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Economia Internacional
 Capítulo 3: Produtividade da Mão de Obra e a Vantagem Comparativa: O
Modelo Ricardiano

Os países se engajam no comércio internacional por dois motivos básicos, e cada um


deles contribui para os ganhos de comércio. Primeiro, os países fazem comércio porque
são diferentes uns dos outros. As nações, como os indivíduos, podem se beneficiar de
suas diferenças, por chegar a um acordo em que cada um faz as coisas que fazem
relativamente bem. Segundo, para obter economias de escala na produção.

CONCEITO DE VANTAGEM COMPARATIVA


Um país tem uma vantagem comparativa na produção de um bem se o custo de
oportunidade de produzir esse bem, em termos de outros bens, for menor nesse país do
que é em outros países.

Modelo Ricardiano: O conceito fundamental de David Ricardo é o da vantagem


comparativa que surge claramente relacionado com o custo de oportunidade.
Se um país estiver a produzir aquilo que melhor produz, então o seu custo de
oportunidade relativamente a outros bens será baixo, por comparação com outro país
que esteja a produzir esse mesmo bem, mas que não o faça tão eficientemente. A
diferença entre os custos de oportunidade oferece a possibilidade de um arranjo de
produção à escala mundial que seja mutuamente benéfico.
A razão para o comércio internacional conduzir a este aumento na produção mundial é
que permite a cada país especializar-se na produção do bem em que tem vantagem
comparativa.

ECONOMIA DE FATOR ÚNICO


- Hipóteses do modelo:
Este modelo assume que a economia funciona em concorrência perfeita e em autarcia,
ou seja, sem relações econômicas com o exterior, uma economia doméstica. Admitindo
as seguintes hipóteses simplificativas adicionais:
 A economia possuir apenas um fator de produção, o fator trabalho (L);

 A produção está resumida a dois bens, o vinho (w) e o queijo (c), e a tecnologia
das diferentes produções é diferenciada pelas produtividades do trabalho;

 A produtividade do trabalho é expressa no conceito de unidades de trabalho


necessárias, ou seja, no número de horas necessárias para produzir uma unidade
física
do bem:
aLW = requisito unitário de trabalho para o vinho: número de horas de trabalho
necessárias para produzir um litro de vinho;
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aLC= requisito unitário de trabalho para o queijo: número de horas de trabalho


necessárias para produzir um quilograma de queijo;
L = Lw + Lc → quantidade total de trabalho;

Lw = aLW * Qw → quantidade de trabalho afeta à produção de vinho;

1/aLw → quantidade de vinho produzida em uma hora;

Lc = aLc *Qc → quantidade de trabalho afeta à produção de queijo;

1/alc → quantidade de queijo produzida em uma hora;

- Fronteira de possibilidade de produção (FPP):


Capacidade máxima de combinação de bens que podem ser produzidos pela economia,
utilizando a capacidade máxima dos fatores.
Assumindo as hipóteses do modelo temos: L = aLw *Qw + aLc * Qc →
Qw = L/aLw - aLc /aLw * Qc

Quando há apenas um fator de produção, a fronteira de possibilidades de produção é


uma linha reta, o custo de oportunidade de produzir 1Kg de queijo em termos de vinho,
é constante. Ou seja, para produzir mais 1Kg de queijo são necessárias a Lc horas de
trabalho, mas estas horas de trabalho poderiam ser usadas para produzir 1/a Lw litros de
vinho.
Assim, o custo de oportunidade do queijo em termos de vinho é aLC/aLW, o declive, em
valor absoluto, da fronteira de possibilidades de produção. Este será o custo de
oportunidade de produzir mais 1Kg de queijo, ou seja, a quantidade de vinho que se
deixa de produzir para produzir mais 1Kg de queijo.

OFERTA E PREÇOS RELATIVOS

A partir da fronteira de possibilidades de produção e da relação de preços resultante dos


mercados, a sociedade vai maximizar a sua capacidade de produção. Assim, as
quantidades relativas de produção são o resultado da situação tecnológica (custo de
oportunidade) e dos preços relativos.
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Admitindo que o trabalho é o único fator de produção, a oferta dos bens será
determinada
pelo movimento do trabalho, do setor que paga menos para o setor que paga mais.
Como a afetação do fator em setor ou no outro decorre das comparações salariais,
temos:

Nesta situação, o trabalho vai deslocar-se para o setor do queijo, já que é o mais bem
remunerado. Pode-se então dizer que o movimento de especialização setorial de uma
economia acontece quando os preços relativos forem diferentes dos custos de
oportunidade.
Como corolário, pode também dizer-se que a economia atinge o seu ponto de
estabilidade
quando os preços relativos dos bens são iguais às unidades de trabalho necessárias
relativas, ou seja, aos custos de oportunidade.

Assim, no equilíbrio:

- Modelo com comércio:

Vamos assumir que a economia se abre ao comércio internacional, passando a existir


duas
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economias: a doméstica e a estrangeira (resto do mundo – simbolizado por *).


Admitindo que no resto do mundo o custo de oportunidade da produção de queijo face
ao
vinho é superior, então o país doméstico tem vantagem comparativa na produção de
queijo face ao vinho, ou seja:

Depois do comércio, os preços relativos ir-se-ão alterar dentro de cada economia,


resultando de um novo equilíbrio entre a oferta e a procura mundial.
O resultado normal é que os preços relativos oscilem no intervalo entre

.
Nesta situação cada país especializa-se na produção do bem no qual tem uma menor
unidade de trabalho requerida relativa, ou seja, no bem sobre o qual tem vantagem
comparativa.

Neste caso, o país doméstico vai especializar-se na produção de queijo porque o seu
custo de oportunidade é menor, ou seja, para produzir mais 1Kg de queijo o país
doméstico tem de deixar de produzir menos vinho do que o estrangeiro. Ao especializar-
se na produção de queijo, o país doméstico, vai trocar por vinho com o país estrangeiro
o que implica que:

DETERMINAÇÃO DO PREÇO RELATIVO APÓS COMÉRCIO

- Oferta relativa internacional de queijo:


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Quando o preço relativo internacional do queijo é igual ao custo de oportunidade de


produzir queijo da economia doméstica então a economia doméstica produz ambos os
bens:

Quando o preço relativo internacional do queijo é igual ao custo de oportunidade de


produzir queijo da economia estrangeira então a economia estrangeira produz ambos os
bens:

Quando o preço relativo internacional do queijo está entre o custo de oportunidade de


produzir queijo das duas economias então existe especialização completa, ou seja, o país
à direita de RD especializa-se em vinho e o país à esquerda de RD especializa-se em
queijo:

Quando o preço relativo do queijo no país doméstico é menor do que um, o país
doméstico
ganha em vender o queijo no estrangeiro:

Quando o preço relativo do queijo no país estrangeiro é maior do que um, o país
estrangeiro ganha em vender o vinho ao país doméstico:

GANHOS DO COMÉRCIO
Como verificamos, os países especializam-se em diferentes bens desde que existam
diferentes produtividades. Para demonstrar se estes ganham ou não com esta
especialização podem ser utilizados dois métodos de demonstração.
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1º Demonstração:
O comércio é um método indireto de produção. Um país pode produzir diretamente
vinho,
mas o comércio com o resto do mundo permite-lhe produzir indiretamente vinho,
trocando queijo por vinho. Este método revela-se mais eficiente.
Partindo do exemplo anterior, em autarcia, o país nacional tem duas opções de afetação
dos recursos:

2º Demonstração:
Com o comércio há um crescimento das possibilidades de consumo. O comércio
internacional afeta a fronteira de possibilidades de consumo (FPC) de cada país. Na
ausência de comércio a fronteira de possibilidade de produção coincide com a fronteira
de possibilidades de consumo (FPP = FPC), no entanto, com comércio internacional a
nova fronteira de possibilidades de consumo passa a ser superior à anterior fronteira de
possibilidades de produção em ambos os países.

Tanto a economia doméstica quanto a estrangeira aumentaram as suas possibilidades de


consumo, logo o comércio revelou-se benéfico para ambas as economias.

SALÁRIOS RELATIVOS E COMÉRCIO


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CRÍTICAS AO MODELO

Apesar da sua simplicidade, o conceito de produtividade relativa apresenta-se como um


instrumento bastante útil para perceber certas apreciações erradas sobre as vantagens do
comércio livre e das vantagens comparativas das nações:
 Ideia de que o comércio é apenas benéfico para os países que têm produtividades
elevadas: este erro resulta da confusão entre produtividades absolutas e produtividades
relativas. Viu-se, neste modelo, que a vantagem comparativa de uma indústria depende
não apenas da produtividade, mas também dos salários internos relativamente aos
salários estrangeiros.

 Comércio injusto e prejudicial para outros países quando baseado em salários


baixos: a ideia de que o comércio é benéfico apenas na presença de salários elevados foi
contrariada pela exposição anterior.

No entanto, na realidade parece não confirmar algumas das suas conclusões:


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 Nível de especialização extrema previsto pelo modelo não se observa na


realidade,
já que: Os países protegem certas industrias; Há custos de transporte; Existência de
apenas um fator de produção no modelo (trabalho).

 Ignora as diferenças de recursos de fatores entre países;


 Negligencia o papel das economias de escala.

Apesar de tudo isto as conclusões do modelo ricardiano são confirmadas por estudos
empíricos nos seguintes pontos:
 Comércio depende de vantagens relativas;
 Diferenças nas produtividades têm um papel importante no comércio
internacional.
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