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<Fundamentos do Comércio Internacional>

INTRODUÇÃO - Em termos absolutos, Portugal é mais eficiente na


produção de ambas as mercadorias.
• O mundo se encontra crescentemente interligado,
seja por fluxos comerciais ou financeiros.
- Todavia, em termos relativos, o custo de produção
• Costuma se dividir as questões teóricas da Economia
de tecidos em Portugal é maior que o da produção de
internacional em:
suco de uva.
- Aspectos microeconômicos: Teoria do comércio
internacional → procura justificar os benefícios para - Na Inglaterra, o custo da produção de suco de uva é
cada país, advindos do comércio internacional; maior que o da produção de tecidos.
– Aspectos macroeconômicos: taxa de câmbio e
Balanço de Pagamentos - Comparativamente, Portugal tem vantagem relativa
na produção de suco de uva e Inglaterra na produção
de tecido.
O QUE LEVA OS PAÍSES A
- Segundo Ricardo, os dois países obterão benefícios
COMERCIALIZAREM ENTRE SI?
ao especializarem-se na produção da mercadoria em
Teoria das Vantagens Comparativas: que possuem vantagem comparativa, exportando a e
• Formulada por David Ricardo em 1817; importando o outro bem.
• Sugere que cada país deva especializar-se na
produção daquela mercadoria em que é relativamente - Não importa, aqui, o fato de que um país possa ter
mais eficiente. vantagem absoluta em ambas as linhas de produção,
como é o caso de Portugal, no exemplo.
• Princípio das vantagens comparativas:
- Ele deve importar bens cuja produção implicar - Desse modo, a Inglaterra deverá especializar-se na
custos relativamente maior. produção de tecidos, exportando-os e importando
- Assim, os países podem concretizar trocas. suco de uva de Portugal, que se especializou em tal
produção e passou a importar tecidos.

- Conclui-se, portanto, que dada certa quantidade de


recursos, um país poderá obter ganhos por meio do
comércio internacional, produzindo aqueles bens
que gerarem comparativamente mais vantagens
relativas.

TEORIA MODERNA DO COMÉRCIO


INTERNACIONAL
• Modelo de Hecksher – Ohlin: postula que as
vantagens comparativas e, logo, a direção do
comércio, estarão dadas pela escassez ou abundância
relativa dos fatores de produção. Assim,
determinado país, como o Brasil, pode ter abundância
relativa de mão de obra. Desse modo, o custo (preço)
relativo da mão de obra será menor, o que assegurará
que esse país tenha vantagem comparativa e, que, O SETOR EXTERNO: TAXA DE
portanto, deverá especializar-se na produção CÂMBIO E REGIMES CAMBIAIS
(exportação) de bens intensivos no uso desse fator
produtivo. O contrário ocorreria com os bens cuja - Taxa Fixa de Câmbio: o Banco Central fixa a taxa
produção é intensiva no uso do capital, devendo o de câmbio:
país, portanto, deixar que sua produção seja realizada • Maior previsibilidade aos agentes do mercado.
no exterior, importando a um custo relativamente • Evita aumentos de preços de produtos importados,
menor. sendo, portanto, útil para controle da inflação.

• Modelo Krugman – Linder mostra que, de modo - Taxa de Câmbio Flutuante: a taxa é determinada
geral, além do comércio preconizado por Heckscher- pelo mercado de divisas (oferta e de demanda):
Ohlin, envolvendo países com diferentes dotações de • Dirty Floating: (Flutuação suja) regime de câmbio
fatores, verifica-se também um comércio intenso flutuante, mas com intensa atuação do Banco Central,
entre países com igual dotação e a crescente troca de na venda e na compra, que procura mantê-la em níveis
produtos razoavelmente parecidos, como automóveis; relativamente estáveis;
É o chamado comércio intra-industrial. Por um • Minibanda cambiais: o regime é flutuante, porém
lado, isso se deve à existência de economias de dentro de limites fixados pelo Banco Central.
escala. Mesmo países idênticos no que se refere a
suas dotações de recursos podem ganhar com o
comércio entre eles, em função de rendimentos
crescentes de escala.

• Teoria da Comissão Econômica para a América


Latina e Caribe – CEPAL: os produtos
manufaturados apresentam elasticidade-renda da
demanda maior que um e os produtos primários
menor que um, significando que o crescimento da
renda mundial provocaria um aumento
relativamente maior no comércio de
manufaturados, acarretando uma tendência crônica
ao déficit no Balanço de Pagamentos dos países
exportadores de produtos básicos ou primários DETERMINAÇÃO DA TAXA DE
(justamente os países periféricos ou em vias de CÂMBIO
desenvolvimento). Os produtos manufaturados • Demanda de divisas: constituída pelos
apresentam elasticidade-renda da maior que 1. importadores, que precisam delas para pagar suas
compras no exterior.

A TAXA DE CÂMBIO • Oferta de divisas: realizada pelos exportadores, que


recebem moeda estrangeira, como pela entrada de
• Determinação da taxa de câmbio → capitais financeiros internacionais (turistas, etc.).
- Conceito: medida de conversão da moeda nacional
em moeda de outros países. Sua determinação pode OFERTA DE DIVISAS > DEMANDA DE
ser: DIVISAS: Aumenta a disponibilidade de moeda
• institucional: pela decisão de autoridades estrangeira (valorização cambial)
econômicas com taxas fixas de câmbio.
• funcionamento do mercado: taxas de flutuantes em OFERTA DE DIVISAS < DEMANDA DE
decorrência das pressões de oferta e demanda de DIVISAS: Diminui a disponibilidade de moeda
divisas estrangeiras. estrangeira (desvalorização cambial)
• Desvalorização cambial: aumento da taxa de EFEITO DAS VARIAÇÕES NA TAXA DE
câmbio; CÂMBIO SOBRE A DÍVIDA EXTERNA
DO PAÍS
• Valorização cambial: queda na taxa de câmbio.
- Desvalorização cambial:
Taxa de câmbio é interligada aos preços dos produtos • aumenta o estoque da dívida externa em reais, não
exportados e importados e também à balança afetando seu saldo em dólares.
comercial. • estimula exportações e desestimular importações →
aumenta a oferta de dólares → queda do preço do
dólar → queda da dívida externa em reais.
EFEITO DAS VARIAÇÕES NA TAXA DE
CÂMBIO SOBRE EXPORTAÇÕES E - Valorização cambial:
IMPORTAÇÕES (CONTROLE DA • diminui o valor da dívida em reais de imediato,
INFLAÇÃO) • mas pode aumentar no futuro, ao estimular
importações → desvalorização cambial → elevação
Valorização (apreciação) → Taxa de câmbio cai
da dívida em reais.
(moeda nacional mais forte) → Importadores
pagarão menos reais por dólar e tendem a importar
mais, aumentando a concorrência com os nacionais
(âncora cambial) → Pressão pela queda dos preços EFEITO DAS VARIAÇÕES NA TAXA DE
internos (Aumenta a eficiência produtiva, pelo CÂMBIO SOBRE EXPORTAÇÕES E
aumento da competição) + Política de Abertura IMPORTAÇÕES (CONTROLE DA
Comercial (liberação de Importação)
INFLAÇÃO)
- Custos: Desvalorização (depreciação) → Taxa de câmbio
• Setor Exportador (perde mercado pelo alto custo sobe (moeda nacional mais fraca) → Pode
relativo de seu produto). proporcionar um aumento nas Exportações e redução
• Setores protegidos que passarão a sofrer das Importações (leva um certo tempo p/ essa
concorrência. resposta) → Pressão sobre os custos de produção
(Aumento no custo das Importações, incluindo
produtos essenciais - demanda inelástica - Ex:
Petróleo)
TAXA DE CÂMBIO E INFLAÇÃO
• Valorização cambial e inflação: a primeira permite Custos:
ancorar os preços internos e reduzir a taxa de inflação • Aumento do nível geral de preços – inflação de
(favorável à importação). custos (pass-through)

• Desvalorização cambial e inflação: efeito contrário • Valorização real e valorização nominal do


ao anterior (inflação de custos). câmbio: o primeiro é igual à valorização nominal,
menos a taxa de inflação do período.
• Efeito da elevação da inflação interna sobre a
taxa de câmbio: pode gerar um círculo vicioso de • Competitividade no comércio exterior: deve ser
elevação da taxa de câmbio e elevação de preços avaliados a partir do câmbio real.
devido aumento dos importados.
• Taxa de câmbio nominal: é o preço da moeda
(divisa) estrangeira em temos da moeda nacional ou
vice-versa. No caso do Brasil é quanto se precisa em
termos da moeda nacional (Real) para se comprar uma
unidade de uma moeda estrangeira. Seu preço é
determinado pela oferta e demanda de divisas.
Ex.: • Conclusão: o automóvel norte-americano é 7% mais
Brasil: U$ 1,00 = R$ 5,37 barato que o brasileiro.
Exterior: R$ 1,00 = U$ 0,19
Obs.: Um aumento da taxa de câmbio implica em
desvalorização e uma redução implica em valorização.
Ex.: U$ 1,00 = R$ 5,37 ⇒ U$ 1,00 = R$ 5,93 →
Desvalorização

• Oferta de Divisas: depende do volume de


exportações e da entrada de capitais externos;

Supondo agora e = R$ 5,80/US$ 1,00 ⇒ R = 1,00


• Demanda de Divisas: depende do volume das
importações e da saída de capitais externos
• Desvalorização real da moeda brasileira: o
(amortização de empréstimos, remessa de lucros,
automóvel norte-americano passou a ter o mesmo
pagamentos de juros, etc).
preço que o brasileiro.

• O mesmo resultado poderia ser obtido com uma


O SETOR EXTERNO: TAXA DE elevação do preço em US$ nos EUA e/ou com uma
CÂMBIO REAL E NOMINAL redução do preço em R$ no Brasil.
- As transações internacionais são influenciadas pelos
• Exercício:
preços internacionais. Os dois preços internacionais
Calcule a taxa de câmbio nominal e real do dólar, em
mais importantes são a taxa de câmbio nominal e a
setembro de 2021, supondo que a inflação brasileira
taxa de câmbio real.
de outubro de 2020 a setembro de 2021 fique em 3%
e a inflação nos Estados Unidos, no mesmo período
• Taxa de câmbio nominal: é a taxa à qual se pode
fique em 1%. Vamos supor uma desvalorização
trocar a moeda de um país pela moeda de outro país;
cambial de 10%. Considere a taxa de câmbio atual de
• Taxa de câmbio real: é a taxa à qual se pode trocar R$ 5,37.
os bens e serviços de um país pelos bens e serviços de
outro país, ou seja, compara o preço de bens
domésticos e internacionais na economia
doméstica. A taxa de câmbio real é o preço em reais
de uma cesta de bens estrangeiros, em relação à uma
cesta brasileira.
➢A taxa de câmbio real é um fator chave na
determinação de quanto um país exporta e importa.
O SETOR EXTERNO: TAXA DE
CÂMBIO REAL E NOMINAL
(PARIDADE DE PODER DE COMPRA –
Exemplo: PPP)
• Preço de um automóvel produzido no Brasil = R$ → A teoria da paridade do poder de compra é a
69.600,00 teoria mais simples e mais aceita para explicar as
• Preço de um automóvel produzido nos EUA = US$ variações da taxa de câmbio.
12.000,00 • é baseada no princípio chamado de lei do preço
• e = taxa de câmbio nominal = R$ 5,37/US$ 1,00 único;
• R = taxa de câmbio real = (5,37 X 12.000,00) / • de acordo com a lei do preço único, um bem precisa
69.600,00 = 0,93 ter o mesmo preço em todos os países, quando medido
na mesma moeda.
• se o poder de compra de uma moeda é imutável no Supondo que os investidores financeiros desejam
país e no resto do mundo, então a taxa de câmbio real adquirir apenas o ativo financeiro que apresenta a taxa
não pode mudar. de retorno mais elevada, eles serão indiferentes
quanto a adquirir um ativo financeiro doméstico ou
→ A taxa de câmbio nominal entre as moedas de dois um estrangeiro apenas quando estes gerarem a mesma
países deve refletir os diferentes níveis de preços taxa esperada de retorno:
destes países. (1 + i ) = (1/ e)(1 + i*) ee
(ee – e)/e = taxa esperada de desvalorização cambial

O SETOR EXTERNO: TAXA DE


CÂMBIO REAL E NOMINAL
(PARIDADE DA TAXA DE JUROS)
Seja:
i = taxa de juros doméstica no período de aplicação

Para cada unidade de moeda doméstica investida no
ativo financeiro doméstico ganha-se (1 + i) unidades
de moeda doméstica ao final do período de aplicação
⇓ O SETOR EXTERNO: POLÍTICAS
i*= taxa de juros estrangeira no período de aplicação EXTERNAS
⇓ → Política Cambial:
e = taxa nominal de câmbio • Regime de taxas fixas de câmbio
⇓ • Regime de taxas flutuantes de câmbio (Dirty
Para comprar o ativo financeiro estrangeiro, deve-se Floating)
primeiro comprar moeda estrangeira • Regime de bandas cambiais (banda inferior e
⇓ superior em que o câmbio pode flutuar)
Para cada unidade de moeda doméstica obtém-se (1/e)
unidades de moeda estrangeira → Política Comercial:
⇓ • Alterações das Tarifas sobre Importações:
Ao final do período de aplicação, obtém-se (1/e)(1 + ✓Substituição de Importações: imposto sobre
i*) unidades de moeda estrangeira importações maiores;
⇓ ✓Abertura comercial ou liberalização das
Ao final do período de aplicação, deve-se converter importações: imposto sobre importações menores);
novamente o montante de unidades da moeda
estrangeira para unidades da moeda doméstica • Regulamentação do Comércio Exterior
⇓ ✓Entraves burocráticos
Caso espere-se que a taxa de câmbio nominal será ee ✓Barreiras qualitativas
ao final do período de aplicação, o rendimento
esperado em unidades de moeda doméstica da → Políticas Externas:
aplicação no ativo financeiro estrangeiro é: • Política cambial: dependem do tipo de regime
(1/e) (1 + i* ) ee cambial adotado pelo país.
⇓ • Regime de taxas fixas de câmbio: foi adotado por
Ao avaliar, as vantagens do ativo financeiro países com elevadas taxas de inflação, nos anos 80 e
estrangeiro, não devemos levar em conta apenas as 90, para não haver elevação dos produtos importados
taxas de juros doméstica e estrangeira, mas também a de acordo com as variações cambiais.
evolução esperada da taxa de câmbio durante o • Regime de taxas flutuantes ou flexíveis de
período de aplicação. câmbio: determinada pelo mercado de divisas,
⇓ permitindo a defesa das reservas cambiais.
• Flutuação suja: mesmo dentro do regime flutuante
o Banco Central interfere indiretamente na
determinação da taxa de câmbio, por meio da compra
e venda de divisas no mercado.
• Política comercial: • alterações das tarifas sobre
importações; • regulamentação do comércio exterior.

FATORES DETERMINANTES DO
COMPORTAMENTO DAS
EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES
→ Exportações: são influenciadas por diversas
variáveis.
• preços externos em dólares (produtos brasileiros);
• preços internos em reais;
• taxa de câmbio;
• renda mundial;
• subsídios e incentivos às exportações.

→ Importações: principais fatores determinantes.


• preços externos em dólares;
• preços internos em reais;
• taxa de câmbio;
• renda e produto nacional;
• tarifas e barreiras às importações.

O SETOR EXTERNO: VARIÁVEIS QUE


AFETAM AS IMPORTAÇÕES E
EXPORTAÇÕES AGREGADAS

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