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AULA 04: COMÉRCIO E Amaury Gremaud

INTEGRAÇÃO: UMA (Prolam – USP)


2021
INTRODUÇÃO
O livre comércio é
vantajoso
para os países?

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Um país deve abrir a
sua economia ao
comércio internacional?
Essa abertura contribui
para o desenvolvimento
deste pais?

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AS TEORIAS DE COMÉRCIO
INTERNACIONAL E AS VANTAGENS
COMPARATIVAS

Os economistas clássicos forneceram a explicação teórica básica


para o comércio internacional através do chamado “Princípio das
Vantagens Comparativas”.
Vantagens comparativas:
1. O comércio internacional ( o livre comércio) é vantajosos para as
nações (ambas)
2. os países devem especializar-se na produção daqueles bens que o
façam com maior eficiência, isto é, com menores custos relativos.

Parte IV Capítulo 21 GREMAUD, VASCONCELLOS E TONETO JR. 4


O MODELO DAS VANTAGENS
COMPARATIVAS: UMA VISÃO OTIMISTA DO
PAPEL DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
PARA O CRESCIMENTO ECONÔMICO
 Contexto
 Século XIX: auge da revolução industrial na Inglaterra
 Inglaterra como centro do sistema capitalista mundial,

um país com escassez de terra


 América do Sul e Central: regiões propícias à produção

de alimentos e matérias prima e mercados para as


manufaturas inglesas.
 Inglaterra, dona da maior frota de navios da marinha

mercante.
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O MODELO DAS VANTAGENS
COMPARATIVAS: UMA VISÃO
OTIMISTA DO COMÉRCIO
 Economistas Clássicos: pessimistas quanto ao
desenvolvimento do capitalismo:
 Crescimento populacional => pressão sobre os alimentos
=> pressão sobre os salários de subsistência => queda na
taxa de lucro.
 David Ricardo (Princípios de Economia Política e
Tributação – 1817): propõe o comércio internacional
como uma forma solução do problema: a Inglaterra
importaria alimentos da América e em troca
exportaria manufaturas para esse continente.
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 Ricardo procura demonstrar que o comércio é
O MODELO benéfico para ambas as regiões por meio do
DAS princípios da vantagens comparativas

VANTAGEN  Fonte das vantagens comparativas


 No modelo Ricardiano ou modelo Clássico: a
S produtividade do trabalho ou, de uma maneira mais geral,
a tecnologia de produção.
COMPARAT  Ricardo usa como exemplo a produção usando
IVAS: UMA coeficientes fixos de horas de trabalho
Com base neste exemplo Ricardo concluía que era bom tanto para
VISÃO

Portugal se especializar na produção de vinho como a Inglaterra na


produção de tecidos e trocarem os produtos entre si
OTIMISTA Quantidade de homens/hora para a produção de uma unidade de mercadoria
Tecido Vinho
DO Inglaterra 100 120
COMÉRCIO Portugal 90 80

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Vantagens comparativas: um
exemplo numérico
• Número de horas de trabalho para a
produção de uma unidade de:

País Queijo Vinho

Local 1 hora por 2 horas por


1 kg queijo 1 l. vinho
Estrangeiro 6 horas por 3 horas por
1 kg queijo 1 l. vinho
Vantagens comparativas: um
exemplo numérico
• No local, 1 hora de trabalho produz 1 quilo
de queijo ou ½ litro de vinho
• No estrangeiro 1 hora de trabalho produz
1/6 de queijo ou 1/3 de vinho

Obs.1: o país local tem vantagens absolutas


na produção de ambos os bens.
Obs.2: sem o comércio, os países têm que
produzir ambos os bens.
Vantagens comparativas: um
exemplo numérico
• Suponha que, no mercado mundial, um
quilo de queijo seja trocado por um litro de
vinho ou, considerando
Pq = preço do queijo e
Pv = preço do vinho,

• Pq/Pv = 1
Vantagens comparativas: um
exemplo numérico
• Com o comércio:
– O país local, em vez de “trocar internamente” 1 quilo
de queijo por ½ litro de vinho, pode utilizar o comércio
internacional e trocar um quilo de queijo por 1 litro de
vinho. Na verdade, será mais vantajoso se ele puder
receber, no comércio mais do que ½ litro de vinho por
1 quilo de queijo.
– Logo, será mais vantajoso para o país local se
especializar na produção de queijo.
Vantagens comparativas: um
exemplo numérico
• Com o comércio:
– O país estrangeiro, em vez de “trocar internamente”
1/3 de vinho por 1/6 de queijo, pode utilizar o
comércio internacional e trocar 1/3 de vinho por 1/3
de queijo. Na verdade, será mais vantajoso se ele
puder receber, no comércio mais do que 1/3 de
queijo por 1/3 de vinho.
– Logo, será mais vantajoso para o país estrangeiro
se especializar na produção de vinho.
TEORIA CLÁSSICA DO COMÉRCIO
INTERNACIONAL
A) explicação de como se da o comércio internacional
 Os países exportarão e se especializarão na produção dos bens cujo custo for
comparativamente melhor (menor) em relação aos demais países.
 É a partir de diferenças tecnológicas relativas que existem trocas internacionais.
 No caso das economias latino-americanas, a especialização deve se dar na produção de bens
primários, segundo essa abordagem.

B) forte argumento em favor da liberalização do comércio


internacional e contra medidas protecionistas
 Existem ganhos (vantagens) para ambos frente uma situação de autarquia
 Maior eficiência produtiva e melhor distribuição da renda mundial
 no caso dos países menos desenvolvidos, o atraso decorre do fato de terem adotado políticas
contrárias ao livre comércio (políticas de substituição de importações).

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TEORIA MODERNA DO COMÉRCIO
INTERNACIONAL
modelo de Heckscher-Ohlin
Para a moderna teoria as vantagens do comércio continuam existindo, ou
seja, há um ganho real de renda quando o país passa da autarquia para uma
situação de comércio internacional
Modelo neoclássico ou modelo Heckscher-Ohlin:
 dotação de fatores de produção => o país irá se especializar na produção do bem que
utiliza de forma intensiva o fator de produção abundante.
a explicação quanto ao padrão de comércio se modifica um pouco: os
países, tendem a exportar produtos que utilizam intensivamente o fator de
produção que se encontra relativamente abundante no país e importam a
mercadoria que utiliza intensivamente o fator de produção menos
abundante no país.
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NOVA(S) TEORIA DO COMÉRCIO
INTERNACIONAL
Problemas com (A) – explicação de como se dá o comércio (padrão)
Paradoxo de Leontief: padrão de comércio do modelo anterior não ajustado à realidade
 Os EUA exportam e importam automóveis
 o importante é a diferenciação do produto (concorrência monopolística)

Problemas de homogeneidade dos fatores e o comércio intra países industriais


 realizado em geral por grandes empresas transnacionais
 Cadeias produtivas globais: o produto (indústrial) é “fatiado” em vários países.

Novas teorias do comércio e o comércio intra-industrial com base em:


 Economias de escala
 Demanda e diferenciação de produto
 Ciclo de vida do produto

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POR QUE ENTÃO EXISTE O
PROTECIONISMO NO MUNDO?
 Existem os perdedores internos nos países
 Produtores de tecido em Portugal e de vinho na Inglaterra
 Em geral, os perdedores possuem força política para exercer oposição ao livre comércio.
 Para se obter os ganhos é necessário que a liberalização comercial seja seguida por todos.
 A questão da distribuição dos ganhos
 Economistas neoclássicos – melhorias (ganhos) pareteanos,
 realidade longe do mundo pareteano
 Existem incertezas quanto aos efeitos de longo prazo da liberalização comercial:
a) Não seria possível que a política comercial possa ser utilizada para o desenvolvimento do país em um
contexto onde os mercados não fucionam de forma como se pressupõe na teoria das vantagens comparativas
b) não se tem idéia do real impacto da abertura comercial sobre a estrutura produtiva ao longo do tempo
 A Especialização na produção é efetivamente uma boa opção em termos de estratégia de
desenvolvimento econômico?
Mesmo no caso da produção de produtos primários ?
 Economistas (neo)clássicos: sim; para outros, não .

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A CRÍTICA
ESTRUTURALISTA.
Segundo autores como Raul Prebisch, a teoria das
vantagens comparativas não leva em consideração a
evolução da demanda à medida que as economias se
desenvolvem e seu nível de renda cresce.
Tese da deterioração dos termos de troca dos países
exportadores de produtos primários em função:
Elasticidade menor do que 1 da demanda de certos produtos
(especialmente primários)
Diferenças nas estruturas de mercado (produtos primários –
competitivos; manufaturados – oligopolizados)
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A QUESTÃO INDUSTRIAL
 Motivos:
 O progresso tecnológico ocorre na indústria (é mais evidente na
indústria) => necessidade de proteção da indústria nacional.
 A defesa da indústria nascente (desde A. Hamilton, F. List)
 Observação
 Os países ricos são hoje os mais abertos à economia internacional; mas,
 Com raras exceções, também são países industrializados e que possuem
tecnologia própria.
 Muitos autores têm destacado que os países hoje industrializados adotaram no
passado políticas protecionistas de incentivo à indústria nascente. – chutaram a
escada

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O DEBATE SOBRE AS
VANTAGENS DA
LIBERALIZAÇÃO DO
COMÉRCIO EXTERNO
Argumentos em defesa da abertura Argumentos em defesa de medidas
comercial protecionistas
 Teoria das Vantagens comparativas  A crítica estruturalista
 Ganhos de Escala  A indústria nascente
 Ganhos de Eficiência  Falhas de mercado
 Ampliação das Possibilidades de  A vulnerabilidade externa e os
Consumo problemas de Balanço de Pagamentos
 Vantagens no processo de estabilização  Combate ao desemprego no curto prazo.

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OS INSTRUMENTOS DE
INTERVENÇÃO COMERCIAL
Barreiras não tarifarias
Voltemos aos regimes
 Instrumentos que limitam quantidades negociadas
cambiais ....  cotas e salvaguardas
Barreiras Tarifárias  Regras que incidem sobre preços
 Ad valorem,  Licenciamento e custos de despachos aduaneiros
 Normatizção sobre base de incidência da tarifa
 especificas,
 Medidas anti dumping
 mistas  Medidas compensatórias
 Escalonamento e picos  Regras técnicas e padrões de qualidade
tarifários  Regulamentação técnica
 Tetos (aplicada x consolidada)  Regulamentação sanitária
Subsidios  Regulamentação ambiental
 Direitos de propriedade intelectual
O SISTEMA INTERNACIONAL
DE COMÉRICO
XIX - Livre comércio (imperialismo do Livre comércio)
 GB – leis do trigo – tratado Cobden Chevalier
 Tratados individuais desiguais, colonização
 Até onde – EUA e Alemanha

Protecionismo entre guerras – grande depressão


 Tarifa Smoot Hawley

Pos Guerra: do Gatt a OMC


 Clausula da Nação mais favorecida
 Rodadas e novas barreiras
 Comercio intrafirmas – cadeias globais de valor

Acordos de integração regionais:


 um passo a frente ou atras no processo de liberalização global do comércio ?
GRAUS DE INTEGRAÇÃO ECONÔMICA
(BELA BALASSA)

abole/diminui tarifas internas ao bloco


Área de livre comércio

União aduaneira Estabelece TEC (tarifa externa comum)

Mercado comum liberdade de fatores

Coordenação de politicas
União econômica Macroeconomicas
União monetária

Integração Completa (Política)


A GREMAUD 22
GANHOS E DESVIOS DE
COMÉRCIO
França e Inglaterra passa a fazer uma
3 países produzindo trigo área de livre comércio (ou

EUA – 4U$ alqueire  Trigo francês não paga nada na GB

França – 6 U$ alqueire  Se 1. nada muda – GB importa EUA

Inglaterra – 8 U$ alqueire  Se 2. GB passa a importar da França

1. Se não houver barreiras – todos  Se 2.a. importação da França –


compram trigo EUA criação de comércio

2. Mas se GB colocar tarifa  Se 2.b. importação da França - desvio


a. colocar tarifa de 5 U$ - GB não importa de comércio
b. colocar tarifa de 3 U$ - GB importa EUA
GRAUS DE COOPERAÇÃO
ECONÔMICA (ALFRED
STEINHERR)
Coordenação ◄Evita que determinadas políticas de
escolha conjunta de metas e um país gerem efeitos perversos sobre
instrumentos de política outros gerando conflitos que podem
macroeconômica (e a forma de dificultar a integração
sua utilização)
◄Área possui maior estabilidade e
Convergência reduzem-se as diferenças de
à redução das disparidades comportamento quando de choques
econômicas entre os países externos

Harmonização ◄Aprofunda e da credibilidade à


criação de instituições supra convergência e à coordenação
macroeconômica
nacionais tomadoras de decisão
AMO – ÁREA MONETÁRIA
OTIMA
uma área de moeda ótima (AMO) é uma região geográfica
em que seria benéfico estabelecer uma moeda única.
A teoria da AMO foi desenvolvida na década de 1960,
principalmente por Robert Mundell (nobel 1999).
Uma AMO pode combinar vários países, mas também pode
ser parte de um país.
 Por exemplo, pode ser benéfico separar o Canadá ou os EUA em
duas áreas separadas, a costa leste e costa oeste, com moedas
diferentes e cambio flutuante entre elas
MUNDELL E AS AMO
Mundell distingue o caso, em que as taxas de câmbio são flexíveis
dos de uma União Monetária (que no fundo tem um sistema de
cambio fixo entre seus países).
Em caso de choques assimétricos, se a demanda se move de um
país (A) para outro (B), ele causará desemprego em A e inflação
em B.
 Uma desvalorização da moeda de em relação a B irá permitir um
reequilíbrio da situação .
 Se não houver condições de existir uma desvalorização da moeda, apenas
uma mobilidade dos fatores permitirá o reequilibrio
AMO: FINALIZANDO ...
A teoria da AMO tenta avaliar a adequação de uma União
Monetária entre países.
Esta união monetária deverá produzir benefícios econômicos,
tais como a eliminação dos custos de transação.
No entanto, isso implica em custos, especialmente os de
abandonar a sua própria política monetária e assim influir na
sua taxa de cambio
 Os países que formam uma União Monetária, renunciam a sua principal
ferramenta para controle de choques assimétricos
 Até onde estes choques são importantes ?
CRITÉRIOS PARA UMA AMO
AMO: tradicional AMO: atualização
Simetria Homogeneidade de
Mobilidade de fatores preferencias
Mackinon: grau de Língua comum
abertura Sentimento de
Kenen: grau de pertencimento a algo
comum -objetivos comuns
diversificação da
Distancia em tamanho das
estrutura produtiva economia
Debates: ex ante ou pode ser alcançado ex-post
até onde flexibilização

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