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Taxas de câmbio
Profª M.Sc. Joseane Borges de Miranda

Antes de discutirmos os vários conceitos e a importância da taxa de câmbio nas


finanças internacionais vamos ver rapidamente o conceito de mercado cambial.

1. O mercado Cambial
O fato de não se aceitar moedas estrangeiras em pagamento das exportações,
nem a moeda nacional em pagamento das importações, constitui a base de um
mercado onde são compradas e vendidas as moedas dos diversos países: mercado
esse denominado mercado cambial ou mercado de divisas.

Há cinco diferentes categorias de transações que são realizadas em um mercado


cambial, segundo Einzing (1966:15):
1. transações entre bancos e clientes dentro do país;
2. transações entre bancos no mesmo país;
3. transações entre bancos localizados em diferentes países;
4. transações entre bancos e bancos centrais dentro do mesmo país;
5. transações entre bancos centrais localizados em diferentes países.

Nosso foco será entre banco e clientes dentro do país. Note que a expressão
mercado de câmbio não se refere a um local físico para se negociar ou trocar a
mercadoria. Na verdade, as transações ocorrem via internet no mundo todo.
Algumas, como câmbio futuro, podem ocorrer na bolsa de valores, um local físico
que une vários negócios nacionais e internacionais.

O mercado cambial compreende, além dos exportadores e importadores, as


bolsas de valores, bancos, corretores e outros elementos que, por qualquer
motivo, tenham transações com o exterior. Eventualmente, poderá abranger as
chamadas autoridades monetárias (Tesouro e Bancos Centrais).
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O mercado é composto por compradores, que demandam moeda estrangeira, e


vendedores, que ofertam moeda estrangeira, similar a um mercado de bens comuns.
Assim, vamos ter, de um lado, o grupo vendedor, representado por todos aqueles
elementos (exportadores, tomadores de empréstimos no exterior, vendedores de
serviços. turistas e, às vezes, especuladores) que desejam vender divisas1 provenientes de
exportações ou de outra operação qualquer; de outro lado, temos o grupo comprador no
qual são incluídos todos aqueles elementos (importadores, compradores de serviços ou
de títulos estrangeiros, turistas e especuladores também) que desejam adquirir divisas, a
fim de liquidar seus compromissos no exterior, provenientes de importações, pagamento
de serviços, remessas de capitais, dividendos, pagamento de etc.

O resultado entre os negócios de um dia de comprar e venda de moeda estrangeira


resulta na taxa de câmbio daquele dia.

2. Conceitos de taxa de câmbio

2.1 Introdução2

Vejamos os principais conceitos de taxa de câmbio.

A taxa de câmbio é o preço, em moeda nacional, de uma unidade de moeda


estrangeira. Em contrapartida, poderia ser também, o preço em moeda estrangeira
de uma unidade de moeda nacional. Tudo depende de o país adotar a modalidade
do incerto ou do certo na determinação de suas taxas cambiais, uma vez que as
relações de valor entre as duas moedas não se alteram utilizando-se qualquer uma
das duas modalidades. O método incerto ou direto é quando a taxa é apresentada
em uma unidade de moeda estrangeira em unidades da moeda nacional, então se a
taxa é US$$/R$ (um dólar por reais) é direta para o Brasil, e certo ou indireto para os
Estados Unidos. O método mais usado é o incerto.

A taxa cambial mede o valor externo da moeda. Fornece uma relação direta entre
os preços domésticos das mercadorias e fatores de produção, e dos preços destes
nos demais países. Com os preços nacionais e externos a um dado nível, uma
valorização cambial prejudicará as exportações e estimulará as importações, o
que poderá provocar um déficit na balança comercial. Se, ao contrário, tivermos
uma desvalorização cambial, as exportações serão estimuladas e as importações
desencorajadas, o que tenderá a provocar um superávit na balança comercial.

1 Divisas são créditos no exterior, em moeda estrangeira.Compreendem: depósitos, letras de câmbio,


ordens de pagamento, cheques, valores mobiliários etc. Para maior facilidade de análise, incluímos no conceito de
divisas também o papel‑moeda estrangeiro.
2 Os tópicos 1 e 2 estão baseados em Ratti (2007) e Miranda (2000)

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A taxa de câmbio tem um papel de destaque em qualquer debate sobre


estabilização econômica, na medida em que representa um dos mais importantes
sinalizadores no contexto macroeconômico em uma economia aberta. A política
cambial é, conforme Sandroni (1996, p. 412)

[...] um instrumento da política de relações comerciais e financeiras entre um


país e o conjunto dos demais países. Os termos em que se expressa à política
cambial refletem, em última instância, as relações políticas vigentes entre
os países, com base no desenvolvimento econômico alcançado por eles.

A taxa de câmbio é um dos preços relativos das economias de mercado aberto,


principalmente pela intermediação das transações entre a economia doméstica e
o resto do mundo.

2.2 Formação teórica da taxa de câmbio

Segundo Ratti (2007), como qualquer mercadoria exposta à venda, as divisas


estrangeiras estão sujeitas à lei da oferta e da demanda, motivo pelo qual a
taxa cambial, ou seja, o preço dessas divisas, poderá ser explicada mediante
utilização dos mesmos artifícios geométricos comumente utilizados para explicar
a formação dos preços em geral.

Vamos acompanhar algumas situações problemas proposta pelo autor para


entender melhor a formação da taxa.

Na figura 2.1 são indicadas, no eixo X, as quantidades de divisas estrangeiras


demandadas e oferecidas no mercado, em um dado momento. No eixo dos Y
são representados os preços unitários (taxas cambiais) da moeda estrangeira,
expressos em moeda nacional.

Figura 2.1 - Quantidade de moeda


estrangeira
Fonte: Ratti,2007

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A demanda de divisas estrangeiras é representada pela curva “DD”, cuja inclinação


é negativa, indicando que, de modo geral, quanto menor for o preço da moeda
estrangeira, maiores serão as quantidades procuradas. A oferta de divisas
estrangeiras é representada pela curva “OO”, que apresenta inclinação positiva,
da esquerda para a direita, indicando que, normalmente, quanto maior for o preço
da moeda estrangeira, maiores serão as quantidades oferecidas no mercado.
Essas duas curvas cruzar-se-ão no ponto “a”, que corresponde a taxa 4. Isto
significa que, a essa taxa, a quantidade de moeda estrangeira oferecida é igual à
quantidade procurada, e o mercado está em equilíbrio.

Considerando agora que, à demanda já existente de moeda estrangeira, se


adicione uma demanda extra a situação seria diferente, conforme se observa na
figura 2.2.

Figura 2.2 – Quantidade de moeda estrangeira


Fonte: Ratti,2007

A curva representativa da demanda deslocar-se-á de “DD” para “D´D`”, e o seu


ponto de intersecção com a curva de oferta dar-se-á em “b”, o qual corresponde à
taxa 6. Portanto, esse aumento da demanda foi atendido, porém, a uma taxa será
mais elevada. Uma diminuição da oferta de moeda estrangeira será representada
por um deslocamento da curva de oferta de “OO” para “O´O´”, implicando,
também, uma alta de taxa cambial (ponto “c”).

Suponhamos agora, que seja mantida constante a demanda inicial, representada


pela curva “DD” (figura 2.1); se a oferta aumentar, deslocando-se de “OO” para
“O´O´”, a taxa cairá de 4 para 3 (pondo “d”). Outras situações poderão ser
apresentadas com o emprego desses esquemas.

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Figura 2.3 – Quantidade de moeda estrangeira


Fonte: Ratti,2007

Pelo exposto, verifica-se que:

1 – a taxa cambial tende a permanecer estável quando ocorrer qualquer das


seguintes situações:
a. a oferta e a demanda permanecem invariáveis;
b. a oferta e a demanda aumentam em iguais proporções;
c. a oferta e a demanda diminuem em iguais proporções.

2 – a taxa cambial tende a aumentar em qualquer dos casos abaixo:


a. a demanda aumenta e a oferta permanece estável ou diminui;
b. a demanda aumenta e a oferta também, porém, em proporção menor;
c. a oferta diminui e a demanda permanece estável;
d. a oferta diminui e a demanda também, porém, em proporção menor.

3 – a taxa cambial tende a diminuir quando se verifica qualquer das situações


seguintes:
a. a oferta aumenta e a demanda permanece estável ou diminui;
b. a oferta aumenta e a demanda também, porém, em proporção menor;
c. a demanda diminui e a oferta permanece estável;
d. a demanda diminui e a oferta também, porém, em proporção menor.

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Essa oferta e essa demanda de divisas poderão representar o movimento


normal das transações realizadas com o exterior (exportação e importação de
mercadorias, pagamentos ou recebimento de serviços, entrada ou saída de
capitais, etc.), como também poderão ser resultantes de manobras especulativas
por parte de grupos interessados em auferir lucros com as elevações e quedas
bruscas das taxas cambiais.

Com o objetivo de eliminar as flutuações exageradas, o governo poderá intervir


no mercado, seja mediante congelamento da taxa cambial, seja através dos
chamados fundos de estabilização cambial.

Os fundos de estabilização cambial são constituídos de substanciais reservas de


ouro e moeda estrangeira em poder do governo, de modo que o mesmo poderá
influenciar as taxas cambiais objetivando a sua manutenção até nível desejado.
Quando, por exemplo, se verificasse sensível elevação do preço de uma divisa
estrangeira, o governo lançaria no mercado, para venda, um certo contingente
dessas divisas, provenientes de suas reservas ou adquiridas de outro país. No
caso de queda acentuada de preço, o governo procuraria equilibrar o mercado,
efetuando comparas maciças dessas divisas. Ratti (2007) ressalta que, o apelo a
esses fundos de estabilização cambial, não invalida a estrutura de um mercado de
câmbio livre.

2.2.1 Taxa de câmbio real

A taxa de câmbio real classifica-se em três categorias: taxa de câmbio real como
parâmetro para medida do poder aquisitivo, como parâmetro para medida de
competitividade e taxa de câmbio real efetiva.

a. Taxa de câmbio real como parâmetro para medida do poder aquisitivo.

A primeira categoria da taxa de câmbio real, tida como convencional, está


relacionada ao objetivo de medir o poder aquisitivo em determinado país. Nesta,
a taxa de câmbio real é produto da taxa de câmbio nominal vezes a razão entre
os preços externos e os preços domésticos. A equação para o seu cálculo é a
seguinte:

R=e.p*
p

Onde “e” é a taxa nominal do Brasil, “p*” e “p” são índices de preços externos e
internos respectivamente, aqui representados por índices mais gerais, IPC americano e

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IPC brasileiro. A definição da taxa de câmbio real convencional é chamada de taxa real
da paridade de compra (PPP), pois assume que os preços estão sujeitos à arbitragem
internacional e é utilizada como forma de preservar o poder aquisitivo da moeda em
relação aos parceiros comerciais. Para Rocha (1995, p. 44):

A utilização da metodologia convencional, que tem o objetivo de medir


o poder aquisitivo do país, não distinguindo o comportamento dos bens
comercializáveis dos não-comercializáveis, é criticada quando utilizada
como parâmetro para a política comercial de um dado país, isso por abstrair
os choques reais e as tendências de crescimento da produtividade.

A adoção de uma política cambial com base apenas na paridade do poder de


compra de moeda (PPP), enquadrada dentro do indicador convencional, como
a utilizada no Brasil, pode resultar em uma taxa de câmbio real desalinhada,
principalmente quando os termos de troca estão mudando (Zini Jr, 1995). Outro
fator complicador são as diferentes metodologias utilizadas em cada país na
obtenção de seus índices de preços.

b. Taxa de câmbio real como parâmetro para medida de competitividade

A segunda categoria da taxa de câmbio real, desenvolvida entre outros autores


(Dornbusch, 1980, Katseli, 1984, Harberg, 1984), tem como objetivo
medir o nível de competitividade externa dos bens produzidos no país em relação
aos bens produzidos no resto do mundo. Esse índice compara os preços dos
bens comercializados externamente com os preços dos bens comercializados
internamente (domésticos), possibilitando medir a competitividade da economia
nacional em relação aos parceiros comerciais. Rocha (1995, p. 45) destaca que
este tipo de definição,

[...] tem por base a literatura dos modelos de economia dependente, que
assume que a arbitragem internacional determina os preços dos bens
comercializados externamente. Assume ainda como hipótese que economias
dependentes, como a brasileira, não são suficientemente grandes vis-à-vis ao
resto do mundo para influenciarem os preços externos de modo significativo.

Para Dornbusch, Fischer (1994, p. 160), “a taxa de câmbio real mede a


competitividade de um país no mercado internacional. Ela é dada pela razão dos
preços dos bens estrangeiros, medidos em dólares, em relação aos preços dos
bens domésticos”.

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A Taxa de Câmbio Real (R) é obtida por meio da seguinte expressão:

R = et . Pft
Pt
Sendo que “Pt” e “Pft” são os índices de preços no Brasil e no exterior,
respectivamente, “e” é o preço em reais da moeda estrangeira, ou seja, a taxa
de câmbio nominal do Brasil. Utiliza-se, como taxa de câmbio nominal, o real em
relação ao dólar americano, em razão da representatividade da moeda norte
americana no comércio internacional. Já a escolha dos índices a serem utilizados
apresentam problemas, isso porque os índices são calculados para propósitos
diversos e não possuem as propriedades desejáveis para uma estimação não viesada.

Conforme Zini Jr. (1995, p 181),

Quatro índices são comumente usados nos estudos empíricos: preços por
atacado, preços ao consumidos, deflator do produto nacional e índice de custo
unitário da mão-de-obra. Os índices tais como valor unitário das exportações
ou das importações, específicos tanto dos preços por atacado (preços
industriais) como dos preços ao consumidor (preços de serviços pessoais),
também são utilizados em alguns estudos, porém menos freqüentes.

No caso do cálculo da taxa de câmbio real relacionado com a competitividade,


Edwards (1985) apresentam a sugestão de usar os índices disponíveis como
proxies para os preços de bens comercializáveis internamente. O índice de preços
no atacado (IPA) confere grande peso aos bens comercializáveis externamente
para o setor industrial e agrícola, e é relevante para comparação de preços
relativos em nível do produtor. Sendo assim, o índice de preços no atacado
(IPA) pode ser utilizado como proxy para os preços dos bens comercializáveis
externamente. Já o índice de preço ao consumidor (IPC) é mais abrangente
e acusa a variação de preços final além de incluir bens não comercializados
externamente como serviços pessoais, habitação etc3.,tornado-se, dessa forma,
uma proxy para os preços dos bens não-comercializáveis externamente no cálculo
da taxa de câmbio.

c. Taxa de câmbio real efetiva

O índice da taxa de câmbio real, é aplicada tanto para medir o poder aquisitivo
quanto para medir a competitividade e, como foi apresentado nas seções

3 Neste sentido o artigo “metodologia do IGP-DI”, identifica a composição dos índices fornecidos pela
FGV, ou seja, IGP-DI, IPV, IPA e INCC. Conjuntura Econômica, abril/90, p.79.

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anteriores, pode ser calculado com relação a um único parceiro comercial ou a


um conjunto de parceiros comerciais. Quando calculado para um conjunto de
parceiros comerciais o índice passa a ser denominado como taxa de câmbio real
efetiva. Segundo Zini Jr. (1995, p.129), “A taxa efetiva é a taxa de câmbio nominal
média observada nas relações comerciais de um país. Usualmente isto equivale
a usar uma média ponderada das taxas de câmbio do país com o grupo dos
principais parceiros comerciais”.

Estes conceitos de taxa de câmbio real efetiva implicam em usar “pesos


comerciais bilaterais” selecionando-se certo número de parceiros comerciais,
porém, desta forma não captar o chamado efeito terceiros países (third country
effect). O que seria contornado com a inclusão de países que são competidores
e os que são mercados potenciais, porém, esta inclusão é dificultada devido,
principalmente, a falta de dados homogêneos.

Alguns autores definem a taxa de câmbio efetiva como a taxa de câmbio que
inclui os efeitos de interferência no comércio como tarifas e subsídios, no entanto,
novamente, há várias dificuldades envolvidas na mensuração das tarifas e
subsídios, impossibilitando homogeneidade dos dados, prejudicando a aplicação
do conceito. Ao se escolher o grupo de países ou moedas deve-se observar o
peso dos países no comércio em relação ao país que se pretende calcular a
competitividade econômica. Para a obtenção da taxa de câmbio real efetiva do
Brasil o modelo utilizado será:

A Taxa de Câmbio Real Efetiva Ref = Σ wi . ei . Pit


i=1
Pt

Sendo que “Wi “= peso relativo do país i (somas dos pesos =1); “eit” = taxa de
câmbio entre o Real e o país “i”, no período t; “Pi”t é o índice de preço no atacado
para país “i” e o “Pt” é o índice de preço ao consumidor do Brasil para o período t.
Vários índices de taxa de câmbio real efetiva podem ser calculados, dependendo
da escolha da cesta de moedas e de sua ponderação. Normalmente, a cesta
de moedas utilizada no cálculo do índice refere-se aos países que efetivamente
apresentam um nível de comércio significativo com o país em análise.

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2.3 - Tipos de taxas de câmbio

2.3.1 Taxa de compra e de venda

É a cotação que o Operador de câmbio dos Bancos autorizados utiliza para as


operações de compra/venda de uma determinada moeda.

Exemplo: US$ 1,00 está cotado a R$ 1,7630/1,76404.

A cotação para comprar pelos bancos é a da esquerda, isto é, os bancos estão


dispostos a compara dólar americano por R$1,7630.A cotação para a venda pelos
bancos é a da direita, isto é, os bancos estão dispostos a vender dólar americano
por R$ 1,7640.

A diferença entre a taxa de compra e a taxa de venda da moeda estrangeira


negociada é o spread, diferencial esse com que os bancos ou estabelecimentos
autorizados a operar em câmbio cobrem seus custos e realizam seus lucros.

2.3.2 Taxa de repasse e taxa de cobertura

A taxa de repasse é aquela pela qual o BACEN adquire a moeda estrangeira dos
bancos comerciais. Já a taxa de cobertura é aquela pela qual o BACEN vende
moeda estrangeira aos bancos comerciais.

2.3.3 Taxas cruzadas (Cross-rates)

As taxas cruzadas são as taxas teóricas resultantes da comparação das


respectivas cotações de duas moedas, cotações essas expressas em uma
terceira moeda (o dólar americano, por exemplo).

Digamos que, no mercado cambial norte-americano, o franco suíço esteja a US$


0,231, enquanto o marco alemão está cotado US$ 0,275. Dividindo esses valores,
um pelo outro, vamos obter as seguintes taxas cruzadas:

Franco suíço/marco: Sw. Fr. 1,00 =DM 0,84 (0,231/0,275)

Marco/franco suíço DM 1,00 = Sw. Fr. 1,19 (0,275/0,231)

4 Esta é a cotação do dia 12/07 das 14:51 h, a cotação é atualizada em 10 e 10 minutos. No fim do dia a
cotação é fechada. In WWW.terra.com.br/mercado/câmbio, acesso em 12/07/10 as 18:00h.

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Quando as transações cambiais são livres, essas taxas cruzadas não deverão diferir
sensivelmente da cotação do franco suíço em Frankfurt ou da cotação do marco
alemão em Zurich.

2.3.4 Taxas livres e taxas oficiais

Taxas livres são aquelas provenientes das condições de oferta e procura de divisas
em um mercado livre de câmbio, admitindo-se, contudo, a possibilidade de uma
intervenção das autoridades monetárias, mediante operações de compra e venda
de divisas, com o objetivo de evitar variações excessivas das taxas.

Taxas oficiais são as determinadas pelas autoridades monetárias, não resultando,


assim, do livre entrechoque das condições de oferta e procura, embora estas
possam, em grande parte, influenciar o pensamento das autoridades monetárias
na determinação do nível das taxas oficiais.

2.3.5 Taxas prontas e taxas futuras

Taxas prontas (spot) são aquelas aplicadas em operações de compra e venda de


moeda estrangeira, onde ela é entregue dentro do prazo de até dois dias úteis (D
+2), contando da data da negociação.

Taxas futuras (forwar) referem-se a transações de comprar e venda de moeda


estrangeira, onde a entrega dessa moeda e seu pagamento somente ocorrerão
após o período de tempo concordado entre as partes.

Segundo Lunardi (2000), em função da expectativa de valorização ou


desvalorização da moeda nacional, a taxa futura pode ser apresentada com
prêmio ou desconto. No Brasil, independente do prazo para liquidação de
operação de câmbio, sempre é utilizado a taxa pronta.

2.3.6 Taxas fixas e taxas variáveis

Taxas fixas são aquelas mantidas invariáveis em um determinado nível, seja por
determinação governamental (congelamento da taxa), seja por operações de
compra e venda de divisas por parte das autoridades governamentais, sempre que
as cotações de mercado tendam a se afastar das taxas determinadas pelo governo.

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As taxas variáveis, como o próprio nome diz, são aquelas que variam. Podem ser
flexíveis, quando as paridades monetárias são reajustadas gradualmente, dentro
de pequenos intervalos de tempo. Este sistema denomina-se crawling peg. Existe,
também, outra taxa variável, que é conhecida por taxa flutuante. Nesse caso, não
existem paridades monetárias e as taxas cambiais flutuam livremente, embora
possam estar sujeitas a sofrer intervenções da parte das autoridades monetárias,
em caso de flutuações exageradas.

Antes de finalizar, vejamos a seguir alguns conceitos importantes para


compreender as taxas fixas e variáveis:

Paridade: Na prática, entende-se por paridade a relação entre duas moedas


estrangeiras. Pode-se dizer que a paridade (par) é o preço de uma moeda
estrangeira em outra moeda estrangeira. Ex.: US$ 1 = DM 2,0842. Da mesma
maneira que a taxa de câmbio, a paridade apresenta cotações para compra e
venda.

Banda cambial: A partir de março de 95, o governo adotou o sistema de “banda”,


ou seja, apesar de não se fixar (rigidamente) um preço para compra e para
venda, foi estabelecido um piso mínimo e um teto máximo, permitindo-se, nesse
intervalo, flutuações sem a interferência governamental, em regra. Trata-se de
um sistema híbrido, que vigorou no Brasil até janeiro de 99. A partir desta dada o
Brasil adotou o sistema de taxas flutuantes de câmbio.

Conclusão
Este texto apresentou uma breve introdução ao mercado de divisas, ou seja, o
mercado cambial. E explorou as diversas formas de apresentação da taxa de
cambio, assim como o modo como se forma o preço da moeda internacional em
um dia de oferta e demanda desta divisa.

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Referências

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LUNARDI, Ângelo Luiz. Operações de câmbio e pagamentos internacionais no comércio


exterior. São Paulo: Aduaneiras, 2000.

MIRANDA, Joseane Borges de. Impacto da política cambial sobre os preços agrícolas em
Santa Catarina. Florianópolis: UFSC. 1998. 101 p. Monografia (Departamento de Economia)
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(Programa de Mestrado em Economia) - Universidade Federal de Santa Catarina, 2000.

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ROCHA, L. E. V. Determinantes da taxa de câmbio real e seu efeito sobre os preços


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