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Monitoria ECO I - 2022.

1 Maria Carolina Cassella

Teorias de Comércio Internacional


1. Princípios das Vantagens: mede-se a produtividade e o custo de oportunidade de
uma produção a fim de determinar quem deverá produzir (e exportar) e quem deverá
importar um produto dentro de um cenário de comércio internacional com economias
abertas.
● Vantagens Absolutas (Adam Smith): Nesse caso, o critério utilizado para
entender as trocas comerciais é a produtividade. O Brasil consegue
potencializar seus ganhos nas trocas comerciais porque é mais produtivo,
tornando-se exportador nos dois mercados.

Soja Carne

Argentina 1t/20h 1t/10h

Brasil 1t/1h 1t/8h

● Vantagens Comparativas (David Ricardo): Nesse caso, a produtividade é uma


condição necessária para entender as trocas comerciais, mas não suficiente. O
custo de oportunidade deve ser analisado também para potencializar os ganhos
das trocas comerciais. Quem perde menos se dedicando a determinada
produção, deve se dedicar à ela.

Custo de oportunidade de Custo de oportunidade de


produção de soja produção de carne

Argentina 2t de carne 0,5t de soja

Brasil 1/8t de carne 8t de soja

Ao analisar a tabela, observamos que a Argentina perde 2t de carne se opta produzir


soja, enquanto o Brasil perde 1/8t. A Argentina perde 0,5t de soja e o Brasil perde 8t
de soja se escolhe se dedicar à carne. Assim, a Argentina poderia perder 2t de carne
ou 0,5t de soja e escolhe a soja, por ser o produto que perde menos, especializando-se
na produção de carne. Em contrapartida, o Brasil escolhe perder 1/8t de carne ao invés
de 8t de soja e se dedica a produção de soja.
→ Em suma: o país se torna exportador naquilo que tem o menor custo de
oportunidade. Aquilo que tem maior custo de oportunidade o país importa.

Passo a passo da tabela de custo de oportunidade:


1°: Analisar a tabela de custos absolutos em cada país
2°: Para saber o custo de oportunidade do produto, precisamos saber quanto o outro deixa de
ser produzido, logo, pensamos quanto de um produto A seria produzido no tempo de
produção de B.
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Ex:
- O custo de oportunidade da carne na Argentina é:

- O custo de oportunidade da soja na Argentina é:

- O custo de oportunidade da carne no Brasil é:

- O custo de oportunidade da soja no Brasil é:

Obs.: Também é possível inverter as frações. Sob essa lógica, se na Argentina o custo da
produção de soja é 2/1𝑡 de produção de carne, o custo da carne será 1/2t de produção de soja.
Se no Brasil o custo da produção de carne é 1/8𝑡 de produção de soja, o custo da produção da
soja é 8/1𝑡 de produção de carne.

2. O Modelo Clássico de Comércio Internacional

● Suposições (condições para a atuação no mercado de comércio internacional)


- A estrutura da economia internacional é perfeitamente competitiva, ou seja,
todos os atores teriam chances de participar do comércio igualmente.
- Antes da abertura comercial, o preço doméstico representa o custo de
oportunidade da produção interna (doméstica do bem)
→ Se Pd < Pi, a economia será exportadora.
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Obs.: O custo de oportunidade de produção doméstica é inferior ao custo de oportunidade do


comércio internacional

→ Se Pd > Pi, a economia será importadora.

Obs.: O custo de oportunidade de produção doméstica é superior ao custo de oportunidade do


comércio internacional.

- Quando ocorre a abertura comercial, observamos uma convergência natural e


imediata do preço doméstico para o preço internacional

● Hipóteses
- As economias tomadas individualmente são muito pequenas em relação à
estrutura da economia internacional, logo, as economias serão tomadoras de
preço, tomando para si o preço internacional.
- O Estado das Artes (paradigma vigente da economia) é homogêneo e
compartilhado por todas as economias que competem no regime do comércio
internacional
- As economias produzem bens homogêneos, ou seja, os bens são substitutos
entre si: os bens não são exclusivos.
- Os custos de transação são negligenciáveis (desprezíveis)

3. Comércio Internacional e Bem-Estar

● Tarifas de Importação: encarece o preço internacional com uma tarifa para compra de
produtos internacionais, de forma que traça uma linha acima de Pi. Acontece após a
abertura comercial e reduzir a entrada de um bem no país.
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● Cotas de Importação: Tem o mesmo objetivo do que a tarifa de reduzir a


entrada dos bens num país, restringindo o número de importações e a
quantidade a ser importada. Os responsáveis por essas cotas são agentes
privados: os “cotistas”. A cota torna os produtos estrangeiros mais caros e,
portanto, mais próximos de um preço de uma economia fechada. Isso acontece
porque diminuem as ofertas possíveis de um bem, restringindo a
disponibilidade de importação.
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4. O Modelo de H.O
O modelo promove uma melhora do princípio de Vantagens Comparativas, uma
vez que leva em consideração o custo de oportunidade para avaliar os potenciais
ganhos das trocas comerciais entre as nações. Além disso, também são levadas em
consideração (condição suficiente) as diferentes dotações que cada fator de produção
que as economias apresentam (matéria-prima, capital, mão de obra, recursos naturais,
conhecimento, etc.)
Entende a economia como perfeitamente competitiva, que o Estado das Artes é
homogêneo, os produtos são substitutos próximos entre si e que as economias
apresentam diferentes dotações dos fatores de produção. Ou seja, a abundância ou
escassez de mão de obra (analisada a partir das PEAs) e capital (máquinas e
equipamentos) impactam os preços dos produtos e as estruturas produtivas das
economias, conferindo maiores ou menores vantagens comparativas. Logo, tem-se as
seguintes hipóteses:
- As economias apresentam diferentes dotações dos fatores de produção
- A estrutura da economia internacional é perfeitamente competitiva
- As economias operam no nível do pleno emprego

● Teorema de H.O
Dadas as tecnologias e as dotações dos fatores de produção de duas economias (A
e B) quaisquer, dizemos que a economia A é relativamente abundante no fator de
capital em comparação com B, se e somente se:

K → quantidade de capital (dotação de máquinas)


L → quantidade de mão de obra (força de trabalho)
P → preços desses fatores

Assim, se uma economia tem os fatores de capital (K) e trabalho (L) mais
baratos, ela é abundante nesses fatores e possuem vantagens comparativas na produção
desses bens. O Teorema de H.O defende que um país só terá vantagens em mão de obra se
tiver muita mão de obra disponível. Um exemplo disso seria China, Índia e Brasil - que
possuem grandes populações. Além disso, defende que um país só terá capital
comparativamente barato se for abundante nesse fato, à exemplo da Inglaterra e Japão (já que
inauguraram Revoluções Industriais)

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