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Economia Internacional

Ciências Econômicas – 6º semestre


Tópico 4 – Teorias Modernas

Prof. Paulo C. de Sá Porto


saporto27@gmail.com
Bibliografia
➔ Básica:
Appleyard, capítulo 10

➔Complementar:
Krugman, capítulo 7
Agenda

4. Teorias Modernas
4.1. Economias de Escala
4.2. Ciclo do Produto
4.1. Economias de Escala
• É fato que, desde o final da Segunda Guerra Mundial,
houve um grande aumento no comércio entre EUA,
Europa e Japão ➔ o comércio entre os países “ricos”
(“Norte”) se torna mais intenso do que o comércio
destes com os países mais “pobres” (“Sul”)
• Como explicar o comércio entre países de dotação de
fatores semelhantes?
• Por exemplo, Japão (J) e EUA (E) têm estoque
semelhante do fator K
Economias de Escala
• Pode haver troca de produtos quando os países têm
dotação de recursos semelhantes na presença de
economias de escala:
1. Presença de tecnologias com rendimento
crescente de escala ➔ altos custos fixos
2. Economias de escala torna vantajosa a produção
em grande volume
3. Economias de escala torna vantajosa a
especialização em um número limitado de produtos
e serviços ➔ demanda por produtos diferenciados
Economias de Escala
• Rendimento crescente de escala: produção mais do que
dobra quando os insumos dobram
➔ Presença de altos custos fixos faz surgir as economias de
escala – quanto maior a produção, menor o custo fixo por
unidade: C(total) = C = F + cQ
➔ Custo médio é declinante: Cm = C/Q = F/Q + c
Economias de Escala
• Economias de escala: tipos
a) Internas à firma – custo unitário depende do
tamanho da firma individual
b) Externas à firma – custo unitário depende do
tamanho da indústria (setor)
• Tecnologia com rendimento crescente de escala ➔
mercados são imperfeitos (concorrência imperfeita)
Economias de Escala
• Concorrência imperfeita – características:
1. Firmas são formadoras de preço (e não
tomadoras de preço) ➔ poder de mercado
2. Custo médio declinante
3. Uma, poucas, ou várias (produzindo produtos
diferenciados) firmas no mercado:
▪ Monopólio
▪ Oligopólio
▪ Concorrência monopolística
Economias de Escala
• Concorrência Imperfeita
Modelo de concorrência monopolística:
Várias firmas no mercado, cada uma produzindo
produtos diferenciados ➔ monópolio em seu
produto específico; custo médio declinante ➔
especialização com produção em grande escala;
Helpman e Krugman 1985
• Trocam entre si estes produtos diferenciados dentro
do mesmo setor = comércio intra-indústria
Economias de Escala
• Modelo de concorrência monopolística: explica o
comércio intra-indústria:
➔ Comércio intra-indústria: comércio entre
produtos diferenciados dentro do mesmo setor (ex.:
automóveis luxuosos alemães por básicos
franceses); reflete as economias de escala obtidas
pela especialização em uma pequena variedade de
produtos diferenciados; impacto do comércio
internacional sobre a distribuição de renda é limitado;
entre países avançados.
Economias de Escala
• Modelo de concorrência monopolística
➔ Comércio inter-indústria: comércio entre
produtos de diferentes setores; reflete
diferentes dotações de fatores e/ou as
vantagens comparativas obtidas pelas
diferentes produtividades do trabalho nos
vários países; impacto do comércio
internacional sobre a distribuição de renda
pode ser significativo; entre países
desenvolvidos e em desenvolvimento.
Economias de Escala
• Padrão de Comércio Internacional:
O que acontece se os dois países começam a
comercializar entre si (i.e., qual é o Padrão de
Comércio Internacional)?
Economias de Escala
• Modelo de concorrência monopolística
➔ Como saber a importância relativa do comércio
intra-indústria ou inter-indústria? Depende de quão
similares são os dois países:
1. Se similares (K/T semelhantes), comércio intra-
indústria predomina
2. Se não similares (K/T muito diferentes), comércio
inter-indústria predomina
3. Para decidir se haverá comércio intra-indústria ou
inter-indústria, utiliza-se o Índice de Grubel-Lloyd
(IGL):
Economias de Escala
• Índices de comércio intra-indústria:
➔ Índice de Grubel-Lloyd (IGL):
[(X i + M i ) - | X i - M i |]100
X i + Mi
onde Xi são as exportações de um setor i e Mi são as importações
do setor i; nos dá a participação do comércio intra-indústria no
comércio total do setor.
➔ Se IGL entre 70% e 100%, predomina o comércio intra-indústria
no setor
➔Se IGL entre 0% e 30%, predomina o comércio inter-indústria no
setor
➔Se IGL entre 30% e 70%, não predominam nem o comércio intra-
indústria nem o comércio inter-indústria no setor
Economias de Escala
• Índices de comércio intra-indústria - Exercício:
Índice de Grubel-Lloyd (IGL):
[(X i + M i ) - | X i - M i |]100
X i + Mi
Suponha seguinte tabela abaixo de comércio internacional de um
determinado país para três setores, em US$ milhões
Automóveis Aço Café Total

Exportação 10.000 25.000 0 35.000

Importação 8.500 2.500 15.000 26.000

Calcule IGL para cada setor:


IGL (auto) = ((10.000+8500) -10.000-8500 (100)) /
(10.000+8500) = 92%;
IGL (aço) = ((25.000+2500) -25.000-2500 (100)) /
(25.000+2500) = 18%;
IGL (café) = ((0+15.000) -0-15.000 (100)) / (0+15.000) = 0%
Exercício – Tópico 4

Exercício 1 - Comtrade: Calcular o IGL da Suécia com


relação à Alemanha em Veículos (SH=87), ano 2019
Exportações e Importações: Veículos (SH = 87), da Suécia
para a Alemanha e vice-versa; ano 2019

Exercício 2 – Comex Stat: Calcular o IGL do Brasil com


relação à Argentina em Veículos (SH=87), ano 2019
Exportações e Importações: Veículos (SH = 87), do Brasil
para a Argentina e vice-versa; ano 2019
Economias de Escala
• Modelo de concorrência monopolística:
resultados
1. Países tendem a se especializar na
produção de um (pequeno) número de
produtos dentro de um setor e trocam estes
produtos por produtos semelhantes com
países de dotação de recursos semelhante
Economias de Escala
• Modelo de concorrência monopolística:
implicações
1. A presença de economias de escala permite
especialização e troca de produtos quando os
países têm recursos semelhantes
2. Comércio internacional reflete não só as
diferenças nas produtividades do trabalho e as
diferenças entre os recursos dos países, mas
também a presença de economias de escala
Economias de Escala
• Modelo de concorrência monopolística:
problemas
1. Poucos setores se encaixam perfeitamente
no modelo de concorrência monopolística
2. É difícil prever com exatidão o padrão de
comércio (quem vai se especializar em qual
produto, e em quais países as firmas se
localizarão)
Economias de Escala
• Modelo de concorrência monopolística:
evidência empírica
1. Comércio “Norte-Norte” (entre países
desenvolvidos) se adequa em geral ao padrão
de comércio descrito no modelo
2. Parte do comércio “Norte-Sul” também é
explicável pelas economias de escala (ex.:
aviões brasileiros, americanos, europeus e
canadenses)
4.2 Ciclo do Produto
• Teoria do Ciclo do Produto:
1. Além das diferentes produtividade do trabalho,
dotação de fatores e estrutura de demanda por
produtos diferenciados, o papel da mudança
tecnológica também é importante
2. Papel da inovação tecnológica como
determinante do padrão de comércio de produtos
industrializados
3. Teoria do Ciclo do Produto: Vernon (1966)
Ciclo do Produto
• Teoria do Ciclo do Produto:
I. Os bens manufaturados passam por ciclos
comerciais bem previsíveis.
II. Durante este ciclo, o país é inicialmente um
exportador, depois perde sua vantagem
competitiva em relações aos parceiros comerciais,
podendo tornar- se até um importador do produto
III. Os estágios pelos quais os bens manufaturados
passam são os seguintes:
Ciclo do Produto
• Teoria do Ciclo do Produto - estágios:
1. O bem manufaturado é produzido e lançado no
mercado local.
2. O bem manufaturado começa a ser exportado.
3. O bem manufaturado começa a ser produzido no
exterior.
4. A produção local do bem manufaturado começa a
perder vantagem competitiva.
5. A produção no exterior começa a competir com a
produção local (concorrência das importações).
Ciclo do Produto
• Teoria do Ciclo do Produto - estágios:
1. O bem manufaturado é produzido e lançado no
mercado local
➢ Padrões relativamente mais altos de renda e
similaridade da demanda nos países desenvolvidos
estimula as firmas destes países a desenvolver novas
tecnologias para a criação de novos produtos (inovação
tecnológica) ➔ empresa inovadora
➢ Introdução no mercado local em pequena escala, e a
empresa local melhora a eficiência, testa a qualidade e a
viabilidade de produção em maior escala
➢ Isto dá a liderança dos mercados a estas firmas
Ciclo do Produto
• Teoria do Ciclo do Produto - estágios:
2. O bem manufaturado começa a ser exportado
➢ Empresa local inicia produção em massa, visando
exportar o produto para mercados com demanda, gostos
e níveis de renda semelhantes ➔ exportação
➢ Empresa local produz em maior escala e com eficiência
e qualidade maiores
➢ Isto reforça a liderança destas firmas no mercado e no
exterior
Ciclo do Produto
• Teoria do Ciclo do Produto - estágios:
3. O bem manufaturado começa a ser produzido no
exterior
➢ Empresa local começa a produzir no exterior para
aproveitar vantagens de localização (economias de
escala; minimizar custos; e transpor barreiras
comerciais) ➔ investimento direto externo
➢ Isto protege o lucro e a liderança destas firmas no
mercado e no exterior
➢ Produto começa a ficar maduro: tecnologia de
produção começa a se tornar mais difundida
Ciclo do Produto
• Teoria do Ciclo do Produto - estágios:
4. A empresa começa a perder vantagem
competitiva
➢ Empresas no exterior conseguem reproduzir o bem
manufaturado com vantagens de custos ➔ imitação
➢ Processo de produção se torna padronizado por
empresas em várias partes no exterior ➔ produto
maduro; difusão da tecnologia de produção aumenta
➢ Empresa local perde vantagem competitiva em custos e
não consegue manter o monopólio da produção
(patente); lucro declina e empresa começa a perder a
liderança tanto no mercado local como no exterior
Ciclo do Produto
• Teoria do Ciclo do Produto - estágios:
5. A produção no exterior começa a competir com a
empresa (concorrência das importações)
➢ Processo de produção se torna padronizado e facilmente
copiável por empresas em várias partes no exterior ➔
produto padronizado
➢ A vantagem da inovação tecnológica que a empresa
tinha foi totalmente perdida; vantagem em custos no
exterior faz com que produção migre mais para o
exterior; lucro e liderança ameaçados, tanto no mercado
local como no exterior
Ciclo do Produto
Ciclo do Produto
• Teoria do Ciclo do Produto - resultados
1. Países desenvolvidos conseguem utilizar a
inovação tecnológica para desenvolver
novos produtos, iniciando sua produção
localmente que depois é exportada, migrando
posteriormente para o exterior. Porém, a
vantagem inicial vai sendo erodida à medida
que a tecnologia vai sendo difundida e copiada
no exterior, tornando o produto maduro, e a
empresa perde a vantagem competitiva inicial.
Ciclo do Produto
• Teoria do Ciclo do Produto – evidência
empírica
1. Vários produtos seguiram (e seguem) a
sequencia dos ciclos: têxtil; sapatos; roupas,
eletrônicos; automóveis
1. Vários países desenvolvidos e em
desenvolvimento passaram pela produção no
modelo de Vernon: EUA; Japão; Coréia do Sul;
China
Atividade – Tópico 4
1) Cada grupo deve escolher um país do mundo, o mesmo país
da Atividade 1 – Comtrade: Calcular o IGL do seu país com
relação à França em Veículos (SH=87), ano 2019

2) O comércio internacional do estado de São Paulo para três


produtos no ano de 2009 é dado na tabela abaixo (fonte:
Aliceweb, em US$ milhões):
Aviões Automóveis Café Total
Exportação 4.043 4.219 342 42.463
Importação 1.235 2.507 29 50.485

Utilizando um índice apropriado, determine para cada um dos


três produtos se o padrão de comércio internacional em 2009
para o estado de São Paulo é intra-indústria ou inter-indústria.
Explique.

3) Resuma em algumas frases a Teoria do Ciclo do Produto e seus


estágios. Dê um exemplo de produtos que atualmente esteja
passando ou passou pelos vários estágios esboçados por esta
teoria.

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