Você está na página 1de 34

10.3.

As políticas comerciais e a organização do comércio mundial

As políticas comerciais
e a organização do
comércio mundial
As Políticas Comerciais

Um país pode adotar várias formas de se relacionar comercialmente com os outros. Essas
diferentes maneiras de relacionamento comercial têm evoluído, no tempo e no espaço, mas,
no essencial, é possível identificar dois modelos típicos: o livre comércio ou livre cambismo,
por um lado, e o protecionismo, por outro.

Protecionismo
Política do comércio externo que preconiza a proteção da economia nacional através de diversos
instrumentos, como as barreiras alfandegárias.

Não é contra a abertura da economia nacional ao exterior.

Adota medidas que levam a que esse comércio se processe de


forma distorcida (viciando a concorrência) com o objetivo de
favorecer a economia nacional.
Instrumentos do Protecionismo

Barreiras tarifárias (ex.: direitos aduaneiros)

Barreiras não tarifárias (ex.: contingentação)

Embora não sendo os instrumentos formais do protecionismo, existem outras formas de


tornar as economias protegidas.

Outros instrumentos do protecionismo:


 Dumping - venda dos bens a preços inferiores aos praticados internamente ou mesmo
inferiores aos custos de produção.
 Desvalorização da moeda - estratégia seguida pelos governos que pretendem tornar a
sua moeda mais “barata” com o fim de aumentar as exportações.
Livre Cambismo

Livre Cambismo
Política do comércio externo que defende a liberalização das trocas.

Livre Cambismo – vantagens absolutas

O livre cambismo nasceu com os economistas da


escola clássica inglesa, no século XIX, num período
em que a doutrina do laissez-faire dominava
filosoficamente. O liberalismo vigente estendia-se
da política à economia e, consequentemente, ao
comércio entre os países, sem qualquer tipo de
entrave. Adam Smith (1723-1790), foi um grande defensor
do liberalismo no comércio internacional.
Criou o Princípio das Vantagens Absolutas.
Vantagens absolutas

Segundo o Princípio das Vantagens Absolutas, um país deverá especializar-se na produção


do bem para o qual apresenta vantagens absolutas (custos de produção mais baixos).

Custo de Produção
(em horas de trabalho)

Neste exemplo, o país X tem vantagem absoluta na produção do bem A e o país Y na


produção do bem B, pelo que cada país se deverá especializar nos bens para os quais
apresenta melhor dotação (custos mais baixos).
Vantagens comparativas

No entanto, um país pode não apresentar


nenhum bem cujo custo de produção seja inferior
ao dos bens produzidos por outros países.
Mesmo assim, segundo o Princípio das Vantagens
Comparativas, esse país poderá especializar-se no
bem cujo custo comparativo for mais baixo.
O Princípio das Vantagens Comparativas foi
apresentado por David Ricardo (1772-1823),
economista da Escola Clássica Inglesa.
Vantagens comparativas

O custo de produção encontra-se expresso em horas de trabalho

Neste exemplo, o país Y tem vantagem absoluta na produção dos dois bens
porque os produz a custos mais baixos do que o país X. Mesmo assim, é possível
dividir a produção pelos dois países porque, em termos comparativos, pode
determinar-se o bem para o qual cada país é comparativamente mais dotado.
Vantagens comparativas

O custo de produção encontra-se expresso em horas de trabalho

Recorrendo aos custos comparativos ou vantagens relativas constata-se que o


país X se deverá especializar na produção do bem A e o país Y na produção do
bem B.
Vantagens da especialização

Produção antes da especialização

No total, a produção seria de: bem A = 2 unidades; bem B = 2 unidades.

Produção após a especialização

No total, a produção seria de: bem A = 2,2 unidades; bem B = 2,125 unidades.
Vantagens do Livre Cambismo

O comércio livre tem tido períodos de reconhecida aceitação e prática, embora


cortados por momentos protecionistas. Todavia, o desenvolvimento das economias
implica o incremento do comércio e, hoje, é ponto aceite por todos, salvaguardando
casos especiais, que o comércio sem entraves é um instrumento de crescimento
económico e de desenvolvimento adotado por países
desenvolvidos e emergentes.
Organização Mundial do Comércio
Antecedentes – o GATT (1948)

Austrália, Brasil, Canadá, EUA, França, Irlanda, Índia, Nova Zelândia, Paquistão, República da África do Sul,
Zimbabué, entre outros.
Organização Mundial do Comércio
Antecedentes – o GATT (1948)
GATT é a sigla correspondente a "General Agreement on Tariffs and Trade" (significado
em português: Acordo Geral de Tarifas e Comércio), referente a uma série de acordos de
comércio internacional destinados a promover a redução de obstáculos às trocas entre as
nações, em particular as tarifas e taxas aduaneiras entre os membros signatários do acordo.

O GATT é na verdade o resultado do insucesso das conversações entre os países para


formar a Organização Internacional de Comércio (a futura OMC, que surgiria só em 1995).

A OMC conta com 164 países membros, representando cerca de 98% do comércio
mundial.
Organização Mundial do Comércio (1995)
Organização Mundial do Comércio
(OMC)

Sede em Genebra

Criar a harmonia, a liberdade, a equidade e a


Objetivo principal previsibilidade das trocas entre os Países-Membros.

 gerir os acordos que constituem o sistema


multilateral de comércio;
 servir de fórum para o comércio internacional;
 supervisionar a adoção e implementação dos acordos
Funções pelos Países-Membros;
 solucionar os conflitos gerados pela aplicação dos
acordos sobre o comércio internacional entre os Países-
Membros, através do Sistema de Resolução de
Controvérsias da OMC.
Organização Mundial do Comércio
(OMC)

Princípios orientadores da OMC

a. Princípio da não discriminação


Segundo este princípio, não se pode discriminar nem países nem bens. Assim, se um país conceder
um benefício a outro, terá de o alargar a todos os outros membros da OMC (princípio da nação mais
favorecida). Para além desta questão, também é impedido o desfavorecimento dos bens
internacionais relativamente aos nacionais (princípio do tratamento nacional).

b. Princípio da previsibilidade
As regras e o acesso ao mercado internacional devem ser do conhecimento de todos os interessados.

c. Princípio da concorrência leal


Este princípio tem por finalidade afastar a concorrência desleal no comércio internacional, através do
combate aos subsídios à produção de bens para exportação, por exemplo, ou de políticas
antidumping.
Organização Mundial do Comércio
(OMC)

Princípios orientadores da OMC

d. Princípio da proibição de restrições quantitativas


Este princípio impede que os países imponham restrições quantitativas, como quotas ou mesmo o
impedimento de importação de certos bens. Os países protecionistas apenas poderão recorrer a
direitos aduaneiros / tarifários caso esta situação esteja prevista no comércio com outros.

e. Princípio do tratamento especial ou diferenciado para países em desenvolvimento


A situação de fragilidade das economias dos países em desenvolvimento admite que estes gozem de
benefícios no comércio com os países desenvolvidos, como vantagens aduaneiras/tarifárias.
Organização Mundial do Comércio
(OMC)

10 vantagens da OMC

 Contribuir para a paz.


 Tratar os diferendos de forma construtiva.
 Basear-se em regras e não em relações de força.
 Baixar o custo de vida.
 Alargar a escolha dos consumidores.
 Aumentar o rendimento.
 Estimular o crescimento económico.
 Tornar o sistema económico mais eficaz.
 Encorajar uma melhor governação.
 Visar o geral e não o particular.
Organização Mundial do Comércio
(OMC)

10 críticas à OMC

 Impõe políticas comerciais.


 Defende o livre-comércio a qualquer custo.
 Os interesses comerciais sobrepõem-se aos do desenvolvimento.
 Os interesses comerciais sobrepõem-se aos do ambiente, da saúde e da segurança.
 Suprime empregos e agrava a pobreza.
 Os pequenos países não contam.
 É um instrumento das grandes potências económicas.
 Os países mais fracos são forçados a integrarem-se na OMC.
 Não é democrática.
O Comércio Global e o
Crescimento das Economias

Peso nas exportações mundiais de mercadorias, 1980-2011, em %

Peso nas importações mundiais de mercadorias, 1980-2011, em %


Estrutura do PIB Mundial

Estrutura do PIB Mundial (evolução entre 1980-2011)


Estrutura do Comércio Mundial

Estrutura do Comércio Mundial (evolução entre 1980-2011)

(164 países membros, representando cerca de


98% do comércio mundial).
EXERCÍCIOS PÁG. 150, 151

GRUPO II
QUESTÕES 3 , 4

GRUPO III
QUESTÕES 3 , 4
GRUPO II

3. São corretas as afirmações: (A) e (D).

4.1 Protecionismo.

4.2 O texto refere a existência de direitos aduaneiros sobre as importações para proteção
da economia nacional.

4.3 O livre cambismo, ao exigir a concorrência entre as economias, poderá ser, dentro de
certos limites, um estímulo às indústrias nacionais – este é o principal argumento a favor
desta política do comércio externo. De facto, se, numa primeira fase, é possível ver os
efeitos do protecionismo sobre a indústria nacional, beneficiando a produção e o
emprego, já numa fase posterior os efeitos poderão ser nefastos não só para a indústria
nacional, que não terá os estímulos para o seu desenvolvimento, como para as economias
vizinhas, que poderão retaliar com o mesmo tipo de política, ficando todos os países
GRUPO III 3.1 e 3.2

Hipótese I

12 15 20

Neste caso, o país A tem


vantagem absoluta na produção
do bem X e o país B na produção
do bem Y.

Hipótese II

Neste caso, à partida, o país B


produz mais barato cada um dos
bens. No entanto, recorrendo aos
15 20 custos comparativos/relativos
(custo de um bem relativamente
12 10 ao outro bem), teremos:
Na situação II, o país A
deverá produzir o bem
15/20= 0,75 20/15= 1,33
X e o país B o bem Y.
12/10= 1,2 10/12= 0,83

* Custo de uma unidade de um dos bens em relação ao custo do outro bem.

Produção após a especialização

35/15= 2,3

22/12= 1,8
3.3
A teoria das vantagens comparativas defende a especialização dos países nos bens que
produzem com vantagens comparativas, isto é, com custos comparativos mais baixos. Deste
modo, haverá toda a vantagem na produção dos bens para os quais os países são mais
dotados, exportando o excedente e importando os bens que não conseguem produzir
internamente a preços competitivos.
É com base na teoria das vantagens comparativas que se justifica o comércio externo.

3.4
O comércio externo tem por base científica a teoria das vantagens comparativas, permitindo
que os países, ao se especializarem na produção dos bens para os quais têm vantagens
comparativas, consigam produzir mais (visto que podem orientar todos os seus recursos para
a produção do bem que menos custa, produzindo, naturalmente, mais) e, assim, aumentarem
a sua produção, o seu rendimento e o bem-estar da sua população. Então, o comércio externo
pode ser perspetivado como uma estratégia de crescimento económico.
4.1
O objetivo principal da OMC é regular o comércio internacional através de princípios e
resoluções que satisfaçam as partes envolvidas.

4.2
O princípio da previsibilidade defende o conhecimento das «regras do jogo» por parte de
todos os intervenientes e interessados em pertencer à organização.
Esta situação é indispensável para que todos possam, com racionalidade, orientar a sua
participação no comércio internacional e tirar dele todas as vantagens.

Você também pode gostar