Você está na página 1de 18

Economia

Material Teórico
Macroeconomia III: Setor Externo

Responsável pelo Conteúdo:


Profª. Ms. Herida Cristina Tavares

Revisão Textual:
Profª. Vera Lídia de Sá Cicaro
Macroeconomia III: Setor Externo

• O que é Taxa de Câmbio?

• Regimes Cambiais

• Exportações e importações
(Balança comercial)

O tema central da unidade será o setor externo,


principalmente a taxa de câmbio e seus impactos na
economia como um todo.

Você deve ler o conteúdo e assistir à videoaula para depois realizar as atividades propostas.
Dado que o tema, diariamente, é noticiado pela mídia, o acompanhamento via jornal e
revista ou telejornais pode facilitar a aprendizagem desta unidade.

5
Unidade: Macroeconomia III: Setor Externo

Contextualização

“Política cambial não muda, ela veio para ficar”, diz Mantega
Por Eduardo Campos, Edna Simão, Lucas Marchesini, Ligia Guimarães e José de Castro | Valor

Atualizado às 13h25 BRASÍLIA – O câmbio é flutuante sim, mas, se exagerar na dose,


a gente vai lá e conserta. Essa foi a conclusão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao
falar sobre a política cambial no Brasil durante o Encontro Nacional de Prefeitos e Prefeitas,
nesta quarta-feira.“A política cambial não muda, ela veio para ficar”, disse o ministro. “Não
permitiremos variação especulativa. Aviso aos navegantes”, alertou, dizendo que a moeda
pode flutuar, mas “dentro de um patamar”, sem precisar qual patamar é esse. “Não espere
que o câmbio venha a derreter.”
O ministro frisou que o câmbio brasileiro é flutuante e que o importante é manter a
estabilidade da taxa. Segundo Mantega, a elevada volatilidade prejudica os exportadores. Ele
complementou que as empresas continuarão sendo estimuladas a exportar. Segundo o ministro,
junto com a queda de juros e as desonerações, a política cambial é uma “força poderosa”
para dar competitividade à economia. De acordo com Mantega, “estávamos com o real muito
valorizado” e as ações tomadas nesse campo foram importantes para dar competitividade à
indústria. “O real é mais competitivo”, disse.“Estávamos com um câmbio muito valorizado,
com o real valorizado. O pessoal que ia para o exterior gostava disso, e se ressentiu um pouco.
Em compensação, isso deu competitividade para a indústria brasileira”, afirmou.
“Para nós, é mais importante ter a indústria, que vai aumentar o salário, do que deixar a
indústria atrofiar baseada em vantagem cambial [dos outros]”, acrescentou durante a palestra.
Para Mantega, o Brasil sofreu uma “enxurrada” de importados em 2011 porque, segundo
o ministro, “o câmbio de certos países estava manipulado para baixo”.
Câmbio e inflação
O ministro da Fazenda disse que a taxa de câmbio não é instrumento de política monetária.
“Não é instrumento para abaixar preços”, declarou, ressaltando que o instrumento para isso
é a taxa de juros. Mantega reconheceu, no entanto, o impacto da valorização do dólar de
cerca de 20% no ano passado sobre a inflação de 2012.
Segundo ele, se o dólar não tivesse se valorizado, o Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) de 2012 teria sido de 0,4 ponto percentual a 0,5 ponto percentual
menor do que o 5,84% registrado. Ainda assim, disse ele, esse é um fenômeno que não se
repete. Agora em 2013 não há pressão inflacionária em função da taxa de câmbio, pois ela
está mais estabilizada. “No ano passado tivemos a elevação do dólar, que nós apoiamos,
agora não temos isso. O câmbio caminha para um patamar mais adequado”, disse.

Fonte:Jornal Valor Econômico


http://www.valor.com.br/financas/2989518/politica-cambial-nao-muda-ela-veio-para- ficar-diz-
mantega#ixzz2JTqXkeTr

6
O que é Taxa de Câmbio?
Taxa de câmbio é o preço de uma moeda estrangeira em moeda nacional. Ou seja, é a taxa
com a qual duas moedas diferentes podem ser trocadas. Por exemplo, a cotação do dólar é 2
reais, ou seja, cada 1 dólar vale 2 reais.

Explore
Saiba mais em: http://www.bcb.gov.br/?txcambio

A importância do câmbio em âmbito nacional


A taxa de câmbio influencia o nível de produção e do
emprego do país, conforme as variações nas exportações e
nas importações. Também impacta na taxa de inflação, pois,
Glossário
se um produto ou insumo importado se torna mais caro, o país Inflação: Aumento generalizado
e contínuo dos preços.
sofre uma pressão nos preços. Por isso, os Governos tentam
regulamentar e manipular a taxa de câmbio.

Pense
Por que variações nas exportações e nas importações podem afetar o nível de produção de um país?

A importância do câmbio para o comércio internacional


Para os países realizarem transações, eles precisam ter a cotação de suas moedas. Chamamos o
comércio de moedas de mercado cambial. O comércio entre os países seria impossível sem a taxa
de câmbio, pois, por exemplo, se um produto vale 100 dólares, o importador brasileiro precisa trocar
reais por dólares. Assim, se a taxa de câmbio estiver em 2,00 Reais/Dólar, o importador brasileiro
precisará de 200 reais para comprar o produto.

Explore
Saiba mais em: http://www4.bcb.gov.br/pec/taxas/batch/tabmoedas.asp?id=tabmoeda

Dado que a moeda é um produto como qualquer outro, o que determina seu preço são as
forças de oferta e demanda.

7
Unidade: Macroeconomia III: Setor Externo

No Brasil, tem-se, por exemplo, oferta e demanda por dólares:

Oferta de Moeda
Os principais ofertantes de moedas (dólares) são:
• Exportadores brasileiros. Os exportadores brasileiros vendem seus
produtos a outros países e recebem em moeda estrangeira.
• Investidores estrangeiros. Os investidores estrangeiros possuem
moeda do seu país e, quando decidem investir no Brasil, têm que trocar
sua moeda estrangeira pelo Real.
• Turistas estrangeiros. Os turistas estrangeiros vêm para o Brasil com a moeda de seu
país, porém, para consumir no Brasil, necessitam trocá-las por Real.
• Tomadores de Empréstimos no exterior e outros. Os bancos estrangeiros possuem
a moeda de seu país e os agentes brasileiros que tomam empréstimos externos devem trocar
a moeda por Real.

Demanda por moeda


Os principais demandantes de moedas (dólares) são:
• Importadores de mercadorias norte-americanas, que
necessitam de dólares. Quem importa qualquer mercadoria deve
pagar por ela na moeda do país de origem do produto.
• Remessa de lucro. Empresas estrangeiras que atuam no Brasil
e recebem em reais, procuram a moeda de seu país de origem para
enviar os lucros.
• Turistas brasileiros. Os turistas brasileiros, quando viajam para o exterior, devem levar
consigo a moeda de cunho forçado do país de destino.
• Investidores Nacionais. Qualquer investidor brasileiro que deseje atuar no exterior deve
possuir a moeda do país no qual deseja investir.
• Agentes que necessitam de dólares para saldar dívidas contraídas no exterior e outros.

Em tese, o equilíbrio entre a demanda e a oferta das diferentes moedas ocorre na definição
da taxa de câmbio. Essa tendência ao equilíbrio se dá devido ao mercado de moedas ter
homogeneidade dos produtos e à transparência do mercado, causada pelo desenvolvimento
dos meios de comunicação e pelo grande número de pessoas que transacionam nesse mercado.
As oscilações na demanda e na oferta de determinada moeda devem conduzir as modificações
no equilíbrio desse mercado (taxa de câmbio). Pode, assim, ocorrer uma:

8
Valorização cambial ou apreciação cambial: ocorre quando aumenta o poder de
compra da moeda nacional perante outras moedas. Fator que representa uma queda da
taxa de câmbio.
Desvalorização cambial ou depreciação cambial: representa uma perda do poder de
compra frente outras moedas, o que corresponde a um aumento da taxa de câmbio.

Trocando Ideias
Uma diferenciação importante para avaliar a competitividade dos produtos nacionais é a que
existe entre a taxa de câmbio real e a nominal. A taxa de câmbio real é a taxa de câmbio
nominal deflacionada pela razão entre inflação doméstica e inflação externa. Dessa forma, se
a desvalorização nominal superar a variação da inflação, o produto nacional torna-se mais
competitivo, ou seja, mais barato.

É obvio que a competitividade do produto nacional


é diretamente influenciada pelo patamar da taxa de
câmbio vigente, pois a desvalorização cambial aumenta a Glossário
competitividade dos produtos do país, já uma valorização Guerra Cambial/Comercial:
cambial reduz a competitividade. Devido a isso, os países quando os países desvalorizam
procuram desvalorizar sua taxa de câmbio para aumentarem ou mantêm sua taxa de câmbio
suas exportações. Porém, se todos os países procuram usar desvalorizada para estimular as
exportações.
esse artifício para aumentar sua competitividade, ocorre a
chamada guerra cambial ou guerra comercial.

Outra artimanha dos países para manipular a taxa de câmbio é utilizar a política
monetária. Por exemplo, conforme aumenta a taxa de juros, aumenta o ingresso de
fluxo de capital no país, fator que pressiona o câmbio para uma valorização.

Ideias Chave
Quando aumenta a taxa de juros...
• Incentiva o ingresso de recursos financeiros do exterior;
• Instrumento anti-inflacionário;

9
Unidade: Macroeconomia III: Setor Externo

Regimes Cambiais
O Banco Central de cada país pode determinar o regime cambial vigente. Esse regime cambial
pode ser definido da seguinte forma: câmbio fixo e câmbio flutuante.

Explore
Saiba mais em: http://www.bcb.gov.br/?txcambio

Taxa de câmbio fixa


O Banco Central fixa a taxa de câmbio, assim o ajuste é via oferta e demanda de divisas
naquele valor. Porém podem ocorrer pressões nesse regime cambial.
Se ocorrer excesso de oferta, para manter a taxa de câmbio fixa, o Banco Central compra a
moeda estrangeira, a fim de evitar a valorização da taxa de câmbio.
O contrário é verdadeiro: se ocorrer excesso de demanda por moeda estrangeira, o Banco
Central vende moeda, assim a moeda nacional não desvaloriza.
Desse modo, com o regime de câmbio fixo, as oscilações da oferta e da demanda de moeda
não fazem variar a taxa de câmbio, pois o Banco Central intervêm para manter o equilíbrio
naquela taxa fixada.

Por que ter uma taxa de câmbio fixo?


A vantagem do câmbio fixo é o maior controle da inflação, pois evita aumentos de preços
dos produtos importados. Já, entre as desvantagens, está o fato de que o Banco Central deve
manter reservas cambiais, que ficam vulneráveis aos ataques especulativos. Com isso, a política
monetária do país torna-se passiva, uma vez que fica dependente da situação cambial, pois,
caso a demanda por moeda aumente e as reservas do Banco Central se esgotem, o Banco
Central precisa aumentar a taxa de juros para atrair moeda estrangeira.

Taxa de câmbio flutuante


O mercado determina a taxa de câmbio; assim o preço flutua para garantir o equilíbrio entre
a oferta e a demanda.

“Suja”: o Banco Central intervêm comprando/vendendo divisas. Geralmente isso ocorre


com o objetivo de evitar grandes oscilações na taxa de câmbio, que podem prejudicar
negócios já fechados em outra taxa de câmbio.
Bandas cambiais: o governo admite flutuação da taxa de câmbio dentro de um limite.

10
Impactos
Como vimos, a taxa de câmbio é uma das variáveis macroeconômicas importantes para a
economia. Seus impactos ocorrem em diversas outras variáveis macroeconômicas, como veremos.

Exportações e importações (Balança comercial)

Uma desvalorização cambial pode aumentar as exportações e reduzir as importações, pois o


produto nacional torna-se mais barato e o importado, mais caro.
Já uma valorização cambial pode aumentar as importações e reduzir as exportações, já que o
poder de compra da moeda nacional aumenta e, dessa forma, é possível comprar com o mesmo
valor mais produtos de outros países.
Por exemplo, um perfume que custa 100 dólares, se a cotação do dólar for de US$/R$1
(patamar considerado como valorizado), o perfume sairá por 100 reais. Já se houver uma
desvalorização para o patamar de US$/R$ 4, o mesmo perfume aumentará para 400 reais.
Logo, neste novo patamar, haverá uma redução das importações, pois o preço do produto
quadriplicou. Da mesma forma, as exportações aumentarão, pois, com o mesmo um dólar, o
estrangeiro comprará mais produtos do Brasil.
Exemplo

Cotação Custo Taxa de importação Taxa de exportação

US$/R$1 R$ 100,00 Maior Menor

US$/R$ 4 R$ 400,00 Menor Maior

Inflação
Com uma valorização cambial, ocorre o que chamamos de
âncora cambial. São dois os fatores que seguram a taxa de
inflação. Primeiro: com o aumento das importações, aumenta Glossário
a concorrência, fator que tende a pressionar a redução dos
Âncora cambial: quando o
preços nacionais. Segundo: com a queda do preço dos
governo mantém ou valoriza o
produtos importados, os produtos são vendidos no Brasil câmbio para reduzir a taxa de
por um preço mais baixo. Além disso, os produtos nacionais inflação.
que possuem algum insumo de produção terão seus custos
reduzidos, logo poderá haver uma redução dos preços.
O contrário é verdadeiro, uma desvalorização cambial tende a aumentar a taxa de inflação.

11
Unidade: Macroeconomia III: Setor Externo

Dívida externa
Com a desvalorização cambial, aumenta o estoque da dívida externa
em reais, não afetando seu saldo em dólares. Por exemplo, se o Brasil
possui uma dívida de 1 bilhão de dolares e o câmbio desvaloriza, a sua
dívida continuará 1 bilhão de dolares, mas aumentará em reais.

12
Material Complementar

Explore

Site do Banco Central do Brasil: http://www.bcb.gov.br/?txcambio

Moedas cambiadas:
Site do Banco Central do Brasil: http://www4.bcb.gov.br/pec/taxas/batch/tabmoedas.asp?id=tabmoeda.

13
Unidade: Macroeconomia III: Setor Externo

Referências
GREMAUD, Amaury Patrick; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de eTONETO Jr,
Rudinei. Economia Brasileira Contemporânea. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2008
LACERDA, Antonio Correa de. Economia Brasileira. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010
MANKIW, N. G.. Introdução à Economia. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2005.
PASSOS, Carlos Roberto Martins e NOGAMI, Otto. Princípios de Economia. 5ª ed. SP:
Thomson, 2005.
PINHO, D. B., VASCONCELLOS, M. A. S. de. (Org.). Manual de Economia: equipe de
professores das USP. 5ª edição. São Paulo: Saraiva, 2006
SILVA, César R. L. e LUIZ Sinclair. Economia e Mercados – Introdução à economia. 19
ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
VASCONCELLOS, M. A. S.. Economia Micro e Macro. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2001.

14
Anotações

15
www.cruzeirodosulvirtual.com.br
Campus Liberdade
Rua Galvão Bueno, 868
CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil
Tel: (55 11) 3385-3000

Você também pode gostar