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FACULDADE DE ECONOMIA DO PORTO

1GE401 – COMÉRCIO INTERNACIONAL

1.4. A Organização Mundial do Comércio e a


liberalização das trocas internacionais
A Organização Mundial do Comércio (OMC) e a
liberalização das trocas internacionais
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 O GATT (General Agreement on Tariffs and Trade): Constituído


em 1 de Janeiro de 1948 como acordo provisório para a
redução das tarifas:
 Deveria ter dado origem a uma Organização Mundial do Comércio,
cujas negociações foram concluídas em 1948 (Carta de Havana) mas
nunca ratificadas pelo Congresso dos EUA.  A OMC viria a ser
criada em 1995.
 Era um tratado (acordo intergovernamental), não uma
organização internacional
 nunca dispôs de uma estrutura organizativa formal;
 tinha que ser renegociado periodicamente (rondas negociais –
rounds);
 geriu o comércio internacional de mercadorias durante quase 50 anos.
O GATT
General Agreement on Tariffs and Trade
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Principal objetivo do GATT :


 Promoção de um sistema de trocas livres à escala
mundial, através de:
 redução geral e progressiva dos direitos
aduaneiros;
 eliminação das restrições quantitativas;
 regulação do dumping e dos subsídios às
exportações.
Do GATT à OMC
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Fonte: Dicken , Peter


(2015), Global Shift
(7ª Ed.), Cap. 11
A Organização Mundial do Comércio (OMC)
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 Instituição de direito internacional


 única a nível global que se preocupa com as regras subjacentes ao
comércio internacional;
 Sede: Genebra, Suíça;
 Estabelecida em 1 de Janeiro de 1995, sucedendo ao GATT e
surgindo no final das negociações do Uruguay Round.
 Tem 164 membros (representando 98% do comércio mundial)
 Diretor-Geral (desde Fevereiro 2021): Ngozi Okonjo-
Iweala
 http://www.wto.org
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OMC: Funções
 gerir os vários acordos internacionais (GATT, GATS, TRIPs, TRIMs),
visando promover a liberalização das trocas;
 arbitrar as disputas comerciais entre estados membros;
 constituir um fórum para negociações relacionados com o comércio
internacional;
 acompanhar as políticas comerciais nacionais (dos Estados
membros), ou implementadas por blocos comerciais;
 prestar apoio técnico e dar formação aos países menos
desenvolvidos
 cooperar com outras organizações internacionais (FMI, Banco
Mundial), visando conseguir uma maior coerência na elaboração
das políticas económicas.
Objetivos da OMC
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A OMC procura que o comércio mundial seja:


 Mais livre

 Não discriminatório

 Previsível

 Mais competitivo

 Mais favorável aos países menos desenvolvidos


Princípios da OMC/GATT
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Princípio da reciprocidade

• relacionado com o objetivo de eliminar a


concorrência desleal, procura minimizar o
‘free-riding’  cada participante deve
oferecer concessões semelhantes às que
recebe.

• não vincula os países menos desenvolvidos.


Princípios da OMC/GATT
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Princípio da não-discriminação

• Cláusula da nação mais favorecida


• os produtos com origem num estado signatário não
podem ter tratamento menos favorável do que o
atribuído aos produtos de qualquer outro parceiro
comercial, seja ou não membro da OMC;

• Cláusula do tratamento nacional


• uma vez desalfandegados, os produtos importados têm
que receber tratamento idêntico aos produtos nacionais.
Exceções
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 Exceções gerais:
 relativamente a questões de segurança nacional, proteção de
tesouros nacionais ou da saúde pública;
 Exceções específicas:
 Derrogação da cláusula da nação mais favorecida às uniões
aduaneiras e zonas de comércio livre;

 Tratamento especial dos países menos desenvolvidos: o


Sistema de Preferências Generalizadas (assinado em 28/11/79
no âmbito do Tokyo Round):
 acesso preferencial aos mercados dos países mais desenvolvidos;
 Isenção de várias das regras impostas pelos tratados, ou prazos
alargados para o seu cumprimento.
Outras exceções específicas
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 Ações anti-dumping:
 é necessário provar a existência de dumping, o seu valor, e que de facto
existe prejuízo para a economia local;
 Neste caso podem ser impostas tarifas compensatórias.
 Subsídios e ações de compensação de subsídios:
 regulação do uso de subsídios e de medidas para contrariar o efeito de
subsídios às exportações ou à produção por outros países.
 ‘Medidas de salvaguarda’ - medidas de emergência que
limitam temporariamente importações:
 podem ser requeridas à OMC em caso de aumento súbito de importações que
causem perturbação social;
 são temporárias - não podem durar mais de 4 anos.
Estrutura
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Sistema de resolução de conflitos
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 É considerado pela própria OMC o seu principal pilar e a


sua principal contribuição para a estabilidade da economia
mundial;

 Rege-se por quatro princípios:


 justiça
 rapidez
 eficácia
 aceitação mútua

 A grande diferença relativamente ao sistema existente no


âmbito do GATT é a simplicidade e rapidez de processos.
Resultados do GATT/OMC
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 Um razoável sucesso:
 O nº de países envolvidos, o nº de áreas englobadas nos acordos de liberalização
e a complexidade dos acordos foram aumentando ao longo dos anos;
 Tarifas médias sobre produtos industriais nos países desenvolvidos diminuíram
de 40% para menos de 4% e foram eliminadas as restrições quantitativas.
 De acordo para liberalização do comércio de bens (GATT), passou-se a
negociações mais globais, incluindo áreas como comércio de serviços, IDE,
comércio e ambiente, direitos de propriedade intelectual, etc.

 As negociações para implementar uma agenda bem ambiciosa


(Agenda de Doha, 2001) resultaram num impasse:
 Grandes divergências no que respeita ao comércio internacional de bens agrícolas
e de serviços, entre outras áreas;

 Dificuldades de entendimento entre UE e EUA e clivagens entre PD e PVD.


OMC: Agenda de Desenvolvimento de Doha
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 Programa de negociações ambicioso, abrangendo maior leque de


áreas. Inclui temas como:
 Comércio e ambiente
 Medidas anti-dumping e regras quanto a subsídios
 Investimento direto estrangeiro (IDE)
 Liberalização do comércio de produtos agrícolas
 Liberalização do comércio de serviços
 Transparência nas compras públicas e política de concorrência
 Direitos de propriedade intelectual
 ...e outros temas levantados sobretudo por PVDs dadas as suas
dificuldades na implementação dos actuais acordos da OMC.
OMC e Países em Vias de Desenvolvimento
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 Mais de ¾ dos membros da OMC são PVDs;


 Comité específico para Desenvolvimento e Comércio;
 Acordos da OMC contêm provisões especiais para
PVDs
 períodos de derrogação/mais tempo para implementação de
acordos;
 medidas para salvaguardar os seus interesses comerciais;
 apoio para a negociação (formação de técnicos);
 apoio para a implementação de standards técnicos;
 assistência técnica:
 cerca de 100 missões anuais de cooperação.
Mais recentemente
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 Nairobi (2015) (10ª Conferência Ministerial)


 Reafirma os propósitos da OMC

 Realça o contributo da OMC para atingir os Objetivos de


Desenvolvimento Sustentável – Agenda de 2030 da ONU

 Avanços nas negociações: comércio internacional de produtos


agrícolas, facilitação de comércio, produtos ligados a TI; resultados
mistos

 Decisão formal de supressão gradual dos subsídios à exportação

 Doha Development Agenda – perspetivas divergentes entre membros:


Mais recentemente
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 Na 10ª Conferência Ministerial em Nairobi, tanto os EUA como a


UE enfatizaram a necessidade de “terminar” Doha e evoluir para
novos temas e abordagens

 A UE referiu que novos temas deveriam incluir investimento,


comércio digital, e-commerce, temas regulatórios que afetem
comércio international de bens e serviços, e maior disciplina para
subsídios e obrigações de conteúdo local
Mais recentemente
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 Buenos Aires (2017) (11ª Conferência Ministerial)

 Decisões em temas como Pescas, e-commerce, TRIPS, programa


sobre Pequenas Economias, entre outros
 Comércio e Ambiente
 Relançamento do debate sobre um quadro multilateral de
facilitação de investimento (reconhecendo ligações entre
comércio, investimento e desenvolvimento)
 Brexit, guerra comercial EUA-China, ameaças de
protecionismo recorrentes – que perspetivas?
OMC: Conclusão
[http://www.youtube.com/watch?v=7iywG3_EG1c]
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 A OMC
 potenciou a cooperação económica a nível mundial;
 introduziu uma maior solidez no sistema
internacional de comércio e uma maior eficácia nas
disposições que o disciplinam;
 estabeleceu um quadro de relacionamento
comercial entre as diferentes nações muito mais
estável, seguro e previsível.

 Leitura aconselhada: “Comércio Internacional”, páginas


226 a 236.

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