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Economia

Material Teórico
Macroeconomia III: Setor Externo

Responsável pelo Conteúdo:


Profª. Ms. Herida Cristina Tavares

Revisão Textual:
Profª. Vera Lídia de Sá Cicaro
Macroeconomia III: Setor Externo

• O que é Taxa de Câmbio?

• Regimes Cambiais

• Exportações e importações
(Balança comercial)

O tema central da unidade será o setor externo,


principalmente a taxa de câmbio e seus impactos na
economia como um todo.

Você deve ler o conteúdo e assistir à videoaula para depois realizar as atividades propostas.
Dado que o tema, diariamente, é noticiado pela mídia, o acompanhamento via jornal e
revista ou telejornais pode facilitar a aprendizagem desta unidade.

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Unidade: Macroeconomia III: Setor Externo

Contextualização

“Política cambial não muda, ela veio para ficar”, diz Mantega
Por Eduardo Campos, Edna Simão, Lucas Marchesini, Ligia Guimarães e José de Castro | Valor

Atualizado às 13h25 BRASÍLIA – O câmbio é flutuante sim, mas, se exagerar na dose,


a gente vai lá e conserta. Essa foi a conclusão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao
falar sobre a política cambial no Brasil durante o Encontro Nacional de Prefeitos e Prefeitas,
nesta quarta-feira.“A política cambial não muda, ela veio para ficar”, disse o ministro. “Não
permitiremos variação especulativa. Aviso aos navegantes”, alertou, dizendo que a moeda
pode flutuar, mas “dentro de um patamar”, sem precisar qual patamar é esse. “Não espere
que o câmbio venha a derreter.”
O ministro frisou que o câmbio brasileiro é flutuante e que o importante é manter a
estabilidade da taxa. Segundo Mantega, a elevada volatilidade prejudica os exportadores. Ele
complementou que as empresas continuarão sendo estimuladas a exportar. Segundo o ministro,
junto com a queda de juros e as desonerações, a política cambial é uma “força poderosa”
para dar competitividade à economia. De acordo com Mantega, “estávamos com o real muito
valorizado” e as ações tomadas nesse campo foram importantes para dar competitividade à
indústria. “O real é mais competitivo”, disse.“Estávamos com um câmbio muito valorizado,
com o real valorizado. O pessoal que ia para o exterior gostava disso, e se ressentiu um pouco.
Em compensação, isso deu competitividade para a indústria brasileira”, afirmou.
“Para nós, é mais importante ter a indústria, que vai aumentar o salário, do que deixar a
indústria atrofiar baseada em vantagem cambial [dos outros]”, acrescentou durante a palestra.
Para Mantega, o Brasil sofreu uma “enxurrada” de importados em 2011 porque, segundo
o ministro, “o câmbio de certos países estava manipulado para baixo”.
Câmbio e inflação
O ministro da Fazenda disse que a taxa de câmbio não é instrumento de política monetária.
“Não é instrumento para abaixar preços”, declarou, ressaltando que o instrumento para isso
é a taxa de juros. Mantega reconheceu, no entanto, o impacto da valorização do dólar de
cerca de 20% no ano passado sobre a inflação de 2012.
Segundo ele, se o dólar não tivesse se valorizado, o Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) de 2012 teria sido de 0,4 ponto percentual a 0,5 ponto percentual
menor do que o 5,84% registrado. Ainda assim, disse ele, esse é um fenômeno que não se
repete. Agora em 2013 não há pressão inflacionária em função da taxa de câmbio, pois ela
está mais estabilizada. “No ano passado tivemos a elevação do dólar, que nós apoiamos,
agora não temos isso. O câmbio caminha para um patamar mais adequado”, disse.

Fonte:Jornal Valor Econômico


http://www.valor.com.br/financas/2989518/politica-cambial-nao-muda-ela-veio-para- ficar-diz-
mantega#ixzz2JTqXkeTr

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O que é Taxa de Câmbio?
Taxa de câmbio é o preço de uma moeda estrangeira em moeda nacional. Ou seja, é a taxa
com a qual duas moedas diferentes podem ser trocadas. Por exemplo, a cotação do dólar é 2
reais, ou seja, cada 1 dólar vale 2 reais.

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Saiba mais em: http://www.bcb.gov.br/?txcambio

A importância do câmbio em âmbito nacional


A taxa de câmbio influencia o nível de produção e do
emprego do país, conforme as variações nas exportações e
nas importações. Também impacta na taxa de inflação, pois,
Glossário
se um produto ou insumo importado se torna mais caro, o país Inflação: Aumento generalizado
e contínuo dos preços.
sofre uma pressão nos preços. Por isso, os Governos tentam
regulamentar e manipular a taxa de câmbio.

Pense
Por que variações nas exportações e nas importações podem afetar o nível de produção de um país?

A importância do câmbio para o comércio internacional


Para os países realizarem transações, eles precisam ter a cotação de suas moedas. Chamamos o
comércio de moedas de mercado cambial. O comércio entre os países seria impossível sem a taxa
de câmbio, pois, por exemplo, se um produto vale 100 dólares, o importador brasileiro precisa trocar
reais por dólares. Assim, se a taxa de câmbio estiver em 2,00 Reais/Dólar, o importador brasileiro
precisará de 200 reais para comprar o produto.

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Saiba mais em: http://www4.bcb.gov.br/pec/taxas/batch/tabmoedas.asp?id=tabmoeda

Dado que a moeda é um produto como qualquer outro, o que determina seu preço são as
forças de oferta e demanda.

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Unidade: Macroeconomia III: Setor Externo

No Brasil, tem-se, por exemplo, oferta e demanda por dólares:

Oferta de Moeda
Os principais ofertantes de moedas (dólares) são:
• Exportadores brasileiros. Os exportadores brasileiros vendem seus
produtos a outros países e recebem em moeda estrangeira.
• Investidores estrangeiros. Os investidores estrangeiros possuem
moeda do seu país e, quando decidem investir no Brasil, têm que trocar
sua moeda estrangeira pelo Real.
• Turistas estrangeiros. Os turistas estrangeiros vêm para o Brasil com a moeda de seu
país, porém, para consumir no Brasil, necessitam trocá-las por Real.
• Tomadores de Empréstimos no exterior e outros. Os bancos estrangeiros possuem
a moeda de seu país e os agentes brasileiros que tomam empréstimos externos devem trocar
a moeda por Real.

Demanda por moeda


Os principais demandantes de moedas (dólares) são:
• Importadores de mercadorias norte-americanas, que
necessitam de dólares. Quem importa qualquer mercadoria deve
pagar por ela na moeda do país de origem do produto.
• Remessa de lucro. Empresas estrangeiras que atuam no Brasil
e recebem em reais, procuram a moeda de seu país de origem para
enviar os lucros.
• Turistas brasileiros. Os turistas brasileiros, quando viajam para o exterior, devem levar
consigo a moeda de cunho forçado do país de destino.
• Investidores Nacionais. Qualquer investidor brasileiro que deseje atuar no exterior deve
possuir a moeda do país no qual deseja investir.
• Agentes que necessitam de dólares para saldar dívidas contraídas no exterior e outros.

Em tese, o equilíbrio entre a demanda e a oferta das diferentes moedas ocorre na definição
da taxa de câmbio. Essa tendência ao equilíbrio se dá devido ao mercado de moedas ter
homogeneidade dos produtos e à transparência do mercado, causada pelo desenvolvimento
dos meios de comunicação e pelo grande número de pessoas que transacionam nesse mercado.
As oscilações na demanda e na oferta de determinada moeda devem conduzir as modificações
no equilíbrio desse mercado (taxa de câmbio). Pode, assim, ocorrer uma:

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Valorização cambial ou apreciação cambial: ocorre quando aumenta o poder de
compra da moeda nacional perante outras moedas. Fator que representa uma queda da
taxa de câmbio.
Desvalorização cambial ou depreciação cambial: representa uma perda do poder de
compra frente outras moedas, o que corresponde a um aumento da taxa de câmbio.

Trocando Ideias
Uma diferenciação importante para avaliar a competitividade dos produtos nacionais é a que
existe entre a taxa de câmbio real e a nominal. A taxa de câmbio real é a taxa de câmbio
nominal deflacionada pela razão entre inflação doméstica e inflação externa. Dessa forma, se
a desvalorização nominal superar a variação da inflação, o produto nacional torna-se mais
competitivo, ou seja, mais barato.

É obvio que a competitividade do produto nacional


é diretamente influenciada pelo patamar da taxa de
câmbio vigente, pois a desvalorização cambial aumenta a Glossário
competitividade dos produtos do país, já uma valorização Guerra Cambial/Comercial:
cambial reduz a competitividade. Devido a isso, os países quando os países desvalorizam
procuram desvalorizar sua taxa de câmbio para aumentarem ou mantêm sua taxa de câmbio
suas exportações. Porém, se todos os países procuram usar desvalorizada para estimular as
exportações.
esse artifício para aumentar sua competitividade, ocorre a
chamada guerra cambial ou guerra comercial.

Outra artimanha dos países para manipular a taxa de câmbio é utilizar a política
monetária. Por exemplo, conforme aumenta a taxa de juros, aumenta o ingresso de
fluxo de capital no país, fator que pressiona o câmbio para uma valorização.

Ideias Chave
Quando aumenta a taxa de juros...
• Incentiva o ingresso de recursos financeiros do exterior;
• Instrumento anti-inflacionário;

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Regimes Cambiais
O Banco Central de cada país pode determinar o regime cambial vigente. Esse regime cambial
pode ser definido da seguinte forma: câmbio fixo e câmbio flutuante.

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Saiba mais em: http://www.bcb.gov.br/?txcambio

Taxa de câmbio fixa


O Banco Central fixa a taxa de câmbio, assim o ajuste é via oferta e demanda de divisas
naquele valor. Porém podem ocorrer pressões nesse regime cambial.
Se ocorrer excesso de oferta, para manter a taxa de câmbio fixa, o Banco Central compra a
moeda estrangeira, a fim de evitar a valorização da taxa de câmbio.
O contrário é verdadeiro: se ocorrer excesso de demanda por moeda estrangeira, o Banco
Central vende moeda, assim a moeda nacional não desvaloriza.
Desse modo, com o regime de câmbio fixo, as oscilações da oferta e da demanda de moeda
não fazem variar a taxa de câmbio, pois o Banco Central intervêm para manter o equilíbrio
naquela taxa fixada.

Por que ter uma taxa de câmbio fixo?


A vantagem do câmbio fixo é o maior controle da inflação, pois evita aumentos de preços
dos produtos importados. Já, entre as desvantagens, está o fato de que o Banco Central deve
manter reservas cambiais, que ficam vulneráveis aos ataques especulativos. Com isso, a política
monetária do país torna-se passiva, uma vez que fica dependente da situação cambial, pois,
caso a demanda por moeda aumente e as reservas do Banco Central se esgotem, o Banco
Central precisa aumentar a taxa de juros para atrair moeda estrangeira.

Taxa de câmbio flutuante


O mercado determina a taxa de câmbio; assim o preço flutua para garantir o equilíbrio entre
a oferta e a demanda.

“Suja”: o Banco Central intervêm comprando/vendendo divisas. Geralmente isso ocorre


com o objetivo de evitar grandes oscilações na taxa de câmbio, que podem prejudicar
negócios já fechados em outra taxa de câmbio.
Bandas cambiais: o governo admite flutuação da taxa de câmbio dentro de um limite.

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Impactos
Como vimos, a taxa de câmbio é uma das variáveis macroeconômicas importantes para a
economia. Seus impactos ocorrem em diversas outras variáveis macroeconômicas, como veremos.

Exportações e importações (Balança comercial)

Uma desvalorização cambial pode aumentar as exportações e reduzir as importações, pois o


produto nacional torna-se mais barato e o importado, mais caro.
Já uma valorização cambial pode aumentar as importações e reduzir as exportações, já que o
poder de compra da moeda nacional aumenta e, dessa forma, é possível comprar com o mesmo
valor mais produtos de outros países.
Por exemplo, um perfume que custa 100 dólares, se a cotação do dólar for de US$/R$1
(patamar considerado como valorizado), o perfume sairá por 100 reais. Já se houver uma
desvalorização para o patamar de US$/R$ 4, o mesmo perfume aumentará para 400 reais.
Logo, neste novo patamar, haverá uma redução das importações, pois o preço do produto
quadriplicou. Da mesma forma, as exportações aumentarão, pois, com o mesmo um dólar, o
estrangeiro comprará mais produtos do Brasil.
Exemplo

Cotação Custo Taxa de importação Taxa de exportação

US$/R$1 R$ 100,00 Maior Menor

US$/R$ 4 R$ 400,00 Menor Maior

Inflação
Com uma valorização cambial, ocorre o que chamamos de
âncora cambial. São dois os fatores que seguram a taxa de
inflação. Primeiro: com o aumento das importações, aumenta Glossário
a concorrência, fator que tende a pressionar a redução dos
Âncora cambial: quando o
preços nacionais. Segundo: com a queda do preço dos
governo mantém ou valoriza o
produtos importados, os produtos são vendidos no Brasil câmbio para reduzir a taxa de
por um preço mais baixo. Além disso, os produtos nacionais inflação.
que possuem algum insumo de produção terão seus custos
reduzidos, logo poderá haver uma redução dos preços.
O contrário é verdadeiro, uma desvalorização cambial tende a aumentar a taxa de inflação.

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Dívida externa
Com a desvalorização cambial, aumenta o estoque da dívida externa
em reais, não afetando seu saldo em dólares. Por exemplo, se o Brasil
possui uma dívida de 1 bilhão de dolares e o câmbio desvaloriza, a sua
dívida continuará 1 bilhão de dolares, mas aumentará em reais.

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Material Complementar

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Site do Banco Central do Brasil: http://www.bcb.gov.br/?txcambio

Moedas cambiadas:
Site do Banco Central do Brasil: http://www4.bcb.gov.br/pec/taxas/batch/tabmoedas.asp?id=tabmoeda.

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Referências
GREMAUD, Amaury Patrick; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de eTONETO Jr,
Rudinei. Economia Brasileira Contemporânea. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2008
LACERDA, Antonio Correa de. Economia Brasileira. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010
MANKIW, N. G.. Introdução à Economia. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2005.
PASSOS, Carlos Roberto Martins e NOGAMI, Otto. Princípios de Economia. 5ª ed. SP:
Thomson, 2005.
PINHO, D. B., VASCONCELLOS, M. A. S. de. (Org.). Manual de Economia: equipe de
professores das USP. 5ª edição. São Paulo: Saraiva, 2006
SILVA, César R. L. e LUIZ Sinclair. Economia e Mercados – Introdução à economia. 19
ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
VASCONCELLOS, M. A. S.. Economia Micro e Macro. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2001.

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Anotações

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www.cruzeirodosulvirtual.com.br
Campus Liberdade
Rua Galvão Bueno, 868
CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil
Tel: (55 11) 3385-3000
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Silvia Cristina Galana

Revisão Textual:
Profa. Ms. Simone Aparecida Polli
• Conceitos da Economia

• Modos de produção

• O Capitalismo

• O Estado

Nesta disciplina trataremos dos aspectos mais relevantes do


ambiente em que a empresa está situada (o que chamaremos de
“Macroeconomia”) e das principais teorias econômicas que nos
permitem entender a competição neste ambiente (o que chamaremos
de “Microeconomia”).

Atenção

Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar
as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.

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Bem-vindo à disciplina de Ambiente de Negócios!

Essa será uma disciplina extremamente interessante que deverá mostrar de uma forma
mais estruturada e científica diversos aspectos do nosso cotidiano empresarial.

Para o melhor acompanhamento desta disciplina, o aluno deverá ter a mente aberta
para uma nova forma de ver os fenômenos que certamente já conhece dos noticiários, jornais
e revistas, como inflação, crescimento econômico, as leis da concorrência, entre outros.
Deverá estar familiarizado também com algumas ferramentas matemáticas básicas, como o
uso de equações lineares e a construção de gráficos.

Aliaremos teoria à prática com o uso de exemplos reais em cada unidade da disciplina.

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Como entender o Ambiente de Negócios?

Esta é uma questão sempre presente para profissionais da área de


Negócios e de Marketing. Então, vamos conhecer alguns conceitos
importantes!

Mesmo se estiverem realizando uma disciplina de Economia pela primeira vez, os


alunos em geral já trazem uma bagagem de conhecimentos sobre o tema em razão da sua
importância. Diariamente, vários aspectos sobre a economia são abordados nos noticiários,
nas TVs, no trabalho e até em casa.

Contudo, é preciso que tomemos um cuidado em diferenciar os aspectos que são


tratados nestes veículos de informação e os aspectos teóricos mais formais da Economia. De
um lado, é importante ter o conhecimento diário e mais genérico sobre as atualidades e
notícias recentes. Mas, de outro lado, é também fundamental, sobretudo para os profissionais
que atuarão no mundo dos negócios, entenderem os aspectos mais formais e teóricos da
Economia. Ou seja, o empreendedor deve conhecer as “Leis” que regem o funcionamento da
Economia.

Vamos, então, definir de que trata esta ciência.

A definição dada por Vasconcellos & Garcia é a seguinte:


“Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a
sociedade decidem empregar recursos produtivos escassos na
produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as
várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as
necessidades humanas.” (Vasconcellos; Garcia, 2005, p. 2)

Há, nessa definição, diversos conceitos que iremos


abordar ao longo da disciplina, como a questão da produção,
distribuição, emprego de recursos, etc.

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O primeiro aspecto a ressaltar é que Economia é uma Ciência Social. Em razão do uso
intensivo da matemática e da estatística, algumas pessoas são inclinadas a imaginar que
Economia é uma Ciência Exata; mas não é, embora a Matemática e Estatística sejam
ferramentas usadas largamente pelos economistas. A Economia trata da maneira com que os
homens se organizam e organizam seus recursos para produzirem e distribuírem os bens que
desejam. Trata, portanto, do homem e seu meio, sendo então uma ciência humana e, como
alguns autores diriam, é a mais humana de todas as ciências1.

Sobre este amplo conceito de economia, sustentam-se estudos mais específicos, o que
denominamos de ramos da economia. Estudaremos nesta disciplina os princípios elementares
de dois destes ramos: a microeconomia e a macroeconomia. Na microeconomia, veremos
como funcionam os mercados isoladamente, o comportamento de produtores e
consumidores, e como eles decidem trocar produtos no mercado, decidindo as quantidades e
a que preço negociarão suas mercadorias. Na macroeconomia, abordaremos os temas mais
amplos das economias que afetam a todos os agentes que de alguma forma atuam neste
meio. Os principais temas tratados na macroeconomia são o PIB dos países, inflação, os juros,
o câmbio (relação de troca entre moedas de diferentes países), o emprego, as contas do setor
público, as contas externas, entre outros.

Principais Questões e Problemas Abordados


Com ajuda da microeconomia, abordaremos as questões de quais bens produzir,
quantas quantidades produzir ou adquirir, e a que preço. Também averiguaremos de que
forma podemos atingir o máximo de lucro em nossos negócios, a partir de entendimentos do
funcionamento de nossa empresa, dos concorrentes e dos compradores deste mercado.

Através da macroeconomia, por sua vez, tentaremos entender de forma mais


abrangente como se dá o ambiente econômico em que nossa empresa opera. Tentaremos
entender por que há inflação e quais seus malefícios aos negócios, o que determina o
crescimento de um país ou região, de que forma mudanças nas taxas de câmbio podem afetar
este ambiente e de que maneira os juros interferem também em nossos negócios. Buscaremos,
ainda, entender o funcionamento das contas públicas e sua influência nas economias e,
finalmente, o relacionamento da economia de um país com os outros países (o “resto do
mundo”).

1
Há diversos casos de cientistas socias de outras áreas que, ao tentarem entender determinado fenômeno, passaram
a estudar economia para tentar entendê-los melhor, e acabaram por redirecionar suas carreiras para a Economia.
Muitos sociólogos, cientistas políticos, historiadores, entre outros, passaram a se dedicar à economia na busca das
respostas a questões sociais. Também há na economia contribuições importantes de cientistas de áreas tão diversas,
como física, matemática e biologia.

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Relevância e atualidade
Em um curso de Marketing, poderíamos dizer que poucas coisas são mais importantes
do que entender os mercados em que as empresas operam. Uma das propostas desta
disciplina é justamente a de iluminar este tema; não necessariamente do ponto de vista mais
prático e específico dos mercados em que se atua, mas dos mecanismos gerais que
determinam o funcionamento dos mercados, ou seja, suas “leis”. Apesar de um pouco mais
abstrata, esta abordagem tem a vantagem de ser aplicável a mais casos, de forma genérica,
para todos os mercados.

Já com relação à macroeconomia, a relevância é contribuir para o ambiente


econômico a que todas as empresas de um país estão submetidas. Entender este ambiente
econômico é compreender os fatores que influenciam os negócios e permitem um
posicionamento mais consciente no mercado de atuação da empresa.

O objetivo deste tópico é apresentar algumas das


formas mais importantes de produzir riqueza estabelecida ao
longo da história da sociedade. Nossa intenção é a de
demonstrar que o modo de produção atualmente
dominante, o capitalismo, é uma forma relativamente
recente de organização econômica, que tem suas
particularidades, vantagens e desvantagens. Com isso,
buscaremos salientar as principais características que
distinguem o capitalismo das demais formas de produção e,
ao mesmo tempo, exporemos que diversas destas
características, dadas como ‘naturais’ e até ‘obvias’, são na verdade inovações sociais
extremamente complexas, recentes e particulares deste modo de produção, resultado de
milhares de anos de evolução social.

Outro objetivo deste tópico é mostrar que este mesmo modo de produção ainda está
em constante transformação, mesmo nos dias atuais, que certamente fazem com que o
capitalismo mude e evolua a cada dia2.

2
Ao usarmos o termo ‘evolução’ não nos referimos a uma mudança necessariamente para melhor, mas sim a uma
forma mais adaptada de organização social ao seu meio.

9
O termo 'modo de produção' foi cunhado pelo economista alemão Karl Marx para
denominar os sistemas econômicos dominantes em determinadas civilizações em dados
períodos, cujas características econômicas marcantes eram dadas pelas suas forças produtivas
e as relações de produção entre os grupos de indivíduos daquelas sociedades.

Trata-se de um conceito simplificador, mas que nos ajuda a entender, de uma forma
genérica, como uma sociedade produzia os bens de que precisava e queria usufruir. Neste
sentido, ao estudar a história da humanidade, Marx identificou, de forma idealizada, seis
modelos de funcionamento das economias das civilizações.

Karl Marx, economista prussiano (atualmente,


Alemanha), disseminou o conceito de “modos de
produção”, formas características utilizadas pelas
civilizações para produzirem seus bens ao longo da
história. Aprofundou-se no estudo das características do
capitalismo, tendo como principal obra “O Capital”.
Grande pensador do século XIX, Marx foi ainda
sociólogo, filósofo, historiador e cientista político. É
considerado um dos autores mais influentes da história.
Fonte:
http://www.alpharrabio.com.br/Karl_Marx.jpg

A seguir vamos ressaltar as principais características de cada um destes modos de


produção.

Modo Primitivo ou Comunismo Primitivo


Trata-se das organizações tribais e coletivistas mais primitivas das primeiras sociedades
humanas. Este modo de produção, comumente associado às sociedades humanas tribais
(algumas ainda existentes em locais remotos) foi a forma de produção dominante nos
períodos paleolítico e neolítico. As atividades econômicas mais importantes são a caça, a
pesca, a coleta de tubérculos, frutos e demais alimentos vegetais e, em períodos posteriores ou
sociedades mais avançadas, sistemas de agricultura rudimentar.

Do ponto de vista social, trata-se de uma sociedade sem classes bem definidas. Em
razão do pequeno ou nulo superávit (produção acima das necessidades básicas para a
sobrevivência) não há formação de uma elite significativa. A produção é distribuída de forma
relativamente igual para todos os membros da sociedade, que atuam de forma coletiva.

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Neste período ocorreu aquela que é considerada uma das mais importantes revoluções
da nossa história e da economia: a invenção da agricultura. A agricultura permitiu a fixação
das sociedades em determinadas regiões, contrariando a tendência nômade anterior (exigida
porque a atividade de coleta e caça é extensiva e pode rapidamente exaurir um determinado
ambiente, exigindo o deslocamento constante). A agricultura desenvolveu-se principalmente
às margens de rios e outras fontes de água doce. O benefício mais importante desta
localização, além da fonte de água para consumo, era a fertilidade dos terrenos ao redor.

Modo de produção Asiático


Assim denominado por Marx para representar, de forma comum, as sociedades da
Fenícia, Mesopotâmia e Pérsia antiga (entre outras da região do Oriente Médio), e as
civilizações antigas hoje denominadas China, Índia e Egito.

Trata-se de uma simplificação feita por Marx para abranger sociedades que tinham
algumas características importantes em comum. Do ponto de vista econômico, todas elas
apresentavam uma base na agricultura, já bastante mais desenvolvida aqui do que a
agricultura rudimentar observada no modo Primitivo. A produção de grãos para alimentação
difundiu-se entre várias destas “novas civilizações”, e diversas técnicas agrícolas passaram a
ser utilizadas de forma disseminada. Houve ainda o desenvolvimento de equipamentos e
instrumentos agrícolas, utilizados como auxílio em todas as fases da produção e até no
armazenamento de colheitas. Desenvolvimentos em outras áreas, como a construção,
atuavam também como apoio à produção, como era o caso da construção de sistemas de
irrigação, a exemplo da fertilização de terrenos mais distantes dos vales dos rios, permitindo o
aumento da produção.

Representação de sistema de irrigação e canais típicos do Egito


antigo. Tais sistemas também foram largamente utilizados por outras
sociedades, associadas ao modo de produção “Asiático”, e
possibilitaram um aumento na produção agrícola.

Estas sociedades foram ainda marcadas pela ênfase na construção


de grandes obras e monumentos.

Outro desenvolvimento importante dessas sociedades foi no ramo da metalurgia,


principalmente com a exploração do cobre e bronze. A construção também foi um aspecto
fundamental dessas economias, com destaque para os monumentos edificados na época
(como pirâmides, jardins suspensos etc.).

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Por serem sociedades mais eficientes na produção de alimentos e outros bens, elas
permitiram a formação de classes diferentes na sociedade, como as elites religiosas. Nessas
sociedades é que surgem, pela primeira vez de forma mais formal, a noção de um Estado e de
uma classe gestora dos aspectos comuns daquela sociedade.

Outros aspectos econômicos importantes que surgem como destaque nessas sociedades
foi o uso mais difundido da moeda (dinheiro, representado de forma rudimentar por objetos
de valor como gado, conchas, e posteriormente, moedas de cobre) e do comércio.

Modo de Produção Antigo


Este é o modo de produção associado às civilizações da Grécia e Roma antigas. Trata-
se de um modo de produção bastante similar ao modo Asiático, porém com uma ênfase mais
formal no uso do trabalho escravo, por isso esse modo, por vezes, é denominado como Modo
de produção Escravista.

Além das características descritas no modo anterior, essas sociedades eram marcadas
por um sistema agrícola mais avançado, rotas de comércio e o uso permanente da guerra
como força econômica. A guerra, além de expandir as fronteiras da civilização a outros povos,
permitia ainda a captura de mais escravos.

Por entenderem que esse modo de produção é similar ao “Asiático”, alguns autores
preferem denominar essas sociedades de forma comum, como “Civilizações Clássicas”.

Modo de Produção Feudal


Apesar de a imagem do feudalismo estar associada à Europa, esse é um modo de
produção que se disseminou para diversas civilizações, tanto no ocidente como no oriente,
tendo atingido as regiões hoje ocupadas pela Europa continental e insular, norte da África,
Oriente Médio, Rússia, China, Japão, entre outras.

Do ponto de vista econômico, o aspecto mais marcante é o surgimento de uma classe


aristocrática, isto é, os proprietários da terra, cuja mão-de-obra servil está associada a ela. A
servidão era a condição das populações que habitavam aquela terra, e estavam de certa forma
presos a ela. A mobilidade, portanto, estava restrita. Havia uma rede de obrigações mútuas
entre aristocratas e servos, resumidas nas relações sociais conhecidas como “senhoriagem” e
“vassalagem”.

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A base econômica continua sendo a agricultura, porém o período é marcado por um
enorme avanço nas práticas artesanais nas áreas têxtil, metalúrgica, produção de ferramentas
e armamentos, entre outros. A importância da produção de bens, além da agricultura, cresce
de forma nunca vista em nenhum período anterior.

Também há avanços extremamente importantes na própria agricultura, construção, na


produção de energia e em seu uso na produção (como moinhos). De forma generalizada, há
avanços em todas as áreas científicas. Também o comércio é intensificado e expandido.
Dissemina-se neste período o uso de metais nobres como moeda, facilitando o comércio entre
diferentes civilizações.

Capitalismo
Surge entre os séculos XIV e XVI, na Europa, a partir do mercantilismo, a intensificação
do comércio ocorrida já ao final do período feudal. Na visão de Marx, a característica principal
do capitalismo é a criação do trabalho como um fator de produção comercializável. Dessa
maneira, o capitalismo é marcado pelo uso do trabalho na forma de uma mercadoria.

O capitalismo, assim, é caracterizado por uma sociedade de classes em que, de um


lado, há os proprietários do capital (ou capitalistas) e de outro lado há os proprietários de
trabalho (ou “desapropriados” de capital), que precisam vender sua força de trabalho.

Um dos marcos do capitalismo é o fenômeno histórico denominado “Revolução


Industrial”. A Revolução Industrial foi um conjunto de transformações técnicas, tecnológicas,
científicas e sociais que permitiram um aumento sem precedentes na produtividade e na
variedade de bens produzidos pelas sociedades.

Do ponto de vista da dinâmica capitalista, o principal motor de desenvolvimento deste


sistema está baseado na livre iniciativa dos empreendedores, que decidem alocar seu capital
em empresas e projetos que vislumbram serem lucrativos. Este modo de produção é marcado
ainda pelo funcionamento do “mercado”, um ambiente (que pode ser real ou abstrato) de
livre negociação de mercadorias. Nesse ambiente, os indivíduos que desejam comprar e os
indivíduos que desejam vender determinadas mercadorias encontram-se para negociar preços
e quantidades a serem comercializadas.

Trataremos de outros aspectos do capitalismo ainda nesta unidade.

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Comunismo
Trata-se de um modo de produção baseado na gestão científica e planejada da
produção, em contraposição ao mecanismo de mercado do capitalismo. No comunismo, há
um ou mais planejadores centrais que, através de avaliações objetivas e científicas, identificam
a quantidade e os tipos de bens que devem ser produzidos. A partir dessa identificação, é feito
um planejamento e a alocação dos recursos exigidos para que esta produção ocorra de fato.

No limite, o comunismo seria um meio de produção mais eficiente que o capitalismo,


por minimizar “desperdícios” que ocorrem normalmente no capitalismo, como o desemprego,
o uso de recursos para propaganda e outros elementos da concorrência, além de propiciar um
maior ganho de escala na gestão da produção. No seu limite extremo, o comunismo
eliminaria outros aspectos de modos de produção anteriores, como a necessidade de se usar
moeda para trocas.

Na prática, o Comunismo foi um modo de produção idealizado, mas nunca realizado


de fato. As experiências econômicas inauguradas pela União Soviética no século XX foram
denominadas de “socialismo real”, cujo objetivo era o de estabelecer o comunismo como
modo de produção, todavia sucumbiram antes desta realização. Alguns dos aspectos
fundamentais ao comunismo, como a democracia plena, não estiveram presentes nessas
economias.

Descreveremos a seguir as principais características dessa forma de produzir, hoje


dominante no mundo em que vivemos. Na observação dessas características, é fundamental
fazermos duas ressalvas.

Primeiro, quanto à simplicidade das informações colocadas aqui. Naturalmente, tais


características são aquelas entendidas como as mais relevantes para se entender o modo de
produção em que atuamos. Trata-se de uma visão puramente técnica e econômica do
capitalismo, em que buscamos apenas destacar o que é mais relevante para o profissional de
Marketing, objetivando entender que o meio em que atua tem preconceitos e valores que não
são necessariamente naturais do ser humano, mas provavelmente são induzidos pela nossa
forma atual de produzir, consumir e trocar bens. Há muitas outras características que deveriam
ser analisadas e mesmo as que são demonstradas aqui deveriam ser estudadas mais
profundamente para um completo entendimento do capitalismo.

Segundo, quanto à constante evolução do capitalismo. O modo de produção em que


atuamos é extremamente dinâmico e evolui constantemente. Foi, aliás, justamente esse
caráter de constante adaptação do capitalismo ao seu meio que permitiu que ele se tornasse o
14
modo de produção dominante até hoje, de forma generalizada no mundo. Portanto é
importante perceber que ressaltaremos as características elementares, que persistem ao longo
do tempo, e que há muitas e constantes mudanças ao longo do tempo sobre as formas com
que o capitalismo se desenvolve.

Bens e Mercadorias
Bens são todos os produtos e serviços que têm alguma utilidade para os indivíduos e
que podem ser comercializados de alguma forma. Todas as mercadorias que adquirimos ou
vendemos são bens. Também são considerados bens aqueles materiais adquiridos e utilizados
para a fabricação de outros bens. Nesse caso, os primeiros são chamados de bens
intermediários; enquanto os últimos são denominados bens finais.

Mercadorias são, simplesmente, os bens quando transacionados ou comercializados.


Eles têm a dupla característica de terem algum valor para as pessoas e poderem ser
negociados entre elas.

Propriedade privada
No capitalismo os bens e direitos são de propriedade de indivíduos (privada) ou do
Estado (pública). Na prática, isso significa que os bens, ativos, mercadorias (e mesmo direitos)
têm dono certo e identificado. Esse proprietário pode, por conseguinte, fazer o uso que desejar
de seus bens, desde que respeite as leis daquele país ou região em que atua. O Estado
também pode ser proprietário, porém nos Estados capitalistas modernos a maior parte da
propriedade é privada e o Estado atua como garantidor destas propriedades e dos contratos.

Fatores de produção
A produção é realizada através da combinação de diversos fatores. Esses fatores são
comumente categorizados em capital, trabalho e terra. Atualmente, capital e terra confundem-
se, pois terra posta à produção também tem as mesmas características de capital. Portanto,
essencialmente, os fatores de produção são capital e trabalho que, combinados, permitem a
produção de produtos e serviços. Por exemplo, para que sejam fabricados pregos são
necessários aço, ferramentas (para cortar e afiar o aço no formato desejado) e algumas
pessoas operando estas ferramentas e a matéria-prima para que o produto final seja realizado.
Nesse caso, então, o aço e as ferramentas são o capital, enquanto o esforço das pessoas em
converter a matéria-prima em pregos é o trabalho.

15
Mercado
Mercado é o ambiente, real ou virtual, em que se dão as trocas dos bens. É o local
onde as pessoas que querem comprar um bem e as pessoas que querem vender este mesmo
bem se encontram para negociar o preço e realizar esta troca. O mercado pode ser,
efetivamente, um mercadinho de bairro onde se compram os alimentos da semana. Pode ser
também uma Bolsa de Valores, onde ativos financeiros - que também são bens - podem ser
negociados. Pode ainda ser um ambiente virtual ou abstrato, por exemplo, um portal na
internet onde é feito um leilão de telefones celulares.

Divisão do trabalho
Trata-se de um dos aspectos mais marcantes do capitalismo. Mesmo em modos de
produção mais modernos, havia um grau de certa diversidade nas atividades de um indivíduo.
Um típico artesão do feudalismo, por exemplo, era responsável por realizar todo um conjunto
de atividades que viriam, ao final, a dar como resultado a produção de um sapato.

No capitalismo, porém, a produção é feita de forma extremamente parcelada e


especializada. Na produção de um sapato, por exemplo, um funcionário pode ser responsável
apenas por colar a sola do sapato no couro, mas ele faz isso de forma extremamente
especializada e sem precisar trocar ferramentas e equipamentos. No seu conjunto, com a
produção sendo feita por diversas pessoas realizando atividades parciais, mas de forma
especializada, há um enorme aumento da produtividade.

É uma característica que damos por “natural”, mas que é bastante recente, a nossa
especialização em profissões. Dessa forma, um biólogo que trabalhe em uma vinícola pode ser
hoje especializado nos processos de fermentação e fazer isso com conhecimento e
produtividade inigualáveis, mas pouco sabe dos solos e das épocas do plantio ou mesmo do
processo de engarrafamento do vinho. No feudalismo, para compararmos, um vinho
provavelmente era feito pela mesma pessoa ou família, que realizavam todo o processo desde
o plantio, colheita, fermentação, produção, engarrafamento e venda.

Essa maior divisão do trabalho é que permitiu o alcance de maior produtividade e


especialização no capitalismo.

16
Representação de uma fábrica de alfinetes. Segundo observado por
Adam Smith em seu clássico “Riqueza das Nações”, considerado um dos
fundadores da Ciência Econômica moderna, a divisão do trabalho
permitia que a produção de alfinetes passasse de 20 unidades por
trabalhador (no modelo artesanal) para cerca de 4.800 alfinetes por
trabalhador (no modelo industrial), essencialmente em virtude da divisão
do trabalho.

Uso crescente da Moeda e do comércio


A moeda e o comércio já existiam antes do capitalismo, mas é a partir desse modo de
produção eles passam a ser essenciais na vida cotidiana de todos. A razão disso é que, como
no capitalismo predomina a divisão do trabalho, cada pessoa tende a produzir apenas um tipo
de bem ou alguns tipos de bens, porém para sobreviver precisa adquirir uma variedade muito
maior de bens.

Dessa maneira, a necessidade de comercializar bens é comum a todos. Por exemplo,


um indivíduo assalariado vende seu trabalho em troca de moeda e comprar todos os demais
bens de que precisa com uso também da moeda.

Trataremos mais deste tema em outras unidades.

Ao contrário do que algumas pessoas poderiam imaginar, a existência do Estado não é


antagônica à existência do capitalismo; é, ao contrário, uma condição necessária.

É fato, aliás, notado por diversos historiadores, que o capitalismo somente vigorou
naquelas nações que detinham um Estado em pleno funcionamento. Observa-se, ainda, que o
capitalismo frutificou primeiro naquelas nações cujo Estado, na nossa concepção moderna,
desenvolveu-se de forma plena.

Isso ocorre porque o capitalismo somente pode funcionar em um ambiente em que a


propriedade privada está garantida, em que há respeito aos contratos e em que há um certo
ambiente de segurança. Além disso, existem outros elementos pelos quais o Estado zela e que
facilitam muito o desenvolvimento do capitalismo, como, por exemplo, a moeda.

17
Livre Iniciativa ou Liberdade Econômica
Se podemos considerar que o motor do capitalismo é o mercado, então podemos dizer
que a liberdade econômica é o combustível que faz este motor funcionar.

A liberdade econômica é a permissão para que os cidadãos comuns de um país


tenham direito a propriedade privada e possam realizar empreendimentos tendo como
objetivo o lucro. É o direito de realizar negócios e apropriar-se dos lucros deste negócio. Para
que isso seja possível, deve haver um conjunto de leis que permita - e, em alguns casos,
estimule - a realização de empreendimentos econômicos privados, além da garantia estatal à
propriedade e aos contratos. Em uma sociedade capitalista, considera-se legítimo que um
empreendedor aproprie-se dos lucros de seu empreendimento, ainda que parte dos lucros
possa ser retida pelo Estado na forma de impostos sobre a renda ou lucro.

É justamente esta expectativa dos lucros que motiva as pessoas a realizarem


investimentos, estimulando a produção de bens, o emprego e a inovação.

Essas são apenas algumas das características do capitalismo, mas que perduram em
todas as suas fases desde seu nascimento até os dias atuais, ainda que muitos outros aspectos
tenham se alterado de forma significativa.

É importante notar a brevidade do capitalismo na vida humana, sobretudo a partir de


sua forma mais consolidada, a partir do século XVIII.

Na próxima unidade, trataremos de forma mais objetiva de algumas das “Leis” que
regem o funcionamento dos mercados e dos negócios dentro deste sistema econômico.

18
ANDERSON, Perry. Passages from Antiquity to Feudalism. Nova Iorque: Verso Books,
1997.

MANDEL, Ernest. An Introduction to Marxist Economic Theory. Nova Iorque:


Pathfinder Press, 1974.

SMITH, Adam. Riqueza das Nações: investigação sobre sua natureza e suas causas.
São Paulo: Editora Nova Cultural, 1996.

VASCONCELLOS, M. A. S.; ENRIQUEZ GARCIA, M. Fundamentos de Economia. 2. ed.


São Paulo: Saraiva, 2005.

20
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Responsável pelo Conteúdo:
Professor Ms. Guilherme Antonio Ziliotto

Revisão Técnica:
Profª Ms. Herida Cristina Tavares

Revisão Textual:
Profa Ms Eliane Nagamini
 Principais Temas da micro Empresa

 Microeconomia vs. Macroeconomia

 Principais Teorias

 Valor, Preço,Objetividade e Subjetividade

 O Comportamento do Consumidor
no Ambiente de Negócios

 O Mercado

Nesta unidade, estudaremos os principais temas relacionados à


Microeconomia, isto é, a parte da Economia que estuda mais de
perto o funcionamento das empresas e como elas se comportam no
ambiente competitivo.

Pode ser que no começo dos estudos a Microeconomia pareça diferente de


outras matérias que você tenha estudado antes. Isso acontece algumas vezes
porque ela é uma disciplina que usa conceitos abstratos, isto é, representa
fenômenos reais através de ferramentas ideais. Mas com algum esforço e a mente
aberta para novas ideias, você será premiado com uma nova forma de pensar e
ver o mundo real.
Quando nos referimos ao termo “microeconomia”, estamos tratando das
questões econômicas que são dadas em um determinado mercado, alguns poucos
mercados, um setor ou mesmo apenas uma unidade produtiva. Por isso é usada a
palavra “micro”, que significa que estamos olhando a economia de bem perto.

Nesta unidade, estudaremos as questões e os princípios mais básicos deste


segmento da Ciência Econômica. Veremos também, simplificadamente, de que
forma comportam-se e interagem os principais “agentes econômicos”, isto é, as
pessoas ou grupos de pessoas representadas por seus interesses econômicos
distintos.

8
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui

Uma das principais perguntas perseguidas pelos economistas, mesmo nos


primórdios desta ciência, foi a de entender o que dá valor aos bens. Durante
séculos os economistas debateram-se sobre esta questão do valor – que será
explicada mais detalhadamente no tópico a seguir - sem, contudo, conseguirem
uma resposta plena e satisfatória, ao menos do ponto de vista quantitativo, para
este tema.

Partiram, posteriormente, para a tentativa de determinação dos preços.


Neste caso, sim, a teoria evoluiu satisfatoriamente para uma teoria de
determinação de preços de mercado e, associados a estes preços, as quantidades
de compra e venda que dariam estabilidade a este mercado. A este grupo de
questões denomina-se Teoria do Consumidor.

A microeconomia investiga também questões ligadas ao produtor. As


questões mais importantes são a determinação da quantidade a ser produzida para
que se obtenha o menor custo possível - por unidade de bem produzido - e, ao
mesmo tempo, o máximo lucro possível. Trata-se da Teoria do Produtor.

Finalmente, outro grupo importante de questões da microeconomia é o


estudo das Estruturas de Mercado, cujo objetivo é entender as formas mais
comuns de interação entre compradores e vendedores de um determinado tipo de
bem. A avaliação sobre esses modelos de concorrência permite-nos entender
de forma mais específica como as empresas competem e como os compradores se
comportam dentro de ambientes competitivos variados.

Nesse momento, esses conceitos provavelmente são bastante abstratos para


o aluno; mas não se preocupe, trataremos de cada um deles a seu tempo e todos
serão explicados ao longo da unidade e praticados nos exercícios.

Como vimos na Unidade 1, a microeconomia diferencia-se bastante da


macroeconomia, tanto quanto ao tema tratado como nas metodologias de estudo.
De um lado, a microeconomia, na sua visão “neoclássica” (que é nosso objetivo) é
uma construção teórica bastante abstrata que busca verificar os comportamentos
racionais das empresas, consumidores e, no máximo, de algum setor em conjunto.
Por outro lado, a macroeconomia busca explicações para temas mais amplos,
como aqueles ligados a um país ou uma região, ou no mínimo para o agregado de
algumas classes ou setores econômicos.

9
A metodologia também é, na maioria das vezes, distinta. Na
macroeconomia o estudo dá-se mais por indução, isto é, partimos de casos ou
fenômenos conhecidos, muitas vezes através de dados históricos, e tentamos
entender as leis gerais que determinaram estes casos ou fenômenos. Um desses
métodos é o uso de instrumentos estatísticos - mais propriamente, econométricos -
para tentarmos avaliar o comportamento de variáveis macroeconômicas. Já na
microeconomia neoclássica, a lógica é normalmente dedutiva. A racionalidade por
trás dos fenômenos está dada pela própria lógica dos agentes e alguns axiomas
fundamentais, e a teoria é construída sobre estas bases. Naturalmente, é possível (e
sempre desejável) a posteriori verificar se as teorias são confirmadas pelo mundo
real.

Princípios básicos no estudo da Microeconomia


O estudo da microeconomia exige que tenhamos em mente alguns
pressupostos e princípios, detalhados a seguir.

Economia como ciência objetiva


O estudo da microeconomia conforme proposto aqui, corresponde a uma
visão chamada de “neoclássica”. Nessa visão, a economia é tratada como uma
ciência objetiva, em que são definidos alguns axiomas (princípios básicos e dados
como certos) e toda a teoria é desenvolvida a partir desses axiomas de forma lógica
e, por vezes, matemática. Em alguns casos isso representará alguma simplificação
da realidade, mas com isso tem-se o benefício de um maior avanço nas conclusões
e uma maior formalidade na construção da teoria.

Existe, naturalmente, a possibilidade de testar, ao final, se as teorias


encontram respaldo na realidade, o que denominamos de “testes empíricos”. A
teoria microeconômica tem evoluído muito desta forma, com da construção de
modelos teóricos e, a partir daí, a verificação se a realidade é suficientemente
explicada com base nestes modelos.

Utilidade
Utilidade é a característica que os produtos e serviços têm de satisfazerem
necessidades ou desejos das pessoas e empresas. Esse conceito de “utilidade”
aproxima-se do uso cotidiano que damos para a palavra. Podemos dizer que um
litro de água tem utilidade por vários motivos. Pode ser usado para saciar a sede;

10
pode ser usado para lavar a louça; pode ser usadoUnidade:
para cozinhar alimentos.
Colocar O unidade aqui
o nome da
conceito de utilidade está ligado, em parte, à característica daquele produto em
satisfazer necessidades ou desejos das pessoas.

Além desse aspecto mais óbvio, os bens também podem ter utilidade mais
abstrata. Por exemplo, um diamante, que a princípio não é um bem “essencial”
para a sobrevivência humana, tem utilidade porque pode ser considerado como
um artigo que embeleza um adereço ou uma pessoa. Dessa forma, a pessoa que
adquire um diamante encontra utilidade nesse objeto, por mais “supérfluo” que
possa parecer a princípio. Vale mencionar também que um serviço também
carrega uma determinada utilidade. Cortar os cabelos, por exemplo, é um serviço
que tem sua utilidade.

Finalmente, outro aspecto que não deve ser esquecido sobre a utilidade é
que ela é subjetiva. Isto é, a percepção de “quão útil” é um determinado produto
depende do seu utilizador ou comprador. Depende também do momento e da
necessidade atribuída àquele produto em um dado momento. Portanto, a utilidade
de um litro d’água para um habitante de uma casa com água encanada abundante
é diferente da utilidade do mesmo litro d’água atribuída por um habitante do
deserto do Saara. A utilidade é subjetiva porque depende do uso que será dado a
determinado bem, das preferências das pessoas, do momento do consumo, entre
outros fatores.

Escassez
Este é um dos conceitos mais importantes da economia e, ao mesmo
tempo, um dos que algumas pessoas encontram mais dificuldade. Por isso, exige
maior atenção.

Escassez significa, literalmente, a falta ou a iminência da falta de algo. Ou


seja, escassez é o oposto de abundância. Entretanto, escassez, no seu sentido
econômico, não significa que não há nenhuma quantidade disponível de um
determinado objeto, mas sim que não há quantidades infinitas desse objeto à
disposição, e/ou que há um custo para a obtenção deste objeto.

Por exemplo, um caso evidente de produto escasso é o petróleo. Não só é


uma substância rara, mas também tem sua quantidade limitada pela própria
natureza. Não há “infinitos” litros de petróleo no mundo. Há o que está nos
reservatórios do subsolo e do oceano e nenhuma gota a mais.

11
O que dizer dos alimentos, por exemplo, como o milho? Não há uma
quantidade pré-determinada de milho no mundo. Há a quantidade que está
disponível hoje, mas podemos plantar mais e mais, de forma indefinida (pelo
menos ao longo do tempo). Podemos então dizer que o milho não é um produto
escasso? A resposta é um sonoro “NÃO”. Apesar de existir em grandes
quantidades, há um custo para se obter milho. Deve-se plantar, há um custo para
cultivá-lo, colhê-lo, armazená-lo, transportá-lo. Logo, milho entra também na
categoria econômica de produtos escassos.

Bens
Uma vez explicados os conceitos de utilidade e escassez, podemos agora
definir o que são bens. Resumidamente, um bem, no sentido econômico, é
qualquer produto ou serviço que tem utilidade e é escasso. Assim, uma substância
tão importante quanto o ar que respiramos normalmente, em sua forma natural
disponível em abundância, não pode ser considerado um bem econômico por não
haver escassez, salvo em situações ou condições especiais. Outros itens são
escassos, porém não são considerados úteis ou mesmo maléficos e, portanto,
também não são considerados bens econômicos. Alguns exemplos seriam o lixo
doméstico, materiais descartáveis utilizados, a poluição, entre outros.1

O leque de opções desse conceito é bastante amplo. São considerados bens


não somente os produtos e serviços finais que consumimos diariamente. Os
materiais, produtos e serviços que utilizamos para a produção de outros bens
também são considerados bens (os chamados bens intermediários de produção e
bens de capital). Logo, uma máquina utilizada na fabricação de carros é um bem.
O próprio trabalho utilizado na produção é um bem. Além, é claro, do produto
final, o carro, que neste caso é denominado de bem final ou bem de consumo
(neste caso um bem de consumo durável).

Agentes Econômicos
Agentes econômicos são todas as pessoas que tomam qualquer tipo de
decisão na economia, seja pessoal, para suas empresas, governo, etc. As próprias
empresas e o governo podem ser considerados agentes econômicos per se. O

1
Produtos que são considerados nocivos ou indesejáveis têm utilidade negativa, e são considerados
“males”.

12
termo agente vem do fato de que esses indivíduos, grupos, governo,
Unidade: entidades
Colocar o nome ou
da unidade aqui
empresas agem na economia e a ação tem algum efeito ou impacto em seu
funcionamento.

Racionalidade
Um dos princípios mais elementares da microeconomia é a racionalidade.
Racionalidade, no sentido microeconômico, significa duas coisas. Primeiro, que os
agentes econômicos desejam sempre obter o máximo de utilidade. 2 Isto é
conhecido pelo termo “maximização da utilidade”. Trata-se de um princípio
bastante intuitivo, mas ao mesmo tempo de fundamental importância para a teoria
microeconômica. Outro fator da racionalidade é a consideração de que os agentes
econômicos conhecem as regras básicas de funcionamento de seus negócios e de
economia como um todo, conseguindo, com base nessas regras, tomar decisões de
consumo e produção.

O que dá valor aos produtos e serviços


O que é valor?

O valor é a característica da importância econômica de um determinado


bem quando é trocado pelos agentes econômicos. Um bem que vale R$1.000
é duas vezes mais importante economicamente que um bem de R$500. Assim,
a importância econômica de um bem é refletida no valor pela qual é
transacionado entre as pessoas, sendo de particular importância a relação de
valor entre os bens e não sua representação de valor na forma monetária (ou
seja, é importante percebermos o valor real, e não somente o valor nominal,
dos bens).

O que dá valor aos bens?

A questão do valor ocupou as atenções dos filósofos, cientistas sociais e


economistas desde que se tem notícia. A dúvida fundamental é: o que dá valor
às coisas? Por que os bens têm o valor que têm? Por que bens tão essenciais
como a água são trocados por valores relativamente baixos enquanto bens não
essenciais, quase “inúteis”, como o diamante, tem valor altíssimo?

2
Agentes econômicos são todas as pessoas que tomam qualquer tipo de decisão na economia, seja
pessoal, para suas empresas, governo, etc. As próprias empresas e o governo podem ser considerados
agentes econômicos per se.

13
Trata-se de um tema fundamental para profissionais de qualquer setor
econômico, sobretudo para profissionais de Marketing. Ao saber identificar o que
dá valor aos bens, os profissionais poderão focar esforços naquelas atividades e
características que “agregam mais valor” aos bens, em detrimento de outras
atividades menos profícuas.

A principal “escola” econômica que tratou da questão do valor foi a Escola


Clássica, cujos principais expoentes foram Thomas Malthus, Adam Smith, John
Stuart Mill, David Ricardo, Karl Marx, entre muitos outros. Essa escola de
pensamento econômico foi dominante durante o século XIX.

Na concepção dos autores clássicos, o que dá valor aos bens é o trabalho


humano. Um determinado bem é mais valioso se há necessidade de muito
trabalho humano para que ele seja obtido; enquanto que um outro bem será
menos valioso se pode ser obtido ou construído com relativamente pouco trabalho.
Essa concepção atingiu várias formas, mas teve seu ponto de maior rigor teórico
nos trabalhos de Karl Marx. No entendimento de Marx, o valor é dado pelo tempo
de trabalho socialmente necessário para a produção deste bem. Dessa forma,
explicar-se-ia a questão do valor da água e do diamante. O diamante tem valor
alto porque é extremamente raro e exige muito tempo de trabalho para ser
encontrado, trabalhado e lapidado, até que seja transformado em um ornamento e
jóia. Por outro lado, a água que pode ser encontrada em abundância, exige pouco
trabalho da sociedade (pelo menos em relação aos diamantes, mais raros e de
difícil obtenção). Por isso, exigindo pouco trabalho, apesar de mais essencial, a
água tem um valor menor.

Apesar de mais satisfatória que teorias anteriores, essa interpretação não


explicava, por exemplo, por que o mesmo bem era comprado e vendido a preços
diferentes em diferentes situações. Afinal, se um determinado bem, em
determinado momento, tem um dado custo social em horas de trabalho por
unidade de produto, seria de se esperar que seu valor (e, portanto, seu preço) não
oscilasse tanto.

A partir da segunda metade do século XIX, começou a tomar corpo uma


nova visão sobre o valor e os preços das mercadorias. Segundo diversos
economistas, o valor das mercadorias não poderia ser atribuído a características
intrínsecas dos bens, nem somente ao trabalho que era exigido para serem obtidos.
Esta nova escola de pensamento considerava que, ao determinar o valor de um
bem, as pessoas levam em conta as quantidades adicionais deste bem que estariam

14
à sua disposição e, além disso, consideram também osUnidade:
aspectosColocar
de valorosubjetivos
nome da unidade aqui
que cada pessoas atribui aos bens. Tratava-se de uma visão tão distinta das
anteriores e que ganhou tanta importância que tomou o nome de Revolução
Marginalista. Seus principais expoentes, à época, foram William Jevons (1862),
Carl Menger (1871) e León Walras (1874).

Essa visão efetivamente revolucionou a forma de se compreender o valor,


abolindo a interpretação do valor intrínseco dos bens (relativo ao seu material ou
aos seus custos de produção) e passando a explicar o valor dos bens em função de
sua abundância relativa e também dos aspectos derivados do desejo das pessoas
em adquirir tal bem.

Por entenderem que o termo “valor” carregava esta visão de uma


característica intrínseca dos bens, os teóricos do marginalismo passaram a chamar
suas teorias de teorias de determinação dos preços, a não mais do valor. O valor,
assim, teria um caráter puro e objetivo, mas de difícil determinação.

Já os preços são função da relação da sua abundância relativa (em


comparação com os demais bens) e da necessidade ou desejo que as pessoas têm
em adquiri-los. Trataremos deste tema no item 3 desta unidade. É importante neste
momento perceber que a determinação de preços não depende apenas de um
fator isolado (seu custo ou sua abundância relativa), mas também da necessidade
ou do desejo que as pessoas têm em adquirir tal bem e do valor subjetivo que cada
uma atribui a tais bens.

A partir da Revolução Marginalista fundaram-se diversas escolas de


pensamento novas, com destaque para a escola neoclássica e para a escola
austríaca.

Variáveis que Afetam a Percepção de Valor


Mencionamos no tópico anterior que a determinação de preços depende,
entre outros fatores, da percepção de valor que as pessoas atribuem a determinado
bem. Mencionamos também que isto é subjetivo, ou seja, varia de um indivíduo
para outro e para um mesmo indivíduo, de uma situação para outra.

Um dos elementos mais importantes na determinação subjetiva do valor são


os gostos ou as preferências por determinado bem. Pode haver preferências
naturais de uma pessoa, por determinado alimento em detrimento de outro, que o

15
faça preferir este àqueles. O gosto de cada um de nós, portanto, é determinante na
atribuição subjetiva de valor. Da mesma forma que a mesma pessoa pode atribuir
um desejo maior ou menor por determinado bem dependendo da situação.
Quanto você pagaria por um guarda-chuva em um dia de sol? E quanto pagaria
pelo mesmo bem em um dia de chuva? Provavelmente valores diferentes.
Provavelmente pagaria também valores diferentes em um momento de chuva se
estivesse voltando para casa de carro, ou se estivesse indo para uma entrevista de
emprego a pé.

Pessoas atribuem valores diferentes a um mesmo bem de acordo com suas


preferências, de acordo com situações distintas, e dependendo de condições que
variam. Valor é algo subjetivo.

Entendendo, assim, que o valor varia, que é subjetivo, que depende de


fatores ligados a abundância dos bens, sua utilidade para cada agente, suas
preferência, etc., passaremos a tentar resolver de forma mais objetiva e formal a
questão da determinação de preços. Este tópico trata da teoria microeconômica
dominante de determinação dos preços.

Os itens a seguir exigirão uma visão diferente do aluno, e uma mente aberta
para uma forma abstrata de se enxergar fenômenos do cotidiano. Ao ler os
conceitos e explicações a seguir, tente sempre fazer a ponte entre o que é abstrato
(a teoria) e o real (exemplos da nossa vida e o mundo à nossa volta). Este é um
dos pontos em que diversos alunos têm muita dificuldade, o que chamamos de
“capacidade de abstração”. Entretanto, essa é uma capacidade que pode ser
exercitada pelo aluno e, com isso, desenvolvida.

Os alunos que conseguirem desenvolver essa capacidade de pensar de


forma abstrata passarão a ter sucesso na compreensão de modelos teóricos e terão
maior chance de sucesso na resolução dos problemas complexos da realidade.

A “Lei” da Oferta e da Procura

Certamente todos já ouviram, em algum momento, em um noticiário, em


um artigo de jornal, em um artigo na internet, algum comentário sobre “a lei da
oferta e da procura”.

Trata-se de um termo largamente utilizado, de certa forma útil, mas bastante


impreciso. Em geral, é usado para explicar alguma variação importante de preços
de um bem. Por exemplo, “o preço do tomate subiu 5,3% neste mês, em razão da

16
entressafra do produto. É a lei da oferta e da procuraUnidade:
que faz com queoonome
Colocar produto
da unidade aqui
fique mais caro quando a oferta do produto diminui nos supermercados e nas
feiras”.

Em muitos casos a explicação do fenômeno é válida. Faz-se uma avaliação


do preço de um bem como resposta à disponibilidade dele no mercado (oferta) e
ao desejo das pessoas em obtê-lo (procura). Entretanto, como um aluno de um
curso superior, é importante que você utilize termos mais precisos.

Primeiramente, é importante abolir o uso do termo “lei”. A economia,


conforme aprendemos na Unidade 1, não é uma ciência exata, e sim uma ciência
humana. Portanto, é um pouco perigoso atribuirmos aos comportamentos dessa
ciência o caráter de “leis universais”. A Física pode ter leis universais, como as três
leis da Termodinâmica. Basicamente porque o átomo comporta-se da mesma
forma, repetidamente, desde que reproduzidas as mesmas condições. O ser
humano, contudo, é bem mais complexo, sendo difícil atribuirmos um
comportamento robótico, previsível ou mesmo repetitivo para suas atitudes. Por
isso, não falaremos em leis, e sim em teorias, modelos ou hipóteses.

Outra ressalva importante é trocarmos o termo “procura” por “demanda”,


que definiremos a seguir.

Vamos, então, definir o que é oferta, o que é demanda e como a interação


dessas duas “forças” no ambiente de mercado leva à formação dos preços e
quantidades.

Oferta

Podemos definir oferta como a quantidade de determinado bem que os


produtores desejam vender no mercado a um determinado nível de preços. Oferta
está ligada ao desejo de vender um determinado bem no mercado.

Por exemplo, suponha que fizéssemos uma pesquisa junto a todos os


produtores e vendedores de café em grãos do Brasil. Suponha que fizéssemos a
seguinte pergunta: quantas sacas de café você venderia hoje no mercado se o
preço fosse de R$ 200? Cada vendedor responderia com uma determinada
quantidade. A soma de todas as quantidades que desejam ser ofertadas naquele
mercado, naquele momento, àquele determinado preço, é a oferta de café em
grão.

Quisemos enfatizar que a oferta depende do preço, de um determinado


mercado, de um determinado momento, e é relativa a um bem específico. É
importante que o aluno NÃO atribua ao termo “oferta” o significado utilizado no
cotidiano, usado para promoções ou vendas com desconto (“oferta de carros a
preço de custo”, “oferta especial de Natal” etc.). Na economia, oferta NÃO tem

17
este significado de promoção. É, sim, a soma das quantidades que os vendedores
desejam vender a um determinado preço. Concretamente, se houvesse apenas 3
produtores de café em grão, e a resposta do primeiro fosse “10 mil sacas”, a
resposta do segundo fosse “30 mil sacas” e a resposta do terceiro fosse “5 mil
sacas”, a oferta seria de 45 mil sacas. Mais rigorosamente, esta é a quantidade
ofertada.

Uma vez entendido este lado inicial da oferta, podemos olhá-la de uma
perspectiva um pouco mais ampla. Perceba que a quantidade ofertada é uma
hipótese, uma possibilidade. Se o preço fosse de R$ 200, a quantidade ofertada
seria de 45 mil sacas de café. Vamos supor agora que a mesma pesquisa fosse feita
para um preço maior, digamos de R$ 250. O que você esperaria que ocorresse
com a oferta? Em situações normais, para bens considerados normais, esperamos
que a oferta seja maior quanto maior for o preço.

Ou seja, se fizéssemos a mesma pesquisa, com os mesmos parâmetros, mas


mudando o preço para R$ 250, deveríamos obter respostas que, somadas, seriam
superiores a 45 mil sacas. Isso, é claro, porque os vendedores de qualquer produto
têm uma tendência a desejar vender mais daqueles produtos se o preço for maior.
Além disso, outros produtores que, talvez, não tivessem sua produção lucrativa a
um preço de R$200, poderiam ter sua produção viabilizada a um preço de R$250.
Por exemplo, um produtor com custo de R$210 por saca não ofertaria os produtos
a um preço de R$200 (pois teria prejuízo e não valeria a pena produzir e vender
nessas condições). Porém, a um preço de R$250, mesmo essa produção a custo de
R$210 torna-se viável. Portanto, a oferta tende a aumentar à medida que são
oferecidos preços maiores. De forma análoga, a tendência é que a quantidade
ofertada seja menor para preços menores (verifique que você entendeu isso antes
de seguir adiante).

Vamos, agora, explorar sua capacidade de abstração e de pensar na forma


de modelos. Vamos representar graficamente o comportamento da oferta.
Entendendo que a quantidade ofertada de um determinado bem, em um
determinado mercado, varia em função do preço que seria pago por este bem,
vamos simular quais seriam as diversas combinações de preço e quantidades
ofertadas possíveis. Isto é como se fizéssemos inúmeras pesquisas como as
descritas anteriormente e fossemos registrando neste gráfico as combinações de
preço e quantidades ofertadas obtidas em sua resposta. O gráfico teria a forma da
Figura 1 a seguir.

18
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui
p (R$/saca)

450

400

350

300

250

200

150

100

50

0
0 20 40 60 80 100 120
q (mil sacas)

Figura 1 - Exemplo de Curva de Oferta

É importante ressaltar que este não é um gráfico da evolução da oferta no


tempo. Ele representa todas as combinações de preço e quantidade de oferta de
café em grão para o mercado mencionado, em um dado momento. O aspecto
mais importante representado é dado pela inclinação do gráfico (dada pelo ângulo
da figura em relação ao eixo horizontal. Como a inclinação é positiva, isso significa
que para preços maiores, estão associadas a eles ofertas também maiores de café.

A combinação de diversas possibilidades de oferta e seu preço neste gráfico


denomina-se curva de oferta. Por ser uma representação extremamente simples,
ela toma a forma de uma reta. Entretanto, uma representação mais realista
provavelmente não seria uma reta, podendo ter vários formatos não-lineares.

Uma vez entendida a representação gráfica da oferta, passamos agora para


sua representação algébrica, que corresponde à escrita desse fenômeno na forma
de uma equação matemática.

Por ser linear, sua representação é dada genericamente por uma equação
do tipo:

Sendo “O” = quantidade ofertada, em milhares de sacas; “p” = preço em


R$ por saca; “a” e “b” parâmetros da equação. Alguns autores preferem
representar “qo” (quantidade ofertada) ao invés de “O”.

19
Dado o conhecimento que você já tem sobre a oferta e o gráfico que
fizemos, o que você espera dos sinais dos parâmetros a e b? Como vimos
anteriormente que a quantidade ofertada sobe à medida que aumentamos o preço,
podemos dizer confortavelmente que o sinal de b é positivo. Isso também é
refletido na inclinação da curva, positiva. Com relação ao sinal de a, no caso
representado no gráfico, sabemos que ele é negativo, mas no momento não é tão
importante darmos atenção a ele.

A propósito do exemplo das sacas de café, a equação representada no


gráfico é:

É muito importante que você se familiarize com esta visão matemática de se


representar um fenômeno social. Tente exercitar este conhecimento, traçando um
gráfico com a curva de oferta, a partir da equação acima. Basta listar diversos
valores de p e calcular qual a quantidade ofertada associada cada um deles. Após
estes cálculos (que ficam mais organizados na forma de uma tabela) basta que
você represente os pontos obtidos (combinações de preço e quantidades) em um
gráfico. A ligação destes pontos dá a figura da curva de
oferta.

A seguir um exemplo de uma tabela gerada a partir


de valores hipotéticos de p.
Tabela para curva de oferta

Esta descrição da função de oferta é uma visão estática. Isto significa que,
em um dado momento, dadas características de produção, consumo e mercado
constantes, ela representa as combinações possíveis de preço e quantidade
ofertadas. Isto é, a quantidade ofertada varia “sobre” a curva de oferta.

Poderíamos, contudo, fazer uma análise mais dinâmica sobre a oferta. A


pergunta neste momento é: “o que faria a curva se mover?”, ou, em outras
palavras, “o que, além do preço, mudaria o comportamento dos ofertantes?”.

Diversos fatores. Um aumento da produtividade, que reduzisse os custos de


produção, permitiria um aumento da oferta, sem alterarmos o nível de preços. Ou
uma redução dos custos derivada de insumos mais baratos. Qualquer destes
fatores causaria um deslocamento da curva de oferta para a direita. Isso significa

20
que, aos mesmos preços, a oferta seria maior do que anteriormente. Estao mudança
Unidade: Colocar nome da unidade aqui
está representada na Figura 2. A linha tracejada representa a oferta antes das
mudanças. A linha cheia representa a curva de oferta após as mudanças (por
exemplo, após uma redução nos custos do setor, de forma generalizada).

p (R$/saca)

450

400

350

300

250

200

150

100

50

-
- 20 40 60 80 100 120 140
q (mil sacas)

Figura 2 - Deslocamento da curva de oferta

Praticaremos posteriormente alguns exercícios na forma de curvas de oferta,


sua representação gráfica e algébrica. Mas antes vamos ver como se comportam
outros agentes que atuam sobre o mercado de café.

Demanda (“procura”)

Se, de um lado, os ofertantes de café querem vender o produto, isso


somente poderá ocorrer se, de outro lado, existirem agentes desejando comprar
este produto.

Os indivíduos, empresas e demais agentes econômicos que desejam adquirir


um produto são chamados de demandantes. De forma análoga à oferta, o
conjunto dos demandantes, quando atuam em um determinado mercado e
manifestam sua intenção de adquirir determinado bem, refletem-se no conceito de
“demanda”. Demanda, portanto, é a intenção, o desejo manifesto de adquirir um
determinado bem a um dado nível de preços.

Também da mesma maneira com que investigamos a oferta, podemos


investigar o comportamento da demanda.

21
Suponha, então, que fizéssemos uma pesquisa com todos os demandantes
de café em grãos do Brasil. Suponha que a pergunta fosse “quantas sacas você
compraria se o preço fosse R$ 200 por saca?”. A quantidade demandada seria a
soma de todas as quantidades demandadas individuais manifestadas pelos
potencias compradores do mercado. Supondo, então que a soma destas respostas
fosse de 60 mil sacas, esta seria a quantidade demandada associada ao preço de
R$200/saca. O que você espera que ocorra, agora, se aumentarmos o preço
proposto, digamos, para R$ 250/saca? Você se lembra que a oferta aumentava
quando aumentávamos o preço.

Pois ocorre exatamente o oposto no caso dos demandantes. À medida que


subimos o preço, considerando bens normais e uma situação normal do mercado,
a tendência é que a quantidade demandada caia. Afinal, a preços maiores nós
compramos menos quantidades de um dado produto, certo?

Vamos tentar inverter um pouco a ordem de raciocínio apresentada


anteriormente. Suponha que tenha sido dada a função (equação) da curva de
demanda, descrita a seguir:

Sendo qd a quantidade demandada (em milhares de sacas) e p o preço (em


R$/saca). Como você faria o gráfico da quantidade demandada?

O primeiro passo é montar uma tabela em que se representam o preço e a


quantidade demandada associada a cada preço. Posteriormente, basta supor um
valor de p e calcular, com base na função da demanda, qual a qd associada a este
preço.

Um exemplo de tabela seria: q (mil unid) p (R$)


60 200
Tabela de demanda
50 250
70 150
80 100
90 50
40 300
30 350
20 400

A partir da tabela, basta então identificarmos os pontos que representam


cada combinação de preço e quantidade. A interligação destes pontos é a curva de
demanda.

22
p (R$/saca)
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui
450

400

350

300

250

200

150

100

50

-
- 20 40 60 80 100
q (mil sacas)

Figura 3 - Curva de demanda

Evidentemente, a inclinação da curva de demanda é negativa,


correspondendo à reação dos demandantes de reduzirem suas compras à medida
que o preço sobe.

Da mesma forma que a oferta pode sofrer alterações (além do preço), a


demanda também pode. Alguns exemplos são: aumento da renda ou da riqueza
da população; uma variação dos gostos ou preferências por este produto (por
exemplo, um estudo mostrando que café reduz a chance de se obter um
determinado câncer); um aumento do número de compradores. Qualquer destas
variações faria aumentar a demanda de forma generalizada, aos mesmos níveis de
preço, o que seria representado por um deslocamento para a direita da curva de
demanda.

Obviamente, variações no sentido oposto (redução da renda etc.) causariam


um deslocamento à esquerda da demanda.

Analisamos, até agora, o comportamento isolado de demandantes e


ofertantes. Porém, o mais interessante está por vir: investigarmos como funciona a
interação destes comportamentos.

Esta interação ocorre no que chamamos de mercado. Conforme


aprendemos na Unidade 1, o mercado é um ambiente em que demandantes e
ofertantes de um mesmo produto encontram-se, física ou virtualmente, para
realizarem estes intercâmbios a uma taxa que denominamos “preço”.

23
Três características são importantes para que um mercado funcione de
forma ótima.

Primeiro, o mercado deve ser livre e sem muitas interferências. A imposição


de um preço, ou um piso dos preços, um teto, etc., interferem no bom
funcionamento dos mercados em geral. A interferência governamental no sentido
de cobrar impostos exagerados também afeta o funcionamento otimizado dos
mercados.

Segundo, deve haver uma definição precisa do produto que está sendo
transacionado (“café arábica tipo II, safra 2009”). Quanto mais específico for o
produto, menor a interferências de variações na qualidade do produto ou outras
variáveis relativas à diferenciação no mercado. Basicamente, esta homogeneização
ou “commmoditização” do mercado permite que a discussão limite-se a preços e
quantidades comercializadas.

Terceiro, o mercado deve ter um arcabouço de regulação e organização tal


que permita a livre concorrência. Por exemplo, nos mercados de capitais
organizados (bolsas de valores, futuros, bens agrícolas, entre outras) há regulações
no sentido de proibir a atuação de agentes que têm conhecimento privilegiado
sobre os bens transacionados. Por exemplo, o presidente de uma empresa não
pode comprar ou vender ações da sua própria empresa com objetivo de obter
lucros de curto prazo. Isso porque tal agente tem informações privilegiadas,
sabendo de fatos que alteram a percepção do valor das ações antes dos demais
membros do mercado. Perceba que estas regulações são distintas do primeiro item,
pois são mecanismos para promover uma igualdade entre os agentes demandantes
e ofertantes no mercado.

Equilíbrio de Mercado
O equilíbrio de mercado ocorre quando a interação entre demandantes e
ofertantes de um bem no mercado leva a que haja uma combinação ótima de
quantidades trocadas a um dado preço. O ponto de equilíbrio 3 é o ponto em que
todos os demandantes que querem comprar o bem a um determinado preço
encontram oferta para ele, e todos os ofertantes que querem vender este bem
àquele preço também encontram demanda para ele. Não há, portanto, “sobras”
nem “falta” de bens.

3
Mais especificamente, aqui referimo-nos ao chamado “Equilíbrio Walrasiano”. Há outras definições de
equilíbrio e um sistema econômico complexo pode ter muitos pontos de equilíbrio ou nenhum. Pode
ainda ter equilíbrios estáveis ou instáveis. Nessa visão inicial, vamos nos restringir ao básico.

24
Vejamos um exemplo: no caso das sacas de café, obtivemos
Unidade: que oa nome
Colocar R$200daa unidade aqui
quantidade ofertada é de 45 mil sacas. Ao mesmo preço, vimos que os
demandantes desejam a quantidade demandada de 60 mil sacas. Pela definição de
equilíbrio do parágrafo anterior, você entende que o mercado está em equilíbrio? É
claro que não. Pois estão faltando 15 mil sacas para que os demandantes consigam
comprar tudo o que desejam ao preço de R$200. A oferta é de 45 mil sacas,
enquanto a demanda é por 60 mil sacas.

O que é preciso que ocorra para haver equilíbrio? É preciso que o preço
suba, pois assim mais ofertantes irão desejar vender seus bens, ao passo que um
maior preço fará com que a demanda caia um pouco, até que se atinja o
equilíbrio.

Porém, a melhor estratégia para descobrirmos o ponto de equilíbrio não é


um método de tentativa e erro. Levaria muito tempo. Há um método algébrico
mais fácil, que consiste basicamente em igualar as quantidades dadas pela função
de demanda e pela função de oferta. A partir daí, isola-se o preço, que será o
preço de equilíbrio. Então, substitui-se o preço de equilíbrio em qualquer das
funções para se obter a quantidade de equilíbrio. Exemplificando:

Relembrando as funções: demanda

Relembrando as funções: oferta

Fazendo qd = qo:

Isolando p, temos:

Resolvendo p:

Resolvendo q: 54,29

Repare que, neste último passo, pode ser usada tanto a equação da
demanda como da oferta. Obviamente, como se trata do equilíbrio, as quantidades
de demanda e de oferta devem ser idênticas (faça o teste!).

Qual o ponto de equilíbrio? É a combinação de preço de R$228,57 por saca


e a quantidade de 54,29 mil sacas. A este preço, todas as quantidades ofertadas
encontram demanda e todas as quantidades demandadas encontram oferta. Não
há sobras; não há faltas. Um aluno atento já saberia sugerir uma nova forma de
representar o equilíbrio. Trata-se, sem nenhuma novidade, da forma gráfica. O
primeiro passo é representarmos demanda e oferta em um mesmo gráfico. A

25
seguir, identificamos o ponto de equilíbrio (p=228,57; q=54,29). Qual a
observação a ser feita sobre este ponto? (veja na figura a seguir).

p (R$/saca)

450

400
Oferta
350

300

250

200

150

100
Demanda
50

-
- 20 40 60 80 100 120
q (mil sacas)

Figura 4 - Equilíbrio de Mercado

O ponto de equilíbrio, marcado em amarelo, é justamente o ponto de


encontro das curvas de oferta e demanda. Como, aliás, não poderia deixar de ser.
Afinal, qualquer outro ponto sobre as curvas não preencheria os requisitos do
equilíbrio. Faça o teste. Identifique qualquer ponto sobre a demanda ou a oferta
que não seja o ponto de equilíbrio, e veja como, em qualquer deles, ou sobrará ou
faltará café.

Vejamos, agora, que podem ocorrer diversas perturbações na oferta ou na


demanda, que poderiam levar este mercado a outro equilíbrio. Suponha que
partindo do ponto de equilíbrio identificado na figura anterior, houvesse uma
mudança externa. Por exemplo, imagine que, obtido o equilíbrio anterior, seja feita
uma grande campanha publicitária institucional, que influencie de forma
generalizada as pessoas para os benefícios do consumo do café. O que você
esperaria que ocorresse neste mercado?

Como vimos anteriormente, a demanda deslocar-se-ia para a direita


(aumento da demanda). Com a oferta, por sua vez, não há mudanças. O novo
equilíbrio seria dado em um novo ponto. Veja no gráfico a seguir esta
representação. A linha laranja tracejada (D1) representa a demanda antes da
mudança. A linha laranja cheia representa a demanda após a campanha
publicitária. A linha azul representa a oferta (só há uma, pois a oferta não foi
afetada pela campanha). A curva de oferta antes é a mesma que a curva de oferta
depois.

26
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui
p (R$/saca)

450
O
400

350

300 Eq2

250

200 Eq1
150

100
D1 D2
50

-
- 20 40 60 80 100 120
q (mil sacas)

Figura 5 - Deslocamento da demanda e novo equilíbrio

Perceba que há 2 equilíbrios. “Eq1” representa o equilíbrio original, pelo


cruzamento de D1 e O. Após o deslocamento da demanda, configura-se o novo
equilíbrio, “Eq2”. O que ocorreu neste novo equilíbrio? Perceba que, em razão do
deslocamento da curva de demanda e da manutenção da curva de oferta, o novo
equilíbrio foi atingido à direita e acima do anterior. Portanto, há uma venda de
mais quantidades de café, e a preços maiores.

Viu como foi importante esta campanha publicitária? A partir dela os


ofertantes passaram a vender mais e a preços maiores. Esta é, provavelmente, uma
visão bastante mais formalizada e rigorosa de um fenômeno que os alunos de
Marketing tratarão o tempo todo.

Se você entendeu corretamente os itens desta Unidade, parabéns! Trata-se


de um passo importante na compreensão dos mecanismos econômicos mais
elementares. Entender a interação de oferta e demanda é uma grande vantagem
para qualquer profissional, sobretudo para profissionais atuantes no mundo dos
negócios.

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Unidade: Colocar o nome da unidade aqui

VASCONCELLOS, M. A. S.; ENRIQUEZ GARCIA, M. Fundamentos de


Economia. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

VARIAN, H. R. Microeconomia: princípios básicos. 2ª. Ed. Rio de Janeiro:


Campus, 1994.

29
30
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Guilherme Antonio Ziliotto

Revisão Técnica:
Profa. Ms. Herida Cristina Tavares

Revisão Textual:
Profa Ms. Eliane Nagamini
 Principais Temas da Macroeconomia

 Princípios Básicos no Estudo da Macroeconomia

 Como são medidos os agregados Macroeconômicos

 Produto Interno Bruto: oque significa e como se mede

Nesta unidade vamos analisar a economia de uma forma mais


abrangente, olhando para o conjunto da economia. Esta é a
Macroeconomia, que aborda os principais temas que formam o
ambiente econômico ao nosso redor. Estudaremos temas tão
interessantes quanto o crescimento econômico, a inflação, o setor
externo, entre muitos outros.

Por mais legal e interessante que tenha sido, por limitação de espaço e tempo teremos
que deixar a microeconomia e passar para um novo tema: a Macroeconomia.

Trata-se apenas uma letra na área de estudo (sai o “i”, entra o “a”), mas a mudança de
enfoque é grande. A partir de agora, estudaremos os grandes temas da economia. São temas
que influenciam todos os negócios e empresas do país e, além disso, afetam a todas as
pessoas que vivem nele.

É também um ramo extremamente interessante da economia, que aborda assuntos tão


relevantes como o crescimento econômico, a distribuição de renda e riqueza, o nível de
emprego e desemprego em um país, o comércio exterior, as contas do governo, inflação,
juros, entre outros.
5
Nas unidades 2 e 3, examinamos algumas das questões econômicas tratadas pelas
firmas, mercados ou setores produtivos.

Nas unidades 4 e 5, observaremos a economia de outro ângulo. Será uma visão das
questões mais abrangentes da economia, aquelas relacionadas à economia de um país todo
ou de uma região. Estas unidades são particularmente importantes porque evidenciam temas
que nos afetam a todos. Afinal, todas as pessoas, seja qual for o ramo de atividade
econômica, têm suas vidas afetadas pelos eventos que acontecem na economia do país ou da
sua região. Os profissionais de marketing ou de outro ramo ligado a gestão de empresas são
particularmente afetados, pois seus negócios são diretamente impactados pelas decisões
econômicas, influências externas e políticas do setor público que norteiam as economias.

6
A macroeconomia trata dos grandes temas econômicos das economias de países,
regiões ou mesmo do mundo todo. Para cada tema abordado, a macroeconomia trata das
causas e efeitos das variáveis em questão, além, é claro, de propor medidas para elas, pois
sem uma medida é impossível avaliar com alguma segurança se determinado aspecto da
economia está melhorando ou piorando.

Um dos principais temas tratados é a produção de riqueza dos países. Na


microeconomia também se avalia a produção, mas de mercados isolados. Aqui o tratamento é
dado para uma soma de muitos mercados, por isso a classificamos como produção agregada.
As principais questões abordadas neste prisma são: o que causa a maior ou menor produção e
prosperidade nos países? Como fazer um país enriquecer? Como atingir o máximo da
produção e da abundância de bens? Este é um tema que está relacionado à disponibilidade
de bens nesta determinada população e, de forma análoga, com o bem-estar dela1. Uma das
medidas usadas para averiguar a produção agregada de um país é o Produto Interno Bruto,
ou PIB. Há outras medidas, como o Produto Nacional Bruto, mas o PIB é a medida mais
comumente utilizada.

Outro tema de fundamental relevância na macroeconomia é a determinação do nível


de emprego da economia, isto é, qual a proporção de pessoas da economia que se
encontram empregadas ou economicamente ativas2. Em uma economia capitalista, o nível de
emprego depende tanto do setor privado como do setor público, sendo que o desemprego
alto é um problema extremamente sério nas economias. Por isso, praticamente todas as
economias capitalistas têm por objetivo, explícita ou implicitamente, a manutenção de altos
níveis de emprego.

1
Ainda que não seja correto atribuir o bem-estar de uma população somente ao nível de renda ou abundância de
bens de que ela dispõe.

2
Emprego significa que um indivíduo tem uma relação de assalariamento com um empregador, seja do setor público
ou privado. A população economicamente ativa inclui as pessoas empregadas e também profissionais liberais,
autônomos, empresários, agricultores familiares, entre outros.

7
Ao lado dos temas de produção e emprego está a inflação, com o contraste de que,
para esta última variável o que se deseja é o mínimo possível. A economia brasileira conviveu
por décadas com níveis altíssimos de inflação e é fácil percebermos quais os malefícios que
isso traz para a economia. As causas e consequências da inflação serão tratadas de forma mais
específica na unidade 5.

Também se considera de suma importância nos estudos macroeconômicos o


relacionamento entre diversos países ou regiões, e de que forma este relacionamento pode
ajudar no bem estar das pessoas. Este relacionamento, do ponto de vista econômico, é
retratado nos conceitos das Contas Externas dos países. As principais formas de
relacionamento com outros países são a exportação, importação, investimentos externos,
transferências de capital e a realização de serviços.

Além destes aspectos, existe um setor da economia que, por suas particularidades e por
seu peso nas economias, atrai atenção especial dos macroeconomistas. Trata-se do setor
público. O monitoramento das principais características deste setor encontra-se na chamada
Economia do Setor Público. O setor público é quantitativamente importante nas
economias porque em geral ocupa um grande espaço como produtor, como consumidor e
como redistribuidor de seus recursos. Além disso, qualitativamente é um setor diferente dos
demais, porque incorpora uma razão de ser distinta dos demais elementos da economia e por
seu papel ativo no mundo econômico, realizado através das políticas públicas, neste caso
específico, nas políticas macroeconômicas. Estas políticas são atividades legítimas de
influenciar a economia para que se atinjam determinados objetivos, em geral comandados
pelos desejos mais gerais da sociedade, manifestados por sua colocação política e social. O
setor público é tão relevante que, além de ser tratado na macroeconomia, compõe uma área
própria de estudos econômicos.

Há ainda muitos outros temas da macroeconomia, que não serão tratados nesta
disciplina. Ao aluno que tenha interesse de aprofundamento, sugerimos uma investigação dos
manuais de macroeconomia citados em bibliografia. Trata-se de uma ciência vasta, dinâmica
extremamente rica e interessante, e que tem contribuído positivamente ao longo da história
para a melhoria do bem-estar das populações de forma intensa e abrangente.

8
Microeconomia vs. Macroeconomia (relembrando)
Conforme vimos anteriormente, a macroeconomia se diferencia da microeconomia
tanto na ênfase e nos temas abordados como, muitas vezes, na metodologia utilizada. Com
relação a este aspecto metodológico, é comum que a microeconomia (neoclássica) faça uso
mais intenso de instrumentos matemáticos e lógico-dedutivos, enquanto que a
macroeconomia é muitas vezes uma ciência indutiva e apoiada em estudos estatísticos e
econométricos. Na macroeconomia, vale-se mais de eventos e dados históricos para deles
extrairmos os princípios de seu funcionamento. Também do ponto de vista da ciência
macroeconômica, é preciso admitir que ela tem sido objeto de maiores incertezas do que a
microeconomia, sobre tudo quanto à dificuldade em se prever períodos de expansão
econômica ou de crise.

Em nossa abordagem, trataremos do entendimento dos conceitos e as causas e efeitos


das mudanças das variáveis macro e da influência de uma variável em outra.

Ao tratar de economias de países ou regiões, a macroeconomia aborda uma somatória


de mercados simultaneamente. Quando tratamos de um grande conjunto de elementos de um
mesmo grupo econômico, estamos nos referindo a agregados macroeconômicos. Por
exemplo, ao tratar de todos os mercados de um país, referimo-nos à soma de todos os bens
produzidos neste país. Trata-se, assim, do agregado da produção deste país.

Da mesma forma que na microeconomia, na macroeconomia também nos valemos do


conceito de Agentes Econômicos. O conceito é o mesmo, mas os agentes na macroeconomia
são mais propriamente expressos em grupos de indivíduos com comportamento econômico
similar. Assim, os principais agentes são grupos de trabalhadores, empreendedores, setor
privado, o governo (ou setor público), agentes do exterior (por vezes denominados de “o resto
do mundo”), entre outros.

Para realizar o estudo dos diversos fenômenos macroeconômicos e para entendermos


propriamente o que se passa com as economias, é preciso que sejam realizadas medidas dos
agregados macroeconômicos. Afinal, sabemos que somente pode ser entendido e

9
controlado aquilo que e medido. Estas medidas são próprias de característica da economia e
devem ser avaliadas periodicamente (trimestralmente, anualmente etc.) e sua evolução
acompanhada e controlada. Diversas destas medidas serão mencionadas no item a seguir.

Um aspecto fundamental da macroeconomia, e mesmo do entendimento de


diversas outras partes do estudo econômico, é o entendimento de que uma variável ou
característica pode influenciar outra. Isso significa ainda que variações em uma variável
podem causar variações em outra variável. Por exemplo, uma relação comum deste tipo
de influência é a influência das taxas de juros sobre os investimentos diretos (formação
bruta de capital fixo). Entende-se que um aumento das taxas de juros da economia irá
causar uma redução dos investimentos diretos. Assim, quem quiser controlar o volume de
investimentos da economia e tiver poder de atuar sobre as taxas de juros, poderá fazê-lo
de forma indireta. Ainda que não possa controlar os investimentos diretamente, tal agente
poderia alterar as taxas de juros, sendo que estas influenciariam os investimentos, até que
o agente conseguisse atingir as variações desejadas nesta última variável. De forma
resumida, se A causa B e um determinado agente tem poder sobre A, então tal agente
poderá também controlar B. Há limites, entretanto, para este controle, seja com relação ao
tempo (que pode demorar mais ou menos) ou ainda à intensidade desta influência, já que
pode haver limite para a causalidade de A em B.

Esta tentativa de influenciar uma determinada variável macroeconômica para que


se atinja um determinado objetivo na economia é denominada de política
macroeconômica. As políticas macroeconômicas são, em geral, perseguidas por agentes
extremamente poderosos da economia, como por exemplo, partes do setor público. Por
exemplo, o Banco Central do Brasil é um dos agentes do setor público e tem como um de
seus objetivos a manutenção de taxas de inflação baixas. Assim, ele pode controlar e
modificar diversas variáveis da economia para perseguir tal objetivo, como por exemplo,
aumentar o compulsório bancário. Tal prática é um exemplo simplificado de política
macroeconômica. A execução sincronizada de diversas políticas macroeconômicas
compatíveis é que permite um bom controle da economia e a realização dos objetivos
econômicos determinados pela sociedade. Trataremos mais especificamente de políticas
macroeconômicas na quinta unidade.

10
Renda e Produtos Nacionais
A produção e a renda nacional estão entre as principais variáveis macroeconômicas
que devem ser medidas periodicamente. A produção agregada de um país mede o valor de
tudo aquilo que foi produzido em seu território, sejam produtos ou serviços.

Um conceito importante é que somente é avaliado neste conceito o que se gerou de


valor novo, em um determinado intervalo de tempo. É importante ressaltar este ponto
para que não se confunda a produção agregada de um determinado ano com o estoque
de riqueza. Portanto estamos falando do fluxo de produção gerado no período, e não no
patrimônio total. Se fossemos comparar com a renda de um trabalhador, é o equivalente a
dizermos que a soma do produto é a soma de seu salário líquido (já descontados os
impostos), enquanto que a riqueza é a soma de tudo que a pessoa possui (carros, casa,
móveis).

Há diversas medidas de produção agregada e de renda agregada, e para cada medida


há normalmente mais de um método de se apurar seu valor. Como você deve imaginar,
apurar a soma de tudo que foi produzido em um país inteiro em um ano não é exatamente
uma tarefa simples. Portanto há métodos distintos e nenhum deles consegue fornecer uma
medida perfeita da produção, mas sim valores satisfatoriamente aproximados.

No Brasil, mede-se a Produção do país, sobretudo com o uso deste conceito chamado
de Produto Interno Bruto (PIB). Ele apura a soma de todos os bens finais que são
produzidos no território nacional, em um determinado período (em geral no ano). Neste caso,
importa se os bens foram produzidos no Brasil, independentemente se foi produzido por uma
empresa brasileira ou estrangeira. Além disso, avaliam-se somente os bens finais. Também
não entram nesta conta os bens usados revendidos, afinal nestes casos trata-se apenas da
transferência de propriedade de um bem que foi produzido em um período anterior, e não a
produção de um bem novo.
11
Há outros conceitos macroeconômicos que também buscam averiguar o nível de
prosperidade de um país ou região. A despesa nacional é a somatória de todos os gastos e
despesas realizadas no país. Se supusermos que os principais grupos econômicos são as
famílias, o setor público e o setor externo, podemos dizer que a despesa é a soma dos gastos
com bens de consumo, investimentos, despesas do setor público (consumo + investimento),
somando-se ainda a exportações e subtraindo-se as importações.

Há ainda uma terceira maneira de se averiguar a prosperidade nacional. Trata-se da


avaliação da renda obtida por cada grupo de agentes. Neste caso, a avaliação é feita com a
soma dos salários (renda das famílias), aluguéis, juros e lucros (renda do capital).

Vale notarmos que em uma economia sem acúmulos indefinidos de estoque,


Produção, Despesas e Renda nacionais devem ser iguais.

Finalmente, um ponto importante a ser ressaltado é que, na maioria das vezes,


avaliamos não o valor do PIB de um determinado ano, mas sim a taxa de crescimento anual
do PIB. Desta forma, dizer que o PIB cresceu 5% em um determinado ano significa que a
produção nacional foi 5% maior naquele ano em comparação com o ano anterior.

As Contas Nacionais com o Exterior


Um dos relacionamentos mais importantes de um país é dado pelas transações
comerciais, de capitais e financeiras com outros países. Tais transações agrupam-se no
conceito de contas nacionais, mais especificamente em uma contabilidade denominada de
Balanço de Pagamentos.

Neste balanço, são registrados os relacionamentos econômicos de brasileiros


(empresas, famílias, setor público) com agentes do “resto do mundo” (outros países). O
Balanço de Pagamentos está dividido em três grupos.

Na Balança Comercial registram-se todas as transações comerciais com o exterior, isto


é, exportações e importações. Exportações são os movimentos de venda de produtos
realizados por brasileiros para outros países; importações são os movimentos de venda de
mercadorias de outros países para o Brasil. A soma do valor das exportações (normalmente
avaliados em dólares dos EUA) subtraída do valor das importações resulta no saldo da

12
Balança Comercial. Caso o resultado seja negativo, significa que a Balança Comercial
encontra-se deficitária.

No Balanço de Serviços, encontram-se os lançamentos dos pagamentos de serviços


(fatores de produção ou não-fatores). Uma das principais contas neste balanço são os
pagamentos de juros de empréstimos feitos pelos nacionais junto a credores estrangeiros.
Assim, quando um brasileiro toma empréstimos de credores externos, ele deve pagar juros e
amortizações ao credor ao longo do tempo. Os juros são registrados neste Balanço. Outra
conta extremamente importante são os repatriamentos de lucros de empresas transnacionais.
Assim, somam-se os lucros de empresas brasileiras atuando no exterior (somente a parcela
que for repatriada ao Brasil) e subtraem-se os lucros de empresas estrangeiras que atuam no
Brasil e repatriam seus lucros a suas matrizes no exterior. Compõem ainda o Balanço de
serviços, os pagamentos de fretes, seguros, viagens internacionais, entre outros. Este último
grupo é o de serviços “não-fatores”.

No Balanço de Capitais. Neste balanço são registrados os movimentos e fluxos de


capital entre países. Assim, a entrada de capitais no Brasil, seja para investimentos financeiros
ou para investimentos diretos (formação bruta de capital fixo), é registrada com sinal positivo
neste balanço. Já a saída de capitais é registrada com sinal negativo.

Finalmente, existe uma conta no balanço de Pagamentos que registra a remessa de


recursos entre nacionais e estrangeiros sem que haja uma contrapartida de mercadorias,
obrigações ou prestação de serviços. Trata-se da conta de transferências unilaterais. Nesta
conta são registradas, por exemplo, as transferências de recursos de um familiar que trabalha
no exterior para sua família no Brasil.

As Contas do Setor Público


Conforme enfatizamos anteriormente, um dos principais agentes da economia é o setor
público, não só pelo seu tamanho e magnitude, mas também pelo poder que tem em
controlar diversas variáveis macroeconômicas e pelas suas políticas macroeconômicas. Em
consequência de sua importância, as finanças e as contas públicas são seguidas de perto. As
políticas econômicas realizadas pelo setor público podem ser acompanhadas pela

13
contabilidade do governo, sendo que muitas vezes os gastos e investimentos públicos são as
próprias ferramentas de suas políticas econômicas.

Por outro lado, um descontrole nos gastos públicos pode levar a efeitos indesejados na
economia, com um aumento da inflação, entre outros.

Os Agregados Monetários e a Inflação


A moeda tem um papel crucial na economia e é também um tema de extrema
complexidade, devido aos múltiplos efeitos que tem sobre os mais variados agregados
macroeconômicos.

Em razão de sua importância, a quantidade de moeda que circula na economia é


seguida de perto pelo setor público, sobretudo pelo Banco Central, o principal responsável
pelo controle monetário no Brasil. Existem diversos agregados monetários, mas dois deles são
mais importantes. O primeiro deles é a Base Monetária, o chamado “M1”, consiste no total de
papel moeda em poder do público (famílias, empresas, setor público) somado aos depósitos à
vista, isto é, os depósitos em conta corrente nos Bancos Comerciais. O segundo deles é o
“M2”, ou os “meios de pagamento ampliados”, incorpora o M1 e ainda contas de poupança e
depósitos a prazo. Há ainda muitos outros conceitos de agregados monetários, evoluindo em
graus decrescentes de liquidez.

Complementando os agregados monetários, há diversos controles e índices que


medem a inflação no Brasil. Os índices de inflação são medidas que avaliam a variação
generalizada de preços de determinados grupos de mercadorias. Por exemplo, o INCC, índice
nacional da construção civil, medido pela FGV, apura a variação dos preços das mercadorias
e serviços utilizados na construção civil mensalmente. Existem inúmeros índices de inflação
calculados no Brasil, cada um servindo um propósito e avaliando a evolução dos preços em
determinados segmentos da economia.

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MOCHÓN, F. Princípios de economia. São Paulo: Prentice Hall, 2007

VASCONCELLOS, M. A. S.; ENRIQUEZ GARCIA, M. Fundamentos de Economia. 2. ed.


São Paulo: Saraiva, 2005.

16
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Guilherme Antonio Ziliotto

Revisão Técnica:

Profa Ms. Herida Cristina Tavares

Revisão Textual:

Profa Ms. Eliane Nagamini


• O Papel da Moeda na Economia

• Medidas da Moeda e sua Importância no Brasil

• Moeda e Inflação

• Políticas Econômicas

• Determinação de Atividade Econômica e Emprego

• Modelos de Crescimento Econômico e Ciclos de Negócio

• Economia e democracia

Nesta unidade continuaremos o estudo da Macroeconomia e do


ambiente econômico, dando especial atenção às funções e ao uso do
dinheiro. Veremos também de que forma o setor público tenta
controlar os rumos da economia para atender aos objetivos
determinados pela sociedade.

Atenção

Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar
as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.

5
A continuidade do estudo da Macroeconomia levar-nos-á, nesta Unidade, para o
estudo da moeda e de diversas políticas econômicas.

A moeda é um dos elementos mais estudados na economia, por sua importância e


complexidade. Variações na moeda podem impactar diversas outras variáveis da economia,
como o nível de preços e a produção de bens. Veremos, assim, algumas destas relações.

Mais especificamente, veremos de que forma variações na oferta de moeda podem


gerar inflação, e por que a inflação pode ser extremamente prejudicial para os negócios e para
a economia como um todo.

Ainda estudaremos diversas outras variáveis que influenciam a economia, e como o


setor público tenta controlar tais variáveis para atingir determinados objetivos. São as
chamadas políticas econômicas.

6
O estudo da moeda é um dos temas mais interessantes, importantes e, ao mesmo
tempo, complexos da macroeconomia.

A moeda assume um papel essencial dentro do capitalismo, e mesmo de outros modos


de produção, e tem o poder de causar diversos efeitos no ambiente econômico. Alguns
desejáveis, outros indesejáveis. Daí a importância em se estudar e controlar a moeda, seja
qual for a orientação política do governo em questão.

Nos itens seguintes veremos várias destas influências da moeda na economia e


verificaremos também de que forma o controle da moeda (monetário) se converte em um
instrumento de política econômica, além de outros instrumentos de política econômica, seja
contemplando a moeda ou não.

Por que usamos dinheiro?

O dinheiro, mais propriamente expresso no termo genérico “moeda”, é um


instrumento utilizado pelos agentes econômicos para pagamento dos bens que são trocados
entre eles. Quando compramos um determinado produto, damos ao vendedor certa
quantidade de dinheiro, isto é, moeda em troca desta mercadoria. Estamos utilizando, com
isso, a moeda como um intermediário universal das trocas. Ela permite trocar qualquer
mercadoria por qualquer outra mercadoria, desde que respeitas as magnitudes de valor.

Perceba que o conceito de moeda inclui todos os meios de pagamento utilizados de


forma comum pelos agentes econômicos. No caso das sociedades modernas, utilizamos
moeda metálica, papel moeda (as cédulas e notas) e, mais recentemente, diversas inovações
monetárias que nos possibilitam transferir moeda de forma eletrônica, como por exemplo, as
transferências eletrônicas de pagamento com cartão de débito. Isso não significa que o cartão
de débito em si seja a moeda, mas sim que esse instrumento facilita a transferência da moeda
de um agente a outro. A inovação, nesse caso, está no fato de a moeda permanecer em sua
forma eletrônica, que é simplesmente um registro nos bancos de dados dos bancos comerciais.

Em sociedades mais antigas, diversas mercadorias e outros objetos foram utilizados


como moeda. Conchas, sal, gado, entre outros objetos, foram utilizados largamente. A moeda
metálica, em geral utilizando metais nobres, passou a ser utilizada por ser mais rara, resistente
à degradação do ambiente (imagine tentar comprar algo com sal, em um dia chuvoso), ser
divisível (facilitando as trocas de pequenos valores assim como de grandes valores), entre
outras características. As moedas também passaram a ser cunhadas, e sua emissão passou a
ser direito exclusivo de apenas algumas autoridades de um país ou região. Nos países

7
modernos, somente os bancos centrais podem imprimir ou criar papel-moeda1. No modo de
produção feudal, para fazermos um paralelo, a moeda metálica somente podia ser cunhada
pelo senhor feudal. Em razão disso, até hoje referimo-nos ao direito de criar moeda como
“direito de senhoriagem”. Isso garante que o estoque de moeda em circulação na economia
possa ser controlado, pois somente valem como moeda os valores oficialmente criados pela
autoridade monetária.

Mas por que utilizamos moeda? Como chegamos ao uso tão abstrato de um pedaço de
metal ou papel que pode representar o equivalente em valor de toneladas de outros produtos?

Para ilustrar por que utilizamos moeda, vamos pensar em uma situação hipotética.
Suponha que há, em uma economia simples, apenas 3 produtores, seus nomes são “A”, “B” e
“C”. Eles produzem, respectivamente, os produtos “PA”, “PB” e “PC”, que são distintos.
Suponha que “A” (que produz “PA”) deseja obter PB. “B”, que produz PB, deseja obter PC.
Enquanto “C”, deseja obter PA. Suponha que esta economia não conheça o uso da moeda.
Como seriam feitas as trocas? “A” não pode trocar diretamente PA com o produtor “B”, pois
A deseja PB, mas B não tem interesse em PA, e sim em PC. Da mesma forma, uma troca
direta entre B e C é impossível, pois B quer PC, mas C quer PA. Assim, a troca nesta
economia só seria possível se os três produtores se encontrassem simultaneamente para
realizar o intercâmbio. Por exemplo, A daria PA ao C, aceitando PC em troca. Em seguida, A
daria PC ao B, que daria PB em troca. A terminaria, com PB; B com PC e C com PA.

A Troca sem Moeda


• tem PA
• quer PB Mesmo no caso simples de
apenas 3 produtores e 3 produtos, as
trocas em uma economia sem moeda
são complexas e seria necessário unir
C B
os agentes ou realizar diversas
• tem PC • tem PB
“rodadas” de trocas para que se possa
• quer PA • quer PC
atingir um equilíbrio.

Figura 1 - Exemplo de esquema de trocas em economia amonetária (sem moeda)

Agora imagine tentarmos fazer isso em uma economia real, com milhões de produtores
distintos, com múltiplos interesses em inúmeros produtos distintos. Seria praticamente

1
Os bancos comerciais conseguem expandir a disponibilidade de moeda, mas não criam moeda propriamente dita.
Mesmo quando podem expandir a disponibilidade de moeda, os bancos comerciais estão sempre sujeitos ao controle
e à regulação dos bancos centrais.

8
impossível que os produtores e consumidores desta economia conseguissem todos adquirir o
que desejam.

Troca com Moeda


A Comparativamente ao exemplo anterior,
tem PA as trocas são extremamente facilitadas pelo
uso da moeda.

Troca-se tudo pela moeda, que tem curso


Moeda obrigatório por lei, e posteriormente troca-se a
moeda pelos demais bens desejados.
C B
tem PC tem PB Economias capitalistas complexas e com
alta especialização e divisão do trabalho só são
possíveis com o uso generalizado da moeda.

Figura 2 - Trocas com o uso da moeda

Contudo, com o uso da moeda, as trocas são facilitadas. Afinal, trocamos qualquer
produto por moeda, e depois trocamos moeda por qualquer outro produto (novamente,
sempre considerando a troca de valores equivalentes). Um profissional, por exemplo, oferece
seu produto (trabalho) em troca de dinheiro. Depois, utiliza este dinheiro para trocar pelos
muitos de bens que deseja adquirir.

Uma economia de mercado complexa e com alto grau de especialização (divisão do


trabalho) é impossível sem o uso generalizado da moeda.

Medidas da Moeda e sua Importância no Brasil


A função que atribuímos à moeda no exemplo anterior foi a de “intermediário das
trocas”, isto é, a moeda atua como facilitador das trocas por ser um representante universal
na troca de qualquer valor da economia.

Além dessa função, a moeda tem outras atribuições.

A moeda também tem o papel de reserva de valor. Ou seja, significa que a moeda
pode ser acumulada, e este acúmulo de moeda permite, em condições ideais, que o seu
proprietário guarde a riqueza no valor equivalente ao que a soma do valor monetário
representa. Dessa forma, o proprietário de um terreno no valor de R$100 mil é tão rico, em
um dado momento, quanto um proprietário de R$100 mil em dinheiro. Com uma vantagem
ao dinheiro que pode ser trocado por qualquer mercadoria, naquele momento, inclusive pelo

9
terreno. Isto é, quem possui riqueza na forma de dinheiro “vivo” pode usá-lo
instantaneamente para adquirir qualquer outro bem de soma equivalente. Já o proprietário do
terreno normalmente teria que vendê-lo para somente depois poder adquirir outros bens com
seu valor.

Outra função importante da moeda é atuar como unidade de conta, ou seja, ser um
denominador comum monetário. Isso permite a criação de uma unidade de valor (tal como o
metro é a unidade de medida para comprimentos). Por isso, medimos o valor das mercadorias
em reais, ou R$, porque é uma forma comum de apreciarmos quanto de valor há embutido
em cada mercadoria. Isso permite a comparabilidade entre elas e a troca de mercadorias de
valores iguais.

Quanto custa a moeda? (moeda e juros)

Já verificamos que uma pessoa que tem uma determinada quantidade de moeda é tão
rica quanto uma pessoa que detém bens de valor idêntico. Além disso, a moeda tem a
vantagem de poder ser trocada por qualquer outro bem imediatamente, isto é, tem liquidez
plena e é de curso forçado.

Por que então as pessoas não possuem propriedade exclusivamente em moeda? Um


das respostas a essa pergunta vem do fato de que reter moeda tem um custo. No exemplo do
terreno versus a moeda, a desvantagem de se reter riqueza na forma de moeda é que, ao
longo do tempo, a moeda por si só não produz mais riqueza, enquanto o terreno poderia
produzir rendimentos na forma de um aluguel, ou mesmo ser cultivado para produção
agrícola, entre outras funções econômicas. Dessa forma, reter moeda tem pelo menos o custo
de oportunidade de não se estar dando um fim mais produtivo àquela riqueza, sendo que em
caso de uma aplicação produtiva essa riqueza provavelmente aumentaria. Já a riqueza na
forma de moeda pura e simples não aumenta2.

O custo em reter moeda é refletido nas taxas de juros de uma economia. Os juros,
aliás, podem também ser vistos como o “preço do dinheiro”. Ou seja, se uma economia tem
juros de 10% ao ano, significa que, para obter R$100 de que você não dispõe (um
empréstimo), você precisará pagar R$10 de juros. Naturalmente, ao final do empréstimo, você
paga os juros de R$10 e ainda precisa devolver o dinheiro que tomou emprestado. Em uma
economia de juros altos como a brasileira, dizemos que o dinheiro é caro.

Se há um custo em reter moeda (ou tomar dinheiro emprestado), quais seriam os


motivos que levariam pessoas a retê-la mesmo considerando este custo? O primeiro motivo é
a retenção de moeda para que sejam realizadas transações. Trata-se daquela quantidade

2
Salvo no caso de uma deflação crônica, que é um caso raro nas economias capitalistas modernas.

10
mínima de dinheiro que deixamos na forma líquida para realizarmos os pagamentos
necessários em nosso cotidiano.

O segundo motivo é a retenção de moeda por precaução, quando as empresas e


famílias deixam parte da riqueza na forma líquida para eventuais pagamentos não previstos
que possam surgir.

O terceiro motivo é a retenção de moeda por especulação. Neste caso, trata-se da


retenção de moeda com a expectativa de que surjam boas oportunidades de investimento ou
compras a preços mais baixos no futuro.

Nessa relação de custo-benefício, um aumento das taxas de juros desestimula a


retenção de moeda pelas pessoas; por outro lado, uma redução das taxas de juros irá reduzir
o custo do dinheiro, estimulando empréstimos e a retenção de dinheiro na sua forma líquida.

Moeda e Inflação
Além das suas funções, custos e benefícios explorados anteriormente, a moeda tem
ainda a característica de influenciar outras variáveis econômicas, como a produção, os
investimentos, o nível de preços (e a inflação), entre outras, de forma direta ou indireta. Trata-
se, assim, de uma variável chave na economia e na condução das políticas macroeconômicas.

Uma das principais relações é a relação entre a quantidade de moeda na economia e a


inflação. Existem diversas teorias que tratam do tema, mas nesta disciplina abordaremos
somente uma delas, refletida em uma equação reveladora.

Trata-se da Teoria Quantitativa da Moeda. Segundo tal teoria, há uma relação entre a
quantidade de moeda na economia e os preços de produtos e serviços que são
transacionados. Esta relação está cristalizada na equação descrita a seguir:

Nesta equação, M é a quantidade de moeda na economia (se necessário, relembre o


tema sobre os agregados monetários analisados anteriormente); V é a velocidade de
circulação da moeda; P é o nível de preços; e Q é o nível de produção e renda. Sendo P o
nível de preços, variações positivas de P significam inflação; variações negativas de P
significam deflação.

Sendo assim, vamos supor que, em uma determinada economia, consideramos que V
e Q são constantes, em um dado momento. O que ocorre se M aumenta? A resposta é óbvia:
P deve aumentar na mesma proporção. Isso significa que, se a velocidade de circulação da
moeda estiver constante e não houver variação da produção, um aumento no estoque de
moeda será refletido em um aumento do nível de preços, ou seja, inflação. Portanto,
identificamos uma relação clara entre moeda e inflação.

11
Em geral, é razoável supor que V seja estável, senão constante, no curto prazo. Mas Q
pode variar. Neste cenário, se M aumenta, para que não haja inflação, Q deve aumentar na
mesma proporção do aumento de M, pois então P ficaria constante. Ou seja, se houver
aumento da produção, M pode aumentar nesta mesma proporção sem que haja maiores
riscos de que se provoque inflação.

Essas identidades são fundamentais no controle monetário e da inflação. São


largamente utilizadas pelos Bancos Centrais para monitoramento e controle da moeda e suas
relações com a produção e o nível de preços.

Um dos principais argumentos usados pelos adeptos da teoria quantitativa da moeda


no combate à inflação é o combate ao déficit público. Isso porque, quando o setor público
gasta mais do que arrecada, incorrendo em déficit, ele tem à sua disposição a possibilidade de
emitir moeda para pagar por seus gastos. Ao fazer isso, o governo está aumentando M. Se isso
for feito a uma velocidade maior que o aumento do PIB (representado por Q), que é de certa
forma limitado pela necessidade de investimentos, entre outros aspectos, a consequência
direta é que haverá um aumento de P, portanto inflação. Desta forma, um dos requisitos da
estabilidade de preços e manutenção de baixa inflação é o equilíbrio das contas públicas.

Existem ainda outras teorias e causas possíveis da inflação, como inflação de custos,
inflação de demanda, inflação oligopolista, entre outras, que não serão tratadas aqui.
Entretanto, o aluno interessado em se aprofundar encontrará uma vasta literatura à sua
disposição para entender o tema. É particularmente interessante a evolução do pensamento e
das teorias de inflação, desde a década de 1970 até os anos 1990, bem como a ampla
experiência brasileira no combate à inflação crônica que perdurou no país ao longo dessas
décadas. O Brasil é reconhecidamente o país com o maior conhecimento acumulado no
assunto e com maior aparelhamento para seu monitoramento (múltiplos índices de inflação,
órgãos de controle etc.).

Como a inflação alta afeta os negócios?

A inflação afeta os negócios negativamente, de várias formas.

Se tomarmos como referência as funções da moeda, vemos que a sustentação de altos


níveis de inflação destrói cada uma dessas funções, impedindo o bom funcionamento de
qualquer economia de mercado.

Quando ocorre inflação, o valor da moeda se deteriora. Significa que, por um lado,
cada vez mais moeda é necessária para comprar a mesma quantidade de bens. Significa ainda
que, se a moeda for retida em sua forma líquida, ela perde poder de compra. Portanto em um
ambiente de alta inflação a moeda não serve mais como reserva de valor.

12
Nesse ambiente de variações importantes de preços, aos poucos perde-se a referência
do valor da moeda; afinal, cada dia os preços sobem e não se sabe mais quanto representa o
valor de R$100. Quem se lembra da época de alta inflação no Brasil, desde a década de 1980
até o ano de 1994, irá se lembrar que não se podia fazer as contas em moeda local, pois não
se conseguia perceber o significado daquela quantidade de moeda em valor de mercadorias,
mesmo porque os valores mudavam diariamente. Assim, a moeda perdia também a função de
unidade de medida.

Outra consequência da inflação alta é que, ao se reter uma moeda que se desvaloriza
constantemente, perde-se muito poder de compra. Por isso, os agentes passam a não desejar
mais reter tal moeda e ao final passam a não aceitá-la (o que é um conflito com a legislação
que obriga seu uso). Muitas vezes os agentes de países que convivem com alta inflação
passam a tentar utilizar moedas de outros países, consideradas mais fortes, para suas trocas.
No caso brasileiro da década de 1980, houve em parte utilização de dólares pelos agentes,
ainda que de maneira informal. Por vezes utilizam-se metais nobres, como ouro ou prata.

Há ainda outros efeitos da inflação sobre a economia. Talvez o mais devastador deles
seja o desestímulo que causa ao investimento. Isso porque os investidores precisam de um
ambiente estável para tomar suas decisões de investimento. Como investimentos demoram
anos para dar retorno, o investidor precisa estimar sua rentabilidade futura, seus preços, seus
custos, etc., para poder decidir como e se vai investir. Em um ambiente de alta inflação ou
incerteza é impossível prever tais variáveis, de modo que decisões de investimento acabam
por ser postergadas. A consequência disso é que a economia passa a crescer a taxas mais
baixas do que em um ambiente de inflação controlada.

O governo, através de sua autoridade monetária, pode controlar a oferta de moeda


utilizando vários instrumentos. Os mais populares são: o controle da base monetária
diretamente e da emissão de moeda; a venda ou recompra de títulos públicos, sendo que a
venda de títulos absorve moeda e, portanto, diminui M; variações na taxa de depósito
compulsório, que deve ser obedecida pelos bancos comerciais, sendo que um aumento do
depósito compulsório reduz M; mudando a regulamentação das políticas de crédito, sendo
que uma restrição ao crédito diminui M (ainda que em graus de liquidez menores); mudança
direta nas políticas de juros, sendo que um aumento nas taxas de juros diminui M; entre
outros instrumentos.

Políticas Econômicas
O que são políticas econômicas e o que eu tenho a ver com isso?

Os conhecedores do modo de produção capitalista sabem que o mercado é uma


potente máquina de estímulo à produção e à geração de riqueza, mas não necessariamente irá
realizar, naturalmente ou isoladamente, todos os anseios de uma sociedade. É comum, por
exemplo, que o capitalismo, agindo livremente, tenda a acentuar desigualdades econômicas e

13
concentrar a riqueza. Assim, é necessário que haja uma atuação da sociedade, externa ao
mercado, que possa produzir os efeitos que tal sociedade deseja e que estão para além do
poder do capitalismo na sua forma pura. Nas sociedades modernas, essa atuação é, em geral,
atribuição do Estado, ou seja, do setor público.

As políticas econômicas são o conjunto de práticas realizadas por tais agentes que estão
além ou acima do mercado, que têm por função atingir objetivos da sociedade que o
capitalismo por si só não conseguiria produzir. As políticas econômicas têm os mais variados
objetivos, sendo alguns deles, conforme já mencionamos, a desconcentração de renda, a
manutenção de altos níveis de emprego das pessoas e dos recursos, redução da pobreza,
promoção de altos níveis de bem-estar social, produção de bens públicos, estímulo à
concorrência, manutenção de inflação baixa e um ambiente econômico estável, entre muitos
outros.

Determinação de Atividade Econômica e Emprego


Uma das principais políticas econômicas é tentar reduzir ao mínimo o desemprego dos
recursos econômicos, em especial do trabalho. Desemprego é, resumidamente, a presença de
um recurso ou fator de produção que não está sendo utilizado, isto é, está sendo
desperdiçado. Da ótica pura e simples da eficiência econômica, é bastante irracional o
desemprego de recursos, pois significa que há recursos e fatores capazes e disponíveis para a
produção de riqueza, mas que eles não estão sendo utilizados. Tais fatores podem ser o
capital, o trabalho, terras etc.

Em especial, preocupamo-nos como o desemprego do trabalho, tanto pelo lado da


produção que pode ser aumentada se o desemprego for reduzido, como também pelo lado
social, já que é considerado extremamente cruel que pessoas que somente tenham o trabalho
para subsistir, não tenham a opção de vendê-lo. Dessa maneira, muitas das políticas públicas
pretendem aumentar o nível de emprego, ou em outras palavras, manter baixa a taxa de
desemprego na economia.

Existe uma relação próxima entre o nível de produção de uma economia e o seu nível
de emprego. É, também, uma relação de mútua e direta estimulação, o que quer dizer que, ao
aumentar o nível de produção, há um aumento no nível de emprego; e ao aumentar o nível
de emprego, há um novo incentivo ao aumento de produção. Funciona assim: ao aumentar a
produção, digamos, através do investimento feito por uma empresa de fogões em uma fábrica
nova, é preciso empregar pessoas que irão trabalhar na fábrica. Portanto o investimento foi
feito e contratam-se pessoas para que haja o aumento de produção. Mas a própria
contratação de pessoas irá estimular uma segunda onda de aumento de produção. Pois as
pessoas que estavam desempregadas irão estar agora empregadas e recebendo salários e,
consequentemente, com poder de compra que não tinham antes. Isso significa que irão
consumir e, com isso estimular a produção de mais bens. Por isso, costumamos dizer que,
14
quando se realiza um investimento, o aumento total na produção é maior do que o próprio
investimento, pois há um efeito multiplicador nesse estímulo.

Vamos pensar, agora, nas diversas ferramentas que os governos têm à sua disposição
para aumentar a produção (e a renda) e o emprego. Para isso, vamos relembrar a equação da
renda dada na unidade 4. Dissemos que os gastos de um país, que equivalem ao seu produto
(Y), são a soma dos gastos com bens de consumo (C), investimentos (I), despesas do setor
público (G), somando-se ainda a exportações (X) e subtraindo-se as importações (M). De
forma algébrica, podemos dizer que:

Assim, para tentar aumentar a renda nacional, o setor público pode tentar influenciar,
direta ou indiretamente, para o aumento de qualquer das variáveis C, I, G e X, ou para a
diminuição de M.

Algumas das políticas de aumento da renda e do emprego seriam:

 Aumento dos gastos ou investimentos públicos, diretamente;

 Estímulo ao consumo provado, com aumento do crédito ao consumo;

 Inventivo ao investimento, via redução das taxas de juros (Selic);

 Estímulo às exportações, com a desburocratização da documentação exigida pelas


autoridades.

Estes são apenas alguns exemplos entre uma infinidade de práticas possíveis.

Outro ponto importante a ressaltar sobre as políticas econômicas é que elas podem ter
múltiplos efeitos, alguns desejáveis e outros indesejáveis. Exemplificadamente, um aumento
dos gastos públicos pode estimular o aumento da produção nacional, mas pode também,
como explicamos no item anterior, estimular a inflação. Assim, seria como um remédio que
traz um benefício, mas, juntamente com ele, um efeito colateral importante. Em vista disso, o
setor público deve utilizar medidas que tenham os menores efeitos negativos possíveis, como o
estímulo ao investimento privado.

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Modelos de Crescimento Econômico e Ciclos de Negócio
O crescimento econômico é um dos objetivos de política econômica mais perseguido,
entre outros fatores, pela maior abundância de bens e prosperidade que reflete, bem como
pelos seus efeitos na capacidade de consumo e emprego de uma sociedade.

Além das políticas que estimulam o crescimento econômico, os economistas investigam


como se dá o crescimento de forma mais autônoma, isto é, através das próprias forças do
mercado e da sociedade, ao longo do tempo. Isso é conhecido como crescimento endógeno
de longo prazo.

Existem muitas teorias que buscam explicar esse crescimento. Na maioria delas, a
oferta é mais importante do que a demanda, isto é, sinaliza-se que, no longo prazo, as
sociedades tendem a desejar consumir tudo aquilo que podem produzir, mas há um limite
técnico e mesmo físico à capacidade de produção de uma sociedade em um dado momento.
Entretanto, o crescimento de longo prazo é dado justamente pela capacidade das sociedades
em alargar estes limites, pouco a pouco, mas continuamente.

Na teoria neoclássica, um dos principais modelos de crescimento econômico (“Solow-


Swan”), explica o crescimento da capacidade de produção das sociedades através do
desenvolvimento técnico, isto é, da capacidade de criar mecanismos que aumentem a
produtividade do trabalho (novamente, vale aqui o exemplo da fábrica de alfinetes). Outro
modelo, denominado modelo de Domar, enfatiza a poupança das pessoas e a acumulação de
capital de deriva dela, aumentando a capacidade de produção através do contínuo aumento
da capacidade física de produzir.

Existem muitas outras teorias que buscam entender ou explicar por que algumas
sociedades são mais prósperas e têm economias que crescem a velocidade maiores que
outras.

O que é o desenvolvimento?

É a mesma coisa que crescimento?

Mesmo considerada a importância do crescimento econômico, cada vez mais cresce a


concepção de que a abundância de bens é apenas parte do desenvolvimento de uma
sociedade. Existem ainda muitos outros aspectos que levam uma sociedade a se considerar
desenvolvida e, nesse sentido, sociedades com o mesmo nível de renda per capita podem ter
graus de desenvolvimento diferentes. Dessa forma, podem existir países ricos (com alto PIB
per capita), mas menos desenvolvidos do que outros.

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Quais seriam outras características exigidas para o desenvolvimento? A resposta deve
ser dada, mais propriamente, pela própria sociedade que busca esse desenvolvimento, e está
relacionada com seus valores e princípios. Mas em geral, há alguns fatores normalmente
comuns a todas as sociedades.

Em geral, desenvolvimento são as características que levam a sociedade a uma


condição de bem-estar social, além, é claro, da abundância de bens e recursos. Esse bem-estar
é muitas vezes refletido na forma da erradicação da pobreza, da obtenção do pleno-emprego,
da redução da desigualdade social, de altos níveis de segurança interna e externa, de boas
condições de saúde, segurança alimentar, educação e habitação.

Economia e democracia
Vimos que as sociedades têm desejos que vão além da propriedade e da abundância
material. Um destes anseios, ainda que não seja de ordem econômica, é normalmente a
liberdade, ainda que não seja um valor unânime entre os povos.

Existe uma ligação entre uma economia de mercado e a liberdade de atuação política e
econômica, isto é, a democracia. Não se trata de uma condição de existência, afinal, há
exemplos tão claros como a China, em que predomina uma sociedade de alto nível de
crescimento econômico e, ainda sim, uma sociedade com poucas liberdades políticas.

No longo prazo, contudo, vimos que há a necessidade de diversas ações estatais de


promoção do crescimento e correções de imperfeições dadas pela natureza do capitalismo.
Assim, sem uma representação política democrática, é possível que o modelo econômico
adotado seja não necessariamente um reflexo dos anseios da população, mas uma imposição
do que as classes políticas dominantes entendem que seja o melhor modelo. Dessa maneira, é
possível que um sistema político não democrático promova o desenvolvimento e o
crescimento econômicos, mas é também provável que tal sistema venha a destoar, no longo
prazo, dos reais princípios e valores daquela sociedade.

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MOCHÓN, F. Princípios de economia. São Paulo: Prentice Hall, 2007

VASCONCELLOS, M. A. S.; ENRIQUEZ GARCIA, M. Fundamentos de Economia. 2. ed.


São Paulo: Saraiva, 2005.

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