- a) quem considera o amor abstrato = quem lhe consi-
pectivamente, com: dera abstrato
b) consideram o amor algo ingênuo e pueril = conside-
a) Se enche … movem-se ram-lhe algo ingênuo e pueril
b) Se enchem … se movem c) parece que inviabiliza o amor = parece que inviabili-
c) Enchem-se … se move za-lhe
d) Enche-se … move-se d) o ressentimento é cego ao amor = o ressentimento
e) Enche-se … se movem lhe é cego
e) o amor não vê a hipocrisia = o amor não lhe vê
51. (PC-SP - AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP-2013)
Assinale a alternativa correta quanto à colocação prono- 55. (FUNDASUS-MG – ANALISTA EM SERVIÇO PÚBLI-
minal, de acordo com a norma-padrão da língua portu- CO DE SAÚDE - ANALISTA DE SISTEMA – AOCP-2015)
guesa. Observe o excerto: “Entre os fatores ligados à relação do
aluno com a instituição e com os colegas, gostar de ir à
a) O passageiro ao lado jamais imaginou-se na situação escola (...)” e assinale a alternativa correta com relação
de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida. ao emprego do acento utilizado nos termos destacados.
b) O homem se indignou quando propuseram-lhe que
abrisse a bolsa que encontrara. a) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a
c) Nos sentimos impotentes quando não conseguimos supressão do advérbio “a” com o pronome feminino
restituir um objeto à pessoa que o perdeu. “a” que acompanha os substantivos “relação” e “esco-
d) Para que se evite perder objetos, recomenda-se que la”.
eles sejam sempre trazidos junto ao corpo. b) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a
e) Em tratando-se de objetos encontrados, há uma ten- nasalidade da vogal “a” que acompanha os substanti-
dência natural das pessoas em devolvê-los a seus do- vos “relação” e “escola”.
nos. c) Trata-se do acento circunflexo, empregado para assi-
nalar a vogal aberta “a” que acompanha os substanti-
52. (CONCURSO INTERNO DE SELEÇÃO PARA O CUR- vos “relação” e “escola”.
SO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS - PM/2014) A fra- d) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a
se – Sem nada ver, o amigo remordia-se no seu canto. supressão da preposição “a” com o artigo feminino “a”
– está corretamente reescrita quanto à flexão verbal, à que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.
pontuação e à colocação pronominal em: e) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a
junção da preposição “a” com o artigo feminino “a”
a) Se remordia, o amigo, no seu canto, sem que nada que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.
visse.
b) O amigo, sem que nada vesse, se remordia no seu can- 56. (BADESC – ANALISTA DE SISTEMA – BANCO DE
to. DADOS – FGV-2010) Na frase “é ingênuo creditar a pos-
c) Remordia-se, no seu canto, o amigo, sem que nada tura brasileira apenas à ausência de educação adequa-
visse. da” foi corretamente empregado o acento indicativo de
d) Se remordia no seu canto o amigo, sem que nada ves- crase.
se.
Assinale a alternativa em que o acento indicativo de crase
53. (PM-SP - SOLDADO DE 2.ª CLASSE – VUNESP-2017- está corretamente empregado.
ADAPTADA) Assinale a alternativa em que o trecho está
reescrito conforme a norma-padrão da língua portugue- a) O memorando refere-se à documentos enviados na
sa, com a expressão destacada substituída pelo pronome semana passada.
correspondente. b) Dirijo-me à Vossa Senhoria para solicitar uma audiên-
cia urgente.
a) ... o prazer de contar aquelas histórias... → ... o prazer c) Prefiro montar uma equipe de novatos à trabalhar com
LÍNGUA PORTUGUESA

de contar-nas... pessoas já desestimuladas.


b) ... meio século sem escrever livros. → ... meio século d) O antropólogo falará apenas àquele aluno cujo nome
sem escrevê-los. consta na lista.
c) ... puxo a mesinha... → ... puxo-lhe... e) Quanto à meus funcionários, afirmo que têm horário
d) ... livro que reúne entrevistas e textos de Ernest He- flexível e são responsáveis.
mingway... → ... livro que reúne-as...
e) O médico que atendia pacientes... → O médico que 57. (BADESC – TÉCNICO DE FOMENTO A – FGV-2010)
lhe atendia... De acordo com as regras gramaticais, no trecho “a exor-

112
bitante carga tributária a que estão submetidas as empre- e) As pessoas precisam ficar atentas a fatura do cartão
sas”, não se deve empregar acento indicativo de crase, de crédito para não serem surpreendidas com valores
devendo ocorrer o mesmo na frase: muito altos.

a) Entregue o currículo as assistentes do diretor. 61. (PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA – VU-


b) Recorra a esta empresa sempre que precisar. NESP-2014)
c) Avise aquela colega que chegou sua correspondência. A cada ano, ocorrem cerca de 40 mil mortes; segundo
d) Refira-se positivamente a proposta filosófica da com- especialistas, quase metade delas está associada _____
panhia. bebidas alcoólicas. Isso revela a necessidade de um com-
e) Transmita confiança aqueles que observam seu de- bate efetivo _____ embriaguez ao volante.
sempenho.
As lacunas do trecho devem ser preenchidas, correta e
58. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO – respectivamente, com:
CESGRANRIO-2018) De acordo com a norma-padrão da
língua portuguesa, o sinal grave indicativo da crase deve a) às … a
ser empregado na palavra destacada em: b) as … à
c) à … à
a) A intenção da entrevista com o diretor estava relacio- d) às … à
nada a programação que a empresa pretende desen- e) à … a
volver.
b) As ações destinadas a atrair um número maior de
62. (PC-SP - AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP-2013) De
clientes são importantes para garantir a saúde finan-
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, o
ceira das instituições.
acento indicativo de crase está corretamente empregado
c) As instituições financeiras deveriam oferecer condições
mais favoráveis de empréstimo a quem está fora do em:
mercado formal de trabalho.
d) As pessoas interessadas em ampliar suas reservas fi- a) A população, de um modo geral, está à espera de que,
nanceiras consideram que vale a pena investir na nova com o novo texto, a lei seca possa coibir os acidentes.
moeda virtual. b) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repensa-
e) Os participantes do seminário sobre mercado financei- rem a sua postura.
ro foram convidados a comparar as importações e as c) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à puni-
exportações em 2017. ções muito mais severas.
d) À ninguém é dado o direito de colocar em risco a vida
59. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – dos demais motoristas e de pedestres.
CESGRANRIO-2018) O emprego do acento indicativo e) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumprimento da
de crase está de acordo com a norma-padrão em: nova lei para que ela possa funcionar.

a) O escritor de novelas não escolhe seus personagens 63. (PM-SP - SOLDADO DE 2.ª CLASSE – VUNESP-2017)
à esmo. Assinale a alternativa que preenche, correta e respectiva-
b) A audiência de uma novela se constrói no dia à dia. mente, as lacunas do texto a seguir.
c) Uma boa história pode ser escrita imediatamente ou
à prazo. Quase 30 anos depois de iniciar um trabalho de atendi-
d) Devido à interferências do público, pode haver mu- mento _____ presos da Casa de Detenção, em São Paulo,
danças na trama. o médico oncologista Drauzio Varella chega ao fim de
e) O novelista ficou aliviado quando entregou a sinopse uma trilogia com o livro “Prisioneiras”. Depois de “Es-
à emissora. tação Carandiru” (1999), que mostra ________ entranhas
daquela que foi ________maior prisão da América Latina,
60. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- e de “Carcereiros” (2012), sobre os funcionários que tra-
GRANRIO-2018) De acordo com a norma-padrão da lín-
balham no sistema prisional, Varella agora faz um retrato
gua portuguesa, o acento grave indicativo da crase deve
das detentas da Penitenciária Feminina da Capital, tam-
ser empregado na palavra destacada em:
bém na capital paulista, onde cumprem pena mais de
a) Os novos lançamentos de smartphones apresentam, duas mil mulheres.
em geral, pequena variação de funções quando com- (https://oglobo.globo.com. Adaptado)
parados a versões anteriores.
b) Estudantes do ensino médio fizeram uma pesquisa a) à … às … a
LÍNGUA PORTUGUESA

junto a crianças do ensino fundamental para ver como b) a … as … a


elas se comportam no ambiente virtual. c) a … às … a
c) O acesso dos jovens a redes sociais tem causado enor- d) à … às … à
mes prejuízos ao seu desempenho escolar, conforme e) a … as … à
o depoimento de professores.
d) Os consumidores compulsivos sujeitam-se a ficar ho- 64. (TRF-4.ª REGIÃO – TÉCNICO ADMINISTRATIVO
ras na fila para serem os primeiros que comprarão os – ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC-2014-ADAPTADA)
novos lançamentos. Substituindo-se o elemento grifado pelo que se encon-

113
tra entre parênteses, o sinal indicativo de crase deverá ser c) Depois de chegarem às telas dos computadores e ce-
acrescentado em: lulares, as notícias estarão disponíveis em voos inter-
nacionais.
a) ... que uma educação liberal, ao alcance de todos... d) Os últimos dados mostram que, muitas economias
(dispor de todos) apresentam crescimento e inflação baixa, fazendo com
b) ... por meio dos quais se transmitem as humanidades... que os juros cresçam pouco.
− (ciências humanas) e) Pode ser que haja uma grande procura de carros im-
c) ... a todas as camadas sociais. − (qualquer classe social) portados, mas as montadoras vão fazer os cálculos e
d) ... se nos referimos a coisas completamente diferen- ver, se a importação vale a pena.
tes... − (uma coisa completamente diferente)
e) ... são um obstáculo a indivíduos independentes. (cria- 68. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010)
ção de indivíduos independentes) Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e
traficantes que possam ser encontrados em uma rua es-
65. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL cura da cidade são o cerne do problema criminal. Mas os
I – CESGRANRIO-2018) O sinal de dois-pontos (:) está danos que tais criminosos causam são minúsculos quan-
empregado de acordo com a norma-padrão da língua do comparados com os de criminosos respeitáveis, que
portuguesa em: vestem colarinho branco e trabalham para as organiza-
ções mais poderosas. Estima-se que as perdas provoca-
a) A diferença entre notícias falsas e verdadeiras é maior das por violações das leis antitrust — apenas um item de
no campo da política: é menor nas publicações rela- uma longa lista dos principais crimes do colarinho bran-
cionadas às catástrofes naturais. co — sejam maiores que todas as perdas causadas pelos
b) A explicação para a difusão de notícias falsas é que crimes notificados à polícia em mais de uma década, e
os usuários compartilham informações com as quais as relativas a danos e mortes provocadas por esse crime
concordam: pois não verificam as fontes antes. apresentam índices ainda maiores. A ocultação, pela in-
c) As informações enganosas são mais difundidas do que dústria do asbesto (amianto), dos perigos representados
as verdadeiras: de acordo com estudo recente feito por seus produtos provavelmente custou tantas vidas
por um instituto de pesquisa. quanto as destruídas por todos os assassinatos ocorridos
d) As notícias falsas podem ser desmascaradas com o nos Estados Unidos da América durante uma década in-
uso do bom senso: mas esperar isso de todo mundo é teira; e outros produtos perigosos, como o cigarro, tam-
quase impossível. bém provocam, a cada ano, mais mortes do que essas.
e) As revistas especializadas dão alguns conselhos: não James William Coleman. A elite do crime. 5.ª ed., São
entre em sites desconhecidos e não compartilhe notí- Paulo: Manole, 2005, p. 1 (com adaptações).
cias sem fonte confiável.
Não haveria prejuízo para o sentido original do texto
66. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL nem para a correção gramatical caso a expressão “a cada
I – CESGRANRIO-2018) A vírgula está empregada cor- ano” fosse deslocada, com as vírgulas que a isolam, para
retamente em: imediatamente depois de “e”.

a) A divulgação de histórias falsas pode ter consequên- ( ) CERTO ( ) ERRADO


cias reais desastrosas: prejuízos, financeiros e cons-
trangimentos às empresas. 69. (PC-SP - AUXILIAR DE NECROPSIA – VU-
b) As novas tecnologias, criaram um abismo ao separar NESP-2014) Assinale a alternativa cuja frase está correta
quem está conectado de quem não faz parte do mun- quanto à pontuação.
do digital.
c) As pessoas tendem a aceitar apenas as declarações que a) O médico, solidário e comovido, apertou minha mão e
confirmam aquilo que corresponde, às suas crenças. entendeu o pedido de minha mãe.
d) Os jornalistas devem verificar as fontes citadas, cruzar b) A diferença entre parada cardíaca e morte, não é ensi-
dados e checar se as informações refletem a realidade. nada, aos médicos nas faculdades.
e) Os consumidores de notícias não agem como cientis- c) Prof. Alvariz, chefe da clínica sabia qual a diferença en-
tas porque não estão preocupados em conferir, pon- tre, parada cardíaca e morte.
tos de vista alternativos. d) O aborto de fetos anencéfalos motivo de muita revol-
ta, foi bastante contestado.
67. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- e) Iniciei assim que o velhinho teve uma parada cardíaca,
GRANRIO-2018) A vírgula foi plenamente empregada os processos de reanimação.
LÍNGUA PORTUGUESA

de acordo com as exigências da norma-padrão da língua


portuguesa em:
a) A conexão é feita por meio de uma plataforma especí- 70. (TRF-4.ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA
fica, e os conteúdos, podem ser acessados pelos dis- ADMINISTRATIVA – FCC-2014) Quanto à pontuação, a
positivos móveis dos passageiros. frase inteiramente correta é:
b) O mercado brasileiro de automóveis, ainda é muito
grande, porém não é capaz de absorver uma presença a) Para Edward Said, a linguagem, é o terreno de onde
maior de produtos vindos do exterior. partem os humanistas uma vez que, é nela, que se

114
estabelecem não apenas as relações de sentido, mas d) Separar o vocativo.
também o desafio de o leitor divisar e compartilhar, as e) Marcar uma pausa forte.
escolhas produzidas pelo escritor.
b) Para Edward Said, a linguagem é o terreno de onde 74. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR-
partem os humanistas uma vez que é nela, que se GO 33 – NÍVEL MÉDIO – CESPE-2013)
estabelecem não apenas as relações de sentido, mas O Ministério Público é fruto do desenvolvimento do es-
também o desafio, de o leitor divisar e compartilhar, as tado brasileiro e da democracia. A sua história é marcada
escolhas produzidas pelo escritor. por processos que culminaram na sua formalização insti-
c) Para Edward Said, a linguagem, é o terreno de onde tucional e na ampliação de sua área de atuação.
partem os humanistas, uma vez que é nela que se es- No período colonial, o Brasil foi orientado pelo direito
tabelecem, não apenas as relações de sentido, mas lusitano. Não havia o Ministério Público como instituição.
também o desafio de o leitor divisar e compartilhar as Mas as Ordenações Manuelinas de 1521 e as Ordena-
escolhas produzidas pelo escritor. ções Filipinas de 1603 já faziam menção aos promotores
d) Para Edward Said a linguagem é o terreno, de onde de justiça, atribuindo a eles o papel de fiscalizar a lei e
partem os humanistas, uma vez que é nela que se de promover a acusação criminal. Existiam os cargos de
estabelecem não apenas as relações de sentido mas, procurador dos feitos da Coroa (defensor da Coroa) e de
também, o desafio de o leitor divisar, e compartilhar as procurador da Fazenda (defensor do fisco).
escolhas produzidas pelo escritor. A Constituição de 1988 faz referência expressa ao Minis-
e) Para Edward Said, a linguagem é o terreno de onde tério Público no capítulo Das Funções Essenciais à Justiça.
partem os humanistas, uma vez que é nela que se Define as funções institucionais, as garantias e as veda-
estabelecem não apenas as relações de sentido, mas ções de seus membros. Isso deu evidência à instituição,
também o desafio de o leitor divisar e compartilhar as tornando-a uma espécie de ouvidoria da sociedade bra-
escolhas produzidas pelo escritor. sileira.
Internet: <www.mpu.mp.br> (com adaptações).
71. (TRF-3.ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA
ADMINISTRATIVA – FCC-2016-ADAPTADA) Sem que Em “No período colonial, o Brasil foi orientado”, a vírgula
se altere o sentido da frase, todas as vírgulas podem ser após “colonial” é utilizada para isolar aposto.
substituídas por travessão, EXCETO em:
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) Não se trata de defender a tradição, família ou pro-
priedade...
b) Fiquei um pouco desconcertado pela atitude do meu
amigo, um homem...
c) Mas, como eu ia dizendo, estava voltando da Europa...
d) ... como precipitada, entre nós, de que estaria morto...
e) Mas a música brasileira, ao contrário de outras artes,
já traz...

72. (TRF-1.ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – INFOR-


MÁTICA – FCC-2014-ADAPTADA)
... a resposta a um problema que sempre atormentou ad-
ministradores: o recrutamento e a retenção de talentos.

O segmento introduzido pelos dois-pontos apresenta


sentido

a) restritivo.
b) explicativo.
c) conclusivo.
d) comparativo.
e) alternativo.

73. (PROCESSO SELETIVO INTERNO DA SECRETARIA


DE DEFESA SOCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO-
LÍNGUA PORTUGUESA

-PE - SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR - FM-2010 -


ADAPTADA) “– Mas não é minha cabeça que eles querem
degolar a cada jogo, François.” O uso da vírgula destacada
neste trecho tem a função de:

a) Separar o aposto.
b) Delimitar o sujeito.
c) Delimitar uma nova oração.

115
43 C
GABARITO 44 A
45 C
1 Certo 46 D
2 D 47 B
3 E 48 Errado
4 A 49 B
5 A 50 E
6 C 51 D
7 C 52 C
8 E 53 B
9 D 54 D
10 D 55 E
11 B 56 D
12 C 57 B
13 Certo 58 A
14 A 59 E
15 D 60 E
16 E 61 D
17 A 62 A
18 C 63 B
19 A 64 E
20 E 65 E
21 A 66 D
22 C 67 C
23 A 68 Certo
24 A 69 A
25 D 70 E
26 C 71 A
27 E 72 B
28 E 73 D
29 C 74 Errado
30 C
31 C
32 B
33 D
34 B
35 A
36 E
37 B
LÍNGUA PORTUGUESA

38 B
39 C
40 B
41 E
42 C

116

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