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10.

3 As Políticas Comerciais e a organização do Comércio


Mundial
Políticas Comerciais
Protecionismo:
Política de comércio internacional cujo objetivo é a proteção da economia
nacional, implementando um conjunto de medidas que limitam a entrada de
produtos provenientes do estrangeiro e facilitam a saída dos produtos
nacionais para o exterior.
Instrumentos sobre as importações e sobre as exportações:
Sobre as Importações:
• Barreiras alfandegárias: barreiras para limitar a entrada de bens e
serviços provenientes do exterior do país protegendo assim a produção
nacional
→ Tarifárias: aplicação de impostos, direitos aduaneiros e tarifas
alfandegárias sobre os bens e serviços, o que os torna mais caros no
mercado interno, desincentivando a sua compra.
→ Não – Tarifárias:
- contingentação: imposição de limitações (quantitativas ou em valor)
à importação de bens e serviços;
- normas técnicas: de qualidade para os produtos estrangeiros, por
exemplo: regulamentos sanitários, de segurança ou requisitos sobre
testes, padrões e dimensão do produto;
- regras burocráticas: para os produtos poderem entrar no país e que o
país exportador tem de respeitar;
Assim, reduz-se ou retarda-se a importação de certos bens, protegendo as
empresas residentes.
Sobre as Exportações:
• Subsídios à exportação: benefícios concedidos pelo estado de uma
forma direta ou de uma forma indireta às empresas exportadoras.
• Dumping: quando as empresas exportam os bens produzidos a um preço
de exportação inferior àquele que praticam para produto similar, no
mercado do seu país.
• Desvalorização da moeda: instrumento utilizado pelas políticas
protecionistas, que garante preços mais baixos para os produtos
exportados, que, assim, se tornam mais competitivos.

Livre-Cambismo:
• O livre-cambismo, por oposição ao protecionismo consiste na circulação
de bens e serviços sem quaisquer restrições económicas.
• O livre-cambismo defende a liberalização das trocas, porque entende
que a livre concorrência é mais eficiente e beneficia as sociedades como
um todo, apesar de existirem grupos que ganham (consumidores) e
grupos que perdem (produtores nacionais).
• Todas as medidas para restringir o comércio internacional deverão ser
banidas (evitadas), pelo que o estado não deve intervir nas trocas.

Organização Mundial do Comércio (OMC)


A um de janeiro de 1995, o GATT é substituído pela OMC.
Caracterização:
• A OMC é a instituição internacional que está encarregue de
estabelecer as regras do comércio internacional a nível mundial.
• A sua função principal é a de garantir que o comércio circule o mais
livremente possível a nível internacional, com o objetivo de:
→ Melhorar níveis de vida
→ Melhorar os rendimentos dos países membros
• Para estabelecer um comércio internacional livre e transparente, a OMC
estabeleceu alguns princípios para restringir as políticas de comércio
externo dos países:
→ Não discriminação
- Princípio da nação mais favorecida
- Princípio do tratamento nacional
→ Concorrência Leal
→ Transparência
→ Tratamento especial e diferenciado para países em
desenvolvimento
A OMC desempenha diversas funções das quais podemos referir:
1. Negociação de acordos comerciais;
2. Implementação de conflitos comerciais;
3. Resolução de conflitos comerciais;
4. Assistência aos países em desenvolvimento
5. Cooperação com outras organizações internacionais;

UNIDADE 12- A Economia Portuguesa no contexto da UE


12.1 Noção e Formas de Integração Económica
Integração económica é o processo, que se caracteriza pela supressão de
todas as barreiras existentes entre os diferentes países para, no futuro,
formarem um único mercado alargado.

Integração económica formal e não formal


• Formal: quando esta é definida formalmente através do estabelecimento
de acordos entre dois ou mais países.
• Informal: quando dois ou mais países estreitam as relações comerciais
entre si, sem que tenha sido estabelecido qualquer acordo escrito entre
as partes, ou seja, foram gradualmente estabelecendo entre si medidas
facilitadoras do comércio.

Integração Económica é um processo?


O conceito de integração deve ser entendido como um processo, pois
prevê-se que no futuro a forma de integração inicial vá evoluindo
progressivamente para formas mais profundas, uma vez que cada etapa lança
as condições para a etapa seguinte.

Formas/Etapas/Fases de integração económica


Sistema de Preferências Aduaneiras (Informal):
→ Corresponde à forma mais simples de integração;
→ Quando dois ou mais países concedem, apenas entre si, um conjunto de
vantagens aduaneiras não existentes a países terceiros.
Zona de Comércio Livre (Formal):
→ É uma forma de integração económica em que os países-membros
decidem eliminar as barreiras comerciais e alfandegárias entre si,
relativamente à transação de mercadorias;
→ Os países-membros não têm uma pauta aduaneira comum;
União Aduaneira (Formal):
→ Os países-membros decidem eliminar as barreiras comerciais e
alfandegárias entre si (tal como a zona de comercio livre)
→ Existência de uma pauta aduaneira comum para os países terceiros;
Mercado Comum (Formal):
→ Os países-membros decidem estabelecer liberdade de circulação de
mercadorias, serviços, pessoas e capitais;
→ Adoção de políticas comuns;
→ Existência de uma pauta aduaneira comum para países terceiros;
União Económica (Formal):
→ Apresenta todas as características do Mercado Comum, verificando-se
ainda a adoção de políticas económicas e sociais comuns com vista a
alcançar a convergência das economias dos países-membros;

União Económica e Monetária (Formal):


→ Apresenta todas as características da união económica, verificando-se
ainda a harmonização total das políticas e a adoção de uma moeda
comum;
→ As políticas, nomeadamente a económica, monetária, fiscal,
cambial ou a ambiental passam a substituir as políticas nacionais,
passando a ser coordenadas por instituições supranacionais;

Vantagens da Integração Económica:


• Uma maior eficiência na afetação dos recursos de cada economia
• Uma maior possibilidade de alcançar o pleno emprego dos fatores de
produção
• Uma maior possibilidade de garantir o crescimento económico
• O aumento da produção devido à divisão do trabalho e à especialização
efetuada
• A obtenção de economias de escala devido ao alargamento da dimensão
dos mercados
• Uma maior circulação da inovação e dos avanços tecnológicos

12.2 O processo de integração na Europa


Plano Marshall: Ajuda económica americana com vista à reconstrução da
Europa Ocidental que consistiu na atribuição de um conjunto de capitais, a
taxas de juro muito baixas e em bens de equipamento necessários à
reconstrução da indústria.

Em 1947 → OECE (Organização Europeia de Cooperação Económica) →


objetivo de administrar e coordenar os fundos financeiros provenientes do
Plano Marshall.
Com o fim do plano Marshall, em 1961, a OECE deu origem à OCDE.
(Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico).
Objetivos da OCDE:
• Coordenação das políticas dos Estados membros;
• Promoção da ajuda ao Terceiro Mundo;

O processo de integração na Europa: da CECA à CEE


A 18 de abril de 1951 → Tratado de Paris → CECA (Comunidade Europeia do
Carvão e do Aço) entrando em vigor em 1952.
Países pertencentes à CECA:
→ França
→ Alemanha (RFA) A CECA constituiu o embrião
→ Itália para a criação da futura CEE.
→ Holanda
→ Bélgica
→ Luxemburgo (BENELUX)
Estrutura da CECA:
• Alta Autoridade
• Conselho de Ministros
• Assembleia
• Tribunal de Justiça
Todos os órgãos da CECA são supranacionais, ou seja, são independentes
política e financeiramente dos governos de cada Estado-membro.
Objetivos da CECA:
• Colocar o Carvão e o Aço sob uma gestão comum;
• Liberalizar as trocas destes dois produtos entre os países signatários
do Tratado;
• Desmotivar uma eventual corrida ao armamento e novas guerras
Importância da CECA:
• era possível os países antes beligerantes gerirem dois bens em
conjunto;
• os países-membros aceitarem a transferência de poderes para
órgãos supranacionais;
• era possível a via da paz, da cooperação e da solidariedade;
• era possível a via da integração económica
• Serviu como modelo de funcionamento à futura CEE

Tratado de Roma
Em 1957 → Tratado de Roma → Euratom e à CEE (Comunidade Económica
Europeia), entrando em vigor em 1958.
Países signatários da Euratom e da CEE: Os mesmos da CECA (França,
Alemanha (RFA), Itália, Bélgica, Holanda, Luxemburgo (BENELUX).

Objetivos principais da Euratom:


• Estimular a cooperação no campo da energia atómica;
• Assegurar a sua utilização para fins pacíficos;
• Diminuição da dependência energética da Europa Ocidental.

A Comunidade Económica Europeia (CEE)


Objetivos da CEE:
• Criação de uma União Aduaneira (alcançado em 1968);
• Construção de um Mercado Comum (alcançado em 1993);
• Adoção de políticas comuns;
• Instituição de um Banco Europeu de Investimentos (BEI).
Importância da CEE:
A criação da CEE constituiu uma nova etapa na história da Europa Ocidental,
quer do ponto de vista político, dada a supranacionalidade de que se revestiu,
quer do ponto de vista económico, pois foi responsável pelo forte
crescimento económico verificado no interior da Comunidade.

A Construção da União Europeia


Nos anos 70 do século XX verificou-se:
• a estagnação do projeto de integração;
• o abrandamento do ritmo de crescimento das economias da
Comunidade.

Fatores explicativos (causas)


- económicos
• crises petrolíferas (1º em 1973 e 2º em1979);
• intensificação da concorrência internacional;
• baixa flexibilidade do mercado de trabalho;
• menor capacidade de resposta às alterações da conjuntura
internacional;
- institucionais
• paralisia institucional – instituições mostram-se incapazes para tomar
decisões o que bloqueava o processo de integração;
- outros fatores
• bloqueamento do processo de integração, devido aos vários entraves
protecionistas colocados à livre circulação, pois não basta abolir os
direitos aduaneiros, visto que era também necessário uniformizar um
conjunto de especificações técnicas, como normas de saúde, higiene
alimentar, etc.

Nos anos 80, retoma o processo de integração na Europa.


Ato Único Europeu:
• Assinado em 1986.
• Entra em vigor em 1987.
• Surge como forma de relançar o projeto de integração.
• Primeira alteração dos Tratados de Roma.

Principais objetivos do Ato Único Europeu:


• Abolição de todas as barreiras físicas, técnicas e fiscais existentes entre
os Estados-membros até 31 de dezembro de 1992, de forma a instituir o
Mercado Único Europeu a partir de 1 de janeiro de 1993, prevendo-se a
livre circulação de mercadorias, pessoas, serviços e capitais;
• Reforço da coesão económica e social, de forma a reduzir as
disparidades do desenvolvimento entre regiões, graças à maior
intervenção dos fundos estruturais (FEADER - Fundo Europeu Agrícola
de Desenvolvimento Rural, FEDER - Fundo Europeu de Desenvolvimento
Regional e FSE) - Fundo Social Europeu);
• Reforço da cooperação em matéria monetária, através do Sistema
Monetário Europeu com vista à União Monetária;
• Harmonização das regras de trabalho, higiene e segurança;
• Proteção do ambiente, ….
• Reforço da investigação e desenvolvimento de forma a aumentar a
competitividade da indústria europeia;
• Reforço das instituições comunitárias, através da
→ Criação do Conselho Europeu
→ Reforço dos poderes do Parlamento Europeu
→ Alargamento das competências da Comissão Europeia

Mercado Único Europeu ou Mercado Interno


O Mercado Único Europeu consiste num espaço sem fronteiras onde podem
circular livremente:
→ bens;
→ pessoas;
→ serviços;
→ capitais.

Vantagens (benefícios) associadas à criação do Mercado Único Europeu


I. Abolição das fronteiras- maior facilidade de os cidadãos europeus
circularem, residirem e trabalharem em todo o espaço comunitário;
II. Benefícios económicos, nomeadamente

• crescimento do PIB da Comunidade;


• criação de mais emprego no espaço comunitário;
• criação de mais prosperidade;
• aumento do poder de atração de IDE (Investimento. direto estrangeiro).

Ato para o Mercado Único Europeu II - 2012


Assenta num conjunto de ações que permitem aumentar o crescimento
económico, o emprego e a confiança dos cidadãos, nomeadamente:
• Reforço das redes de transporte e de energia.
• Reforço da mobilidade dos cidadãos e das empresas.
• Desenvolvimento da economia digital.
• Incentivo do empreendedorismo social, da coesão e da confiança dos
consumidores.

Importância:
Esta nova revisão do Mercado Único Europeu poderá permitir o processo de
integração europeu e criar condições para ultrapassar a crise que a União
estava mergulhada na época.

Tratado de Maastricht (ou Tratado da União Europeia)


Em 1992 foi assinado o Tratado de Maastricht (ou Tratado da União
Europeia que entrou em vigor em 1 de novembro 1993) que instituiu a UE.
Objetivos do Tratado de Maastricht:
I. Criação de uma União Política e social;
II. Criação de uma União Económica e Monetária.
União Política
A via de integração político-social surge enquadrada num contexto
próprio:
→ vive-se em contexto, mundial de mudanças geopolíticas na Europa
(queda do muro de Berlim …)
→ a concretização do Mercado Único exigiu o reforço de um conjunto de
políticas e de reforço da vertente social (importância/necessidade)
Assim, no âmbito da União Política são estabelecidos no Tratado de
Maastricht, os seguintes objetivos:
• Criação de uma Política Externa e de Segurança Comum (PESC).
• Reforço de cooperação nos domínios da Justiça e Assuntos Internos
(JAI).
• Instauração de uma cidadania europeia.
• Construção de uma Europa social.
• Novos campos de ação comunitária.
• Reforço da legitimidade democrática.

União Económica e Monetária (UEM)


Com a assinatura do Tratado de Maastricht em 1992, no qual se
calendarizaram as fases da construção da UEM, de forma a:
• Provocar a convergência das políticas económicas e monetárias dos
Estados-membros Com vista à criação de uma moeda única
• Adoção de uma política monetária única
Com vista à criação de uma moeda única

Objetivos das 3 fases:


1.ª fase (1990 e 1994)
• Adoção de legislação e de reformas tendentes à livre circulação de
capitais;
• Harmonização do desempenho económico dos vários Estados-
membros;
• Aumento das verbas destinadas a corrigir os desequilíbrios regionais.
2.ª fase (1 jan 1994 a dez 1998)
• criação do Instituto Monetário Europeu (IME), composto pelos
Governadores dos Bancos Centrais da União, sendo encarregue de
preparar o caminho para o nascimento do Banco Central Europeu
(BCE);
• estabeleceu-se o processo de independência dos Bancos Centrais
nacionais;
• definição, em 1998, dos países aptos à 3ª fase da UEM.
3.ª fase (1 jan1999)
• entrada em funcionamento da UEM
• fixação irrevogável das taxas de conversão das moedas nacionais
relativamente à moeda única (o euro);
• introdução do euro (a forma de moeda física só aconteceu em jan
2002).

Convergência nominal: Aproximação, em termos quantitativos, dos


principais indicadores económicos e financeiros dos diversos países.
Convergência real: aproximação das condições de vida, económicas
(produtividade, competitividade e desempenho económico) e sociais dos
diferentes Estados membros e das diversas regiões da EU.

Critérios de convergência nominal (ou critérios de Maastricht):


• Estabilidade (disciplina) de preços: A taxa de inflação não pode exceder
em mais de 1,5 pontos percentuais a taxa de inflação média dos três
Estados-membros com melhores resultados;
• Situação das finanças públicas: O défice não pode exceder 3% do
Produto Interno Bruto (PIB) e a dívida pública não pode ser superior a
60% do PIB;
• Durabilidade da convergência: A média da taxa de juro a longo prazo
não pode exceder em mais de 2 pontos percentuais a média da taxa de
juro a longo prazo dos três Estados-membros com melhores
resultados.
• Observância das margens de flutuação (estabilidade das taxas de
câmbio) normais pelo Sistema Monetário Europeu (SME), pelo menos
durante dois anos, sem grandes tensões.

Área/Zona Euro
Espaço comum europeu onde circula a mesma moeda, sendo constituída
pelo conjunto dos países que têm o euro como moeda.
Em 1999, os países fundadores da Zona Euro foram onze (Portugal, Espanha,
França, Itália, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Irlanda, Alemanha, Áustria e
Finlândia) e dois anos mais tarde passaram a doze com a adesão da Grécia.
Em 1998 → Banco Central Europeu (BCE), tendo iniciado funções em 1999
com o objetivo de introduzir a moeda única em circulação.
Banco Central Europeu: Autoridade monetária dos países que aderiram à
moeda única.

Funções do BCE:
• Emissão de moeda: Colocação em circulação das notas e moedas de
trocos;
• Estabilidade monetária: Controlo da cotação do euro nos mercados
cambiais, tentando evitar valorizações ou desvalorizações acentuadas da
moeda que poderiam pôr em causa a saúde da economia da Área Euro;
• Determinação da taxa de juro de referência: Fixar as taxas de juro que
servirão como referência aos outros bancos para efetuarem os
empréstimos.

Sistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC): Composto pelo BCE e pelos


bancos centrais nacionais dos Estados-membros da UE (união Europeia).

Sistema Euro (Eurossistema): Composto pelo BCE e pelos bancos centrais


nacionais dos Estados-membros que pertencem à área euro.

12.3. Desafios da União Europeia na atualidade

Os desafios que a UE enfrenta resultam do/da:


A) Alargamento: consiste na inclusão de novos Estado-membros na UE
B) Aprofundamento: processo que reforça a integração da UE, acentuando a
interdependência dos Estados-membros e aumentando o número de
políticas comuns
C) Necessidade de afirmação externa da União Europeia: papel que a UE
desempenha na cena mundial quer através da sua ação diplomática quer no
comércio, na ajuda ao desenvolvimento e na participação em organizações
internacionais.

12.3.1 O Alargamento da União Europeia


1973 – Dinamarca, Irlanda e Reino Unido
1981 – Grécia
1986 – Portugal e Espanha
1995 – Áustria, Finlândia e Suécia
2004 – Chipre, Malta, Hungria, Polónia, Eslováquia, Letónia, Lituânia,
República-Checa, Eslovénia e Estónia
2007 – Roménia e Bulgária
2013 - Croácia

12.3.2 Vantagens e desafios do alargamento da UE


Alargamento da União Europeia
Com a vaga de 2004:
→ muitos candidatos
→ grande superfície geográfica abrangida
→ grande população
→ diversidade cultural

Vantagens do alargamento da UE
• aumento do número de consumidores;
• reforço do crescimento económico e da criação de novos empregos;
• melhoria da qualidade de vida dos cidadãos europeus;
• reforço do papel da UE no plano internacional;
• reforço da paz, da estabilidade e da prosperidade na Europa;
• reforço das jovens democracias

Desafios resultantes do alargamento verificam-se a dois níveis:


• aumento do número de Estados-membros (aumento da superfície
geográfica e da população)
• aumento das disparidades económicas e sociais entre os Estados-
membros.

Respostas aos desafios colocados pelo alargamento


1. reforma das instituições e órgãos da UE;
2. reorientação dos fundos comunitários.

1. Reforma das instituições


A reforma das instituições deverá ser feita com base na sua:
• Operacionalidade: criação de mecanismos operacionais de
funcionamento das instituições para fazer face ao aumento do número
de Estados-membros que torna mais difícil a tomada de decisões
(como por exemplo a adoção da regra da maioria qualificada em vez
da regra da unanimidade);
• Democraticidade: criação de mecanismos que garantam o princípio da
igualdade entre Estados, que pode ser abalado pelos interesses em
conflito, países grandes e pequenos, mais e menos desenvolvidos, etc.

Instituições da UE e suas funções principais


• Conselho Europeu (chefes de Estado ou de Governo de cada país da
UE):
→ Define as orientações e prioridades políticas gerais da UE.
• Conselho da União Europeia (Conselho de Ministros da UE):
→ Aprova, em conjunto com o Parlamento Europeu, a legislação da
UE;
→ Aprova o orçamento anual de UE;
→ Define as políticas externa e de defesa (comum) da UE (PESC);
→ Responsável pela Justiça e Assuntos Internos (JAI).
• Parlamento europeu:
→ Debate e aprova a legislação da UE (juntamente com o Conselho);
→ Exerce o controlo sobre outras instituições da EU;
→ Debate e aprova o orçamento da UE (juntamente com o
Conselho).
• Comissão europeia:
→ Propõe nova legislação;
→ Gere o orçamento;
→ Afeta os fundos da UE;
→ Guardiã dos tratados
→ Garante o cumprimento da legislação e dos Tratados da UE.
• Tribunal de Justiça:
→ Interpreta o direito da UE, a fim de garantir a sua aplicação
uniforme em todos os Estados-membros.
• Tribunal de Contas:
→ Controla as finanças da UE e verifica como são usados os dinheiros
públicos;
→ Fiscaliza a execução do orçamento da UE.
• Banco Central Europeu:
→ Responsável pela definição e execução da política económica e monetária
da UE.

A UE possui ainda outras instituições e organismos, nomeadamente o


Comité Económico e Social, o Comité das Regiões, o Provedor da Justiça, o
Serviço Europeu para a Ação Externa e o Banco Europeu de Investimento
(BEI).

Reforma das instituições comunitárias de forma a garantir o funcionamento


democrático da UE
O alargamento da União a um elevado número de membros de 15 para 28
Estados-membros, exigiu que se efetuassem reajustamentos ao nível do
funcionamento das instituições, de forma a garantir um funcionamento
democrático da União e a representação de todos os membros de forma
equitativa, fazendo ao mesmo tempo aproximar cada vez mais os cidadãos
das instituições comunitárias.
Em 2003 entra em vigor o Tratado de Nice que introduziu as alterações
necessárias ao alargamento.
Em 2007 entra em vigor o Tratado de Lisboa que definiu a nova composição
das instituições e alterou o sistema de aprovação das decisões:
• Alteração da composição da Comissão Europeia
A partir de 2014, o número de comissários europeus deverá corresponder a
2/3 do número total de Estados-membros. Através de rotatividade, cabendo
ao Conselho da UE decidir sobre este processo, assegurando que todos os
países são tratados em pé de igualdade.
• Redução do número de deputados do Parlamento Europeu
A partir de 2014, não poderá exceder os 750. Nenhum Estado-membro
poderá ter mais de 96 ou menos de 6 deputados.
• Aumento do número de membros do Conselho da União Europeia
Um representante por país. Sistema de aprovação por maioria qualificada
pelo menos 260 votos de um total de 352 (55% dos membros do Conselho,
num mínimo de 15 Estados, devendo estar representados 65% do total da
população da União).

2. Reorientação e Reforço dos fundos comunitários


Grande parte dos países do último alargamento situa-se nas regiões mais
pobres da UE e por isso os seus PIB per capita são inferiores a 75% da média
da UE. Revelando assim carência ao nível económico e social.

Seguindo o princípio de coesão económica e social, que tem norteado a


Comunidade desde a sua origem, é necessário dotar as populações destes
países das mesmas oportunidades e níveis de bem-estar de que as restantes
populações da UE usufruem.

Assim:
Além de ser um objetivo, um dos princípios fundamentais da UE é o de
promover a Coesão Económica e Social: consiste na promoção de um
desenvolvimento harmonioso da UE através da redução das diferenças de
riqueza e desenvolvimento entre os diferentes Estados-membros e entre as
diferentes regiões que a compõem.

É necessário, através dos Fundos Estruturais e do Fundo de Coesão, apoiar


estes países no sentido de:
• Tornar a agricultura destes países mais produtiva e mais sustentável;
• Tornar estes países mais atrativos em termos de investimento, por
exemplo, melhorando as acessibilidades;
• Fomentar a inovação, o empreendedorismo e a economia do
conhecimento, por exemplo, através da implementação de estratégias
para o crescimento;
• Criar mais e melhores empregos, o que passa, entre outros aspetos
pelo investimento em capital humano.

Fundos Comunitários e sua caracterização


Fundos Estruturais:
• FEADER (Fundo Europeu Agrícola para o Desenvolvimento Rural): destina-
se a financiar projetos de desenvolvimento rural e melhorias estruturais
na agricultura dos Estados-membros, contribuindo para melhorar a
competitividade dos setores agrícola e florestal, o ambiente e a paisagem,
a qualidade de vida nas zonas rurais e a promoção da diversificação da
economia rural (os novos membros representam 45% da superfície
agrícola, mas representam apenas 30% da produção agrícola devido à
baixa produtividade).
• FSE (Fundo Social Europeu): tem como objetivo a melhoria (apoio e
criação) do emprego, através do financiamento de ações que promovam
a formação e qualificação profissionais, a aprendizagem ao longo da vida,
a mobilidade da mão de obra e a transição para a vida ativa.
• FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional): destina-se a
infraestruturas gerais, inovação e investimentos, com o objetivo de
combater as desigualdades regionais e promover a coesão económica e
social na UE.
• FEAMP (Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas): novo
Fundo proposto para a política marítima e das pescas da UE que visa
apoiar os pescadores na fase de transição para uma pesca sustentável,
ajudar as comunidades costeiras a diversificarem as suas economias e
financiar projetos que criem novos empregos e melhorem a qualidade de
vida das populações costeiras.

Estes fundos são complementados pelo:


• Fundo de Coesão: criado pelo Tratado de Maastricht para apoiar projetos
no domínio da proteção ambiental e das infraestruturas de transportes,
assim como projetos de desenvolvimento das energias renováveis.
Destina-se aos Estados-membros cujo Rendimento Nacional Bruto por
habitante seja inferior a 90% da média da UE. Este Fundo tem como
objetivos reduzir as disparidades económicas e sociais e promover o
desenvolvimento sustentável.

Seguindo o princípio da Coesão Económica e Social, relativamente aos


fundos, é necessária:
→ a sua Reorientação: Enquanto antes os fundos eram direcionados para
investimentos em capital físico (infraestruturas), agora são reorientados
para políticas destinadas a acentuar a competitividade, a produtividade, a
inovação e a criação de emprego.

→ o seu Reforço: Os países que mais contribuem para o orçamento da UE


aceitaram criar um reforço dos fundos Comunitários para apoiar os novos
Estados-membros, sem diminuir as ajudas às atuais regiões menos
desenvolvidas.

Fundos Comunitários
Objetivo dos Fundos Comunitários:
Os Fundos Estruturais destinam-se a produzir melhorias estruturais nas
economias dos Estados-membros, reduzindo as diferenças de
desenvolvimento entre as suas regiões
12.3.3 O Aprofundamento da União Europeia
A questão do aprofundamento coloca dois tipos de desafios:
1. A Construção de uma “Europa dos cidadãos”
2. A necessidade de Reformulação/Reajustamento das políticas
comunitárias

1. Construção de uma “Europa dos cidadãos”


Ao longo destes anos a UE tem sido acusada de sofrer de défice
democrático (fraco poder de envolvimento e representatividade dos
cidadãos europeus), sendo necessário:
• Aproximar a Europa dos seus cidadãos;
• Aprofundar a democracia participativa (e não a democracia
representativa).

Assim a UE tem vindo a empreender reformas que permitam:


• O reforço dos poderes do Parlamento Europeu, pois este é o único órgão
que representa diretamente os cidadãos, sendo eleito por sufrágio
universal e direto;
• A simplificação dos tratados e dos procedimentos, por forma a torná-los
mais acessíveis e de mais fácil compreensão ao cidadão;
• O reforço dos fundos estruturais, por forma a promover a coesão
económica e social.
O Tratado de Lisboa (2007), ao reformular o Tratado da União Europeia,
constitui um passo decisivo para o aprofundamento da União Europeia

2. Reformulação/Reajustamento das políticas Comunitárias


O objetivo da reformulação/reajustamento das políticas Comunitárias é
reforçar a Coesão Económica e Social e a convergência real das economias
dos Estados-membros.

A coesão económica, social e territorial traduz a vontade de promover um


desenvolvimento harmonioso da UE, reduzindo as desigualdades de
desenvolvimento que se verificam entre os diferentes Estados-membros e
entre as diferentes regiões que compõem a UE.

Convergência real: aproximação das condições de vida, económicas


(produtividade, competitividade e desempenho económico) e sociais dos
diferentes Estados membros e das diversas regiões da UE.
Relação entre coesão económica e social e convergência real: o objetivo da
coesão económica e social é conseguido através de um processo de
convergência real entre os diferentes Estados-membros e as diversas regiões
da UE, por intermédio da implementação de políticas Comunitárias, sendo
estas financiadas pelos fundos Comunitários.

Fundos especializados que se encontram ao serviço de → Políticas


Específicas que visam a → Convergência Real → Maior Coesão Económica e
Social

Políticas Comunitárias e sua caracterização


• PAC (Política Agrícola Comum): Esta política, financiada principalmente
pelo FEADER (fundo europeu agrícola para o desenvolvimento rural) e
FEAGA (Fundo Europeu Agrícola de Garantia), visa melhorar a
produtividade agrícola, para assegurar que os consumidores disponham
de um abastecimento estável de alimentos a preços acessíveis e garantir
que os agricultores da UE tenham condições de vida razoáveis.
• PCP (Política Comum das Pescas): Esta política, financiada principalmente
pelo FEAMP, visa garantir que a pesca e a aquacultura sejam atividades
sustentáveis do ponto de vista ambiental, económico e social e
constituam uma fonte de alimentos saudáveis para os cidadãos europeus
e assegurar um nível de vida justo para as comunidades piscatórias.
• PESC (Política Externa e de Segurança Comum): Esta política tem como
objetivos principais a salvaguarda dos valores comuns, dos interesses
fundamentais, da independência da União, o reforço da segurança da
União, a promoção da cooperação internacional, a consolidação da
democracia e o respeito pelos direitos humanos.
• Política Regional: Esta política, financiada principalmente pelo FEDER,
visa a redução das desigualdades estruturais existentes entre as várias
regiões da União, o desenvolvimento equilibrado do território comunitário
e a promoção de uma igualdade de oportunidades efetiva entre as
pessoas.

Orçamento da União Europeia


O Orçamento da União Europeia: documento escrito, elaborado anualmente
pela Comissão Europeia e apresentado ao Parlamento Europeu e ao Conselho
da União Europeia para discussão e aprovação, nele constando a previsão das
receitas e das despesas para um dado ano.

Proveniência das receitas:


• das contribuições dos Estados-membros (cerca de 1% da riqueza criada
nos países);
• dos recursos próprios tradicionais, constituídos pelos direitos de
importação aplicados a produtos provenientes de países terceiros;
• uma percentagem do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) aplicado
em cada Estado-membro.

Destino das despesas:


• na Europa — o financiamento de ações de formação para o
desenvolvimento de competências e o incentivo às empresas na aposta,
em inovação e criação de emprego; a proteção do ambiente e o
desenvolvimento rural e regional; construção de grandes infraestruturas;
ajuda de emergência em caso de catástrofes naturais;
• no exterior — programas de apoio aos países em desenvolvimento e aos
países candidatos e potenciais candidatos à UE;
• os custos do funcionamento da UE (cerca de 6% do total de despesas), o
que inclui os custos de funcionamento de todas as instituições e as
despesas de tradução e de interpretação para as 23 línguas oficiais da UE.

Orçamental plurianual – longo prazo – 7 anos (2014-2020)

A Afirmação Externa da União Europeia


Do papel que a UE desempenha no mundo podem destacar-se
• Consolidação da paz;
• Ajuda ao desenvolvimento;
• Defesa dos direitos humanos;
• Reforço da segurança em todo o mundo;
• Resposta a situações de crise e ajuda humanitária;
• Promoção do desenvolvimento sustentável e na defesa do ambiente.

Dificuldades de afirmação externa da EU porque:


a. A maioria do comércio é intraeuropeu (UE maior bloco comercial do
mundo) com exportações baseadas em produtos que não exigem um alto
grau de tecnologia e inovação;
b. A crise financeira que a UE viveu desde 2008 veio abalar ainda mais as
estruturas económicas nacionais.
c. As economias europeias registaram um baixo nível de crescimento
económico, em grande parte devido à grande desigualdade entre
Estados-membros em termos de investimento em Investigação e
Desenvolvimento (I&D).

Para dar resposta a mais este desafio, a UE adotou recentemente a


Estratégia Europa 2020, de forma a assegurar saída da crise e preparar a
economia europeia para a próxima década.

Conclusão: o processo de alargamento, apesar dos desafios que tem


colocado à UE, tem permitido, graças ao esforço investido no seu
aprofundamento, que esta assuma um papel cada vez mais preponderante
em termos internacionais como uma verdadeira potência mundial,
particularmente em termos comerciais, competindo com o Japão e os EUA.

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